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FABRICAÇÃO –
MECÂNICA
TECNOLOGIA DE MATERIAIS
1- 1 -
INSPETOR DE FABRICAÇÃO – MECÂNICA
TECNOLOGIA DE MATERIAIS
© PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, bem como a produção de apostilas,
sem autorização prévia, por escrito, da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.
Ficha Catalográfica
SENAI. DN
Mecânica tecnologia de materiais / organizado por Rinaldo Ferreira Martins, Domingos Rosinei
Rogieri, Luis Carlos de Amorim. – Brasília, DF: PETROBRAS, 2007.
156 p. : il. ; 30 cm. – (Curso para Inspetor de Fabricação. Módulo Básico).
Inclui bibliografias.
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as Ciências Físicas. Gauss foi o primeiro a fazer medidas absolutas do campo magnético
terrestre, utilizando um sistema decimal baseado em três unidades mecânicas: milímetro,
grama e segundo para, respectivamente, as grandezas: comprimento, massa e tempo. Em
conseqüência, Gauss e Weber realizaram, também, medidas de fenômenos elétricos.
• Maxwell e Thomson aplicaram de maneira mais completa essas medidas nos domínios da
eletricidade e do magnetismo junto à British Association for the Advancement of Science
(BAAS) nos anos de 1860.
• Em 1901, Giorgi demonstra que seria possível associar as unidades mecânicas desse
sistema, metro-quilograma-segundo, ao sistema prático de unidades elétricas, para formar
um único sistema coerente quadridimensional, juntando a essas três unidades de base
uma quarta unidade, de natureza elétrica, tal como o ampère ou o ohm, e racionalizando
as expressões utilizadas em eletromagnetismo.
A proposta de Giorgi abriu caminho para outras extensões.
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• Após a revisão da Convenção do Metro pela 6ª CGPM, em 1921, que estendeu as
atribuições e as responsabilidades do Bureau Internacional a outros domínios da física, e a
criação do CCE pela 7ª CGPM, em 1927, a proposta de Giorgi foi discutida
detalhadamente pela CEI, UIPPA e outros organismos internacionais. Essas discussões
levaram o CCE a propor, em 1939, a adoção de um sistema quadridimensional baseado
no metro, quilograma, segundo e ampère – o sistema MKSA, uma proposta que foi
aprovada pelo Comitê Internacional, em 1946.
• Como resultado de uma consulta internacional realizada pelo Bureau Internacional, a partir
de 1948, a 10ª CGPM, em 1954, aprova a introdução do ampère, do kelvin e da candela
como unidades de base, respectivamente, para intensidade de corrente elétrica,
temperatura termodinâmica e intensidade luminosa. A 11ª CGPM dá o nome de Sistema
Internacional de Unidades (SI) para esse sistema, em 1960. Na 14ª CGPM, em 1971, o
mol foi incorporado ao SI como unidade de base para quantidade de matéria, sendo a
sétima das unidades de base do SI, tal como conhecemos até hoje.
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podem ser substituídas por nomes e símbolos especiais, o que permite sua utilização na formação de
outras unidades derivadas.
As unidades SI dessas duas classes constituem um conjunto coerente, na acepção dada
habitualmente à expressão “sistema coerente de unidades”, isto é, sistema de unidades ligadas pelas
regras de multiplicação e divisão, sem qualquer fator numérico diferente de 1.
Segundo a Recomendação 1 (1969; PV, 37, 30-31 e Metrologia, 1970, 6,66) do CIPM, as
unidades desse conjunto coerente de unidades são designadas sob o nome de unidades SI.
É importante acentuar que cada grandeza física tem uma só unidade SI, mesmo que essa
unidade possa ser expressa sob diferentes formas.
Porém, o inverso não é verdadeiro: a mesma unidade SI pode corresponder a várias
grandezas diferentes.
Unidade
Entende-se por unidade um determinado valor em função do qual outros valores são
enunciados. Usando-se a unidade METRO, pode-se dizer, por exemplo, qual é o comprimento de um
corredor. A unidade é fixada por definição e independe do prevalecimento de condições físicas como
temperatura, grau higroscópico (umidade), pressão, etc.
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Essa definição tem o efeito de fixar a velocidade da luz em 299.792.458 m.s-1, exatamente. O
antigo protótipo internacional do metro, que fora sancionado pela 1ª CGPM em 1889, é conservado no
Bureau Internacional de Pesos e Medidas nas mesmas condições que foram fixadas em 1889.
16
As definições do ampère “internacional” e do ohm “internacional” foram confirmadas pela
Conferência Internacional de Londres em 1908.
Embora por ocasião da 8ª CGPM (1933) já fosse evidente a opinião unânime no sentido de
substituir estas unidades “internacionais” por unidades ditas “absolutas”, a decisão formal de suprimir
estas unidades “internacionais” foi tomada somente pela 9ª CGPM (1948), que adotou para o ampère,
unidade de corrente elétrica, a seguinte definição:
“O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica constante que, mantida em dois
condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de seção circular desprezível, e
situados à distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes condutores uma força
igual a 2 x 10-7 newton por metro de comprimento.”
A expressão “unidade MKS de força”, que figura no texto original, foi aqui substituída por
“newton”, denominação adotada pela 9ª CGPM (1948, Resolução 7).
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1.1.2.1.6. Unidade de quantidade de matéria (mol)
Desde a descoberta das leis fundamentais da química, utilizaram-se diversas unidades
denominadas, por exemplo, “átomo grama” ou “molécula grama”, para especificar quantidades de
diversos elementos ou compostos químicos. Essas unidades eram estritamente ligadas aos “pesos
atômicos” ou aos “pesos moleculares”. Originalmente os “pesos atômicos” eram referidos ao elemento
químico oxigênio (16 por convenção).
Porém, enquanto os físicos separavam os isótopos no espectrógrafo de massa e atribuíam o
valor 16 a um dos isótopos de oxigênio, os químicos atribuíam o mesmo valor à mistura (levemente
variável) dos isótopos 16, 17 e 18, que para eles constituía o elemento oxigênio natural.
Um acordo entre a União Internacional de Física Pura e Aplicada (UIPPA) e a União
Internacional de Química Pura e Aplicada (UICPA) resolveu esta dualidade em 1959-1960. Desde
então, físicos e químicos concordam em atribuir o valor 12 ao isótopo 12 do carbono.
A escala unificada assim obtida dá os valores das “massas atômicas relativas”. Faltava
determinar a massa que corresponde à unidade de quantidade de carbono 12. Por acordo
internacional, essa massa foi fixada em 0,012kg, e deu-se o nome de mol (símbolo mol) à unidade da
grandeza “quantidade de matéria”.
Aderindo à proposta da UIPPA, da UICPA e da ISO, o CIPM deu em 1967, e confirmou em
1969, a seguinte definição do mol, que foi finalmente adotada pela 14ª CGPM (1971, Resolução 3):
“10) O mol é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas entidades
elementares quantos átomos existem em 0,012 quilograma de carbono 12.
20) Quando se utiliza o mol, as entidades elementares devem ser especificadas,
podendo ser átomos, moléculas, íons, elétrons, assim como outras partículas, ou
agrupamentos especificados em tais partículas.”
Em 1980, o Comitê Internacional aprovou o relatório do CCU (1980), que determinava:
Nessa definição, entende-se que se faz referência aos átomos de carbono 12 livres, em
repouso e no seu estado fundamental.*
* Quando se cita a definição do mol, é conveniente adicionar, também, essa observação.
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Em 1967, a 13ª CGPM modificou a definição de 1946. Em virtude das dificuldades
experimentais da realização do irradiador de Planck a temperaturas elevadas e das novas
possibilidades oferecidas pela radiometria, isto é, a medida de potência dos raios ópticos, a 16ª
CGPM adotou em 1979 a nova definição:
“A candela é a intensidade luminosa, numa dada direção de uma fonte que emite uma
radiação monocromática de freqüência 540 x 1012 hertz e cuja intensidade energética nessa
direção é 1/683 watt por esterradiano.”
[Unidades SI de base]
Grandeza
Nome Símbolo
comprimento metro m
massa quilograma kg
tempo segundo s
corrente elétrica ampère A
temperatura termodinâmica kelvin K
quantidade de matéria mol mol
intensidade luminosa candela cd
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Quadro 1.2 – Exemplos de unidades SI derivadas, expressas a partir das unidades de base
Unidades SI
Grandeza
Nome Símbolo
superfície metro quadrado m2
volume metro cúbico m3
velocidade metro por segundo m/s
aceleração metro por segundo ao quadrado m/s2
número de ondas metro elevado à potência menos um (1 por m-1
metro)
massa específica quilograma por metro cúbico kg/m3
volume específico metro cúbico por quilograma m2/kg
densidade de corrente ampère por metro quadrado A/m2
campo magnético ampère por metro A/m
concentração(de quantidade de mol por metro cúbico mol/m3
matéria)
luminância candela por metro quadrado cd/m2
índice de refração (o número) um 1*
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Quadro 1.3 – Unidades SI derivadas possuidoras de nomes especiais e símbolos particulares
Unidades SI derivada
Grandeza derivada Expressão em
Expressão em
Nome Símbolo outras unidades
unidades SI de base
SI
ângulo plano radiano(a) rad m . m-1 = 1(c)
esterradiano(a) (c)
ângulo sólido sr m2 . m-2 = 1(b)
freqüência hertz Hz s-1
força newton N m . kg . s-²
pressão, esforço pascal Pa N/m² m-1 . kg . s-²
energia, trabalho, quantidade de calor joule J N.m M2 . kg . s-²
potência, fluxo de energia watt W J/s m2 . kg . s-3
quantidade de eletricidade, carga elétrica coulomb C s.A
diferença de potencial elétrico, força volt V W/A m2 . kg . s-3 . A-1
eletromotriz
capacidade elétrica farad F C/V m-2 . kg-1 . s4 A2
resistência elétrica ohm Ω V/A m2 . kg-1 . s-3 . A-2
condutância elétrica siemens S A/V m2 . kg-1 . s3 . A2
fluxo de indução magnética weber Wb V.s m2 . kg . s-2 . A-1
indução magnética tesla T Wb/m² kg . s-2 . A-1
m . kg . s-2 . A-2
2
indutância henry H Wb/A
grau celsius(d) 0
temperatura Celsius C Ω K
fluxo luminoso lúmen Im cd . sr(c) m2 . m-2 . cd = cd
-2 -4 -
iluminamento lux lx Im/m² m . m . cd = m ² . cd
-1
atividade (de um radionucleico) becquerel Bq s
dose absorvida, energia específica, gray Gy J/kg m2 . s-2
(comunicada), kerma
equivalente de dose, sievert Sv J/kg m2 . s-2
equivalente de dose ambiente,
equivalente de dose direcional,
equivalente de dose individual,
dose equivalente num órgão.
(a) O radiano e o esterradiano podem ser utilizados nas expressões das unidades derivadas, a fim de distinguir
grandezas de natureza diferente tendo a mesma dimensão.
No Quadro 1.4 são dados exemplos de sua utilização para formar nomes de unidades derivadas.
(b) Na prática, empregam-se os símbolos rad e sr, quando útil, porém a unidade derivada “1” não é habitualmente
mencionada.
(c) Em fotometria, mantém-se, geralmente, o nome e o símbolo do esterradiano, sr, na expressão das unidades.
(d) Essa unidade pode ser utilizada associada aos prefixos SI, como, por exemplo, para exprimir o submúltiplo
miligrau Celsius, moC.
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Quadro 1.4 - Exemplos de unidades SI derivadas, cujos nome e símbolo compreendem unidades SI derivadas tendo nomes
especiais e símbolos particulares
Unidade SI derivada
Grandeza Expressão em unidades
Nome Símbolo
SI de base
viscosidade dinâmica pascal segundo Pa . s m-1 . kg . s-1
momento de uma força newton metro N.m m2 . kg . s-²
tensão superficial newton por metro N/m kg . s-2
velocidade angular radiano por segundo rad/s m . m-1 . s-1= s-1
aceleração angular radiano por segundo rad/s² m . m-1 . s-2= s-2
quadrado
fluxo térmico superficial, watt por metro quadrado W/m² kg . s-3
iluminamento energético
capacidade térmica, entropia joule por kelvin J/K m2 . kg . s-2 . K-1
capacidade térmica específica, joule por quilograma kelvin J/(kg . K) m-2 . s-2 . K-1
entropia específica
energia mássica joule por quilograma J/kg m2 . s-2
condutividade térmica watt por metro kelvin W/(m . K) m . kg . s-3 . K-1
densidade de energia joule por metro cúbico J/m³ m-1 . kg . s-2
campo elétrico volt por metro V/m m . kg . s-3 . A-1
densidade de carga (elétrica) coulomb por metro cúbico C/m³ m-3 . s . A
densidade de fluxo elétrico coulomb por metro quadrado C/m² m-2 . s . A
permissividade farad por metro F/m m-3 . kg-1 . s4 . A2
permeabilidade henry por metro H/m m . kg . s-2 . A-2
energia molar Joule por mol J/mol m-2 . kg . s-2 . mol-1
entropia molar, capacidade Joule por mol Kelvin J/(mol.K) m . kg . s-2 . K-1 . mol-1
2
térmica molar
exposição (raio x e γ) coulomb por quilograma C/kg kg-1 . s . A
taxa de dose absorvida gray por segundo Gy/s m2 . s-3
intensidade energética watt por esterradiano W/sr m .m kg . s-3= m2 . kg.s-3
4 -2
luminância energética watt por metro quadrado W/(m².sr) m2 . m-2 . kg . s-3= kg . s-3
esterradiano
Assim como mencionado, uma mesma unidade SI pode corresponder a várias grandezas
distintas. Vários exemplos são dados no Quadro 1.4, onde a enumeração das grandezas citadas não
deve ser considerada como limitada. Assim, joule por kelvin (J/K) é o nome da unidade SI para a
grandeza capacidade térmica, como também para a grandeza entropia; da mesma forma, ampère (A)
é o nome da unidade SI para a grandeza de base corrente elétrica, como também para a grandeza
derivada força magnetomotriz.
O nome da unidade não é suficiente, então, para se conhecer a grandeza medida: essa regra
se aplica não somente aos textos científicos e técnicos, como também, por exemplo, aos instrumentos
de medição (isto é, eles deveriam apresentar não somente a indicação da unidade, mas também a
indicação da grandeza medida).
Uma unidade derivada pode ser expressa, freqüentemente, de várias maneiras diferentes,
utilizando nomes de unidades de base e nomes especiais de unidades derivadas. Contudo, esta
liberdade algébrica é limitada pelas considerações físicas de bom senso. O joule, por exemplo, pode-
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se escrever newton por metro, ou quilograma metro quadrado por segundo quadrado, porém, em
determinadas situações, algumas formas podem ser mais úteis que outras.
Na prática, a fim de reduzir o risco de confusão entre grandezas de mesma dimensão,
emprega-se para exprimir sua unidade, de preferência, um nome especial ou uma combinação
particular de unidades.
Por exemplo, emprega-se mais vezes a unidade SI de freqüência hertz do que segundo
elevado à potência menos um; e a unidade SI de velocidade angular, radiano por segundo, mais
vezes que segundo elevado à potência menos um (nesse caso, o uso da palavra radiano enfatiza que
a velocidade angular é igual a 2 vezes a freqüência de rotação). Do mesmo modo, emprega-se a
unidade SI de momento de força, newton metro, mais vezes que joule. No domínio das radiações
ionizantes, emprega-se a unidade SI de atividade, becquerel, mais vezes que o segundo elevado à
potência menos um; e utiliza-se a unidade SI de dose absorvida e a unidade SI equivalente de dose,
respectivamente, gray e sievert, mais vezes que joule por quilograma.
Os nomes especiais becquerel, gray e sievert foram, especificamente, introduzidos, por
motivo de riscos para a saúde humana que poderiam resultar de erros no uso das unidades: segundo
elevado à potência menos um e joule por quilograma.
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1.1.3. Notação científica
24
Exemplos:
4,2 · 107 + 3,5 · 105 = 4,2 · 107 + 0,035 · 107 = 4,235 · 107
6,32 · 109 - 6,25 · 109 = 0,07 · 109 (não padronizado) = 7 · 107 (padronizado)
1.1.3.4. Multiplicação
Multiplicamos as mantissas e somamos os expoentes de cada valor. O resultado
possivelmente não será padronizado, mas pode ser convertido:
Exemplos:
(6,5 · 108) . (3,2 · 105) = (6,5 · 3,2) · 108+5 = 20,8 · 1013 (não padronizado) = 2,08 · 1014
(convertido para a notação padronizada)
(4 · 106) · (1,6 · 10-15) = (4 · 1,6) · 106+(-15) = 6,4 · 10-9 (já padronizado sem necessidade de
conversão)
1.1.3.5. Divisão
Dividimos as mantissas e subtraímos os expoentes de cada valor. O resultado possivelmente
não será padronizado, mas pode ser convertido:
Exemplos:
(8 · 1017) / (2 · 109) = (8 /2) . 1017-9 = 4 · 108 (padronizado)
(2,4 · 10-7) / (6,2 · 10-11) = (2,4 /6,2) · 10-7-(-11) ≈ 0,3871 · 104 (não padronizado) = 3,871 · 103
(padronizado)
1.1.3.6. Exponenciação
A mantissa é elevada ao expoente externo e o expoente da base dez é multiplicado pelo
expoente externo.
(2 · 106)4 = (24) · 106 · 4 = 16 · 1024 = 1,6 · 1025 (padronizado)
1.1.3.7. Radiciação
Antes de fazer a radiciação é preciso transformar um expoente para um valor múltiplo do
índice. Após feito isso, o resultado é a radiciação da mantissa multiplicada por dez elevado à razão
entre o expoente e o índice do radical.
5 5
6,7 ⋅ 10 17 = 670 ⋅ 10 15 = 5
670 ⋅ 10 15 / 5 ≈ 3,674 ⋅ 10 3
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1.1.4. Unidades não normalizadas
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Quadro 1.7 – Exemplos de outras unidades fora do SI
(a) O curie é uma unidade especial empregada em física nuclear para expressar a atividade
dos radionuclídios (12ª CGPM, 1964, Resolução 7; CR, 94).
(b) O roentgen é uma unidade especial empregada para exprimir a exposição às radiações X
ou .
(c) O rad é uma unidade especial empregada para exprimir a dose absorvida das radiações
ionizantes. Quando houver risco de confusão no símbolo do radiano, pode-se utilizar rd
como símbolo do rad.
(d) O rem é uma unidade especial empregada em radioproteção para exprimir o equivalente
de dose.
(e) A unidade X era empregada para exprimir o comprimento da onda dos raios X: sua
equivalência com a unidade SI é aproximada.
(f) Essa unidade fora do SI é exatamente equivalente a um submúltiplo decimal de uma
unidade SI.
(g) O quilate métrico foi adotado pela 4ª CGPM (1907; CR, 89-91) para o comércio de
diamantes, pérolas finas e pedras preciosas.
(h) Resolução 4 da 10ª CGPM (1954; CR, 79). A designação “atmosfera normal” é admitida
para a pressão de referência de 101.325Pa.
(i) Várias calorias são adotadas para uso:
- Caloria dita 150C:
1cal 1= 4,1855J (valor adotado pelo CIPM em 1950), (PV, 1950, 22, 79-80);
- Caloria dita IT (International Table)
1cal = 4,1868J (5ª Conferência Internacional sobre as Propriedades do Vapor, Londres,
1956);
- Caloria dita termodinâmica:
1calth = 4,184J
(j) O mícron e seu símbolo, que foram adotados pelo Comitê Internacional em 1879 (PV,
1879, 41) e novamente admitidos na Resolução 7 da 9ª CGPM (1948; CR, 70), foram
eliminados pela 13ª CGPM (1967-1968) (Resolução 7; CR 105 e Metrologia, 1968, 4, 44).
27
1.1.5. Conversão de Unidades
Existem algumas unidades que não pertencem a nenhum dos sistemas de unidades
apresentados. As relações dessas unidades com os sistemas de unidades descritos serão
desenvolvidas junto com as regras de conversão de unidades. Para expressarmos uma unidade
derivada de um sistema A em unidades derivadas de um sistema B, deve-se proceder do seguinte
modo:
• Converter as unidades derivadas em unidades de base, no sistema A;
• Idem para o sistema B;
• Elaborar a relação entre as unidades de base do sistema A e do sistema B;
Exemplo:
Converter 1m2 em ft2 :
1m = 3,281ft
1m2 = 1 x ( 3,281ft )2 = 10,765ft2
Força
De ↓ Para → kgf N lbf dyn sth pdl
kgf 1 9,80665 2,205 9,807.10 5 9,807.10 3 70,921985
N 0,101971 1 0,22484 10 5 10 -3 7,2 320297
lbf 0,4535 4,44746 1 4,447.105 4,447.10 -3 32,17032
dyn 1,019.10 -6 10 -5 2,248.10 -6 1 10 -8 7,233.10 -5
sth 101,971 10 3 224,839 10 8 1 7231,7716
pdl 1,41.10 -2 0,138273 3,108.10 -2 1,3826.10 4 1,365.10 -4 1
Massa
De↓ kg g lb UTM ton
Para→
kg 1 1 000 2,205 0,101 971 10 -3
g 10 -3 1 2,205.10 -3 1,01971.10 -4 10 -6
lb 0,4535147 453,5 147 1 4,625.10 -2 4,536.10 -4
UTM 9,80665 9806,65 21,623 1 9,80665.10 -3
ton 10 3 10 6 2,205.10 3 101,971 1
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1.1.5.3. Unidades de comprimento
Desde 1959, todos os países de língua inglesa adotam a polegada igual a 2,54cm (exato) e a
jarda (yard) igual a 0,9144m. Os múltiplos e submúltiplos das unidades do sistema inglês não usam
prefixos como o SI.
1 jarda (yard) = 3 pés (foot) = 914,4mm
1 pé (foot) = 12 polegadas (inches) = 304,8mm
No sistema americano, as subdivisões são representadas por décimos, centésimos e
milésimos de polegada. No sistema inglês, as subdivisões são representadas por: 1/2, 1/4, 1/8, 1/16,
1/32, 1/64 e 1/128.
Comprimento
De ↓ Para → m cm mm pé ( ft ) in.
m 1 100 1 000 3,281 39,37
cm 10 -2 1 10 3,281.10 -2 0,3937
mm 10 -3 0,1 1 3,281.10 -3 3,937.10 -2
pé ( ft ) 0,3048 30,48 304,8 1 12
in. 2,54.10 -2 2,54 25,4 8,33.10 -2 1
1.1.5.4. Área
Retângulo – A = b.h
πd 2
Círculo – A = π.r2 ou A =
4
Quadrado – A = L2
Área
2 2
De ↓ Para → m cm mm 2 pé 2 in 2
2
m 1 10 4 10 6 10,7649 1 549,99
cm 2 10 -4 1 100 1,076.10 -2 0,154999
mm 2 10 -6 10 -2 1 1,076.10 -5 1,549.10-3
pé 2 9,29.10-2 929,0 304 9,2903.10 4 1 144
in 2 6,451.10 -4 6,4 516 645,16 6,944.10 -3 1
29
1.1.5.6. Volume
V= π . r2 . h (cilindro V=A.h)
V= a3 (cubo)
D3 π
V= a . b . h (prisma de base retangular) V= (esfera)
6
Volume
De ↓ Para → km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³
km³ 1 10³ 106 109 1012 1015 1018
hm³ 10-3 1 10³ 106 109 1012 1015
dam³ 10-6 10-3 1 10³ 106 109 1012
m³ 10-9 10-6 10-3 1 10³ 106 109
dm³ 10-12 10-9 10-6 10-3 1 10³ 106
cm³ 10-15 10-12 10-9 10-6 10-3 1 10³
mm³ 10-18 10-15 10-12 10-9 10-6 10-3 1
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Tabela de fatores de conversão de pressão
De↓ mmca mmHg
Pa kPa mca (4°C) inca (4°C) Bar inHg (0°C) atm psi kgf/cm²
Para → (4°C) (0°C)
-3 -4 -1 -3 -5 -3 -4 -6 -4 -5
Pa 1 10 1,01972x10 1,01972x10 4,01463x10 10 7,50063x10 2,95300x10 9,86925x10 1,45038x10 1,01972 x10
3 -1 2 -2 -1 -3 -1 -2
kPa 10 1 1,01972x10 1,01972x10 4,01463 10 7,50063 2,95300x10 9,86925x10 1,45038x10 1,01972x10
mca 3 3 1 -2 1 -2 -1
9,80665x10 9,80665 1 10 3,93701x10 9,80665x10 7,35560x10 2,89590 9,67842x10 1,42233 10
(4°C)
mmca -3 -3 -2 -5 -2 -3 -5 -3 -4
9,80665 9,80665x10 10 1 3,93701x10 9,80665x10 7,35560x10 2,89590x10 9,67842x10 1,42233x10 10
1.1.5.7. Unidades de pressão
(4°C)
inca 2 -1 -2 1 -3 -2 -3 -2 -3
2,49089x10 2,49089x10 2,54000x10 2,54000x10 1 2,49089x10 1,86832 7,35560x10 2,45832x10 3,61273x10 2,54000x10
(4°C)
31
5 2 1 4 2 2 1 -1 1
Bar 10 10 1,01972x10 1,01972x10 4,01463x10 1 7,50063x10 2,95301x10 9,86925x10 1,45038x10 1,01972
mmHg 2 -1 -2 1 -1 -3 -2 -3 -2 -3
1,33322x10 1,33322x10 1,35951x10 1,35951x10 5,35239x10 1,33322x10 1 3,93701x10 1,31579x10 1,93367x10 1,35951x10
(0°C)
inHg 3 -1 2 1 -2 1 -2 -1 -2
3,38638x10 3,38638 3,45316x10 3,45316x10 1,35951x10 3,38638x10 2,54000x10 1 3,34211x10 4,91153x10 3,45315x10
(0°C)
Tabela 1.6 – Fatores de conversão de unidades de pressão
5 2 1 4 2 1 1
atm 1,01325x10 1,01325x10 1,03323x10 1,03323x10 4,06782x10 1,01325 760 2,99213x10 1 1,46959x10 1,03323
3 -1 2 1 -2 1 -2
Psi 6,89476x10 6,89476 7,03070x10 7,03070x10 2,76799x10 6,89476x10 5,17150x10 2,03602 6,80461x10 1 7,03070x10-2
1 2 -1 2 1 -1 1
kgf/cm² 9,80665x104 9,80665x0 10 10 3,93701x10 9,80665x0 7,35560x0 2,89591x0 9,67842x 1,42233x0 1
1.2. Metrologia
Observações:
a) O sistema pode incluir medidas materializadas e reagentes químicos.
b) Um Sistema de Medição que é instalado de forma permanente é denominado instalação de
medição.
Em termos genéricos, um Sistema de Medição pode ser dividido em três módulos funcionais:
o sensor/transdutor, a unidade de tratamento do sinal e o dispositivo mostrador. Cada módulo pode
constituir uma unidade independente ou pode estar fisicamente integrada ao Sistema de Medição.
O transdutor é o módulo do Sistema de Medição que está em contato com o mensurando.
Gera um sinal proporcional (mecânico, pneumático, elétrico, ou outro) ao mensurando segundo uma
função bem definida, normalmente linear, baseada em um ou mais fenômenos físicos. Em termos
gerais, um transdutor transforma um efeito físico noutro. Quando o transdutor é composto de vários
módulos, várias transformações de efeitos podem estar presentes. O primeiro módulo do transdutor,
aquele que entra em contato diretamente com o mensurando, é também denominado de sensor. A
rigor, o sensor é uma parte do transdutor.
O sinal gerado pelo sensor/transdutor normalmente é um sinal de baixa energia, difícil de ser
diretamente indicado. A unidade de tratamento do sinal (UTS), além da amplificação da potência do
sinal, pode assumir funções de filtragem, compensação, integração e processamento. É às vezes
chamada de condicionador de sinais. Esse módulo pode não estar presente em alguns Sistemas de
Medição mais simples.
O dispositivo mostrador recebe o sinal tratado (amplificado, filtrado, etc) e através de recursos
mecânicos, eletro-mecânicos, eletrônicos ou outro qualquer, transforma-o em um número inteligível
ao usuário, isto é, produz uma indicação direta perceptível. Esse módulo subentende também
32
dispositivos registradores, responsáveis pela descrição analógica ou digital do sinal ao longo do
tempo ou em função de outra grandeza independente. São exemplos: registradores X-Y, X-T,
gravadores de fita, telas de osciloscópios.
33
Faixa nominal é normalmente definida em termos de seus limites inferior e superior, por
exemplo: “1000C a 2000C”. Quando o limite inferior é zero, a faixa nominal é definida unicamente em
termos do limite superior, por exemplo: a faixa nominal de 0V a 100V é expressa como “100V”.
Amplitude da Faixa Nominal (SPAN) - Diferença, em módulo, entre dois limites de uma faixa
nominal.
Exemplos:
Faixa Nominal: -10V a 10V, 4 a 20mA, 1 a 5V
Amplitude da Faixa Nominal: 20V, 16 mA, 4V
Condições de referência - Condições de uso prescritas para ensaio de desempenho de um
instrumento de medição, ou para intercomparação de resultados de medições (temperatura, umidade
e pressão atmosférica).
Sensibilidade - Variação da resposta de um instrumento de medição, dividida pela
correspondente variação do estímulo.
Resolução (de um dispositivo mostrador) - Menor diferença entre indicações de um
dispositivo mostrador que pode ser significativamente percebida.
Observações:
1. Para dispositivo mostrador digital, é a variação na indicação quando o dígito menos
significativo varia de uma unidade.
2. Esse conceito também se aplica a um dispositivo registrador.
Zona Morta - Intervalo máximo no qual um estímulo pode variar em ambos os sentidos, sem
produzir variação na resposta de um instrumento de medição.
Observação:
A Zona Morta, algumas vezes, pode ser deliberadamente ampliada, de modo a prevenir
variações na resposta para pequenas variações no estímulo.
Deriva - Variação lenta de uma característica metrológica de um instrumento de medição
Tempo de Resposta - Intervalo de tempo entre o instante em que um estímulo é submetido a
uma variação brusca e o instante em que a resposta atinge e permanece dentro de limites
especificados em torno do seu valor final estável.
Exatidão de um Instrumento de Medição - Aptidão de um instrumento de medição para dar
respostas próximas a um valor verdadeiro.
Observação:
Exatidão é um conceito qualitativo.
Classe de Exatidão - Classe de instrumentos de medição que satisfazem a certas exigências
metrológicas destinadas a conservar os erros dentro de limites especificados.
Observação:
Uma classe de exatidão pode ser indicada por um número ou símbolo adotado por convenção e
denominado índice de classe.
34
• Em porcentagem do alcance – um instrumento que possui Alcance da Faixa Nominal de
1000C e está indicando 800C; sua classe de exatidão é de ± 0,5%. Portanto, sabemos que
a temperatura estará entre 79,50C e 80,50C.
• Em unidades da variável – ex.: Classe de Exatidão de ± 20C.
• Em porcentagem do Valor Medido – ex.: Classe de Exatidão de ± 1%. Para uma indicação
de 80 l/h teremos uma margem de ± 0,8 l/h; para uma indicação de 40 l/h teremos uma
margem de ± 0,4 l/h.
• Em porcentagem do valor máximo da escala do instrumento (porcentagem do fundo de
escala) – ex.: Ex.: Classe de Exatidão de 1%. Faixa Nominal de 50 a 1500C.
• A classe de exatidão será de ± 1,50C.
Erro (de Indicação) de um Instrumento de Medição – Indicação de um instrumento de
medição menos um valor verdadeiro da grandeza de entrada correspondente.
Observações:
1. Uma vez que um valor verdadeiro não pode ser determinado, na prática é utilizado um
valor verdadeiro convencional
2. Esse conceito aplica-se principalmente quando o instrumento é comparado a um padrão
de referência.
3. Para uma medida materializada, a indicação é o valor atribuído a ela.
Observação:
Tendência de um instrumento de medição é normalmente estimada pela média dos erros de
indicação de um número apropriado de medições repetidas.
35
Figura 1.1 – Gráfico de representação da Histerese
36
1.2.2. Normalização referente a
1.2.2.1. Qualidade
A norma de gestão da Qualidade NBR ISO 9001:2000 estabelece requisitos referentes os
sistemas de medição quando estes são utilizados para monitorar e controlar as especificações do
produto.
A subseção 7.6.1 é a que trata especificamente do controle de dispositivos de medição
conforme abaixo:
“A organização deve determinar as medições e monitoramentos a serem realizados e os
dispositivos de medição e monitoramento necessários para evidenciar a conformidade do produto
com os requisitos determinados.
A organização deve estabelecer procedimentos para assegurar que a medição e o
monitoramento possam ser realizados e executados de uma maneira coerente com os requisitos de
medição e monitoramento.
Quando for necessário assegurar resultados válidos, o dispositivo de medição deve ser:
a) Calibrado ou verificado a intervalos especificados ou antes do uso, contra padrões de
medição rastreáveis a padrões de medição internacionais ou nacionais; quando esse
padrão não existir, a base usada para calibração ou verificação deve ser registrada;
b) Ajustado ou reajustado quando necessário;
c) Identificado para possibilitar que a situação de calibração seja determinada;
d) Protegido contra ajustes que possam invalidar o resultado da medição;
e) Protegido de dano e deterioração durante o manuseio, manutenção e armazenamento.
Adicionalmente, a organização deve avaliar e registrar a validade dos resultados de medições
anteriores quando constatar que o dispositivo não em conformidade com os requisitos. A organização
deve tomar ação apropriada no dispositivo e em qualquer produto afetado. Registros dos resultados
de calibração e verificação devem ser mantidos.
Quando usado na medição e monitoramento de requisitos especificados, a capacidade do
software de computador para satisfazer a aplicação pretendida deve ser confirmada. Isso deve ser
feito antes do uso inicial e reconfirmado se necessário”.
1.2.2.2. Calibração
Existem basicamente dois tipos de calibração:
- Calibração direta
- Calibração indireta
37
Calibração direta
Calibração indireta
38
A grandeza que se deseja medir é fornecida por um meio externo , que atua simultaneamente
no Sistema de Medição em Calibração e no Sistema de Medição Padrão. Os resultados do Sistema
de Medição em Calibração são comparados com os do Sistema de Medição Padrão. Dessa forma, os
erros podem ser determinados e as devidas correções efetuadas.
Exemplos:
Calibração do velocímetro de um carro, comparando com um velocímetro padrão.
Padrões de Medição
Um padrão tem a função básica de servir como uma referência para as medições realizadas.
Pode ser:
• uma medida materializada – massa padrão para balança
• um instrumento de medição – termômetro
• ou um material de referência – solução referência de pH.
Comprovação Metrológica
A NBR ISO 10012 define comprovação metrológica como: “conjunto de operações
necessárias para assegurar-se de que um dado equipamento de medição está em condições de
conformidade com os requisitos para o uso pretendido. Normalmente inclui, entre outras atividades,
calibração, qualquer ajuste e/ou reparo, as recalibrações subseqüentes, assim como qualquer
lacração ou etiquetagem necessária”.
39
Figura 1.9 – Ciclo PDCA
40
Superfície efetiva
Superfície levantada pelo instrumento de medição. É a superfície real, deformada pelo
instrumento.
Com instrumentos, não é possível o exame de toda uma superfície de uma só vez. Por isso,
examina-se um corte dessa superfície de cada vez. Assim, definimos:
• Perfil real: corte da superfície real.
• Perfil geométrico: corte da superfície geométrica.
• Perfil efetivo: corte da superfície efetiva.
As diferenças entre o perfil efetivo e o perfil geométrico são os erros apresentados pela
superfície em exame e são genericamente classificados em dois grupos:
Erros macrogeométricos
Detectáveis por instrumentos convencionais. Exemplos: ondulações acentuadas, conicidade,
e ovalização.
Erros microgeométricos
Detectáveis somente por rugosímetros, perfiloscópios e outros instrumentos. São também
definidos como rugosidade.
Retilineidade
para elementos isolados
Planeza
Circularidade
Forma
Cilindricidade
Paralelismo
associados
Orientação
Perpendicularidade
Inclinação
Posição de um elemento
para elementos
associados
Posição
Concentricidade
Simetria
Batimento
41
Retilineidade
É a condição pela qual cada linha deve estar limitada dentro do valor de tolerância
especificada.
Se o valor da tolerância (t) for precedido pelo símbolo ∅, o campo de tolerância será limitado
por um cilindro “t”, conforme figura.
42
Figura 1.11 – Retilineidade - método de medição
Planeza
É a condição pela qual toda superfície deve estar limitada pela zona de tolerância “t”,
compreendida entre dois planos paralelos, distantes de “t”.
43
Observa-se, pela última figura, que a tolerância de planeza é independente da tolerância
dimensional especificada pelos limites de medida.
Conclui-se que a zona de tolerância de forma (planeza) poderá variar de qualquer maneira,
dentro dos limites dimensionais. Mesmo assim, satisfará às especificações da tolerância.
A tolerância de planeza tem uma importante aplicação na construção de máquinas
ferramenta, principalmente guias de assento de carros, e cabeçote.
Geralmente, os erros de planicidade ocorrem devido aos fatores:
• Variação de dureza da peça ao longo do plano de usinagem.
• Desgaste prematuro do fio de corte.
• Deficiência de fixação da peça, provocando movimentos indesejáveis durante a usinagem.
• Má escolha dos pontos de locação e fixação da peça, ocasionando deformação.
• Folga nas guias da máquina.
• Tensões internas decorrentes da usinagem, deformando a superfície.
As tolerâncias admissíveis de planeza mais aceitas são:
• Torneamento: 0,01 a 0,03mm
• Fresamento: 0,02 a 0,05mm
• Retífica: 0,005 a 0,01mm
Circularidade
É a condição pela qual qualquer círculo deve estar dentro de uma faixa definida por dois
círculos concêntricos, distantes no valor da tolerância especificada.
44
Tabela 1.10 – Especificação do desenho para circularidade
45
A medição mais adequada de circularidade é feita por aparelhos especiais de medida de
circularidade utilizados em metrologia, cujo esquema é mostrado abaixo.
A linha de centro de giro é perpendicular à face da peça, e passa pelo centro determinado por
dois diâmetros perpendiculares da peça (considerada no seu plano da face).
Na usinagem em produção, podemos adotar os valores de circularidade:
• Torneamento: até 0,01mm
• Mandrilamento: 0,01 a 0,015mm
• Retificação: 0,005 a 0,015mm
Cilindricidade
É a condição pela qual a zona de tolerância especificada é a distância radial entre dois
cilindros coaxiais.
46
Figura 1.15 – Medição de erros da forma cilíndrica
A peça é medida nos diversos planos de medida, e em todo o comprimento. A diferença entre
as indicações máxima e mínima não deve ultrapassar, em nenhum ponto do cilindro, a tolerância
especificada.
Forma de uma linha qualquer
O campo de tolerância é limitado por duas linhas envolvendo círculos cujos diâmetros sejam
iguais à tolerância especificada e cujos centros estejam situados sobre o perfil geométrico correto da
linha.
47
Tabela 1.13 – Especificação do desenho para forma de uma superfície qualquer
Paralelismo
Paralelismo é a condição de uma linha ou superfície ser eqüidistante em todos os seus pontos
de um eixo ou plano de referência.
48
Figura 1.16 – Exemplo da forma correta para se medir o paralelismo das faces
Perpendicularidade
É a condição pela qual o elemento deve estar dentro do desvio angular, tomado como
referência o ângulo reto entre uma superfície, ou uma reta, e tendo como elemento de referência uma
superfície ou uma reta, respectivamente. Assim, podem-se considerar os seguintes casos de
perpendicularidade:
Tolerância de perpendicularidade entre duas retas
O campo de tolerância é limitado por dois planos paralelos, distantes no valor especificado “t”,
e perpendiculares à reta de referência.
49
Tabela 1.15 – Especificação do desenho para perpendicularidade entre duas retas
Tabela 1.16 – Especificação do desenho para perpendicularidade entre uma superfície e uma reta
50
Tolerância de perpendicularidade entre dois planos
A tolerância de perpendicularidade entre uma superfície e um plano tomado como referência
é determinada por dois planos paralelos, distanciados da tolerância especificada e respectivamente
perpendiculares ao plano referencial.
Inclinação
Existem dois métodos para especificar tolerância angular:
1. Pela variação angular, especificando o ângulo máximo e o ângulo mínimo. A indicação
75º ± 1º significa que entre as duas superfícies, em nenhuma medição angular, deve-se
achar um ângulo menor que 74º ou maior que 76º.
51
Tolerância de inclinação de uma linha em relação a uma reta de referência
O campo de tolerância é limitado por duas retas paralelas, cuja distância é a tolerância, e
inclinadas em relação à reta de referência do ângulo especificado.
Tabela 1.18 – Especificação do desenho para tolerância de inclinação de uma linha em relação a uma reta de referência
Tabela 1.19 – Especificação do desenho para tolerância de inclinação de uma superfície em relação a uma reta de base
52
Tabela 1.20 – Especificação do desenho para tolerância de inclinação de uma superfície em relação a um plano de referência
Posição de um elemento
A tolerância de posição pode ser definida, de modo geral, como desvio tolerado de um
determinado elemento (ponto, reta, plano) em relação a sua posição teórica.
É importante a aplicação dessa tolerância de posição para especificar as posições relativas,
por exemplo, de furos em uma carcaça para que ela possa ser montada sem nenhuma necessidade
de ajuste.
Vamos considerar as seguintes tolerâncias de posição de um elemento.
53
Figura 1.21 – Tolerância de localização da reta
Quando o desenho do produto indicar posicionamento de linhas que entre si não podem variar
além de certos limites em relação às suas cotas nominais, a tolerância de localização será
determinada pela distância de duas retas paralelas, dispostas simetricamente à reta considerada
nominal.
54
Tabela 1.23 – Especificação do desenho para tolerância de posição de um plano
O diâmetro B deve ser concêntrico com o diâmetro A, quando a linha de centro do diâmetro B
estiver dentro do círculo de diâmetro te, cujo centro está na linha de centro do diâmetro A.
55
A tolerância de excentricidade poderá variar de ponto para ponto, ao se deslocar o plano de
medida paralelo a si mesmo e perpendicular à linha de centro de referência.
Conclui-se, portanto, que os desvios de excentricidade constituem um caso particular dos
desvios de coaxialidade.
Coaxialidade
A tolerância de coaxialidade de uma reta em relação à outra, tomada como referência, é
definida por um cilindro de raio te, tendo como geratriz a reta de referência, dentro do qual deverá se
encontrar a outra reta.
A tolerância de coaxialidade deve sempre estar referida a um comprimento de referência. O
desvio de coaxialidade pode ser verificado pela medição do desvio de concentricidade em alguns
pontos.
56
Simetria
A tolerância de simetria é semelhante à de posição de um elemento, porém utilizada em
condição independente, isto é, não se leva em conta a grandeza do elemento. O campo de tolerância
é limitado por duas retas paralelas, ou por dois planos paralelos, distantes no valor especificado e
dispostos simetricamente em relação ao eixo (ou plano) de referência.
Tolerância de batimento
Na usinagem de elementos de revolução, tais como cilindros ou furos, ocorrem variações em
suas formas e posições, o que provoca erros de ovalização, conicidade, excentricidade, em relação a
seus eixos.
Tais erros são aceitáveis até certos limites, desde que não comprometam seu funcionamento.
Daí a necessidade de se estabelecer um dimensionamento conveniente para os elementos.
Além desses desvios, fica difícil determinar na peça o seu verdadeiro eixo de revolução.
Nesse caso, a medição ou inspeção deve ser feita a partir de outras referências que estejam
relacionadas ao eixo de simetria.Essa variação de referencial geralmente leva a uma composição de
erros, envolvendo a superfície medida, a superfície de referência e a linha de centro teórica.
Para que se possa fazer uma conceituação desses erros compostos, são definidos os
desvios de batimento, que nada mais são do que desvios compostos de forma e posição de
superfície de revolução, quando medidos a partir de um eixo ou superfície de referência.
57
O batimento representa a variação máxima admissível da posição de um elemento,
considerado ao girar a peça de uma rotação em torno de um eixo de referência, sem que haja
deslocamento axial. A tolerância de batimento é aplicada separadamente para cada posição medida.
Se não houver indicação em contrário, a variação máxima permitida deverá ser verificada a
partir do ponto indicado pela seta no desenho.
O batimento pode delimitar erros de circularidade, coaxialidade, excentricidade,
perpendicularidade e planicidade, desde que seu valor, que representa a soma de todos os erros
acumulados, esteja contido na tolerância especificada. O eixo de referência deverá ser assumido sem
erros de retilineidade ou de angularidade.
A tolerância de batimento pode ser dividida em dois grupos principais:
Batimento radial
A tolerância de batimento radial é definida como um campo de distância t entre dois círculos
concêntricos, medidos em um plano perpendicular ao eixo considerado.
58
Figura 1.24 – Peça apoiada em prisma
A peça é apoiada entre centros: Quando se faz a medição da peça locada entre centros, tem-
se o posicionamento correto da linha de centro e, portanto, a LTI é realmente o desvio de batimento
radial.
A medição, assim executada, independe das dimensões da peça, não importando se ela está
na condição de máximo material (diâmetro maior) ou de mínimo material (diâmetro menor, em se
tratando de eixo).
Batimento axial
A tolerância de batimento axial ta é definida como o campo de tolerância determinado por
duas superfícies, paralelas entre si e perpendiculares ao eixo de rotação da peça, dentro do qual
deverá estar a superfície real quando a peça efetuar uma volta, sempre referida a seu eixo de
rotação.
59
Métodos de medição de batimento axial
Para se medir a tolerância de batimento axial, faz-se girar a peça em torno de um eixo
perpendicular à superfície que será medida, bloqueando seu deslocamento no sentido axial.
Caso não haja indicação da região em que deve ser efetuada a medição, ela valerá para toda
a superfície.
A diferença entre as indicações Amáx. - Amin. (obtida a partir da leitura de um relógio
comparador) determinará o desvio de batimento axial, que deverá ser menor ou igual à tolerância ta.
Amáx. - Amin. ≤ ta
Normalmente, o desvio de batimento axial é obtido por meio das montagens indicadas a
seguir.
60
A figura a mostra a medição feita entre pontas. Na figura b, a superfície de referência está
apoiada em um prisma em V.
Alinhamento geométrico
O alinhamento geométrico pode ser compreendido como sendo a relação existente entre os
planos geométricos de todos os elementos constituintes de uma máquina.
A importância do alinhamento geométrico reside no fato de que deve haver harmonia entre os
diversos conjuntos mecânicos existentes nas máquinas, e que executam movimentos relativos entre
si, para que o todo funcione de modo eficaz. Caso contrário, ocorrerá comprometimento dos
elementos em termos de exatidão e durabilidade.
As ilustrações a seguir mostram algumas máquinas alinhadas geometricamente.
Observe a harmonia entre os eixos de trabalho que os conjuntos mecânicos executam.
61
Figura 1.30 – Máquinas alinhadas geometricamente
Quando uma máquina ou equipamento é projetado, dois fatores importantes são levados em
consideração: o centro de gravidade da máquina, ou centro de massa, e o dimensionamento do seu
curso de trabalho. O centro de gravidade é o local onde está o ponto de equilíbrio do peso de todo o
conjunto.
Se uma máquina ou equipamento tiver algum problema com seu centro de gravidade e erros
no dimensionamento de seu curso, surgirão desgastes de conjuntos e estruturas, quebras, peças mal
executadas, resistências indesejáveis etc.
Na ilustração a seguir, mostramos uma máquina cujo centro de gravidade está deslocado por
causa da não simetria na distribuição de massa da mesa na direção X. A mesa do lado direito da
figura possui mais massa e, conseqüentemente, mais peso desse lado. Nessas condições, o
alinhamento geométrico fica prejudicado, pois a condição de apoio do sistema não satisfaz as
necessidades.
Observe na figura abaixo que na direção X a mesa se mantém perfeitamente alinhada, apesar
do lado direito ser maior que o esquerdo. É um projeto de engenharia bem executado que garante o
perfeito alinhamento da máquina.
62
Figura 1.32 – Mesa perfeitamente alinhada em “x”
Perfil do filete
Determina-se o perfil de um filete seccionando-o por um plano que contém o eixo do parafuso.
O perfil triangular é usado em parafusos e porcas de fixação, uniões e tubos.
63
Figura 1.34 – Perfil triangular
O perfil trapezoidal é empregado nos órgãos de comando das máquinas operatrizes, para
obter uma transmissão de movimento suave e uniforme, e também nos fusos e nas prensas de
estampar.
O perfil dente-de-serra é usado quando o parafuso exerce grande esforço num só sentido,
como nas morsas e nos macacos.
64
Na rosca esquerda, o filete é ascendente da esquerda para a direita.
Nomenclatura da rosca
Independente de seu uso, as roscas têm os mesmos elementos. O que varia são os formatos
e as dimensões.
65
Como mostra as figuras seguintes, esses arames podem ser utilizados livres ou adaptados a
suportes especiais.
Existem contatos intercambiáveis para vários tipos de roscas, de forma que um único
micrômetro, dentro de sua capacidade de medição, possa executar o controle.
Esse tipo de medição é feito diretamente sobre os flancos do filete, e o valor encontrado
corresponde ao cálculo teórico dos flancos.
Engrenagens
Engrenagens são rodas com dentes padronizados que servem para transmitir movimento e
força entre dois eixos. Muitas vezes, as engrenagens são usadas para variar o número de rotações e
o sentido da rotação de um eixo para o outro.
Observe as partes de uma engrenagem:
66
Figura 1.46 – Engrenagem
Os dentes são um dos elementos mais importantes das engrenagens. Observe, no detalhe,
as partes principais do dente de engrenagem.
67
As engrenagens cilíndricas com dentes helicoidais transmitem também rotação entre eixos
reversos (não paralelos). Elas funcionam mais suavemente que as engrenagens cilíndricas com
dentes retos e, por isso, o ruído é menor.
Engrenagens cônicas
Engrenagens cônicas são aquelas que têm forma de tronco de cone. As engrenagens cônicas
podem ter dentes retos ou helicoidais.
As engrenagens cônicas transmitem rotação entre eixos concorrentes. Eixos concorrentes
são aqueles que vão se encontrar em um mesmo ponto, quando prolongados.
Torção
Em alguns casos práticos ocorre um tipo especial de solicitação a que chamamos de torção.
Exemplo:
• Os elos de uma mola helicoidal que é comprimida ou tracionada.
68
Figura 1.50 – Corpo submetido ao momento torsor
Nivelamento
O bom nivelamento das máquinas e equipamentos é outro importante fator a ser considerado
em termos de alinhamento geométrico e de trabalho eficiente, e qualidade de produto.
De fato, uma máquina ou equipamento bem nivelados trabalham sem esforços adicionais, e
operam segundo o previsto.
Os instrumentos mais comuns para se efetuar o nivelamento de máquinas e equipamentos
são os seguintes: nível de bolha de base plana; nível de bolha quadrangular e nível eletrônico.
O nivelamento de uma máquina ou equipamento segue procedimentos e parâmetros
normalizados e deve ser feito inicialmente no sentido longitudinal e, posteriormente, no sentido
transversal.
Havendo necessidade de efetuar acertos, o que é muito comum, trabalha-se acionando os
niveladores da base.
Estando o equipamento nivelado, deve-se efetuar o aperto dos parafusos de fixação.
69
Após essa operação, volta-se a conferir o nivelamento para checar se ocorreu alteração do
nivelamento anterior.
Constatadas alterações, volta-se a nivelar; porém, sem desapertar totalmente os parafusos.
Ao se atingir novamente as condições desejadas, confere-se o aperto final.
Esse procedimento deverá ser repetido até que se atinja o nivelamento correto com o aperto
final dos parafusos de fixação.
Após o nivelamento da máquina, é conveniente colocá-la para funcionar em vazio durante um
certo período. Após esse período, o nivelamento deverá ser conferido novamente para novos ajustes,
se necessário.
Pode ocorrer que uma determinada máquina não permita que se obtenha um nivelamento de
acordo com as especificações. Nesse caso, uma análise dos fatores interferentes deverá ser
realizada. Esses fatores interferentes poderão ser:
• Uma torção da própria estrutura da máquina causada por transporte inadequado;
• Tensões internas do próprio material utilizado na fabricação da máquina;
• Instabilidade da fundação onde a máquina encontra-se assentada;
• Presença de forças desbalanceadas provocadas pelo assentamento irregular dos elementos
de fixação.
Eliminando-se esses fatores interferentes, o nivelamento adequado poderá ser obtido.
1.3.2. Tipos
Observação:
O conceito de padrão primário é igualmente válido para grandezas de base e para grandezas
derivadas.
70
1.3.2.2. Padrão de trabalho
Padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas,
instrumentos de medição ou materiais de referência.
Observações:
1) Um padrão de trabalho é geralmente calibrado por comparação a um padrão de referência.
2) Um padrão de trabalho utilizado rotineiramente, para assegurar que as medições estão
sendo executadas corretamente, é chamado padrão de controle.
1.3.3. Rastreabilidade
Propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estar relacionado a
referências estabelecidas, geralmente a padrões nacionais ou internacionais, através de uma cadeia
contínua de comparações, todas tendo incertezas estabelecidas.
Observações:
a) O conceito é geralmente expresso pelo adjetivo rastreável;
b) Uma cadeia contínua de comparações é denominada de cadeia de rastreabilidade.
71
1.4. Estatística básica
1.4.1. Definição
1.4.2.1. Definição
Os dados objeto do estudo estatístico podem ser organizados na forma de tabelas de
freqüências e/ou gráficos.
1.4.2.2. População
População é o conjunto que contém o total de elementos cujos atributos se pretende analisar.
1.4.2.3. Amostra
Amostra é um subconjunto da população, um menor número de elementos que serão
examinados e medidos.
72
1.4.3. Medidas de posição
População Amostra
Média μ=
∑x x=
∑x
N n
Média
n
∑ xi
x= , onde xi = valores da amostra
n
n = números de elementos da amostra
1.4.3.2. Moda
A moda é o valor mais freqüente em um conjunto de valores numéricos. A moda pode não
existir e, mesmo que exista, pode não ser única.
Exemplos:
1,1,3,3,5,7,7,7,11,13 tem moda 7
3,5,8,11,13,18 não tem moda
3,5,5,5,6,6,7,7,7,11,12 tem duas modas: 5,7 (bimodal).
1.4.3.3. Mediana
A mediana de um conjunto de N números ordenados em ordem de grandeza, é o valor do
ponto central (N ímpar) ou a média aritmética dos dois valores centrais (N par).
Exemplos:
3,4,4,5,6,8,8,8,10 tem mediana 6
5,5,7,9,11,12,13,17 tem mediana 10.
1.4.4.1. Variância
A variância da Amostra avalia o quanto os valores observados estão dispersos ao redor da
média.
73
A variância é uma média dos desvios ( xi - x ) ao quadrado .
População Amostra
2 2
2 ∑ ( x − μ) ∑ ( x − x)
Variância σ = N
2
S = n −1
∑(x − x) 2
S=
n−1
População Amostra
Desvio Padrão σ = σ2 S = S2
1.4.5. Probabilidade
1.4.5.1. Definição
No século XVII os matemáticos franceses Pierre de Fermat (1601-1665) e Blaise Pascal
(1623-1662) iniciaram estudos sobre a teoria dos jogos com o objetivo principal de prever um
resultado e obter êxito em suas apostas.
74
Seja nos jogos ou em qualquer outro experimento aleatório é possível associar uma medida
para a incerteza quanto à ocorrência, ou não, de algum evento. Essa medida é chamada de
probabilidade.
A probabilidade de um acontecimento ocorrer é definida como o quociente do número de
eventos desejados pelo total de eventos possíveis (que constitui o espaço amostral).
Probabilidade = número de eventos desejados/número de eventos possíveis.
Assim, a probabilidade de um evento é representada como um número real entre 0 e 1 pois
para eventos em que a ocorrência é garantida, dizemos que sua probabilidade é igual a 1 (certeza do
acontecimento). Entretanto, para eventos que nunca ocorrerão a sua probabilidade é avaliada como 0
(impossibilidade da ocorrência).
Na prática, a maior parte das probabilidades que ocorrem são números entre 0 e 1, o que
indica a posição do evento no “continuum” entre a impossibilidade e a certeza do acontecimento.
Evidentemente, quanto mais próxima a probabilidade de um evento for de 1, é mais provável
que o evento ocorra. E ocorre o inverso quando se toma resultados com valor de probailidade
próximos a zero: eles tem ocorrência mais improvável.
Já, se dois eventos forem ditos como igualmente prováveis, (Exemplo: lançamento de
moeda), pode-se exprimir a probabilidade de cada evento - cara ou coroa - como “1 em 2”, ou, “50%”,
ou ainda “1/2”.
1.4.5.2. Distribuição
As grandezas de influência atuantes na medição de um mesurando provocam uma
aleatoriedade em seus valores medidos.
Assim sendo, esses valores aparecem de modo razoavelmente ordenado, dentro de uma
certa uniformidade, com alguns deles tendo uma freqüência maior ou mais provável. A freqüência
desses valores distribuídos origina uma distribuição de probalidades como veremos a seguir.
75
• Simétrica em relação à média
• A probabilidade tende a zero nas extremidades
• Altura ordenada no centro
x−μ
z=
σ
76
z = número de desvios padrão a contar da média
x = valor individual considerado
μ = média da distribuição normal
σ = desvio padrão da distribuição normal
Exemplo:
σ = 0,2 oC
x−μ
z=
σ
20,0 − 20,2
z= = −1
0,2
77
A normal padronizada é simétrica em torno da média, então o valor da Tabela de distribuição
normal em anexo para z = 1 é 0,8413. Sendo a área sob a curva igual a unidade, conclui-se que a
probabilidade para ocorrerem valores de temperatura abaixo de 20,0oC é 0,1587 ou 15,87%.
1.5. Calibração
1.5.1. Definição
78
c. Amperímetro padrão;
d. Padrão de freqüência de césio;
e. Eletrodo padrão de hidrogênio;
f. Solução de referência de cortisol no soro humano, tendo uma concentração certificada.
Observações:
a) Um conjunto de medidas materializadas similares ou instrumentos de medição que,
utilizados em conjunto, constituem um padrão coletivo.
b) Um conjunto de padrões de valores escolhidos que, individualmente ou combinados,
formam uma série de valores de grandezas de uma mesma natureza é denominado
coleção padrão.
1.5.2. Procedimentos
Quando não for possível a utilização de métodos normalizados ou validados, o usuário deve
estabelecer o método mais adequado à sua necessidade, tendo como regra que o instrumento deve
ser calibrado numa condição semelhante a sua condição normal de uso.
1.5.2.1. Elaboração
O procedimento deve ser elaborado pelas pessoas que dominam o manuseio dos
instrumentos e a técnica de execução da calibração pretendida, seguindo estrutura de procedimento
adotado pelo sistema de gestão da Qualidade da organização.
79
1.5.2.2. Estrutura
A estrutura adotada é decisão interna da organização, porém alguns tópicos são
considerados fundamentais, tais como:
Título
Registro das Revisões
Objetivo
Abrangência
Atualização
Definições
Regulagem
Ajuste
Calibração
Manutenção
Laboratórios
Padrões
Programa de Calibração
Identificação
Situação de Calibração
Freqüência das Calibrações
Calibrações de Padrões
Critérios de Aceitação – Erro Admissível, Avaliação, Método de Calibração
Certificado de Calibração
Processo de Calibração
Método de Calibração
Condições Ambientais
Calibração Interna
Calibrações Feitas por Fornecedor
Condições Durante o Uso
Manuseio e Armazenagem
Relatório de Avaliação de Equipamento
Responsabilidades
Atribuições de Áreas Envolvidas
Laboratórios de Calibração
Produção
Laboratórios
Documentos Aplicáveis
Registros da Qualidade
Material Utilizado
Lacre de Integridade
Referências
Anexos
80
1.5.3. Registro de Medição
Devem ser mantidos registros contendo informações requeridas para a operação do sistema
de gestão de medição. Procedimentos documentados devem assegurar a identificação, a
armazenagem, a proteção, a recuperação, o tempo de retenção e a disposição dos registros.
Exemplos de registros são: resultados de comprovação, resultado de medição, aquisição,
dados operacionais, dados de não-conformidade, reclamações de clientes, treinamento, qualificação
ou qualquer outro dado histórico que suporte os processos de medição.
1.5.5. Certificado
1
Retirado de http://www.ipem.sp.gov.br/5mt/met-geral.asp?vpro=caracte
81
• Resultados obtidos em unidades do SI.
1.5.6.1. Parâmetros
Os parâmetros no procedimento de gestão são: os recursos humanos, os equipamentos de
medição e padrões, as condições ambientais e as características do processo.
1.5.6.2. Ferramentas
As ferramentas são os simuladores de sinais, os padrões, os programadores, os manuais e os
softwares de calibração.
82
1.5.6.3. Condições ambientais
As condições ambientais onde ocorrem as calibrações devem ser monitoradas de acordo com
as especificações determinadas no sistema de gestão. A monitoração pode incluir controle automático
de variáveis como temperatura, umidade e vibração.
1.5.7.1. Definição
Comprovação metrológica é o conjunto de operações necessárias para assegurar-se de
que um equipamento de medição atende aos requisitos do seu uso pretendido.
Nota 1: Comprovação metrológica, normalmente, inclui calibração ou verificação, qualquer
ajuste ou reparo necessário, e subseqüente recalibração, comparação com os requisitos metrológicos
para o uso pretendido do equipamento, assim como qualquer etiqueta ou lacre necessários.
Nota 2: Comprovação metrológica não é alcançada, até que, e a menos que, a adequação do
equipamento de medição para o seu uso pretendido tenha sido demonstrada e documentada.
Nota 3: Os requisitos para o uso pretendido incluem considerações tais como amplitude,
resolução, erro máximo/erro permitido.
Nota 4: Os requisitos de comprovação metrológica são normalmente distintos dos requisitos
do produto, e não estão especificados nesses requisitos.
Sistema de comprovação metrológica é um sistema especial destinado a gerenciar essas
atividades.
83
1.5.7.2. Requisitos do instrumento/equipamento em calibração
A Norma ISO 9001:2000 diz que a Organização deve estabelecer processos de medição que
sejam coerentes com os requisitos de medição e monitoramento. Esses requisitos são o que
convencionamos chamar de capacidade de medição requerida.
Capacidade de medição requerida é igual ao campo de tolerância para o processo ou
produto.
A Norma ISO 10012-1:1993 diz que o propósito de um sistema de comprovação é “assegurar
que o risco de um equipamento de medição produzir resultados com erros inaceitáveis permaneça
dentro de limites aceitáveis”. Diz ainda que “o erro imputável à calibração deve ser tão pequeno
quanto possível. Na maioria dos casos não deveria ser maior do que 1/3 e, de preferência, 1/10 do
erro permissível quando em uso”.
Por analogia podemos concluir que:
CT CT
< limites aceitáveis <
3 10
A decisão sobre o valor do denominador entre 1/3 e1/10 deve ser tomada analisando-se uma
relação Custo X Benefício.
Para uma relação IM = CT/10 o custo é alto.
Para uma relação IM = CT/3 a probabilidade de rejeição é alta.
Por experiência chegamos a conclusão que a maioria das empresas adotam:
CT
IM <
X
1.5.7.3. Critérios
O Critério de Aceitação é um limite estabelecido para o Erro Sistemático não corrigido de
forma que a incerteza total do processo continue dentro dos limites da adequação ao uso.
Partindo-se de CT, X e Uc conhecidos, temos:
IM = ± Uc + E s
e substituindo IM em
CT
IM <
X
Temos:
CT
±Uc + E s <
X
84
Donde isolando-se Es resulta:
CT
Es < - Uc
X
Procedimento
O status da calibração é assegurado em procedimento por meio da responsabilidade dada a
um setor (Manutenção ou Garantia da Qualidade) em manter todos os DMMs em uso, calibrados e
aprovados. Isso pode ser evidenciado pelos auditores por meio de uma amostragem dos DMMs em
uso.
Proteção contra ajustes indevidos
• A Norma estabelece que o DMM seja protegido contra ajustes que possam invalidar o
resultado da medição. Esse cuidado ficou popularmente conhecido como lacre.
• O lacre pode ser feito utilizando-se tinta ou esmalte para unhas.
• O lacre deve ser colocado naqueles DMMs onde o processo de ajuste não faça parte do
processo de medição. Por exemplo, no micrômetro externo qualquer medição começa com o
ajuste do instrumento. Logo ele não deve ser lacrado.
85
1.6. Incerteza de Medição
1.6.1. Definição
Parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores
que podem ser fundamentadamente atribuídos a um mensurando.
Observações:
a) O parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio padrão (ou um múltiplo dele), ou a metade
de um intervalo correspondente a um nível de confiança estabelecido.
b) A incerteza de medição compreende, em geral, muitos componentes. Alguns destes
componentes podem ser estimados com base na distribuição estatística dos resultados das
séries de medições e podem ser caracterizados por desvios padrão experimentais. Os
outros componentes, que também podem ser caracterizados por desvios padrão, são
avaliados por meio de distribuição de probabilidades assumidas, baseadas na experiência
ou em outras informações.
c) Entende-se que o resultado da medição é a melhor estimativa do valor do mensurando, e
que todos os componentes da incerteza, incluindo aqueles resultantes dos efeitos
sistemáticos, como os componentes associados com correções e padrões de referência,
contribuem para a dispersão.
1.6.2. Tipos
86
• paralaxe;
• incerteza do padrão;
• instabilidade temporal;
• erros geométricos;
• deformações mecânicas;
• histerese;
• resolução;
• livros e manuais técnicos;
• dados técnicos de fabricantes;
• especificações dos instrumentos padrões;
• certificados de calibração;
• estimativas baseadas na experiência.
Área: Dimensional
• incerteza do SM ou Padrão de Referência (certificado de calibração);
• estabilidade do SM/Padrão em função do tempo, (grau de utilização/agressividade do meio);
• resolução;
• influência das condições ambientais sobre o SM;
• efeitos de temperatura sobre o mensurando;
• deformação elástica;
• erros de cosseno;
87
• erros geométricos.
Área: Elétrica
• incerteza do SM e/ou padrão (certificado de calibração);
• estabilidade do SM em função do Tempo;
• estabilidade do SM em função das condições de uso;
• resolução;
• interpolação de dados de calibração;
• interligação dos vários módulos do SM;
• tensões termoelétricas;
• efeitos de impedância;
• repetitividade devido a conexão de condutores elétricos.
Área: Temperatura
• incerteza do padrão (Certificado de calibração);
• estabilidade em função do tempo;
• equipamentos (padrões de tensão ou resistência) e instrumentos de medição envolvidos;
• auto-aquecimento (termoresistores);
• fios de compensação e juntas de referência;
• estabilidade térmica do mensurando;
• imersão parcial/efeitos de colunas emergentes;
• interpretação matemática (tabelas de referência e ajustes de curvas).
Área: Massa
• incerteza dos padrões de massa (certificado de calibração);
• estabilidade dos valores de massa em função do tempo;
• processo de medição/comparação/balança:
- repetitividade das medições;
- resolução;
- linearidade;
- excentricidade;
- efeitos de temperatura;
- erros no comprimento dos braços;
• empuxo do ar;
• condições ambientais:
- gradientes de temperatura;
- umidade;
- mudanças de temperatura na sala;
- eletricidade estática contaminação de partículas.
88
Fontes de incertezas comuns a todas as áreas
• incerteza do SM ou Padrão de Referência;
• estabilidade do padrão ou do instrumento com o tempo;
• condições ambientais;
• repetitividade (tipo A);
• erros matemáticos:
- aproximações;
- ajustes de curvas e interpolações em tabelas;
- erros de arredondamento/truncamento.
1.6.4. Cálculos de
Uk = u12 + u 2 2 + u 3 2 + ... + un 2 ,
Onde u1, u2 ,.....,un são as incertezas padronizadas consideradas.
89
para um desvio padrão, o que proporciona um nível de confiança de aproximadamente 68%, que é
um nível de confiança muito baixo.
Notas:
a) A fração pode ser vista como a probabilidade de abrangência ou nível de confiança do
intervalo.
b) Para associar um nível de confiança específico ao intervalo definido pela incerteza
expandida, são necessárias suposições explícitas ou implícitas com respeito à distribuição
de probabilidade caracterizada pelo resultado da medição e sua incerteza combinada. O
nível de confiança que pode ser atribuído a este intervalo só pode ser conhecido na medida
em que tais suposições possam ser justificadas.
Incerteza expandida que é a incerteza combinada multiplicada por um fator que aumentará o
nível de confiança para aproximadamente 95%.
Deve representar o nível de confiança requerido.
Assumindo como sendo uma “distribuição Normal”, recomenda-se:
Caso geral: usar K=3, que define um intervalo com nível de confiança de aproximadamente
99%.
Observação:
Caso a incerteza tipo A seja da mesma ordem de grandeza das do tipo B, a incerteza expandida
calculada da forma citada acima pode ser subestimada, a menos que uma grande nº de
modificações repetidas tenha sido feito. Nesse caso deverá ser obtido um fator de abrangência
(K) a partir da “Distribuição- t”, baseado no número efetivo de graus de liberdade (Veff) da
incerteza padrão combinada.
90
2. Materiais
As propriedades químicas são as que se manifestam quando o material entra em contato com
outros materiais ou com o ambiente. Elas se apresentam sob a forma de presença ou ausência de
resistência à corrosão, aos ácidos, às soluções salinas. O alumínio, por exemplo, é um material
que, em contato com o ambiente, resiste bem à corrosão. O ferro na mesma condição, por sua vez,
enferruja, isto é, não resiste à corrosão.
91
de vista da indústria mecânica, esse conjunto de propriedades é considerado o mais importante para
a escolha de uma matéria-prima.
92
Um material pode também ter plasticidade. Isso quer dizer que, quando submetido a um
esforço, ele é capaz de se deformar e manter essa forma quando o esforço desaparece.
Essa propriedade é importante para os processos de fabricação que exigem conformação
mecânica, como, por exemplo, na prensagem, para a fabricação de partes da carroceria de veículos,
na laminação, para a fabricação de chapas, na extrusão, para a fabricação de tubos. Isso se aplica
para materiais, como o aço, o alumínio e o latão. O que varia é o grau de plasticidade de cada um. A
plasticidade pode se apresentar no material como maleabilidade e como ductilidade.
A dureza é a resistência do material à penetração, à deformação plástica permanente, ao
desgaste. Em geral os materiais duros são também frágeis. Por falar nisso, a fragilidade é também
uma propriedade mecânica na qual o material apresenta baixa resistência aos choques.
O vidro, por exemplo, é duro e bastante frágil.
93
A seguir veremos os tipos de ensaios existentes para controlar as propriedades dos materiais.
Veja a seguir a representação esquemática de alguns tipos de esforços que afetam os materiais.
94
Figura 2.6 – Laboratório de ensaios
Os ensaios fornecem resultados gerais, que são aplicados a diversos casos, e devem poder
ser repetidos em qualquer local que apresente as condições adequadas.
São exemplos de ensaios que podem ser realizados na oficina:
Ensaio por lima - É utilizado para verificar a dureza por meio do corte do cavaco. Quanto
mais fácil é retirar o cavaco, mais mole o material. Se a ferramenta desliza e não corta, podemos dizer
que o material é duro.
Ensaio pela análise da centelha - É utilizado para fazer a classificação do teor de carbono
de um aço, em função da forma das centelhas que o material emite ao ser atritado num esmeril.
Por meio desses tipos de ensaios não se obtêm valores precisos, apenas conhecimentos de
características específicas dos materiais.
95
Os ensaios podem ser realizados em protótipos, no próprio produto final ou em corpos de
prova e, para serem confiáveis, devem seguir as normas técnicas estabelecidas.
Protótipo é a versão preliminar de um produto, produzida em pequena quantidade, e utilizada
durante a fase de testes.
Corpo de prova é uma amostra do material que se deseja testar, com dimensões e forma
especificadas em normas técnicas.
Imagine que uma empresa resolva produzir um novo tipo de tesoura, com lâmina de aço
especial. Antes de lançar comercialmente o novo produto, o fabricante quer saber, com segurança,
como será seu comportamento na prática.
Para isso, ele ensaia as matérias-primas, controla o processo de fabricação e produz uma
pequena quantidade dessas tesouras, que passam a ser os protótipos. Cada uma dessas tesouras
será submetida a uma série de testes que procurarão reproduzir todas as situações de uso cotidiano.
Por exemplo, o corte da tesoura pode ser testado em materiais diversos, ou sobre o mesmo material
por horas seguidas. Os resultados são analisados e servem como base para o aperfeiçoamento do
produto.
Os ensaios de protótipos são muito importantes, pois permitem avaliar se o produto testado
apresenta características adequadas à sua função. Os resultados obtidos nesses testes não podem
ser generalizados, mas podem servir de base para outros objetos que sejam semelhantes ou
diferentes.
Já os ensaios em corpos de provas, realizados de acordo com as normas técnicas
estabelecidas, em condições padronizadas, permitem obter resultados de aplicação mais geral, que
podem ser utilizados e reproduzidos em qualquer lugar.
96
Entre as propriedades físicas, destacam-se as propriedades mecânicas, que se referem à
forma como os materiais reagem aos esforços externos, apresentando deformação ou ruptura.
Quando você solta o pedal da embreagem do carro, ele volta à posição de origem graças à
elasticidade da mola ligada ao sistema acionador do pedal.
A elasticidade é um exemplo de propriedade mecânica. Pode ser definida como a
capacidade que um material tem de retornar à sua forma e dimensões originais quando cessa o
esforço que o deformava.
A estampagem de uma chapa de aço para fabricação de um capô de automóvel, por exemplo,
só é possível em materiais que apresentem plasticidade suficiente.
Plasticidade é a capacidade que um material tem de apresentar deformação permanente
apreciável, sem se romper.
97
Uma viga de uma ponte rolante deve suportar esforços de flexão sem se romper. Para tanto,
é necessário que ela apresente resistência mecânica suficiente.
Resistência mecânica é a capacidade que um material tem de suportar esforços externos,
por exemplo, tração, compressão e flexão sem se romper.
Ensaios destrutivos são aqueles que deixam algum sinal na peça ou corpo de prova
submetido ao ensaio, mesmo que estes não fiquem inutilizados.
Os ensaios destrutivos podem ser de:
• Tração
• Compressão
• Cisalhamento
• Dobramento
• Flexão
• Embutimento
• Torção
• Dureza
• Fluência
• Fadiga
• Impacto
98
Ensaios não destrutivos são aqueles que após sua realização não deixam nenhuma marca
ou sinal e, por conseqüência, nunca inutilizam a peça ou corpo de prova. Por essa razão, podem ser
usados para detectar falhas em produtos acabados e semi-acabados.
O ensaio visual dos metais foi o primeiro método de ensaio não destrutivo aplicado pelo
homem. É, com certeza, o ensaio mais barato, usado em todos os ramos da indústria.
Assim, a inspeção visual exige definição clara e precisa de critérios de aceitação e
rejeição do produto que está sendo inspecionado. Requer ainda inspetores treinados e
especializados, para cada tipo ou família de produtos. Um inspetor visual de chapas laminadas não
poderá inspecionar peças fundidas e vice-versa, sem prévio treinamento.
De modo geral, nos deparamos na indústria com inúmeras variáveis de processo que podem
gerar imperfeições nos produtos.
Essas imperfeições devem ser classificadas como descontinuidades ou defeitos. Os
responsáveis por essa atividade são os projetistas profissionais, que por meio de cálculos de
99
engenharia selecionam os componentes de um produto que impliquem segurança e apresentem o
desempenho esperado pelo cliente.
Para eliminar esse problema, nos ensaios visuais, devemos utilizar instrumentos que
permitam dimensionar as descontinuidades, por exemplo, uma escala graduada (régua). Repita os
testes usando uma régua. Assim, você chegará a conclusões mais confiáveis.
A inspeção visual a olho nu é afetada pela distância entre o olho do observador e o objeto
examinado. A distância recomendada para inspeção situa-se em torno de 25cm: abaixo desta medida,
começam a ocorrer distorções na visualização do objeto.
100
Existem outros fatores que podem influenciar na detecção de descontinuidades no ensaio
visual.
101
2.1.4.7. Ajudando os nossos olhos
Em certos tipos de inspeções - por exemplo, na parede interna de tubos de pequeno diâmetro
e em partes internas de peças - é necessário usar instrumentos ópticos auxiliares, que
complementam a função do nosso olho. Os instrumentos ópticos mais utilizados são:
• Lupas e microscópios;
• Espelhos e tuboscópios;
• Câmeras de tevê em circuito fechado.
Existem no mercado lupas com diversos aumentos. As mais comuns variam de 1,5 a 10
vezes de aumento, permitindo observar descontinuidades de até centésimos de milímetro. Algumas
possuem uma escala graduada que permite dimensionar as descontinuidades.
Os microscópios são constituídos por conjuntos de lentes denominadas objetivas e oculares. Elas
possibilitam ampliar descontinuidades até milhares de vezes.
102
Figura 2.17 – Microscópio
Na maioria dos casos, eles são utilizados na inspeção de peças pequenas, como molas, fios,
parafusos, mas em casos especiais podem ser acoplados a peças grandes.
103
Tuboscópios são instrumentos ópticos construídos com os mais variados diâmetros e
comprimentos, que geralmente possuem seu próprio dispositivo de iluminação.
Da mesma forma que os microscópios, os tuboscópios também possuem lentes objetivas e
oculares. Porém, a imagem do objeto é transmitida através do tubo do tuboscópio até a extremidade
do mesmo, onde se encontra uma lente ocular que amplia ainda mais a imagem.
Os tuboscópios podem ser fabricados numa só peça, ou em partes que se encaixam. Uma
característica importante para o seu funcionamento é que eles giram em torno do eixo do seu tubo,
permitindo uma inspeção visual circunferencial. Isso é possível porque o tuboscópio possui uma peça
chamada volante, que permite o giro da cabeça do instrumento para qualquer ângulo.
104
Exemplo disso é a figura abaixo, que mostra o inspetor examinando uma solda de 21 metros
de comprimento no interior de um tubo, com um aparelho chamado videoscópio; ele nada mais é do
que um tuboscópio, com a sofisticação de estar acoplado a uma câmera de tevê; sua flexibilidade
permite maior mobilidade dentro do tubo que está sendo inspecionado.
Figura 2.21– Inspetor examinando uma solda de 21 metros de comprimento no interior de um tubo
2.2. Materiais
A natureza dos materiais está reunida em dois grandes grupos: os materiais metálicos e os
não-metálicos. No grupo dos materiais metálicos, existem dois sub grupos: os materiais metálicos
ferrosos e os materiais metálicos não-ferrosos.
O dicionário diz que metal, quando em estado sólido, é um material com estrutura na forma de
cristais, compostos por elementos químicos eletropositivos e que tem como propriedades a dureza, a
resistência mecânica, a plasticidade e a condutividade térmica e elétrica. E, para que o material
metálico seja considerado ferroso, é preciso que ele se constitua de uma liga de ferro com carbono e
outros elementos como o silício, o manganês, o fósforo, e o enxofre.
Quando a quantidade de carbono presente no metal ferroso fica entre 2,11% e 4,5%, temos o
ferro fundido. Se a quantidade de carbono for menor do que 2,11%, temos o aço.
O problema é que não ser encontra facilmente pedaços de ferro fundido e aço, a não ser que
vá a um depósito de ferro-velho. Na natureza, o máximo que se encontra é o minério de ferro, que
precisa ser processado para ser transformado em ferro fundido ou aço.
105
Os metais podem estar puros na natureza, como o ouro e a platina, ou sob a forma de
minerais, ou seja, combinações de metais com outros elementos formando óxidos, sulfetos, hidratos,
e carbonatos. Óxidos são compostos constituídos por um elemento químico qualquer ligado ao
oxigênio. Por exemplo: Al2O3 (alumínia), Fe2O3 (hematita).
Sulfetos são compostos constituídos por um elemento químico qualquer ligado ao enxofre.
Por exemplo: Cu2S. Hidratos são compostos que contêm água em sua estrutura: Cu-SO4 - 5H2O.
Carbonatos são compostos que apresentam o grupo CO3 em sua estrutura. Por exemplo:
CaCO3 (carbonato de cálcio).
Quando o mineral contém uma quantidade de metal e de impurezas que compensa a
exploração econômica, ele recebe o nome de minério. O lugar onde esses minérios aparecem em
maior quantidade é chamado de jazida. O Brasil, por exemplo, possui grandes jazidas de minério de
ferro. o quadro a seguir resume informações sobre ele.
Limonita Óxido férrico triidratado Fe2O3 40 a 60% Utilizando no alto forno após
3H2O pelotização ou sintetização
Adaptado de: Materiais de construção, Eládio G. R. Petruccci, Porto Alegre: Editora Globo.
Além dos elementos da fórmula química mostrados no quadro acima, o minério de ferro
contém ainda cal, sílica, alumina, enxofre, manganês e magnésio, em quantidades bem pequenas.
Para o processo de transformação, alguns deles são considerados impurezas.
2.2.2.1. Aço-carbono
Mesmo quando os métodos de fabricação eram bastante rudimentares os artesãos da
Antigüidade, na Ásia e, mais tarde, na Europa medieval, conseguiam fabricar o aço. O aço daquela
época chamava-se “aço de cementação”. Era uma liga de ferro e carbono obtida aquecendo-se o
ferro em contato com um material carbonáceo durante um longo tempo. O aço de Wootz, da Índia, o
aço de Damasco e os aços de Toledo, na Espanha, são exemplos desse tipo de aço.
106
O problema desses artesãos era que eles não conseguiam produzir o ferro e,
conseqüentemente, o aço em larga escala. O grande salto da Revolução Industrial foi, exatamente,
desenvolver os métodos corretos para fabricar aços de melhor qualidade e em quantidades que
atendessem às novas necessidades das indústrias que surgiam.
A partir das pesquisas, foram criadas várias maneiras de se transformar o ferro gusa em aço.
Na verdade, para que isso aconteça, uma série de reações e modificações químicas acontecem
dentro do gusa e elas são sempre as mesmas. O que muda é o ambiente onde essas reações
acontecem e a maneira como elas são provocadas. Vários tipos de fornos são usados nesses
processos: os conversores e os fornos elétricos.
2.2.2.1.1. Conversores
O produto que sai do alto-forno é o ferro-gusa, uma matéria-prima com grandes quantidades
de carbono e impurezas normais, como o silício, o manganês, o fósforo e o enxofre. Por causa disso,
o gusa é duro e quebradiço.
Para transformar o gusa em aço, é necessário que ele passe por um processo de oxidação -
combinação do ferro e das impurezas com o oxigênio - até que a concentração de carbono e das
impurezas se reduza a valores desejados.
Até que se descobrisse como fazer isso, os engenheiros realizam diversas pesquisas. A idéia
apresentada, simultaneamente, por um inglês, Henry Bessemer, e por um americano, William Kelly,
em 1847, foi injetar ar sob pressão a fim de que ele atravessasse o gusa. Esse processo permitiu a
produção de aço em grandes quantidades.
Os fornos que usam esse princípio, ou seja, a injeção de ar ou oxigênio diretamente no gusa
líquido, são chamados “conversores” e são de vários tipos. Os mais conhecidos são:
• Conversor Bessemer
• Conversor Thomas
• Conversor LD (Linz Donawitz)
O primeiro conversor sobre o qual vamos falar é o Bessemer. É constituído por uma carcaça
de chapas de aço, soldadas e rebitadas.
Essa carcaça é revestida, internamente, com uma grossa camada de material refratário, isto
é, aquele que resiste a altas temperaturas. Seu fundo é substituível e cheio de orifícios por onde entra
o ar sob pressão. A grande sacada desse forno é seu formato (os livros técnicos dizem que ele se
parece a uma pêra bem estilizada) que permite seu basculamento. Quer dizer, ele é montado sobre
eixos que permitem colocá-lo na posição horizontal, para a carga do gusa e descarga do aço, e na
posição vertical para a produção do aço.
Esse forno não precisa de combustível. A alta temperatura é alcançada e mantida, devido às
reações químicas que acontecem quando o oxigênio do ar injetado entra em contato com o carbono
do gusa líquido. Nesse processo, há a combinação do oxigênio com o ferro, formando o óxido de ferro
107
(FeO) que, por sua vez, se combina com o silício (Si), o manganês (Mn) e o carbono (C), eliminando
as impurezas sob a forma de escória e gás carbônico.
Esse ciclo dura, em média, 20 minutos e o aço resultante desse processo tem a seguinte
composição: 0,10% (ou menos) de carbono, 0,005% de silício, 0,50% de manganês, 0,08% de fósforo
e 0,25% de enxofre.
108
porque se usa oxigênio puro. Isso é um fator importante para os aços que passarão por processo de
soldagem, por exemplo, pois esse tipo de contaminação causa defeitos na solda.
O uso de conversores tem uma série de vantagens: alta capacidade de produção, dimensões
relativamente pequenas, simplicidade de operação e o fato de as altas temperaturas não serem
geradas pela queima de combustível, mas pelo calor que se desprende no processo de oxidação dos
elementos que constituem a carga de gusa líquido.
Vazamento é a operação de descarga do aço do conversor.
Por outro lado, as desvantagens são: impossibilidade de trabalhar com sucata, perda de metal
por queima, dificuldade de controlar o processo com respeito à quantidade de carbono, presença de
considerável quantidade de óxido de ferro e de gases, que devem ser removidos durante o
vazamento.
Dos conversores, saem aços usados na fabricação de chapas, tubos soldados, perfis
laminados, e arames.
109
também, a adição de elementos de liga que melhoram as propriedades do aço e lhe dão
características excepcionais. Por causa disso, esse é o melhor processo para a produção de aços de
qualidade.
Os fornos elétricos são basicamente de dois tipos: a arco elétrico e de indução. O forno a arco
elétrico é constituído de uma carcaça de aço feita de chapas grossas soldadas ou rebitadas, de modo
a formar um recipiente cilíndrico com fundo abaulado. Essa carcaça é revestida na parte inferior
(chamada soleira) por materiais refratários, de natureza básica (dolomita ou magnesita) ou ácida
(sílica), dependendo da carga que o forno vai processar. O restante do forno é revestido com tijolos
refratários silicosos. Os eletrodos responsáveis, juntamente com a carga metálica, pela formação do
arco elétrico estão colocados na abóbada (parte superior) do forno.
A carga de um forno a arco é constituída, basicamente, de sucata e fundente (cal). Nos fornos
de revestimento ácido, a carga deve ter mínimas quantidades de fósforo e enxofre. Nos fornos de
revestimento básico, a carga deve ter quantidades bem pequenas de silício.
110
O cadinho é feito de massa refratária socada dentro dessa câmara, onde a sucata se funde
por meio de calor produzido dentro da própria carga.
Para a produção do aço, liga-se o forno, e os pedaços de sucata que devem ser de boa
qualidade vão sendo colocados dentro do forno à medida que a carga vai sendo fundida. Depois que
a fusão se completa e que a temperatura desejada é atingida, adiciona-se cálcio, silício ou alumínio,
que são elementos desoxidantes e têm a função de retirar os óxidos do metal.
As vantagens da produção do aço nos fornos elétricos são: maior flexibilidade de operação;
temperaturas mais altas; controle mais rigoroso da composição química do aço; melhor
aproveitamento térmico; ausência de problemas de combustão, por não existir chama oxidante; e
processamento de sucata.
Por outro lado, as principais desvantagens são o custo operacional (custo da energia elétrica)
e a baixa capacidade de produção dos fornos.
O aço produzido nos fornos elétricos pode ser transformado em chapas, tarugos, perfis
laminados e peças fundidas.
A seguir tem-se um quadro-resumo:
111
Quadro 2. 2 – Resumo sobre produtos dos conversores e fornos
Conversor Injeção de ar Gusa Em torno de Alta capacidade O gusa deve ter baixo teor de
Thomas comprimido. liquido, cal. 50 ton. de produção. silício e enxofre. Elevado teor
Permite usar de óxido de ferro e nitrogênio
gusa com alto no aço. Gera poeira composta
teor de fósforo. de óxido de ferro, gases e
escória.
Conversor Injeção de Gusa 100 ton. Mínima Gera poeira composta de óxido
LD oxigênio puro líquido, cal. contaminação de ferro, gases e escória.
sob alta por nitrogênio.
pressão.
Forno de Calor gerado Sucata de Em torno de Fusão rápida. Pequena capacidade dos
indução por corrente aço. 8 ton. Exclusão de fornos. Custo operacional.
induzida gases. Alta
dentro da eficiência.
própria carga.
O modo de se fabricar o aço depende da matéria-prima que se tem à disposição: gusa líquido
pede fornos com injeção de ar; sucata pede fornos elétricos. O tipo de aço que se tem, após a
fabricação, também depende desses processos: fornos a ar produzem aços-carbono comuns; fornos
elétricos produzem aços de melhor qualidade, cuja composição química pode ser mais rigorosamente
controlada.
2.2.2.2. Aços-ferramenta
112
Os primeiros aços-ferramenta foram aços-carbono comuns mas, do início do ano 1868 até
bem recentemente no século XX, muitos aços-ferramenta complexos, altamente ligados, foram
desenvolvidos. Esses aços que contêm, entre outros elementos, relativamente grandes quantidades
de tungstênio, molibdênio, vanádio e cromo, possibilitam atender as crescentes exigências de
severidade no serviço, obter grande controle dimensional e isenção de trincas durante o tratamento
térmico.
O desempenho de uma ferramenta industrial depende basicamente de:
• Um projeto correto;
• Grau de precisão adotado na execução;
• Uma judiciosa seleção do aço;
• Apropriada aplicação de tratamento térmico.
A ferramenta executada com observância dos quatro pontos acima terá desempenho
satisfatório em serviço.
Os aços-ferramenta sob o ponto de vista de aplicação podem ser classificados em:
• Aços para Trabalho a Frio;
• Aços Prata;
• Aços para Moldes;
• Aços para Trabalho a Quente;
• Aços para Trabalho a Frio e a Quente;
• Aços Resistentes ao Choque.
113
2.2.2.2.1.3. Aços para moldes
São aços de médio carbono com boas características de usinabilidade, polimento e
uniformidade de dureza.
Apresentam média temperabilidade, baixa distorção, baixa resistência ao amolecimento a
elevadas temperaturas e alta resistência à descarbonetação.
São especialmente indicados para fabricação de moldes para injeção de plástico e para
fundição sob pressão de ligas leves.
114
Nos metais, as soluções sólidas são formadas graças à ligação entre os átomos dos metais,
causada pela atração entre os íons positivos e a “nuvem eletrônica” que fica em volta dos átomos.A
figura a seguir representa, esquematicamente, tipos de soluções sólidas.
Só que, para que isso aconteça, os tamanhos e a estrutura dos átomos dos elementos de liga
devem ser parecidos e ter propriedades eletroquímicas também parecidas. O cobre e o ferro, por
exemplo, dissolvem muitos metais. Os átomos de carbono, por sua vez, por serem relativamente
pequenos, dissolvem-se intersticialmente, ou seja, ocupando espaços vazios, entre os átomos do
ferro.
Por isso, o aço mais comum que existe é o aço-carbono, uma liga de ferro com pequenas
quantidades de carbono (máximo 2,11%) e elementos residuais, ou seja, elementos que ficam no
material metálico após o processo de fabricação.
Dentro do aço, o carbono, juntando-se com o ferro, forma um composto chamado carbeto de
ferro (Fe3C), uma substância muito dura. Isso dá dureza ao aço, aumentando sua resistência
mecânica. Por outro lado, diminui sua ductilidade, sua resistência ao choque e à soldabilidade, e
torna-o difícil de trabalhar por conformação mecânica. Esse tipo de aço constitui a mais importante
categoria de materiais metálicos usada na construção de máquinas, equipamentos, estruturas,
veículos e componentes dos mais diversos tipos, para os mais diferentes sistemas mecânicos.
115
2.2.2.3.1. Impurezas dos aços
As impurezas, como o manganês, o silício, o fósforo, o enxofre e o alumínio fazem parte das
matérias-primas usadas no processo de produção do aço. Elas podem estar presentes no minério ou
ser adicionadas para provocar alguma reação química desejável, como a desoxidação, por exemplo.
Por mais controlado que seja o processo de fabricação do aço, é impossível produzi-lo sem
essas impurezas. E elas, de certa forma, têm influência sobre as propriedades desse material.
Quando adicionadas propositalmente são consideradas elementos de liga, conferindo
propriedades especiais ao aço. Às vezes, elas ajudam, às vezes, elas atrapalham. Assim, o que se
deve fazer é controlar suas quantidades.
2.2.2.3.2. Manganês
O manganês é a impureza encontrada em maior quantidade no aço (até 1,65%). Na produção
do aço, ele é adicionado para auxiliar na desoxidação do metal líquido e para neutralizar o efeito
nocivo do enxofre. Nesse processo, ele se combina primeiro com o enxofre e forma o sulfeto de
manganês (MnS). Isso aumenta a forjabilidade do aço, a temperabilidade, a resistência ao choque e o
limite elástico. Em quantidades maiores, ele se combina com parte do carbono e forma o carbeto de
manganês (Mn3C), que é muito duro. Isso diminui a ductilidade do aço.
2.2.2.3.3. Alumínio
Outro elemento que é adicionado ao metal líquido para auxiliar na desoxidação é o alumínio.
Ele é usado para “acalmar” o aço, ou seja, para diminuir ou eliminar o desprendimento de gases que
agitam o aço quando ele está se solidificando.
2.2.2.3.4. Fósforo
O fósforo é um elemento cuja quantidade presente no aço deve ser controlada,
principalmente, nos aços duros, com alto teor de carbono. Quando ultrapassa certos limites, ele faz o
aço ficar mais duro ainda e, por isso, mais frágil a frio. Isso quer dizer que a peça de aço, com valores
indesejáveis de fósforo, pode quebrar facilmente quando usada em temperatura ambiente. Um teor de
fósforo em torno de 0,04% faz o aço se romper se for deformado a quente, porque forma um
composto que se funde a uma temperatura muito menor (1.000ºC) que a do ferro (1.500ºC). Em aços
de baixo teor de carbono, por outro lado, seu efeito nocivo é menor, pois nesse caso o fósforo auxilia
no aumento da dureza, e também aumenta a resistência à tração, a resistência à corrosão e a
usinabilidade.
116
2.2.2.3.5. Enxofre
O enxofre é uma impureza muito difícil de ser eliminada. No aço, ele pode se combinar com o
ferro e formar o sulfeto ferroso (FeS), que faz o aço se romper, com facilidade ao ser laminado,
forjado ou vergado em temperaturas acima de 1.000ºC. Assim, o teor máximo de enxofre permitido é
de 0,05%.
Sabendo que o enxofre se combina melhor com o manganês do que com o ferro, os
profissionais de metalurgia colocam no aço uma quantidade de manganês duas vezes maior do que a
de enxofre, porque ele vai “preferir” se combinar com o manganês. Com isso, forma-se o sulfeto de
manganês (MnS) que se solidifica em níveis de temperatura semelhantes aos do aço. Por isso, sua
presença no aço não é tão nociva.
2.2.2.3.6. Silício
O silício é acrescentado ao metal líquido, para auxiliar na desoxidação e impedir a formação
de bolhas nos lingotes. Ele está presente, no aço, em teores de até 0,6%, e não tem grande influência
sobre suas propriedades.
O enxofre, o manganês, o silício e o alumínio também formam, dentro do aço, compostos
chamados de “inclusões não metálicas”. Essas inclusões são partículas alongadas ou em forma de
esferas muito pequenas que ficam espalhadas no meio do material metálico. O alumínio, por exemplo,
combina-se com o oxigênio e forma um composto chamado alumina (Al2O3). Quando em quantidades
reduzidas, a alumina, que se apresenta sob a forma de partículas muito pequenas, afeta
minimamente as propriedades do aço.
Outras inclusões não-metálicas são os silicatos, formados a partir do silício e que favorecem o
aparecimento de microtrincas na estrutura do aço; e os sulfetos, formados a partir do enxofre, que
causam menor influência que os silicatos no surgimento de microtrincas.
Lingote é uma barra de metal fundido.
Há ainda outros elementos, como os gases introduzidos no processo de fabricação
(hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) e os resíduos de metais provenientes das sucatas (níquel, cobre,
molibdênio e cromo).
Sabendo o que a presença de cada uma dessas impurezas causa ao material, é possível, a
partir de um controle de suas quantidades e do conhecimento da composição exata do aço, utilizar o
material adequado ao processo de fabricação e ao tipo de peça que se quer fabricar.
Os aços-liga ou aços especiais são obtidos mediante a adição e dosagem de certos
elementos ao aço-carbono quando esse está sendo produzido.
Os principais elementos que se adicionam aos aços são os seguintes: alumínio (Al),
manganês (Mn), níquel (Ni), cromo (Cr), molibdênio (Mo), vanádio (V), silício (Si), cobre (Cu), cobalto
(Co) e tungstênio (W).
117
Com a adição desses elementos, de forma isolada ou combinada em porcentagens variáveis,
fabrica-se uma enorme variedade de aços-liga, cada qual com suas características e aplicações. Por
exemplo, os aços normalmente utilizados para fabricar ferramentas de corte são conhecidos pelo
nome de aços rápidos. Esses aços apresentam, em sua composição, porcentagens variáveis de
cromo, tungstênio, vanádio, cobalto, manganês e molibdênio.
Por sua vez, os aços inoxidáveis apresentam de 12 a 17% de cromo em sua composição,
além de porcentagens variáveis de silício, manganês e níquel. De um modo geral, ao introduzir
elementos de liga nos aços visa-se aos seguintes objetivos:
• Alterar as propriedades mecânicas;
• Aumentar a usinabilidade;
• Aumentar a temperabilidade;
• Conferir dureza a quente;
• Aumentar a capacidade de corte;
• Conferir resistência ao desgaste;
• Conferir resistência à corrosão;
• Conferir resistência à oxidação (ao calor);
• Modificar as características elétricas e magnéticas.
Na tabela, a seguir, são mostrados os efeitos dos elementos de liga mais comuns, que são
incorporados nos aços especiais, considerando a influência que eles exercem em algumas
propriedades que os aços especiais devam apresentar.
118
Tabela 2.1 – Os efeitos dos elementos de liga mais comuns
Manganês Estabiliza os carbonetos. Aumento da resistência Aço para construção Peças para
Ajuda a criar mecânica e temperatura mecânica. automóveis e
microestrutura dura por da peça. peças para uso
meio de têmpera. Resistência ao Aços geral em
Diminui a velocidade de choque. engenharia.
resfriamento.
Cromo Forma carbonetos. Aumento da resistência à Aços para construção Produtos para a
Acelera o crescimento corrosão e à oxidação. mecânica. Aços indústria
dos grãos. Aumento da resistência a ferramenta. Aços química:
altas temperaturas. inoxidáveis. talheres;
válvulas e
peças para
fornos.
Ferramentas de
corte.
Tungstênio Forma carbonetos muito Aumento da dureza. Aços rápidos. Aços- Ferramentas de
duros. Aumento da resistencia a ferramenta. corte.
Diminui a velocidade das altas temperaturas.
transformações.
Inibe o crescimento dos
grãos.
Silício Auxilia na desoxidação. Aumento da resistencia à Aços com alto teor de Peças fundidas.
Auxilia na grafitização. oxidação em carbono. Aços para
Aumenta a fluidez. temperaturas elevadas. fundição em areia.
Melhora da
temperabilidade e de
resistencia à tração.
119
2.2.2.3.7. Identificação dos aços
Os ferros fundidos, os aços-carbono e os aços-liga podem ser identificados por processos
químicos (análises químicas) ou por meio da prova da centelha, que é um processo físico.
A prova da centelha consiste em encostar, levemente, a amostra de ferro ou aço no rebolo de
uma esmerilhadeira em funcionamento, de preferência no escuro. Isso permite ao operador observar
a cor, o aspecto e a luminosidade das centelhas, o que exige bastante habilidade e prática.
Exemplos são dados a seguir:
120
Automotiva de Engenheiros), além do sistema da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Inicialmente veremos as classificações AISI e SAE. Essas associações seguem, aproximadamente, o
mesmo método numérico de identificação e que, em linhas gerais, é o seguinte:
• São designados quatro algarismos para designar os aços;
• Os dois primeiros algarismos indicam o tipo e o teor aproximado dos elementos da liga;
• Os dois últimos algarismos especificam o teor de carbono;
• As letras XX correspondem aos algarismos indicativos dos teores de carbono;
• A letra C (na classificação AISI) indica que o aço foi produzido pelo processo Siemens
Martin;
• A letra E indica aço produzido em forno elétrico;
• A letra B designa aço ao boro;
• Quando o primeiro algarismo é 1, os aços são simplesmente aços-carbono, desprezando-
se seus teores mínimos de manganês, silício, fósforo e enxofre. Nesse caso, esses teores
são considerados iguais a zero;
121
Tabela 2.2 – Classificação dos aços segundo os sistemas SAE e AISI
25 XX 25 XX aços-níquel com 5% de Ni
122
Aço 1010. É um aço ao carbono SAE pertencente à categoria 10 XX.
123
Tabela 2.3 – Classificação dos aços-liga segundo a ABNT
124
Tabela 2.4 - Aço-carbono conforme ABNT
Observação:
Aplicável somente a produtos semi-acabados para forjamento, barras laminadas a quente,
barras laminadas a quente e acabadas a frio, fio-máquina.
Para finalizar, podemos dizer que os aços-carbono e os aços liga ocupam um lugar de
destaque em termos de aplicações. Com eles constroem-se: edifícios, automóveis, caminhões,
navios, submarinos, pontes, motores, engrenagens, máquinas operatrizes, utensílios domésticos e
uma imensa variedade de objetos que a sociedade moderna utiliza no dia-a-dia.
125
2.2.2.4. Aço inoxidável1
2.2.2.4.1.1. Introdução
As propriedades dos materiais podem ser classificadas em dois grandes grupos: propriedades
fortemente dependentes da microestrutura e propriedades pouco dependentes da microestrutura.
Dentre as propriedades com forte dependência com a microestrutra destacam-se: limite de
escoamento, limite de resistência, alongamento, tenacidade, resistência à fadiga, resistência à
fluência, condutividade elétrica, força coerciva, resistência a corrosão e resistência ao desgaste. Para
frações volumétricas constantes das fases presentes são pouco dependentes da microestrutura as
seguintes propriedades: módulo de elasticidade, módulo de cisalhamento, coeficientes de Poisson,
módulo de compressibilidade, densidade, calor específico e coeficiente de dilatação térmica.
126
2.2.2.4.1.3. Mecanismos de endurecimento relevantes
A resistência mecânica de uma liga metálica pode ser aumentada com auxílio de vários
mecanismos, denominados mecanismos de endurecimento. Os principais mecanismos de
endurecimento são: endurecimento por solução sólida, endurecimento por deformação
(encruamento), endurecimento por precipitação de partículas coerentes, endurecimento por dispersão
de partículas incoerentes e endurecimento por refino de grão.
Os elementos que ocupam posições intersticiais na rede cristalina da austenita, tais como o
nitrogênio e o carbono, causam notável endurecimento por solução sólida. Em seguida, vêm os
elementos que apresentam maiores diferenças de raio atômico e/ou valência. Por outro lado, quanto
maiores são as diferenças de tamanho e distribuição eletrônica, menores são as suas solubilidades e
o endurecimento por solução sólida é diretamente proporcional concentração elevada a um expoente
n (1/3 <n<1). Uma alternativa relativamente recente, para se melhorar as propriedades mecânicas dos
aços inoxidáveis austeníticos é a adição de nitrogênio em teores de até 0,4%. Com esse
procedimento pode-se elevar o limite de escoamento à temperatura ambiente acima de 500N/mm² e a
ductilidade do material permanece alta.
Outra alternativa para se aumentar a resistência mecânica desses materiais é a deformação a
frio. Através desse procedimento podem-se elevar o limite de escoamento e o limite de resistência
acima de 1.000N/mm², com alongamento na faixa de 10 a 15%.
O alto encruamento dos aços inoxidáveis austeníticos deve-se, principalmente, às baixas
energias de defeito de empilhamento desses materiais. A formação de martensita induzida por
deformação também pode desempenhar um papel importante.
Uma terceira alternativa para aumentar a resistência mecânica desses aços é a adição de
elementos de liga que causam endurecimento por precipitação coerente. Nesses casos a fase que
causa o endurecimento é freqüentemente o Ni3 (Al, Ti), que tem estrutura CFC e parâmetro de rede
quase indêntico ao da austenita. Para que ocorra a precipitação de ´ em aços inoxidáveis além da
adição de Al e Ti é necessário que o teor de níquel seja maior que cerca de 25%. Um exemplo típico
dessa classe de aços é a liga A 286. Essas ligas tem excelentes propriedades mecânicas em altas
temperaturas.
Os dois outros tipos de endurecimento: por dispersão de partículas incoerentes e refino de
grão, não são muito aplicados por seus resultados não serem muito significativos.
127
• A austenita apresenta um número menor de sistemas de escorregamento que a ferrita e
energias de defeito de empilhamento consideravelmente mais baixas, o que torna a
ocorrência do mecanismo de escorregamento com desvio (“croos-slip”) de discordâncias
mais difícil.
Caso se desejem níveis de resistência à fluência mais altos ou aplicações em temperaturas
mais elevadas, com boa resistência à oxidação, devem-se utilizar superligas à base de níquel ou de
cobalto.
128
2.2.2.5. Ferro fundido
129
ou tratado termicamente, o ferro fundido será cinzento, branco, maleável ou nodular. O que determina
a classificação em cinzento ou branco é a aparência da fratura do material depois que ele resfriou. E
essa aparência, por sua vez, é determinada pela forma como o carbono se apresenta depois que a
massa metálica solidifica. E ele se apresenta sob duas formas: como cementita (Fe3C) ou como
grafita, um mineral de carbono usado, por exemplo, na fabricação do lápis.
Assim, no ferro fundido cinzento, o carbono se apresenta sob a forma de grafita, em flocos ou
lâminas, que dá a cor acinzentada ao material. Como o silício favorece a decomposição da cementita
em ferro e grafita, esse tipo de liga ferrosa apresenta um teor maior de silício (até 2,8%). Outro fator
que auxilia na formação da grafita é o resfriamento lento.
130
O ferro fundido maleável é produzido a partir de um ferro fundido branco submetido a um
tratamento térmico, por várias horas, que torna as peças fabricadas com esse material mais
resistentes ao choque e às deformações. Dependendo das condições do tratamento térmico, o ferro
pode apresentar o núcleo preto ou branco. O ferro fundido maleável de núcleo preto (ou americano)
passa por um tratamento térmico em atmosfera neutra, em que a cementita se decompõe em ferro e
carbono e, no qual, o carbono forma uma grafita compacta, diferente da forma laminada dos ferros
fundidos cinzentos. Ele é usado para a fabricação de suportes de molas, caixas de direção, cubos de
rodas, bielas, conexões para tubulações hidráulicas e industriais.
O ferro fundido maleável de núcleo branco passa por um tratamento térmico, em atmosfera
oxidante, no qual o carbono é removido por descarbonetação, não havendo formação de grafita. Por
causa disso, ele adquire características semelhantes às de um aço de baixo carbono e pode ser
soldado. É um material indicado para a fabricação de barras de torção, corpos de mancais, flanges
para tubos de escapamento.
Finalmente, temos o ferro fundido nodular, cuja estrutura apresenta partículas arredondadas
de grafita. Isso é obtido com a adição de elementos, como o magnésio, na massa metálica ainda
líquida. Com o auxílio de tratamentos térmicos adequados, esse material pode apresentar
propriedades mecânicas, como a ductilidade, a tenacidade, a usinabilidade e as resistências
mecânica e à corrosão, melhores do que as de alguns aços-carbono.
131
Figura 2.33 – Peças de ferro fundido nodular
Por causa disso e do menor custo de processamento, está substituindo alguns tipos de aços e
os ferros fundidos maleáveis na maioria de suas aplicações. Mancais, virabrequins, cubos de roda,
caixas de diferencial, peças de sistema de transmissão de automóveis, caminhões e tratores são
produtos fabricados com o ferro fundido nodular. Essas informações estão reunidas no quadro a
seguir:
Ferro fundido maleável Alta resistência mecânica e alta Suportes de molas, caixas de direção, cubos de
(preto ou branco) fluidez no estado líquido. roda; conexões para tubulações hidráulicas e
Resistência ao choque e às industriais; suportes de barras de torção, copos
deformações. de mancais, flanges para tubos de
escapamento.
Os produtos de ferro fundido, assim como os de aço, e de qualquer outro tipo de material, são
normalizados, ou seja, seguem as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Nos
catálogos, esses produtos são apresentados de acordo com designações ou especificações dessas
normas.
Você deve se lembrar, também, que as propriedades dos ferros fundidos em particular e de
outros metais, em geral, são melhoradas não só com a adição de elementos de liga, mas também por
132
meio de tratamento térmico, ou seja, um tratamento em que o metal é aquecido e resfriado sob
condições controladas. Esse tipo de tratamento interfere na estrutura do material.
Tipos MPa
FC-100 100
FC-150 150
FC-200 200
FC-250 250
FC-300 300
FC-400 400
133
Isso significa que FE 50007 é um ferro fundido modular com 500 MPa de resistência à tração
e 7,0% de alongamento mínimo. O ferro fundido maleável de núcleo preto é normalizado pela NBR
6590. Sua designação é composta por três letras e cinco dígitos, dos quais os três primeiros indicam
a resistência à tração em MPa e os dois últimos representam a porcentagem de alongamento: FMP
30006, FMP 35012, FMP 45007, FMP 50005, FMP 55005, FMP 65003, FMP 70002. Assim, FMP
55005 é um ferro fundido maleável de núcleo preto com 550MPa de limite de resistência à tração e
5% de alongamento mínimo.
O ferro fundido maleável de núcleo branco é normalizado pela NBR 6914 e designado por um
conjunto de quatro letras e cinco dígitos, seguindo o mesmo critério dos ferros fundidos maleáveis de
núcleo preto: FMBS 38012.
Para o ferro fundido branco não existe uma norma brasileira. Segue-se a norma americana
ASTM (American Society for Testing and Materiàls - Sociedade Americana de Testes e Materiais)
que, por intermédio da especificação A532-75a, indica as classes em I, lI, lll, e tipos A, B, C, D , de
acordo com a dureza Brinell, o tipo de moldagem, o tratamento térmico e a composição química.
134
2.2.2.6.1. Obtenção dos metais
Os minérios de onde são retirados os metais, além do próprio metal, contêm também
impurezas, tais como: oxigênio, hidrogênio e enxofre. A quantidade (porcentagem) de metal varia em
função do tipo de minério.
O esquema a seguir mostra o processo de obtenção da maioria dos metais.
Para se obter um metal quase totalmente puro (99,99%) usam-se normalmente outros
processos, além do processo normal de alteração do metal siderúrgico, os quais dependem do tipo de
material
2.2.2.6.2. Normalização
Segundo a DIN 1700, para metais puros escreve-se o símbolo do elemento químico seguido
do grau de pureza.
Para as ligas, adota-se a seguinte forma:
135
Exemplos
GD-Zn Al 4 Cu1 → Liga de zinco fundido sob pressão com 4% de Al, 1% de Cu.
AlCu Mg1 F40 → Liga de alumínio com ±4% de Cu, ±1% de Mg e resistência à tração de
40kgf/mm2 ≅ 390N/mm2.
As propriedades dos metais puros podem ser melhoradas através de elementos de liga.
Liga é um processo onde se misturam dois ou mais elementos entre si no estado líquido.
Nos metais ligados, geralmente a dureza e a resistência aumentam, enquanto a ductilidade e
a condutibilidade elétrica diminuem.
2.2.2.6.4.1.1. Normalização
Exemplo
E-Cu 99,99
Cobre especialmente puro º
136
Obtenção pela eletrólise (E)
É fácil de fundir, dobrar, forjar, repuxar, tanto a quente como a frio. A deformação a frio deixa
o cobre duro e difícil de dobrar.
Com o cobre recozido a uma temperatura de aproximadamente 600ºC, e sem o resfriamento
rápido, elimina-se a dureza proveniente da deformação a frio. Nos processos de usinagem com
cavacos, devem-se usar ferramentas com grande ângulo de saída e, como fluido de corte, o óleo
solúvel.
2.2.2.6.4.1.2. Aplicação
É normalmente empregado para confecção de fios e cabos condutores elétricos, sistemas de
aquecimento e resfriamento, tubos, chapas, peças fundidas e peças de artesanato.
Liga-se com dificuldade a outros metais, exceto o estanho, com o qual se produz a solda de
estanho. É bem resistente à corrosão, pois, quando exposto ao ar, recobre-se de uma camada
protetora de óxido.
2.2.2.6.4.2.1. Precaução
Partículas de chumbo que aderem às mãos podem penetrar no organismo e provocar uma
intoxicação por isso é indispensável lavar bem as mãos após seu manuseio.
137
2.2.2.6.4.2.2. Aplicação
2.2.2.6.4.3.2. Aplicação
Peças de aço que estejam sujeitas à oxidação do tempo, devem receber uma zincagem
(banho de zinco) para sua proteção.
O zinco é um material muito utilizado na fundição de peças.
138
Peças complicadas são obtidas através de fundição por injeção, a qual facilita a fabricação
em série e aumenta a precisão das peças.
Dobrando uma barra de estanho, ouve-se um ruído como se o metal estivesse trincado. Esse
ruído é produzido em conseqüência do deslizamento dos cristais, atritando-se entre si (grito do
estanho).
Não se altera quando em contato com ácidos orgânicos ou quando exposto às intempéries.
Em temperaturas inferiores a - 15ºC, o estanho se decompõe formando um pó de cor cinzenta.
Denominação Norma
Estanho Sn 99,9
Liga fundida Cu Sn 6
2.2.2.6.4.4.1. Aplicação
O estanho puro não é empregado em construções de peças devido a sua pequena resistência
à tração.
Graças a sua ductilidade, podem-se laminar folhas delgadas de até 0,008mm de espessura.
É muito utilizado no equipamento e maquinaria da indústria alimentícia, por ser não tóxico.
Liga-se perfeitamente aos metais: cobre, chumbo e antimônio. A solda de estanho é possível
sobre latão, aço e aço fundido.
139
2.2.2.6.5.1. Latão
É uma liga de cobre e de zinco com um teor mínimo de 50% de cobre.
140
O latão é um metal de cor amarelo-claro ou amarelo-ouro. As classes do latão são
reconhecidas pela superfície de ruptura ou em sua superfície polida. É fácil de dobrar e repuxar. Tem
uma resistência maior do que a do cobre (200 - 800N/mm2).
2.2.2.6.5.1.2. Aplicação
Devido a sua boa resistência à corrosão causada pelo ar e fluidos, o emprego do latão
fundido é muito grande na fabricação de válvulas, torneiras e registros.
Laminado, o latão é empregado na confecção de chapas, perfis de qualquer forma
e tubos de radiadores.
2.2.2.6.5.2. Bronze
O bronze é uma liga com 60% de cobre e um ou vários elementos de liga. O bronze pode ser
classificado em ligas fundidas e ligas laminadas. O quadro a seguir mostra os diversos tipos de
bronze.
2.2.2.6.5.2.1. Aplicação
As ligas de bronze variam entre macias e duras. Resistem muito bem à corrosão. Devido a
sua fácil fusão, são empregadas na fabricação de sinos, buchas e peças hidráulicas.
O bronze laminado é empregado na fabricação de molas, partindo de tiras e de arames
estirados a frio.
141
Quadro 2.13 - Propriedades do bronze
142
2.2.2.6.5.2.5. Latão vermelho (bronze ao zinco)
O latão vermelho é uma liga de cobre, estanho (bronze) e zinco, cujo componente
predominante é o cobre.
É resistente à corrosão e ao desgaste. Além disso, resiste bem à pressão.
É empregada na fundição de buchas e na fabricação de peças hidráulicas, tubos e
engrenagens helicoidais.
Densidade 8,6kg/dm3
Ponto de fusão 900 - 1.000ºC
Resistência à tração 240 - 650N/mm2
143
Na segunda etapa do processo, a bauxita é triturada e misturada a uma solução de soda
cáustica; a lama formada por essa mistura é aquecida sob alta pressão e recebe uma nova adição de
soda cáustica. Dessa forma, a alumina é dissolvida, a sílica contida na pasta é eliminada e as outras
impurezas são separadas por processos de sedimentação e filtragem.
A solução resultante, chamada aluminato de sódio, é colocada em um precipitador e obtém-se
a alumina hidratada, que pode ser usada como matéria-prima ou pode ser levada para calcinadores,
quando será desidratada para servir a outros fins.
A terceira etapa é a de obtenção do alumínio, que é conseguido pela retirada do oxigênio
existente na alumina.
Para retirar o oxigênio, a alumina é dissolvida dentro de fornos eletrolíticos em um banho
químico à base de fluoretos. Os fornos são ligados a um circuito elétrico em série, que fornece
corrente contínua. Quando a corrente elétrica passa através do banho químico, ocorre uma reação e
o alumínio se separa da solução e libera oxigênio.
O alumínio líquido se deposita no fundo do forno e é aspirado a intervalos regulares por meio
de sifões. O calor gerado pela corrente elétrica mantém a solução em estado líquido, o que permite a
adição de mais alumina e torna o processo contínuo. O alumínio líquido é levado para fornalhas onde
é purificado ou recebe adição de outros metais que formarão as ligas e lhe darão características
especiais. Em seguida, é resfriado sob a forma de lingotes, barras ou tarugos para ser utilizado na
indústria de transformação.
144
2.2.2.7.3. Melhoria das propriedades do alumínio
O alumínio puro é bastante dúctil, apresenta boa resistência à corrosão, boa condutividade
térmica e elétrica; porém, apresenta baixa resistência a esforços mecânicos e baixos níveis de
dureza; para compensar essas desvantagens, melhorar as propriedades do material e torná-lo mais
resistente, existem três métodos: adição de elementos químicos para obter uma liga; conformação
mecânica, que abrange processos de laminação ou prensagem, e tratamento térmico.
145
É possível, também, combinar vários elementos químicos em uma só liga; é o caso das ligas
de alumínio com magnésio e silício em sua composição. As ligas alumínio-magnésio-silício, que
apresentam resistência mecânica menor que as de alumínio-cobre, mas têm elevada resistência à
corrosão, são facilmente moldáveis, usináveis e soldáveis e aceitam diversos tipos de processos de
acabamento, tais como o polimento, o envernizamento e a esmaltação. São usadas na construção
civil, na fabricação de veículos e máquinas e fios para cabos de alta tensão.
As ligas alumínio-zinco-magnésio-cobre ou cromo, depois de passar por tratamento térmico,
são usadas em aplicações que exigem alta relação resistência/peso, principalmente na construção de
aviões. Outros elementos que podem ser adicionados ao alumínio são: bismuto (Bi), chumbo (Pb),
titânio (Ti), estanho (Sn), níquel (Ni). São as variações nas quantidades e combinações dos
elementos que originam ligas com propriedades adequadas a cada uma das aplicações.
146
Figura 2.40 – Laminação a frio
147
Pela norma, os materiais para conformação mecânica são indicados por um número de quatro
dígitos em que:
• Primeiro classifica a liga pela série de acordo com o principal elemento adicionado;
• Segundo dígito, para o alumínio puro, indica modificações nos limites de impureza: 0 –
nenhum controle, ou de 1 a 9 - controle especial de uma ou mais impurezas; para as
ligas, o número diferente de zero indica qualquer modificação da liga original.
• Terceiro e o quarto dígitos, para o alumínio puro, indicam o teor de alumínio acima de
99%; quando se referem às ligas, identificam as diferentes ligas do grupo.
Considere-se, como exemplo, uma liga de alumínio número 1035. O primeiro dígito (1)
significa que se trata de uma liga da série 1XXX, que se refere ao alumínio comercialmente puro. O
segundo dígito (0) indica que é um alumínio sem controle especial de impurezas. Finalmente, os dois
últimos dígitos (35) significam que é um material com 99,35% de alumínio.
Outro exemplo: alumínio 6463A. O quadro indica que o primeiro dígito (6) se refere à série
6XXX, correspondente à liga de alumínio com magnésio e silício. O segundo dígito (4) indica que se
trata de uma modificação da liga número 63 dessa série. A letra A, que também é normalizada, indica
que essa liga é uma pequena alteração da liga 6463 existente em outro país.
Observe-se agora o quadro relativo ao alumínio e suas ligas para fundição.
Como se pode observar na coluna Designação da série, as ligas de alumínio para fundição
são indicadas por três dígitos, um ponto e um dígito. Isso significa que:
• Primeiro dígito classifica a liga segundo o elemento principal da liga;
• Segundo e o terceiro dígitos indicam centésimos da porcentagem mínima de alumínio
(para alumínio puro) ou diferentes ligas do grupo;
• Dígito após o ponto indica a forma do produto: 0 para peças fundidas e 1 para lingotes.
Para exemplificar, considere-se a liga 319.0: o dígito 3 indica que esta é uma liga de alumínio
com silício e cobre e/ou magnésio; o número 19ª indica que é a 19ª liga da série; o dígito 0 após o
ponto indica tratar-se de peça fundida.
Quando o último dígito indicativo da série para ligas de fundição é 2, sabe-se que se trata de
um lingote feito de material reciclado, fora de especificação em relação aos níveis de impureza.
148
3. LOGÍSTICA
O termo Logística, no sentido atual, originou-se no setor militar francês, na segunda metade
do séc. XVII, pela criação do posto de “Marechal General de Logis”, título originado no verbo francês
“loger”, que significa alojar. Refere-se ao "conhecimento do planejamento, da disponibilização e da
utilização dos meios e serviços necessários para fins militares, para suporte das forças armadas e/ou
da aplicação deste conhecimento". O abastecimento da tropa, especialmente sob condições de
guerra, levou os planejadores militares a organizar materiais e informações de forma tal que os
recursos escassos pudessem ser aproveitados de maneira otimizada. Logística, como apelidaram
isto, tornou-se componente integrante da situação e assim ficou importante para o sucesso e
atingimento de metas militares. Com o passar dos tempos, o conceito de logística foi assimilado pelo
campo empresarial.
No âmbito de uma visão clássica a "logística empresarial trata de todas atividades de
movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da
matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os
produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a
um custo razoável".
Existem três modelos que determinam a forma de abordagem dos planejamentos logísticos.
Modelo Militar: a logística está vinculada a vários planos, o objetivo é atender. O ponto chave
do modelo é a integração dos planos.
Modelo Tradicional: a logística está vinculada a função operacional. O ponto chave do
modelo é o suprimento.
Modelo Emergente: a logística é essencialmente aplicada em nível estratégico. O ponto
chave do modelo é a flexibilidade em todos os níveis.
Para melhor analisar e conhecer sistematicamente seu processo, a logística pode ser dividida
em quatro partes que são: logística de suprimentos; logística de produção; logística de distribuição;
logística de remoção.
Logística de suprimentos: Engloba as atividades necessárias para receber de fornecedores
a mercadoria em um determinado prazo, em uma quantidade certa e ao preço negociado.
Logística de produção: A logística de produção significa o fluxo interno de materiais e
informações. É uma área parcial da logística que requer muito cuidado em uma Empresa Industrial, os
149
materiais serão juntados para formar conjuntos de componentes, produtos intermediários e produtos
finais, depois serão levados a estoques intermediários, e continuam sendo elaborados.
Logística de distribuição: É a parte que distribui os materiais, o conjuntos ou produtos
acabados para outras empresas, sejam elas empresas industriais ou comerciais, ou até mesmo ao
consumidor.
Logística de remoção: É a parte que abrange todos os materiais e bens que nos processos
de insumos serão canalizados aos processos de produção precedentes na forma de resíduos,
produtos de reciclagem ou de unidades de embalagem reaproveitáveis. Devido a conscientização
ambiental crescente e da legislação vigente a esse respeito, a logística de remoção constitui um item
de extrema importância.
No processo logístico podemos identificar uma série de atividades-chaves, de apoio e que são
divididas em atividades primárias e atividades adicionais.
Atividades primárias: São atividades importantes para se atingir os objetivos da logística de
custo e do nível de serviço. Contribuem com a maior parcela do custo total da logística e são
essenciais para executar a logística. São elas: transportes; manutenção de estoques; processamento
de pedidos.
3.1.2.1. Transportes
É a atividade mais importante, pois absorve, em média, de um a dois terços dos custos
logísticos (transporte ferroviário, rodoviário e outros). Nenhuma empresa moderna opera sem
providenciar a movimentação de suas matérias-primas ou de seus produtos acabados. Cabe à
administração e transportes, decidir o método de transporte, os roteiros e a utilização da capacidade
do meio de transporte. O transporte deve atender às necessidades da empresa em alguns fatores,
tais como:
Custo: baseado no tempo e na distância.
Velocidade: disponibilidade para completar o processo de entrega e a distância na qual os
produtos serão movimentados.
Confiabilidade: habilidade de entregar no tempo previsto.
150
3.1.2.2. Manutenção de estoques
Muitas vezes não é viável providenciar produção ou entrega imediata ao cliente. Para atingir uma
disponibilidade adequada do produto, é necessário manter estoques. Enquanto o transporte adiciona
valor de “LUGAR” ao produto, o estoque agrega valor de “TEMPO”. O estoque deve ser posicionado
próximo aos consumidores ou nos pontos de manufatura. Deve-se manter níveis tão baixos de
estoques quanto possível, e ao mesmo tempo disponibilizá-los aos clientes. A manutenção de
estoques absorve, em média, de um a dois terços dos custos logísticos, tornando essa atividade
chave da logística.
Atividades adicionais são aquelas que apoiam as atividades primárias, são elas:
Armazenagem; Manuseio de materiais; Embalagem de proteção; Obtenção; Programação do produto;
Manutenção de informação.
3.1.3.1. Armazenagem
É a denominação genérica e ampla que inclui todas as atividades de um ponto destinado à
guarda temporária e à distribuição de materiais (depósitos, almoxarifados, centros de distribuição,
etc.). Existem momentos em que a armazenagem indiretamente faz operações ou processos
auxiliares aos ciclos produtivos, como por exemplo, o acondicionamento, a conservação e o
recondicionamento dos produtos. O armazém une a produção ao consumidor, ou também o
fornecedor ao consumidor. As desvantagens da armazenagem são: os materiais armazenados
mobilizam capitais; os armazéns dependem de recursos materiais e humanos; os materiais
armazenados depreciam, podem estragar, ocupam espaço e geram custos. Existem alguns fatores
que afetam o processo de armazenagem, eles são: material, espera, estoque, fluxo, unitização,
espaço, pessoal e evolução.
Material: considerado o objetivo da armazenagem, leva em conta sua utilização, consumo
embalagem e condições físico-químicas.
151
Espera: é a causa da armazenagem; consome tempo e é aplicável em diversos aspectos do
material.
Estoque: quantidade e a localização física do material.
Fluxo: combinação de rotas, freqüências e informações.
Unitização: combinação dos meios de proteção e serviço à movimentação e espera dos
materiais.
Espaço: condição necessária para a estocagem, movimentação, distribuição e realização de
serviços complementares.
Pessoal: fator executante das diversas tarefas do processo de armazenagem.
Evolução: conjunto de variáveis que afetam, em termos futuros, as soluções adotadas. Isso
implica em um projeto flexível de forma a adaptar-se às possíveis mudanças de situação.
3.1.3.3. Embalagem
Dependendo do foco que será analisado, o conceito de embalagem pode variar. Para um
profissional de marketing, por exemplo, a embalagem é muito mais uma forma de apresentar o
produto, visa atrair os clientes e aumentar as vendas. Para um profissional da área de distribuição, a
152
embalagem pode ser classificada como uma forma de proteger o produto durante sua movimentação.
As principais funções da embalagem são: contenção, proteção e apresentação.
Apresentação: é a que permite levar a informação, utilizando diversas ferramentas, como
símbolos, impressões e cores. Nas embalagens primárias, esta função ocorre diretamente com os
consumidores finais, trazendo informações sobre a marca e o produto. Nas embalagens ditas
industriais, relacionadas à logística, a comunicação ocorre na medida em que impressões de códigos
de barra nas embalagens, marcações, cores ou símbolos permitam a localização e identificação de
forma facilitada nos processos logísticos de armazenagem, estoque, separação de pedidos, e
transporte.
Proteção: possibilita o manuseio do produto até o consumo final, sem que ocorra danos na
embalagem, e/ou produto. Também com relação a esta função deve-se estabelecer o grau desejado
de proteção ao produto. Alguns dos principais riscos aos quais a embalagem está submetida são:
choques, aceleração, temperatura, vibração, compressão, oxidação, perfuração, esmagamento, entre
outros.
Contenção: refere-se à função de conter o produto, de servir como receptáculo, por exemplo,
quando ocorre do produto vazar da embalagem, esta função não foi cumprida. O grau de eficiência da
embalagem nesta função depende das características do produto. Uma mercadoria perigosa, por
exemplo, inflamável, deve sempre ter 100% de eficiência em sua contenção, realizando o
investimento necessário para tal. Enquanto que um fabricante de um material de menor valor, como
sal, por exemplo, pode permiti-se utilizar uma embalagem com menor grau de eficiência nesta função.
As embalagens podem ainda serem classificadas de acordo com o tipo em: primária,
secundária, terciária, quartenária e de quinto nível.
Primária: é a embalagem que está em contato com o produto, que o contém. Por exemplo:
vidro de pepino, caixa de leite, lata de leite condensado.
Secundária: é o acondicionamento (contenedor) que protege a embalagem primária. Por
exemplo, o fundo de papelão, com unidades de caixa de leite envolvidas num plástico. É geralmente a
unidade de venda no varejo.
Terciária: são as caixas, de madeira, papelão ou plástico. Acaba sendo a medida de venda
ao atacadista.
Quaternária: são embalagens que facilitam a movimentação e a armazenagem, é a que
envolve o contenedor.
Embalagem de Quinto nível: é a embalagem conteinerizada, ou embalagens especiais para
envio a longa distância.
153
3.1.3.4. Obtenção
A obtenção é uma atividade que deixa o produto disponível para o sistema logístico. Trata da
seleção das fontes de suprimento, das quantidades a serem adquiridas, da programação das compras
e da forma pela qual o produto é comprado. É importante para a logística, pois decisões de compra
tem dimensões geográficas e temporais que afetam os custos logísticos. A obtenção não deve ser
confundida com a função de compras. Compras inclui muitos dos detalhes de procedimento (por
exemplo, negociação de preço e avaliação de vendedores), que não são especificamente
relacionados com a tarefa logística; daí o uso do termo obtenção como substituto.
154
Distribuição: administra a demanda do cliente e os canais de distribuição. Compreende o
estoque do produto acabado, a armazenagem, o transporte e a entrega ao cliente.
A quantidade de produtos dessa cadeia depende em grande parte da quantidade de
manuseios que sofrem os materiais, das distâncias que percorrem (e o tempo que tardam em
percorrê-las) e do nível de estoque que existe nos armazéns. Esta quantidade de material pode ser
medida de duas formas em dinheiro ou em tempo.
Em dinheiro: o custo monetário de todo material que chega no canal. Isto nos diz quanto
capital está retido em forma de estoque.
Em tempo (lead time): tempo em que uma unidade de material levaria para percorrer todo
o canal desde que entra até sair. Este parâmetro nos diz qual é a nossa distância ao cliente em tempo
para poder reagir ante a novas demandas de mercado.
3.1.5. Conclusão
155
BIBLIOGRAFIA
ABNT. NBR ISO 10012: Sistemas de Gestão de Medição – Requisitos para os Processos de Medição
e Equipamento de Medição.
ABNT. NBR ISO 9004: Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes para Melhorias de
Desempenho.
FIESP; FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Manutenção. Por Abílio José Weber et al. São Paulo:
Globo, 1997. (Série Mecânica do Telecurso 2000 profissionalizante).
FIESP; FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Materiais. Por Luís Rodrigues da Silva et al. São Paulo:
Globo, 1995. (Série Mecânica do Telecurso 2000 profissionalizante).
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SENAI. SP. Controlador de Medidas. Por Benjamin Prizendt. 4. ed. São Paulo, 2005.
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SENAI. SP. Tecnologia das Máquinas. Por José Antonio Figueiredo Souza. São Paulo, 2006.
156