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Geologia de Mineração

Teórica: 80 horas
Prática: 20 horas

Prof. Rubens de Carvalho Rinaldi Jr


ETEC Dr. Demétrio Azevedo Júnior
2018
Programa
1. A Terra em transformação.
2. Minerais e rochas – propriedades mecânicas.
3. Estrutura dos maciços rochosos.
4.Caracterização e classificação dos maciços rochosos.
5. Feições estruturais importantes para mineração.
6. Clima e relevo.
7. Solos em pedologia.
8. Caracterização e classificação de solos.
9. Estabilidade de taludes – mineração a céu aberto.
10. Controle de erosão.
11. Riscos geológicos.
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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

Terra constante transformações – mudanças estruturais;


mudanças fisiográficas.
formação de oceanos;
formação de montanhas (deformações das
camadas de rochas) ;
deslocamentos de massas continentais.

Geologia Estrutural – estuda os processos deformacionais da litosfera e as


estruturas decorrentes dessas deformações.
Investiga as formas geométricas que se formam devido ao dinamismo do planeta

Escala – microscópica (cristais de rochas) e


macroscópica (deslocamento de blocos continentais)

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

Importância das estruturas geológicas


Científica: demonstrar o dinamismo do planeta;
vivemos sobre placas litosféricas de grandes
dimensões, de movimentação lenta e contínua e
esse movimento é responsável pela formação das
estruturas geológicas
Prática: armazenamento de hidrocarbonetos (petróleo/gás)
água, minérios ... e
obras de engenharia civil – as estruturas geológicas
constitui a base para construções de barragens,
túneis, estradas, pontes....

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

Por que as deformações ocorrem?


séc. XVIII – originalmente, os sedimentos depositam em camadas horizontais
(lagos, rios e oceanos).
Como elas passavam a ser inclinadas e deformadas?

Qual o tipo de força que poderia deformar uma rocha dura e resistente?
Resposta: Tectônicas de placas - 1960, movimento das placas litosféricas (
vulcanismo / terremotos).

Processos de deformação de um corpo rígido rochoso


Esforço: Posição - movimento de rotação (direção);
movimento de translação (posição).
Forma - mudança de forma por dilatação (aumento de volume);
mudança de forma por distorção (modificação da
forma).

Deformação = sofre esforços devido a ação de força (ligados intimamente a


geologia estrutural).

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas: processos mecânicos

Força: entidade física que altera ou tende a alterar o estado de repouso


de um corpo ou seu movimento retilíneo uniforme(1. Lei de Newton)

F = m x a => a = F/ m: a é diretamente proporcional a força e


inversamente proporcional a massa (2. lei de Newton)

Unidade de força: MKS – Newton (N): É a força necessária para


imprimir aceleração de1m/s² a um corpo de 1kg de massa.

Magnitude de uma força: direção e sentido, sendo representada por


um segmento de reta – um vetor.

Corpos geológicos: Força – dois tipos:


Força de contato ou de superfície – age sobre o corpo, puxando ou
empurrando-o (superfície imaginária - fratura)
Força de volume ou de corpo – atua sobre a massa do corpo como um
todo (gravidade / eletromagnética)

Qdo força atua em superfície => surge outra entidade = esforço e


de sua área F= σ.A =>σ=F(N)/A(m²). N/m²=Pascal. Quilo, mega ou giga
Pascal
Outra unidade: bar = 105Pa. Pressões em k bar: 1kbar=100MPa
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Minerais e Rochas – estruturas em rochas
Geologia estrutural se interessa pelos: estudos dos corpos
deformados (translação, rotação, distorção), suas causas, processos e
aspectos geométricos.
A Reologia é a disciplina q. estuda o comportamento dos materiais
submetidos à ação de esforços.

As condições físicas reinantes durante a deformação são fundamentais no


comportamento do corpo submetido à ação de esforços.

As condições físicas reinantes (material geológico) são:


I – Pressão hidrostática(Ph) / Litostática (Pl) e Temperatura (T)
dependente da profundidade onde ocorre a deformação;

II – condições termodinâmicas ( fenômenos mecânicos e


caloríficos);

III – esforços aplicados as rochas.


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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

Comportamento
deformacional dos
materiais em função
da temperatura e
pressão hidrostática

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

Todas essas condições provocam deformações

Deformações: rúptil – quebra / descontinuidade


dúctil – def. plástica (sem perda de continuidade)

Deformações - Distorções
Deformação elástica (e): contração / estiramento, e o corpo
volta a sua forma e posição original quando cessa o esforço.
Ex. Expansão térmica do corpo rochoso- alongamento (dilatação)
Encurtamento (flexura)
Deformação plástica: o corpo ultrapassa o limite elástico (sem
ruptura e não volta a posição original, permanece deformado.

se novos esforços agem sobre o corpo plástico – ruptura


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DEFORMAÇÃO EM FUNÇÃO DO ESFORÇO: Elástica+Plástica=Ruptura

Cilindro sob compressão uniaxial:


σ-esforço(f) encurtamento
Deformação: e = Δ l / l
e = elongação; l = comprimento

Relação linear (σ = Eε)


(esforço/deformação)
Esforço em função do
encurtamento
ε = taxa de deformação
E = cte. de Young

Quando as rochas são


deformadas sob condições de P
e T ambientes, ocorre a ruptura
sem haver uma deformação
plástica significativa

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Fatores que determinam uma rocha se romper ou sofrer apenas flexão

I. P(h/l) = P vertical em um
determinado ponto na crosta = P
das rochas sobrejacentes
Rochas submetidas P elevada por
longo tempo => baixa resistência
ao esforço => fluem como líquidos
viscosos – ex. manto terrestre
Quanto > profundidade => > P(h/l)
Quanto > Pconfinante = Ph =>
rocha + resistente à deformação (é
preciso P de carga > para se
deformarem)
Se Ph for muito elevada = rochas
se deformam sem ruptura =
deformação dúctil
Conclusão: aumento de P(l)
torna rocha + resistente ao
fraturamento e a deformação
ocorre no campo dúctil

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Fatores que determinam uma rocha se romper ou sofrer apenas flexão

II Temperatura (T)
> Profundidade => > T (20ºC/km
a 100 Cº/km) => deform. Plástica
(retardo de ruptura)
P constante e T variável, quanto
> a T => + facilidade de
deformação na rocha (< esforço
para deformação)
Tem-se o abaixamento do limite
de plasticidade
Conclusão: > Profundidade, >
P(l) e > T => deformação
plástica da rocha, retardando
a ruptura

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Fatores que determinam uma rocha se romper ou sofrer apenas flexão

III Velocidade (v) ou taxa de


deformação é a deformação
que ocorre na rocha em um
intervalo de tempo (na natureza
de 5 a 10% em 1 m.a.)
Equação: v = є / t ; t=tempo (s);
є= medida de elongação (sˉ¹)
> v deformação => < domínio
da deformação plástica e
> aumento do limite de
elasticidade;
Conclusão: a V crescentes
=> < domínio de plasticidade
=> que a rocha se torna mais
rúptil ou friável.

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas
Domínio deformacional em função da profundidade na crosta.
T e P(h/l) é função da profundidade
Há dois domínios:
Superficial – deformação Rúptil
Profundo – deformação Dúctil (pode sofrer fusão parcial)
Dependendo da profundidade ocorrem diferentes estruturas
geológicas e geométricas ou seja, estruturas formadas a 40 km de
profundidade, P de 10 kbar e T de 800 a 1.000C°, são diferentes das formadas
em superfície.

Para cada nível há estruturas com geometria e mecanismos de


deformação similares mas, diferentes de outros níveis crustais dada a
reologia específicas.
Os níveis estruturais são os diferentes domínios da crosta, onde ocorrem
os mesmos mecanismos dominantes da deformação

Mecanismos – rúptil: falhas, fendas, fraturas (planos de


descontinuidades);
- dúctil: deformações sem perda de continuidade porém a
rocha sofre distorções. 15
Minerais e Rochas – estruturas em rochas: campo de deformação natural

Comportamento
deformacional dos
materiais em função
da temperatura e
pressão hidrostática

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Minerais e Rochas – estruturas em rochas

As deformações dependem ainda, além da P, T e


profundidade, de outros fatores: natureza da rocha,
pressão dos fluídos, pressão confinante, velocidade
de deformação, etc..

Assim conforme o tipo de deformação – rúptil / dúctil


– ter-se-á diferentes classificações geométricas ou
diferentes estruturas geológicas

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ROCHAS COMPETENTES E
INCOMPETENTES

Competentes: possuem maior tendência de se


fraturarem, oferece grande resistência aos esforços:
calcários, arenitos e quartzos.

Incompetentes: são plásticas, oferecem pouca


resistência aos esforços aplicados e, portanto, dobram-
se facilmente: folhelhos, siltitos, filitos e xistos.

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Formando Dobras: definições

‘‘São curvaturas ou flexões, ora mais ora menos


fechadas, produzidas por esforços de natureza tectônicas
ou por inclusões magmáticas ou, ainda, por causas
atectônicas. É imprescindível que a rocha, antes de ser
dobrada, possuísse uma configuração planar, de maneira
que os estratos sedimentares originalmente encurvados,
caso tenham sido depositados num substrato abaulado,
não são considerados dobra.’’ (Viktor Leinz).

Estruturas Secundárias
Geradas por deformação de rochas pré – existentes
Deformação plástica : estruturas internas (foliação ou xistosidade de
rochas metamórficas) e as que afetam grandes corpos: dobras.
Mais evidente em rochas: estratificadas, bandeadas e folheadas.

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Dobras definições

Uma das feições estruturais mais evidentes (desde a escala


microscópica até a quilométrica) em regiões submetidas a tensões
compressivas é a DOBRA, ou seja uma superfície qualquer de referência
curvada no sentido côncavo ou convexo, em relação à linha do horizonte.

Dobras são ondulações tanto convexas quanto côncavas existentes em


corpos originalmente planos, podendo ocorrer em rochas sedimentares,
ígneas ou metamórficas.

Em geral é uma manifestação de deformação dúctil das rochas.


Formam-se sob condições variadas de pressão hidrostática e
temperatura.

O fechamento de uma dobra se dá em sua curvatura máxima

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Formando dobras

São deformações dúcteis que afetam corpos


rochosos da crosta terrestre;
Associadas as cadeias de montanhas de
diferentes idades (vista em paisagem/satélites);
Ondulações de dimensões variáveis podendo
ser quantificadas individualmente -
(amplitude/comprimento de onda);
Formação: devido a existência de uma estrutura
planar anterior;
Microscópica, mesoscópica e macroscópica.
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PARTES DE UMA DOBRA

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PARTES DE UMA DOBRA
a) Plano ou superfície axial (Sa): é o plano ou superfície imaginária que
divide uma dobra em duas partes similares, que pode, ou não, ser
simétricas. Sua posição define dobra vertical, inclinada ou horizontal;

b) Eixo axial ou charneira(La): é a interseção da superfície axial com


qualquer camada ou é a linha em torno do qual se dá o dobramento. O
ângulo que esta linha forma com a horizontal é o mergulho ou inclinação da
dobra;

c) Flancos ou limbos (Fl): são os dois lados da dobra;

d) Crista: é a linha resultante da ligação dos pontos mais elevados de uma


dobra, podendo ou não coincidir com o eixo da mesma;

e) Plano da crista: é o plano que, numa dobra, passa por todas as cristas

f) Li = linha de inflexão, une os pontos de curvatura mínima. 23


PARTES DE UMA DOBRA

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CAUSAS DOS DOBRAMENTOS: QUANTO À
ORIGEM:
a) Tectônicas: resultam de movimentos da crosta
terrestre (cadeias de montanhas sob condições variadas
de esforços , T e Ph (fluidos); evolução crustal (cadeia
de montanhas) - dinâmica interna;

b) Atectônicas: ocorrem na superfície terrestre ou


próximo a ela, semelhantes as condições ambientes.
Resultante de movimentos localizados (deslizamentos,
acomodações, escorregamentos, etc.) sob influência da
gravidade. São de âmbito local e inexpressivas -
dinâmica externa.

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Dobras tectônicas - mecanismos
Flamblagem: promove o encurtamento das camadas perpendiculares à
superfície axial das dobras, preservando a espessura e o comprimento das
mesmas. Ocorre deslizamentos entre as camadas (c/o cartas de baralho
flexionadas); ex. sequências estratificadas com alternância de camadas de
quartzitos e xistos

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Dobras tectônicas - mecanismos
Cisalhamento: Formam-se em zonas profundas da crosta, estando as
rochas em estado dúctil ou dúctil-rúptil. Podem se formar através de
processos de cisalhamento simples, cuja deformação pode ser progressiva,
heterogênea ou homogênea.
Zona de cisalhamento
Pernambuco Leste –
dobras com plano axial
vertical e eixo
Horizontal

Ocorrem mudança na
espessura e
comprimento das
camadas

Zonas de charneiras
espessas e flancos
adelgados
(rompimento)

Formam dobras
intrafoliais 27
Dobras tectônicas - mecanismos

Zona de Cisalhamento
Pernambuco Leste – dobra
em milonito plano axial
vertical
e eixo horizontal.

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Dobras apresentam-se em todas as escalas

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ASPECTO GEOMÉTRICO / ESTRATIGRÁFICO
(a) Anticlinal: dobra com convexidade para cima, sendo conhecidas suas
relações estratigráficas. Rochas mais antigas encontram-se no seu núcleo

a b

. (b) Sinclinal: dobra com convexidade para baixo, sendo conhecidas suas
relações estratigráficas. Rochas mais novas encontram-se no seu núcleo

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TIPOS DE DOBRAS
a) Anticlinal: é a dobra alongada, na qual os flancos abrem-se para baixo e
a convexidade está voltada para o alto, podendo ser simétrica ou não;

Simétrica: plano axial é


essencialmente vertical, as inclinações Assimétrica: o plano axial é
dos dois flancos se fazem com o inclinado, com os flancos
mergulhando em direção oposta e
mesmo ângulo.
com inclinações diferentes.
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TIPOS DE DOBRAS
b) Sinclinal: é a dobra alongada, cujos flancos abrem-se para cima e a
convexidade está voltada para baixo, podendo ser simétrica ou não;

Sinclinal assimétrica
Sinclinal simétrica
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TIPOS DE DOBRAS
c) Simétrica: é a dobra em que os 2 flancos possuem o mesmo
ângulo de mergulho: plano axial é essencialmente vertical, as inclinações dos
dois flancos se fazem com o mesmo ângulo.

Simétrica – caracteriza-se por possuir o plano axial vertical

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TIPOS DE DOBRAS
d) Assimétrica: os flancos mergulham com diferentes ângulos; o plano
axial é inclinado, com os flancos mergulhando em direção oposta e com inclinações
diferentes

Assimétrica – o plano axial vertical está fora da vertical

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TIPOS DE DOBRAS

e) Deitada ou recumbente: é a dobra em que o plano axial é


essencialmente horizontal;

Deitada – o plano axial é horizontal 36


TIPOS DE DOBRAS

f) Isoclinal: os dois flancos mergulham em ângulos iguais na mesma


direção ( os flancos são //). Podem ser: simétrico ou vertical,
inclinado e recumbente;

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TIPOS DE DOBRAS

g) Em leque: representada por dois flancos revirados que se estreitam


em sua parte mediana;

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TIPOS DE DOBRAS

h) Monoclinal ou flexão: é a dobra em que se dá o encurvamento de


apenas uma parte das camadas, permanecendo as demais na sua
posição original (parte permanece próximo a horizontalidade);

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TIPOS DE DOBRAS
i) Dobras de arrasto: trata-se de um conjunto de dobras menores
subordinadas a uma dobra maior, em que existem camadas
incompetentes junto a camadas competentes.

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TIPOS DE DOBRAS - com base no ângulo inter-planos

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Classificação de Ramsay (1967): puramente descritiva das
formas geométricas, a partir da qual chega-se às características
genéticas da dobra. Para a utilização da classificação leva-se
em conta as linhas de igual inclinação da camada chamadas
isógonas de mergulho.•

É baseada no grau de curvatura interno e externo da dobra

(a) Depende da forma em perfil da dobra. Trata-se de uma


camada individual, limitada por duas superfícies dobradas e,
em particular, nas mudanças na inclinação das duas
superfícies.

(b) O método ressalta uma propriedade importante das dobras:


não afetam um número ilimitado de estratos sem que haja
alteração da sua forma.
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Classificação de Ramsay

(1a) Classe1a•
Espessura do perfil charneira < espessura do limbo

(1b )Classe1b
Espessura do perfil da charneira = espessura do limbo (dobra
concêntrica)

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Classificação de Ramsay

1c) Classe 1c
Espessura da área da charneira > espessura do limbo

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Classificação de Ramsay
(2) Classe2
Curvatura do arco interno = curvatura (dobra similar)

(3) Classe3:
Curvatura interna < Curvatura do arco externo

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Dobra Normal plano - axial entre 80 e 90º

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Dobra reclinada - plano axial entre 10 e 80º)

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Dobra recumbente ou deitada - plano axial entre 0 e 10º)

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RECONHECIMENTO DE DOBRAS

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Importância das dobras

Prospecção mineral
Exploração e lavra de jazidas
Pesquisa de hidrocarbonetos petróleo/gás
Obras de engenharia
- escavações de túneis
- construções de barragens, estradas,
pontes...

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Falhas

As falhas resultam de deformações rúpteis nas rochas da crosta


terrestres;

As falhas são estruturas rúpteis;

Condição básica de existência de uma falha → deslocamento ao


longo da superfície;

As falhas são formadas por movimentos abruptos e ocorrendo


movimento perpendicular à superfície → FRATURA

As falhas podem envolver pequenos movimentos, cujo rejeito varia


entre poucos centímetros até centenas de quilômetros
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Falhas

Relevo proveniente de falhas é bem estruturado

Dificuldades: regiões com densa cobertura vegetal e manto de


alteração – Amazônia, reg. Sul e Sudeste do Brasil.

Localiza-se em vários ambientes tectônicos: regimes


deformacionais compressivos, distensivos e cisalhantes

Comuns em cadeias de montanhas antigas ou recentes

Podem ser rasas → afetam camadas superiores da crosta

Podem ser profundas → atravessam a litosfera (limites de placas)

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Elementos geométricos das falhas
Plano de falha – plano onde ocorre a fratura e o deslocamento;
separa os dois blocos do corpo rochoso

Espelho de falha – superfície brilhante formada ao longo do


plano de falha

Estrias de falha - estrias formadas pela fricção e pela


movimentação no plano da falha

Capa ou teto – bloco sobre (acima) o plano de falha inclinado

Lapa ou muro – bloco sob (abaixo) o plano de falha inclinado

Rejeito – deslocamento medido ao longo do plano da falha

Rejeito aparente – medido em relação a horizontal ou a vertical

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Elementos geométricos das falhas

Escarpa de falha – é a parte exposta da falha na topografia


Traço de falha – é uma linha que resulta da intersecção do plano de falha
com a superfície do terreno. Em mapa é representado por uma simbologia
característica

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Rejeitos de falha – é a medida do deslocamento linear de pontos
originalmente contíguos

Rejeito vertical (D–C): é o afastamento vertical de pontos


originalmente contíguos, medido em um plano perpendicular à direção
do plano de falha.
Rejeito horizontal (A–D): é o afastamento de pontos originalmente
contíguos, medido paralelamente à direção do plano de falha.
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• Rejeito direcional (C–A’): é o afastamento dos pontos originalmente
contíguos, medidos paralelamente á direção do plano de falha.

• Rejeito total (A–A’): é o afastamento total de pontos originalmente


contíguos, medido no plano de falha.

• Rejeito de mergulho (B–A’): é o afastamento de pontos originalmente


contíguos, medido paralelamente à direção de mergulho do plano de falha.

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TIPOS DE FALHAS: normal ou de gravidade – quando a capa desce em
relação à lapa. Associadas a tectônica extensional. Em escala global
ocorrem associadas as cadeia meso-oceânicas. O deslocamento
principal é vertical e o componente do movimento é segundo o
mergulho do plano de falha
IMPORTÂNCIA: formação e evolução de bacias sedimentares
ex.. Recôncavo Baiano

plano de falha

capa – bloco sobre o


plano da falha
lapa – bloco sob
o plano da falha

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Tipos de falhas: normal – quando a capa desce em relação à lapa

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Tipos de falhas: reversa, inversa ou de empurrão – quando a capa sobe em
relação à lapa. São produzidas por esforços de empurrão. O esforço principal é
horizontal, e o mínimo, vertical. Favorecida pela ocorrência no terreno de tipos
litológicos diferentes – embasamento x rochas sedimentares ou presença de
comportamentos mais plásticos (talco, folhelho, grafita, anidra) que facilitam o
deslocamento

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Tipos de falhas: reversa – quando a capa sobe em relação à lapa

• Falha de empurrão é um tipo especial de falha reversa


• O plano de falha é de baixo ângulo e essas falhas
podem envolver transportes de dezenas a centenas de
quilômetros

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Falhas transcorrentes

Associadas a limites de placas litosféricas


Nos fundos oceânicos ligadas ao
desenvolvimento das cadeias meso-
oceânicas (75.000 km)
Caracterizam-se por deslocamentos
paralelos à direção da falha (horizontal)
São comuns a presença de rochas
cataclásticas (milonitos) com largura entre
1 ou 2 km e estende-se até a centenas km 64
Falha transcorrente
Falha transcorrente
Falha de San
Andreas – Califórnia
1000 km de extensão
560 de largura

No Brasil: F. de Pernambuco (PE), Patos (PB); Sobral-Pedro II (CE/PI) -300 km,


Cubatão (SP) – 1000 km (do PR ao RJ)
Tipos de falhas

Falha Inversa
Plano de Falha

Falha Normal
Falha Normal e Transcorrente

Falha Transcorrente

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Sistema de falhas
Graben ou fossa tectônica. É uma depressão
estrutural alongada, ocasionadas por
falhamentos. Estrutura regional.

Rift valley (vale de afundamento) é um graben


de grande comprimento corresponde a um vale
topográfico feito por sedimentação

Horst ou muralha. É uma elevação estrutural


alongada ocasionada por falhamentos. É,
portanto, um bloco geralmente alongado que foi
levantado em relação aos blocos vizinhos
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Sistema de falhas

Horst
Graben

Horst

Brasil: Paraíba do Sul/SP


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“Graben”: bloco afundado entre 2 falhas;
“Horst”: bloco que se ergueu entre 2 falhas

Horst e Graben – representados pela elevação e depressão,


respectivamente
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Baseado na classificação mecânica

De empurrão: teto sobe realmente em relação ao muro,


havendo compressão horizontal;

De gravidade: teto desce em relação ao muro,


ocasionando alívio de pressão na horizontal e o bloco
cai por gravidade;

De rejeito direcional ou falhas transcorrentes:


movimento dominante na horizontal, através de
compressão e alívio de tensões

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Rochas de Falha
Rochas cataclásticas:
originadas da fragmentação e moagem, acompanhadas ou não de
recristalização, ocorridas em zonas de falha.

Cataclasitos e brechas tectônicas são as rochas de falha mais


comum.
- Caracterizado pela ausência de estrutura orientada.
- São formadas por fragmentos que são gerados pela catáclase
(quebra) da rocha original – 4 a 8 km (rasas) – onde predominam
condições de deformação rúptil.

Milonito (ou farinha de falha) ocorre quando a catáclase é tão intensa


que ocorre a moagem da rocha original até granulometria muito fina.
- Caracterizado pela sua estrutura fortemente orientada.
- Profundidade superior a 10 km – onde predominam condições de
deformação dúctil das rochas, com a recristalização sendo o processo
mais importante

Pseudotaquilito é formado quando a fricção gera temperaturas muito


elevadas que chegam a fundir a rocha no plano de falha
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Zonas de cisalhamento
Quando uma rocha em condições de deformação dúctil é submetida
a cisalhamento extremo são formadas as zonas de cisalhamento

Milonitos são rochas típicas de zonas de cisalhamento


milonito

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Reconhecimento de falhas – critérios
geológicos
Observações diretas em campo na superfície do terreno

Rochas características - brechas e milonitos;

Reconhecimento de espelho de falha;

Ocorrência de estrias de atrito;

Mudanças bruscas de estilo estrutural, solo e vegetação;

Truncamentos de estruturas;

Mudanças brusca de fácies metamórficas;

Mudanças brusca de fácies sedimentares. 73


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Reconhecimento de falhas – critérios
geomorfológicos

Deslocamentos de serra;

Desvios e anomalias no padrão de drenagem;

Presença de escarpas

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Reconhecimento de falhas – regionais

Fotografias aéreas (modelagem do terreno e drenagem)

Imagens de satélites

Métodos geofísicos

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Importância das falhas
Na evolução tectônica da litosfera (magmatismo / sedimentação)
Modelado do relevo atual nos continentes e oceanos
Aspecto econômico – veios metalíferos, acumulação de petróleo, e
água subterrânea (zonas de fraqueza);
Engenharia Civil
- Falhas de grande rejeito colocam lado a lado rochas diferentes
- zonas de falhas de compressão
fraturamento e trituração
redução na resistência
aumento na permeabilidade
- cimentação: aumento na resistência
- decomposição: formação localizada de grande profundidade de
solos

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Discordâncias

Limites entre corpos ou maciços rochosos


formadas em diferentes épocas geológicas
Tipos:
– discordante ou concordante intrusivo
– concordantes (entre camadas de sedimentos)
– inconformidade
– contato discordante angular
– contato discordante erosivo
Hiato: falta de registro geológico

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Discordância paralela

Contato discordante erosivo

Contato discordante angular

Dique de diabásio:
Contato discordante intrusivo

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Contato discordante intrusivo do
dique em rocha metamórfica

Contato Discordante
Angular
IMPORTÂNCIA – DOBRAS / FALHAS / DISCORDÂNCIA

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FRATURAS

É uma deformação por ruptura. É um plano que


separa em duas partes um bloco de rocha ou de
uma camada, e ao longo do qual não se deu
deslocamento. O espaçamento entre elas pode
ser de cm a metros.
Podem ser abertas ou fechadas, com ou sem
preenchimento (pode ou não favorecer na
recuperação da coesão entre os blocos).
A atitude e o espaçamento é importante para a
qualificação do maciço, e representam o
enfraquecimento.
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NOMENCLATURA - FRATURAS

a) Diáclase: fraturas ou rupturas de causas


tectônicas;

b) Junta: fraturas cuja origem é a contração por


resfriamento.

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TIPOS - FRATURAS
a) Diáclases originadas por esforços de
compressão: provocadas por esforços tectônicos, e são
caracterizados por superfícies planas e ocorrem na forma de
sistemas, cortando-se em ângulos. Comuns em anticlinais e
sinclinais;

b) Diáclases de tensão: são formadas perpendicularmente às


forças que tendem a puxar opostamente um bloco rochoso e, em
geral, apresentam superfícies não muito planas. Quanto à origem:
· Tectônica: freqüente nos anticlinais e sinclinais;
· Contração: caracterizados por vários sistemas entre
cruzados;

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Importância pratica das fraturas

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Orogênese

Orogênese é o nome dado ao processo de formação de cadeias de


montanhas

A orogênese esta relacionada com a colisão de placas tectônicas e formação


de dobras, foliações, lineações e zonas de cisalhamento são comuns nas
suas zonas mais profundas, enquanto que as falhas predominam nas
porções mais rasas da crosta envolvida na orogenia

A orogênese envolve esforços predominantemente compressionais (pelo


menos no estágio colisional)

97
Orogênese

Conjunto de fenômenos vulcânicos, erosivos e


diastróficos (conjunto de movimentos
tangenciais, verticais que acarretam na
superfície terrestre o aparecimento de dobras e
falhas) que levam à formação de montanhas
(elevações superiores a 300m sobre o terreno
circundante).

98
MONTANHAS DE ORIGEM VULCÂNICA

São formadas pelo acúmulo de material expulso,


provenientes de partes profundas da crosta terrestre. Às
vezes predominam lavas (vulcões havaianos), outras
vezes o material piroclástico (Paracutin) e, finalmente,
ambos associados (Vesúvio). Têm forma cônica, com o
material acumulando-se em torno da cratera. Outros
exemplos: Etna (Itália) e Aconcágua (Cordilheira dos
Andes).

99
MONTANHAS DE ORIGEM EROSIVA
a) Isoladas pela erosão: são restos de camadas
horizontais que ficaram isoladas pelos efeitos da erosão.
Quando possuem o topo plano são chamadas de
mesas.

b) Nos divisores de água: formadas devido à erosão


fluvial.

c) Erosões diferenciais: formadas quando as rochas


mais fracas são destruídas, restando as rochas duras
que se sobressaem no relevo.
Exemplos: Serra Geral do Rio Grande do Sul e parte de
Santa Catarina
100
MONTANHAS DE ORIGEM TECTÔNICA

Formam as grandes cadeias de montanhas e se


originam por dobramentos, falhas ou ambos.

Exemplos por falhamentos: Serra do Mar

As montanhas formadas por dobramentos constituem as


maiores cordilheiras.

Exemplos por dobramentos: Alpes, Himalaia, Andes e


Montanhas Rochosas.

101
Bacias

A formação das bacias esta relacionada com


esforços de tração na crosta terrestre (esforços
distensivos)

Muitas bacias se iniciam com a formação de


grabens e horts que estão associados a falhas
normais

102
103
Recordando - Tipos principais de estruturas

Algumas rochas apresentam diáclase, dobra e


lineação

Outras rochas apresentam falhas e fraturas

O que controla o tipo de estrutura que as rochas


apresentam?
Recordando

Deformação
Tensão deviatória (ou diferencial) causa a mudança de
forma de um corpo

– Tração causa o estiramento do corpo

– Compressão causa o achatamento do corpo

– Cisalhamento causa translação e deslizamentos


internos do/no corpo
tipos de tensão diferencial

pressão litostática confinante

compressão

tração

cisalhamento
107
Deformação elástica, rúptil e dúctil
Quando as rochas são submetidas a esforços
elas podem sofrer 3 tipos de deformação:

– Deformação elástica é reversível, assim que a tensão for retirada o


corpo volta ao estado original

– Deformação dúctil é irreversível e ocorre quando o limite elástico do corpo é


alcançado

– Deformação rúptil é irreversível e ocorre quando os limites elástico e dúctil


do corpo são alcançado.
O que controla o tipo de deformação das
rochas?
• O tipo de deformação que uma rocha sofre é
controlado por vários fatores, sendo os mais
importantes:

– Pressão confinante (profundidade)

– Temperatura

– Características composicionais do próprio material


Deformação rúptil

A deformação rúptil é controlada por baixas


pressões confinantes e baixas temperaturas
Falhas e fraturas são geradas nas rochas
Deformação dúctil

A deformação dúctil é controlada por altas pressões


confinantes e altas temperaturas

Foliação, dobras e lineação são geradas nas rochas


BIBLIOGRAFIA

Teixeira et al. 2000. Decifrando a Terra,


Ed. Oficina de Textos, SP, 557 p.

Winter, J.D. 2001.


http://www.whitman.edu/geology/winter/

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