Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Turma : CC11A
11ª Classe
________________________
A professora
A vida e obra de Óscar Ribas
Turma : CC11A
11ª Classe
Introdução
O presente trabalho foi elaborado com o objectivo de retractar a vida e obra de Óscar
Bento Ribas.
O escritor começa a escrever em 1927 e continua até 2004, ocasião de sua morte;
porém, sua visão sempre foi essa, o que, aliás, estava de acordo com grande parte do
pensamento científico de sua época.
Óscar Bento Ribas (Luanda, Angola, 17 de Agosto de 1909 — 19 de Junho de 2004) foi
um escritor angolano, foi um homem que soube resgatar, valorizar e promover através
das letras muito do imaginário nacional e das tradições orais.
Passou a estudar no Liceu Salvador Correia de Luanda poucos anos após a sua criação,
viria em dois anos a concluir aí o 5º ano.
Em 1923, uma vez concluído o 5º ano, parte para terra natal do seu progenitor,
Guarda, Portugal, em companhia dos pais, onde estuda aritmética comercial. De
regresso a Angola, pelo agravamento de uma doença congénita, retinite pigmentaria
ingressa para o funcionalismo público, trabalhando na fazenda. Apenas trabalhou ali
por cinco anos, em virtude do pai ter sido transferido para Novo Redondo, actual
Sumbe, província do Kwanza Sul. Em 1926, seu pai é novamente transferido para
Benguela. Óscar Ribas acompanha a família para as terras das “acácias rubras”,
integrando-se e participando no meio social benguelense, vivendo e apreendendo a
realidade (cultural) vivida e sentida por suas gentes e culturas. Residiu sucessivamente
nas cidades de Ndalantando e Bié.
Destas preocupações resultam a sua bibliografia dos anos 60, nomeadamente:· Ilundo
- Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975); Missosso 3 volumes (1961,1962,1964);
Alimentação regional angolana (1965); Izomba - Associativismo e recreio (1965);·
Sunguilando - Contos tradicionais angolanos (1967, 1989); Kilandukilu - Contos e
instantâneos (1973); as musas Tudo isto aconteceu - Romance autobiográfico (1975);
Cultuando - poesia (1992); Dicionário de Regionalismos angolanos.
Óscar Ribas foi por diversas vezes distinguido com prémios e títulos honoríficos:
Prémio Margaret Wrong (1952), Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1959),
Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1964).
Óscar Ribas também foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, nas
categorias de literatura e investigação em Ciências Sociais e Humanas, outorgado pelo
Ministério da Cultura, em 2000.
Legado
Óscar Ribas é uma das mais ilustres personalidades angolanas, digna de todo o
respeito e admiração pela obra monumental que nos legou e que já há muitos anos
ultrapassou as fronteiras do nosso País, para se projectar em outros espaços
geográficos onde é estudada em várias instituições superiores e universidades. O peso
de seu trabalho nas várias áreas do saber, foi e é fundamental, enquanto um dos
pioneiros no estudo, pesquisa e divulgação das distintas áreas das Ciências Humanas,
Sociais e Literárias angolanas.
Embora tenha vivido até 2004, Ribas teve sua escrita e sua forma de pensar marcadas,
principalmente, pelo contexto histórico da primeira metade do século XX, período em
que o positivismo e o evolucionismo ainda influenciaram muitas visões e conceitos não
só em Angola, mas em outras partes do mundo. Isso explica o fato de que categorias
de conhecimento como “atraso”, “decadência”, “gentes ignaras”, “não civilizados”.
Desde cedo, Óscar Ribas se revelou preocupado não só com temas e pesquisas sobre
literatura oral, mas também investigou a filosofia, a filologia e as religiões tradicionais
dos povos kimbundu de Angola. Ficou conhecido por seu trabalho de coleta de contos,
canções, provérbios, adivinhas, rituais religiosos, poesias, etc.
O Coelho e o Macaco*
– Vavó Leoa teve filhos! Como ela só está bem a matar vamo-nos oferecer para lhe
criar os filhos. Depois matamo-los à fome, e a ela também.
Amigo Coelho achou bem. Mas quando se apresentaram a avó Leoa quis matá-los.
Aiii, vavó, não nos coma só, somos crianças, a nossa carne não chega para te acabar a
fome! Se queres, vamos-te buscar os maiores, como vavô Pacaça, tio Javali e outros…
Suplicaram ambos.
– E vavó, para eles virem, tens de te fingir morta, envolvida em capim. Alvitrou amigo
Macaco.
Livres ficámos!
Livres ficámos!
A bicharada, ouvindo tal cantiga, tão satisfeita ficou, que até se pôs a dançar dentro do
quarto. Hela! Vavó Leoa morta! Até parecia mentira! E todos, em redor do monte de
capim, dançavam, dançavam, dançavam.
Amigo Coelho e amigo Macaco, já a batucada ia rija, saem e fecham a porta. Avó Leoa
salta do capim, e nhão-nhão-nhão – mata aqui, mata ali, mata a todos eles. Não
satisfeita com o morticínio, vai ter com o amigo Coelho e amigo Macaco, igualmente
para os matar.
– Ai, vavó, não nos mates só, a gente vai-te buscar lenha para assares esta carne toda!
Aiii, não queres? – Propõe amigo Macaco.
Avó Leoa concordou. E os dois foram ao mato. Mas avô Quitassele quis comê-los.
– Ai vavô não nos mates só, espera que te trazemos um grandalhão como tu. Somos
crianças, não temos carne para ti. – Rogou o amigo Macaco.
A serpente anuiu.
– Vavó, estávamos para ser comidos por vavô Quitassele. O melhor é ires connosco. –
Informou amigo Macaco.
– Vavô em casa tem muita carne. Vamos prepará-la. – Convida amigo Macaco.
Os três vão para casa. Mas amigo Coelho e amigo Macaco carretam lenha.
– Vavô agora é preciso fogo. Vamos nas lavras. – Alvitra amigo Macaco.
– Cobra! Cobra!
A serpente que trazia capim na cauda e cabeça, virou primeiro uma parte, depois a
outra. E avô Quitassele morreu queimado.
Conclusão
É da autoria de Amadou Hampâté Bâ a célebre frase: “cada velho africano que morre é
uma biblioteca que se queima”. No caso de Óscar Ribas, embora tenha falecido,
praticamente dois meses antes de completar 95 anos, seus saberes não se queimaram,
graças às suas recolhas. Tendo conseguido documentar etnograficamente e traduzir,
de forma estética, diversas manifestações próprias das literaturas da noite, recolhidas
do imaginário das tradições orais de Angola, esse escritor se manteve, se mantém e se
manterá sempre vivo, como marco fundador e respeitável pilar do sistema literário
angolano.
Referências Bibliográficas
Óscar Ribas, artes de singular
Edição Redtep
http://jornaldeangola.sapo.ao/cultura/vida_e_obra_de_oscar_ribas_em_debate_1
https://www.pambazuka.org/pt/arts/portugal-uma-biografia-exemplar-de-
%C3%B3scar-ribas
http://www.ueangola.com/bio-quem/item/839-%C3%B3scar-ribas
http://www.angonoticias.com/Artigos/item/23364/quem-foi-oscar-ribas
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93scar_Bento_Ribas