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Ilustração: máscaras cerimoniais Zulu

JOÃO FLÔRES ALKMIM,


é Professor licenciado em história pela
Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG.

Pós-Graduado em metodologia do ensino


pela Universidade Estadual de Minas Gerais
– UEMG.

Atua na área de Educação, Turismo, Cultura


e Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural.

Ocupou diversos cargos na Administração


Pública, como:

Diretor de Escola da Rede Municipal de


Ensino de Betim-MG, Secretário Adjunto
de Educação de Betim-MG, Coordenador
de Ensino da Secretaria de Estado da
Educação de Minas Gerais, Secretário
de Cultura e Turismo em Santa Luzia-
MG, Coordenador de Políticas Culturais
na Fundação Cultural do Município de
Contagem-MG, Diretor de Políticas
Culturais da Secretaria de Cultura, Esporte
e Juventude de Contagem-MG, Conselheiro
em diversos conselhos de educação,
turismo e patrimônio histórico, artístico e
cultural em Minas Gerais.

Autor do Livro: Gestão Pedagógica – Novo


Paradigma Para a Avaliação. Publicado em
2007.
Raízes do povo brasileiro
Povo Banto e sua contribuição para o Brasil

João Flôres Alkmim


Prefácio

O conteúdo deste trabalho de pesquisa histórica,


possui como eixo norteador, a tentativa de respon-
der as indagações que foram suscitadas ao longo
da trajetória profissional do autor como professor
de história, pesquisador e militante na área do pa-
trimônio histórico, artístico e cultural em Minas
Gerais.

A análise interpretativa sobre as origens do povo


brasileiro, realizada nesta obra, traz em seu esco-
po uma abordagem antropológica e psicossocial
sobre a enorme contribuição dos africanos para a
nossa sociedade. O conjunto axiológico que o povo
Banto alicerçou e sedimentou na formação ética,
cultural, emocional, psicológica e social do povo
brasileiro, forjou as bases da nossa mentalidade
contemporânea.

Nossa visão sobre a trajetória histórica desse povo


e de nosso povo, não fará menção ou tratará dos
aspectos ligados à escravidão, fato este, que já é
bastante trabalhado em outros estudos e que no
nosso entendimento desvirtuaria o nosso objetivo
em salientar a importância dos Bantos em nosso
patrimônio étnico ancestral originário.

As avaliações e verificações históricas, contidas


neste livro, serão circunscritas a temas pouco ou
nunca interpretados por nossa vasta historiografia
e serão trabalhados, sempre, sob o olhar antropo-
lógico, psicológico e social do historiador que assi-
na esta investigação analítica.

Espero que as nossas percepções e conclusões so-


bre os fatos históricos e as configurações culturais
aqui estudadas, sejam relevantes para o conheci-
mento da nossa gênese e singularidade enquanto
nação. Particularmente, as reflexões desenvolvi-
das em relação ao que somos e de como podemos
resgatar uma memória oculta no tempo passado,
mas que se manifesta de forma subjacente em
nossa cultura presente.

João Flôres Alkmim


Autor/Historiador
Introdução

Ao analisarmos todos os aspectos presentes no


estudo da sociedade humana e da sua historici-
dade, fica patente que, na complexa sociedade
do século XXI, não basta a construção de uma
história descritiva baseada na historiografia tra-
dicional, seja ela positivista, marxista ou mesmo
cultural que não consegue abordar e respon-
der aos fenômenos de massa que interferem
diretamente no curso dos acontecimentos do
passado e, especialmente, do presente que é
marcado pela sociedade da informação. Assim,
torna-se premente que se busque uma narrati-
va explicativa para os fenômenos sociais. Esses
fenômenos exigem dos historiadores um olhar
detido sobre o passado e a realidade presente
para dar coerência e sentido à trajetória huma-
na ao longo da história.

Nessa perspectiva, a sociedade brasileira não


pode prescindir de um estudo sobre a formação
étnica e cultural do nosso povo e, sobretudo, da
mescla que essas culturas realizaram em solo
brasileiro. Além disso, entender os legados que
essa interação antropológica nos proporciona
na atualidade e como essa herança interfere di-
retamente na nossa constituição como nação.
Para tanto, é essencial um novo olhar sobre esse
diálogo permanente entre os povos ancestrais
que formaram os brasileiros contemporâneos,
especialmente, o povo Banto.

Essa busca por respostas está intimamente liga-


da à busca das nossas origens e, principalmente,
à identificação cultural que as nações atribuem
às mesclas étnicas e culturais que formam sua
estrutura social e política.

A África é a origem de diversas culturas que for-


maram a humanidade. Praticamente não é pos-
sível se falar em qualquer coisa que seja genuíno
ou universal que tenha sua origem apartada do
continente africano.
A coroação e sagração do Rei do Congo e da Rainha Ginga de
Angola(Nziga Mbandi) expressam nas Guardas de Congado,
encenadas nas festas de Nossa Senhora do Rosário em todo
o país, um fator de resistência do povo Banto em manter em
terras americanas as marcas da sua origem como povo e na-
ção, possibilitando que sua cultura sobrevivesse por gerações,
até chegar ao século XXI.

Ilustração: Rainha Nziga Mbandi ou Dona Ana de Sousa - nome dado após sua
conversão ao cristianismo, interpretação livre do artista.
Na África, desde tempos remotos, todos os siste-
mas de organização política e social estiveram por
lá representados: reinos, impérios e repúblicas,
cujo poder era sempre derivado e advindo dos an-
ciãos, ou seja, os mais velhos e experientes eram
os escolhidos para gerir e governar a sociedade.

Esses governos africanos representavam um le-


que enorme de modelos e de possibilidades, que
transitavam desde as sociedades estratificadas e
escravocratas até sociedades sem classes sociais e
extremamente igualitárias.

Todas as formas de governo das modernas socie-


dades, tanto as antigas quanto as atuais, já esta-
vam previstas e testadas de forma incipiente e/
ou embrionária em terras africanas. Portanto, não
podemos ignorar ou menosprezar as civilizações
africanas. Essas experiências do passado são parte
integrante das discussões políticas e sociais do pre-
sente, pois esses povos experimentaram de forma
concreta modelos de organização social que viven-
ciamos atualmente, e que repercutem até hoje em
nosso imaginário social.
Ilustarção: Máscara Zulu utilizada em dança ritual no Zimbabue
Na grande diversidade cultural e política do amplo
continente africano, encontramos uma constante
cultural que é de grande interesse para o povo bra-
sileiro, pois foi um dos pilares de nossa formação
étnica. Essa constante cultural está expressa no
agrupamento linguístico conhecido como Níger-
Congo, ramo linguístico de onde se origina o povo
Banto, a maior matriz africana que formou a popu-
lação do Brasil e a rica cultura brasileira, presente
em todas as regiões do país: de norte a sul.

Os povos Bantos habitavam a África Ocidental, da


zona compreendida pelas florestas tropicais do
Congo até ao sul, no cabo da Boa Esperança, loca-
lização da atual cidade do Cabo, na África do Sul.

Dessa região, originou-se quase a totalidade dos Knobkerrie

africanos que vieram para Minas Gerais e mais da Bastão com uma bola na
ponta usado para caça e lutas
entre o povo Zulu.
metade dos que vieram para o Brasil nos tempos
coloniais. Muito de nossa cultura e de nossas tra-
dições vieram dessa influência, a qual foi decisiva
para a nossa formação e para a construção de nos-
sa identidade como nação.

Nesse sentido, a população Banto trouxe consigo


uma enormidade de contribuições para a cultura
Bastão de Folia de Reis
de nosso país: desde a dança, passando por todos
Município de Bocaiuva,
distrito de Alto Belo,
os ritmos musicais, para daí culminar na lingua-
Minas Gerais.
gem, na culinária e no próprio artesanato; sem es-
quecer das relações afetivas e sociais que também
foram bastante afetadas. O comportamento dos
brasileiros, originário de qualquer etnia, está, por-
tanto, influenciado por costumes, valores e cren-
ças dos nossos antepassados Bantos.

Os europeus designaram os grupos étnicos africa-


nos como tribos, sendo, no entanto, uma forma
preconceituosa e inconveniente de tratarmos tão
rica cultura com um termo extremamente reducio-
nista que não expressa a real dimensão da pujan-
ça da sua influência em todo o mundo, sobretudo,
nas Américas.

Todavia, a maior qualidade dos Bantos que vieram


para o Brasil foi resistir e legar boa parte de sua va-
lorosa cultura às gerações futuras, passando a ser
um dos elos da construção simbólica do imaginário
popular e erudito do nosso imenso país.

Ilustarção: Máscara de Folia de Reis, em Poços de Caldas, Minas Gerais.


A Arte Escultórica do Povo Banto

A arte africana, apesar de sua variedade depen-


dendo de qual cultura pertença, de modo geral,
possui características holísticas ligadas aos costu-
mes e à funcionalidade do cotidiano. Esta arte, por
suas características, extrapola em muito um lugar
simplesmente de representação, mas sim, adquire
um caráter de formação imagética e de estrutura-
ção das relações sociais, como também percebe-
mos no Brasil. A arte africana constitui uma simbo-
logia da vida e da existência nos planos da matéria,
do concreto. Entretanto, foca todo a sua profusão
holística na incorporação do mundo espiritual e
imaginário na vida cotidiana e real das pessoas.

A arte africana aborda sempre a figura humana,


com todos os seus dilemas étnicos, morais e reli-
giosos. A arte desses povos são, a bem da verda-
de, representações da vida humana no mundo real
e também no mundo dos espíritos, o qual integra
e é parte importante da realidade vivida, ou seja,
eles não fazem distinção entre o real e o simbóli-
co, para eles tudo faz parte de uma mesma e única
realidade.

As máscaras são um capítulo a parte dessa arte,


pois trazem consigo aspectos místicos e religiosos
que causam transformações na relação desses po-
vos com a sua própria realidade, e que funcionam
como uma espécie de transe mediúnico: fazendo
com que todos experimentem um tipo de situação
que é então considerada como mágica, que habita
tanto o mundo real quanto o mundo dos espíritos.

A arte do povo Banto não foge desses atributos e


foi de grande influência na cultura popular brasilei-
ra, especialmente no artesanato do Nordeste bra-
sileiro, e no caso de Minas Gerais, do artesanato do
Vale do Jequitinhonha.

Nessa mesma linha, as referidas máscaras foram,


portanto, absorvidas por nossa cultura e que estão
presentes, até os dias atuais, nas festas religiosas e
populares que fazem parte desse nosso contexto e
de toda essa nossa identidade sócio-histórico-cul-
tural, a exemplo: do Carnaval, das festividades de
Reis e de Congados, dos maracatus e da religião do
Candomblé.

As máscaras e suas representações simbólicas são


muito fortes no Brasil, no seu aspecto de transmu-
tação dentro das diversas realidades, como ocor-
re no carnaval em que as pessoas assumem novas
personalidades e se transformam em personagens
míticos como bruxas, reis, piratas e etc... ou como
celebridades do momento como artistas e políti-
cos.

Dessa mesma forma, o povo Banto fazia em Áfri-


ca nas suas festividades religiosas e culturais, as
representações do imaginário, do fantástico e do
real, em que se misturavam em um mesmo pro-
cesso ou atividade, realidade e fantasia de forma
harmônica. Assim, o fantástico, o imaginário e o
real se estruturavam igualmente no mesmo pla-
no de realidade, sendo tudo possível e, as vezes,
a realidade e suas diversas dimensões, se transfor-
mavam em uma perspectiva sincrética do real, ou
seja, a fantasia falava mais alto. Essa forma de agir
e pensar é muito forte no Brasil do século XXI, e
demonstra um vínculo muito forte da racionalida-
de popular brasileira com a racionalidade do povo
Banto, demonstrando como essa visão de mundo
marca a moralidade coletiva de nosso povo.

A estatueta “O Pensador” é considerada a joia da cultura angolana, também conhecida na


etnia Côkwe como “Samanhonga”, ganhou o estatuto de símbolo nacional em 1984.
Hoje é reproduzida e encontrada em vários tamanhos e de diferentes materiais.
A Religião Banto

A religiosidade do povo Banto se baseava no ani-


mismo, ou seja, na crença em espíritos de diversas
naturezas, já que o animismo advém de anima que
significa alma em latim. O animismo é um princípio
de correntes doutrinárias da filosofia que afirmam
e tratam a alma como o sustentáculo de todas as
coisas, ou seja, a existência de qualquer organismo
está vinculado a existência de uma alma corres-
pondente que lhe dê objetivos na vida. Nas cate-
gorias antropológicas o animismo está relacionado
aos primeiros estágios de evolução da religiosida-
de humana, em que todas as coisas possuem uma
alma e um propósito no mundo. Seja na concepção
filosófica ou antropológica, o animismo traça uma
relação mítica e mistica com a realidade imposta
a todos os seres, em especial, aos seres humanos.

O animismo é a crença em vários espíritos que atu-


am na terra junto com os homens. Os Bantos não
separavam a realidade concreta do mundo irreal
dos espíritos. Para eles os homens e os espíritos
habitavam concomitantemente o mesmo plano
físico, a mesma realidade.

Nesse sistema de crenças, os homens e os espíri-


tos agem, mutuamente, na construção do mundo
à nossa volta. Eles são parceiros nas atividades co-
tidianas e na vida em sociedade.

Os Bantos acreditavam que a realidade era com-


posta por uma Pirâmide Vital que unia o mundo
visível ao mundo invisível e dessa união surgia a
nossa realidade cotidiana.

Nessa concepção de existência havia uma ordem


hierárquica que dava equilíbrio ao mundo e ao uni-
verso. Esse ordenamento era construído em dois
planos distintos, baseados por definição de impor-
tância e de organização. Em primeiro plano encon-
tram-se as divindades, os patriarcas, os espíritos
da natureza e os ancestrais. Em segundo plano
encontram-se os reis, a tribo, o clã, a família, os xa-
mãs, os anciãos, a comunidade, o ser humano, os
animais, os vegetais, os minerais, os fenômenos natu-
rais e as estrelas.

Esse mundo físico/etéreo, segundo os Bantos, é regi-


do por um ser supremo que ordena todo esse universo
e que dependendo do local de proveniência do indi-
víduo Banto – no caso de ele ser originário do Gabão,
do Congo ou de Angola - ele era então chamado de
Kalunga, Zambi, Lessa ou Mvidie.

No Brasil colonial, particularmente em Minas Gerais,


os Bantos foram os responsáveis por introduzir o
Calundu, uma espécie de crença religiosa em que se
acreditava que os espíritos da natureza eram os res-
ponsáveis por produzir as doenças que assolavam
boa parte da população. Para a cultura Banto, essas
doenças – moléstias e malefícios de toda ordem – só
poderiam ser expulsos do corpo através da evocação
de outros espíritos, que serviriam de antídoto contra
todos aqueles males provenientes da alma.

O Calundu, entendida como moléstia que atacava a


todos da Colônia, foi extremamente difundido entre
os Bantos e os colonizadores europeus que aportaram
aqui no Brasil, de tal forma que chamou a atenção,
inclusive, das autoridades eclesiásticas daquele perí-
odo histórico. Como ilustração, podemos então citar
alguns casos que foram parar no Santo Ofício (Inqui-
sição), ocorridas principalmente em Lisboa, capital do
Império Português, as quais foram bastante significa-
tivas e emblemáticas a esse respeito. Casos que che-
garam até nossos dias por intermédio dos arquivos do
Santo Ofício, preservados na Torre do Tombo em Por-
tugal, e que dá uma dimensão dessa influência no Bra-
Zambi, Zâmbi, Zambiapungo, Zambiapongo, Zambiampun-
go, Zambiapombo, Zambiapongo, Zambiapunga, Zambium- sil Colônia. Foram investigados por prática do Calundu
pungo, Zambiupongo, Zamiapombo, Zamunipongo ou Zamu-
ripongo (do quimbundo ou quicongo Nzambi mpongo ou em terras coloniais: Luíza Pinta (escrava) em Sabará
mpungu, lit. “Deus Supremo”), é o deus supremo no candom-
blé bantu, equivalente ao deus Olorum do candomblé Queto - Minas Gerais, Ângela Vieira (parda livre) e Branca (es-
e sincretizado com o Senhor do Bonfim. Não possui culto a
Zambi, mas somente a seus intermediários, os inquices. Por crava) em Salvador -Bahia. O Calundu era uma prática
vezes é associado a Calunga.
religiosa disseminada entre negros, pardos e brancos
Seu nome originalmente era o título do monarca do Reino de
Loango, com sentido de “senhor do mundo”, mas no século da colônia do Brasil no século XVIII e, ao longo do tem-
XV, com a chegada dos portugueses, o termo também foi uti-
lizado para designar o rei de Portugal. Desde então, passou po, foi sendo incorporado à cultura popular brasileira
a designar “ser vivo” e só depois “Deus Supremo”, provavel-
mente sob influência da cristianização do Congo, segundo W. dos séculos seguintes, sob outras formas de manifes-
G. L. Randles.
Fonte: http: pt.wikipedia.org/wiki/Zambi tação religiosa e cultural.
O Calundu, segundo algumas especulações, poderia ser o ancestral do que era e ainda é muito co-
mum no interior do Brasil que são as Bênçãos contra mau-olhado, o quebranto contra os maus súbitos
e por aí afora. Sendo as rezadeiras e benzedeiras, das localidades as mais distantes, as responsáveis
pela cura e por impedir (utilizando-se de suas ervas e de suas mandingas) que as crianças e as pessoas,
principalmente aquelas mais fragilizadas, viessem a adoecer e que, portanto, sofressem sob a influ-
ência dos maus espíritos.

O Candomblé e a Umbanda - que é uma derivação do candomblé com elementos do catolicismo e do


espiritismo Kardecista - são duas religiões afro-brasileiras que se misturaram a elementos da cultura
e da religião Banto, além de agregar outros elementos da cultura e da religião Iorubá, todas elas de
matriz africana. Entretanto, a base do credo do Candomblé/Umbanda está, portanto, estruturada no
que diz respeito a uma fé animista – que está sob a tutela e a orientação de uma entidade, um ser su-
premo –, e com elas duas vinculadas aos ritos e cultos Bantos. E com tudo isso, sendo, portanto, incor-
porado, de modo sincrético e como sustentáculo teológico, aos demais elementos de outras culturas
religiosas – tanto de origem africanas quanto europeias e indígenas. Em outras palavras, é a cultura
Banto que é o alicerce e o esteio sobre a qual está assentada boa parte de nossa devoção a essas duas
práticas religiosas, sem falar de outras questões relacionadas ao universo cultural brasileiro, como:
acreditar em diversas crenças religiosas ao mesmo tempo ou construir atividades racionais e apelar
para o misticismo para vê-las concretizadas.

Todo esse conjunto de crenças animistas dos Bantos, trazidas para as Américas e para o Brasil, atuou
como terreno fértil para a consolidação de uma forma de ver e perceber o mundo que influenciou
intelectual e artisticamente vários países Ibero-americanos. Essa influência criou as bases nas quais
se alicerçaram as obras literárias do realismo mágico ou realismo fantástico, mas que atualmente é
caracterizado como realismo animista, em uma clara recuperação da sua origem ancestral africana.

O que é chamado de realismo mágico, nada mais é, que a transposição dos valores religiosos da
cultura Banto para o universo psicológico e existencial da arte e da intelectualidade contemporânea,
calcada nos valores da cultura popular brasileira, herdeira direta do modo de ser e estar no mundo dos
povos Bantos.

Como esse povo é uma das nossas principais matrizes genéticas e culturais, seu legado exerce profun-
da intervenção e, consequente, formação, do que somos enquanto cultura. É importante destacar que
o movimento artístico, intelectual e cultural conhecido internacionalmente como realismo fantástico
só ocorreu em países que tiveram forte influência étnico/cultural Banto na América Latina - berço
desta manifestação artística – Colômbia (Cartagena, terra de Gabriel Garcia Marques, ícone da litera-
tura e do realismo fantástico latino-americano) e Brasil (com representação vasta em sua literatura,
cinema, teledramaturgia e música popular. O realismo mágico está presente, de forma difusa, em
nossa cultura através de nomes como: Murilo Rubião, José J. Veiga, Dias Gomes, Aguinaldo Silva, Jor-
ge Amado, Érico Veríssimo, Zé Ramalho, Chico César, Grupo Secos e Molhados entre tantos outros).

A extraordinária obra de João Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas, também é influenciada por
essa raiz religiosa Banto. A estrutura semiótica do livro flerta de forma subliminar com essa percepção
de mundo muito própria de nossos ancestrais. O universo rosiano, estabelece um diálogo com essa
estrutura mental do povo Banto em sua principal obra literária.
O eixo da narrativa e o desenrolar do enredo, nesse clássico de nossa literatura, estão vinculados à
relação da personagem principal do livro - Riobaldo - com as forças sobrenaturais que determinam
o seu poder para comandar e conduzir sua trajetória como chefe de jagunços no sertão, apoiado nas
diretrizes do mundo metafísico para cumprir seus desígnios no mundo real.

A obra-prima de Guimarães Rosa é toda estruturada na mentalidade do sertanejo do interior de Minas


Gerais, Goiás e Bahia, que nas pesquisas recentes sobre a influência religiosa dos Bantos na América
portuguesa do século XVIII, aparecem como consolidadores do sincretismo religioso travado no in-
terior do Brasil entre o calundu (africano) e o catolicismo (europeu). Esse sincretismo construiu uma
visão muito peculiar de mundo no imaginário dos habitantes dessa região. Dessa forma, nossa litera-
tura tradicional regional (Grande Sertão Veredas), que representa simbolicamente o Brasil profundo,
é homologadora da religiosidade Banto que está inserida de forma latente na religiosidade sertaneja.

O realismo fantástico e parte de nossa literatura regional, como manifestação artística e simbólica,
jamais surgiria em países como: Alemanha e Inglaterra. Esses países, possuem bases antropológicas
apartadas do animismo e focadas no racionalismo e na técnica, que os impedem de fazer este tipo de
construção mental. No Brasil, ao contrário, estamos totalmente impregnados por essa visão de mun-
do na nossa formação religiosa e cultural; sendo um componente imprescindível para a estrutura de
nossa sociedade, beneficiária da organização mental do povo Banto nas Américas.

Existem estudos que classificam Franz kafka e Edgar Allan Poe, entre outros autores, como produtores
do realismo mágico na literatura mundial. Entretanto, esses autores, tratam do absurdo e do surreal,
mais ligado ao universo onírico e psíquico, que a destituição da realidade através do universo mágico
dos espíritos trazida para a realidade cotidiana dos viventes. Essas características, de confundir o real
e o espiritual como uma coisa só e natural, são próprias da religiosidade Banto, que se consolidou na
América Latina e deu sustentáculo as manifestações artísticas que beberam no imaginário popular
desses povos e da sua ancestralidade Banto.

O Realismo Mágico latino-americano e, especialmente o brasileiro, é representante direto da visão de


mundo do povo Banto e de sua espiritualidade subjacente que de forma difusa e disseminada, apor-
tou e projetou no imaginário e na formação da psicologia social do nosso povo e na consolidação de
sua estrutura cultural, suas raízes ancestrais.

Essa representação imagética basilar da nossa cultura está relacionada diretamente com o nosso coti-
diano, sendo aceito, incorporado e intelectivo em todos os extratos sociais que compõem o espectro
da sociedade brasileira, permeando valores e mentalidades que espelham o nosso cerne psicossocial,
formado por componentes psíquicos, religiosos e culturais do povo Banto.
O legado linguístico do povo Banto
para o português falado no Brasil
A maior contribuição dos Bantos para a cultura
brasileira é certamente no campo da linguística. O
idioma português – falado pelo brasileiro – é cau-
datário de todo esse universo vocabular e semio-
lógico relacionado ao povo Banto. Tendo influen-
ciado, por meio do seu linguajar e de sua cultura,
toda a nossa forma de sentir, de pensar e de nos re-
lacionarmos. E é dessa relação, com as outras cul-
turas, que o povo brasileiro se constitui enquanto
um modelo de sociedade baseado em uma postura
multiétnica e em aspectos da pura miscigenação.

Para exemplificar como os sentimentos se vincu-


lam às palavras, vamos analisar a expressão xingar,
do dialeto quimbundo originário de Angola. Esse
vocábulo é, em termos de sentimento, completa-
mente diferente do seu correspondente no por-
tuguês originário que significa destratar. Porém,
xingar possui um leque maior de significados de-
pendendo do contexto em que ele é empregado,
ou seja, xingar pode ter uma conotação branda de
reprimenda ou que até mesmo venha a ter uma co-
notação que esteja agora ligada à ideia de injúria,

Calango
que é algo muito mais grave. As palavras são um
componente fundamental do jeito de ser e estar
no mundo e, assim, elas integram o aparato emo-
cional e psicológico das pessoas que as utilizam.

A contribuição linguística do povo Banto para o


Brasil é tão significativa que podemos afirmar que
muito do comportamento do brasileiro atual está
impregnado do modo de ser e estar dos Bantos an-
tigos, que foram trazidos para o Brasil como escra-
vos. São palavras de origem Banto, as quais estão
incorporadas e que compõem o nosso extenso re-
pertório, as expressões relacionadas a seguir:

Bagunça, berimbau, bunda, batuque, cachimbo,


cacimba, caçula, cachaça, cacunda, cafuné, ca-
lango, camundongo, canjica, capanga, carimbo,
caxinguelê, cochilar, curinga, dendê, dengo, fa-
rofa, fubá, jiló, lambada, lambança, lenga-lenga,
macumba, marimbondo, maxixe, mocambo, mo-
lambo, moleque, moqueca, muamba, mucama,
munguzá, murundu, muxiba, mandinga, quenga,
quilombo, quimbanda, quitanda, quitute, samba,
senzala, tanga, tutu, umbanda, xingar entre outros
que habitam nosso imaginário e forma de pensar
e agir.

No Estado de Minas Gerais, nas cidades de Patro-


cínio e Bom Despacho, sobrevive, ainda hoje, duas
línguas de origem Banto falada nas áreas rurais.
Na primeira se fala o Calunga que é uma mistura
dos dialetos Bantos, incorporados e adaptados
nos tempos coloniais. Já, em Bom Despacho, se
fala uma gíria intitulada de Tabatinga, que mistu-
ra elementos banto, português e alguma coisa do
idioma tupi.

O Brasil é um herdeiro direto de todo esse proces-


so de fusão linguística e cultural que nos formou
e que possui uma enorme contribuição do povo
Banto na construção dos seus valores, crenças e,
sobretudo, na mentalidade do povo brasileiro que
transita, com muito vigor, no legado linguístico
e cultural que o povo Banto trouxe, incorporou e
transmitiu por gerações até chegar ao século XXI.

A linguagem é um dos principais componentes que


configura a cultura dos povos, uma vez que ela nos
dá a consciência e a compreensão do mundo e pro-
jeta expectativas sobre a realidade que está à nos-
sa volta, criando os valores que formam a socieda-
de. Assim, as contribuições das línguas Banto para
o português falado no Brasil, foram essenciais para
a construção cultural, moral e ética dos brasileiros.

Berimbau
A música popular brasileira
e o povo Banto
A nossa sensacional sensibilidade musical está
associada às nossas origens africanas e, especial-
mente, aos Bantos que colaboraram e muito com
esse nosso swing e esse nosso estilo e cadência na
hora de compor melodias.

Faz parte dessa grande herança musical a arte


marcial da capoeira e seu arranjo musical, ritma-
do pelo berimbau; sem falar das festas folclóricas
procedentes do congado, para daí perpassar quase
todos os ritmos musicais da MPB (música popular
brasileira).

Todos os grandes ritmos musicais do Brasil, a


exemplo do Samba, Bossa Nova, Coco, Maracatu,
são, portanto, influenciados por toda essa toada
rítmica oriunda da percussão e da musicalidade
introduzidas no Brasil pelo povo Banto, e da qual
todos nós brasileiros somos herdeiros.

OLODUM

A cultura percussiva do Olodum, instituição sem fins lucrativos e de utilidade pública, fundada em 25 de abril de 1979, agrega expressões de
vida e tradições, cultivando um senso de continuidade dos valores socioculturais africanos. Ao mesmo tempo, transmite conhecimento e gera
um sentimento de identidade, promovendo respeito a diversidade cultural e e singularidade humana.

Ao longo de seus 40 anos de história, muitas pessoas foram e serão atraídas pela sonoridade musical do Olodum. O grupo carrega uma mani-
festação cultural em sua raiz que extrapola a música e e engloba atividades que alcançam a pluralidade e fortalecem a cultura-afro.

As canções de protestos do Olodum combatem a discriminação racial, estimulam a elevação da autoestima afrodescendente e defendem a
luta para assegurar a os direitos civis e humanos. A música percussiva e a responsabilidade social são marcas do Grupo, uma referência de
credibilidade para a sociedade baiana e de grande importância para a construção e manutenção de sua identidade.

O Olodum é reconhecido, no Brasil e no mundo, como uma Organização Cultural que fomenta a arte, através do conhecimento e da música.
Seu programa cultural, já conhecido e enraizado na sociedade, abre espaço para o crescimento, a preservação da cultura e o bem-estar da
comunidade afro-brasileira. Cada uma das atividades desenvolvidas possui uma singularidade e trabalho diferenciado, que contribui com um
universo de ações agregando resultados positivos e construindo um legado cultural único para o país, sempre com a mesma transparência e
ética.
Fonte: http:olodum.com.br
A gastronomia brasileira e
o povo Banto
No Brasil muitas das comidas típicas, presentes no
nosso cotidiano, foram trazidas para cá pelos Ban-
tos, durante todo o período colonial. Alimentos
difundidos por todo o nosso território, como: jiló,
melancia, maxixe, quiabo, feijão-fradinho, azeite
de dendê e a galinha d’angola, foram, por sua vez,
introduzidos, assimilados e incorporados à nossa
tradição gastronômica pelos Bantos, que acres-
centaram sabor e sofisticação à nossa culinária.

A chamada comida mineira é uma das que mais in-


corporaram elementos da riquíssima e elaborada
cozinha Banto, traduzindo sabores e percepções
de um mundo transatlântico que se tornou parte
da nossa realidade, em termos de costumes e de
práticas ligadas a difícil arte de cozinhar. Alguns
exemplos dessa gastronomia são: frango com
quiabo, tutu de feijão, fígado com jiló, costelinha
com angu e couve, entre tantos outros pratos que
formam essa rica engenharia culinária que deu sa-
bor, charme e sofisticação à nossa gastronomia.
FRANGO COM QUIABO MINEIRO
INGREDIENTES MODO DE PREPARO PREPARANDO O FRANGO:

1 quilo de quiabo Tempere o frango com o alho amassados, sal, pimenta e colorau. Em uma panela, aqueça duas colheres (sopa) de óleo e doure muito
bem a cebola, como se estivesse queimando (isso fará com que solte um
1 frango inteiro, cortado em pedaços Se desejar, acrescente uma colher (sopa) de vinagre. corante natural no frango).

5 dentes de alho amassados Deixe marinar na geladeira por aproximadamente, 30 minutos. Junte o frango e deixe -o fritar muito bem.

1 cebola grande bem pitadinha PREPARANDO O QUIABO:


Quando estiver bastante dourado, junte três xícaras de água fervente, ou
1 xícara (chá) de óleo lave o quiabo e seque com um pano, deixando-o bem sequinho. um tanto que quase cubra o frango.

1 colher (sobremesa) de colorau Pique em rodelinhas finas. Corrija o sal, se necessário, e deixe cozinhar em fogo médio, com a pa-
nela semi-tampada por mais ou menos 20 minutos, ou até que o frango
pimenta a gosto Em uma panela, aqueça uma xícara de óleo. esteja bem macio.

sal a gosto Acrescente o quiabo picado e deixe refogar até que não tenha mais Junte o quiabo reservado e deixe apurar até que fique encorpado.
nenhuma baba. tenha paciência, porque a baba sai! este processo leva
cheiro verde a gosto cerca de 20 minutos. Se estiver com muito caldo, aumente o fogo e deixe secar um pouco
mais.
Mexa de vez em quando, com cuidado para o quiabo não desmanchar.
Verifique se está bom de sal.
Quando estiver sem baba, desligue o fogo, espere amornar e coe, para
retirar o óleo. Por último, junte o cheiro-verde.

Reserve somente o quiabo. Sirva com arroz e feijão fresquinhos e angu (ou polenta sem molho).
O povo Banto e o povo Brasileiro

Não podemos falar de povo Brasileiro, sem falar


de povo Banto. Por tudo que foi anteriormente re-
latado, fica evidente que grande parte do que so-
mos como cultura, nação e civilização, contou, em
grande medida, com a enorme contribuição des-
se povo, que veio inicialmente escravizado para o
Brasil, mas que com sua sabedoria, perspicácia e
resiliência se transformou em uma matriz do nosso
DNA, da nossa cultura e da nossa estrutura psíqui-
ca, sensível e emocional. Nós brasileiros somos um
pouco do povo Banto, e o povo Banto é um pouco
do povo Brasileiro.
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OLISTER BARBOSA,
Artista plástico formado pela ESCOLA DE DESIGN -
UEMG, graduado em Licenciatura Plena em Desenho
e Plástica no ano de 2002.

Especialista em Tecnologias da Informação e


Comunicação na Educação Básica pela Universidade
Federal de Juiz de Fora - UFJF.

Professor de arte na Rede Municipal da Prefeitura de


Contagem, desde o ano de 2006.

Integra a equipe curadora do Departamento de Artes


Visuais da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude
do Município de Contagem desde 2010.

Atua como designer gráfico na produção identidade


visual, projetos gráficos de materiais de divulgação e
publicações virtuais e impressas.
Raízes do povo brasileiro é uma obra aguardada por vários estudan-
tes e pesquisadores da formação da nação brasileira, pois a biblio-
grafia relacionada a este assunto, embora seja de grande relevância
não tem vasta oferta.

A matriz africana que contribuiu de forma expressiva para a com-


posição de nossa memória histórica e também para o desenvolvi-
mento da cultura nacional é abordada de forma leve e inovadora,
fazendo conexões não exploradas por outras obras e possibilitando
a identificação imediata de muitas influências presentes nas festas,
nos costumes e até mesmo na nossa língua escrita e falada.

A compreensão das características de cada nação africana e suas


contribuições para a formação da sociedade brasileira é uma neces-
sidade fundamental de nossa população. A obra proporciona reco-
nhecer a enorme contribuição dos africanos, principalmente, o le-
gado do povo Banto em relação a formação étnica, cultural, afetiva
e psicossocial da nação brasileira, dando ao leitor vários subsídios
para novas pesquisas sobre este assunto.

Os temas abordados em nossa reflexão, são significativos e relevan-


tes para a compreensão daatualidade e das relações que são coti-
dianamente travadas no interior da estrutura social e cultural dos
brasileiros.

Este livro é destinado ao público em geral, mas atende especialmen-


te aos estudantes do ensino médio e superior.

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