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República de Angola

Instituto Médio Industrial de Luanda

Tema: A vida e obra de Óscar Ribas

Adelmar Guimarães de Oliveira Nº 2

Turma : CC11A

11ª Classe

Curso: Técnico de Obras de Construção Civil

Disciplina: Língua Portuguesa

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A professora
A vida e obra de Óscar Ribas

Instituto Médio Industrial de Luanda

TEMA: A VIDA E OBRA DE ÓSCAR RIBAS

Trabalho investigativo para a disciplina de português com o objectivo de transmitir


conhecimentos e informações sobre a vida e obra de Óscar Ribas

Adelmar Guimarães de Oliveira Nº 2

Turma : CC11A

11ª Classe

Curso: Técnico de Obras de Construção Civil

Disciplina: Língua Portuguesa

Luanda aos, 17 de Julho de 2016

Trabalho Investigativo Página 2


A vida e obra de Óscar Ribas

Introdução
O presente trabalho foi elaborado com o objectivo de retractar a vida e obra de Óscar
Bento Ribas.

Tamanha é a importância de Óscar Ribas na recolha da tradição oral angolana. As


literaturas da noite e o narrador oral, exímio na arte de contar estórias à volta das
fogueiras. Tendo conseguido documentar, de forma estética, diversas tradições orais
de Angola, esse escritor se mantém sempre vivo, como marco fundador do sistema
literário angolano.

Óscar Ribas é um etnógrafo-tradutor de tradições da oratura angolana. Sua ação de


documentarista das manifestações populares orais de sua terra e sua arte de sunguilar
o colocam como mediador entre a rica diversidade cultural de Angola e a possibilidade
de esta poder acompanhar modelos de progresso e desenvolvimento advindos de
potências estrangeiras.

O escritor começa a escrever em 1927 e continua até 2004, ocasião de sua morte;
porém, sua visão sempre foi essa, o que, aliás, estava de acordo com grande parte do
pensamento científico de sua época.

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A vida e obra de Óscar Ribas

Óscar Bento Ribas (Luanda, Angola, 17 de Agosto de 1909 — 19 de Junho de 2004) foi
um escritor angolano, foi um homem que soube resgatar, valorizar e promover através
das letras muito do imaginário nacional e das tradições orais.

É filho de pai português, Arnaldo Gonçalves Ribas, natural de Guarda (Portugal), e de


mãe angolana, Maria da Conceição Bento Faria, natural de Luanda. Considerado como
fundador da ficção literária moderna angolana, após António de Assis Júnior, Óscar
Ribas iniciou a sua actividade literária nos tempos de estudante do Liceu. Fez os
estudos primários e secundários em Luanda, tendo passado pelo Seminário-Liceu de
Luanda.

Passou a estudar no Liceu Salvador Correia de Luanda poucos anos após a sua criação,
viria em dois anos a concluir aí o 5º ano.

Em 1923, uma vez concluído o 5º ano, parte para terra natal do seu progenitor,
Guarda, Portugal, em companhia dos pais, onde estuda aritmética comercial. De
regresso a Angola, pelo agravamento de uma doença congénita, retinite pigmentaria
ingressa para o funcionalismo público, trabalhando na fazenda. Apenas trabalhou ali
por cinco anos, em virtude do pai ter sido transferido para Novo Redondo, actual
Sumbe, província do Kwanza Sul. Em 1926, seu pai é novamente transferido para
Benguela. Óscar Ribas acompanha a família para as terras das “acácias rubras”,
integrando-se e participando no meio social benguelense, vivendo e apreendendo a
realidade (cultural) vivida e sentida por suas gentes e culturas. Residiu sucessivamente
nas cidades de Ndalantando e Bié.

Foi em Benguela que aos 22 anos de idade se começaram a manifestar os primeiros


sinais da doença portanto voltou a Portugal, para consultar um especialista, e em
consequência disso, alcançou a cegueira definitiva aos 36 anos de idade. No entanto
nunca deixou de “escrever” os seus livros passando o seu irmão a registar para o papel
aquilo que ele ditava.

Deu os primeiros passos da sua actividade literária em 1927, com a publicação de


“Nuvens que passam” e em 1929, “Resgate de uma falta”. Depois de vinte anos sem
publicar, Óscar Ribas, surpreendeu os seus leitores com o livro “Flores e Espinhos”,
publicado em 1948, o qual, juntamente com dois novos títulos “Uanga”, em 1950 e
“Ecos da Minha Terra”, em 1952. Entretanto, o romance “Uanga” constituiu-se como
um relato da sociedade luandense da época (finais do século XIX), onde se apercebem
os traços caracterizadores do seu folclore, das suas superstições, da sua oralidade, da
sua gastronomia e das suas formas de relacionamento. Denotando uma preocupação
extrema com a pesquisa, conservação e registo das tradições do país, o escritor
debruça-se a temas de literatura oral, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos
de língua Kimbundu. Estas temáticas iriam, então, alicerçar e enformar o conjunto da
sua obra.

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A vida e obra de Óscar Ribas

Em toda a produção literária posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma


propensão pouco comum entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações
posteriores. Revela-se profundamente preocupado com os temas da literatura oral,
filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu.

Destas preocupações resultam a sua bibliografia dos anos 60, nomeadamente:· Ilundo
- Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975); Missosso 3 volumes (1961,1962,1964);
Alimentação regional angolana (1965); Izomba - Associativismo e recreio (1965);·
Sunguilando - Contos tradicionais angolanos (1967, 1989); Kilandukilu - Contos e
instantâneos (1973); as musas Tudo isto aconteceu - Romance autobiográfico (1975);
Cultuando - poesia (1992); Dicionário de Regionalismos angolanos.

Óscar Ribas foi por diversas vezes distinguido com prémios e títulos honoríficos:
Prémio Margaret Wrong (1952), Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1959),
Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1964).

Óscar Ribas também foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, nas
categorias de literatura e investigação em Ciências Sociais e Humanas, outorgado pelo
Ministério da Cultura, em 2000. 

Faleceu a 19 de Junho de 2004, em Cascais (Portugal).

 Legado

Dotado de qualidades inatas de investigador, o seu espírito enciclopédico e a


abrangência da sua obra nos vários campos do saber estão bem patentes na sua
multifacetada obra, a qual constitui um valioso contributo para o conhecimento e
enriquecimento da realidade angolana.

Óscar Ribas é uma das mais ilustres personalidades angolanas, digna de todo o
respeito e admiração pela obra monumental que nos legou e que já há muitos anos
ultrapassou as fronteiras do nosso País, para se projectar em outros espaços
geográficos onde é estudada em várias instituições superiores e universidades. O peso
de seu trabalho nas várias áreas do saber, foi e é fundamental, enquanto um dos
pioneiros no estudo, pesquisa e divulgação das distintas áreas das Ciências Humanas,
Sociais e Literárias angolanas.

Embora tenha vivido até 2004, Ribas teve sua escrita e sua forma de pensar marcadas,
principalmente, pelo contexto histórico da primeira metade do século XX, período em
que o positivismo e o evolucionismo ainda influenciaram muitas visões e conceitos não
só em Angola, mas em outras partes do mundo. Isso explica o fato de que categorias
de conhecimento como “atraso”, “decadência”, “gentes ignaras”, “não civilizados”.

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A vida e obra de Óscar Ribas

Desde cedo, Óscar Ribas se revelou preocupado não só com temas e pesquisas sobre
literatura oral, mas também investigou a filosofia, a filologia e as religiões tradicionais
dos povos kimbundu de Angola. Ficou conhecido por seu trabalho de coleta de contos,
canções, provérbios, adivinhas, rituais religiosos, poesias, etc.

Conto angolano de Óscar Ribas: O Coelho e o Macaco

O Coelho e o Macaco*

Amigo Macaco procurou o amigo Coelho e disse-lhe:

– Vavó Leoa teve filhos! Como ela só está bem a matar vamo-nos oferecer para lhe
criar os filhos. Depois matamo-los à fome, e a ela também.

Amigo Coelho achou bem. Mas quando se apresentaram a avó Leoa quis matá-los.

Aiii, vavó, não nos coma só, somos crianças, a nossa carne não chega para te acabar a
fome! Se queres, vamos-te buscar os maiores, como vavô Pacaça, tio Javali e outros…
Suplicaram ambos.

Avó Leoa aquiesceu.

– E vavó, para eles virem, tens de te fingir morta, envolvida em capim. Alvitrou amigo
Macaco.

Os dois, colocando-se à porta de casa, começaram a tocar uma goma, cantando:

Morreu vavó Leoa,

Livres ficámos!

Morreu vavó Leoa,

Livres ficámos!

A bicharada, ouvindo tal cantiga, tão satisfeita ficou, que até se pôs a dançar dentro do
quarto. Hela! Vavó Leoa morta! Até parecia mentira! E todos, em redor do monte de
capim, dançavam, dançavam, dançavam.

Amigo Coelho e amigo Macaco, já a batucada ia rija, saem e fecham a porta. Avó Leoa
salta do capim, e nhão-nhão-nhão – mata aqui, mata ali, mata a todos eles. Não
satisfeita com o morticínio, vai ter com o amigo Coelho e amigo Macaco, igualmente
para os matar.

– Ai, vavó, não nos mates só, a gente vai-te buscar lenha para assares esta carne toda!
Aiii, não queres? – Propõe amigo Macaco.

Avó Leoa concordou. E os dois foram ao mato. Mas avô Quitassele quis comê-los.

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A vida e obra de Óscar Ribas

– Ai vavô não nos mates só, espera que te trazemos um grandalhão como tu. Somos
crianças, não temos carne para ti. – Rogou o amigo Macaco.

A serpente anuiu.

– Vavó, estávamos para ser comidos por vavô Quitassele. O melhor é ires connosco. –
Informou amigo Macaco.

Avó Leoa foi. Ao chegarem, amigo Macaco avisa avô Quitassele:

– O grandalhão como tu já cá está.

Avô Quitassele sai do esconderijo e mata avó Leoa.

– Vavô em casa tem muita carne. Vamos prepará-la. – Convida amigo Macaco.

Os três vão para casa. Mas amigo Coelho e amigo Macaco carretam lenha.

– Vavô agora é preciso fogo. Vamos nas lavras. – Alvitra amigo Macaco.

As pessoas, vendo a cobra, deitaram a fugir:

– Cobra! Cobra!

Aproveitando a fuga, amigo Macaco aconselha:

– Vavô, acenda já.

A serpente que trazia capim na cauda e cabeça, virou primeiro uma parte, depois a
outra. E avô Quitassele morreu queimado.

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A vida e obra de Óscar Ribas

Conclusão
É da autoria de Amadou Hampâté Bâ a célebre frase: “cada velho africano que morre é
uma biblioteca que se queima”. No caso de Óscar Ribas, embora tenha falecido,
praticamente dois meses antes de completar 95 anos, seus saberes não se queimaram,
graças às suas recolhas. Tendo conseguido documentar etnograficamente e traduzir,
de forma estética, diversas manifestações próprias das literaturas da noite, recolhidas
do imaginário das tradições orais de Angola, esse escritor se manteve, se mantém e se
manterá sempre vivo, como marco fundador e respeitável pilar do sistema literário
angolano.

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A vida e obra de Óscar Ribas

Referências Bibliográficas
Óscar Ribas, artes de singular

Edição Redtep

http://jornaldeangola.sapo.ao/cultura/vida_e_obra_de_oscar_ribas_em_debate_1

https://www.pambazuka.org/pt/arts/portugal-uma-biografia-exemplar-de-
%C3%B3scar-ribas

http://www.ueangola.com/bio-quem/item/839-%C3%B3scar-ribas

http://www.angonoticias.com/Artigos/item/23364/quem-foi-oscar-ribas

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93scar_Bento_Ribas

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