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TRATAMENTO TÉRMICO Mar/05
Treinamento Sequi C. A. Cappuzzo 1 de 9
Conceitos Básicos
Calor é a sensação térmica quando há troca de energia térmica que flui entre dois corpos ou sistemas que
apresentam temperaturas diferentes entre si. Calor é uma quantidade de energia térmica transferida.
Quando o calor entra em um corpo, ele aquece, e quando sai do corpo, ele esfria.
Para medir este aquecimento e esfriamento criou-se o conceito da temperatura.
Temperatura é uma grandeza física que indica o estado de agitação das partículas de um corpo. As unidades
mais usuais de temperatura são a escala Celsius ( oC) e a escala Fahrenheit ( oF) e a relação entre ambas é
dada pela equação
o
C/5 = (oF – 32)/9
Para relacionar entre si Calor e Temperatura, considere que quanto maior a quantidade de calor mais o corpo
se aquece e, portanto, maior será a variação de temperatura. Uma mesma quantidade de calor aquece muito
um corpo pequeno e pouco um corpo grande, ou a variação da temperatura é proporcional à quantidade de
calor.
Pirometria
É a atividade na qual certos aparelhos de medição fazem a medição de altas temperaturas usuais em
mecânica e metalurgia. Esses aparelhos são chamados de pirômetros e podem ser de dois grupos: aqueles
que precisam estar em contato com o ambiente ou peça e os que fazem essa medição à distância.
O segundo grupo engloba os pirômetros óticos e os de radiação. Os pirômetros óticos baseiam-se no brilho
emitido pelo objeto (radiação visível), logo o material precisa estar acima de determinada temperatura (700 oC)
para emitir esta radiação. Os pirômetros de radiação são aparelhos capazes de medir a intensidade de
radiação (visíveis e não visíveis) em todos os comprimentos de onda.
Ambos os instrumentos (ótico e de radiação) são passíveis de erros e necessitam do uso de coeficientes de
emissividade para cada caso. Os pirômetros óticos e de radiação são razoavelmente exatos quando a
temperatura que se quer determinar se acha em situação adequada (por ex. interior de um forno, afastado da
fumaça e do reflexo de chamas) mas, em uso industrial não chega a comprometer, pois nem sempre precisa se
saber a temperatura verdadeira do objeto.
Todos os pirômetros devem estar calibrados e ligados a registrador de gráfico, também aferido.
Os principais equipamentos aplicados em tratamento térmico são os fornos, que podem ser de uso em
laboratório e de uso industrial. Em laboratório os mais usados são estufas e fornos de câmara, ambos elétricos.
As estufas atingem até 300 °C para uso em revenimentos, enquanto os fornos de câmara do tipo com
circulação de ar e do tipo porta versátil atingem temperaturas até 1300 °C, para experiências com vários tipos
de tratamentos térmicos.
Os fornos industriais podem ser a energia elétrica, a gás ou óleo. Existem fornos de câmara automáticos com
painel de controle com ou sem atmosfera controlada, fornos poço para grandes peças, fornos contínuos com
esteira, fornos com banho de sal e fornos a vácuo (evita oxidação). Existem também grandes fornos para
tratamento térmico de grandes equipamentos (alívio de tensões de vasos de pressão, por ex.). Os fornos
necessitam de constante manutenção para manter confiabilidade de serviço.
As ferramentas são luvas, protetor facial, ganchos e tenazes, além de recursos adequados para manuseio das
peças.
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Transmissão de Calor
Transmissão de calor é a denominação dada à passagem da energia térmica (que durante a transferência
recebe o nome de calor) de um corpo para outro ou de uma parte para outra de um mesmo corpo. Essa
transmissão pode se processar de três maneiras diferentes: condução, convecção e irradiação.
Condução
É o processo de transmissão de calor em que a energia térmica passa de um local para outro através das
partículas do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma região para outra se faz da
seguinte maneira: na região mais quente as partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade. Com
esta vibração, cada partícula transmite energia para a partícula vizinha, que passa a vibrar mais intensamente,
esta transmite energia para a seguinte e assim sucessivamente.
A condução de calor é um processo que exige a presença de um meio material e que, portanto, não ocorre no
vácuo.
Convecção
Consideremos uma sala na qual se liga um aquecedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do
aquecedor se aquece, tornando-o menos denso que o restante. Com isto, ele sobe e o ar frio desce, havendo
uma troca de posição do ar quente que sobe e o ar frio que desce. A este movimento de massas de fluido
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes de convecção. Portanto, convecção é um
movimento de massas de fluido, trocando de posição entre si. Nota-se que não tem significado falar em
convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convecção só ocorre nos fluidos.
Irradiação
É o processo de transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas (ondas de calor). A energia emitida
por um corpo (energia radiante) se propaga até o outro através do espaço que os separa.
Sendo uma transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença do meio
material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e também nos meios materiais.
É um conjunto de operações de aquecimento e resfriamento a que são submetidos os materiais, sob condições
controladas de temperatura, tempo, atmosfera e taxas de aquecimento e resfriamento, com o objetivo de
alterar as suas propriedades mecânicas ou conferir-lhes características determinadas (redução de dureza,
melhoria de resistência ao choque, por exemplo).
As propriedades mecânicas dos aços dependem grandemente da sua estrutura cristalina. O tamanho, a forma
e o arranjo dos grãos cristalinos têm muita influência na resistência, tenacidade e outras propriedades dos aços
e os tratamentos térmicos modificam, em maior ou menor escala, a estrutura cristalina dos aços.
O objeto do tratamento térmico neste trabalho é as ligas ferrosas. Os processos de tratamento térmico devem
ser adaptados ao material e às propriedades desejadas, logo é necessário o conhecimento exato dos diversos
processos e dos limites de sua aplicação.
Os principais objetivos dos tratamentos térmicos são:
remoção de tensões internas,
alteração da dureza,
aumento da resistência mecânica,
melhora da ductilidade,
melhora da usinabilidade,
melhora da resistência ao desgaste,
melhora das propriedades de corte,
melhora da resistência à corrosão,
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A inspeção dos requisitos a serem atingidos na operação do tratamento térmico é óbviamente impossível de
executar em 100% dos itens tratados, como por exemplo verificar a resistência mecânica e a tenacidade das
peças, além de ser um trabalho demorado e caro.
Logo, a obtenção das propriedades desejadas através do tratamento térmico, depende acima de tudo, do
procedimento onde o conhecimento e experiência metalúrgicos são fundamentais, para evitar problemas como
trincas, deformações e propriedades não uniformes; da capacidade fabril (recursos disponíveis como fornos,
equipamentos, ferramentas, meios de resfriamento, atmosfera controlada, controle, instrumentação,
laboratório, etc) e da habilidade do tratador ou temperador, pois o êxito final ou a falha das peças em serviço
deve muito ao julgamento, habilidade e integridade desses homens, merecendo portanto muita dedicação no
estudo das falhas, suas causas e métodos de prevenção.
A melhor prática para obter-se a qualidade esperada é executar com precisão todas as atividades descritas no
procedimento, para atingir os resultados desejados e não depender somente da inspeção final para verificar se
um aço está ou não adequadamente tratado, uma vez que os melhores métodos de verificação disponíveis e
baratos são o teste de dureza e a metalografia.
É muito importante para o Inspetor ter o conhecimento de cada tratamento térmico e sua aplicação, uma vez
que a norma técnica ou especificação exigem este ou aquele tratamento ou fazem referência a um
determinado tratamento, para o qual o item deve atender o requisito da norma.
A documentação pertinente de um determinado item deverá descrever claramente que o item foi submetido ao
tratamento térmico requerido pela norma técnica ou especificação, fornecendo as informações requeridas para
o perfeito atendimento do requisito. Se o item não atende os requisitos da norma técnica e/ou especificação ele
está não conforme.
Os tratamentos térmicos requeridos por norma dos diversos materiais usados na indústria (chapas, tubos,
forjados, laminados, parafusos, etc) são executados pela usina e devem constar no certificado de qualidade,
mencionando que tipo de tratamento térmico foi aplicado, temperatura, tempo, dependendo dos requisitos da
norma. As normas podem aceitar que o tratamento possa ser executado por terceiros, desde que atendido
todos os requisitos da norma.
Existem casos que a usina deve preparar e executar um tratamento térmico simulado, que atende todos os
ciclos térmicos previstos na fabricação de um determinado equipamento, informando no respectivo certificado
de qualidade o tempo e temperatura de patamar. Para tal, o comprador deverá informar os dados necessários
para execução do referido tratamento.
Normalmente o tratamento térmico que é acompanhado ou verificado pelo Inspetor é um recozimento de Alivio
de Tensões (PWHT – Postweld Heat Treatment) ou uma Normalização, que é aplicado em componentes
(forjados, tampos) ou no próprio vaso após soldagem e, para este trabalho, o fabricante deve emitir um
procedimento, devidamente aprovado por Inspetor de Solda nivel 2, no qual deve constar, no mínimo:
componente ou equipamento (Tag), ordem de serviço, desenho/posição, material e espessura, nome do
tratamento, código ou norma, velocidades de aquecimento e de resfriamento, meio de esfriamento,
temperatura e tempo do patamar, quantidade e locação dos termopares, identificação do forno e dos
termopares, observações sobre suportação para evitar deformações.
O fabricante deve apresentar relatório ou certificado do tratamento térmico aplicado, anexando o gráfico do
tratamento, devidamente aprovado e assinado por Inspetor de Solda nivel 1.
Os documentos de solda (Plano de Solda, EPS + RQPS) também devem informar os dados de tratamento
térmico (temperatura, tempo) e, se possível, referenciar o procedimento de tratamento térmico adotado.
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Recozimento (Annealing)
O recozimento é um termo genérico usado para descrever a restauração de metais trabalhados a frio ou
tratados térmicamente, para suas propriedades originais, bem como aumentar a ductilidade
(consequentemente a plasticidade), reduzir a dureza e resistência ou modificar a microestrutura cristalina
(refino de grão, regularizar a textura bruta de fusão).
Trata-se de um dos mais importantes processos de tratamento térmico e deve ser executado muito
cuidadosamente, com um controle preciso do tempo e temperatura de aquecimento e da taxa de resfriamento.
É usado também para alivio das tensões residuais, para melhorar a usinabilidade e dar estabilidade
dimensional.
Os tipos de Recozimento para atingir esses objetivos são: Recozimento Pleno, Recozimento Subcrítico ou
Alívio de Tensões, Recristalização, Esferoidização ou Coalescimento.
Consiste num aquecimento lento e uniforme do aço a uma temperatura acima da zona critica (a temperatura de
transformação depende do teor de carbono), por um tempo suficiente para produzir solução sólida (austenita),
seguido de um resfriamento lento dentro do forno. Se o esfriamento for rápido, este vai impedir a completa
transformação da austenita para a perlita e o aço ficará com uma estrutura martensitica, que é mais dura que a
perlita.
Se aquecer a temperaturas muito superiores à zona crítica poderá produzir grãos grosseiros que significa
perda de tenacidade e, quanto mais baixa a temperatura de austenitização, obtém-se uma austenita
heterogênea, logo menores serão as chances de se obter uma estrutura perlitica grosseira que é menos dura e
dúctil e possui grãos uniformes e pequenos, ideal para melhorar a usinabilidade dos aços de baixo e médio
carbono.
Durante a fabricação por fundição, conformação a frio ou a quente, usinagem, soldagem, surgem inevitáveis
tensões internas de tração e compressão de origem térmica que devem ser eliminadas. As tensões são
maiores quanto maior e/ou mais desigual forem suas seções, elas podem atingir a ordem de grandeza do limite
de escoamento e ocasionalmente até excedê-lo.
Como diz o próprio nome, é um tratamento para aliviar as tensões residuais internas e promove estabilidade
dimensional de um item ou equipamento antes de prosseguir com a fabricação ou colocá-lo em serviço.
Consiste no aquecimento a temperatura abaixo da zona crítica (a temperatura e o tempo requerido depende do
material e do grau de tensões residuais presentes no metal), com aquecimento e resfriamento lentos (ar calmo,
por exemplo), para evitar o surgimento de tensões adicionais. Este tratamento não altera a estrutura
metalográfica do material e pode ser feito em fornos a óleo ou gás (total ou em partes), por aquecimento
resistivo ou indutivo, gases quentes (injetado no interior do equipamento), ou localizado. Após o tratamento
permanecem tensões residuais de nível baixo e sem perigo.
Em função das dimensões e manuseio do equipamento, é escolhido qual método de tratamento térmico será
aplicado e procedido o cálculo do ciclo térmico (ASME Code, por exemplo), que depende do tipo de material e
das espessuras para cálculo da temperatura e tempo do patamar e taxas de aquecimento e resfriamento.
Após carregamento do equipamento, deverá haver livre circulação do ar quente, suportação adequada pois o
aquecimento reduz drasticamente o limite de escoamento, distancia entre os termopares não ultrapassar 4,6 m,
os termopares não podem estar fixados sobre cordões de solda, a chama não pode atingir diretamente o
equipamento para não oxidar excessivamente, cuidado com a expansão do ar quente em soldas confinadas ou
espaço confinado (prover drenagem), termopares e registrador aferidos, conferência/aprovação do gráfico
verificando diferença de temperatura entre termopares, temperatura inicial e de saída do forno (427 C), taxas
de aquecimento e esfriamento controladas, temperatura e tempo de patamar.
Recristalização (Recrystallization)
Destina-se a melhoria das propriedades plásticas dos metais deformados a frio, sendo utilizado para reduzir os
limites de escoamento e de resistência.
Qualquer deformação a frio provoca um encruamento e uma redução da deformabilidade dos materiais, e este
tratamento recristalização favorece a nucleação e crescimento de novos grãos, geralmente equiaxiais e isentos
de tensões, a partir da matriz deformada plasticamente.
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As condições são muito desvantajosas quando se devem submeter a este tratamento aquelas peças que, em
suas seções, apresentam graus de deformação variáveis e cada uma correspondendo uma temperatura de
recristalização diferente.
Normalização (Normalizing)
A primeira etapa é dissolver totalmente a cementita (austenitização), isto significa elevar a temperatura acima
da zona crítica. Esta temperatura de dissolução da cementita depende do teor de carbono no aço. O tempo de
permanência acima da zona crítica depende do tamanho dos grãos de cementita. O resfriamento deverá
acontecer lentamente, ao ar calmo ou com ventilação forçada, dependendo do tamanho de grão desejado.
Em geral o aço deve ser resfriado o mais rápido possível sem causar o perigo de empenamentos (tensões
internas que ultrapassam o limite de escoamento) ou trincas (tensões que ultrapassam o limite de resistência).
As peças sensíveis a empenamentos devem ser cuidadosamente apoiadas e reforçadas afim de não
ocorrerem deformações causadas pelo próprio peso.
Esferoidização ou Coalescimento
É um tratamento capaz de produzir esferoiditas e objetiva a melhoria da usinabilidade dos aços de alto carbono
(geralmente hipereutetóides), obtendo-se durezas muito baixas, normalmente inferior à da perlita grosseira,
obtida no recozimento. Consiste no aquecimento prolongado de aços laminados ou normalizados a uma
temperatura logo abaixo da linha inferior da zona crítica A 1, ou aquecimento e resfriamento alternados entre
temperaturas logo acima e abaixo de A1, ou seja, oscilar em torno de A1.
Têmpera (Hardening)
Existem outros tipos de tratamentos térmicos, que visam o endurecimento dos aços, principalmente em
elementos de máquinas, que normalmente requerem uma superfície dura com grande resistência ao desgaste,
à compressão e à abrasão.
A Têmpera é empregada com o objetivo de conferir às ferramentas uma grande resistência à compressão e ao
desgaste ou para uma grande duração da aresta cortante, isto é, uma estrutura martensítica.
Resulta deste processo a redução da ductilidade, da tenacidade e o aparecimento de apreciáveis tensões
internas. Esses inconvenientes são atenuados ou eliminados pelo Revenido, como descrito abaixo em
Beneficiamento.
O termo revenir significa moderar ou tornar menos extremas as propriedades. O Revenido é um tratamento que
normalmente sempre acompanha a Têmpera, pois elimina a maioria dos inconvenientes produzidos por esta;
além de aliviar ou remover as tensões internas, corrige as excessivas dureza e fragilidade do material,
aumentando sua ductilidade e resistência ao choque.
Durante o rápido esfriamento no processo de tempera, surgem tensões internas que causam fissuras ou trincas
mesmo sem tocar na peça, então é evidente que esses danos são devido a forças internas. O revenimento
alivia essas tensões e deve-se revenir imediatamente após a têmpera para diminuir a perda de peças por
ruptura.
Outra consequência da tempera é que o aço torna-se frágil, isto é, ele não resiste ao dobramento ou qualquer
outra mudança de forma sem quebrar. E também quebra ao impacto ou choque, a tempera fragiliza o aço. E o
revenimento recupera a tenacidade do aço.
O revenimento também amolece (redução da dureza) o aço, que depende principalmente da temperatura do
revenido.
O revenimento consiste em reaquecer um aço temperado a uma determinada temperatura abaixo da crítica,
que é uma função do objetivo do tratamento, podendo estar entre 400 até 680 C e resfriado, de preferência
lentamente, até a temperatura ambiente.
Tanto a temperatura como o tempo de permanência do revenido devem ser escolhidos de acordo com a
combinação de propriedades mecânicas que se deseja no aço temperado.
A fragilidade do revenido acontece para aços carbono e principalmente para aços liga em temperatura de
revenido baixa (260 a 315 C), medida no ensaio de resistência ao choque. Para evitar este fenômeno de
fragilidade, costuma-se resfriar rapidamente a partir da temperatura do revenido. Esta fragilidade acontece
somente no ensaio de impacto, as outras propriedades como microestrutura, resistência à tração, dureza e
outras não são afetadas pela velocidade de resfriamento.
Têmpera Superficial
Consiste no endurecimento superficial dos aços, para obter-se uma superfície dura e resistente ao desgaste de
peças de grandes dimensões, enquanto seu núcleo permanece dúctil e tenaz. Os processos de têmpera
superficial são têmpera por chama e têmpera por indução.
Aquece-se a superfície a ser endurecida a uma temperatura acima da zona crítica, por meio de uma chama
oxiacetilênica, seguindo-se um jato d’água (em forma de borrifo) ou imersão em óleo, para formação da
camada endurecida a uma certa profundidade. Aplicada para peças de grandes dimensões, geometria
complexa (engrenagens de moendas de usinas de açúcar, por ex.) e maior penetração da camada endurecida
de até 10,0 mm. Os métodos deste tratamento são: estacionário, progressivo e combinado.
O calor para aquecer a peça pode ser gerado na própria peça por indução eletromagnética (efeito Jaule). A
têmpera superficial assim obtida em barras e eixos até uma profundidade entre 3,2 até 12,7 mm, resulta em
resistência à fadiga por torção ou por dobramento bastante melhorada, com a vantagem de maior controle
sobre a espessura da camada endurecida.
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Austêmpera (Austempering)
Normalmente usado em aços-ligas, este tratamento vem substituindo, em diversas aplicações, a Tempera e o
Revenido, para evitar a tendência a trincas e deformações durante o esfriamento ou para melhorar a
ductilidade e tenacidade sem perder a dureza. É a transformação da austenita sob temperatura constante
(tratamento isotérmico) em bainita, que possui propriedades idênticas ou até mesmo superior às das estruturas
martensiticas revenidas (excelente ductilidade e resistência ao choque, durezas elevadas, tensões internas
menores). A vantagem é que elimina-se o inconveniente da estrutura martensitica, obtida pela tempera direta e
que é somente eliminada pelo revenido posterior.
Martêmpera (Martempering)
É uma técnica na qual pequenas particulas, de fase diferente e chamadas precipitados, são uniformemente
dissolvidos na matriz da fase original, formando soluções supersaturadas, elevando a dureza. Atribui-se este
aumento na resistência à oposição ao movimento das discordâncias na região dos precipitados.
Entre os aços, o tratamento por precipitação de maior aplicação industrial que são os aços maraging =
martensitic + aging, onde componentes intermetálicos são precipitados na matriz martensitica de baixo
carbono. Aplicações: matrizes e ferramentas para fundição, moldagem, forjaria e extrusão.
Os aços inoxidáveis austeníticos (classe AISI 300) estão sujeitos, quando tratados termicamente, ou quando
aquecidos para trabalho à quente ou durante uma soldagem em uma faixa de temperatura entre 540 a 845 ºC
por um certo tempo de permanência (poucos minutos ou até mesmo segundos), a um fenômeno metalúrgico
chamado Sensitização que, devido ao aumento da solubilidade do elemento carbono e também à alta
afinidade do cromo pelo carbono, ocorre a formação de carbonetos de cromo que, durante o esfriamento, vai
se precipitando nos contornos de grãos da austenita e, dessa forma, vai empobrecendo a matriz austenitica e
grãos vizinhos do elemento cromo (que é o elemento mais eficiente na resistência à corrosão dos aços
inoxidáveis).
Se o conteúdo de cromo na matriz austenitica cair abaixo de 11%, haverá uma diminuição da resistência à
corrosão (chamada corrosão intergranular) e das propriedades mecânicas.
Para evitar a precipitação do carboneto, existem três metodos: uso de ligas de aço inoxidável com extra-baixo
carbono (0,03% max.), ou uso de elementos estabilizadores formadores de carbonetos preferenciais tais como
Nióbio + Tantalo ou Titânio, ou ainda aplicar um tratamento térmico chamado Solution Heat Treatment.
A Solubilização é um tratamento térmico que repõe os carbonetos presentes nos contornos de grãos
novamente em solução e restaura a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis. A temperatura de
aquecimento varia entre 1000 a 1100 ºC por um tempo apropriado, seguido de um rápido resfriamento em água
para evitar nova precipitação.
Este reaquecimento apresenta alguns inconvenientes, pois a peça pode oxidar rápidamente formando uma
carepa aderente e também ocorrer empenamentos, devendo portanto ser devidamente protegida do contato
com o ar nesta temperatura e adequadamente suportada para evitar deformações.
São tratamentos que visam o endurecimento superficial dos aços pela modificação parcial de sua composição
química nas seções onde se deseja endurecer ou obter resistência ao desgaste, enquanto seu núcleo
permanece dúctil e tenaz.
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Cementação (Carburizing)
É a mais comum das tempêras superficiais, implica em aquecimento da parte de aço carbono na pesença de
um meio rico em carbono (carvão vegetal, coque), de forma que o carbono é difundido dentro da superfície da
peça. Consequentemente, a superfície é convertida em aço de alto carbono com capacidade de endurecer.
Este processo (chamado cementação em caixa ou sólida) pode obter espessura entre 0,6 até 4,0 mm.
Outro processo chamado cementação a gás (meio usado pode ser o propano), com espessura entre 0,13 a
0,75 mm.
A cementação em meio líquido (banho de sais líquidos), consegue-se espessuras entre os dois processos
anteriores. Cementação seguida de resfriamento rápido produz dureza de até 60 HRC.
Nitretação (Nitriding)
É o tratamento na qual o nitrogênio é difundido na superfície da peça de aços ligas especiais para produzir alta
dureza sem resfriamento rápido. Obtém-se também resistência ao desgaste e à fadiga.
Existem dois métodos: nitretação a gás e nitretação em meio líquido (banho de sais fundidos). As epesssuras
obtidas são da ordem de 0,025 a 0,5 mm com HRC 70.
Carbo-Nitretação (Carbonitriding)
É o tratamento na qual os dois elementos carbono e nitrogênio são difundidos na superfície a endurecer. As
espessuras obtidas são entre 0,07 a 0,5 mm, com durezas comparáveis aos tratamentos anteriores. A
carbonitretação quando em meio líquido é chamada Cianetação, pode ser também em banho de sais ou a gás
com atmosfera controlada.
Bibliografia
Questões
3) Qual a finalidade do tratamento térmico conhecido com Solubilização num aço inoxidável austenítico?
a) restauro da resistência à corrosão
b) endurecimento superficial
c) recristalização
d) correção dimensional da peça
7) O que é temperabilidade?
8) Num tratamento térmico de recozimento pleno, a elevação da temperatura muito acima da zona crítica
significa:
a) grãos tornam-se grosseiros
b) aumento da tenacidade
c) obtenção de grãos finos
d) a temperatura de patamar é 640 oC
10) Em um certificado com gráfico de tratamento térmico o que deverá ser verificado:
a) temperatura e tempo de encharque
b) taxa de esfriamento
c) velocidade de aquecimento
d) meio de esfriamento
e) todas as respostas anteriores