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Máquinas Térmicas

Prof. Msc Salmo Mardegan


Aula 1 - Apresentação

Tópicos:
1 – Apresentação - Ementa
2 – Visão geral
3 – Objetivos
4 – Introdução
5 – Termodinâmica
6 – Máquinas térmicas
Ementa
• Termoquímica da mistura ar-combustível, Caracterização das chamas,
Composição do ar e dos combustíveis, Razão de equivalência
combustível/ar, Estequiometria da combustão, Poder calorífico
Processos de admissão e escape, Carburação
• Injeção eletrônica de combustível Eficiência volumétrica “Timing” das
válvulas
• Efeito aríete Fluxo reverso Turbo-compressãoSistema de ignição
Convencional/eletrônico Características operacionais dos motores
Parâmetros de performance Potência indicada, potência de frenagem
e PME Variáveis que afetam Performance, Eficiência e emissões
Tempo de ignição Composição da mistura Carga e velocidade Taxa de
compressão Projeto das câmaras de combustão.
2 – Visão geral da disciplina

Máquinas térmicas é a aplicação dos


conhecimentos de Física de forma
estruturada, geralmente, objetivando a
construção de máquinas que transformam
energia térmica em energia mecânica, de
modo à solução de problemas diversos de
engenharia que envolve realização de um
trabalho trabalho qualquer, cujas soluções
analíticas sejam inexistentes ou
extremamente difíceis de serem
encontradas.
3 - Objetivos

Capacitar o aluno ao desenvolvimento, aprofundamento e


aperfeiçoamento nos projetos que, sejam necessários para
adequação em um ambiente de máquinas , através de:
• Busca e utilização de soluções para resoluções de problemas
quaisquer;
• Ampliação da visão sistêmica para propor soluções
alternativas a diversos problemas práticos de difícil resolução
analítica;
• Desenvolvimento da visão estratégica para a estruturação de
idéias e ações..
Introdução- Conceitos e Definições em Termodinâmica

1- INTRODUÇÃO
 

Termodinâmica: Ciência que estuda a forma como os corpos armazenam ou trocam energia (calor e
trabalho) entre si.

 A Termodinâmica lida com estados de equilíbrio térmico, mecânico e químico, e é baseada em três leis
fundamentais:

- Lei Zero (“equilíbrio de temperaturas” – princípio de medida de temperatura escala


de temperatura)
- Primeira Lei. (“conservação de energia” – energia se conserva)

- Segunda Lei (“direção em que os processos ocorrem e limites de conversão de uma


forma de energia em outra”)

.
 
.
Lei zero da Termodinâmica
Dois corpos em equilíbrio térmico com um terceiro estão em equilíbrio entre si.
Para ver se dois corpos estão à mesma temperatura não é necessário pô-los em contato entre si,
basta verificar se estão em equilíbrio com um terceiro - termometro
Termometro - corpo em que pelo menos uma das propriedades mensurável varia com a temperatura.
A essa propriedade e substância chamam-se termométricas

Termometro de líquido em tubo capilar


Termometro de gás
Tipos de termómetro Termopar
Sensores de resistência elétrica.
Pirometros
Resumindo

• Se dois corpos estiverem em


Lei Zero da equilíbrio térmico com um
Termodinâmica terceiro, estarão em equilíbrio
térmico um com o outro!
- PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Sistemas fechados

A estrutura da termodinâmica assenta em duas leis


fundamentais.
Estas leis não podem ser demonstradas; são axiomas. A sua
validade é estabelecida com base no fato da experiência não
se contradizer, nem contradizer as consequências que dela
se podem deduzir.
PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

A 1ª lei da termodinâmica é relativa ao princípio de


conservação de energia aplicado a sistemas fechados onde
operam mudanças de estado devido à transferência de
trabalho e de calor através da fronteira.
Permite calcular os fluxos de calor e de trabalho quando
são especificadas diferentes variações de propriedades.

Exemplos:-Trabalho necessário para comprimir uma dado


fluido num compressor.
-Ciclo necessário para produzir vapor a uma dada
pressão e temperatura numa caldeira
Permite concluir que é impossível converter todo o calor fornecido a uma máquina térmica em trabalho; algum calor
será rejeitado.

Propriedades
 pressão (p)
 volume específico (v)
 temperatura (t)
 energia interna (u)
 entalpia (h)
 entropia (s)

Duas propriedades selecionadas são necessárias para definir o estado do sistema em equilíbrio.
As restantes quatro são consequência imediata e estão fixas.
Nota: cuidado com a escolha das propriedades independentes.

Exemplo 1: a massa e volume específicos não são propriedades independentes; uma é o inverso da outra.

Exemplo 2: a pressão e a temperatura não são variáveis independentes. Deve-se utilizar outro par de
propriedades para definir o estado, por exemplo, p e v.
Se conhecer duas propriedades de um estado as restantes podem ser determinadas
através de expressões analíticas ou de resultados experimentais.

Conhecendo, por exemplo, p e v, a terceira propriedade x, tal que x=f(p,v).


Em alguns casos f é simples e conhece-se analiticamente (pv=RT). Noutros casos
conhecem-se tabelas experimentais.

1ª Lei da Termodinâmica ou Princípio de Conservação de Energia.

A energia não pode ser criada ou destruída.


A energia pode ser:
Armazenada
Transformada de uma forma para outra
Transferida de um sistema par outro (ou para a vizinhança)

A energia pode atravessar a fronteira sob duas formas – Calor ou Trabalho


Calor e trabalho

Só o trabalho e o calor podem mudar o estado. O trabalho atravessa a


fronteira do sistema; transfere-se.
“Trabalho é algo que surge nas fronteiras quando o sistema muda o seu estado
devido ao movimento de parte da fronteira por ação de uma força.”
“Não se pode afirmar que o sistema tem um dado trabalho”.
Formas mecânicas de trabalho

  2 
W  F s W   F  ds
1
Força F constante. Força F qualquer

Realiza-se trabalho pelo sistema na vizinhança se o único efeito sob algo externo ao
sistema poder ser considerado como elevação de um peso.
W > 0  trabalho realizado pelo sistema
W < 0  trabalho realizado sobre sistema
Cálculo de W  saber como F varia ao longo de s

O valor do integral depende do processo.


O trabalho W não é uma propriedade do sistema
“A primeira lei proibe a criação ou
destruição da energia; enquanto a segunda
lei limita a disponibilidade da energia e os
modos de conservação e de uso da energia.”

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Resumindo
O calor recebido por um sistema
é igual à soma entre a variação
da energia interna do sistema e
o trabalho efetuado pelo
sistema
1ª Lei da
Termodinâmica
Máquinas Térmicas:
• Foi a descoberta  da máquina a vapor, que propiciou a revolução
Revolução
Industrial, Industrial
que por x Hoje profundas transformações
sua vez, desencadeou 
no mundo. Promoveu uma  rápida evolução tecnológica modificou as
relações e os conceitos sócio-econômicos e comerciais.  Transformou
a sociedade, mudou o comportamento, aumentando a produtividade da
indústria e do campo.

• A máquina a vapor veio substituir a tração animal, mas também


assumiu o trabalho do homem, e substituiu o trabalho artesanal pelo
trabalho assalariado.
Máquina a vapor

• O vapor liberado pela água


passa pela primeira válvula,
fazendo pistão subir, dando
uma meia volta na roda.
Depois a segunda válvula é
aberta e o pistão  desce
fazendo com que a roda
complete a volta, depois a
fonte fria condensa o gás,
para que ele não acumule.
Máquina de Heron

• A Primeira Máquina térmica


construída.
• O fogo em baixo do recipiente
esquenta a água, que ferve
gerando vapor. Esse vapor sai
por dois orifícios no recipiente,
o fazendo girar.
• É impossível remover energia
térmica de um sistema a uma certa
2ª Lei da
temperatura e converter a energia
Termodinâmica removida em trabalho mecânico.
• Não existe um máquina térmica que
tenha 100% de rendimento
Energia de Joule
James Prescott Joule foi uma vez
O revolucionário industrial inglês quem fez
Uso da sua jovem potencial energia
Ligando-se na conservação que existia
Enquanto transformava energia em energia

De tanto tratar de tal tema


Acabou virando unidade do sistema

(Washington Leris)
O Segundo Princípio da Termodinâmica

1. Máquinas Térmicas e o Segundo Princípio da Termodinâmica


Lord Kelvin
2. Processos Reversíveis e Irreversíveis
(1824-1907)
3. Máquina de Carnot
4. Bombas de Calor e Refrigeradores
5. Entropia

23
Máquinas Térmicas e o Segundo Princípio da
Termodinâmica

Do ponto de vista da engenharia, talvez a


aplicação mais importante dos conceitos, seja a
eficiência limitada das máquinas térmicas

Um dispositivo muito útil para compreender a


segunda lei da termodinâmica é a máquina
térmica
Uma máquina térmica é um dispositivo que
converte energia interna em outras formas úteis
de energia, tal como energia cinética
A locomotiva a vapor obtém sua energia por meio
da queima de madeira ou carvão
A energia gerada transforma água em vapor, que
propulsiona a locomotiva
Locomotivas modernas utilizam óleo diesel em
vez de madeira ou carvão
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Segundo Princípio da Termodinâmica
Considere um sistema de temperaturas diferentes que estão em contato e
isolado da vizinhança por paredes adiabáticas.

Depois de um tempo, os corpos estarão em equilíbrio termodinâmico, devido o


fluxo de calor do corpo 1 ao corpo 2. A energia total do sistema permanece a
mesma.

Se pensar no processo inverso. É possível?

O que determina o sentido em que o processo natural terá lugar?


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Processos Reversíveis e Irreversíveis

A segunda lei da termodinâmica determina o


sentido preferencial do processo termodinâmico.

A segunda lei da termodinâmica introduz uma função


de estado chamada ENTROPIA que permanece
constante ou aumenta em qualquer processo
possível, em um sistema isolado.

Os processos termodinâmicos que ocorrem na


natureza são todos IRREVERSÍVEIS. Esses
processos são aqueles que ocorrem em determinados
sentidos e não ocorrem no sentido contrário.

Dissipação de energia mecânica


-Troca de calor
-Expansão livre
-Mistura de espécies químicas diferentes
-Reações químicas
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Processos Reversíveis e Irreversíveis
Se um processo real ocorrer muito lentamente, de tal forma que o sistema
esteja sempre muito próximo do equilíbrio, esse processo pode ser
considerado como reversível
Exemplo
Comprimir um gás muito lentamente ao deixar cair sobre o pistão sem
atrito alguns grãos de areia

Compressão isotérmica e reversível

Cada grão de areia adicionado


Areia
representa uma pequena mudança para
um novo estado de equilíbrio

O processo pode ser revertido pela


lenta remoção dos grãos de areia do
pistão
Reservatório de calor

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Desordem e Processos Termodinâmicos
O estado aleatório ou o grau de desordem do estado final de um sistema pode
ser relacionado ao sentido da realização de um processo natural. Ex: Catalago
jogado.

A energia cinética macroscópica é a energia associada à organização, ao


movimento coordenado de muitas moléculas, porém, a transferência de calor
envolve variações de energia do estado aleatório, ou o movimento molecular
desordenado. Logo, a conversão de energia mecânica em calor envolve um
aumento de desordem do sistema.

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Máquina térmica: absorvem calor de uma fonte a temperatura
relativamente altas, realizam trabalho mecânico e rejeitam algum
calor a uma temperatura mais baixa.

Em geral, uma máquina térmica faz com que alguma


substância de trabalho realize processo(s)
cíclico(s) durante os quais

(1) calor é transferido de uma fonte a


uma temperatura elevada

(2) trabalho é feito pela máquina

(3) calor é lançado pela máquina para


uma fonte a uma temperatura mais baixa

A máquina absorve calor Qq do reservatório quente, rejeita calor Qf


para o reservatório frio e realiza trabalho Wmáq

Wmáq  Qq  Q f
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Pelo Primeiro Princípio da termodinâmica
U  Q  W  0  Qlíq  W  Wmáq U  0

A formulação de Kelvin-Planck do
Segundo Princípio da Termodinâmica
Área=Wmáq
“É impossível construir uma máquina térmica que,
operando num ciclo, não produza nenhum efeito
além da absorção de calor de um reservatório e
da realização de uma quantidade igual de
trabalho”

É impossível construir uma máquina que


trabalhe com rendimento de 100%

Rendimento da máquina térmica

Wmáq Qq  Q f Qf
e  1
Qq Qq Qq

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• Trabalho e Calor

Século XVIII: o homem descobriu como obter trabalho a partir


de um fluxo de calor.

A Máquina a Vapor (térmica) foi inventada: o calor liberado


pela queima de carvão e madeira transformava água em vapor
que então produzia trabalho. Bombeava a água das minas, movia
trens e navios, tocava as fábricas, transportava cargas.

Consequência: Revolução Industrial do século XIX.

Questionava-se: como avaliar a quantidade máxima de trabalho


que poderia ser obtida a partir de uma dada quantidade de
combustível.
• Trabalho e Calor
Questionava-se: se uma locomotiva abastecida de carvão pode me
levar daqui a SP, com uma máquina a vapor mais eficiente será que eu
poderia fazer uma viagem maior ?
Nicolas Léonard Sadi Carnot, um jovem engenheiro militar francês,
resolveu o problema aocalcular o rendimento máximo de uma máquina
térmica.
Máquina Térmica: qualquer aparelho ou dispositivo para transformar
calor em trabalho. Seu funcionamento está relacionado a três fatos:
1) Recebe calor de uma fonte quente à temperatura constante T1.
2) Rejeita calor para algo frio à uma temperatura T2.
3) Realiza (ou recebe) trabalho.
Teoremas provados por Carnot:

1) Todos os motores reversíveis operando entre as mesmas


duas temperaturas T1 e T2, têm o mesmo rendimento.

2) Dos motores que operam entre as mesmas duas


temperaturas, os reversíveis têm o maior rendimento.

3) Para a mesma temperatura T1 da fonte quente, o motor


reversível que opera com maior ΔT tem maior rendimento e
pode produzir mais trabalho.
O Ciclo de Carnot
“A máquina térmica que opera mais eficientemente entre um
reservatório de alta temperatura e um reservatório de baixa
temperatura é chamada máquina de Carnot.”
 De acordo com a segunda lei, nenhuma máquina térmica pode ter
eficiência de 100%. Qual é a eficiência máxima que uma dada maquina
pode ter?
 Descrição da máquina de Carnot: É uma máquina ideal que utiliza somente
processos reversíveis em seu ciclo de operação
W3
2
P
1W2 3W4
1
4 W1
Tq = cte
2

Q=0 Q=0

Tf = cte 3
4
QH QL

TH Isolado TL Isolado

V
1→2 2→3 3→4 4→1
O Ciclo de Carnot
1→2: Expansão isotérmica: O calor é fornecido ao fluido de forma reversível
por um reservatório de alta temperatura a uma temperatura constante
TH. O pistão no cilindro é movido e o volume aumenta.

2→3: Expansão adiabática reversível: O cilindro é completamente


isolado, de modo que nenhuma transmissão de calor ocorra durante
esse processo reversível. O pistão continua a ser movido com o
volume aumentando.
3→4: Compressão Isotérmica: O calor é rejeitado pelo fluido de maneira
reversível para um reservatório de temperatura baixa a uma
temperatura constante TC. O pistão comprime o fluido com
diminuição do volume.
4→1: Compressão adiabática reversível: O cilindro é completamente
isolado, não permitindo nenhuma transmissão de calor durante esse
processo reversível. O pistão continua a comprimir o fluido até este
atinja o volume, a temperatura e a pressão originais, completando
assim, o ciclo.
Máquina de Carnot
Em 1824, um engenheiro francês chamado Sadi Carnot descreveu uma máquina
teórica - Máquina de Carnot
Ciclo de Carnot
A B
(1) No processo A  B, o gás se expande
isotermicamente quando em contacto com
um reservatório de calor a Tq

(2) No processo B C, o gás se expande


adiabaticamente (Q = O)

(3) No processo C  D, o gás é comprimido


D C
isotermicamente durante o contato com o
reservatório de calor a Tf< Tq

(4) No processo D  A, o gás é


comprimido adiabaticamente

http://www.cs.sbcc.net/~physics/flash/heatengines/Carnot%20cycle.html 36
Diagrama PV para o ciclo de Carnot

A  B: Tranformação isortérmica. O
sistema absorve calor Q.

B  C: Expansão adiabática

C  D: Compressão isotérmica. O
sistema libera Q.
D  A: Compressão adiabática.

O trabalho líquido realizado Wmáq, é igual ao calor líquido recebido num ciclo.
Observe que para o ciclo

U  0 W  Q  Qq  Q f

Rendimento térmico da máquina de Carnot Carnot mostrou que

W Qf Tf Qf Tf
eC   1 ou eC  1  
Qq Qq Tq Qq Tq 37
Refrigeradores
Se quisermos transferir calor do reservatório frio para o
reservatório quente?
Como esta não é a direção natural do fluxo, temos que
realizar trabalho para fazer com que isso ocorra utilizando
dispositivos como os refrigeradores
É a máquina térmica de ciclo de Carnot funcionando ao
contrário
Refrigerador
A bomba absorve o calor Qf de um
reservatório frio e rejeita o calor Qq
para um reservatório quente. O
trabalho realizado na bomba de calor
éW
Coeficiente de desempenho do Refrigerador

calor tran sferido para o reservatór io quente Qq


CDD  
trabalho realizado sobre a bomba W
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O mecanismo básico de uma geladeira funciona
assim:

1.O compressor comprime o gás refrigerante. Isto eleva a pressão e


temperatura do fluido refrigerante, de modo que as serpentinas
externas de troca de calor da geladeira permitem que o fluido
refrigerante dissipe o calor devido à pressurização;

2.À medida que esfria, o fluido refrigerante se condensa em forma


líquida e flui pela válvula de expansão;

3.Quando passa pela válvula de expansão, o líquido refrigerante se move


da zona de alta pressão para a zona de baixa pressão, e se expande e
evapora;

4.As serpentinas dentro da geladeira permitem que o fluido


refrigerante absorva calor, fazendo com que a parte interna da
geladeira fique fria. Então, o ciclo se repete.

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Os processos reais seguem um sentido preferencial

É o Segundo Princípio da Termodinâmica que determina as


direções em que ocorrem os fenómenos naturais

Formulação alternativa do segundo princípio da termodinâmica


Enunciado de Clausius da segunda Lei da
Termodinâmica:
“O calor não flúi espontaneamente de um corpo frio para
um corpo quente”

Bomba de calor impossível


É impossível existir uma bomba de calor ou frigorífico (refrigerador)
que absorve calor de um reservatório frio e transfere uma quantidade
de calor equivalente para um reservatório quente sem a realização de
trabalho viola essa formulação do Segundo Princípio da Termodinâmica

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Entropia
A variável de estado relacionada com o Segundo Princípio da Termodinâmica, é
a entropia S
Os sistemas isolados tendem à desordem e a entropia é uma medida dessa
desordem
A idéia de entropia surgiu no seguimento de uma função criada pelo físico
alemão Rudolf Clausius (1822-1888). Expressou a entropia em escala
macroscópica pela primeira vez em 1865
Qf Tf
A partir da equação que descreve a máquina de 
Carnot Qq Tq
Qf Qq
Obteve a relação  a razão Q/T tem um significado especial
Tf Tq

Se dQr for o calor transferido quando o sistema segue uma trajetória


reversível entre dois estados, a variação da entropia, independentemente da
trajetória real seguida, é igual a
f
dQr dQr
dS  integrando dS S  
T
T i

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Em 1887 Boltzmann definiu a entropia dum ponto de vista microscópico
S  k B ln W
Baixa entropia Alta entropia
W é o número de microestados
possíveis para o sistema

Exemplo de Microestados - posições


que uma molécula pode ocupar no volume

Entropia e o Segundo Princípio da Termodinâmica

Outra maneira de enunciar o segundo princípio da


termodinâmica
“A entropia do Universo aumenta em todos os processos
naturais”

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• Máquinas Térmicas Impossíveis
Enunciado de Kelvin-Planck

TH

QH

“É impossível construir uma máquina térmica que opera num


ciclo termodinâmico e não produza outros efeitos além
trabalho e troca de calor com um único reservatório térmico.”
Essa máquina converteria 100% do calor fornecido em
trabalho.”
• Máquinas Térmicas Impossíveis
Enunciado de Clausius

TH
QH

W= 0

QL

TL

“É impossível construir uma máquina térmica que opera segundo um ciclo


termodinâmico e que não produza outros efeitos além da transferência de calor de
um corpo frio para um corpo quente”. É impossível construir um refrigerador que
opere sem receber trabalho.
• Máquina Térmica Configuração A

TH
QH

W Realizado

QL

TL

É possível ?
• Máquina Térmica Configuração A

TH
QH

W Realizado

QL

TL

É impossível viola a primeira lei.


• Máquina Térmica Configuração B

TH
QH

W Realizado

QL

TL

É possível ?
• Máquina Térmica Configuração B

TH
QH

W Realizado

QL

TL

É possível não viola a primeira nem a segunda lei


• Máquinas Térmicas Configuração C

TH
QH

W
recebido

QL

TL

É possível ?
• Máquinas Térmicas Configuração C

TH
QH

W recebido

QL

TL

É possível não viola a primeira nem a segunda lei.


As configurações B e C podem funcionar e são o reverso uma
da outra, daí a expressão máquina térmica reversível.
Dedução do Rendimento de uma Máquina Reversível

 O trabalho realizado durante um processo pode ser expresso como:

w  p dv se o gás for perfeito, p v  RT


 Lembrando que,

1  Q  1  U   u 
cv         e du  cv dT
m  T  v m  T  v  T  v

 Desconsiderando as demais formas de energia,

q  du  w
 A primeira Lei pode ser reescrita da forma,

RT
q  cv dT  dv
v
Dedução do Rendimento de uma Máquina Reversível
1→2: Expansão isotérmica:
v
RT 2
RT v
qH 1 q2  cv dT  dv  0   dv  RTH ln 2
v v1
v v1

2→3: Expansão adiabática reversível:


TL
cv R
T
L
cv 3
R
v L
c
T
v cv v3
0  dT  dv   dT   dv   v dT  R ln 3
T v TH
T v2
v TH
T v2
então,
T T dT   R ln
v2
H

3→4: Compressão Isotérmica:


v
RT 4
RT v
q L 3 q4  cv dT  dv  0   dv  RTL ln 3
v v3
v v4

4→1: Compressão adiabática reversível:


T v T TH
cv R H
cv 1
R H
c v então, cv v4
0  dT  dv   dT   dv   v dT  R ln 4
T v TL
T v4
v TL
T v1 T T dT   R ln
v1
L

Cv é a capacidade calorífica ... R = 8.314 J.K-1.mol-1


Dedução do Rendimento de uma Máquina Reversível
 Manipulando os resultados da expansão e compressão adiabática

TH
c v TH
cv v4 v1 v2 v3 v2
  v dT  R ln 3 e   
TL
T v2 T T dT   R ln
v1 v4 v3 v4 v1
L

 Logo o rendimento será,

W (energia pretendida ) QH  QL Q
térmico    1 L
QH ( Energia Gasta ) QH QH

 Desta forma,
v3
RTL ln
Q v4 T
térmico  1 L 1  1 L
QH v2 TH
RTH ln
v1
Exercícios
1- Um motor de combustão interna em cada ciclo de operação absorve 100kcal de calor da
fonte quente e rejeita 60kcal de calor para a fonte fria
2- Uma determinada máquina térmica operar em ciclo entre as temperaturas de 22 ºC e 220 ºC. Em
cada ciclo ele recebe 1000cal da fonte quente. O máximo de trabalho que a máquina pode fornecer
por ciclo ao exterior em caloria é de:
3- Uma máquina térmica A, realiza um ciclo termodinâmico com a realização de trabalho. E
tem um rendimento de 40% do rendimento de uma máquina B, que trabalha segundo o ciclo
de Carnot, esperando entre duas fontes de calor com temperaturas de 27 ºC e 327 ºC.
Durante um ciclo o calor rejeitado pela máquina A para a fonte fria 500 J, qual o trabalho
realizado neste ciclo.

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