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SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

MONITORAMENTO
DOS PROGRAMAS
E DOCUMENTOS
DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO
SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

MONITORAMENTO
DOS PROGRAMAS
E DOCUMENTOS
DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Robson Braga de Andrade
Presidente do Conselho Nacional

SENAI – Departamento Nacional


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor Adjunto de Educação e Tecnologia

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE SEGURANÇA DO TRABALHO

MONITORAMENTO
DOS PROGRAMAS
E DOCUMENTOS DE
SAÚDE E SEGURANÇA
DO TRABALHO
© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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Esta publicação foi elaborada pela equipe da Gerência de Educação e Tecnologia do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada
por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação e Tecnologia – GEDUT

FICHA CATALOGRÁFICA
S491m

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Monitoramento dos programas e documentos de saúde e segurança do
trabalho / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional,
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa
Catarina. – [rev.]. Brasília : SENAI/DN, 2017.
181 p. : il. ; (Série Segurança do Trabalho)

Inclui bibliografia e índice


ISBN 978-855054842-5

1. Segurança do trabalho. 2. Segurança do trabalho - Legislação. 3. Higiene


do trabalho. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento
Regional de Santa Catarina II. Título III. Série.

CDU: 614.8

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Orientações de segurança no trabalho contidas nos programas de segurança, seguindo
as exigências das NR’s.................................................................................................................................18
Figura 2 -  Documentação...............................................................................................................................................21
Figura 3 -  Capa do livro do PPR da Fundacentro...................................................................................................23
Figura 4 -  Técnica de segurança do trabalho verificando o cumprimento das normas de
segurança.........................................................................................................................................................26
Figura 5 -  Avaliação dos trabalhos em minas.........................................................................................................28
Figura 6 -  Processamento de aves...............................................................................................................................29
Figura 7 -  Verificação dos documentos da empilhadeira...................................................................................40
Figura 8 -  Gráfico de linhas............................................................................................................................................44
Figura 9 -  Contrato............................................................................................................................................................51
Figura 10 -  Guarda de documentos............................................................................................................................56
Figura 11 -  Exemplo de arquivo ativo........................................................................................................................59
Figura 12 -  Documentos guardados e gerenciados em meio eletrônico.....................................................60
Figura 13 -  Rastreamento de encomenda................................................................................................................61
Figura 14 -  Ficha médica ocupacional.......................................................................................................................69
Figura 15 -  Modelo de Atestado de Saúde Ocupacional - ASO........................................................................71
Figura 16 -  Quadro III da NR 7 relatório anual do PCMSO..................................................................................73
Figura 17 -  Modelo de formulário para identificação de riscos ambientais................................................74
Figura 18 -  Parcial do quadro I da NR 7 – parâmetros para controle biológico da exposição
ocupacional a agentes alguns químicos...............................................................................................75
Figura 19 -  Trabalhador fazendo uso de serra com geração de poeira........................................................78
Figura 20 -  Trabalhador reconhecendo seu protetor auricular........................................................................82
Figura 21 -  Realização de audiometria......................................................................................................................85
Figura 22 -  Acidente com produtos químicos perigosos....................................................................................89
Figura 23 -  Guilhotina para corte de papel..............................................................................................................99
Figura 24 -  Ambiente de trabalho sem proteção da saúde do trabalhador............................................. 128
Figura 25 -  Trabalho de inclusão social.................................................................................................................. 129
Figura 26 -  Aspectos da qualidade de vida........................................................................................................... 130
Figura 27 -  Cuidados com a saúde........................................................................................................................... 132
Figura 28 -  Aspectos da manutenção da saúde.................................................................................................. 133
Figura 29 -  Ginástica laboral....................................................................................................................................... 135
Figura 30 -  Alcoolismo.................................................................................................................................................. 136
Figura 31 -  Tabagismo.................................................................................................................................................. 137
Figura 32 -  Vigilância em saúde do trabalhador................................................................................................. 140
Figura 33 -  Fiscalização do trabalho........................................................................................................................ 142
Figura 34 -  Participação na PNSTT........................................................................................................................... 145
Figura 35 -  Condições de trabalho........................................................................................................................... 147
Figura 36 -  Trabalhador com lesão por esforço repetitivo.............................................................................. 151
Figura 37 -  Doença relacionada ao trabalho - dermatite................................................................................. 155
Figura 38 -  Trabalhador em contato com amianto causador da asbestose.............................................. 156
Figura 39 -  Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho.................................................. 161
Figura 40 -  Trabalhador cansado de suas atividades no trabalho................................................................ 166
Figura 41 -  Avaliação médica do trabalhador...................................................................................................... 172
Figura 42 -  Trabalhador com dores abdominais devido a problemas digestivos................................... 175
Figura 43 -  Trabalhador com dor no ombro......................................................................................................... 177

Quadro 1 - Modelo de registro de treinamento......................................................................................................42


Quadro 2 - Modelo de relatório de inspeção de segurança do trabalho.......................................................47
Quadro 3 - Modelo de relatório de auditoria...........................................................................................................48
Quadro 4 - Modelo de relatório de acidente e incidente.....................................................................................49
Quadro 5 - Modelo de catálogo....................................................................................................................................63
Quadro 6 - Classificação das doenças segundo sua relação com o trabalho conforme Schilling..... 157
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Legislação, normas e procedimentos de Saúde e Segurança do Trabalho................................................17


2.1 Legislação aplicada ao monitoramento dos programas e documentos de Saúde e
Segurança do Trabalho..............................................................................................................................18
2.2 Responsabilidades civil e criminal.........................................................................................................30

3 Gestão de documentos................................................................................................................................................37
3.1 Tipos de documentos.................................................................................................................................39
3.1.1 Registros........................................................................................................................................40
3.1.2 Relatórios......................................................................................................................................42
3.1.3 Formulários..................................................................................................................................50
3.1.4 Contratos......................................................................................................................................51
3.1.5 Laudos técnicos..........................................................................................................................52
3.1.6 Documentos de uso interno do setor de segurança do trabalho............................53
3.1.7 Documentos de consulta pública........................................................................................53
3.1.8 Documentos de consulta dos fiscais e juristas................................................................54
3.1.9 Documentos de manutenção e controle..........................................................................54
3.1.10 Documento de divulgação aos colaboradores.............................................................55
3.2 Organização de documentos...................................................................................................................55
3.3 Rastreabilidade.............................................................................................................................................60
3.4 Requisitos legais...........................................................................................................................................63

4 Gerenciamento dos programas de saúde e segurança exigidos pela legislação....................................67


4.1 Gerenciamento dos programas de saúde e segurança..................................................................68
4.1.1 PCMSO- Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional.................................69
4.1.2 PPRA- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais..................................................77
4.1.3 PCA- Programa de Conservação Auditiva.........................................................................83
4.1.4 PPR- Programa de Proteção Respiratória..........................................................................85
4.1.5 PCMAT- Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho..............................89
4.1.6 PPEOB- Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno............91
4.1.7 PGR- Programa de Gerenciamento de Risco....................................................................93
4.1.8 LTCAT- Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho..................................95
4.1.9 PPRPS- Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares.........................97

5 Gerenciamento da saúde do trabalhador........................................................................................................... 127


5.1 Saúde do trabalhador.............................................................................................................................. 128
5.2 Programas relacionados à saúde do trabalhador.......................................................................... 131
5.3 Sistema Único de Saúde (SUS) - Política nacional de saúde do trabalhador....................... 138
5.4 Vigilância em saúde do trabalhor........................................................................................................ 148
5.4.1 Classificação internacional de doenças e listas de doenças relacionadas
ao trabalho ............................................................................................................................... 152
5.4.2 Doenças relacionadas ao trabalho................................................................................... 158

Referências

Minicurrículo dos autores

Índice
Introdução

Prezado aluno!
Os programas de saúde e segurança visam à preservação da saúde e da integridade física
e moral dos trabalhadores. Eles são de extrema importância para verificar o desempenho das
medidas de controle de riscos e do cronograma de ações de segurança que está contemplado
em cada um deles.
A empresa que faz a implantação de um programa de saúde e segurança deve entender
que é preciso muito mais que fazer cumprir uma determinação legal! É preciso olhar para cada
atividade de trabalho e verificar se o trabalhador tem condições de realizar as atividades desig-
nadas para ele, se é realmente seguro e se o local de trabalho é sadio.
Para que os programas de saúde e segurança possam ser implantados e gerenciados, é pre-
ciso que os profissionais envolvidos na implantação, no desenvolvimento e no monitoramento
das ações de segurança sejam capazes de reconhecer a legislação, as normas e notas técnicas
aplicáveis ao ambiente laboral e ao ramo de atuação e/ou às atividade da empresa, correlacio-
nar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas ao ambiente laboral, monitorar a
execução dos planos de ação gerados em função dos programas, auditorias e documentos e
inspeções técnicas referentes a saúde e segurança do trabalho, avaliar a necessidade de alte-
ração e/ou complementação das diretrizes de segurança do trabalho estabelecidas nos proce-
dimentos operacionais e de emergência, efetuar o registro de dados e informações referentes
à gestão de saúde, segurança e meio ambiente do trabalho, com base no monitoramento rea-
-lizado, avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evidenciados no relatório,
cumprir normas e procedimentos de segurança estabelecidos pela empresa para avaliação de
processo de trabalho e ou novo projeto, a fim de garantir a saúde e integridade física, identifi-
car na legislação e normas técnicas orientações sobre registro e guarda de documentos, aplicar
legislação, normas e notas técnicas referentes a acidentes e doenças ocupacionais e correla-
cionar as diretrizes de segurança do trabalho descritas nos procedimentos com as atividades
desenvolvidas no ambiente laboral.
Inúmeros são os documentos que constituem os programas de saúde e segurança, e, a par-
tir de agora, você irá desenvolver suas capacidades técnicas, sociais, organizativas e metodo-
lógicas necessárias para o uso e monitoramento destes documentos. Também fará uso destas
capacidades para acompanhar os programas de saúde e segurança do trabalho.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
16

Você será capaz de monitorar os processos de saúde, segurança e meio ambiente do trabalho, de acordo
com Normas Regulamentadoras, princípios de higiene ocupacional, responsabilidade social, sustentabili-
dade e promoção à saúde do trabalhador com ética profissional através dos conhecimentos em legislação,
normas e procedimentos de saúde e segurança do trabalho, em gestão de documentos, em gerencia-
mento dos programas de segurança exigidos pela legislação, em gerenciamento da saúde do trabalhador
através dos programas relacionados à saúde do trabalhador, do Sistema Único de Saúde (Política Nacional
de saúde do trabalhador), da vigilância em saúde do trabalhador, que serão desenvolvidos ao longo de
seus estudos.
Serão apresentas a você as Normas Regulamentadoras – NRs do Ministério do Trabalho Normas de
Higiene Ocupacional – NHOs da Fundacentro - Fundação Jorge Duprat e Figueiredo e algumas leis do
Ministério da Saúde, as quais são indispensáveis para a elaboração e manutenção dos programas de saúde
e segurança do trabalho.
Fique sempre atento às atualizações que ocorrem na legislação trabalhista (Normas Regulamentadoras
– NRs, Portarias, Notas Técnicas, Instruções Normativa, Ordens de Serviço, entre outros), previdenciária, nas
Normas de Higiene Ocupacional (NHOs) e nas Normas Brasileiras (NBRs). É recomendável que, antes de
fazer uso das leis ou normas, você confira a última versão destes documentos, consultando os respectivos
endereços eletrônicos oficiais. Por exemplo, no site do Ministério da Fazenda, Secretaria da Previdência,
você encontrará a legislação previdenciária e os Anuários Estatísticos de acidentes de trabalho. Já no
site da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, você encontrará as informações referentes ao
cancelamento, à revisão e à atualização de Normas Brasileiras. As Normas de Higiene Ocupacional es-
tão disponíveis para download gratuito na biblioteca do site do Ministério do Trabalho. Esteja sempre em
alerta com relação à legislação! As informações advinhas de fontes oficiais, como as do Governo Federal,
são sempre confiáveis.
Todos estes assuntos são muito interessantes, não é verdade? Siga em frente e veja como é importante
dominar esta área de conhecimento técnico.
Bons estudos!
Legislação, Normas e Procedimentos de
Saúde e Segurança do Trabalho

No conteúdo, a seguir, você terá a oportunidade de conhecer a legislação, as normas e pro-


cedimentos de saúde e segurança do trabalho que obrigam a elaboração e a implementação,
por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empre-
gados, dos programas de saúde e segurança do trabalho, com o objetivo de preservar a saúde
e a integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação
e consequente controle da presença de riscos ambientais existentes ou que venham a existir
no ambiente de trabalho, levando em consideração a proteção do meio ambiente e dos recur-
sos naturais.
Você sabia que muitos documentos integram os programas de saúde e segurança do tra-
balho e que muitos deles são exigidos por lei? Mas, como esta integração entre os programas
de saúde e segurança e os documentos podem estar integrados? No decorrer de seus estudos,
você terá a oportunidade de entender como isto acontece.
Neste material, você conhecerá as principais leis que tratam dos documentos de gestão de
saúde e segurança do trabalho e irá conhecer a responsabilidade civil e criminal do não cum-
primento destas leis e normas.
A preocupação com a segurança do trabalhador deve ser o principal objetivo do profissio-
nal de segurança do trabalho. O bom gerenciamento de riscos no ambiente laboral é demons-
trado através da prática do dia a dia do técnico de segurança, dos gestores das áreas fabris e
dos trabalhadores, mas os programas de saúde e segurança também podem ser um indicador
da boa gestão de riscos ambientais.
Ao final deste capítulo, você terá capacidade para:
a) reconhecer a legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ambiente laboral;
b) correlacionar os itens exigidos na legislação, normas e notas técnicas, ao ambiente labo-
ral.
Concentre-se nos estudos e siga em frente com muita determinação.
Bons estudos!
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
20

2.1 LEGISLAÇÃO APLICADA AO MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE


E SEGURANÇA DO TRABALHO

Muitas são as Leis, Normas e Portarias referentes à saúde e segurança do trabalho, mas não cabe unica-
mente ao setor jurídico da empresa ter conhecimento sobre tais informações. Para o Serviço Especializado
de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, é de suma importância ter tal conhecimento.
Os programas de saúde e segurança do trabalho são regidos pelas Normas Regulamentadoras do
Ministério do Trabalho e neles estão contemplados os mais diversos documentos. Cada programa de saúde
e segurança possui a documentação exigida pela própria NR ou através de normas de referência, como as
normas da Fundacentro, ou por leis do Ministério da Saúde.

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)

Figura 1 -  Orientações de segurança no trabalho contidas nos programas de segurança, seguindo as exigências das NR’s

A partir de agora, você terá a oportunidade de entender a importância das Normas Regulamentadoras
para o desenvolvimento dos programas de saúde e segurança do trabalho e que os documentos de saúde
e segurança integram cada um dos programas.
Todas as empresas que mantêm trabalhadores contratados conforme dispostos na NR 1, que trata das
disposições gerais, tem a necessidade de fazer a gestão dos programas e dos documentos de saúde e
segurança do trabalho. Veja o que diz os itens 1.7 e 1.8 a NR 1 quanto às responsabilidades do empregador
e empregado:

1.7 Cabe ao empregador:


a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho;
b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos
empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos;
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
21

c) informar aos trabalhadores:


I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;
II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa;
III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos
quais os próprios trabalhadores forem submetidos;
IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.
d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos pre-
ceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho;
e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença
relacionada ao trabalho.
1.8 Cabe ao empregado:
a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho,
inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador;
b) usar o EPI fornecido pelo empregador;
c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR;
d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras - NR;
[...] (BRASIL, 2009a).

A partir do item 1.7 da NR 1, é possível perceber que, dentre as responsabilidades do empregador, estão
inclusos documentos, como ordens de serviço, procedimentos de trabalho, resultados de avaliações am-
bientais e exames médicos etc. Mas, como estes documentos serão gerenciados pelo empregador? Para
que servem estes documentos?
Estes documentos servem de base para a implantação e gestão dos programas de saúde e segurança
do trabalho. Serão eles que irão compor os programas. Cada Norma Regulamentadora especifica os do-
cumentos necessários para cada assunto. Por exemplo, a NR 10, que trata da segurança em instalações e
serviços em eletricidade, aponta em seu item 10.2.4 que:

Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter


o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no
mínimo:
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e
saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle
existentes;
b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas
atmosféricas e aterramentos elétricos;
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental,
aplicáveis conforme determina esta NR;
d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização
dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção
individual e coletiva;
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
22

f ) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;


g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de
adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”. (BRASIL, 2016a).

Viu só como é importante estar atento a todas as exigências contidas nas NRs. Cada uma das normas do
Ministério do Trabalho - MTb e das Normas de Higiene Ocupacional especifica a documentação necessária
para compor cada um dos programas de saúde e segurança.
É extremamente importante manter uma base de dados de documentos, seja eletrônica ou em meio
físico. Em alguns casos, o registro deve ser mantido por cinco anos e outros por vinte anos. O que vai
determinar esse tempo é o item da lei ou da norma respectiva ao assunto.
A NR 4, que trata do SESMT, em seu item 4.12, estabelece que compete aos profissionais integrantes dos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho:

[...]
d) responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do dis-
posto nas NR aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabeleci-
mentos;
[...]
f ) promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos
trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais,
tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente;
g) esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;
h) analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na
empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocu-
pacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença
ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s)
indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s);
i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocu-
pacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos
nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI, devendo o empregador
manter a documentação à disposição da inspeção do trabalho;
j) manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede dos Serviços Especializados
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou facilmente alcançáveis
a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o método de arquivamento e
recuperação, desde que sejam asseguradas condições de acesso aos registros e en-
tendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados somente os mapas anuais dos
dados correspondentes às alíneas “h” e “i” por um período não inferior a 5 (cinco) anos;
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
23

l) as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia


de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente prevencionistas, em-
bora não seja vedado o atendimento de emergência, quando se tornar necessário.
Entretanto, a elaboração de planos de controle de efeitos de catástrofes, de disponi-
bilidade de meios que visem ao combate a incêndios e ao salvamento e de imediata
atenção à vítima deste ou de qualquer outro tipo de acidente estão incluídos em suas
atividades. (BRASIL, 2016b).

A partir do disposto pela NR 4, apresentado anteriormente, é possível notar o quão importante é o


papel dos profissionais de saúde e segurança dentro de uma empresa. Compete a estes profissionais a
verificação de todas as ações estabelecidas pelas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, ou
seja, administrar registros e documentos, realizar campanhas de prevenção de riscos ocupacionais, inves-
tigar e registrar acidentes do trabalho, dentre outras tantas responsabilidades, e fazer com que a empresa
cumpra todas elas.
Além do empregador e do empregado, o SESMT também tem suas atribuições, conforme citado na NR
4 anteriormente. É possível verificar claramente que registros de acidentes, planos de controle de risco,
dentre outras tantas documentações, competem ao SESMT. O profissional de saúde e segurança deve fazer
uso e guarda de toda documentação.
iStock ([20--?])

Figura 2 -  Documentação

Após verificada a existência de documentos relacionados à saúde e segurança que uma empresa pos-
sui, é preciso saber administrar todos eles. O gerenciamento de documentos você verá mais adiante.
Os programas de saúde e segurança são regidos por normas regulamentadoras e complementados
através de normas de referências, como as normas de higiene ocupacional, manuais da Fundacentro etc.
A NR 7, que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, estabelece através
do seu item 7.1.1:
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
24

[...] a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empre-


gadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa
de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e
preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. (BRASIL, 2013a)

O PCMSO é uma das partes de um conjunto de ações relacionadas à preservação da saúde do trabalha-
dor que é de responsabilidade da empresa. É através desta NR que o médico do trabalho, designado pela
empresa para ser o coordenador do programa, irá desenvolver seu trabalho de controle médico, visando
às questões relacionadas à saúde ocupacional da empresa na qual atua.
Claro que o controle médico de saúde ocupacional envolve muitas ações, mas todo trabalho de ava-
liação e melhoria das condições da saúde do trabalhador, os exames médicos, campanhas orientativas
referentes à prevenção de riscos à saúde podem e devem fazer parte deste programa.
Estão contemplados no PCMSO, segundo a NR 7, item 7.4.1:

O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos:
a) admissional1;
b) periódico;
c) de retorno ao trabalho;
d) de mudança de função;
e) demissional. (BRASIL, 2013a).

A partir do PCMSO, você percebeu como os documentos estão presentes nos programas de saúde e
segurança, não é mesmo? Para cada exame médico existe um registro, que deve ser arquivado e contem-
plado no PCMSO.
A NR 9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, aponta no item 9.1.1 que:

Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os


empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Pro-
grama de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e
da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e
consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a
existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais. (BRASIL, 2017a).


1
Referente à admissão, ao que se pode admitir. Demissional: Refere-se à demissão, na relação patrão e empregado.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
25

Esta Norma Regulamentadora trata dos riscos ambientais e nela está contemplado o PPRA, um dos
programas mais importantes para a segurança do trabalho.

Segundo a NR 9 (Brasil, 2017a), consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,


FIQUE químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua
ALERTA natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde do trabalhador.

Para que este programa seja bem fundamentado, é preciso conhecer as Normas de Higiene Ocupacional
- NHOs da Fundacentro, como a que trata de ruído (NHO 01), a que trata de calor (NHO 06), a NHO 09 e 10,
que tratam de vibração ocupacional. Além das NHOs, a Fundacentro disponibiliza material didático que
auxilia o profissional de segurança do trabalho a desenvolver programas, como o Programa de Proteção
Respiratória – PPR.

Você pode fazer download gratuito do PPR da Fundacentro através do site <http://
SAIBA www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2016/6/
MAIS programa-de-protecao-respiratoria>. Este livro serve como guia para o profissional de
segurança do trabalho implantar e gerenciar o PPR.

Existem alguns materiais que não são normativos e sim de referência, disponíveis na internet ou na
Fundacentro, para auxiliar o profissional de saúde e segurança do trabalho desenvolver um programa, seja
de riscos ambientais, de conservação auditiva, de proteção respiratória, seja de gerenciamento de riscos
etc.
Flavia Roda (2016), Fabio Henrique Lessmann da Silva (2017)

Figura 3 -  Capa do livro do PPR da Fundacentro


Fonte: Brasil (2016c)
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
26

Busque conhecer todo o material que está disponível gratuitamente para você atuar como profissional
de segurança do trabalho e implantar medidas de prevenção.
As Normas Regulamentadoras estabelecem as exigências sobre os programas de saúde e segurança,
mas não esclarecem como fazer para cumprir o item exigido. É nesse momento que você deve procurar
auxílio em outras referências. Às vezes, o Ministério do Trabalho emite uma Nota Técnica esclarecendo a
norma.
A NR 9 publicou um novo anexo (2), que trata da exposição ocupacional ao benzeno2 em postos reven-
dedores de combustíveis. Veja qual é o objetivo deste anexo:

Este anexo estabelece os requisitos mínimos de segurança e saúde no trabalho para as


atividades com exposição ocupacional ao benzeno em Postos Revendedores de Com-
bustíveis - PRC contendo essa substância. Estes requisitos devem complementar as exi-
gências e orientações já previstas na legislação de Segurança e Saúde no Trabalho – SST
em vigor no Brasil. (BRASIL, 2017a).

O Ministério do Trabalho já demonstrava a preocupação com a exposição dos trabalhadores ao benze-


no através do anexo 13-A da NR 15. O objetivo deste anexo da NR 15 é “[...] regulamentar ações, atribuições
e procedimentos de prevenção da exposição ocupacional ao benzeno, visando à proteção da saúde do
trabalhador, visto tratar-se de um produto comprovadamente cancerígeno. ” (BRASIL, 2014a).
Visto o benzeno ser um produto classificado como cancerígeno, o Ministério do Trabalho percebeu
que não bastava afirmar a necessidade da implantação de procedimentos de prevenção ocupacional ao
benzeno; era preciso ir além, e estabelecer um programa de controle de exposição ocupacional ao risco,
mostrando ao empregador como fazer este controle da exposição e como gerenciar as ações preventivas
de segurança em relação ao benzeno. O Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno
– PPEOB, estabelecido pelo anexo 13-A da NR 15, deve representar um grau de compromisso elevado
da diretoria da empresa. Este anexo da NR 15 é direcionado às empresas que utilizam o benzeno e suas
misturas contendo 1% (um por cento) ou mais do volume, e que não possuem forma de substituí-lo em
seus processos laborais. A elaboração e implementação do PPEOB deve contar obrigatoriamente com a
participação dos trabalhadores.
A Nota Técnica do Ministério do Trabalho DSST nº 30/2004 trata da participação dos trabalhadores no
programa através da formação de um Grupo de Representação dos Trabalhadores do Benzeno - GTB. Esta
Nota Técnica tem por objetivo:

2
É um hidrocarboneto aromático, sob a forma de líquido incolor, volátil, inflamável e com cheiro adocicado. É largamente utilizado
nas reações de síntese orgânica da indústria química.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
27

[...] apresentar e esclarecer as alterações propostas pela bancada dos trabalhadores


quanto à constituição e o funcionamento do Grupo de Representação dos Trabalhadores
do Benzeno - GTB, com base nas disposições do subitem 8.1.5 do Acordo Nacional do
Benzeno assinado pelas bancadas do Governo, dos Trabalhadores e dos Empregadores
em 20 de dezembro de 1995. [...]
O item 9.2 do Capítulo V do Acordo Nacional do Benzeno, que passa a vigorar como a
seguir: “9.2. O GTB será composto por 30% (trinta por cento) do número de membros
da representação titular dos trabalhadores na CIPA, com o mínimo de 2 (dois) represen-
tantes”. Essa alteração objetivou a ampliação da participação dos trabalhadores quanto
ao acompanhamento da elaboração, implantação e desenvolvimento do Programa de
Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno - PPEOB. (BRASIL, 2004).

Perceba que cada norma possui uma série de atribuições e procedimentos de prevenção à saúde e
segurança do trabalhador. Cada uma delas é relativa a um assunto específico, mas em alguns momentos
as normas podem estar relacionadas por um determinado assunto, como abordado anteriormente em
relação a exposição ocupacional ao benzeno, tratado pela NR 9 e pela NR 15.
As Normas Regulamentadoras 12, 13, 18, 22 e 32 também tratam de programas e documentos rela-
cionados à saúde e segurança do trabalhador. Veja o que a NR 12 - Segurança do Trabalho em Máquinas
e Equipamentos, estabelece em seu item 12.112 quanto aos registros das manutenções corretivas e
preventivas:

As manutenções preventivas e corretivas devem ser registradas em livro próprio, ficha


ou sistema informatizado, com os seguintes dados:
a) cronograma de manutenção;
b) intervenções realizadas;
c) data da realização de cada intervenção;
d) serviço realizado;
e) peças reparadas ou substituídas;
f ) condições de segurança do equipamento;
g) indicação conclusiva quanto às condições de segurança da máquina; e
h) nome do responsável pela execução das intervenções.
12.112.1 O registro das manutenções deve ficar disponível aos trabalhadores envolvidos
na operação, manutenção e reparos, bem como à Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes - CIPA, ao Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT e à fiscali-
zação do Ministério do Trabalho e Emprego. (BRASIL, 2017b).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
28

É preciso verificar as exigências de cada Norma Regulamentadora quanto aos programas e à


documentação de segurança do trabalho. A partir da citação da NR 12, você pôde verificar que se faz ne-
cessário um livro próprio ou informatização das informações referente às manutenções preventivas e cor-
retivas. Isto é preciso, para estabelecer o controle das ações de manutenção em máquinas e equipamentos,
para o qual deve haver um responsável pelo gerenciamento das ações e dos registros.
Você deve conhecer cada uma das Normas Regulamentadoras, saber se há alguma Nota Técnica rela-
cionada às NRs, buscar saber qual é a responsabilidade do empregador ao não cumprir cada uma delas. O
profissional de saúde e segurança do trabalho deve auxiliar o empregador nesta tarefa.

iStock ([20--?])

Figura 4 -  Técnica de Segurança do Trabalho verificando o cumprimento das normas de segurança

Para a NR 12, por exemplo, há uma nota técnica de 2009, que aborda a Segurança para Máquinas de
Panificação, Mercearia e Açougue, com o objetivo de:

Estabelecer requisitos específicos de segurança para máquinas de panificação, mercea-


ria e açougue, novas, usadas e importadas, a saber: amassadeiras, batedeiras, cilindros,
modeladoras, laminadoras, fatiadoras para pão sanduíche, moinho para farinha de ros-
ca, serra fita, fatiador de bife, amaciador de bife, moedor de carne, fatiador de frios e
ralador de frios. (BRASIL, 2017b).

Portanto, mantenha-se atento a cada atualização das NRs e alterações na legislação relativa aos progra-
mas e documentos de saúde e segurança do trabalho.

Você sabia que solicitações de adicional de insalubridades estão em 10° lugar no


número de processos novos em 2016 no tribunal de justiça do trabalho? Só em
2016, foram abertos 540.660 novos processos judiciais de solicitação do benefício.
CURIOSI Muitos trabalhadores estão procurando seus direitos judicialmente. Isso acontece
DADES quando a empresa não cumpre com seus deveres. Essas e outras informações
sobre processos trabalhistas você poderá obter acessando o site do Tribunal de
Justiça do Trabalho no endereço eletrônico: <http://www.tst.jus.br/web/estatistica/
inicio?inheritRedirect=true>.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
29

Para os riscos ergonômicos, também pode ser elaborado um programa, chamado de Programa de
Ergonomia. A empresa que optar por sua implantação deve seguir as diretrizes da NR 17, além de outras
referências internacionais.
A NR 18, que trata das Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, apresenta,
em seu item 18.3.1, que:

São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do PCMAT - Programa de Condições e


Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, nos estabelecimentos com 20
(vinte) trabalhadores ou mais, contemplando os aspectos desta NR e outros dispositivos
complementares de segurança.
18.3.1.1. O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR 9 - Programa de Pre-
venção e Riscos Ambientais.
18.3.1.2. O PCMAT deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão regional
do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
18.3.2. O PCMAT deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado na área de
segurança do trabalho.
18.3.3. A implementação do PCMAT nos estabelecimentos é de responsabilidade do
empregador ou condomínio [...]. (BRASIL, 2015a).

Viu só como os programas de segurança podem ser bem específicos a cada área de risco ocupacional?
iStock ([20--?])

Na área da mineração, a NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração também se preocupa


em estabelecer um programa de segurança específico para área da mineração, devido ao elevado nível de
risco das atividades. Esta norma, no item 22.3.7, destaca que:

Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e implementar o Pro-


grama de Gerenciamento de Riscos - PGR, contemplando os aspectos desta Norma, in-
cluindo, no mínimo, os relacionados a:
a) riscos físicos, químicos e biológicos;
b) atmosferas explosivas;
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
30

c) deficiências de oxigênio;
d) ventilação;
e) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n.º 1, de 11/04/94, da
Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho;
f ) investigação e análise de acidentes do trabalho;
g) ergonomia e organização do trabalho;
h) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados;
i) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos
e trabalhos manuais;
j) equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se no mínimo o
constante na Norma Regulamentadora n.º 6.
l) estabilidade do maciço;
m) plano de emergência e
n) outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias. (BRASIL,
2016d).

Para estabelecer este programa segundo a NR 22 (Brasil, 2016d), é preciso fazer vários registros, como
o registro das atividades de supervisão técnica da mina, efetuado pelo Profissional Legalmente Habilitado
- PLH3, bem como suas observações e intervenções propostas e realizadas, as quais devem ficar no estabe-
lecimento à disposição dos órgãos fiscalizadores.
iStock ([20--?])

Figura 5 -  Avaliação dos trabalhos em minas

As Normas Regulamentadoras são a base legal para o desenvolvimento de programas de saúde e se-
gurança do trabalho. A NR 32 é a norma que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde.
O PPRA e o PCMSO para área da saúde devem levar em consideração a exposição acidental aos riscos bio-
lógicos. Há alguns pontos relativos à exposição aos agentes biológicos que a NR 32 determina e que você
deve conhecer. Leia esta norma na íntegra antes de iniciar seus trabalhos preventivos na área da saúde!

3
Considera-se profissional legalmente habilitado, segundo a NR 12, item 12.141, para a supervisão da capacitação, aquele que
comprovar conclusão de curso específico na área de atuação, compatível com o curso a ser ministrado, com registro no competente
conselho de classe. (BRASIL, 2017b).
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
31

A construção naval e trabalhos em altura também são assuntos tratados pela NR 34 - Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, Reparação e Desmonte Naval e pela NR 35 - Trabalho
em altura.
Para as empresas que trabalham com abate e processamento de carnes e derivados, a NR 36 define os
procedimentos de elaboração e gestão do PPRA, do PCMSO e os riscos ergonômicos para esse ramo de
atividade. Acompanhe o que destaca a NR 36:

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA e o Programa de Controle Mé-


dico de Saúde Ocupacional - PCMSO devem estar articulados entre si e com as demais
normas, em particular com a NR-17. [...]
Deve ser utilizado, no PCMSO, instrumental clínico-epidemiológico que oriente as me-
didas a serem implementadas no PPRA e nos programas de melhorias ergonômicas e
de condições gerais de trabalho, por meio de tratamento de informações coletivas e
individuais. [...]
As medidas propostas pelo Médico do Trabalho devem ser apresentadas e discutidas
com os responsáveis pelo PPRA, com os responsáveis pelas melhorias ergonômicas na
empresa e com membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA. [...]
As análises ergonômicas do trabalho devem ser realizadas para avaliar a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e subsidiar
a implementação das medidas e adequações necessárias conforme previsto na NR-17.
(BRASIL, 2016e).

Na figura, a seguir, você tem um exemplo de atividade que expõe os trabalhadores ao risco ergonômico.
É possível perceber como o trabalho relacionado ao abate e processamento de carnes e derivados pode
ser repetitivo e causar danos à saúde do trabalhador se o risco ergonômico não for bem administrado e
controlado. Você poderá notar que a seleção e corte da carne de frango é feita manualmente, em que os
pedaços de frango dispostos em uma esteira vão passando pelo trabalhador para que ele faça a separação
de acordo o que foi determinado no processo produtivo. Este trabalho é realizado inúmeras vezes ao longo
do dia, tornando-o repetitivo. Fazer o controle da exposição ao risco é essencial para evitar danos à saúde
do trabalhador.
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Figura 6 -  Processamento de aves


MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
32

Como você pôde perceber, as Normas Regulamentadoras especificam os documentos que devem ser
elaborados, arquivados e administrados pela área de saúde e segurança do trabalho, a fim de garantir a
integridade física e moral do trabalhador e de garantir que o empregador não sofra com ações judiciais,
interdições, multas e outras consequências que podem ocorrem quando não é cumprido o que determina
a legislação.

iStock ([20--?])
Isso significa que todas as empresas estão obrigadas a seguir a legislação vigente, cuja lei maior é a
constituição brasileira, que no seu artigo 7 dispõe os direitos dos trabalhadores.

Você pode conferir o que diz o artigo 7o da Constituição Federal através do site <http://
SAIBA www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. A Consolidação
das Leis Trabalhistas – CLT, artigo 155, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
MAIS ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm> trata das competências da segurança e medicina
do trabalho. Verifique!

Até agora, você estudou as normas que tratam das documentações e programas da área da saúde e segu-
rança do trabalho. A seguir, você verá quais são as responsabilidades do empregador, civil e criminalmente.

2.2 RESPONSABILIDADES CIVIL E CRIMINAL

As questões que envolvem os assuntos de saúde e segurança do trabalho são regidas pela Constituição
Federal, pela CLT, por leis que tratam de assuntos relacionados à Previdência Social e pelas Normas
Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
33

O empregado e o empregador possuem direitos e deveres. Dessa forma, você precisa saber o que está
determinado pela legislação no que tange à saúde e segurança do trabalho, e orientar o empregador
quanto às exigências legais. Então, verifique, na sequência, a responsabilidade civil e criminal referentes
aos assuntos relacionados aos documentos e programas de saúde e segurança do trabalho.
Segundo Dalbosco (2014), o empregador, como forma de prevenir acidentes do trabalho, deve planejar,
manter e executar a segurança e saúde no trabalho e, ao descumprir normas de proteção ao trabalhador,
ficará sujeito à responsabilidade civil e criminal.
De acordo com a Lei 8.213/91:

Art. 19. [...] § 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. § 2º Constitui contraven-
ção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e
higiene do trabalho. [...]
Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do
trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
ação regressiva contra os responsáveis.
Art. 121. O pagamento, pela Previdência Social, das prestações por acidente do trabalho
não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. (BRASIL, 1991).

Portanto, é possível perceber, a partir dos trechos da Lei 8.213/91 citados anteriormente, que a empresa
tem o dever de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. Isto quer dizer que os programas
e os documentos relacionados à saúde e segurança do trabalho devem estar de acordo com a legislação.
Segundo o item 4.12 da NR 4:

Compete aos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho: [...] responsabilizar-se tecnicamente, pela orien-
tação quanto ao cumprimento do disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas
pela empresa e/ou seus estabelecimentos. [...] (BRASIL, 2016b)

A responsabilidade sobre fatos é do empregador, do SESMT e do empregado, porém é de responsabili-


dade da justiça do trabalho processar e julgar os casos. Por isso, é de extrema importância que a empresa
se preocupe com a gestão de documentos e registros, além de trabalhar com transparência junto a sua
equipe.

FIQUE Uma das principais responsabilidades do setor de segurança do trabalho é a de manter


todos os registros em local de fácil acesso e consulta. Este setor deve evitar que pessoas
ALERTA desautorizadas usem as informações contidas nestes registros.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
34

É importante que os membros do setor de segurança do trabalho zelem pelos arquivos relacionados
ao setor, de forma a manter as informações bem guardadas e organizadas. Um bom exemplo de gerencia-
mento de documentos do setor de segurança do trabalho é criar um histórico de fatos e ocorrências.

iStock ([20--?])
Existe a responsabilidade legal para o prazo legal de guarda de documentos, ou seja, os documentos
devem ficar em posse da empresa por um período de tempo. De uma forma geral, os documentos relacio-
nados ao setor de segurança do trabalho devem ficar guardados na empresa por aproximadamente cinco
anos. Este é o prazo legal para ações trabalhistas no Brasil. Porém para fins de processos da previdência é
necessário guardar os documentos por 20 anos.
De acordo com Dalbosco (2014), o Código Civil, no que diz respeito à responsabilidade civil em aciden-
tes e doenças do trabalho ao infrator, ainda, tem previsões de pagamento de indenizações ao ofendido
ou aos familiares definidos nos artigos 948, 949 e 950. O art. 951 responsabiliza o profissional que ofende
a vida ou a saúde de outrem ao pagamento de indenizações. Se o empregador não cumprir as normas de
segurança e saúde no trabalho e houver ameaça de prejuízo moral, psíquico, físico, estético e material ao
empregado ou configuração dos mesmos, incorrerá aquele em responsabilidade civil e criminal.
A seguir, você poderá verificar um exemplo de acidente de trabalho em que a justiça indenizou o traba-
lhador por danos morais e materiais. Confira!

CASOS E RELATOS

METALÚRGICO SERÁ INDENIZADO APÓS TRABALHAR COM PERNA ENGESSADA


Vítima de um acidente de trabalho com lesões leves, um metalúrgico de uma fábrica de tratores no
Rio Grande do Sul, receberá indenização de R$ 40 mil por danos morais e materiais devido às com-
plicações posteriores que deixaram sequelas permanentes, levando-o a se aposentar por invalidez.
2 LEGISLAÇÃO, NORMAS E PROCEDIMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
35

A decisão se manteve depois que a Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu
de recurso da empresa, que pretendia isentar-se do pagamento.
O acidente ocorreu em agosto de 2006, quando o operário caiu da plataforma de uma colheitadeira
e, segundo ele, fraturou o tornozelo. Conforme afirma na inicial, foi compelido a não se afastar do
serviço porque “a linha de montagem não poderia parar” nem havia quem o substituísse de ime-
diato, e trabalhou cerca de dez dias com a perna engessada. O resultado foi “uma séria gangrena
na perna”, com risco de amputação, e sucessivas internações hospitalares que deixaram sequelas
permanentes, levando-o a se aposentar por invalidez.
Na versão da empresa, no dia seguinte ao do acidente o médico teria atestado “entorse moderada”,
lesão que, “por ser leve, não requer afastamento do trabalho”. Só posteriormente é que teria sido
diagnosticada microfatura e trombose venosa profunda, e o trabalhador teria sido afastado pelo
INSS. As sequelas, segundo a empresa, seriam decorrentes dos procedimentos médicos, e não do
acidente propriamente dito. Negou também ter culpa no acidente, alegando que, “por mais cau-
telosa que a empresa seja e cumpra integralmente todas as normas de medicina e segurança no
trabalho, não pode, e nem conseguiria, controlar a maneira como seus empregados caminham e
pisam”.
O juiz da Vara do Trabalho de Santa Rosa (RS) afastou a argumentação da empresa e observou que,
segundo laudo pericial, a própria posição em que os operários trabalham na montagem das plata-
formas oferece risco. As provas confirmaram também que o metalúrgico voltou ao trabalho logo
após o acidente, e que isso agravou as lesões e causou as sequelas. “O dano moral é presumível
diante do acidente sofrido pelo trabalhador, as sequelas de que é portador, as cirurgias e o trata-
mento a que teve de submeter”, concluiu, condenando a fábrica à indenização de R$ 40 mil por
danos morais e estéticos, pensão vitalícia mensal de R$ 600 e ressarcimento de todos os valores
gastos com despesas médicas, internações e medicamentos decorrentes do acidente.
Complicações posteriores
O TRT da 4ª Região (RS) manteve a condenação. “Apesar de o trabalhador ter sofrido acidente de
pequenas proporções, as complicações posteriores guardam relação com a imobilização exigida
em razão da fratura”, assinalou o Regional. “Não há prova de erro médico, tendo sido adotadas as
condutas conforme diagnósticos posteriores de trombose e distrofia”. O TRT adotou a teoria da
responsabilidade objetiva, que independe da comprovação de culpa, bastando a existência de
nexo causal entre a atividade e o acidente.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
36

No recurso ao TST, a fábrica sustentou que a condenação violava o artigo 7º, inciso XXVIII, da
Constituição da República, que prevê a indenização somente em caso de dolo ou culpa. Mas
o relator, ministro Fernando Eizo Ono, observou que a violação “é apenas aparente”, pois o TRT
também considerou que houve culpa da empresa, que impunha ritmo acelerado de trabalho na
produção e negligenciava a segurança no local. Por unanimidade, o recurso não foi conhecido
nesse ponto. (Fonte: adaptado de FEIJÓ, 2012)

A partir deste Casos e Relatos, é possível verificar que a empresa é responsável pelos danos causados
ao trabalhador quando o mesmo está executando suas atividades laborais. Todos os riscos presentes no
ambiente de trabalho devem ser muito bem avaliados e gerenciados para evitar que acidentes como o
apresentado anteriormente aconteçam.
Nenhum empregador ou empregado deseja que os acidentes aconteçam. Por isso, elaborar programas
de saúde e segurança, documentar toda ação da empresa de forma legal, é necessário. Fique atento ao
cumprimento da legislação de segurança!

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você teve a oportunidade de conhecer a legislação referente aos programas e à
documentação de saúde e segurança do trabalho. Foram abordadas as Normas Regulamentadoras
e as Notas Técnicas do Ministério do Trabalho que tratam destes assuntos, ou seja, o código civil,
leis relacionadas à Previdência Social e à Constituição Federal.
Você tomou conhecimento da importância de conhecer toda legislação referente aos programas
e à documentação de saúde e segurança do trabalho, sendo que o empregador que não a fizer
cumpri-la, poderá responder civil e criminalmente.
Foi possível verificar que cada NR trata de um assunto em específico, mas que pode haver relação
uma com a outra, como o caso do produto químico benzeno, que possui regulamentações para
seu uso na NR 9, na NR 15 e ainda em uma Nota Técnica do Ministério do Trabalho.
Cada programa de saúde e segurança é composto por vários documentos que são determinados
por normas regulamentadoras ou normas de referência, como é o caso das NHOs, da Fundacentro.
Essa Fundação também produz material didático com a finalidade de orientar o profissional de
saúde e segurança do trabalho na elaboração e gestão de programas de segurança, como o
Programa de Proteção Respiratória.
Gestão de Documentos

Toda empresa precisa saber administrar a sua documentação de saúde e segurança. É fun-
damental organizá-la de forma prática, eficiente e de fácil acesso. Como você já sabe, os pro-
gramas de saúde e segurança do trabalho são compostos pelos mais diversos documentos e
registros, como: análises de riscos, exames médicos, liberação para executar um serviço, treina-
mentos, dentre tantos outros. Você já imaginou se todos eles estiverem desorganizados, sem
alguém para administrar estes arquivos de documentos e registros? Com certeza, no momento
de uma auditoria, seria a maior correria para juntar toda informação solicitada pelo auditor,
não é mesmo? E, como seriam as ações preventivas determinadas pelos programas de saúde e
segurança se a empresa não for organizada?
Viu só como é importante uma boa gestão de documentos! Mas, você sabe como fazer essa
gestão de documentos? Como dispor dos registros efetuados?
Gestão de documentos é o conjunto de ações que envolvem as atividades de produção,
classificação, avaliação e arquivamento dos documentos. Na área de segurança e medicina do
trabalho, existem inúmeros documentos que precisam ser arquivados e, para que o arquivo de
documentos, seja ele em meio físico ou eletrônico, esteja sempre ao alcance da fiscalização ou
para consulta dos trabalhadores interessados, é preciso muita organização. Avaliar os tipos e
as datas de cada documento é essencial para que a sua gestão seja efetiva, pois existem docu-
mentos que precisam ser arquivados por até 20 anos. Você terá a oportunidade de conhecer
todo o processo de gestão de documentos no decorrer do seu aprendizado.
Com certeza, os tópicos abordados neste momento de estudo serão de grande valia para
seu futuro profissional.
Assim, ao final deste capítulo, você terá subsídios para:
a) efetuar o registro de dados e informações referentes à gestão de saúde, segurança e
meio ambiente do trabalho, com base no monitoramento realizado;
b) identificar na legislação e normas técnicas orientações sobre registro e guarda de docu-
mentos;
c) monitorar a execução dos planos de ação gerados em função dos programas, auditorias
e documentos e inspeções técnicas referentes a saúde e segurança do trabalho.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
40

Preparado? Então, confira, a seguir, os novos conteúdos que serão abordados nesta etapa!
Bons estudos!
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
41

3.1 TIPOS DE DOCUMENTOS

A partir de agora, você irá aprofundar seus conhecimentos sobre os tipos de documentos que fazem
parte da área de saúde e segurança do trabalho e qual a sua importância.
Você sabia que todo documento precisa ser arquivado? Por quanto tempo deve-se arquivar os docu-
mentos? No decorrer dos seus estudos, você poderá observar que cada tipo de documento possui um
tempo de guarda.
Documento é qualquer forma de registro de fatos, informações, dados, conhecimentos, estado, identifi-
cação etc. São materiais que devem ser produzidos, estudados, analisados, guardados com muita cautela.
Em um sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho, muitos são os documentos que o SESMT
tem obrigação legal de recolher e guardar com muita segurança. Todos os integrantes desse sistema têm
suas responsabilidades: o SESMT, a CIPA, a empresa e todos os funcionários.
Após utilização do documento, é necessário avaliar se ele deve ser enviado para arquivo permanente
ou se será eliminado. Existem documentos que precisam ser guardados por um determinado período de
tempo, e após, podem ser descartados ou enviados para o arquivo permanente.

Microsoft Office(20--?)

Cada profissional da área de saúde e segurança terá contato com vários tipos de documentos. Portanto, é
muito importante designar um profissional para fazer o gerenciamento destes documentos, para que cada
tipo de documento seja arquivado de forma correta, com local adequado e tempo de guarda determinado.
É de grande relevância que a pessoa responsável pelos documentos tenha capacidade de discernimento
para classificar cada tipo de documento, a função e a utilização de cada um deles.
Existem muitos tipos de documentos, tais como laudos, relatórios, avaliações, exames médicos, fichas
de acidentes, fichas de treinamentos e de inspeções, planilhas com as estatísticas do setor, dentre outros.
Ao pensar um pouco em um sistema de administração de documentos, é possível afirmar que tais docu-
mentos podem ser divididos em algumas categorias básicas.
Os documentos podem ser somente informativos, podem ser de investigação, documentos legais,
documentos teóricos, documentos estatísticos, históricos, cada um deles pode ser apresentado em forma
de relatório, registros etc.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
42

A seguir, você conhecerá os tipos de documentos.

3.1.1 REGISTROS

No setor de segurança do trabalho, são gerados vários documentos, em sua grande maioria registros,
que devem ser guardados pelo setor de segurança do trabalho, para facilitar o andamento das atividades
diárias. É possível dividir estes registros em vários grupos, que serão descritos a seguir.

Registros de verificação
Um registro de verificação é um documento gerencial utilizado para verificar partes do sistema, ou seja,
é um documento usado para acompanhar a evolução de um sistema. Seguindo esse pensamento, é possí-
vel identificar diversos tipos de registros em um sistema de segurança do trabalho, tais como:
a) de controle de recarga de extintores de incêndio;
b) de verificação de sistema de para-raios;
c) de inspeção veicular e empilhadeiras.
Verificar se a documentação dos veículos e as capacitações dos operadores dos veículos está em dia é
uma obrigação da área de segurança do trabalho.
iStock ([20--?])

Figura 7 -  Verificação dos documentos da empilhadeira

Todos estes documentos são de grande importância para um sistema de gestão de segurança do tra-
balho, e por isso, devem ser guardados em local de fácil acesso e consulta, sob a responsabilidade do setor
de segurança do trabalho.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
43

Registros de controle e entrega


São os documentos utilizados para controlar a distribuição e entrega de um material ou equipamento
fornecido pelo setor de segurança do trabalho. Como exemplo de documento de controle, tem-se o con-
trole de entrada e saída de veículos, entrega de Equipamento de Proteção Individual - EPI, empréstimos de
equipamentos para terceiros ou funcionários, entre outros.
Por conter informações específicas do setor, esse tipo de documentação é de uso comum e restrito a
todos os funcionários que trabalham na segurança do trabalho.

Registros de manutenção
São documentos de controle que devem ser utilizados quando algum material é enviado para conserto
ou manutenção. Também é utilizado para registrar os equipamentos que não estão no setor e para auxiliar
nas atividades diárias.
Em alguns casos, é possível verificar que determinadas empresas não utilizam esse tipo de documenta-
ção, mas que adotam outro documento com informações básicas, como de controle de entrada de novos
materiais, controle de permanência em espaço confinado, em serviços em subestação elétrica, entre outros.
Como você pôde ver, os registros, assim como os relatórios e formulários, são documentos gerados e
guardados por funcionários do setor de segurança do trabalho.

Registros de treinamentos
Todos os treinamentos de segurança devem ser registrados e estes guardados nos arquivos do SESMT. A
seguir, você poderá conferir um exemplo de registro de treinamento de funcionários ministrado pela área
de segurança do trabalho.

EXEMPLO DE REGISTRO DE TREINAMENTOS DE FUNCIONÁRIOS


Treinamento nº:
ASSUNTO

Responsável pelo treinamento:


RELAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS QUE RECEBERAM O TREINAMENTO
1
2
3
4
5
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
44

NOME DO TREINAMENTO

DESCREVER OS PASSOS DO TREINAMENTO

Data
Assinatura dos participantes
1
2
3
4
5
Assinatura do responsável pelo treinamento
Quadro 1 - Modelo de registro de treinamento
Fonte: SENAI (2017)

Esse tipo de registro apresentado é extremamente importante, pois comprova que o funcionário parti-
cipou do treinamento especificado. Existem situações em que o trabalhador pode querer afirmar que não
recebeu tal informação, então o setor de saúde e segurança do trabalho terá como apresentar o registro
da participação do colaborador.
Muitas outras formas de registros podem ser incluídas no setor de saúde e segurança do trabalho como:
registros das avaliações de riscos ambientais, registros de informações referentes às descrições de ativida-
des e funções dos trabalhadores que compõem os programas de saúde e segurança etc.

3.1.2 RELATÓRIOS

O relatório é um documento constituído de várias informações, elaborado para transmitir, de forma


rápida, clara e técnica, os resultados totais ou parciais de uma determinada atividade. Também é muito uti-
lizado como forma de solicitação para uma determinada atividade ou aquisição de melhorias no ambiente
de trabalho, apresentando justificativas, a obrigação legal de executar tal atividade ou melhoria e endere-
çado aos gestores da área a ser executada tal atividade.
No seu dia a dia, você costuma fazer relatórios? Existem vários tipos e formatos de relatórios, dependen-
do do foco da atividade e da área. Cada empresa possui um formato para relatórios de acordo com suas
necessidades de informações. É fundamental que o relatório possua um objetivo, o desenvolvimento e a
conclusão.
Gráficos são recursos utilizados em relatórios, podendo-se dizer que são ferramentas (desenhos) que
ajudam a apresentar informações contidas no relatório, de uma forma mais rápida e visível, a respeito do
assunto abordado.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
45

Pode-se dizer que os tipos de gráficos mais utilizados são:


a) de coluna;
b) de setor;
c) de linha;
d) de barras;
e) de pizzas.
Veja, no Casos e Relatos, a seguir, como um exemplo prático de utilização de gráficos pode fazer toda
a diferença em um setor, sendo uma ótima forma de consolidar seu entendimento acerca do assunto
relatórios

CASOS E RELATOS

Relatório de inspeção de segurança


Uma determinada empresa fez um levantamento, durante três meses, de todos os atos e condições
inseguras nos locais de trabalho, dos riscos existentes nestes locais, dos tipos de acidentes ocorri-
dos, dos motivos que fizeram ocasionar estes acidentes, os setores e máquinas com maior ocorrên-
cia de acidentes e as melhorias que poderiam ser implantadas de acordo coma legislação vigente.
Todas estas informações geraram um relatório técnico bastante rico. Com todos estes dados co-
letados, percebeu-se que a situação da empresa estava crítica e algumas ações imediatas neces-
sitavam de implantação. Desta forma, foram envolvidos vários funcionários de diversos setores da
empresa, com cargos e responsabilidades diferentes neste processo.
A empresa verificou que, se fosse ler o relatório inteiro, demandaria muito tempo e que talvez al-
gumas informações não fossem assimiladas pelos envolvidos. Para que as informações fossem pas-
sadas de forma clara, rápida e objetiva, sugeriu-se que todas as informações fossem passadas para
a forma de gráfico. Todas as informações do relatório que estava em forma de planilhas e tabelas
foram expostas resumidamente e com fácil visualização em forma de gráficos para todos os en-
volvidos no trabalho de melhoria. Assim, todos ficaram cientes da situação em relação à segurança
do trabalho e prontos para agirem de forma a reduzir ou eliminar os fatores críticos pontuados.

Você observou como os relatórios e gráficos são ferramentas de gestão importantes para o técnico de
segurança? Eles auxiliam na coordenação e fiscalização de vários itens em todos os setores da empresa.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
46

Note, na figura, a seguir, como é um gráfico de linhas.

iStock ([20--?])
Figura 8 -  Gráfico de linhas

Os relatórios são considerados ferramentas importantes para o controle mais efetivo de um sistema
de saúde e segurança do trabalho. Na maioria das vezes, são documentos impressos, mas que também
podem ser preenchidos à mão no local da ocorrência, procedimento este que não compromete a função
dos profissionais que trabalham no setor.
Os documentos de controle interno são exemplos de relatórios, que devem ser muito bem guardados,
pois podem ser de fundamental importância em uma investigação de acidente, por exemplo.
Você pôde perceber, ao término desta etapa, que os gráficos são complementos fundamentais dos rela-
tórios e possibilitam a apresentação de dados estatísticos, de forma clara e objetiva, com a intenção de
proporcionar a compreensão e a veracidade dos fatos.
Conheça, a seguir, alguns tipos de relatórios, dentre os tantos existentes, e as situações em que são
utilizados.

Relatórios de DDs
O Diálogo Diário de Segurança - DDS é uma ferramenta muito importante em todas as organizações,
pois permite que o profissional esteja em contato com todos os setores para auxiliar nas atividades a serem
realizadas, tirando dúvidas e dando sugestões nos processos de trabalho. Esta ferramenta nada mais é do
que uma conversa simples, resumida, bem fundamentada sobre os riscos da empresa, sobre os métodos
de prevenção relacionados à saúde e segurança do trabalho, realizada geralmente entre um técnico de
segurança e os trabalhadores de um determinado setor da empresa. Esta conversa também pode ser reali-
zada por outro profissional de saúde ou de segurança do trabalho.
A lista de presença do dia em que aconteceu o DDS, com o nome dos participantes, data, local, tema,
nome e função do palestrante devem ser arquivados para servir como prova legal, em caso de descumpri-
mento das orientações. Por este motivo, as listas de presenças devem ser assinados por todos os partici-
pantes do processo.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
47

Relatórios de integração de terceiros


Este documento está relacionado aos prestadores de serviços. Toda vez que os trabalhadores terceiri-
zados chegarem à empresa para efetuarem alguma atividade, independentemente do tempo que levarão
para realizarem o serviço, precisam passar pela integração. Na integração, o setor de segurança do traba-
lho indicará aos trabalhadores terceirizados quais as normas e procedimentos de segurança do trabalho,
para que eles possam realizar suas atividades. É nesse momento que são determinados os responsáveis
por cada atividade. A integração deve ser registrada e assinada pelo responsável dos terceirizados e pela
empresa contratante.
Existe uma infinidade de modelos de registro de integração, mas é importante observar as informações
essenciais que este documento deve conter. Veja, a seguir, que informações são estas:
a) nome e CNPJ da empresa prestadora de serviços;
b) nome e CPF do (os) responsável (eis) legal da empresa terceira;
c) nome e CPF dos executores das atividades;
d) descrição das atividades contemplando todas as fases até a conclusão;
e) tempo previsto para este serviço;
f ) quem é o contratante desta empresa, aquele que solicitou efetivamente o serviço, por exemplo:
setor de compras, manutenção, etc.;
g) todos os responsáveis devem assinar este formulário, que deve ser elaborado em duas vias, uma para
a empresa e outra para o setor de segurança do trabalho.
Você consegue perceber que todas as ações de segurança do trabalho são registradas? À medida em
que você ampliar seus estudos sobre registros, vai poder responder esta questão!

Relatórios de análise crítica


Este formulário deve ser preenchido sempre que um acidente de trabalho for registrado. Costuma ser
preenchido na fase de investigação de acidentes, para determinar as causas do acidente. É uma ferramenta
de gestão da qualidade que muito tem auxiliado para desvendar situações complexas, situações que, pela
falta de informação, podem gerar graves acidentes de trabalho.

Relatórios de Distribuição de materiais ou EPIs


Este é um documento que deve ser preparado cada vez que o setor de segurança do trabalho entrega
um equipamento para terceiros ou para funcionários, na garantia de que devolverão o equipamento em
perfeitas condições de uso ao setor. Isto pode acontecer também com os próprios integrantes do setor de
segurança do trabalho, no caso de estarem utilizando algum instrumento de medição, por exemplo, que
faça parte do acervo da empresa.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
48

Em relação à distribuição de EPIs, deve-se ter sempre atualizadas as informações deste formulário, pois
pode ser utilizado como prova legal em processos trabalhistas. Esse relatório de EPI é utilizado para relatar
alguma anormalidade decorrente de seu uso. Portanto, deve também ser utilizado no procedimento de
entrega dos equipamentos a todos os novos funcionários, no dia em que os mesmos iniciarem suas ativi-
dades na empresa, evitando deixar para dias posteriores, pois pode ocorrer de o funcionário informar que
não recebeu o equipamento.

Relatórios de entrada e saída de veículos


Em algumas instituições, o controle de portaria é feito pelo setor de segurança do trabalho, pois, no
entendimento dessas organizações, a entrada de pessoas desconhecidas pode ser um perigo para a inte-
gridade dos funcionários da empresa. Nesse formulário, devem conter as informações de todos os condu-
tores que visitam à instituição. Nele, deve constar o nome do visitante, a placa do veículo, o modelo e a cor,
para impedir que outros veículos sejam retirados sem autorização de seus proprietários ou responsáveis.

Relatório de inspeção de segurança


Este relatório tem a função de verificar as condições do local de trabalho na visão da segurança do
trabalho e observar se todas as normas estão sendo obedecidas nos processos de trabalho realizados pela
organização. A seguir, você poderá observar um modelo de relatório de inspeção de segurança.

INSPEÇÃO GERAL DE SEGURANÇA


Nome da empresa
Setor inspecionado Data
Responsável pelo setor Hora
IRREGULARIDADE OBSERVADA
ITENS A SEREM INSPECIONADOS
SIM NÃO
Arrumação
Limpeza
Máquinas
Outros equipamentos
Móveis
Instalação elétrica
Faixas e corredores
Equipamentos de ventilação
Ferramentas manuais
Outros utensílios
Sinalizações
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
49

IRREGULARIDADE OBSERVADA
ITENS A SEREM INSPECIONADOS
SIM NÃO
Estoque de materiais
Equipamento de combate a incêndio
Outros equipamentos de emergências
Atos inseguros
EPI: inclusive o uso
OBSERVAÇÕES

Responsável pela inspeção:


Quadro 2 - Modelo de relatório de inspeção de segurança do trabalho
Fonte: SENAI (2017)

O modelo apresentado anteriormente é um relatório muito simples, mas você como futuro profissional
de segurança e conhecedor da legislação voltada a saúde e segurança do trabalho, poderá elaborar um
relatório ou também chamado de ficha de inspeção, contendo as exigências legais, dentre outros itens
importantes para análise da informação dos dados obtidos na inspeção.

Relatório de auditoria
O relatório de auditoria é utilizado para documentar todas as auditorias realizadas na organização. As
auditorias de segurança do trabalho avaliam as questões de saúde e segurança do trabalho que envolvem
as NRs ou que estão presentes em um dos sistemas de gestão da empresa. Qualquer auditoria que for rea-
lizada na empresa possui um relatório de não conformidades, onde suas observações devem ser tratadas
e posteriormente o relatório deve ser arquivado. As não conformidades devem “tratadas” para que não
prejudiquem o sistema de segurança do trabalho.
Acompanhe, a seguir, um exemplo de relatório de auditoria.

RELATÓRIO DA AUDITORIA
Cliente
Auditoria
Nº Data início:
Nº funcionários
REQUISITOS AUDITADOS
NR1 - Disposições Gerais
NR 2 - Inspeção Prévia
NR4 - Serv. Espec. em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
NR5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
NR5 - Equipamento de Protação Individual - EPI
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
50

REQUISITOS AUDITADOS
NR8 - Edificações
NR9 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
NR10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR12 - Máquinas e Equipamentos
NR13 - Caldeiras e Vasos de Pressão
NR14 - Fornos
NR15 - Atividades e Operações Insalubres
NR17 - Ergonomia
NR20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
NR23 - Proteção Contra Incêndios
Usou a NR
( ) SIM ( ) Não
Setor auditado:
Data térmico:
Profissional auditor:
Observações:

Assinatura do responsável:
Quadro 3 - Modelo de relatório de auditoria
Fonte: SENAI (2017)

O modelo de relatório apresentado é bem simples. Você, como profissional de segurança do trabalho,
poderá, juntamente com uma equipe de profissionais, elaborar um relatório conforme as necessidades e
providências legais voltadas a sua empresa.

Relatório de acidente e incidente do trabalho


O relatório de acidente e incidente é empregado para investigar possíveis acidentes e incidentes que
ocorram nas organizações. Sempre que acontecer um acidente na empresa, deverá ser elaborado este rela-
tório apresentando a descrição do acidente, envolvidos, as possíveis causas do acidente, consequências do
acidente e propostas de melhorias.
Para você compreender melhor como é este tipo de relatório, veja o exemplo, a seguir.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
51

RELATÓRIO DE ACIDENTE DO TRABALHO


RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTE
ACIDENTADO
Nome
Setor
Função Estado civil
Data de admissão Tempo na empresa
Tempo na função Turno de trabalho
Data de nascimento Idade
ACIDENTE
Data do acidente Horário do acidente
Horário de entrada do acidentado
Local do acidente

CARACTERÍSTICA DO ACIDENTE
Típico sem afastamento Típico com afastamento
Trajeto sem afastamento Trajeto com afastamento
DESCRIÇÃO DO ACIDENTE
Que trabalho era feito? Com qual objetivo?

Como era feito? Cite: máquinas, equipamentos e ferramentas utilizadas

Quais foram as consequências e a parte do corpo atingida? Qual é a duração provável do tratamento?

INVESTIGAÇÃO DO ACIDENTE
Causas que contribuíram diretamente para a ocorrência

Quais as razões para a existência destas causas? Qual a probabilidade de repetição de acidente?

Ações a serem implantadas para evitar acidentes semelhantes e prazo

RESPONSÁVEIS PELAS AÇÕES E CARGO


Presidente da CIPA
Vice-presidente da CIPA
Secretário da CIPA
Encarregado
Recursos humanos
Responsáveis pelas ações
Acidentado
Data
Quadro 4 - Modelo de relatório de acidente e incidente
Fonte: SENAI (2017)
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
52

É possível perceber como o relatório precisa ser bem detalhado, pois é ele que contém todas as
informações do acidente. Um relatório bem elaborado, com as informações pertinentes ao acidente, com
relação às testemunhas, contendo os cargos e as responsabilidades, os requisitos legais, serão essenciais e
farão a toda diferença nas ações de melhorias e esclarecimento do acidente.

Todos os documentos da área da saúde e segurança do trabalho necessitam ser


FIQUE arquivados por algum tempo, pois estão sujeitos à fiscalização do Ministério do
ALERTA Trabalho. A qualquer momento podem ser solicitados pelos fiscais ou utilizados em
processos trabalhistas.

De uma maneira geral, os relatórios são arquivados em meio físico, mas, com a evolução dos recursos
eletrônicos, tornou-se mais comum o arquivo de documentos em meio eletrônico, pois, desta forma, torna-
-se mais rápido e mais eficiente a apresentação do documento para várias pessoas, quando necessário.
Existem várias formas de realizar o arquivamento de documentos. Você precisa saber definir a impor-
tância dos documentos para depois cadastrá-los no sistema de informática escolhido. Dependendo do
sistema que foi escolhido pela área de segurança do trabalho, o próprio sistema poderá avisar sempre que
estes documentos estiverem prestes a vencer ou quando houver a necessidade de renovações.

3.1.3 FORMULÁRIOS

Formulários são documentos impressos que facilitam o trabalho dos profissionais de segurança do tra-
balho em determinadas situações como: na liberação de entrada e saída de pessoas no ambiente fabril,
formulários de entrevistas, formulários de inspeções etc.
Existem diversos tipos e modelos de formulários. A seguir, você conhecerá algumas categorias e as
situações em que são indicados.

Formulários de gestão de saúde e segurança do trabalho


São utilizados para gerenciar o sistema de segurança, essenciais para que não haja perda do controle de
determinadas situações. Como exemplo, é possível citar o formulário de controle estatístico, o formulário
DDS, o de integração de novos funcionários e terceiros, o de distribuição e controle de EPIs, os laudos téc-
nicos, as investigações de acidente, os documentos relacionados à CIPA, entre outros.
Estes formulários são de uso exclusivo do setor de segurança do trabalho, não sendo úteis a nenhum
outro setor. Dessa forma, não devem ser entregues a outros setores da empresa. Caso contrário, pode
acontecer de alguns funcionários deixarem escapar comentários desagradáveis, gerando desconforto aos
demais colegas de trabalho. Ao preencher formulários, evite usar essa oportunidade para denegrir outros
setores ou pessoas, isto é eticamente errado, e pode trazer problemas ao setor de segurança do trabalho.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
53

Formulários de características legais


São aqueles exigidos ou fiscalizados por órgãos governamentais, como o Ministério do Trabalho, por
exemplo. Esses formulários devem ser guardados ou arquivados no setor de segurança do trabalho, de
modo a serem consultados facilmente quando solicitados, e de forma alguma devem ser distribuídos aos
demais setores, por conterem informações técnicas que podem comprometer a imagem da empresa.
Pode ser citado como outro exemplo, o Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho - LTCAT,
que divulga a análise das condições de trabalho e os aspectos a serem melhorados no sistema da empresa.
Este procedimento é adotado para manter as informações em sigilo profissional. Depois de aplicadas as
melhorias, é permitido informar aos colegas o que era problema e o que foi solucionado. Para este tipo de
documento, também deve ser estabelecida uma forma de guarda.

3.1.4 CONTRATOS

Um contrato é um instrumento legal que rege os deveres e direitos entre contratantes e contratados, e
pressupõe um acordo entre as partes. Os funcionários, no momento da admissão, responsabilizam-se em
cumprir certos deveres previstos em contrato de trabalho. A obrigação do setor de segurança do trabalho
é orientar o setor de Recursos Humanos – RH quanto às diretrizes do sistema de segurança do trabalho,
para que essa informação conste em contrato de trabalho e que o novo funcionário tenha conhecimento
dessas diretrizes e se proponha a respeitar essas orientações. É preciso respeitar as normas de segurança
do trabalho adotadas pela empresa.
O departamento de segurança do trabalho de uma empresa pode requisitar ao RH uma cópia dos con-
tratos arquivados de cada setor, para que possa comprovar o descumprimento de regras internas em caso
de penalidade.
iStock ([20--?])

Figura 9 -  Contrato

Pode-se afirmar que é obrigatória a divulgação destas informações, bem como a explicação de cada
uma das normas de segurança do trabalho no dia da integração de novos funcionários, informando a todos
que tais regras e regulamentos foram assinados por todos no dia em que assinaram o contrato de trabalho.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
54

Outra observação importante sobre contratos refere-se aos serviços terceirizados. Nesse caso, também
se aplicam regras e normas de segurança do trabalho para que o prestador tenha consciência de que deve
respeitar normas e procedimentos ao chegar ao local do trabalho. É necessário, ainda, fiscalizar o trabalha-
dor terceirizado no primeiro dia de atividade dele, reforçando a importância de cumprir tais normas. Em
caso de descumprimento das normas, podem ocorrer punições, como a suspensão imediata do contrato
de prestação de serviços por parte da contratante.
Para essas situações, o que deve constar nos contratos?
a) normas internas de segurança e saúde do trabalho;
b) normas internas de prevenção e combate a incêndios;
c) normas internas de meio ambiente;
d) condições ambientais de segurança e convívio coletivo;
e) proibição de consumo de álcool e drogas na organização;
f ) proibição de consumo de cigarros nas dependências da organização, entre outras orientações.
Em suma, os contratos são documentos utilizados para detalhar e firmar conhecimento do que abrange
cada parte do acordo entre as partes envolvidas no contrato.

3.1.5 LAUDOS TÉCNICOS

São documentos relacionados à legislação que, no caso da segurança do trabalho, são elaborados por
engenheiros, médicos do trabalho ou profissional habilitado designado pela empresa para atestar tecni-
camente um objeto ou fato em forma de relatório. É um documento técnico que poderá ser anexado aos
processos judiciais.
Dentre os laudos obrigatórios e que são alvo da fiscalização do Ministério do Trabalho estão o LTCAT, o
laudo de instalações elétricas, o laudo com o certificado de aprovação dos EPIs, o laudo de teste hidrostá-
tico em caldeiras etc.
Veja o que diz o item 13.4.4.3 da NR 13 sobre o laudo para o teste hidrostático: “ As caldeiras devem
obrigatoriamente ser submetidas a Teste Hidrostático - TH em sua fase de fabricação, com comprovação
por meio de laudo assinado por PH (Profissional Habilitado4), e ter o valor da pressão de teste afixado em
sua placa de identificação.” (BRASIL, 2017c).
Cada laudo tem sua especificidade, porém existem passos básicos para preenchê-los:
a) observações preliminares: descrever os objetos a serem analisados;
b) vistorias: verificar o objeto a ser analisado;


4
Considerado como o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
55

c) relatório fotográfico: caso seja necessário para comprovação;


d) considerações técnicas: é parte mais importante dos laudos onde o engenheiro vai ser posicionar de
forma técnica;
e) conclusão;
f ) anexos: plantas de construções, documentos do processo.
É muito importante ter um controle interno sobre prazos, periodicidade de revisão e exigências técnicas
dos laudos.
Esse tipo de documento é extremamente importante, pois são nesses laudos que, perante ações judi-
ciais, serão consultadas as informações. Portanto, é muito importante cuidar com a análise técnica dos
laudos, que deverá ser feita por profissional competente, pois estará respondendo pelo documento.

3.1.6 DOCUMENTOS DE USO INTERNO DO SETOR DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Estes documentos, como planilhas, relatórios, memorandos, são utilizados no gerenciamento diário do
setor e correspondem, em sua grande maioria, aos componentes deste setor, sendo eticamente proibida a
sua divulgação aos demais setores.
É possível citar como exemplo de documento de uso interno os e-mails que circulam entre os membros
do setor, recurso bastante utilizado para envio de memorandos internos, relatórios gerenciais, atas de reu-
nião internas, inspeções das instalações da empresa, ordens de serviços internas, anotações e bilhetes de
irregularidades que não tenham fundamento real, que devem ainda ser investigadas, e todas as demais
informações que dizem respeito somente aos participantes do setor.
Os documentos de controle de equipamentos de uso interno, como a documentação referente à revi-
são dos extintores e dos equipamentos de medição também pode ser utilizada como exemplo de docu-
mentos de uso interno do setor de segurança do trabalho. Essas informações são de grande importância
para os funcionários do setor. No entanto, para aqueles que não fazem parte daquela unidade de trabalho,
tais informações poderão ser de pouco valor.

3.1.7 DOCUMENTOS DE CONSULTA PÚBLICA

Um documento de consulta pública é destinado ao trabalhador ou empresa que possa contribuir na


elaboração do documento, como o PPRA o qual deve contar com a participação dos trabalhadores no
desenvolvimento das ações de controle de risco ambiental.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
56

Também são documentos de consulta pública os relatórios, as planilhas e os memorandos, que podem
ser entregues aos trabalhadores que solicitarem, desde que não comprometam a integridade do setor. O
laudo da certificação do Equipamento de Proteção Individual - EPI é outro tipo de documento de consulta
pública. O Certificado de Aprovação - CA do EPI está disponível para consulta no site do Ministério do
Trabalho.
É necessário ter certeza que o documento fornecido não contenha informações que possam cons-
tranger outros funcionários. Deve ser evitada a divulgação de informações relacionadas a possíveis faltas
cometidas por colaboradores ou prestadores de serviço, em relação ao descumprimento de normas inter-
nas, afim de não constranger o trabalhador.

3.1.8 DOCUMENTOS DE CONSULTA DOS FISCAIS E JURISTAS

Esses documentos devem ser fornecidos somente quando solicitados em momento de auditoria do
Ministério do Trabalho ou outro órgão de mesma categoria. Com relação aos juristas internos ou externos,
esses documentos devem ser entregues somente sob força de ofício ou mandato judicial, expedido por
autoridade maior, como advogado, promotor, juiz e desembargador, devidamente identificado com nome,
número de registro e motivo que leve os mesmos a terem acesso a estas informações. Trabalhadores muni-
dos de autorização judicial também têm o direito de acessar essas informações.
Dentre os diversos documentos de consulta, podem ser destacados os laudos técnicos, as informações
recebidas pelo Ministério do Trabalho, as informações obtidas na Previdência Social com relação a bene-
fícios solicitados por funcionários, as possíveis infrações aplicadas aos colaboradores em respeito ao des-
cumprimento de normas e regras de segurança, possíveis relatórios de quebra de contrato com terceiros
por motivo de descumprimento de regras internas de segurança do trabalho, entre outras documentações.
Sempre que um documento for solicitado por funcionários da empresa, autoridade responsável ou ain-
da juristas, sendo os mesmos de consulta interna ou pública, somente é possível a entrega após aprovação
de chefia imediata, de preferência com a assinatura e liberação do mesmo. Afinal, o responsável pela docu-
mentação que sair do setor, em alguns casos, poderá ser citado judicialmente como testemunha.

3.1.9 DOCUMENTOS DE MANUTENÇÃO E CONTROLE

Estes documentos são, em sua maioria, componentes do sistema de gerenciamento do setor, sendo
utilizados para compor relatórios que serão entregues aos gestores e terceiros autorizados. Devem ser
devidamente guardados de maneira ordenada e separados dos documentos de consulta restrita, para que
não se misturem e venham a causar preocupação. Devem ser de fácil compreensão e acesso, para que o
controle não fique prejudicado e acabe sendo demorado, por excesso de burocracia ou possíveis extravios.
Para este caso, é possível citar as planilhas de controle de recarga dos extintores de incêndio, os controles
de vistoria veicular, os controles de uso de equipamentos internos, os controles de saída dos funcionários,
o mapeamento dos riscos antes de sua elaboração e informação aos demais colaboradores, entre outros.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
57

Vários documentos de manutenção e controle fazem parte dos programas de saúde e segurança. Os
relatórios das avaliações ambientais quantitativas dos agentes químicos são exemplos deste tipo de docu-
mento. Para conhecer os agentes contaminantes presentes no ambiente de trabalho, é preciso quantificar
estes contaminantes presentes no ar, certo? O relatório emitido após a quantificação do contaminante
deve ser utilizado para controle do agente de risco.

3.1.10 DOCUMENTO DE DIVULGAÇÃO AOS COLABORADORES

São todos os documentos que devem ser divulgados, demonstrados e entregues a todos os funcio-
nários da empresa. São geralmente aqueles de consulta pública e sem informações que comprometam a
integridade do setor.
Quando se conclui um relatório contendo informações pertinentes ao conhecimento de todos os tra-
balhadores, pode-se realizar a distribuição das cópias deste relatório em diversos setores da empresa, evi-
tando que a informação seja demasiadamente centralizada em um único mural. Como exemplo, tem-se os
mapas de risco, editais relacionados à CIPA, informações obtidas em revistas especializadas sobre assuntos
pertinentes ao trabalhador e, até mesmo, laudos de condições ambientais aos quais tenha havido a parti-
cipação dos demais funcionários.
Todos estes documentos são de extrema importância para a condução de um sistema de gestão de
segurança do trabalho, no qual, em alguns casos, os documentos devem ser arquivados.
Você percebeu a diferença entre os vários documentos que fazem parte da rotina da segurança do tra-
balho? Cada tipo de documento tem a sua importância, fique atento! A seguir, você verá como organizar
os documentos.

3.2 ORGANIZAÇÃO DE DOCUMENTOS

Segundo a Instrução Normativa nº 28, de 27 de fevereiro de 2002, recomenda-se que os documentos


de segurança do trabalho sejam mantidos, a fim de demonstrar que o Sistema de Gestão de Segurança
do Trabalho está operando de maneira eficiente e que os processos estão sendo realizados sob condições
seguras. Esta IN “[...] estabelece procedimentos para apreensão e guarda de documentos, livros, materiais,
equipamentos e assemelhados por Auditor-Fiscal do Trabalho e aprova modelos de Auto de Apreensão,
Termo de Guarda e Termo de Devolução de objetos.” (BRASIL, 2002a).

Você pode acessar a Normativa Instrução SIT nº 28, de 27 de fevereiro 2002, através do
SAIBA site <http://acesso.mte.gov.br/data/files/FF8080812BD96D6A012BDA9DACD959DD/
MAIS in_20020227_28.pdf>. Leia esta IN na íntegra e veja o que ela apresenta quanto à
responsabilidade da empresa com relação à guarda de documentos.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
58

É de suma importância que estes registros sejam legíveis, facilmente identificáveis e mantidos
adequadamente. Quando a questão é controle, rapidamente se pensa em uma infinidade de instrumentos
que auxiliam no gerenciamento de informações, mas nem todas as tarefas realizadas num setor dizem
respeito ao controle de informações. Mas, como controlar todas as informações e como manter todas orde-
nadas e organizadas para facilitar o trabalho de todos?

iStock ([20--?])
Figura 10 -  Guarda de documentos

Primeiramente, quando se pensa em um setor, imagina-se que não se trabalha sozinho, e sim, em equi-
pe. Essa afirmação remete ao pensamento de que as pessoas precisam uma das outras, e que, portanto,
todas entendem os processos e estejam dispostas a colaborar. Um bom exemplo de trabalho em equipe
é a CIPA, um grupo de pessoas que se propõe a auxiliar nas questões de segurança e saúde no trabalho.
Um sistema de controle eficiente é autogerenciável, ou seja, não depende de uma pessoa para funcio-
nar. Em um setor, cada funcionário sabe a sua função no grupo, por isso, em um sistema de gestão, é preci-
so estabelecer a tarefa que cada membro irá exercer. Como exemplo, é possível citar o setor de contratação
de serviços terceirizados ou o setor de compras.
Poderá acontecer de algumas empresas contratadas realizarem atividades internas sem que os funcio-
nários saibam. Nesse caso, é necessário deixar claro que a responsabilidade por esta prestadora de serviços
é do setor que a contratou, e que se acontecer alguma eventualidade, esta será de responsabilidade do
setor contratante deste serviço.
Para algumas empresas, o setor de segurança do trabalho não possui autonomia para realizar compras,
mas quando isso ocorre é necessário que seja discutido com este setor os parâmetros relacionados à com-
pra de EPIs, procurando deixar clara a quantidade a ser adquirida. Dessa forma, evita-se a falta de determi-
nado equipamento no momento em que precisar ser utilizado. É preciso deixar claro que qualquer falha
na distribuição ou falta de equipamentos a serem distribuídos é de responsabilidade do setor de compras.
A organização é um dos princípios mais importantes quando se está administrando um sistema de segu-
rança, pois de nada adianta ter todo o controle dos documentos, se os mesmos não estiverem devidamen-
te cadastrados e prontos para uma consulta ou apresentação. Tem-se diversos métodos para organizar os
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
59

documentos, sendo necessário tomar cuidado para que eles não sejam retirados das organizações. Alguns
métodos de organização têm a necessidade de retirá-los da empresa, mas isto não é muito recomendado.
Primeiramente, necessita-se explorar as melhores maneiras de organizar o setor e um grande aliado é o
princípio do Programa 5S. Você já ouviu falar deste sistema, não é verdade?
Um dos princípios desse programa está direcionado à organização de todos os documentos em pas-
tas devidamente separadas por nome e etiquetadas, de acordo com a natureza e temas escolhidos no
momento.
As pastas devem ser de cores diferentes e possuírem locais para colocar etiquetas. A sugestão é dividir
os conteúdos de maneira simples e direta, por ordem alfabética ou por assunto.

iStock ([20--?])

Quando se escolhe o método de arquivamento, ele precisa ser padrão para todos os documentos, para
não haver problemas de conflitos nas informações e dificuldades no momento de pesquisar ou encontrar
algum documento. Existem empresas terceirizadas para fazer este trabalho, que, muitas vezes, por conta-
rem com especialistas no assunto, podem oferecer os seguintes serviços:
a) guardar os documentos;
b) digitalizar os documentos;
c) catalogar os documentos;
d) recuperar documentos danificados;
e) organizar os arquivos.
Para facilitar as atividades das organizações, estas empresas terceirizadas também oferecem um servi-
ço de organização e catalogação de documentos, segundo um padrão preestabelecido pela contratante.
Desta forma, ela entrega para a organização somente um relatório informando onde foram catalogados os
documentos e, se um dia for necessário resgatar os mesmos, é mais fácil de solicitá-los.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
60

Outro serviço oferecido por empresas terceirizadas é a digitalização de documentos, que consiste em
retirar os originais dos documentos da contratada, digitalizá-los e guardá-los, disponibilizando em um ser-
vidor as cópias virtuais deste material. Este processo permite que a contratante acesse estes documentos e
realize impressões para controle interno.

iStock ([20--?])
Esta solução é muito vantajosa para a organização que opta por ela, mas tem um custo muito elevado e
a empresa contratada deve ser confiável, para que não haja vazamento de informações, que normalmente
são de cunho sigiloso e de controle interno das organizações.
Há a opção de contratar empresas que oferecem o serviço de organizar o arquivo na própria institui-
ção, onde disponibilizam pessoal especializado em limpar e organizar o arquivo da contratante, sem a
necessidade de deslocar o material contido no arquivo para fora da organização. Esta parece ser a melhor
solução, pois o perigo de extravio destas informações é praticamente nulo. O processo é simples e fácil,
isto é, a equipe higieniza e organiza o arquivo segundo orientações da própria contratada, seja por ordem
alfabética ou por assunto. Geralmente, é preciso disponibilizar alguém da contratante para acompanhar o
andamento das atividades.
Em determinadas situações, o problema vai mais além do que ter um arquivo desorganizado, pois os
documentos são armazenados de maneira errada e, com o tempo, acabam se perdendo (ou ficam borrados,
manchados e rasgados), sendo que, muitas vezes, estes são documentos importantes e insubstituíveis para
a organização. Atualmente, não são somente os documentos antigos que se perdem, pois documentos
armazenados em computadores ou servidores estão sujeitos a extravios, caso aconteça alguma coisa com
o equipamento. Em função disto, algumas empresas oferecem o serviço de recuperação de documentos
físicos e dados. Estes serviços, embora muito importantes e eficientes, são de custo muito alto.

Você sabia que uma restauração de dados de uma unidade de armazenamento com
160 gigabits custa em torno de R$ 4.000 (quatro mil reais), e uma restauração de
CURIOSI documentos não sai por menos de R$ 400 (quatrocentos reais) por folha restaurada.
DADES Ou seja, a restauração de dados ou de documentos tem um custo muito alto. Por isso,
é de extrema importância manter um sistema de backups dos documentos.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
61

No entanto, cabe a você auxiliar a empresa a fazer a escolha do melhor método de organização de docu-
mentos. Em se tratando de organização de documentos, é preciso considerar dois tipos básicos de arquivo:
morto e ativo.

iStock ([20--?])
Figura 11 -  Exemplo de Arquivo ativo

O arquivo morto é aquele que contém informações que precisam ser guardadas pelo prazo de vinte
anos e não podem sofrer ações do tempo, ou seja, não podem se estragar com o passar dos anos. Fazem
parte de um arquivo morto:
a) laudos técnicos;
b) fichas de EPIs;
c) processos de CIPA;
d) documentos de processos trabalhistas.
O arquivo ativo é aquele que engloba os demais documentos do setor, os documentos de consulta
diária, com os quais se tem contato sempre. Estes podem ficar em prateleiras e armários, devidamente
organizados e catalogados para que não se percam à medida em que o tempo passar. Outra opção é em
forma de arquivos eletrônicos com backups5 constantes. É fundamental o cuidado, para que o setor não
seja motivo de problemas para a organização. Mantenha seus arquivos na mais perfeita ordem!
Então, percebeu como é importante a organização das informações na empresa? Encontrar uma forma
de guardá-las, sem risco de perder registros importantes, é de grande responsabilidade do sistema de
gestão.


5
É uma cópia de segurança. O objetivo é o usuário se resguardar de uma ocasional perda de arquivos originais.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
62

3.3 RASTREABILIDADE

Quando se pensa no sistema de gestão de segurança do trabalho, é preciso perceber que existem mui-
tos documentos a serem gerenciados e guardados em local seguro e que garanta a qualidade de leitura
das informações destes documentos.

iStock ([20--?])
Figura 12 -  Documentos guardados e gerenciados em meio eletrônico

Você sabe como localizar documentos e como garantir que não se percam nem se extraviem em uma
determinada fase do processo de trabalho? Para isso, faz-se necessário um sistema de rastreabilidade de
documentos que, em sua essência, significa marcar estes documentos de alguma forma para que seja pos-
sível localizá-los. Um ótimo exemplo é o sistema de rastreamento de encomendas do Sistema dos Correios
no Brasil.
Imagine que você está encaminhando um documento, via correio, para seu advogado que está em
outra cidade. Acompanhe as principais etapas de rastreamento:
a) prepara o documento para postagem;
b) posta o documento, no correio, e ele ganha um código de envio postal que será o mesmo até o final
do processo;
c) o documento postado vai a um centro de triagem, separado pelo código de envio postal, conhecido
como CEP;
d) o documento é enviado ao local destino;
e) o carteiro é responsável pela chegada do documento no endereço de destino.
O interessante é que, a qualquer momento, você pode acompanhar os passos de sua encomenda, atra-
vés da Internet. Um código de rastreamento é fornecido a você pelos Correios no momento da postagem
de sua encomenda que poderá ser utilizado no sistema dos Correios.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
63

iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)


Figura 13 -  Rastreamento de encomenda

Rastrear documentos desta forma seria muito mais fácil não é mesmo?
Veja o que a OHSAS 180026:2008 diz a respeito da organização de documentos em seu item 4.4.5
Controle de documentos:

Convém que os procedimentos escritos definam os controles para a identificação,


aprovação, emissão e descarte da documentação de SST, juntamente com o controle
dos dados de SST7 [...]. É recomendado que tais procedimentos definam claramente as
categorias de documentação e de dados aos quais se aplicam.
É recomendado que a documentação e os dados estejam disponíveis e acessíveis
quando necessário, tanto sob condições rotineiras como sob condições não-rotineiras,
incluindo emergências. Isso pode incluir a garantia de que desenhos técnicos, fichas de
dados de materiais perigosos, procedimentos e instruções, etc. estejam atualizados e
disponíveis para as pessoas que precisarem dos mesmos numa emergência. (BSI GROUP,
2008)

Note que A OHSAS 18002 mostra a necessidade de haver controle dos documentos, que os mesmos
estejam acessíveis e que haja procedimentos que definam claramente as categorias de documentação e
de dados. Para isso ser possível, é preciso que a empresa defina uma maneira de organizar os documentos
e isto inclui a rastreabilidade dos mesmos.
Para fazer a gestão de documentos pode ser utilizado um sistema parecido com o exemplo do Correios,
citado anteriormente, sendo mais simplificado e direto.


6
Define as diretrizes para a Implementação da OHSAS 18001:2007. OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series.

7
Saúde e Segurança do Trabalho.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
64

Quando se prepara um documento, tem que se pensar em ter o controle deste em todos os momentos
do processo. Neste caso, necessita-se dar um nome a ele, por exemplo: “Relatório de Controle de Terceiros”.
No processo de trabalho, existem milhares desses relatórios. Então, dá-se nome e sobrenome a todos os
documentos preparados. Assim, o documento será o “Relatório de Controle de Terceiros”. 001/2011
Após o nome e sobrenome deste relatório ou documento, deve-se indicar para onde ele está indo, ou
seja, qual o local de guarda do mesmo. Caso ele seja um documento de consulta direta que vai ficar no seu
setor, indique a pasta, o armário ou a gaveta que ele ficará.
Suponha que o documento está em uma pasta que se chama “Documentos de Terceiros” e que esta
pasta fica no “Armário 001”, “Prateleira 02”.
Você concorda que fica mais fácil localizar o documento desta forma?
A seguir, é preciso criar um “Catálogo”. Nele serão incluídos os nomes dos documentos e a indicação de
onde encontrá-los, como fazem os Correios. É importante manter sempre atualizadas estas informações.
Para facilitar seu entendimento, leia um exemplo.
Imagine que você finalizou a atualização do PPRA de 2017 e precisa substituir os registros que estão
vencidos. Você vai jogar fora estes registros antigos? De forma alguma, vai apenas transferi-lo de local de
arquivo, já que o mesmo não será tão manuseado. Siga os passos deste procedimento:
a) nomear o novo documento: seu nome será PPRA 2018;
b) enumerar este documento: o número será 001/2018;
c) indicar sua localização: ficará no Armário 02, na Prateleira 04;
d) efetuar a troca dos documentos;
e) redefinir o local de guarda do PPRA 2017 que não mais será usado com tanta frequência;
f ) indicar, no Catálogo, o novo endereço deste documento. Exemplo: Arquivo morto, Armário 0012,
Prateleira 03, Caixa de Laudos Técnicos PPRA;
g) levar o documento até o arquivo e garantir que ele seja colocado no local que foi determinado.
Considerando que você recebeu uma intimação judicial solicitando dados do PPRA 2017 e precisa res-
gatar este documento do arquivo para fornecer as informações solicitadas.
Você sabe como proceder? É muito fácil!
Pegue seu catálogo e localize o documento solicitado. Sua resposta será Arquivo morto, Armário 0012,
Prateleira 03, Caixa de Laudos Técnicos PPRA. Vá, então, até o arquivo, resgate o documento, forneça as
informações solicitadas e depois devolva o documento para o mesmo lugar onde estava. Desta forma, o
sistema de organização funcionará corretamente.
Existe outra forma para realizar este rastreamento de documentos: contratar uma empresa para fazer
isto para você. Normalmente estas empresas cobram caro e nem sempre oferecem serviços de qualidade.
Sendo assim, o sistema tradicional é o mais complexo, pois demanda trabalho e dedicação para mantê-lo
funcionando perfeitamente, mas também, é o mais seguro.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
65

Uma sugestão a quem for realizar este processo é nomear um gestor destes documentos e atribuir a ele
a responsabilidade por manter o sistema funcionando corretamente.

SAIBA Para ampliar seus conhecimentos sobre arquivos, leia a obra da autora Marilena Leite
MAIS Paes, o livro Arquivo - Teoria e Prática, da FGV, 1997.

É possível ainda, adquirir um sistema informatizado para gestão de documentos, que o auxiliará no
cadastro e busca de documentos e relatórios, de maneira a otimizar seu tempo e agilizar o processo.
A maioria destes programas utiliza um gerador de código de barras que permite que você, ao utilizar
uma leitor de código de barras, possa localizar imediatamente o documento e onde ele deve ser guardado
novamente. É um sistema semelhante ao das locadoras. Tudo funciona através do código de barras. Esse
sistema demanda investimentos e nem sempre a empresa está disposta a investir para obter resultados.
A seguir, você pode verificar um exemplo de Modelo de Catálogo.

Nº NOME DO DOCUMENTO LOCAL DE GUARDA DATA DO ENVIO


001/2017 PPRA 2017 Armário 02, na prateleira 04 05/01/2017
Quadro 5 - Modelo de Catálogo
Fonte: SENAI (2017)

Através do modelo de catálogo apresentado anteriormente como exemplo, é possível verificar que
pode ser muito simples catalogar documentos, sendo mais fácil a localização do que se está procurando, o
que significa economia de tempo, agilidade de processo.

3.4 REQUISITOS LEGAIS

Você sabe de quem é a responsabilidade de fiscalizar os documentos de segurança do trabalho? Cabe


ao Ministério do Trabalho através de um auditor-fiscal do trabalho esta responsabilidade. Se a empresa não
apresentar os documentos estudados anteriormente, pode sofrer penalidades. Dentre elas estão:
a) notificação;
b) termo de interdição;
c) termo de embargo;
d) auto da infração.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SAGURANÇA DO TRABALHO
66

Ou seja, a empresa que não cumprir com a legislação referente aos documentos obrigatórios, pode ser
embargada, notificada ou até mesmo interditada. Os auditores podem interditar máquinas que não este-
jam com seus documentos em dia, embargar obras que não estejam de acordo com as normas e notificar
as empresas por irregularidades que estejam apresentando.
De acordo com o decreto 8.373/14 (BRASIL, 2017d), foi criado um novo sistema de registro elaborado
pelo Governo Federal para facilitar a gestão dos registros referentes aos trabalhadores. Todas as informa-
ções do colaborador irão compor um único sistema, que será alimentado pelas empresas, fornecendo todos
os dados relativos aos trabalhadores, como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento,
comunicações de acidente de trabalho, aviso prévio, escriturações fiscais e informações sobre o FGTS –
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O sistema surgiu para simplificar o trabalho do empregador. A
partir da implantação do eSocial, a empresa vai poder deixar de guardar a documentação pelo tempo de
20, 30 anos, porque essas informações já serão repassadas ao governo e a responsabilidade de guarda
dessa informação passa a ser do próprio sistema.

SAIBA Busque se integrar do eSocial através do site <http://portal.esocial.gov.br/institucional/


conheca-o>. Este projeto do Governo Federal está modernizando o sistema de
MAIS informações integradas.

Por que você precisa saber isso? As informações de saúde e segurança do trabalho deverão estar uni-
ficadas com o sistema. As informações que hoje são passadas ao Ministério do Trabalho serão repassadas
para essa nova ferramenta.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você conheceu os tipos de documentos que são utilizados pela área de segurança
do trabalho, a sua finalidade e a importância de cada um deles para esta área técnica.
Muitos documentos precisam ser elaborados por profissionais legalmente habilitados e devem
seguir as determinações das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.
Foi possível perceber como os documentos estão inseridos em um sistema de gestão de saúde e
segurança do trabalho e como deve ser a respectiva rotina de elaboração e guarda.
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS
67

Você pôde conhecer algumas das formas utilizadas para organização e rastreabilidade dos
documentos de acordo com os requisitos legais. Os documentos devem ser arquivados por um
determinado período de tempo e o que determina o tempo de guarda de cada documento é a lei.
A caminhada de seu aprendizado não termina aqui! Continue neste processo, reforçando
conteúdos. Lembre se de estar sempre disposto a adquirir novos conhecimentos!
Gerenciamento dos Programas de Saúde e
Segurança Exigidos pela Legislação

A elaboração e implementação dos programas de saúde e segurança do trabalho são deter-


minações dadas pelas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho ou são recomen-
dações de órgãos do Governo Federal, como a Fundacentro.
Estes programas, segundo a NR 9, visam à preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência de
riscos existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. (BRASIL, 2017a).
O gerenciamento dos programas de saúde e segurança do trabalho utilizados pelas em-
presas tem por objetivo manter os locais de trabalho mais seguros e saudáveis, mantendo a
integridade física dos colaboradores, além de envolve a participação dos trabalhadores e dos
empregadores.
O sucesso desse gerenciamento depende das equipes responsáveis e todo o conjunto de
recursos necessários para a implementação e atualização dos programas.
Ao final deste estudo, você será capaz de:
a) monitorar a execução dos planos de ação gerados em função dos programas, auditorias,
documentos e inspeções técnicas referentes a saúde e segurança do trabalho;
b) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e ou ativi-
dade da empresa;
c) efetuar o registro de dados e informações referentes à gestão de saúde, segurança e
meio ambiente do trabalho, com base no monitoramento realizado;
d) avaliar a necessidade de alteração e ou complementação das diretrizes de segurança do
trabalho estabelecidas nos procedimentos operacionais e de emergência;
e) avaliar a evolução ou a mitigação dos riscos ocupacionais evidenciados nos relatórios;
f ) aplicar legislação, normas e notas técnicas referentes a acidentes e doenças ocupacio-
nais;
g) correlacionar as diretrizes de segurança do trabalho descritas nos procedimentos com as
atividades desenvolvidas no ambiente laboral.
Está pronto para iniciar com os estudos? Concentre-se e bons estudos!
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
70

4.1 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA

Muitos são os programas de saúde e segurança do trabalho utilizados pelas empresas com a finalidade
de garantir a saúde e segurança dos colaboradores. A maioria deles são obrigações legais, outros são reco-
mendações da Fundacentro, os quais devem ser utilizados como ferramentas para auxiliar na gestão dos
riscos da empresa.
Os programas de saúde e segurança tem como objetivo a redução e controle dos ricos presentes no
ambiente de trabalho e tem como base legal a Constituição Federal, Artigo 7o, que cita: “São direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXII - re-
dução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. (BRASIL, 1988).
A preocupação com a saúde e segurança do trabalhador vem aumentando com o passar do tempo e
você pode perceber isto através de estudos relacionados com a exposição do trabalhador aos riscos am-
bientais, que são publicados a cada ano, através de novas normas e decretos, ampliando assim a forma de
controlar os riscos de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Os programas de saúde e segurança
do trabalho precisam acompanhar a evolução destes estudos e as revisões das normas para que o controle
dos riscos presentes no ambiente laboral seja melhorado continuamente.
Na sequência, você poderá conhecer os programas de saúde e segurança e verificar como se dá o
gerenciamento dos mesmos. Para um programa destes ser realmente efetivo, não basta apenas elaborá-
-lo e arquivá-lo para uma possível fiscalização, é preciso que todos os documentos que fazem parte de
um programa sejam analisados, revisados e utilizados de forma a garantir a integridade física e moral do
trabalhador.
Veja, a seguir, quais serão os programas de saúde e segurança do trabalho que serão abordados neste
capitulo:
PCMSO- Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional
PPRA- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PCA- Programa de Conservação Auditiva
PPR- Programa de Proteção Respiratória
PCMAT- Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho
PPEOB- Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno
PGR- Programa de Gerenciamento de Risco
LTCAT- Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho
PPRPS- Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares
Todos esses programas citados são elaborados pela segurança do trabalho e é de responsabilidade do
empregador designar pessoas com competência para gerenciá-los. O sucesso de um programa depen-
de de uma boa gestão, visto que é ela que vai garantir que as ações determinadas no programa sejam
cumpridas.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
71

Siga em frente e conheça cada um desses programa de saúde e segurança do trabalho.

4.1.1 PCMSO- PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONAL

O Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional está regulamentado pela NR 07. No primeiro item
desta norma, está determinada a obrigatoriedade, por parte de todas as empresas que admitam traba-
lhadores, de elaborar e implementar este programa, com o objetivo de promover e preservar a saúde dos
trabalhadores. (BRASIL, 2013a).
A NR 07 define os parâmetros mínimos necessários para execução do PCMSO e fica a critério do médico
coordenador do programa ir além do que especifica esta NR. É responsabilidade do empregador a delega-
ção do profissional coordenador do programa.
O PCMSO deve contemplar todas as funções que são exercidas na empresa e abordar todos os riscos
existentes no local de trabalho de acordo com as funções de cada trabalhador. Para que todos os riscos
inerentes às funções sejam avaliados pelo médico do trabalho e contemplados no PCMSO, devem ser re-
alizadas avaliações de riscos no ambiente de trabalho, pois a indicação dos exames médicos necessários
para manter a integridade física do trabalhador são realizados de acordo com a função do trabalhador e
dos riscos pertinentes ao trabalho. O PCMSO e o PPRA são programas que devem estar alinhados, pois o
reconhecimento de riscos presentes no PPRA auxilia o desenvolvimento do PCMSO.
iStock ([20--?]), Fabio Henrique Lessmann da Silva (2017)

Figura 14 -  Ficha médica ocupacional

O PCMSO deverá incluir a realização obrigatória dos exames médicos de: admissão, periódico8, retorno
ao trabalho, mudança de função e demissional. Por esse motivo, ele se torna um programa dinâmico, que
é complementado constantemente.


8
Exame médico periódico: é aquele realizado a cada período de tempo, determinado pela NR 7.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
72

De acordo com a NR 7, item 7.4.2:

Os exames de que trata o item 7.4.1 (admissão, periódico, retorno ao trabalho, mudança
de função e demissional), compreendem:
a) avaliação clínica, abrangendo anamnese9 ocupacional e exame físico e mental;
b) exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos nesta NR e
seus anexos. (BRASIL, 2013a).

Para que você possa compreender melhor:


a) Avaliação clínica: é uma avaliação realizada pelo médico do trabalho é composta por anamnese,
exame físico.
b) Exames complementares: São exames solicitados de acordo com a função exercida pelo colabora-
dor, por exemplo: audiometria, espirometria, raio X, hemograma etc.
Você pôde verificar que a NR 7 determina o tipo e a periodicidade de cada exame médico ocupacional.
É preciso ter cuidado para que o exame admissional seja realizado antes do início das atividades do cola-
borador. Para o exame periódico, são determinados intervalos mínimos de tempo conforme item 7.4.3.2:

a) para trabalhadores expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem o des-


encadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que
sejam portadores de doenças crônicas, os exames deverão ser repetidos:
a.1) a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado, ou se noti-
ficado pelo médico agente da inspeção do trabalho, ou, ainda, como resultado de
negociação coletiva de trabalho;
a.2) de acordo com à periodicidade especificada no Anexo n.º 6 da NR 15, para os trabal-
hadores expostos a condições hiperbáricas;
b) para os demais trabalhadores:
b.1) anual, quando menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 45 (quarenta e cinco)
anos de idade;
b.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre 18 (dezoito) anos e 45 (quarenta e
cinco) anos de idade. (BRASIL, 2013a).

Segundo a NR 7 (BRASIL, 2013a), o exame de retorno ao trabalho deve ser feito antes do colabora-
dor retornar ao trabalho depois de um período de afastamento por motivo de saúde. O exame mé-
dico de mudança de função deve ser realizado quando o colaborador troca de função e nessa tro-
ca houve a alteração de riscos no ambiente de trabalho, mudança de exposição. Caso o colabora-
dor tenha mudado de função, porém não tenha mudança de exposição, não é necessário o exame.


9
Consiste no histórico de todos os sintomas narrados pelo paciente sobre determinado caso clínico.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
73

O exame demissional deve ser realizado até a data da homologação da rescisão do contrato de trabalho,
porém exclui-se a necessidade deste exame caso o último exame periódico tenha sido realizado nos últi-
mos 135 dias ou menos para empresas de grau de risco 1 e 2 e 90 dias para empresas de grau de risco 3 e 4.
Para cada exame admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional
realizado pelo médico do trabalho, deverá ser emitido um ASO. Você sabia que, para cada exame, o médico
é obrigado a emitir o ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) em duas vias? Uma via fica com a empresa e
a outra é entregue ao colaborador. A seguir, você poderá verificar um exemplo deste documento médico.

Nome da Empresa/Clínica
Rua:_______, Bairro: ________, Cidade:___________, Estado:_______, Brasil.
CEP_________ Fone: ( )______.
XXXXXXXX XXXXXXXXXX
Nome da Empresa
Em cumprimento ao disposto no item 7.4.1 da NR 7 e Portaria N 24 de 24/14/84

ASO - Atestado de Saúde Ocupacional

Nome: Data da Admissão:

Sexo Nascimento Registro Geral Função


Masculino( ) Feminino( ) / /
Local de Trabalho Descrição de atividades desenvolvidas

Tipo de Exame Médico


Admissional ( ) Periódico ( ) Demissional ( ) Mudança de Função ( ) Retorno ao Trabalho ( )

Riscos
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
( )Ruído ( )Poeira ( )Vírus ( )Esforço físico intenso ( )Arranjo físico inadequado

( )Calor ( )Fumos ( )Bactérias ( )Levantamento/Trans. manual de peso ( )Eletricidade

( )Vibração ( )Névoas ( )Protozoários ( )Postura inadequada ( )Animais Peçonhentos

( )Umidade ( )Neblina ( )Fungos ( )Trabalho em turnos e noturno ( )Máquinas e equipamentos sem proteção

( )Radiações não-ionizantes ( )Gases ( )Parasitas ( )Monotonia e repetitividade ( )Probabilidade de incêndio/explosão

( )Radiações ionizantes ( )Vapores ( )Ritmo excessivos ( )Outras Situações causadoras de acidentes

( )Frio ( )Outros Químicos ( )Controle rígido de produtividade ( )Ferramentas inadequadas


Leonardo R. dos Santos Reis (2017)

( )Pressões anormais ( )Iluminação inadequada

( )Outras situações não mencionadas

Declaramos que após investigação clínica, o candidato(a) à função acima declarada foi considerado(a): Apto( ) Inapto( )
Assinatura do Médico: Data
Assinatura do funcionário: / /
Figura 15 -  Modelo de Atestado de Saúde Ocupacional - ASO
Fonte: Segurança do Trabalho NWN (2017)
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
74

A partir do modelo de ASO apresentado anteriormente, é possível verificar como são importantes as
informações relativas aos riscos ocupacionais, conhecer o que realmente o trabalhador faz em sua função.
De acordo com a NR 7, o ASO deverá conter, no mínimo:

a) nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade e sua função;


b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na atividade do
empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e
Saúde no Trabalho-SSST;
c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, incluindo
os exames complementares e a data em que foram realizados;
d) o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM;
e) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer,
exerce ou exerceu;
f ) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;
g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número
de inscrição no Conselho Regional de Medicina. (BRASIL, 2013a).

A atualização das funções exercidas pelo trabalhador na empresa é extremamente importante para o
gerenciamento do PCMSO. Para a atualização dos atestados de saúde ocupacional, seria ideal a empresa
implantar um sistema que avisasse quando as validades dos ASOs estão se encerrando, para que o coorde-
nador do PCMSO tenha o controle dos exames.
Conforme comentado anteriormente, o PCMSO e o PPRA são programas que devem estar alinhados,
pois, para a elaboração do PCMSO, é recomendável a utilização do documento base do PPRA, onde estão
detalhadas as funções e os riscos existentes em cada uma delas.
A elaboração do documento base do PCMSO inicia com os dados apresentados a seguir. Acompanhe.
a) Identificação da empresa.
Nessa primeira fase, será feita a identificação da empresa, a partir do nome, da razão social, do CNPJ,
dos responsáveis, do endereço, de telefones.
b) Caracterização da atividade.
Na segunda etapa, deve ser identificado o CNAE, o grau de risco, o tipo de atividade desenvolvida.
c) Número de funcionários divididos por turno.
É necessária identificação do número total de funcionários, número por turnos e horários dos turnos
de trabalho.
d) Introdução.
Na introdução, é precisa constar a base legal do documento, citar a legislação que normaliza o
documento.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
75

e) Objetivo do documento.
Um texto simples, que caracterize o objetivo do documento.
f ) Identificação dos responsáveis.
Na identificação dos responsáveis, é preciso citar o nome, função, número de registro profissional, e
função na empresa e no documento.
São várias as ações contidas no PCMSO em relação à avaliação da saúde do trabalhador no ambiente de
trabalho. O coordenador deste programa deve trabalhar em conjunto com o setor de segurança do traba-
lho, pois todo o risco identificado pela segurança do trabalho deve ser identificado pelo setor de medicina
do trabalho. Para cada tipo de risco ocupacional há um tipo de exame e controle médico a ser realizado.
Por exemplo, se na avaliação de riscos a área de segurança do trabalho identificou-se que o ambiente de
trabalho possui ruído e apresentou este risco no PPRA, o trabalhador daquele ambiente de trabalho deve
passar por exames audiométricos de acordo com o PCMSO.
A seguir, você poderá verificar como deve ser o relatório anual do PCMSO, segundo o Quadro III da NR 7.

Leonardo R. dos Santos Reis (2017)

Figura 16 -  Quadro III da NR 7 Relatório anual do PCMSO


Fonte: BRASIL (2013a)

A Identificação das funções de cada trabalhador geralmente é repassada aos setores de segurança e
medicina do trabalho pelo RH da empresa, porém é recomendável que se faça uma verificação in loco das
atividades realizadas pelo trabalhador.

FIQUE Você precisa estar sempre alerta com as descrições das atividades contidas nos
programas de saúde e segurança do trabalho. A função do trabalhador deve estar de
ALERTA acordo com as atividades realizadas e com os riscos inerentes da função.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
76

De acordo com o modelo de formulário de reconhecimento de riscos apresentado a seguir, realiza-se


uma análise de cada função e se preenche as lacunas deste formulário com a descrição da função, do setor
de trabalho, com o número de colaboradores trabalhando naquela função, com os riscos a que estão ex-
postos, com o meio de propagação do agente de risco, quais as medidas de controle de risco da atividade
desenvolvida. Não há um documento padrão e cada empresa pode adequar e formatar seu modelo de
acordo com a sua realidade.

PCMSO - Programa de Controle médico de saúde ocupacional

RECONHECIMENTO DOS RISCOS

SETOR DE TRABALHO: TURNO DE TRABALHO: JORNADA DE Nº FUNCIONÁRIOS:


TRABALHO:

Masculino Feminino Menores Total LOCAL:

FUNÇÃO: CBO:

ATIVIDADE:

DESCRIÇÃO DO AMBIENTE:

CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO LOCAL DE TRABALHO:

RISCO:

FONTE MEIOS DE TRABALHADORES TIPO DE


AGENTES GERADORA PROPAGAÇÃO EXPOSTOS EXPOSIÇÃO

MEDIDAS DE CONTROLE

MEDIDAS DE CONTROLE
AGENTES EXISTENTES MEDIDAS DE CONTROLE
PROPOSTAS
Leonardo R. dos Santos Reis (2017)

EPI EPC

Recomendações:

Figura 17 -  Modelo de formulário para identificação de riscos ambientais


Fonte: Segurança do trabalho NWN (2017)
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
77

Você pôde perceber, na figura anterior, que o formulário apresenta a identificação do trabalhador, a
função, a descrição do ambiente laboral, a identificação dos riscos e as medidas de controle de riscos. É
importante lembrar que nem sempre quem vai ler o documento conhece a empresa. Então, quanto mais
detalhadas as informações, mais fácil a compreensão da informação.
As informações contidas no formulário de identificação de riscos ambientais servem de base para a
solicitação dos exames médicos. O médico do trabalho solicita os exames médicos de acordo com a função
e riscos presentes em sua atividade.
A NR 7 define quais são os exames médicos a serem realizados de acordo com os riscos aos quais o
trabalhador está exposto. Na sequência, você poderá verificar esta informação, analisando um trecho do
quadro I da NR 7.

Leonardo R. dos Santos Reis (2017)

Figura 18 -  Parcial do Quadro I da NR 7 – Parâmetros para controle biológico da exposição ocupacional a agentes alguns químicos
Fonte: Brasil (2013a)

Nota relativa ao Quadro I da NR7. Descrito conforme Brasil (2013a):

ABREVIATURAS
IBMP: Índice Biológico Máximo Permitido: é o valor máximo do indicador biológico para o qual se supõe
que a maioria das pessoas ocupacionalmente expostas não corre risco de dano à saúde. A ultrapassagem
deste valor significa exposição excessiva;
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
78

VR: Valor de Referência da Normalidade: valor possível de ser encontrado em populações não-expostas
ocupacionalmente;
NF: Não Fumantes.

MÉTODO ANALÍTICO RECOMENDADO


E: Espectrofotometria Ultravioleta/Visível;
EAA: Espectrofotometria de Absorção Atômica;
CG: Cromatografia em Fase Gasosa;
CLAD: Cromatografia Líquida de Alto Desempenho;
IS: Eletrodo Ion Seletivo;
HF: Hematofluorômetro.

CONDIÇÕES DE AMOSTRAGEM
FJ: Final do último dia de jornada de trabalho (recomenda-se evitar a primeira jornada da semana);
FS: Final do último dia de jornada da semana;
FS+: Início da última jornada da semana;
NC: Momento de amostragem “não crítico”: pode ser feita em qualquer dia e horário, desde que o traba-
lhador esteja em trabalho contínuo nas últimas 4 (quatro) semanas sem afastamento maior que 4 (quatro)
dias;
T-1: Recomenda-se iniciar a monitorização após 1 (um) mês de exposição;
T-6: Recomenda-se iniciar a monitorização após 6 (seis) meses de exposição;
T-12: Recomenda-se iniciar a monitorização após 12 (doze) meses de exposição;
0-1: Pode-se fazer a diferença entre pré e pós-jornada.

INTERPRETAÇÃO
EE: O indicador biológico é capaz de indicar uma exposição ambiental acima do limite de tolerância,
mas não possui, isoladamente, significado clínico ou toxicológico próprio, ou seja, não indica doença, nem
está associado a um efeito ou disfunção de qualquer sistema biológico;
SC: Além de mostrar uma exposição excessiva, o indicador biológico tem também significado clínico
ou toxicológico próprio, ou seja, pode indicar doença, estar associado a um efeito ou uma disfunção do
sistema biológico avaliado;
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
79

SC+: O indicador biológico possui significado clínico ou toxicológico próprio, mas, na prática, devido à
sua curta meia-vida biológica, deve ser considerado como EE.

VIGÊNCIA
P-18: A inspeção do trabalho passará a exigir a avaliação deste indicador biológico 18 (dezoito) meses
após a publicação desta norma.
Observe que, para cada agente químico que será analisado, existe uma forma de fazer a coleta de ma-
terial biológico. Por exemplo, para verificar a presença de chumbo no organismo de um trabalhador, é
preciso coletar a urina e o sangue em qualquer dia e horário, desde que o trabalhador esteja em trabalho
contínuo nas últimas 4 (quatro) semanas, sem afastamento maior que 4 (quatro) dias e é recomendado
iniciar a monitorização de chumbo no organismo após 1 (um) mês de exposição.
O médico coordenador do PCMSO deve estar atento a todo tipo de alteração de função e de atividade
do trabalhador, além da periodicidade da realização dos exames para cada função.
No PCMSO, deve existir um cronograma de ações a serem executadas no período de um ano, devendo
estas ações fazer parte do relatório anual do programa. O cronograma de ações é utilizado pelo coordena-
dor do PCMSO como ferramenta para gerenciar o mesmo. Existem outros meios de gerenciamento do pro-
grama de saúde, como sistemas de informática que arquivam as informações dos colaboradores e geram
relatórios, notificam quando prazos estão sendo esgotados, ações que estão pendentes etc. O cronograma
de ações de saúde é obrigatório no PCMSO.
No final do ano de vigência do PCMSO, é necessário fazer um relatório anual com os dados estatísticos
contendo os exames realizados e os exames complementares. O relatório anual deverá ser discriminado
por setores para que seja possível fazer um planejamento para o próximo ano.
Outros programas de saúde e segurança serão apresentados a você. Acompanhe a apresentação do
PPRA.

4.1.2 PPRA- PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

A obrigatoriedade do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais é estabelecida pela NR 09. Segundo


esta Norma Regulamentadora, em seu item 9.1.3 consta que:

O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo
da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado
com o disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional - PCMSO previsto na NR-7. (BRASIL, 2017a).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
80

Você se recorda que foi dito anteriormente que o PCMSO deve estar alinhado ao PPRA? Esta informação
está descrita na NR 9, como você pôde ler na citação anterior. Não há possibilidades de existirem riscos
diferentes ou riscos não identificados para a mesma função. Se um dos programas apresentou algum risco,
este deve estar apontado no outro. O que constar em um, deve constar no outro.
Segundo a NR 9 (BRASIL, 2017a), todos os empregadores e instituições que admitam trabalhado-
res como empregados ficam obrigados a elaborar e implementar o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da ante-
cipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou
que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais.
Você deve estar se perguntando sobre quais são os riscos ambientais que devem ser contemplados nos
PCMSO e no PPRA?
De acordo com a NR 9 (BRASIL, 2017a), são considerados como riscos ambientais os agentes físicos,
químicos e biológicos que estão presentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar algum dano à saúde do traba-
lhador. São considerados agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expos-
tos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações
ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Consideram-se como agentes
químicos as substâncias compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória,
nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de ex-
posição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. E, por fim,
são considerados como agentes biológicos as bactérias, os fungos, os bacilos, os parasitas, os protozoários,
os vírus, entre outros.
iStock ([20--?])

Figura 19 -  Trabalhador fazendo uso de serra com geração de poeira

Algumas empresas optam por incluir no PPRA os riscos de acidente e os riscos ergonômicos, porém
estes riscos devem estar inclusos no LTCAT sem a necessidade de estarem presentes no PPRA. Os riscos
ergonômicos podem ser inclusos em um programa exclusivo à ergonomia. O programa de ergonomia não
é obrigatório, porém ele é uma das medidas de controle de riscos ocupacionais.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
81

Conforme a NR 9, o PPRA deverá conter no mínimo a seguinte estrutura:

a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;


b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. (BRASIL, 2017a).

FIQUE O PPRA para os serviços de saúde segue um molde diferente do PPRA descrito pela NR
ALERTA 9. O item 32.2.2 da NR 32 define o que deve conter no PPRA da área da saúde.

Elaborar um PPRA de uma empresa não quer dizer que os trabalhadores estão livres da exposição a ris-
cos ambientais no local de trabalho, é preciso que este programa seja implementado e gerenciado. Realizar
a avaliação das atividades dos trabalhadores in loco e verificar se a descrição das atividades apresentadas
pelo setor de RH conferem com a exposição do trabalhador faz com que o controle do risco e da saúde do
trabalhador seja efetiva.
Fazer a escolha dos métodos de amostragem de riscos e realizar a conferência dos resultados destas
amostragens exige a presença de um profissional apto para essa função, pois é a partir dos resultados de
avaliação ambiental que são definidas as medidas de controle de riscos.
Veja um exemplo do que foi comentado anteriormente: você é um técnico de segurança recém-formado
e nunca realizou uma avaliação quantitativa de ruído; você imagina que um grupo de trabalhadores está
exposto ao mesmo nível de ruído, mas não conhece a intensidade deste ruído e precisará realizar uma me-
dição. Para medir o nível de ruído presente no ambiente de trabalho, você precisa escolher o equipamento
correto, verificar quais trabalhadores irão ser avaliados, quanto tempo de medição será preciso para avaliar
a real exposição do trabalhador ao ruído e saber o que fazer com os dados obtidos na medição. Estes são
apenas alguns itens a serem analisados pelo avaliador antes de quantificar qualquer risco ambiental.
O PPRA contém informações muito importantes para a empresa e para o trabalhador. Por isso, deve ser
muito bem elaborado e administrado, senão seu objetivo não é cumprido. Segundo a NR 9, as etapas a
seguir devem estar inclusas no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais:

a) antecipação e reconhecimentos dos riscos;


b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
e) monitoramento da exposição aos riscos;
f ) registro e divulgação dos dados. (BRASIL, 2017a).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
82

Cada etapa do desenvolvimento deste programa deve seguir o que a norma exige. Veja, a seguir, o que
a NR 9 diz a respeito da antecipação e do reconhecimento dos riscos ambientais.

A antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas instalações, métodos


ou processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando a identificar os
riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação.
O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando
aplicáveis:
a) a sua identificação;
b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;
c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no
ambiente de trabalho;
d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos;
e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;
f ) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimen-
to da saúde decorrente do trabalho;
g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na litera-
tura técnica;
h) a descrição das medidas de controle já existentes. (BRASIL, 2017a).

Você percebeu que o exemplo dado anteriormente sobre a avaliação de ruído segue o que descreve a
norma? Reconhecer a presença de um risco no ambiente de trabalho, fazer sua avaliação e posterior con-
trole exige muita dedicação e estudo.
Existem pessoas que leem somente o objetivo e a conclusão do PPRA. Para os técnicos em segurança
do trabalho, o importante é o desenvolvimento, pois é nele que se encontram as medidas de controle, as
mediadas de proteção coletivas e individuas.

FIQUE O gerenciamento do PPRA deve ser constante, pois este programa é um dos documentos
mais utilizados no setor de saúde e segurança do trabalho. É preciso manter o PPRA
ALERTA sempre atualizado. Cargos, funções e atividades podem mudar ao longo de um ano!

O que faz com que o gerenciamento do PPRA seja eficiente são as ações contidas no cronograma de
ações do PPRA. Este cronograma visa à prevenção da saúde do trabalhador. Muitas empresas prestadoras
de serviço na área da segurança e medicina do trabalho elaboram PPRA, mas é preciso que você, como
bom profissional de segurança do trabalho, fique atento às informações contidas nos documentos que
estas empresas irão lhe entregar caso as contrate!
Com relação ao registro de dados, a NR 9 diz que:
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
83

Deverá ser mantido pelo empregador ou instituição um registro de dados, estruturado


de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do desenvolvimento do
PPRA. Os dados deverão ser mantidos por um período mínimo de 20 (vinte) anos. O
registro de dados deverá estar sempre disponível aos trabalhadores interessados ou
seus representantes e para as autoridades competentes. (BRASIL, 2017a).

Como você pôde perceber, o PPRA deve ser mantido pela empresa por 20 anos. Para ser preciso guardar
um documento por tanto tempo, é visto que é um documento de extrema importância para a empresa e
para o trabalhador.
A NR 9 (determina que os trabalhadores devem colaborar e participar na implantação e execução do
PPRA, devem seguir as orientações recebidas nos treinamentos no PPRA e devem informar ao seu superior
hierárquico direto as ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores.
Note que os trabalhadores devem fazer parte do PPRA. Mas, será que na prática isto acontece?

CASOS E RELATOS

Atualizando documentos
Isto me lembra um fato ocorrido quando ainda estava atuando como técnico em segurança do
trabalho, há poucos meses, em uma grande empresa no ramo da tecelagem. Fui contratado para
realizar melhorias, implantar novos programas de riscos, realizar treinamentos e me deparei com a
seguinte situação: a empresa tinha acabado de ser visitada pela fiscalização do Ministério do Tra-
balho e foi notificada, porque existiam irregularidades na elaboração de seu PPRA, o que gerou um
grande desconforto para todos e um prazo para regularizar a situação levantada.
Depois de ir atrás de toda a documentação, analisá-la e estudá-la, pude identificar que o PPRA (o
qual havia sido elaborado por uma empresa prestadora de serviço da cidade, com muita tradição)
estava com muitas irregularidades. E foi por este motivo que acabou sendo notificado pelo Minis-
tério do Trabalho e Emprego. A prestadora de serviço em questão realizava este tipo de serviço
para a empresa há 10 anos. Durante esse tempo, a empresa cresceu e foi preciso ir para um espaço
maior. Desta forma, mudou-se de localização e, por isso, alterou suas características no leiaute.
Entretanto, o PPRA da empresa ainda continha as características do antigo endereço. Algumas das
situações que pude perceber do antigo endereço é que a empresa tinha piso de madeira e o pé
direito mais baixo. Já no novo endereço, o piso era de cerâmica, o pé direito era mais alto e o prédio
da administração possuía 3 andares.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
84

Quando identifiquei estes problemas no PPRA, comuniquei imediatamente à direção da empresa,


que ficou surpresa com o meu relatório. A situação foi resolvida com a reelaboração do PPRA da
empresa e a reapresentação ao Ministério do Trabalho, na data determinada, eliminando total-
mente o risco de uma autuação por parte do fiscal. Este exemplo demonstra a importância de se
acompanhar o trabalho de uma empresa terceirizada, pois o interesse e a responsabilidade pelo
serviço são da empresa, de manter os documentos sempre em dia.

É muito importante que todas modificações no ambiente fabril, na exposição aos riscos ambientais, na
descrição das atividades sejam verificadas pelo gestor do PPRA e demais profissionais envolvidos com este
programa, para que as novas informações sejam incluídas no PPRA.
Você sabia que a NR 9 possui dois anexos? O Anexo 1 trata da vibração ocupacional e o Anexo 2 trata
da exposição ocupacional ao benzeno em postos e revendas de combustíveis. Se a empresa expor seus
trabalhadores por meio das atividades presentes nos locais de trabalho à vibração e ao benzeno conforme
descrito na norma, é preciso implementar o PPRA desta empresa a fim de cumprir o que determina estes
anexos.
Existem alguns programas de saúde e segurança do trabalho que não são determinações legais, mas
que são recomendados pelo Ministério do Trabalho, como é o caso Programa de Conservação Auditiva -
PCA e o Programa de Proteção Respiratória - PPR.
iStock ([20--?])

Figura 20 -  Trabalhador reconhecendo seu protetor auricular

A figura apresenta um trabalhador fazendo o reconhecimento do seu protetor auricular em meio aos
protetores dos outros trabalhadores. Todo equipamento de proteção individual deve obedecer às deter-
minações da empresa no que diz respeito à conservação e guarda do mesmo. O Equipamento de Proteção
Individual - EPI é de uso pessoal e intransferível. O PCA é tão importante para manter a saúde auditiva do
trabalhador que, mesmo não sendo uma obrigação legal, a empresa que faz a sua implantação possui boa
conduta prevencionista e mostra sua preocupação com a saúde do trabalhador. O PCA não é obrigatório,
porém a conservação da saúde auditiva do trabalhador e a implantação do EPI deve fazer parte do PPRA.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
85

Você terá a chance de conhecer o programa de conservação auditiva e de proteção respiratória na


sequência.

4.1.3 PCA- PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA

O PCA é o programa de conservação auditiva, sendo um documento de gestão que se aplica a traba-
lhadores expostos ao ruído. Segundo Gabas (2004), o PCA de uma indústria tem como principal objetivo
a proteção da saúde do trabalhador, ou seja, prevenir que os trabalhadores expostos a níveis de ruído
perigosamente altos desenvolvam perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional - PAIR.
Este programa de prevenção da audição possui amparo nas seguintes normas do Ministério do Trabalho:
NR 6, NR 7 e NR 9. A Norma de Higiene Ocupacional - NHO 01, da Fundacentro, também trata da audição,
especificamente da avaliação da exposição ocupacional ao ruído.
A NR 7 (BRASIL, 2013a) instrui sobre os parâmetros de monitorização da exposição ocupacional ao risco
de exposição a pressão sonora elevada. A NR 9 (BRASIL, 2017a) estabelece como condição fundamental no
controle dos processos de trabalho em que há produção de ruído o monitoramento regular das fontes de
emissão e a adoção de equipamentos de proteção coletiva, como enclausuramento10 ou abafamento e de
proteção individual.
O anexo 1 da NR 6 define uma lista de EPIs e para proteção da audição ela define que:

a) protetor auditivo circum-auricular para proteção do sistema auditivo contra níveis de


pressão sonora superiores ao estabelecido na NR-15, Anexos n.º 1 e 2;
b) protetor auditivo de inserção para proteção do sistema auditivo contra níveis de
pressão sonora superiores ao estabelecido na NR-15, Anexos n.º 1 e 2;
c) protetor auditivo semi-auricular para proteção do sistema auditivo contra níveis de
pressão sonora superiores ao estabelecido na NR-15, Anexos n.º 1 e 2. (BRASIL, 2017e)

Você precisa conhecer a fundo como o PCA pode ser implantado por uma empresa e analisar quem
poderá ser o coordenador deste programa. Para isso, leia as normas citadas anteriormente, os exemplos de
PCA disponíveis na internet para consulta, adquira livros que tratam de ruído. Estudar e se capacitar sobre
exposição ocupacional ao ruído fará com que o PCA obtenha sucesso, pois não há uma norma específica
para este programa, ele dependerá exclusivamente do entendimento e interpretação que o profissional da
saúde e segurança tiver sobre o assunto.
O ruído é um dos agentes de risco ambiental mais comumente encontrado no ambiente fabril como
parte dos processos industriais e também na rotina diária. Fazer o controle do nível de ruído é de suma
importância econômica e social.

Colocação de uma barreira física, fechamento, isolamento.


10
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
86

O Programa de conservação auditiva é um documento que deve ser elaborado em conjunto com a
segurança do trabalho e a medicina do trabalho. As empresas que devem ter o programa implantado, são
aquelas que têm trabalhadores expostos a ruídos elevados.
O programa deve conter:
a) Responsáveis pelo programa: médico, fonoaudiólogos, técnico em segurança do trabalho.
b) Processo de avaliação do ruído: Como será feita a avaliação, equipamentos.
c) Treinamento dos trabalhadores: com relação aos EPIs e EPCs.
d) Avaliação: deverá ser avaliado anualmente.
Com a implantação do PCA, a empresa tem alguns benefícios: Diminuição de colaboradores com perda
auditiva, aumento de produtividade, melhor qualidade de vida dos trabalhadores.
De acordo com Gabas (2004), o documento-base deve ser a parte inicial do Programa de Conservação
Auditiva. É no documento-base que estarão agrupadas todas as informações constantes deste programa e
a política da empresa referente à proteção auditiva em particular e à saúde do trabalhador. No documento-
-base devem estar definidas as responsabilidades de cada pessoa envolvida no PCA, além de enumerados
os procedimentos que fazem parte do PCA, como: monitoramento da exposição, testes audiométricos,
seleção dos protetores auditivos, uso, higienização, guarda e manutenção, treinamentos dos envolvidos
e, por fim, deve conter um plano de ação para implementação ou melhorias no sistema de controle da
exposição ocupacional ao ruído.

SAIBA Para conhecer um melhor controle de exposição ao ruído, leia a Portaria 19/1998, do
Ministério do Trabalho, disponível em: <http://acesso.mte.gov.br/data/files/FF808081
MAIS 2BE914E6012BEEB7F30751E6/p_19980409_19.pdf>.

No PCA, devem estar definidas as responsabilidades de cada trabalhador e, segundo descreve Gabas
(2004, pág. 21), as áreas de segurança, higiene e saúde do trabalhador exercem papel fundamental na
proteção auditiva e possui como suas atribuições:
a) realizar ou conduzir avaliações da exposição do trabalhador;
b) estabelecer as medidas técnicas de controle de exposição ao risco;
c) estabelecer os parâmetros para a seleção dos protetores auditivos;
d) participar na avaliação dos resultados dos ensaios de audiometria;
e) dar suporte técnico para o administrador do programa no desenvolvimento e manutenção do PCA.
Muitos são os profissionais envolvidos no PCA e no documento base devem constar a responsabilidade
de cada um deles.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
87

Assim como o PPRA, o PCA também deve estabelecer um cronograma de ações no qual devem constar
as datas de avaliações quantitativas de ruído, as datas das audiometrias11, das substituições dos protetores
auriculares, dos treinamentos sobre exposição ao ruído e sobre uso e guarda de EPI, dentre outras tantas
ações. A figura apresentada a seguir mostra uma audiometria sendo realizada.

iStock ([20--?])
Figura 21 -  Realização de audiometria

É importante relembrar que a primeira ação a ser tomada é a diminuição do ruído na sua fonte no
ambiente como um todo. Não sendo possível essa ação, é necessário pensar um equipamento de proteção
coletiva. E, por último, utiliza-se o equipamento de proteção individual, quando não se consegue outra
solução.
A seguir, conheça o programa de proteção respiratória.

4.1.4 PPR- PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

O objetivo do programa de proteção respiratória é monitorar a saúde respiratória dos trabalhadores


expostos à poeira, a vapores orgânicos, a fumos metálicos, névoas, ou seja, em que for necessário fazer o
uso de protetor respiratório, faz-se necessária a implantação do programa.
A implantação do PPR por uma empresa demonstra a preocupação com a saúde respiratória do tra-
balhador, pois é através deste programa que são definidos os tipos de respiradores que os trabalhadores
irão utilizar, o tempo de uso de cada respirador, os treinamentos sobre proteção respiratória, dentre outros
fatores.
O Programa de Proteção Respiratória, de acordo com Brasil (2016f ), foi criado pela Instrução Normativa
- IN nº 1, de 11 de abril de 1994, do Ministério do Trabalho e Emprego da qual participaram da elaboração
desta Instrução: Luís Carlos E. Osório, Carlos Aparício Clemente, Luís Antônio Valente, Anísio Magalhães
Ferreira e Sideneo Walter T. Rios.

Exame que mostra com exatidão os limiares de sons audíveis por indivíduo.
11
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
88

A primeira versão do Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro foi elaborada pela equipe téc-
nica Antônio Vladimir Vieira, Delcir José Pacífico Mendes e Eduardo Algranti, tendo como coordenador
técnico Maurício Torloni (in memoriam).

iStock ([20--?])

Você, com certeza, já deve ter se deparado com algum trabalhador fazendo uso de respirador, não é
verdade? O termo respirador é utilizado para designar o Equipamento de Proteção Respiratória - EPR, o
qual é o EPI projetado para proteger o usuário contra a inalação de contaminantes do trato respiratório.
Até a publicação da Instrução Normativa nº 1, não haviam publicações sobre o programa de proteção
respiratória no Brasil. Foi a partir desta IN que um grupo de higienistas publicou o PPR elaborado pela
Fundacentro.
Segundo Brasil (2016f ), o objetivo desta publicação é auxiliar os profissionais responsáveis pela elabora-
ção, implementação e administração de um PPR que abrange a seleção, a utilização e a manutenção corre-
tas dos equipamentos de proteção respiratória. As recomendações contidas no PPR referem-se à proteção
de trabalhadores contra a inalação de contaminantes perigosos e contra a inalação de ar com deficiência
de oxigênio nos locais de trabalho por meio do uso de respiradores, exceto os respiradores designados
para mergulho, os sistemas com oxigênio para aviação, o uso de respiradores em combates militares e os
inaladores ou ressuscitadores utilizados na área médica.
O PPR, assim como o PCA, é um programa que deve caminhar alinhado ao PCMSO e ao PPRA. Estes pro-
gramas de saúde e segurança devem garantir que o trabalhador não realize suas atividades em locais onde
a concentração de contaminantes possa lhe causar algum dano à saúde e se estas concentrações puderem
lhe causar danos, que a medida de controle de risco seja eficiente e controlada.
Veja o que diz o PPR da Fundacentro sobre o uso de respiradores:

O uso de EPR tem como objetivo principal prevenir a exposição por inalação de substân-
cias perigosas e/ou ar com deficiência de oxigênio. Quando não for possível prevenir a
exposição ocupacional, o controle da exposição adequada deve ser alcançado, tanto
quanto possível, pela adoção de outras medidas de controle que não o uso de EPR.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
89

Medidas de controle de engenharia, tais como, substituição de substâncias por outras


menos tóxicas, enclausuramento ou confinamento da operação e sistema de ventilação
local ou geral e medidas de controles administrativos, como a redução do tempo de
exposição, devem ser consideradas. O uso de EPR é considerado o último recurso na
hierarquia das medidas de controle e deve ser adotado somente após cuidadosa aval-
iação dos riscos.
Existem situações, entretanto, nas quais ainda pode ser necessário o uso de um respira-
dor, tais como:
a) outras medidas de controle já foram adotadas, mas a exposição à inalação não está
adequadamente controlada;
b) a exposição por inalação excede os limites de exposição e as medidas de controle
necessárias estão sendo implantadas;
c) a exposição por inalação é ocasional e de curta duração, sendo impraticável a implan-
tação de medidas de controle permanentes (por exemplo, em trabalhos de manuten-
ção, de emergência, fuga e resgate). (BRASIL, 2016f ).

É possível perceber a importância da implantação deste programa pela empresa que expõe seus traba-
lhadores ao risco de inalar alguma substância perigosa, não é mesmo? Para que o PPR seja efetivo, é preciso
que a empresa defina um coordenador para ele, pois será o coordenador que irá gerenciar todas as ações
que envolvem um programa de saúde e segurança.
Com relação à proteção respiratória, é muito importante fazer uma análise criteriosa dos produtos con-
taminantes, saber os limites de tolerância do produto, verificar a concentração do contaminante.

SAIBA Para consultar a Instrução Normativa No 1, que estabelece o Regulamento Técnico do


uso de equipamentos para proteção respiratória, acesse o site: <http://acesso.mte.gov.
MAIS br/data/files/8A7C816A2E7311D1012EBAE9534169D8/in_19940411_01.pdf>.

Antes da empresa fornecer um respirador ao trabalhador exposto a contaminantes por meio da inala-
ção, é preciso que o trabalhador receba orientações de uso, guarda e higienização do seu EPI. Além disso,
este equipamento deve ser adequado ao rosto do trabalhador. Todos estes procedimentos são individuais,
sendo que cada trabalhador deve receber o EPI adequado ao risco a que está exposto. Portanto, deve haver
um documento base e um cronograma de ações para o PPR, onde estarão registrados os EPIs para cada
função, os testes de ensaio de vedação, os treinamentos etc.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
90

A Fundacentro determina como conteúdo mínimo do PPR os seguintes elementos:

a) política da empresa na área de proteção respiratória;


b) abrangência;
c) indicação do administrador do programa;
d) regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos;
e) avaliação dos riscos respiratórios;
f ) seleção do respirador;
g) avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários;
h) treinamento;
i) ensaio de vedação;
j) uso do respirador e política da barba;
k) manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos respiradores;
l) guarda e estocagem;
m) uso de respirador para fuga, emergências e resgates;
n) qualidade do ar/gás respirável;
o) revisão do programa;
p) arquivamento de registros.
A maioria desses elementos deve ser detalhada na forma de procedimentos operacion-
ais escritos. (BRASIL, 2016f ).

O sucesso deste programa se deve ao bom gerenciamento das ações contidas no cronograma de ações.
Os programas de saúde e segurança se mantêm com o trabalho de todos os profissionais envolvidos nele,
desde o técnico de segurança, o higienista, o médico do trabalho, o gestor da área onde estão sendo utili-
zados os respiradores e principalmente do trabalhador que faz uso do equipamento.
Segundo o PPR da Fundacentro (Brasil, 2016f ), o empregador deve atribuir a uma só pessoa a respon-
sabilidade e a autoridade pelo programa. Esta pessoa deve ser qualificada ou possuir experiência compa-
tível com a complexidade do PPR para implementar e administrar de modo apropriado o programa, bem
como conhecer e estar atualizada no que se refere às publicações e aos regulamentos legais vigentes. É
recomendável que esta pessoa seja um Higienista Ocupacional, alguém da Medicina do Trabalho ou da
Engenharia de Segurança da própria empresa. O coordenador do PPR poderá indicar pessoas competentes
para auxiliá-lo na implantação e na execução de algumas tarefas do programa. Essas pessoas devem ter
experiência e treinamentos apropriados para exercer suas funções no PPR de maneira efetiva e se mante-
rem atualizadas.
A proteção respiratória é muito mais detalhada do que simplesmente fornecer um respirador para o
trabalhador. Antes de fornecer um respirador ao trabalhador, é preciso conhecer qual é o contaminante
presente no ambiente de trabalho, qual a concentração deste contaminante no ar, qual o tipo de respirador
será necessário para este contaminante nesta concentração e o tipo de rosto do trabalhador. São questões
fundamentais a serem avaliadas.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
91

iStock ([20--?])
Figura 22 -  Acidente com produtos químicos perigosos

É possível perceber na figura anterior que há um respirador para cada tipo de situação. Profissionais
que atuam com socorro às vítimas envolvendo risco de inalação de contaminante precisam conhecer o
respirador adequado para cada tipo de situação que possa encontrar no local do acidente.
Ter profissionais capacitados e engajados no PPR garante a integridade física do trabalhador. Pense
nisto e faça um bom trabalho como futuro profissional da área de segurança do trabalho. A seguir, você
conhecerá o gerenciamento do programa de riscos da construção civil.

4.1.5 PCMAT- PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO

Você já deve ter ouvido falar que a indústria da construção civil é a campeã em acidentes de trabalho
com mortes no país, não é mesmo? Isso indica que deve haver prioridade de ações de segurança do traba-
lho neste setor da economia.
iStock ([20--?])

O Ministério do Trabalho, através da NR 18 (Brasil, 2015a), estabeleceu diretrizes de ordem administrati-


va, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas
de prevenção de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da
Construção.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
92

O programa de condições e meio ambiente na construção civil é um documento baseado na NR 18, a


partir da qual estão obrigadas a implementar este programa, as empresas que trabalham com preparação
de terrenos, obras de infraestrutura, obras de instalações hidráulicas e elétricas, serviços de demolição,
reparo, pintura e limpeza, manutenção de obras de urbanismo e paisagismo, e que contenham 20 ou mais
trabalhadores. Este programa também deve estar alinhado ao PPRA e deve contemplar as exigências con-
tidas no PPRA.
O PCMAT deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho e
de preferência assinado por um engenheiro civil, pois na estrutura do programa devem conter os projetos
de cada fase da obra. O técnico em segurança do trabalho possui como função a indicação e especificação
de EPCs e EPIs de acordo com o risco da obra, ministrar os treinamentos de segurança do trabalho, dentre
outras atribuições.
De acordo com a NR 18, integram o PCMAT:

a) memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações,


levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas res-
pectivas medidas preventivas;
b) projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de exe-
cução da obra;
c) especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
d) cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT em con-
formidade com as etapas de execução da obra;
e) layout inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou frente de trabalho, contemplando,
inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivência;
a) programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças
do trabalho, com sua carga horária. (BRASIL, 2015a).

As instalações sanitárias fazem parte do item 18.4.2 da NR 18. A partir deste item da norma é demons-
trado como o empregador deve se preocupar com as condições de higiene e limpeza do local e dos traba-
lhadores na construção civil. Os locais designados às refeições também são abordados na norma.
Assim como os demais programas de saúde e segurança do trabalho, é preciso que as ações contidas no
PCMAT sejam realmente executadas e gerenciadas, pois, se há um elevado índice de acidentes de trabalho
envolvendo a construção civil, isto significa que muitos incidentes não são levados em consideração e que
ações envolvendo a segurança no trabalho não são levadas a sério.
No cronograma de ações, está identificado o período de execução de cada fase da obra e também:
a) riscos identificados para cada fase da obra;
b) cronograma de medidas de segurança para cada fase;
c) número de trabalhadores para cada fase;
d) lista de máquinas e equipamentos que será utilizado em cada fase;
e) descrição de equipamentos de proteção coletivas e individuais para cada função de trabalho;
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
93

f ) cronograma de ações educativas e treinamentos.


O gerenciamento do PCMAT se dá através do acompanhamento de todas as ações contidas no crono-
grama estabelecido no documento. É um trabalho que envolve muita atenção no início do processo de
planejamento da obra, pois há a necessidade de prever as chances de um acidente acontecer antes mesmo
da obra começar.

4.1.6 PPEOB- PROGRAMA DE PREVENÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO BENZENO

O benzeno é uma substância química orgânica classificada como hidrocarboneto aromático e que é
utilizado como solvente na fabricação de um grande número de compostos orgânicos, como polímeros,
detergentes, corantes. O benzeno é cancerígeno e por esse motivo o Ministério do Trabalho, através da NR
9 e da NR 15, normatiza sua utilização.
O Anexo 2 da NR 9 trata da exposição ocupacional ao benzeno em postos revendedores de combus-
tíveis. A preocupação com a exposição dos trabalhadores ao benzeno é muito grande, e não havia um
controle efetivo da exposição desses trabalhadores. Por este motivo, o Ministério do Trabalho incluiu na
NR 9 este anexo. Quando você abastece seu carro ou acompanha alguém até um posto de combustível,
pode verificar a presença de vapores de combustível liberados no abastecimento através do cheiro, não é
mesmo? Os combustíveis são muito voláteis12 e liberam para o ambiente vapores dos produtos químicos
presentes em sua composição. O trabalhador do posto de combustível inala esses vapores durante toda
sua jornada de trabalho, mas é preciso saber se há presença de benzeno e qual a quantidade dele nos
vapores liberados para o ambiente. Somente desta forma é possível fazer o controle da exposição do tra-
balhador a este agente de risco.
O Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno – PPEOB, é obrigatório, conforme NR
15, anexo 13-A, para:

[...] todas as empresas que produzem, transportam, armazenam, utilizam ou manipulam


benzeno e suas misturas líquidas contendo 1% (um por cento) ou mais de volume e
aquelas por elas contratadas, no que couber. [...]
As empresas que utilizam benzeno em atividades que não as identificadas nas alíneas
do item 3 e que apresentem inviabilidade técnica ou econômica de sua substituição
deverão comprová-la quando da elaboração do Programa de Prevenção da Exposição
Ocupacional ao Benzeno - PPEOB. (BRASIL, 2014a).

Muitas empresas fazem uso de produtos químicos orgânicos derivados do petróleo que podem conter
em sua formulação o benzeno. A empresa que faz uso deste tipo de produto deve se certificar através de
análise química qual o percentual de benzeno presente nos produtos que faz uso e se certificar de que
estes produtos contêm as concentrações determinadas pela legislação.

Produtos químicos que passam para o estado de vapor, em temperatura ambiente.


12
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
94

Você pode perceber o elevado risco dos trabalhos com benzeno ao ler o Anexo 13 da NR 15. Esta norma
aponta, em seu item 5.2, que:

O PPEOB, elaborado pela empresa, deve representar o mais elevado grau de compro-
misso de sua diretoria com os princípios e diretrizes da prevenção da exposição dos
trabalhadores ao benzeno devendo:
a) ser formalizado através de ato administrativo oficial do ocupante do cargo gerencial
mais elevado;
b) ter indicação de um responsável pelo Programa que responderá pelo mesmo junto
aos órgãos públicos, às representações dos trabalhadores específicas para o benzeno
e ao sindicato profissional da categoria.
No PPEOB deverão estar relacionados os empregados responsáveis pela sua execução,
com suas respectivas atribuições e competências. (BRASIL, 2014a).

Mesmo com o Anexo 13 da NR 15 em vigor, os postos revendedores de combustíveis não controlavam


efetivamente a saúde do trabalhador exposto aos vapores orgânicos, havendo a necessidade de inserir um
Anexo na NR 9, específico para este ramo de atividade.

iStock ([20--?])

Os principais sintomas de exposição ao benzeno são: dor de cabeça, tontura, irritação nos olhos, náuse-
as, batimento cardíaco irregular. A equipe de emergência das empresas que trabalham com benzeno deve
ter um treinamento específico para saber qual procedimento realizar quando se dá uma intoxicação por
benzeno.
Os produtos químicos orgânicos aromáticos possuem odor característico e nem sempre a presença de
cheiro corresponde ao grau de toxicidade, pois existem produtos químicos que não possuem cheiro e po-
dem matar. Por este motivo, é essencial a quantificação de vapores orgânicos presentes no ar. As avaliações
quantitativas e as medidas de controle fazem parte do programa de prevenção da exposição ocupacional
ao benzeno.
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
95

Como foi possível perceber, o PPEOB é obrigatório em todas as empresas que manipulam o benzeno
e tem o objetivo de eliminar ou controlar as possíveis situações que possibilitem algum risco à saúde dos
trabalhadores.
Cabe ao empregador “[...] informar os trabalhadores sobre os riscos potenciais de exposição ao benzeno
que possam afetar sua segurança e saúde, bem como as medidas preventivas necessárias. ” (BRASIL, 2017a).
Viu só como é importante conhecer muito bem os riscos que envolvem os produtos químicos! A equipe
de saúde e segurança do trabalho é multidisciplinar, pois precisa ter alguém capacitado para verificar a
composição dos produtos químicos e liberá-los para o uso no ambiente de trabalho de forma segura. As
ações do PPRA dos postos revendedores de combustíveis devem contemplar todo o Anexo 2 da NR 9. Ideal
seria designar um profissional com conhecimento em química.

Você sabia que no Brasil o benzeno é considerado como fator de risco à saúde decorrente
do trabalho desde a década de 1930? No entanto, somente a partir dos anos 80 se
observou a intensificação dos movimentos sindicais que pleiteavam a visibilidade
social dos problemas decorrentes da utilização do benzeno. Em 1983, o Sindicato
CURIOSI dos Trabalhadores Metalúrgicos de Santos (SP) denunciou o desenvolvimento de
DADES leucopenia e distúrbios mentais em trabalhadores da Companhia Siderúrgica
Paulista – Cosipa, em Cubatão. A partir disso, outros sindicatos se mobilizaram por
todo o Brasil, a fim de revelar os danos provocados pelo benzeno aos trabalhadores.
(BRASIL, 2015b).

Os riscos da exposição ocupacional ao benzeno são sérios e precisam ser muito bem administrados.
Há muitos trabalhadores que podem estar indiretamente se expondo ao benzeno, em atividades que
envolvam misturas de produtos químicos. É preciso estar atento aos trabalhos realizados com produtos
químicos derivados do petróleo. As mudanças nas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho
demonstram esta preocupação, mas cabe ao empregador ter esta consciência prevencionista. Você, como
profissional da área de segurança do trabalho, deve estar atento ao risco da exposição dos trabalhadores
ao benzeno.
O próximo programa de saúde e segurança do trabalho a ser estudado será o PGR. Verifique!

4.1.7 PGR- PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCO

O gerenciamento de risco nada mais é que a estruturação, formulação e implantação de medidas e/ou
procedimentos com o objetivo de prevenir, controlar ou diminuir os riscos. É impossível eliminar totalmen-
te os riscos do local de trabalho, mas é preciso controlá-los.
É importante uma equipe multidisciplinar para implementação do gerenciamento de riscos, como
engenheiros, técnicos em segurança do trabalho, dentre outros profissionais pensando que em qualquer
atividade laboral o risco é específico das atividades desenvolvidas pela empresa.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
96

O PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos está discriminado pela NR 22 - Segurança e Saúde


Ocupacional na Mineração. Esta norma traz em seu item 22.3.7 os aspectos que devem ser contemplados
pelo PGR da empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira:

a) riscos físicos, químicos e biológicos;


b) atmosferas explosivas;
c) deficiências de oxigênio;
d) ventilação;
e) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n.º 1, de 11/04/94, da Secre-
taria de Segurança e Saúde no Trabalho;
f ) investigação e análise de acidentes do trabalho;
g) ergonomia e organização do trabalho;
h) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados;
i) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos
e trabalhos manuais;
j) equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se no mínimo o
constante na Norma Regulamentadora n.º 6.
k) estabilidade do maciço;
l) plano de emergência e
m) outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias. (BRASIL, 2016d).

Você pôde perceber que o PGR faz parte das ações de saúde e segurança para trabalhos na área da mi-
neração, certo? Isto mesmo! Muitos dos itens que devem ser contemplados no PGR fazem parte de outros
programas, como a proteção respiratória no PPR e os riscos ambientais no PPRA, reforçando que os pro-
gramas de saúde e segurança da empresa devem estar sempre alinhados. Porém, o item 2.3.7.1.3 da NR 22
(Brasil, 2016d) diz que estão desobrigadas das exigências do PPRA as empresas que implementarem o PGR.
iStock ([20--?])

Todas as modificações que forem necessárias no PGR devem ser analisadas e discutidas pela Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração - CIPAMIN. O PGR visa antecipar os possíveis problemas
causados pela exposição ao risco, também visando manter a integridade física e psíquica do colaborador.
As principais etapas deste programa de saúde e segurança no trabalho são:
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
97

a) antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta, inclusive, as in-


formações do Mapa de Risco elaborado pela CIPAMIN, quando houver;
b) avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores;
c) estabelecimento de prioridades, metas e cronograma;
d) acompanhamento das medidas de controle implementadas;
e) monitorizarão da exposição aos fatores de riscos;
f ) registro e manutenção dos dados por, no mínimo, vinte anos e
g) análise crítica do programa, pelo menos, uma vez ao ano, contemplando a evolução
do cronograma, com registro das medidas de controle implantadas e programadas.
(BRASIL, 2016d).

Não existe um modelo para desenvolver o PGR. A estruturação fica a critério do executante, mas é im-
portante cuidar para que todas as informações estejam completas, claras e objetivas. O gerenciamento do
programa se dá através do acompanhamento do cronograma de ações, como nos demais programas de
saúde e segurança no trabalho.
De acordo com a NR 22 (Brasil, 2016d) “Nas minas e instalações sujeitas a emanações de gases tóxicos,
explosivos ou inflamáveis o PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos - deverá incluir ações de preven-
ção e combate a incêndio e de explosões acidentais. ” Esta NR exige que, além dos equipamentos de fuga
rápida, deverão estar disponíveis câmaras de refúgio incombustíveis, por tempo mínimo previsto no PGR,
com capacidade para abrigar os trabalhadores em caso de emergência.
Os acidentes que acontecem na área da mineração, na maioria das vezes, envolvem o risco de vida. Por
este motivo, o PGR deve ser muito bem elaborado, discutido e ter controladas as suas ações. Não pode
haver falhas ou falta de análise de algum risco. Em nenhum programa pode haver falta de análise de risco,
mas na área da mineração é sabido que podem ocorrer mortes durante o trabalho.
Investir em treinamentos, capacitações, equipamentos de proteção coletiva e individual são essenciais
para garantir a integridade física do trabalhador.

4.1.8 LTCAT- LAUDO TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO

Outro documento importante de controle de riscos do ambiente de trabalho é o Laudo Técnico de


Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT. É através deste laudo, elaborado por um engenheiro ou médico
do trabalho, que é analisada a possibilidade de o trabalhador ter direito à aposentadoria especial. Os pro-
fissionais estarão documentando no LTCAT a exposição do trabalhador a riscos no ambiente de trabalho os
quais possam causar algum dano à sua saúde ou à sua integridade física, sendo estas atividades classifica-
das como insalubres de acordo com a NR 15.
A aposentadoria especial significa que o trabalhador exposto a riscos químicos, físicos e biológicos se
aposentará com um tempo de serviço menor que os demais trabalhadores.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
98

De acordo com o Art. 64, do Decreto 3.048:

A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao segu-
rado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando
cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado du-
rante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (BRASIL, 1999).

O LTCAT deve contemplar a forma de exposição aos riscos presentes no ambiente de trabalho, bem
como o tempo de exposição do trabalhador ao risco, as medidas de controle de riscos implantadas den-
tre outras informações relacionadas a exposição ocupacional a riscos físicos, químicos, biológicos e de
acidente.
O Art. 64 do Decreto 3.048 destaca que:

§ 1o A concessão da aposentadoria especial prevista neste artigo dependerá da compro-


vação, durante o período mínimo fixado no caput:
I - do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente; e
II - da exposição do segurado aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a as-
sociação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. (BRASIL, 1999).

A comprovação da exposição, conforme citado anteriormente, será realizada através do LTCAT. A modi-
ficação do documento só acontece se houver alguma mudança no ambiente de trabalho, como mudança
de leiaute, mudança de máquinas, aquisição de novos equipamentos, contratação de novas funções. A
empresa poderá ser multada caso não tenha o documento atualizado. E, esse documento deve estar à
disposição de fiscais de trabalho, auditores, médicos, engenheiros do trabalho etc.
O LTCAT deve conter a descrição de cada função realizada na empresa e conter as seguintes etapas:
a) identificação do setor;
b) objetivo do laudo;
c) identificação do local periciado;
d) descrição do ambiente e trabalho;
e) descrição das atividades de trabalhador;
f ) analise qualitativa e possíveis riscos ocupacionais;
g) tempo de exposição aos riscos;
h) equipamento de proteção coletiva;
i) equipamento de proteção individual;
j) metodologia de avaliação ambiental;
k) métodos, técnicas, equipamentos utilizados;
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
99

l) conclusão.
Toda informação incluída no LTCAT é de responsabilidade do engenheiro ou médico do trabalho, pois
este profissional assume a responsabilidade ao assinar e atestar as informações contidas no laudo. Quem
define o direito do trabalhador à aposentadoria especial é a previdência social. Este órgão do Governo
Federal analisa todas as informações contidas na documentação laboral do trabalhador para determinar se
ele tem ou não direito ao benefício.
Note como são importantes as informações contidas no LTCAT. Não se deve confundir o LTCAT com o
PPRA. Por mais parecidos que os dois documentos sejam, o objetivo de cada um é bem diferente. O LTCAT
não faz o controle das ações de saúde e segurança. As ações que envolvem o controle de riscos ambientais
são determinadas no PPRA. O LTCAT atesta quais são os riscos presentes no ambiente de trabalho e quais
as medidas de controle de risco a empresa adota. As informações contidas no PPRA e no LTCAT devem estar
alinhadas. A implantação e gerenciamento dos programas de saúde e segurança do trabalho são medidas
de controle da exposição aos riscos ambientais e devem ser apresentadas no LTCAT.
Você conseguiu perceber a importância de todos os programas de saúde e segurança apresentados até
agora? Todos devem caminhar juntos em prol da integridade física e moral do trabalhador.

iStock ([20--?])

Muitos trabalhadores pensam que ter o direito à aposentadoria especial é um benefício à vida dele
quando na verdade não é. Ter o direito a se aposentar mais cedo é atestar que o trabalho realizado durante
25 anos da vida do trabalhador foi exposto a riscos à saúde, em que muitas vezes a doença ocupacional irá
ser percebida após o trabalhador encerrar suas atividades laborais. Garantir a saúde do trabalhador é uma
obrigação das empresas e eliminar a insalubridade das atividades deve ser uma luta constante.
A seguir, você estudará o PPRPS. Acompanhe.

4.1.9 PPRPS- PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS EM PRENSAS E SIMILARES

Você já deve saber que as causas de muitos acidentes do trabalho estão relacionadas à máquinas e
equipamentos, certo?
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
100

A Norma Regulamentadora 12, do Ministério do Trabalho, que trata de máquinas e equipamentos, foi
publicada em 1978 e vem passando por várias revisões ao longo dos anos. Esta Norma Regulamentadora
e seus anexos definem:

[...] referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a


saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a
prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de
máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, com-
ercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas,
sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR
aprovadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e,
na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. (BRASIL, 2017b).

O Anexo VIII desta norma trata das prensas e similares, sendo considerado um dos mais preocupantes
dos anexos da NR 12, devido à gravidade dos acidentes ocorridos com este tipo de máquina. A NR 12 vem
sido discutida constantemente pelos empregadores e pelo Ministério do Trabalho devido à dificuldade
que há de se fazer cumprir esta norma.
A Nota Técnica DSST/SIT13 n.º 02/2017, que trata da proposta de publicação de uma Instrução Normativa
que instaura procedimento especial para as fiscalizações da Norma Regulamentadora n° 12 — Segurança
no Trabalho em Máquinas e Equipamentos — e dá outras providências, traz à discussão a dificuldade que
os empregadores possuem em fazer cumprir a NR 12 e o que os Auditores Fiscais do Trabalho – AFT farão
para cobrar que as irregularidades presentes nas máquinas e equipamentos sejam regularizadas.
Em dezembro de 2016,

[...] reuniram-se com os Senadores da República os representantes do Ministério


do Trabalho, da Confederação Nacional da Indústria — CNI, da União Geral dos
Trabalhadores — UGT, da Assessoria de Relações Institucionais da Presidência da
República e do Ministério Público do Trabalho — MPT, ocasião em que se acordou
que, ante a edição de ato normativo que estabelecerá tratamento diferenciado para as
fiscalizações da NR-12 pelos próximos 3 anos, devendo a fiscalização em uma primeira
inspeção orientar e notificar a empresa, concedendo prazo para o saneamento das
infrações, e da possibilidade de pactuação de planos de trabalho entre as empresas e
os Auditores-Fiscais do Trabalho, no que tange às ações fiscais envolvendo a NR-12, as
discussões envolvendo o PDS n° 43/2015 ficam sobrestadas, sendo o mesmo retirado
da pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Restou acordado também
que todas as partes envolvidas envidarão os esforços necessários para garantir efetivos
e significativos avanços nas tratativas de um texto consensual sobre a matéria. (BRASIL,
2016g).

Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho. SIT: Secretaria de Inspeção do Trabalho.


13
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
101

O parque fabril brasileiro possui muitas máquinas e equipamentos obsoletos e que precisam de re-
paros ou substituição para atender às exigências da NR 12 e evitar acidentes de trabalho. Para que estas
adequações sejam realizadas, os empregadores precisam de um alto investimento financeiro e de tempo,
o que, na maioria das vezes, poderia levar uma empresa a fechar as portas. Por este motivo, o AFT poderá
fazer a notificação de acordo com a análise de cada situação encontrada e de acordo com as orientações
do Ministério do Trabalho.
Para auxiliar na prevenção de acidentes envolvendo prensas e similares, as empresas podem estabelecer
um programa de segurança do trabalho chamado PPRPS - Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e
Similares. Primeiro você precisa conhecer a definição normativa para prensas e similares. Segundo a NR 12:

Prensas são máquinas utilizadas na conformação e corte de materiais diversos, utilizan-


do ferramentas, nas quais o movimento do martelo - punção - é proveniente de um sis-
tema hidráulico ou pneumático - cilindro hidráulico ou pneumático -, ou de um sistema
mecânico, em que o movimento rotativo se transforma em linear por meio de sistemas
de bielas14, manivelas, conjunto de alavancas ou fusos. [...] consideram-se similares as
seguintes máquinas:
a) guilhotinas, tesouras e cisalhadoras;
b) dobradeiras;
c) dispositivos hidráulicos e/ou pneumáticos;
d) recalcadoras15;
e) martelos de forjamento;
f ) prensas enfardadeiras. (BRASIL, 2017b).

O PPRPS é um programa de prevenção de riscos que não é exigido pela NR 12, mas tem como objetivo
auxiliar o empregador na gestão de riscos envolvendo as prensas e similares. Todas as exigências legais
para este tipo de máquina devem estar contempladas no PPRPS através das ações que envolvem a aquisi-
ção de prensas e similares novos ou adequações daqueles que já estão em uso.
iStock ([20--?])

Figura 23 -  Guilhotina para corte de papel

14
Qualquer peça de uma máquina que tem a função de transmitir ou transformar um movimento retilíneo alternado em um movi-
mento circular contínuo.
15
Prensas mecânicas com freio-embreagem e fechamento do martelo na posição horizontal.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
102

Fazer cumprir as exigências da NR 12 tem sido uma grande preocupação para as empresas brasileiras.
Buscar implantar um programa de prevenção como o PPRPS faz com que a visão dos auditores fiscais do
trabalho e dos trabalhadores perante à empresa seja positiva e prevencionista.
De acordo com Placca et al. (2016), o PPRPS é um planejamento estratégico e sequencial das medidas
de segurança que devem ser implementadas em prensas e similares com o objetivo de garantir proteção
adequada à integridade física e à saúde dos trabalhadores envolvidos com as diversas formas e etapas de
uso das prensas e/ou dos equipamentos similares na indústria.
Com relação às máquinas e equipamentos, Placca et al. (2016) abordam a questão dos elevados índices
de acidentes de trabalhos ocorridos devido às más condições das máquinas e equipamentos, além da falta
de investimentos em prevenção por parte das indústrias, através do despreparo de trabalhadores para
manusear tais máquinas e equipamentos em que, na tentativa de adequação, muitos estão condenados,
pois suas formas construtivas antigas e ultrapassadas, transmissões de força inadequadas ou desgastadas,
entre outras deficiências, as impossibilitam muitas vezes de serem regularizadas, mesmo com as alternati-
vas tecnológicas e dispositivos de segurança indicados para reduzir os riscos ocupacionais.
Você pôde perceber que a preocupação com os acidentes envolvendo máquinas e equipamentos é re-
levante e por este motivo se faz necessário um programa bem elaborado, com ações que visem à redução
deste tipo de acidentes e que todos os itens da norma que tratam de prensas e similares sejam implanta-
dos. Mas, como surgiu o PPRPS, se este programa não é uma exigência da NR 12?
Segundo Placca et al. (2016), em 1999, o Brasil sediou o XV Congresso Mundial de Segurança e Saúde
no Trabalho. Nesse evento, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo apresentou um vídeo chamado de
“Máquina Risco Zero”, demonstrando as negociações e também os meios de prevenções de acidentes com
prensas e similares. Após este congresso, aconteceu uma Convenção Coletiva que adotou a obrigatorieda-
de da implantação do PPRPS para algumas cidades do Estado de São Paulo. Através do desenvolvimento
dos trabalhos relacionados ao PPRPS no estado de São Paulo, em 2004, o Ministério do Trabalho ouviu mui-
tos trabalhadores, empregadores e até mesmo fabricantes com o intuito de uniformizar e divulgar boas
práticas em todo território nacional, e publicou a Nota Técnica NT 37/2004, estabelecendo princípios para a
proteção de prensas e similares. Esta NT foi substituída, posteriormente, pela NT 16/2005, com adequações.
Veja que o PPRPS foi dado como obrigatório através de um acordo coletivo para o estado de São Paulo.
O resultado da implantação deste programa foi positivo e com o intuito de que os demais estados brasi-
leiros pudessem compartilhar das boas práticas de segurança do trabalho implantando o PPRPS em suas
indústrias, o Ministério do Trabalho publicou a NT 16/2005.
A NT N.º 16/DSST substitui a Nota Técnica n.º 37, de 16/12/04, considerando:
4 GERENCIAMENTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA EXIGIDOS PELA LEGISLAÇÃO
103

[...] a alta incidência de acidentes de trabalho registrados no Brasil que atingem mem-
bros superiores dos trabalhadores; Considerando que prensas e equipamentos similares
são responsáveis por mais da metade dos acidentes de trabalho com mutilação anali-
sados pela Inspeção de Segurança e Saúde no Trabalho do MTE; Considerando que no
parque industrial brasileiro ainda ocorre a utilização de equipamentos obsoletos e que
oferecem riscos de acidentes; Considerando que a Convenção nº 119 da Organização
Internacional do Trabalho, ratificada pelo Brasil e com vigência nacional desde 16 de
abril de 1993, proíbe a venda, locação, cessão a qualquer título, exposição e utilização
de máquinas e equipamentos sem dispositivos de proteção adequados;
[...]
Considerando que o artigo 184 da CLT determina que todas as máquinas e equipamen-
tos devem ser dotados dos dispositivos necessários para a prevenção de acidentes de
trabalho; [...] Considerando que a indústria dispõe de tecnologia suficiente para a pro-
teção de prensas e similares, de forma a evitar acidentes; Considerando as experiências
bem sucedidas dos sindicatos de trabalhadores, empregadores e poder público no sen-
tido de regulamentar as condições de trabalho com prensas e equipamentos similares;
Considerando a necessidade de harmonizar os procedimentos da fiscalização, com o
objetivo de garantir a proteção adequada à integridade física e à saúde de todos os tra-
balhadores envolvidos nas diversas formas e etapas do uso das prensas e equipamentos
similares. (BRASIL, 2005).

Portanto, o PPRPS foi estabelecido através de uma convenção coletiva com o objetivo de estabelecer
um planejamento de ações para proteção das prensas e similares, visando à redução de acidentes e ga-
rantindo a integridade física e moral dos trabalhadores que fazem uso deste tipo de máquinas. As ações
contidas no PPRPS devem seguir os requisitos da NR 12, segundo seu Anexo VIII.
Não há um modelo padrão de PPRPS. Este programa deve conter no mínimo um documento base como
os demais programas de saúde e segurança do trabalho, um planejamento e um cronograma de ações
baseadas na Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho que trata de prensas e similares. Eleger
um coordenador para este programa é fundamental para o andamento das ações. Recomenda-se que o
coordenador do programa seja um profissional com formação técnica e capacitado para trabalhos relacio-
nados a proteção de máquinas e equipamentos.
Busque conhecer alguns modelos de PPRPS disponíveis na internet ou fazer visitas técnicas às empresas
que possuem este programa implantado para aprimorar seus conhecimentos. Nesta seção, você pôde ve-
rificar a importância da NR 12 para os trabalhadores e que atuar de modo prevencionista é a melhor opção
para garantir a integridade física do trabalhador.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
104

RECAPITULANDO

Neste capitulo, você teve a oportunidade de conhecer os programas de saúde e segurança do


trabalho e a legislação que dá o embasamento para implantação e implementação destes
programas.
Você pôde perceber que todos os programas de saúde e segurança possuem como objetivo garantir
a saúde e a integridade física e moral dos trabalhadores. Cada um dos programas apresentados
neste capítulo faz parte de um conjunto de medidas de controle de riscos ocupacionais das
empresas. Todos estes programas devem estar alinhados, isto é, que todos os riscos ocupacionais
apresentados pela empresa devem ser contemplados da mesma forma em todos os programas
que incluírem um determinado risco. Por exemplo, se para a função de soldador for avaliado o risco
químico com a presença de fumos metálicos no PPRA, este mesmo risco deve ser controlado no
PCMSO e no PPR para a função de soldador.
Cada um dos programas só terá sucesso se as ações determinadas pelo cronograma de ações
contidas em cada programa forem bem gerenciadas. Você verificou que deve haver um coordenador
para cada programa de saúde e segurança do trabalho e que as ações destes programas devem ter
um responsável por ela.
Com a utilização dos programas, a área de saúde e segurança no trabalho ganha um reforço para a
prevenção de riscos ocupacionais, mas cabe aos profissionais da área de segurança do trabalho um
estudo do ambiente laboral para saber qual programa deve ser implantado, fazendo um estudo da
viabilidade de execução dos mesmos.
Foi possível verificar que alguns programas são obrigatórios e outros são apenas ferramentas para
melhoria da gestão. Porém, é preciso estudar cada situação com cautela, para que seja escolhida a
melhor forma de implantação de cada programa para alcançar o objetivo, que é a manutenção da
integridade física e moral dos trabalhadores.
Gerenciamento da Saúde do Trabalhador

Desde o início dos estudos sobre programas e documentos de Saúde e Segurança do


Trabalho, o foco principal esteve vinculado a esse tema, e neste último capítulo, você terá
acesso a informações referentes ao gerenciamento da saúde do trabalhador, entenderá como
surgiu essa preocupação e quais os benefícios gerados a partir desse ato.
Você terá a oportunidade de analisar fatores como o posicionamento das empresas, do
Ministério do Trabalho e da Previdência Social sobre as doenças ocupacionais no âmbito
nacional.
Além disso, poderá verificar quais são os programas relacionados à saúde e melhora da
qualidade de vida no trabalho, à política nacional de saúde do trabalhador, e o conteúdo da
Vigilância em Saúde do Trabalhador sobre as principais doenças relacionadas.
Ao final desse capítulo, você será capaz de:
a) cumprir normas e procedimentos de segurança estabelecidos pela empresa para ava-
liação de processo de trabalho e/ou novo projeto, a fim de garantir a saúde e a integri-
dade física;
b) efetuar o registro de dados e informações referentes à gestão de Saúde, Segurança e
Meio Ambiente do Trabalho, com base no monitoramento realizado;
c) correlacionar as diretrizes de segurança do trabalho descritas nos procedimentos com as
atividades desenvolvidas no ambiente laboral;
d) monitorar a execução dos planos de ação, gerados em função de programas, auditorias e
documentos e inspeções técnicas referentes à Saúde e Segurança do Trabalho;
e) reconhecer legislação, normas e notas técnicas aplicáveis ao ramo de atuação e/ou ativi-
dade da empresa.
Bons estudos!
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
128

5.1 SAÚDE DO TRABALHADOR

Os cuidados com a saúde do trabalhador vêm aumentando consideravelmente, pois ao longo dos anos
percebeu-se que a exposição a algum risco no ambiente de trabalho, sem a proteção adequada, pode
gerar uma doença ocupacional16 ou uma doença do trabalho17, o que pode impedir que este trabalhador
retorne às atividades laborais.
As doenças do trabalho, ou doenças ocupacionais, são um grave problema para a sociedade, pois se há
trabalhadores fora de suas atividades por motivo de doença, isso indica que o mesmo terá dificuldades de
adaptação ao seu novo modelo de vida ocasionado pela disfunção, que seus rendimentos irão diminuir e
suas características emocionais poderão ficar desiquilibradas.
Foi entre 1800 e 1850, na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, que se deu início aos primeiros
serviços de medicina do trabalho. Neste período, foram instituídas as inspetorias de fábricas e as entida-
des que tinham como responsabilidade verificar como era feita a proteção da saúde do trabalhador sobre
riscos e agravos.

iStock ([20--?])

Figura 24 -  Ambiente de trabalho sem proteção da saúde do trabalhador

No Brasil, a saúde era tratada de forma assistencial. Em meados século XX, aproximadamente, metade
das fábricas que se localizavam em São Paulo tinha serviços de medicina, porém em caráter curativo e eram
financiados pelos próprios trabalhadores.
Com o processo de industrialização, os empresários brasileiros começaram a perceber que trabalhado-
res com saúde apresentavam melhor desempenho, e isso era de grande interesse devido ao contexto social
da época; nesse momento, os cuidados com a saúde do trabalhador ganharam um pouco mais de força.
Em 1943, houve o desenvolvimento da CLT, que trouxe a garantia da segurança e medicina do trabalho,
pois estes seriam obrigatórios nas empresas.

16
Doença ocupacional ou profissional: assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a deter-
minada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
17
Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é reali-
zado e com ele se relacione diretamente.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
129

Em 1972, o governo brasileiro criou a portaria n.º 3237, tornando obrigatório o cumprimento de
trabalhos voltados à higiene e à segurança, e também de saúde ocupacional para todas as empresas com
mais de cem trabalhadores. Segundo a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes - ABPA (2017),
a portaria 3236 e 3237 de 27 de julho de 1972, só foram publicadas devido à iniciativa do Banco Mundial
em cortar os financiamentos para o Brasil, caso o quadro de acidentes de trabalho não fosse revertido.
Segundo estimativas da época, ocorriam anualmente 1,7 milhão de acidentes e 40% dos profissionais
eram lesionados em decorrência do trabalho. O então ministro do trabalho, Júlio Barata, além de assumir
as implementações das portarias que regulamentavam a formação técnica em Segurança e Medicina no
Trabalho, atualizou o artigo 164 da CLT, que discorre sobre as condições internas de uma empresa, em
relação à saúde e à segurança, mais precisamente sobre a atuação e formação da CIPA. Mas foi em 1978
que foram publicadas as tão esperadas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, por meio da
Portaria GM n.° 3.214, de 08 de junho de 1978.
A preocupação com a saúde do trabalhador e com o número de acidentes ocorridos em decorrência
do trabalho estava aumentando com a industrialização no Brasil. Segundo ABPA (2017) foi um período
de fragilidade no que dizia respeito à segurança dos trabalhadores e devido a todos os fatos envolvendo
acidentes e doenças do trabalho, o Brasil passou a ser o primeiro país a ter um serviço obrigatório de
Segurança e Medicina do Trabalho em empresas com mais de cem funcionários.
É possível perceber que o país ainda sofre com as consequências das más condições de trabalho, pois
infelizmente as melhorias aconteceram após muitos trabalhadores sofrerem acidentes ou ficarem doentes.
Tais medidas foram adotadas da mesma forma no mundo todo, cada país no seu tempo, devido à diferença
no desenvolvimento do processo de industrialização.
iStock ([20--?])

Figura 25 -  Trabalho de inclusão social

Segundo Martins (2008), a saúde no ambiente de trabalho é construída por intermédio do que o
trabalhador traz consigo para o ambiente ocupacional, em termos de recursos individuais, práticas de saú-
de, crenças, atitudes, valores e hereditariedade, assim como através do que o ambiente ocupacional oferece
para o trabalhador quando o mesmo está presente, em termos de organização. Ressalta-se que a respon-
sabilidade das ações da empresa, quando relacionadas à saúde do trabalhador, têm grande significado,
sendo que as duas grandes forças (trabalhador e ambiente ocupacional) estão em constante interação.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
130

As práticas de saúde e recursos individuais do trabalhador englobam o efeito recíproco dos fatores ocupa-
cionais e não ocupacionais na saúde e bem-estar deste indivíduo, enquanto a empresa, por sua vez, inclui
os fatores físicos (segurança) e psicossociais (cultura e clima) do ambiente de trabalho.
A prática da inclusão social nesse ambiente foi uma ação extremamente importante para os indivíduos
e para o país, pois demonstra que há trabalhadores com vontade de serem inseridos no mercado e com
potencial para isso. O labor revigora o ser humano, e quando alguém retorna às suas atividades após um
acidente de trabalho, a respectiva qualidade de vida melhora muito.
Para se ter uma vida saudável não basta evitar doenças, é preciso manter-se bem emocionalmente,
fisicamente, socialmente e espiritualmente. Sabe-se que as escolhas afetam a maneira como se vive e a
quantidade de anos que se vive, por este motivo é que o ambiente de trabalho deve ser sadio, pois é nele
que se passa a maior parte da vida.
Para Ogata e Simurro (2015) o fato é que as pessoas estão vivendo mais tempo, e a boa qualidade de
vida precisa ser garantida. É preciso ir além da garantia da boa medicina e de um bom plano de saúde,
deve-se instaurar medidas de melhoria das escolhas comportamentais como alimentação saudável, práti-
ca de atividades físicas, equilíbrio nos relacionamentos e gerenciamento do stress. Pessoas saudáveis, em
geral, aproveitam mais a vida, se comunicam melhor, são mais comprometidas, motivadas, produtivas e
mantém atitudes otimistas nas diferentes situações.

Patricia Marcilio (2017)

Figura 26 -  Aspectos da qualidade de vida


Fonte: SENAI (2017)

O bem-estar mental está relacionado ao equilíbrio emocional e ao bom convívio familiar, já o bem-estar
social tem relação com uma moradia adequada, acesso a tratamentos de saúde, trabalho e renda ade-
quados e à segurança pessoal, enquanto que o bem-estar espiritual é obtido por meio da prática de uma
religião, da meditação ou do contato com a natureza, o que possibilita alcançar a tão almejada paz interior.
Portanto, a vida saudável é obtida por meio de ações pessoais e não depende, em tese, de terceiros;
cada pessoa deve querer e se empenhar para ter boa saúde. Para isso, deve planejar-se, direcionar as prio-
ridades e mudar hábitos que coloquem em risco sua saúde e bem-estar. Para se ter uma vida saudável é
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
131

preciso estar bem consigo mesmo, reconhecendo seu valor e o dos outros, além de respeitar os direitos e
cumprir com suas obrigações.
Uma pessoa saudável também observa a qualidade de seus relacionamentos e, para isso, se comunica
de forma eficiente e dedica tempo para as pessoas com as quais convive. Lembre-se que as relações afeti-
vas estáveis influenciam na saúde, na realização pessoal e na segurança do indivíduo.
Além de ter uma vida individual saudável, é preciso que as pessoas também consigam realizar-se em
seu trabalho. Sabe-se que ocorrem sérios comprometimentos quando se separa o trabalho da realização
pessoal, seja no âmbito material ou psicológico.
Você sabia que o que impulsiona o homem à ação é a sua motivação, ou seja, a própria realização como
ser? É verdade! E por isso, o trabalho precisa, necessariamente, significar e proporcionar um futuro melhor.
Boas práticas de saúde e segurança motivam o trabalhador e fazem com que a qualidade do trabalho
realizado seja melhor.
A seguir, você conhecerá os programas relacionados à saúde do trabalhador. Prossiga!

5.2 PROGRAMAS RELACIONADOS À SAÚDE DO TRABALHADOR

É preciso entender que manter programas de saúde do trabalhador não significa simplesmente ter um
médico do trabalho fazendo os exames obrigatórios na empresa. A promoção da saúde no ambiente coor-
porativo integra muitas ações que devem ser estudadas, planejadas e implantadas com um único objetivo
que é a melhora da qualidade de vida no trabalho.
Para Martins (2008), a promoção da saúde no ambiente de trabalho inclui uma variedade de políticas e
atividades que são destinadas a ajudar empregados e empregadores. Um ambiente de trabalho saudável
determina os fatores de risco em seu ambiente físico, bem como reconhece a influência combinada dos fa-
tores econômicos, organizacionais, psicossociais, pessoais e comunitários, no bem-estar dos colaboradores.
Podem ser citados alguns benefícios encontrados em empresas que implantaram programas de promo-
ção de saúde. Entre os mesmos há:
a) controle de custos em assistência médica;
b) manutenção da saúde;
c) retenção de talentos;
d) controle de absenteísmo;
e) aumento de produtividade;
f ) melhora do clima organizacional;
g) aumento do comprometimento;
h) aumento da moral dos trabalhadores.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
132

Todos os benefícios advindos das melhorias nas condições de trabalho podem ser observados pelos
familiares do trabalhador e por colegas de trabalho.
Você já deve ter vivido alguma situação relacionada ao stress gerado por situações do ambiente laboral
ou presenciado alguém da família, angustiado com algum fator relacionado, não é verdade?
Quando não há uma boa relação entre empregado e empregador, devido à falta de diálogo, por ques-
tões de melhorias nas condições de trabalho ou sobrecarga de atividades, a saúde do indivíduo pode ficar
debilitada devido aos fatores psicossociais gerados. Observe que não são apenas os acidentes que causam
danos, outros fatores também podem ser prejudiciais à saúde do trabalhador.
Para Martins (2008), as melhorias podem ser alcançadas por intermédio de um Programa de Promoção
da Saúde do Trabalhador (PPST) que tem como principal objetivo fomentar a qualidade de vida dentro
e fora da empresa, por meio de atividades e programas planejados e administrados de acordo com as
características do trabalhador, da empresa e da comunidade em que essa se encontra. O aumento da pro-
dutividade pode ser constatado e é mais uma benéfica consequência da melhoria da qualidade de vida do
trabalhador.

iStock ([20--?])

Figura 27 -  Cuidados com a saúde

O que inviabiliza a adoção de programas de promoção de saúde por parte dos empresários é a dificul-
dade de demonstrar os resultados financeiros e a diminuição de gastos com a medicina curativa. Sabe-
-se que tais programas fazem bem à saúde, mas é um benefício de difícil quantificação para justificar os
investimentos. Um dos principais fatores para esses problemas acontecerem é a falta de planejamento
adequado dos programas, que são compostos de ações isoladas e não tem definidos metas e objetivos.
Veja, a seguir, alguns requisitos para garantir a eficácia na implantação de um programa de saúde do
trabalhador:
a) objetivo: é o que se pretende atingir com o programa, deve-se estipular um resultado esperado;
b) meta: definir as metas para se chegar ao objetivo determinado, bem como as ações a serem utiliza-
das;
c) responsáveis: delegar a responsabilidade pelas ações; definindo quem ficará a cargo de realizar a
ação;
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
133

d) cronograma: estabelecer um cronograma das ações, com datas bem definidas;


e) parcerias: procurar integrar outros setores, entidades, empregados, fornecedores;
f ) materiais: estabelecer materiais e equipamentos a serem utilizados; verificar seu funcionamento e
disponibilidade;
g) custos: levantamento de custos de implantação do programa para conseguir a verba necessária para
aplicação;
h) comunicação: elaborar um plano de comunicação e divulgação das ações para que todos os envolvi-
dos tenham conhecimento do programa;
i) implantação: execução do programa;
j) avaliação: efetivar uma avaliação posterior à execução do programa, que pode ser composta de per-
guntas orais. Essa ação é muito importante para análise de erros e acertos, visando melhora poste-
rior;
k) confecção de relatório: providenciar um relatório para ser arquivado, com fotos, descrição da ação
do programa e resultados.
Para que um programa de saúde seja realmente efetivo é preciso o engajamento de toda a equipe for-
mada para implantar o programa. É preciso ter bons argumentos para justificar a implantação do mesmo
para a alta direção da empresa, fazendo com que ele seja respeitado por todos.
Martins (2008) estabelece que sob o enfoque da saúde e segurança na empresa, devem ser tecidas
conexões com programas pré-existentes, como o PPRA e o PCMSO. Ainda, a convocação dos profissionais
que já trabalham com esse tema dentro da organização, ou que ocupam cargos de chefia para fazerem par-
te da equipe gestora do programa, é decisiva para o sucesso do mesmo; deve-se gentilmente ser requisi-
tado que suas valiosas experiências e sugestões possam ser assimiladas pelo PPST, desde sua implantação.
Depois de conhecer todas as etapas do programa, você acha que é muito complicada a sua implan-
tação? Os programas de promoção de saúde do trabalhador podem ser bem simples, como programas
de nutrição, programas voltados à atividade física, às avaliações de estilo de vida, através de campanhas,
palestras, cursos e oficinas.
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Figura 28 -  Aspectos da manutenção da saúde


MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
134

O PPST é amplo e pode conter ações que envolvam a implantação de outros programas de saúde em
seu cronograma de ações. Veja, a seguir, quais ações podem estar contempladas no PPST:
a) Programa de Tratamento e Prevenção ao Tabagismo.
b) Programa de Ergonomia.
c) Programa de Gerenciamento do Estresse.
d) Palestras sobre qualidade de vida.
e) Exames complementares e periódicos.
f ) Campanha de vacinação.
g) Campanha de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.
h) Campanha de Controle de Diabetes.
i) Dia Mundial do Coração.
j) Acompanhamento e orientação a grupos de orientação nutricional.
k) Palestras sobre saúde da mulher e do homem.
l) Aferição da pressão arterial dos trabalhadores.
m) Verificação da circunferência abdominal
n) Atividades esportivas
o) Atividades recreativas
p) Orientação a respeito do consumo de álcool
q) Atividades culturais
r) Atividades em datas comemorativas
s) Atividades com a família
Além desses exemplos, você conhece algo sobre a ginástica laboral? Implantar essa atividade também
é uma ação prevencionista. Ela é realizada no local de trabalho, com duração média de dez minutos, e de
forma preventiva, por meio de exercícios que compensam as estruturas mais sobrecarregadas durante a
jornada de trabalho e também ativam outras que não estejam sendo solicitadas. Ela promove a melhoria
da qualidade de vida e a prevenção de doenças ocupacionais.
Conheça os principais benefícios da ginástica laboral:
a) redução do desconforto físico;
b) melhora da flexibilidade e mobilidade articular;
c) melhora da postura e da consciência corporal;
d) melhora da disposição física;
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
135

e) disponibilização de maior integração entre os trabalhadores;


f ) auxílio no gerenciamento de estresse.
Muitas empresas têm adotado a ginástica laboral como medida de controle a favor da saúde dos traba-
lhadores. Realizar pausas em algumas atividades laborais é essencial para evitar desgastes físicos causados
por movimentos repetitivos, evitar o estresse térmico, entre outros agravantes à saúde.

iStock ([20--?])
Figura 29 -  Ginástica laboral

A ginástica laboral pode ser uma das ações do programa de ergonomia. É por meio da otimização
proposta pela ergonomia que o trabalhador poderá realizar suas atividades com o conforto adequado,
prevenindo acidentes e evitando patologias específicas, que são adquiridas de acordo com o tipo de ativi-
dade executada.
Veja, a seguir, alguns motivos que têm levado os profissionais da área de saúde a se preocupar cada vez
mais com a saúde do trabalhador e da população em geral:
Custos com assistência médica: os custos com assistência médica têm aumentado muito, principal-
mente com o progresso da expectativa de vida da população. É cada vez mais comum escutar em noti-
ciários, na televisão ou através da internet, o fato de que um plano de saúde decretou falência ou está
prestes a encerrar os serviços, não é verdade? Com esse problema, que afeta cada vez mais a população
que necessita dos planos de saúde, fica ainda mais difícil para as empresas oferecem algum plano de assis-
tência médica a seus trabalhadores, o que faz com que o empregador pense cada vez mais em prevenir os
problemas de saúde decorrentes da ação laboral do que tratar as doenças ocupacionais.
Doenças crônicas: essas ocorrências se tornaram, nos últimos anos, uma das maiores causas de morte
em todo o mundo. As principais doenças crônicas que acometem a população são: doenças cardiovascu-
lares, diabetes, câncer, doença obstrutiva pulmonar e depressão. De acordo com a Pesquisa Nacional de
Saúde, coordenada pelo IBGE (Brasil, 2014b) que foi realizada em 2013, 21,4% das pessoas com mais de
dezoito anos já foram diagnosticadas com hipertensão; 12,5% tiveram colesterol alto identificado por um
médico e 6,2% receberam diagnóstico de diabetes. Problemas crônicos na coluna atingiram 18,5% dos
adultos brasileiros e a depressão foi identificada em 7,6%. Ainda assim, 66,1% da população avalia sua
própria saúde como boa ou muito boa.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
136

Estilo de vida: é certo afirmar que ambientes saudáveis propiciam melhor vitalidade, seja na comuni-
dade, na família ou no trabalho. Sabe-se que a obesidade, o tabagismo, a inatividade física e a alimentação
inadequada são fatores que têm grande influência na performance no trabalho e na vida. Pode-se observar
que na atualidade as atividades estão deixando as pessoas cada vez mais sedentárias, e os fatores emocio-
nais se desenvolvem negativamente devido à crescente urbanização.
NAHAS (2001) informa que alguns fatores do estilo de vida podem ser modificados pelo indivíduo, se-
jam eles positivos ou negativos. Essa capacidade de transformação é de extrema importância, uma vez que
tais fatores podem afetar a saúde e o bem-estar em curto e longo prazo, principalmente a partir da meia
idade (de 40 a 60 anos).
Alimentação: ela tem deixado de ser uma forma de prevenir doenças e passou a ser um dos princi-
pais motivos da aquisição de problemas de saúde; o consumo exagerado de produtos industrializados,
alimentos ricos em gorduras saturadas, bebidas com grande quantidade de açúcar, tem prejudicado muito
a saúde das pessoas. É necessário fomentar discussões sobre a importância de manter uma alimentação
equilibrada, por meio de ações de conscientização geral.
Consumo de bebidas alcoólicas: ainda segundo a pesquisa do IBGE (Brasil, 2014b), o percentual da
população com mais de 18 anos que consome bebidas alcoólicas semanalmente é de 24%, um número
bastante alto, vistos os problemas de saúde que a bebida causa. Campanhas sobre alcoolismo e suas con-
sequências podem ajudar na conscientização dessa parcela da população. iStock ([20--?])

Figura 30 -  Alcoolismo

Atividade física: a média de brasileiros que pratica algum tipo de atividade física é de apenas 22,5%,
mesmo sendo do conhecimento de todos os benefícios proporcionados para o ser humano. As oportuni-
dades de se fazer uma atividade física se apresentam no lazer, no trabalho, nos deslocamentos cotidianos
e no âmbito das atividades domésticas, pois uma pessoa não precisa, necessariamente, estar matriculada
em uma academia para exercitar-se fisicamente.
A pesquisa do IBGE mostra que 46% dos brasileiros estão classificados como insuficientemente ativos,
ou seja, esses indivíduos não praticam um mínimo de 150 minutos de atividade por semana, considerando
o âmbito do trabalho, do lazer e de casa. O que contribui para esse sedentarismo é que 28% das pessoas
afirmam assistir mais de três horas de televisão diariamente.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
137

Sabe-se que a população brasileira está cada vez mais sedentária. A maioria das pessoas passa muitas
horas praticamente imóvel no trabalho, devido ao tipo de atividade que realiza e não praticam nenhuma
atividade física. A má alimentação contribui ainda mais para que a saúde fique debilitada. Todos esses
fatores são considerados pelas empresas e por meio do PPST muitas campanhas relacionadas à saúde são
realizadas no ambiente de trabalho.
Martins (2008) cita que o estilo de vida sedentário pode desencadear as doenças hipocinéticas, ou seja,
enfermidades causadas pelo pequeno montante de movimento realizado, que gera condições de risco
real, tais como acúmulo de gordura corporal e baixa densidade óssea, causadores das doenças coronaria-
nas, obesidade e osteoporose.
Tabagismo: A pesquisa realizada pelo IBGE (Brasil, 2014b) indica que 15% da população brasileira é
usuária de produtos derivados de tabaco. É um número muito expressivo, se analisados os problemas de
saúde que podem ser ocasionados. O número de tabagistas já diminuiu muito com o passar dos anos,
por meio das leis de proibição de fumar em locais fechados e dentro do carro, por exemplo. É comum em
empresas de médio e grande porte a proibição de fumar dentro do parque fabril, o que tem levado muitos
colaboradores a diminuir o número de cigarros fumados no dia a dia.

iStock ([20--?])

Figura 31 -  Tabagismo

Atualmente, estudos comprovam que o tabagismo pode causar em torno de cinquenta tipos de do-
enças, as principais são: angina, infarto no miocárdio, derrame cerebral, câncer de boca, faringe, laringe,
pulmão; outras doenças são aneurismas arteriais, úlceras do aparelho digestivo, infertilidade na mulher e
problemas na gravidez.

Você sabia que a proporção de pessoas com dezoito anos ou mais, fumantes, que
pensaram em parar de fumar devido ao contato com as advertências nos maços de
CURIOSI cigarros, nas grandes regiões das Unidades da Federação em 2013, foi de 52,3%,
DADES segundo pesquisa do IBGE (2014b)? Dos entrevistados que pensaram em parar de
fumar devido às campanhas contra o tabagismo, 52,8% são na área urbana e 49,3%
da área rural .
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
138

Estresse: pode ser causado pela dinâmica do trabalho. Na atualidade, as pessoas estão trabalhando
mais do que em anos anteriores e enfrentando muita pressão, o que tem causado um aumento no nível de
estresse, que quando não tratado pode desencadear outras doenças físicas, chegando à depressão.
Depressão: atualmente, a depressão é a terceira principal causa de afastamentos do trabalho no Brasil,
a vida moderna está mais complicada, as pessoas têm um número muito grande de papéis para exercer no
trabalho, em casa, na comunidade e existe uma cobrança interna e externa de perfeição na execução das
tarefas, isso gera um estresse permanente, o que faz com que as pessoas deixem de fazer o que gostam
para seguir imposições sociais midiáticas que geram internalização de conflitos.
Todos os problemas apresentados estão relacionados à saúde da população brasileira. Você acredita
que eles possam interferir na vida laboral do trabalhador? Com certeza! Algumas doenças impossibilitam a
efetivação de funções específicas, por exemplo: alguém que tenha depressão e faça uso de certos tipos de
medicamentos não pode operar veículos. Problemas relacionados ao coração também podem impossibi-
litar o trabalhador de operar determinadas máquinas. Em alguns casos, dependendo do tipo de atividade
e do tipo de exposição do trabalhador a um determinado risco, algumas doenças podem ser agravadas ou
desencadeadas.

SAIBA Você pode acessar a Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013, através do site <ftp://ftp.
ibge.gov.br/PNS/2013/pns2013.pdf> e conhecer a percepção de elementos como
MAIS estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas no Brasil.

Um bom ambiente de trabalho pode fazer a diferença na saúde das pessoas, sentir prazer no que se faz
é essencial para se manter bem, e cabe aos empregadores proporcionar um ambiente seguro, que valorize
e estimule práticas de vida saudáveis.
É preciso disseminar a cultura de que produtividade está diretamente ligada à qualidade de vida no
trabalho: quanto mais qualidade de vida o trabalhador tiver, mais produtivo será no desempenho das suas
atividades.

5.3 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) - POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR

A saúde do trabalhador é uma questão de saúde pública que deve prever o estudo, a prevenção, a assis-
tência e a vigilância da saúde relacionados ao trabalho. Ela faz parte do direito universal de saúde instituído
pelo SUS. Mas quais são as responsabilidades das empresas com relação a esse contexto? Você encontrará
a resposta no decorrer de suas leituras.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
139

Muitos trabalhadores, ao longo de sua vida laboral, sofreram algum tipo de dano que o impossibilitou
de exercer suas atividades. Nesses casos, a Previdência Social concede o benefício de auxílio-doença18,
após avaliação pericial, e os mantém com uma remuneração provinda deste benefício. No Brasil, muitos
sofreram acidentes de trabalho e receberam ou recebem auxílio-doença; ao analisar essa situação dispen-
diosa, é possível verificar, por meio das estatísticas da Previdência Social, que um acidente de trabalho é
um problema social.
A Previdência Social arca com os custos dos acidentes de trabalho, e o auxílio-doença, segundo Brasil
(1991), “não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários de contribuição, in-
clusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética
simples dos salários de contribuição existentes. ” O auxílio-doença é um atestado de que o trabalhador não
pode retornar ao trabalho enquanto a situação perdurar. Para a Previdência Social, esse custo se torna alto,
devido ao grande número de benefícios concedidos.
Nos últimos anos, as empresas estão arcando com os custos dos acidentes, após a implantação do Fator
Acidentário Previdenciário (FAP) e do Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP).
Segundo a Previdência Social (Brasil, 2015c), o FAP é um multiplicador calculado por empresa, que varia
de 0,5000 a 2,0000 a ser aplicado sobre as alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por subclasse
econômica, incidentes sobre a folha de pagamento das empresas para custear aposentadorias especiais e
benefícios decorrentes de acidentes de trabalho. O FAP é calculado sempre sobre os dois últimos anos de
todo o histórico de acidentalidade e de registros acidentários da Previdência Social. Desta forma, através
do FAP, a empresa acaba arcando com os custos dos acidentes ocorridos em virtude das atividades laborais
em seus estabelecimentos.
Você acredita que mesmo com a FAP, a Previdência Social e o SUS conseguem atender a todos os traba-
lhadores acidentados?
De acordo com a Lei 8.080/90 (BRASIL, 1990) em seu capitulo 1 art. 6, estão incluídas no campo de atu-
ação do SUS a execução de ações de saúde do trabalhador, onde define-se como saúde do trabalhador, de
acordo com o parágrafo três deste capítulo, um conjunto de atividades que se destina à promoção e prote-
ção da saúde dos trabalhadores, visando a recuperação e a reabilitação. Dentro das ações que devem ser
realizadas pelo SUS, segundo o parágrafo três, estão a assistência ao trabalhador vítima de acidente ou
portador de doença profissional e do trabalho, participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle
de riscos, participação da normatização, fiscalização e controle das condições de trabalho, informação ao
trabalhador, entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes e doenças, bem como a revisão
periódica da listagem oficial de doenças do trabalho.
A Vigilância em Saúde do Trabalhador é um conjunto de normas organizadas para atuar sobre as condi-
ções de saúde, ambiente e organização do trabalho, pautado em ações de promoção e prevenção, que faz
parte de um conjunto de ações de uma política pública de saúde, chamada de Política Nacional da Saúde
do Trabalhador e Trabalhadora (PNSTT).

O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos
18

demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. (BRASIL, 1991).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
140

Essa Política Nacional tem como objetivos a promoção da saúde e a prevenção de acidentes e danos
relacionados ao trabalho; tem como princípios e diretrizes a universalidade e a integralidade, que também
são princípios do Sistema Único de Saúde, bem como o estímulo à educação continuada e às pesquisas em
Saúde e Segurança do Trabalho.
Segundo Brasil (2001), nos termos da Política Nacional recentemente definida, as ações de saúde do tra-
balhador na rede de serviços devem ser assumidas pelo sistema como um todo, tendo como porta de en-
trada a rede básica de saúde e como retaguarda técnica os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
e os níveis mais complexos desse sistema. Pretende-se, dessa forma, que as ações alcancem todos os traba-
lhadores do país, cumprindo o preceito constitucional e as determinações da Lei Orgânica da Saúde (LOS)
n.º 8.080/1990.
Para o desenvolvimento qualitativo dessas ações, é necessária a integração de órgãos como Ministério
da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social.
A implantação da Vigilância em Saúde do Trabalhador, em todos os estados e municípios, é de extrema
importância para a prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, bem como para a identi-
ficação dos riscos.

iStock ([20--?])

Figura 32 -  Vigilância em Saúde do Trabalhador

Mesmo com o amparo legal da VISAT, sabe-se que muitos trabalhadores acidentados e/ou doentes
não recebem assistência à saúde com rapidez, ficando desassistidos por meses, esperando atendimento
médico, tratamentos de saúde ou até mesmo uma perícia médica que não acontece. É preciso cuidar do
trabalhador antes que ele fique doente ou sofra um acidente de trabalho.
Segundo Gomez e Costa (1997) o movimento em prol da saúde do trabalhador é visto, no Brasil, como
a configuração de um novo paradigma que, com a incorporação de alguns referenciais das ciências so-
ciais, amplia a visão da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional, através da reflexão crítica quanto
à limitação dos modelos vigentes, criando alicerces para o surgimento de uma nova forma de apreender
a relação trabalho-saúde, de intervir nos ambientes de trabalho, e consequentemente de introduzir, na
saúde pública, práticas de atenção à saúde dos trabalhadores, no bojo das propostas da Reforma Sanitária
Brasileira. Porém, esse novo paradigma constitui-se na arena de conflitos e entendimentos formalizados ou
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
141

pactuados entre empresas, trabalhadores e instituições públicas frente, a situações-problema, colocando


em jogo, além da identificação de sua real origem, a capacidade de negociação para enfrentá-las.
Gomez e Costa citam que a carta constitucional de 1988 e a Lei 8.080/90 confirmam a saúde do traba-
lhador como competência do SUS, e embora não de forma exclusiva, a área de atuação do SUS diz respei-
to apenas à assistencial, mas não às atividades relacionadas à fiscalização dos ambientes de trabalho. As
Delegacias Regionais do Trabalho advogam, em vários estados, à exclusividade de sua competência para
inspecionar os centros produtivos.
De acordo os objetivos da PNSTT,

Garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pressupõe a inserção


de ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção
à Saúde do SUS, mediante articulação e construção conjunta de protocolos, linhas de
cuidado e matriciamento da saúde do trabalhador na assistência e nas estratégias e
dispositivos de organização e fluxos da rede, considerando os seguintes componentes:
a) atenção primária em saúde;
b) atenção especializada, incluindo serviços de reabilitação;
c) atenção pré-hospitalar, de urgência e emergência, e hospitalar;
d) rede de laboratórios e de serviços de apoio diagnóstico;
e) assistência farmacêutica;
f ) sistemas de informações em saúde;
g) sistema de regulação do acesso;
h) sistema de planejamento, monitoramento e avaliação das ações;
i) sistema de auditoria; e
j) promoção e vigilância à saúde, incluindo a vigilância à saúde do trabalhador; (BRASIL,
2012).

Você pôde perceber que há uma preocupação do Ministério da Saúde em amparar o trabalhador, não
é verdade? Todas as ações da PNSTT consideram a necessidade de implementação de ações de saúde do
trabalhador em todos os níveis de atenção do SUS. Com certeza todas são válidas, mas é preciso que os
empregadores busquem realizar ações prevencionistas em suas empresas, ações que previnam acidentes
ou doenças ocupacionais e que evitem que o indivíduo tenha que buscar amparo à saúde através do SUS,
em decorrência de um acidente de trabalho.

Você pode conferir a PORTARIA n.º 1.823, DE 23 DE AGOSTO DE 2012, que institui a
SAIBA Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) através do site
MAIS <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt1823_23_08_2012.html>.
Acesse e se mantenha atualizado!
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
142

Em 1986, aconteceu a 8º Conferência Nacional de Saúde (CNS) onde ficou definido:

Do conceito amplo de saúde e da noção desse direito como conquista social, emerge a
ideia de que o pleno exercício do direito à saúde implica em garantir: trabalho em con-
dições dignas, com amplo conhecimento e controle dos trabalhadores sobre o processo
e o ambiente de trabalho. [...] (LACAZ, 2005).

A garantia de condições dignas de trabalho é buscada incessantemente, e você, como profissional da


área de segurança do trabalho, poderá desempenhar sua função mediando essas condições.
Segundo Machado (1996), existem uma série de conflitos, alguns deles do tipo corporativo e mais re-
lacionados a disputas no campo das práticas institucionais ainda não harmonizadas pós-constituição de
1988. Assim, auditores fiscais do Ministério do Trabalho e sanitaristas do SUS, voltados para as ações de
saúde do trabalhador, vivem em conflito na maioria dos estados brasileiros, onde se realizam com maior
ênfase as práticas nesse campo.

iStock ([20--?])

Figura 33 -  Fiscalização do trabalho

As ações do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho devem coexistir em prol da saúde e da se-
gurança do trabalhador, portanto se auditores fiscais do trabalho e sanitaristas do SUS não estão alinhados,
quem sai perdendo é o trabalhador que fica à espera de ações de melhorias que não acontecem.
Veja como Lacaz diferencia a inserção da atenção à saúde do trabalhador no SUS:

a) De 1978 a 1986: Efervescência das ideias e pressupostos que conformam o campo de


práticas e saberes as Saúde do Trabalhador, que inclui a atenção à saúde dos traba-
lhadores, enquanto uma pratica de saúde diferenciada. Destacam-se nessa conjuntu-
ra: o ressurgimento do movimento sindical: a criação dos programas de saúde dos
traba-lhadores, principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e
Rio Grande do Sul, após a posse dos governadores eleitos de forma direta, em 1982;
realização 8° CNS - conferência nacional de saúde e da 1° CNST – conferência nacional
de saúde do trabalhador.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
143

b) De 1987 a 1990: institucionalização das ações de saúde do trabalhador na rede básica


de serviços de saúde, através das conquistas no âmbito legal e dos avanços ao nível
institucional, a pratica acumulada nos programas de saúde dos trabalhadores no iní-
cio dos anos 80 garantiria a inscrição da saúde do trabalhador como atribuição do
SUS.

E ainda, sob consideração de constantes visões e buscas de melhorias para todos, o autor prossegue
destacando:

c) De 1991 a 2001: essa fase marcada por disputas corporativas e pela ausência de
mecanismos claros e efetivos de financiamento para as ações do SUS, apresentou
um duplo movimento de natureza contraditória, por um lado amplia-se os marcos
legais e a saúde do trabalhador, este adquire status de instrumento operacional,
contribuindo para uma maior institucionalização do campo, em 1996 realiza-se a 2°
CNST e são emitidas a instrução normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador e a
norma operacional de saúde do trabalhador. Por outro lado, políticas macroeconômi-
cas e reformas admi-nistrativas na máquina do estado, ambas de orientação neolib-
eral, refletem-se no SUS e nas ações em saúde do trabalhador por ele desenvolvidas.
(LACAZ, 2005).

Em 2002, o Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições legais e considerando a necessidade
de articular, no âmbito do SUS, ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde dos trabalhadores
urbanos e rurais, independentemente do vínculo empregatício e tipo de inserção no mercado de trabalho
e, considerando que a atenção integral à saúde do trabalhador, com suas especificidades, deve ser objeto
de todos os serviços de saúde, consoante com os princípios do SUS, da equidade, integralidade e universa-
lidade, assinou a Portaria GM/MS19 n.º 1679 em setembro de 2002 que dispõe sobre a estruturação da rede
nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no SUS e dá outras providências e dispõe também
sobre a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), no SUS que
tem como atribuição prioritária regulamentar a implementação da PNSTT.
De acordo com a Portaria GM/MS 1679,

Considerando que a atenção integral à saúde do trabalhador, com suas especificidades,


deve ser objeto de todos os serviços de saúde, consoante com os princípios do SUS, da
equidade, integralidade e universalidade, resolve: [...]
Art.3° Definir que, para a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador - RENAST, serão organizadas e implantadas:
I. Ações na rede de Atenção Básica e no Programa de Saúde da Família (PSF).
II. Rede de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST)
III. Ações na rede assistencial de média e alta complexidade do SUS. [...]

GM: Gabinete do Ministro. MS: Ministério da Saúde.


19
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
144

Art.6° Estabelecer que, em cada estado, serão organizados dois tipos de Centros de Refe-
rência em Saúde do Trabalhador - CRST: Centro de Referência Estadual, de abrangência
estadual e Centro de Referência Regional, de abrangência regional, definidos por ordem
crescente de complexidade e distinção de atribuições descritas no Anexo II desta Por-
taria.
Parágrafo único. Os CRST Estaduais e Regionais deverão estar integrados entre si e com
as referências em saúde do trabalhador desenvolvidas na rede ambulatorial e hospitalar,
compatibilizando um Sistema de Informação Integrado, a implementação conjunta dos
Projetos Estruturadores, a execução do Projeto de Capacitação, a elaboração de mate-
rial institucional e comunicação permanente, de modo a constituir um sistema em rede
nacional. (BRASIL, 2002b).

Após conhecer um pouco sobre a PNSTT e sobre os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, é
possível verificar a preocupação do Estado, não é mesmo? Mas porque ainda ocorrem tantos acidentes de
trabalho e doenças profissionais e do trabalho?

SAIBA Leia atentamente a Portaria GM/MS n.º 1679, de 18 de setembro de 2002 no site <http://
www.saude.mg.gov.br/images/documentos/portaria_1679.pdf> e veja como funciona
MAIS a RENAST e os CRST.

É importente refletir sobre essa questão, pois a preocupação com o trabalhador existe, mas será que
não é preciso avançar na prevenção dos acidentes? Há uma boa política de saúde, mas a consciência pre-
vencionista existe?
O Brasil está caminhando para melhorias no âmbito da saúde e segurança do trabalhador. Não é possí-
vel que o problema social gerado pela falta de segurança do trabalho seja cada vez maior. Os países desen-
volvidos já passaram pelas mesmas dificuldades enfrentadas pelo Brasil no que diz respeito ao contexto
estudado e hoje verificam-se muitas melhorias. Estas podem ser constatadas nas proteções de máquinas e
equipamentos e em muitos processos automatizados que melhoram as condições de trabalhos braçais e
insalubres, bem como nas melhorias nos equipamentos de proteção individual, na implantação de política
de segurança do trabalho nas empresas, entre outras tantas ações.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
145

iStock ([20--?]), Vitória Strelo Gonçalves (2017)


Figura 34 -  Participação na PNSTT

A saúde do trabalhador é uma questão social, pois cada indivíduo doente ou acidentado gera dificulda-
des para todos integrantes da família na qual está inserido, ainda mais se este for o provedor majoritário
da renda familiar. Portanto, ter direito à assistência do SUS é um auxílio a essa família na complementação
da renda.
Entenda, na sequência, como a PNSTT, através de seus princípios e diretrizes, auxilia o trabalhador
quando mantém:
a) Universalidade: acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.
b) Integralidade: acesso a serviços preventivos, curativos, individuais ou coletivos em qualquer nível de
complexidade.
c) Participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social.
d) Descentralização: divisão de responsabilidades entre esferas do governo.
e) Hierarquização: organização das unidades de acordo com o grau de complexidade.
f ) Equidade: garantia de condições igualitárias de saúde para todos.
g) Precaução: princípio do cuidado.
Como visto, o trabalhador tem direito ao acesso à assistência à saúde da qual necessitar, desde serviços
preventivos e curativos, de forma individual ou coletiva. A assistência à saúde do trabalhador está dividida
entre esferas do governo, cada uma com suas responsabilidades. Mas a principal questão é: o trabalhador
está ciente de todos os seus direitos e sabe a quem recorrer quando precisar?
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
146

A PNSTT também tem como objetivos:

I - fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais


componentes da Vigilância em Saúde, o que pressupõe:
a) identificação das atividades produtivas da população trabalhadora e das situações de
risco à saúde dos trabalhadores no território;
b) identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores
no território;
c) realização da análise da situação de saúde dos trabalhadores;
d) intervenção nos processos e ambientes de trabalho;
e) produção de tecnologias de intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações
de VISAT;
f ) controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador,
nas instituições e empresas públicas e privadas;
g) produção de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; e
h) participação dos trabalhadores e suas organizações;
II - promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe:
a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores da saúde dos trabalhadores nos
ambientes e processos de trabalho;
b) fortalecimento e articulação das ações de vigilância em saúde, identificando os fa-
tores de risco ambiental, com intervenções tanto nos ambientes e processos de tra-
balho, como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da
população circunvizinha;
c) representação do setor saúde/saúde do trabalhador nos fóruns e instâncias de formu-
lação de políticas setoriais e intersetoriais e às relativas ao desenvolvimento econômi-
co e social;
d) inserção, acompanhamento e avaliação de indicadores de saúde dos trabalhadores
e das populações circunvizinhas nos processos de licenciamento e nos estudos de
impacto ambiental;
e) inclusão de parâmetros de proteção à saúde dos trabalhadores e de manutenção de
ambientes de trabalho saudáveis nos processos de concessão de incentivos ao de-
senvolvimento, nos mecanismos de fomento e outros incentivos específicos;
f ) contribuição na identificação e erradicação de situações análogas ao trabalho escravo;
g) contribuição na identificação e erradicação de trabalho infantil e na proteção do tra-
balho do adolescente; e
h) desenvolvimento de estratégias e ações de comunicação de risco e de educação am-
biental e em saúde do trabalhador; [...]
IV - ampliar o entendimento de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como
uma ação transversal, devendo a relação saúde-trabalho ser identificada em todos os
pontos e instâncias da rede de atenção;
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
147

V - incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos


indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas
ações de promoção em saúde;
VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada
nas ações e serviços de saúde do SUS e que a atividade de trabalho realizada pe-
las pessoas, com as suas possíveis consequências para a saúde, seja considerada no
momento de cada intervenção em saúde; e
VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS. (BRASIL,
2012).

Ao ler os objetivos da PNSTT, citados anteriormente, você pôde notar que a área da saúde tem atribui-
ções parecidas com as da área do trabalho, e por este motivo os auditores fiscais do trabalho e os fiscais da
vigilância em saúde ainda mantêm conflitos de ações, como já comentado.
Observe a figura a seguir, que mostra um exemplo de más condições de trabalho onde cabem ações de
ambas as áreas.

iStock ([20--?])

Figura 35 -  Condições de trabalho

Segundo a PNSTT (Brasil, 2012), para atingir os princípios e chegar aos objetivos propostos, foram defi-
nidas algumas estratégias que devem ser seguidas, dentre elas pode-se citar: integração da Vigilância em
Saúde do Trabalhador com os demais componentes da vigilância em saúde; planejamento conjunto entre
as vigilâncias; produção conjunta de protocolos; unificação dos instrumentos de registro e notificação;
incorporação dos agravos relacionados ao trabalho como prioritários para fins de vigilância; produção con-
junta de metodologias de ação e investigação; investimentos na qualificação e capacitação das equipes;
atualização e revisão dos códigos de saúde; análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos traba-
lhadores; revisão periódica da lista de doenças do trabalho; estruturação da Rede Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
Todos os gestores do SUS, no âmbito federal, estadual e municipal têm suas atribuições e responsabi-
lidades perante a PNSTT, cabe a eles garantir, orientar, monitorar e assegurar a implementação da PNSTT,
e através dos objetivos e princípios descritos anteriormente, proporcionar ao trabalhador condições de
prevenir, cuidar, tratar e restabelecer sua saúde.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
148

A VISAT conta com o apoio da RENAST e é responsável pela execução de ações integrais. É composta
por mais de 150 Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e por uma
rede sentinela de mais de 1000 serviços médicos e ambulatoriais de média e alta complexidade.
As atribuições dos CERESTs no âmbito da RENAST são de desempenhar as funções de suporte técnico
de vigilância e assistência à saúde dos trabalhadores, dar apoio matricial para o desenvolvimento das ações
de saúde, atuar como centro articulador e organizador das ações intra e inter setorial de saúde. As equipes
técnicas, nas três esferas de gestão, devem garantir o apoio institucional para o desenvolvimento das ações
definidas.
Observe, a seguir, que o grande desafio da PNSTT:

[...] para profissionais e gestores que atuam na área, a própria implementação da citada
Política pelos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) que compõem
a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), particularmente
quanto ao fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) no seu ter-
ritório de abrangência. Esse é um dos objetivos prioritários da PNSTT. O marco legal
coloca um modelo ambicioso de ações a serem realizadas pela VISAT, cuja efetivação
está longe de se atingir perante a situação de hoje. São bastante limitadas às possibi-
lidades de atuação de boa parte do quadro técnico atual, como pode observar-se nos
inventários sobre a execução de ações da RENAST, realizados a fim de identificar lacunas
e potencialidades, visando a redefinição de rumos e estratégias de apoio para o forta-
lecimento dessa Rede. (GOMEZ, 2013).

A PNSTT é uma política promissora, que expressa todo movimento em prol da saúde realizado nas úl-
timas décadas pelos trabalhadores, classes sindicais, setores acadêmicos etc. Visa a promoção e a proteção
da saúde, a redução das doenças e dos agravos nas atividades laborais.
Estude mais profundamente a PNSTT, a RENAST e os CERESTs e veja como você pode contribuir futura-
mente para as mudanças relativas à Saúde e Segurança do Trabalho no quadro nacional. Prossiga e saiba o
que é a Vigilância em Saúde do Trabalhador!

5.4 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHOR

Você está estudando sobre o gerenciamento da saúde do trabalhador e por meio de suas leituras pôde
verificar como esse contexto é importante, além de conhecer os programas relacionados, a função do
SUS nestes programas e na assistência ao trabalhador. A partir de agora, você verá como é o trabalho da
Vigilância em Saúde do Trabalhador.
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) tem por objetivo a promoção à saúde dos trabalhadores,
através da identificação dos locais de trabalho e dos tipos de profissões as quais podem causar algum dano
à saúde. Também identifica os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos e as doenças que mais os
acometem. A VISAT analisa continuamente dados e informações sobre como as condições de trabalho
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
149

podem adoecer o trabalhador, sua atuação é ampla, ela é um instrumento efetivo de saúde pública, por
isso deve estar incorporada à vida cotidiana.
Consta nas Diretrizes de implantação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS que os objetivos
da VISAT são:

Identificar o perfil de saúde da população trabalhadora, considerando a análise da situ-


ação de saúde:
a) a caracterização do território, perfil social, econômico e ambiental da população tra-
balhadora. [...]
b) intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde da população traba-
lhadora, visando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, atenuá-los e controlá-los. [...]
c) avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminação, controle e atenuação dos
fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde, para subsidiar a tomada de de-
cisões das instancias do SUS e dos órgãos competentes, nas três esferas de governo.
[...]
d) utilizar os diversos sistemas de informação para a VISAT [...]. (BRASIL, 2015d).

Você pôde observar que a prevenção das doenças relacionadas ao trabalho é o que move a VISAT, não
é mesmo? Mas como ocorre a interação entre a vigilância em saúde e o empregador? Todas as medidas de
controle que evitam que o trabalhador adoeça possuem amparo legal e para que as mesmas sejam defini-
das e implantadas no ambiente laboral é preciso que a fiscalização da vigilância em saúde seja constante
e as ações determinadas por ela, ao empregador, sejam cumpridas. Portanto, a relação entre a VISAT e o
empregador deve ser a mais harmoniosa possível, evitando assim, que as doenças ocupacionais apareçam.
Entre os princípios da VISAT está a universalidade, que garante que todos os trabalhadores, são seus
sujeitos, independentemente da localização do trabalho (urbana ou rural, na rua, nas empresas e nos do-
micílios), da forma de inserção no mercado de trabalho (formal ou informal), do vínculo empregatício,
podendo estar ativo, afastado, aposentado ou em situação de desemprego. A integração interinstitucional
é outro princípio e deve ser compreendida como o exercício da transversalidade entre as políticas de saúde
do trabalhador e outras políticas setoriais, como Previdência, Trabalho e Meio Ambiente, educação e justiça
e aquelas relativas ao desenvolvimento econômico e social, nos âmbitos federal, estadual e municipal.
(BRASIL, 2015d).
A Portaria n.º 1.378 em seu Art. 2º estabelece que:

A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consoli-


dação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, visando
o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção da
saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como
para a promoção da saúde. [...]
Art. 4º As ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população brasileira e en-
volvem práticas e processos de trabalho voltados para: [...] VI - a vigilância da saúde do
trabalhador; [...] (BRASIL, 2013b).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
150

A VISAT age de modo preventivo, avaliando problemas de saúde decorrentes do trabalho que podem
ser evitados, pois se entende que os mesmos são previsíveis. Segundo BRASIL (2014c) fomentar a substitui-
ção de matérias-primas, de tecnologias e de processos organizacionais prejudiciais à saúde do trabalhador
por substâncias, produtos e processos menos nocivos faz parte da política da VISAT. A busca pela orienta-
ção e a priorização de medidas de controle dos riscos na origem e de proteção coletiva também são ações
previstas.
As doenças relacionadas ao trabalho são uma preocupação constante há muitos anos no mundo todo
e fazer com que sejam evitadas significa a demonstração da preocupação do empregador com seu empre-
gado e a redução de um problema social. As doenças infectocontagiosas também são preocupantes, por
mais que não sejam relacionadas à atividade laboral, na maioria dos casos; é preciso evitar a disseminação
de disfunções entre os trabalhadores.
Segundo a lei 8.080/90:

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades
que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à
promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e
reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
condições de trabalho, abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes
de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no
âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas,
avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo
de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração,
armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de
máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; IV - avaliação
do impacto que as tecnologias provocam à saúde; V - informação ao trabalhador e à
sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho,
doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os
preceitos da ética profissional; VI - participação na normatização, fiscalização e controle
dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho,
tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e VIII - a garantia ao
sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina,
de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. (BRASIL, 1990).
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
151

As doenças causadas por movimentos repetitivos são um exemplo das relacionadas ao trabalho e que
podem ser evitadas com medidas de controle de risco. Avaliar cada caso de lesão por esforço repetitivo
apresentados na empresa, conhecer os motivos do aparecimento das doenças relativas à síndrome dos
movimentos repetitivos e analisar os postos de trabalhos que podem expor os trabalhadores a esse risco
fazem parte das ações da VISAT.

iStock ([20--?])
Figura 36 -  Trabalhador com lesão por esforço repetitivo

As doenças relacionadas à sobrecarga muscular e óssea são um problema recorrente em muitas empre-
sas e uma das medidas de controle encontradas é a implantação do programa de ergonomia.
Nesse ínterim, pode-se perceber os avanços da VISAT através da legislação recente que trata da saúde
do trabalhador e oferece subsídio e respaldo para as ações dos profissionais de Saúde e Segurança do
Trabalho. A criação da RENAST e do CEREST, o advento da própria VISAT representa um avanço dentro da
política, sendo uma tecnologia crescente de conhecimento público.
Porém, muitos desafios estão relacionados a essa política e podem ser citados a escassez de informações
sobre saúde dos trabalhadores, a persistência de doenças e acidentes de trabalho, serviços de saúde com
deficiências estruturais, falta de recursos materiais e financeiros aos postos de atendimento à saúde, queda
da participação dos trabalhadores no controle social devido à existência de sindicatos pouco ativos, que
contam com o desinteresse por parte dos trabalhadores em participar das suas decisões, falta de suporte
técnico para ações desenvolvidas pelas RENAST e CEREST, baixa oferta de capacitação para os profissionais
envolvidos com a saúde do trabalhador, entre tantos outros.
A efetivação da PNSTT e o sucesso da VISAT não dependem apenas da promulgação de leis e da criação
de portarias por parte dos governantes, é preciso fazer como que todas as medidas instituídas pela legis-
lação sejam implementadas, e para que isso aconteça é preciso informar a população sobre seus direitos,
mostrar ao trabalhador onde é possível buscar auxílio para as melhorias em suas atividades laborais e para
sua saúde.
Na sequência, você conhecerá a classificação de doenças relacionadas ao trabalho.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
152

5.4.1 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS E LISTAS DE DOENÇAS RELACIONADAS AO


TRABALHO

Até o momento, você tem percebido que há uma preocupação do Ministério da Saúde com a saúde da
população em geral e com a do trabalhador, visto a implantação da PNSTT, a RENAST, o CEREST, da VISAT,
mas você sabe quais são as doenças relacionadas ao trabalho?
O Ministério da Saúde, através da Portaria n.º 1.339/GM de 18 de novembro de 1999, elaborou uma lista
das doenças, a qual você terá a oportunidade de conhecer na sequência de seus estudos. Ela apresenta a
relação de agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional, com as respectivas doenças que podem
estar a eles relacionadas e a relação de doenças e de agentes causais associados ao trabalho.
De acordo com essa lista, as doenças relacionadas ao trabalho (Brasil, 1999b) estão associadas às/aos:
a) Agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional: entre as doenças que podem estar relaciona-
das, tem-se como exemplo de agentes etiológicos ou fatores de riscos de natureza ocupacional: As-
besto ou Amianto, Benzeno e seus homólogos tóxicos, Cádmio ou seus compostos, Chumbo ou seus
compostos tóxicos, Hidrocarbonetos alifáticos ou aromáticos (seus derivados halogenados tóxicos),
entre outros.
b) Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplo destas doen-
ças: Tuberculose, Brucelose, Leptospirose, Tétano, Dengue, entre outras.
c) Neoplasias (tumores) relacionados com o trabalho; tem-se como exemplos: Neoplasia maligna do
estômago, Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais, Neoplasia maligna dos brôn-
quios e do pulmão.
d) Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos relacionadas com o trabalho: tem-se como exem-
plo: Síndromes Mielodisplásicas, Púrpura e outras manifestações hemorrágicas, outros transtornos
especificados dos glóbulos brancos: leucocitose, reação leucemóide etc.
e) Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplo
o Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas.
f ) Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho: tem-se como exemplos:
Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais, Transtorno Cognitivo Leve,
Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso do álcool (relacionado com os elementos da
vida laboral), Reações ao Stress Grave e Transtornos de Adaptação (estado de “Stress” Pós-Traumáti-
co), dentre outros.
g) Doenças do sistema nervosos relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Distúrbios do
Ciclo Vigília-Sono, Transtornos do nervo trigêmeo, Síndrome do Túnel do Carpo, Polineuropatia devi-
do a outros agentes tóxicos, Polineuropatia induzida pela radiação etc.
h) Doenças do olho e anexos relacionados com o trabalho: tem-se como exemplos: Conjuntivite, Cata-
rata etc.
i) Doenças do ouvido relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Perfuração da Membrana
do Tímpano, Alteração Temporária do Limiar Auditivo, Comprometimento da Discriminação Auditiva
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
153

e Hiperacusia, dentre outras.


j) Doenças do sistema circulatório relacionadas com o trabalho. Tem-se como exemplos: Hipertensão
arterial, Angina pectoris, Infarto agudo do miocárdio, Síndrome de Raynaud, Parada cardíaca etc.
k) Doenças do sistema respiratório relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Faringite agu-
da, não especificada (Angina aguda, dor de garganta), Rinites alérgicas, Rinite crônica, Ulceração ou
Necrose do septo nasal, Sinusite crônica, Asma obstrutiiva, Bronquite crônica, Bronquite asmática,
Bronquite obstrutiva crônica, Pneumoconiose associada com Tuberculose, Pneumoconiose dos Tra-
balhadores do Carvão, Pneumoconiose devido ao Asbesto (Asbestose) e a outras fibras minerais,
Pneumoconiose devido à poeira de Sílica (Silicose), Bronquite e Pneumonite devido à produtos
químicos, gases, fumaças e vapores (Bronquite Química Aguda), dentre outras.
l) Doenças do sistema digestivo relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Erosão dentária,
Gengivite crônica, Estomatite ulcerativa crônica, Gastroenterite e Colite tóxicas, Doença tóxica do
fígado, Doença tóxica do fígado com Hepatite aguda, Doença tóxica do fígado com Hepatite crônica
persistente etc.
m) Doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Der-
matite alérgica de contato devido a metais, Dermatite alérgica de contato devido a adesivos, Derma-
tite alérgica de contato devido a cosméticos (fabricação/manipulação), Dermatite alérgica de con-
tato devido a outros produtos químicos, Dermatite alérgica de contato devido a plantas, Dermatite
de contato por irritantes devido a detergentes, Dermatite de contato por irritantes devido a óleos e
gorduras, Dermatite de contato por irritantes devido a solventes: Cetonas, Ciclohexano, Compostos
de cloro, Ésteres, Glicol, Hidrocarbonetos; Dermatite de contato por irritantes devido a outros produ-
tos químicos como Arsênio, Berílio, Bromo, Cromo, Cimento, Flúor, Fósforo, inseticidas, queimadura
solar, outras alterações agudas da pele devido à radiação ultravioleta, Urticária solar, alterações da
pele devido à exposição crônica à radiação não ionizante etc.
n) Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, relacionadas com o trabalho: tem-se
como exemplos: Artrite reumatóide associada à Pneumoconiose dos Trabalhadores do Carvão, Gota
induzida pelo chumbo, Sinovites e Tenossinovites, Lesões do ombro: Capsulite adesiva do ombro
(ombro congelado, Periartrite do ombro), Tendinite bicipital, Tendinite calcificante do ombro, Bursite
do ombro, Epicondilite lateral etc.
o) Doenças do sistema gênito-urinário relacionadas com o trabalho: tem-se como exemplos: Síndrome
nefrítica aguda, Nefropatia túbulo-intersticial induzida por metais pesados, Cistite aguda, Infertili-
dade masculina, entre outras.
p) Traumatismos, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas relacionadas
com o trabalho: tem-se como exemplos: efeitos tóxicos de solventes orgânicos, de substâncias cor-
rosivas e de metais, asfixiantes químicos, praguicidas, efeitos da pressão do ar e da água etc.
São muitas as doenças que podem estar relacionadas ao trabalho, não é mesmo? Mas quem atesta
que o trabalhador adquiriu alguma dessas doenças durante sua vida laboral? E qual é a assistência que o
trabalhador terá?
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
154

A doença precisa ter nexo com o trabalho para ser classificada como sendo adquirida em função de ati-
vidades laborais. O médico do trabalho em perícia médica, através do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), cruza as informações do código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e do código da
Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) e aponta a existência de uma relação entre a le-
são ou agravo e a atividade desenvolvida pelo trabalhador. O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário
(NTEP) foi implementado pelo INSS em abril de 2007 e de imediato provocou um incremento da ordem de
148% na concessão de benefícios ao trabalhador. (BRASIL, 2014c).
Sem o nexo da doença com o trabalho não há concessão do benefício ao trabalhador e somente após
uma perícia médica o mesmo poderá receber o auxílio-doença e os tratamentos devidos, através do SUS.
Muitas vezes, o indivíduo precisa recorrer à justiça do trabalho para receber o tratamento médico adequa-
do e gratuito, que será pago pelo empregador ou pelo governo.
Você já deve ter tido a oportunidade de conhecer alguém que sofreu algum acidente de trabalho ou
adquiriu uma doença relacionada, certo? Você deve ter percebido que não é nada fácil para o acidentado
ou doente, realizar os tratamentos de saúde, ser afastado das atividades laborais e até mesmo conviver em
sociedade, em alguns casos. Portanto, a preocupação com a saúde do trabalhador é de responsabilidade
do Estado, do empregador, mas principalmente dele mesmo, que deveria se negar a trabalhar em condi-
ções que o expõe a situações extremas.
Para muitos empregadores, a vida do trabalhador não está em primeiro lugar e infelizmente a cultura
de boas práticas em saúde e segurança do trabalho ainda não é uma prioridade no Brasil. Na realidade, o
Estado demonstra preocupação principalmente porque os gastos com a saúde tem um preço alto para a
Previdência Social.
Nos últimos tempos, por intermédio do FAP e do NTEP, o empregador começou a sentir no bolso o
custo dos acidentes de trabalho. O registro de ocorrência dos mesmos deve ser feito pela empresa, que
comunica o INSS.

FIQUE Você precisa estar atento à atualização da lista das doenças relacionadas com o trabalho.
Para isso, consulte rotineiramente a PORTARIA n.º 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999,
ALERTA para saber se a lista de doenças divulgadas foi modificada ou se permanece inalterada.

A ocorrência das doenças relacionadas ao ambiente laboral é uma preocupação mundial. Veja o que a
OIT especifica:

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu uma “urgente e vigorosa” campa-


nha global para combater o crescente número de doenças relacionadas ao trabalho,
que causam cerca de 2 milhões de mortes por ano.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
155

“O custo final das doenças ocupacionais é a vida humana. Elas empobrecem os traba-
lhadores e suas famílias e comunidades inteiras podem ser afetadas quando perdem
seus trabalhadores mais produtivos”, [...] ao mesmo, reduz-se a produtividade das em-
presas e aumenta a carga financeira do Estado à medida que aumentam os custos de
cuidados médicos. Nos casos em que a proteção social é franca ou inexistente, muitos
trabalhadores, bem como suas famílias, precisam de cuidado e de apoio [...] a prevenção
é a chave para enfrentar o peso das doenças ocupacionais e é mais eficaz e menos dis-
pendiosa do que o tratamento e a reabilitação. [...] (OIT, 2013).

A passagem do trabalhador por processos produtivos diversos pode mascarar nexos causais e diluir
a possibilidade de estabelecê-los, excetuando-se os mais evidentes e considerada a hipótese remota de
exames admissionais que levem em conta a história laboral pregressa (GOMEZ; COSTA, 1997).
A seguir, você pode conferir, na figura apresentada, um exemplo de doença relacionada com o trabalho.

iStock ([20--?])

Figura 37 -  Doença relacionada ao trabalho - Dermatite

A Dermatite é uma doença de pele que pode estar relacionada com o trabalho, segundo a lista de doen-
ças publicada pela Portaria n.º 1339 de 18 de novembro de 1999. Seria muito interessante que você fizesse
uma leitura atenta e integral desta portaria do Ministério da Saúde.
Segundo BRASIL (2001), a incidência de doenças profissionais manteve-se praticamente inalterada en-
tre os anos de 1970 e 1985, de acordo com o número de concessões de benefícios previdenciários; em
torno de dois casos de doenças profissionais para cada 10 mil trabalhadores. No período que compreende
1985 e 1992, esse índice alcançou a faixa de quatro casos por cada 10 mil.
Um crescimento na incidência de doenças profissionais foi observado a partir de 1993, registrando-se
um coeficiente de incidência próximo a 14 casos por 10 mil. Esse aumento acentuado ocorreu principal-
mente devido às doenças denominadas Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Doenças Osteoarticulares
Relacionadas ao Trabalho (DORT), responsáveis por cerca de 80 a 90% dos casos de doenças profissionais
registrados nos últimos anos no Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Esse aumento está
relacionado à expansão das notificações de doenças profissionais feitas ao INSS por meio da Comunicação
de Acidente de Trabalho (CAT).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
156

O estabelecimento da relação causal ou do nexo entre um determinado evento de saúde – dano ou


doença – individual ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição de trabalho constitui a con-
dição básica para a implementação das ações de saúde do trabalhador nos serviços de saúde. De modo
esquemático, esse processo pode se iniciar pela identificação e controle dos fatores de risco presentes nos
ambientes e nas condições de trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos,
lesões ou doenças provocadas pelo trabalho, no indivíduo e no grupo de trabalhadores.

iStock ([20--?])
Figura 38 -  Trabalhador em contato com amianto causador da asbestose

Em geral, os trabalhadores possuem perfis de adoecimento e morte semelhantes ao da população e


que se estabelecem em função de sua idade, gênero, grupo social ou inserção em um grupo específico de
risco. Porém, eles podem adoecer ou morrer devido a causas relacionadas ao trabalho, como consequência
da profissão que exercem ou exerceram, ou pelas condições adversas em que seu labor é ou foi realizado.
Assim, o perfil de adoecimento e morte resultará da união desses fatores, que podem ser sintetizados em
quatro grupos de causas, que são:

• doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação com o trabalho;


• doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas, traumáticas etc.)
eventualmente modificadas no aumento da frequência de sua ocorrência ou na pre-
cocidade de seu surgimento em trabalhadores, sob determinadas condições de tra-
balho;
• doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais
complexo pelo trabalho. A asma brônquica, a dermatite de contato alérgica, a perda
auditiva induzida pelo ruído (ocupacional), doenças musculoesqueléticas e alguns
transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na qual, em decorrência do tra-
balho, soma-se (efeito aditivo) ou multiplicam-se (efeito sinérgico) as condições pro-
vocadoras ou de-sencadeadoras destes quadros;
• agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças
profissionais. A silicose e a asbestose exemplificam este grupo de agravos específicos.
(MENDES; DIAS, 1999).
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
157

A seguir, você poderá observar no quadro da classificação das doenças segundo sua relação com o
trabalho, as categorias de doenças relacionadas e alguns exemplos das mesmas. Essa classificação foi de-
senvolvida por Richard Schilling20 e é utilizada pelo Ministério da Saúde, no Brasil.

CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS SEGUNDO SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO


CATEGORIA EXEMPLOS
Intoxicação por chumbo
I - Trabalho como causa necessária Silicose
Doenças profissionais legalmente reconhecidas
Doença cronariana
Doenças do aparelho locomotor
II - Trabalho como fator contributivo, mas não necessário
Câncer
Varizes dos membros inferiores
Bronquite crônica
III- Trabalho como provocador de um distúrbio latente, ou agrava- Dermatite de contato alérgico
dor de doença já estabelecida Asma
Doenças mentais
Quadro 6 - Classificação das doenças segundo sua relação com o trabalho conforme Schilling
Fonte: adaptado de Schilling (1984 apud BRASIL, 2001)

No quadro anterior, você pôde observar a classificação das doenças de acordo com o nexo causal, di-
vidida em três partes: a primeira se caracteriza como o trabalho sendo a causa da doença, a segunda, o
trabalho como sendo um fator que contribui para o agravo, mas não necessariamente a causa da doença,
e a terceira, o trabalho como agente que pode ser o agravador de uma doença já existente.
A categoria I mostra que a disfunção somente ocorrerá se o trabalhador se expor a determinado agente
de risco, por exemplo: a silicose só pode ser adquirida após exposição à poeira de sílica.
A categoria II sugere que o trabalho pode contribuir para o aparecimento da doença. Por exemplo: se
o trabalhador possui pré-disposição e se expõe ao risco, isso pode contribuir para o desenvolvimento da
doença; já na categoria III, o trabalho pode provocar um distúrbio ou agravar a doença já existente.
A avaliação médica deve ser minuciosa na verificação dos fatores agravantes para o aparecimento de
disfunções relacionadas com o trabalho. Fazer um exame admissional cauteloso auxilia a empresa a não in-
serir o trabalhador em atividades que possam ser agravantes para problemas já adquiridos anteriormente
e que não tem relação com o trabalho. O PCMSO é uma boa ferramenta para isso!
Agora que você conheceu a classificação das doenças relacionadas ao trabalho, vai poder verificar quais
são os agravos decorrentes das mesmas. Prossiga atentamente!

Cardiologista e professor da escola de medicina em Londres, classificou doenças segundo sua relação com o trabalho. Essa classifi-
20

cação foi proposta em 1984.


MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
158

5.4.2 DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO

Uma doença ocupacional é adquirida pelo trabalhador quando ele é exposto a agentes químicos, físi-
cos, biológicos, ergonômicos ou a acidentes, sem proteção compatível com o risco e o tipo de exposição.
Ao longo da vida laboral pode ocorrer exposição a vários agentes de risco, portanto o controle destas
exposições é fundamental para garantir a integridade física do trabalhador. Garantir que o trabalhador
exposto ao risco não adoeça é a principal responsabilidade da Saúde e Segurança do Trabalho, porém é
preciso enfatizar que a saúde do trabalhador é uma questão de saúde pública.
O Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde estabelece que:

A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como objeto de
estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem como objetivos a pro-
moção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações
de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos
à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores,
compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma in-
tegrada, no SUS. (BRASIL, 2001, p. 17).

Fazer o nexo da doença com o trabalho é uma tarefa que requer estudos. Não é tão simples atestar que
a doença do trabalhador está ligada realmente ao trabalho. Você já deve ter ouvido algum trabalhador
relatar que não pôde mais exercer suas atividades devido a uma doença que estava relacionada ao traba-
lho, e que o INSS não concedeu o benefício de auxílio-doença, certo? Isso pode realmente acontecer, pois
para que a doença esteja realmente relacionada ao trabalho é preciso investigação por parte da medicina
do trabalho, do INSS, mas principalmente do médico que irá atestar a concessão do benefício. Saber se o
trabalhador já tinha alguma doença agravante antes de ser admitido pela empresa e que esta pudesse ter
relação à atividade que iria exercer pode ser determinante para a concessão do benefício.
Ainda de acordo com o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde:

No âmbito dos serviços de saúde, o principal instrumento para a investigação das


relações saúde-trabalho é a doença e, portanto, para o diagnóstico correto do dano
para a saúde e da relação etiológica21 com o trabalho, é representado pela anamnese22
ocupacional. Lamentavelmente, na formação médica, pouca ou nenhuma atenção é
dada ao desenvolvimento dessa habilidade, fazendo com que os profissionais tenham
dificuldade para utilizá-la no dia a dia de trabalho. A anamnese ocupacional faz parte
da entrevista médica, que compreende a história clínica atual, a investigação sobre os
diversos sistemas ou aparelhos, os antecedentes pessoais e familiares, a história ocupa-
cional, hábitos e estilo de vida, o exame físico e a propedêutica complementar. (BRASIL,
2001, p. 30-31).

Estudos das causas da doença.


21

Consiste no histórico de todos os sintomas descritos pelo paciente sobre determinado caso clínico.
22
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
159

A anamnese ocupacional deve fazer parte do PCMSO e ser rotina para a medicina do trabalho. Sempre
que houver casos onde o trabalhador possua um fator agravante à sua saúde e realmente seja necessário
que ele exerça suas atividades em determinada função a qual possa contribuir para o aparecimento de
uma doença relacionada, a área de segurança do trabalho precisa estar ciente, para que possa fazer um
controle rigoroso deste trabalhador com relação a sua exposição ao risco ocupacional. Em alguns casos, o
indivíduo não pode realizar determinadas funções, nem sob controle de exposição ao risco.

Você sabia que o Ministério da Saúde publicou um Manual de Procedimentos para os


Serviços de Saúde em 2001? Esse manual tem por objetivo orientar os profissionais
de saúde, em especial aqueles que atuam na atenção básica, no tocante à prevenção,
vigilância e assistência à saúde dos trabalhadores. Visa também a possibilitar a
CURIOSI caracterização das relações entre as doenças e as ocupações. A equipe de trabalho
DADES deste manual conta a participação de muitos autores e revisores técnicos, médicos
especialistas, e entre eles há uma especialista revisora que é higienista ocupacional.
Você pode acessá-lo através do site: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
doencas_relacionadas_trabalho_manual_procedimentos.pdf>.

A identificação ou comprovação de efeitos da exposição ocupacional a fatores ou situações de risco,


particularmente em suas fases mais precoces, pode exigir a realização de exames complementares espe-
cíficos: toxicológicos, eletromiográficos23, de imagem, clínicos especializados, provas funcionais respirató-
rias, audiometria, entre outros.
De acordo com o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde (Brasil, 2001), para que seja possí-
vel a comprovação diagnóstica e o estabelecimento da relação da doença com o trabalho, são necessárias
informações complementares sobre os fatores de risco, identificados a partir da entrevista com o paciente.
Essas informações poderão ser solicitadas ao empregador, através dos registros de estudos e levantamen-
tos ambientais, qualitativos ou quantitativos, contidos no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA) para trabalhadores já empregados. Também podem ser úteis os resultados de avaliações clínicas e
laboratoriais realizadas para o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), e os registros
de fiscalizações realizadas pelo poder público.
De acordo com Brasil (2001, p. 31) as questões apresentadas a seguir auxiliam no estabelecimento de
relação etiológica ou nexo causal entre doença e trabalho:

• natureza da exposição: o agente patogênico pode ser identificado pela história ocupa-
cional e/ou pelas informações colhidas no local de trabalho e/ou de pessoas familiariza-
das com o ambiente ou local de trabalho do trabalhador?

É um método de registro dos potenciais elétricos gerados nas fibras musculares em ação.
23
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
160

• especificidade da relação causal e a força da associação causal: o agente patogênico ou


o fator de risco pode estar contribuindo significativamente entre os fatores causais da
doença?
• tipo de relação causal com o trabalho: de acordo com a Classificação de Schilling, o
trabalho é considerado causa necessária (Tipo I)? Fator de risco contributivo de doença
de etiologia multicausal (Tipo II)? Fator desencadeante ou agravante de doença preexis-
tente (Tipo III)? No caso de doenças relacionadas ao trabalho, do tipo II, as outras causas,
não-ocupacionais, foram devidamente analisadas e hierarquicamente consideradas em
relação às causas de natureza ocupacional?

Como já mencionado, o estabelecimento do nexo é de suma importância e pode ser orientado, segun-
do Brasil (2001, p. 31) igualmente pelos fatores descritos a seguir:

• grau ou intensidade da exposição: é compatível com a produção da doença?


• tempo de exposição: é suficiente para produzir a doença?
• tempo de latência: é suficiente para que a doença se instale e manifeste?
• registros anteriores: existem registros quanto ao estado anterior de saúde do trabalha-
dor? Em caso positivo, esses contribuem para o estabelecimento da relação causal entre
o estado atual e o trabalho?
• evidências epidemiológicas: existem evidências epidemiológicas que reforçam a hipó-
tese de relação causal entre a doença e o trabalho presente ou pregresso do segurado?

Os profissionais da saúde que atuam na área da saúde do trabalho precisam receber capacitação e
orientação sobre como fazer essa relação do nexo causal entre doença e trabalho, pois como visto, essa
não é uma tarefa fácil!
A medicina e a segurança do trabalho devem estar alinhadas, pois o reconhecimento de atividades
que possam gerar danos à saúde do trabalhador e a identificação da intensidade do risco no ambiente de
trabalho são fatores determinantes na liberação do trabalhador para exercer determinada função. A área
de segurança do trabalho reconhece essas atividades, e a medicina do trabalho atesta se o trabalhador está
apto para a função. Dessa forma, você consegue perceber a importância do bom relacionamento entre
essas duas áreas?
De acordo com o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde, Brasil (2001, p. 37) eliminar ou
reduzir a exposição do trabalhador às condições de risco e implantar melhorias nos ambientes de trabalho
para promoção e proteção da saúde do trabalhador constituem um desafio que ultrapassa o âmbito de
atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções técnicas às vezes complexas e de custo elevado. Muitas
vezes a implantação de medidas simples e pouco onerosas podem ser realizadas pela empresa obtendo
resultados positivos e protetores para a saúde do trabalhador e para o meio ambiente.
Na sequência, você conhecerá um pouco mais sobre as doenças que estão relacionadas ao trabalho;
todas fazem parte do Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde, em Brasil (2001). É importante
enfatizar que os termos médicos que constam neste manual, bem como os nomes das doenças, não serão
apresentados em forma de glossário visto que o objetivo deste capítulo é apresentar ao profissional de
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
161

segurança informações primárias sobre essas patologias, cabendo ao médico do trabalho a identificação e
o tratamento de saúde completo e adequado.

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITARIAS (GRUPO I DA CID-10)


Os riscos biológicos são uma forma de ameaça à saúde, causados por certos agentes presentes nos
locais de trabalho, como em hospitais, clínicas ou laboratórios. A NR 32, que trata dos cuidados em serviços
de saúde, descreve os riscos existentes nos locais de trabalho, as medidas preventivas, o que fazer em caso
de suspeita de infecção, quais são os EPIs obrigatórios, como fazer o descarte de materiais, quais as capaci-
tações necessárias, entre outras informações válidas.
As consequências para a saúde do trabalhador, relativas a sua exposição ao risco biológico presente em
situações de trabalho, incluem quadros de infecção aguda e crônica, parasitoses e reações alérgicas e tóxi-
cas. Essas infecções podem ser causadas por bactérias, vírus, riquétsias24, clamídias e fungos. Muitas dessas
doenças são originalmente zoonoses, que podem estar relacionadas ao trabalho. Entre os grupos de tra-
balhadores mais expostos ao risco biológico estão os da agricultura, da saúde (em contato com pacientes
ou materiais contaminados) em centros de saúde, hospitais, laboratórios, necrotérios, em atividades de
investigações de campo e vigilância em saúde, controle de vetores e aqueles que laboram com animais.
As pessoas que trabalham em habitat silvestre, como na silvicultura, em atividades de pesca, produção e
manipulação de produtos animais, como abatedouros, curtumes, frigoríficos, indústria alimentícia (carnes
e pescados) e trabalhadores em serviços de saneamento e de coleta de lixo também podem ser afetadas.
iStock ([20--?]), Patricia Marcilio (2018)

Figura 39 -  Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho

As doenças infecciosas e parasitárias podem não ter relação com o trabalho, mas se o trabalhador con-
taminado fora da empresa, mesmo doente, continuar com suas atividades laborais, pode se tornar um
transmissor para os demais trabalhadores. Estar atento às doenças parasitárias e infecciosas também é uma
responsabilidade do empregador.

24
São bactérias muito pequenas, procariotos, pois não possuem núcleo e são unicelulares. São parasitas (quase sempre vivem den-
tro de outras células) e causam doenças em seres humanos como o tifo e a febre maculosa.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
162

As doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho apresentam algumas características que


as distinguem dos demais grupos:
a) os agentes etiológicos não são de natureza ocupacional;
b) a ocorrência da doença depende das condições ou circunstâncias em que o trabalho é realizado.
Os agentes etiológicos geralmente estão mencionados no próprio nome da doença e são comuns às
infecciosas e parasitárias não relacionadas ao trabalho. Os agentes etiológicos estão disseminados no meio
ambiente e são dependentes de condições ambientais, de saneamento e da prevalência dos agravos na
população geral, e portanto são vulneráveis às políticas gerais de vigilância e de qualidade dos serviços de
saúde. Perceba que a delimitação entre o ambiente de trabalho e o ambiente externo é frequentemente
pouco precisa.

Você sabe o que significa CID-10? A Classificação Estatística Internacional de Doenças


e Problemas Relacionados com a Saúde - CID (em inglês: International Statistical
CURIOSI Classification of Diseases and Related Health Problems - ICD) fornece códigos
DADES relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas,
aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos
ou doenças.

Prevenir as doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho baseia-se em procedimentos de


Vigilância em Saúde do Trabalhador: vigilância epidemiológica de agravos e vigilância sanitária de ambien-
tes e condições de trabalho, utilizando conhecimentos médico-clínicos de epidemiologia, higiene ocupa-
cional, ergonomia, toxicologia, entre outras disciplinas, viabiliza a percepção dos trabalhadores sobre seu
trabalho e saúde e sobre as normas e regulamentos vigentes. De acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999
a lista de doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho inclui:

• Tuberculose.
• Carbúnculo.
• Brucelose.
• Leptospirose.
• Tétano.
• Psitacose, Ornitose, doença dos tratadores de aves.
• Dengue (dengue clássico).
• Febre amarela.
• Hepatites virais.
• Doença pelo Vírus da Imunodeficiência humana (HIV).
• Dermatofitose e outras micoses superficiais.
• Candidíase.
• Paracoccidioidomicose.
• Malária.
• Leishmaniose cutânea ou Leishmaniose cutâneo-mucosa. (BRASIL, 1999b).
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
163

Você já deve ter ouvido falar de algumas dessas patologias, não é mesmo? Simplesmente relacioná-las
ao trabalho requer muita cautela, pois elas podem acometer a população em geral, e coincidentemente,
as relacionadas com determinado trabalho. Portanto, ter conhecimento sobre as condições de saúde e
higiene do trabalhador fora do ambiente do trabalho pode auxiliar no momento de atestar nexo causal da
doença com o ambiente de trabalho.

NEOPLASIAS (TUMORES) RELACIONADAS AO TRABALHO (GRUPO II DA CID-10)


O termo tumores ou neoplasias designa um grupo de doenças caracterizadas pela perda de controle do
processo de divisão celular, por meio do qual os tecidos normalmente crescem e/ou se renovam, levando
à multiplicação celular desordenada. As consequências dessa ocorrência pode ocasionar o câncer, doença
que poderá surgir a partir da exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente onde se vive ou
trabalha, decorrentes do estilo de vida e de fatores ambientais produzidos ou alterados pela atividade
humana.
Essa patologia representa a segunda maior causa de morte de indivíduos na população brasileira acima
dos quarenta anos, sendo o câncer de pulmão o mais prevalente entre os homens. Entre as neoplasias
malignas prevalentes e mortais, no Brasil, estão as de mama, colo uterino, estômago, pulmão, cólon/reto,
próstata e esôfago. Na maioria das vezes, essas neoplasias são resultado da agressão direta de fatores do
meio externo ou de estímulo hormonal constante, que podem ser prevenidas ou detectadas e tratadas
com êxito, quando em fases precoces.
De acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, a lista de neoplasias (tumores) relacionadas ao trabalho é
composta por:

• Neoplasia maligna do estômago.


• Angiossarcoma do fígado.
• Neoplasia maligna do pâncreas.
• Neoplasia maligna da cavidade nasal e dos seios paranasais
• Neoplasia maligna da laringe.
• Neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão.
• Neoplasia maligna dos ossos e cartilagens articulares dos membros, neoplasias
malignas da pele.
• Mesoteliomas: da pleura, do peritônio e do pericárdio.
• Neoplasia maligna da bexiga.
• Leucemias (BRASIL, 1999b).

Como o câncer é uma doença que tem acometido muitas pessoas no Brasil e possui o fator genético de
pré-disposição, os profissionais da saúde encontram dificuldades em atestar o nexo causal da doença com
o trabalho. Essa patologia pode ser agravada caso o trabalhador seja exposto a um agente de risco que
possa fazer com que o tipo de câncer pré-disposto pelo fator genético apareça ou evolua.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
164

DOENÇAS DO SANGUE E DOS TECIDOS HEMATOPOIÉTICOS (GRUPO III DA CID-10)


O sistema hematopoiético é responsável pela formação do sangue no corpo humano. A medula óssea é
responsável por produzir células como: eritrócitos, neutrófilos e plaquetas, onde cada um dos componen-
tes do sangue tem um número e estrutura adequados para sua função.
Entre os agentes de risco, destacam-se o Benzeno e as radiações ionizantes, para os tecidos hematopoi-
éticos. Esses agentes podem lesar a célula primitiva multipotente, reduzindo seu número ou provocando
lesões na estrutura das células, resultando em baixa produção celular ou em linhagens celulares anormais.
A figura, a seguir, exemplifica um vaso sanguíneo por onde o sangue circula e se distribui pelo corpo
humano.

iStock ([20--?])

De acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, a lista de doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéti-
cos relacionadas ao trabalho é composta por:

• Síndromes mielodisplásicas.
• Outras anemias devidas a transtornos enzimáticos.
• Anemia hemolítica adquirida.
• Anemia aplástica devida a outros agentes externos e anemia aplástica não especifi
cada.
• Púrpura e outras manifestações hemorrágicas.
• Agranulocitose (neutropenia tóxica).
• Outros transtornos especificados dos glóbulos brancos: leucocitose, reação leucemóide.
• Metahemoglobinemia. (BRASIL, 1999b).

Você pôde observar que o Benzeno faz parte do grupo de agentes de risco que podem causar doenças
do sangue e dos órgãos hematopoiéticos, relacionadas ao trabalho. Por ser um agente de risco que tam-
bém pode causar câncer, o Ministério do Trabalho implementou a NR 9 e a NR 15, com um anexo exclusivo
para gerenciar a exposição ao Benzeno.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
165

DOENÇAS ENDÓCRINAS, NUTRICIONAIS E METABÓLICAS (GRUPO IV DA CID-10)


São pouco conhecidos os efeitos ou danos sobre os sistemas endócrino, nutricional e metabólico, de-
correntes da exposição ambiental e ocupacional à substâncias e agentes tóxicos. Porém, as seguintes situ-
ações de trabalho são reconhecidas como capazes de produzir doenças:

• utilização de ferramentas vibratórias, como os marteletes pneumáticos. Associado à


síndrome de Raynaud, uma doença vascular periférica, tem sido observado o com-
prometimento dos sistemas endócrino e nervoso central expresso por disfunção dos
centros cerebrais autônomos, que necessita ser melhor avaliado;
• extração e manuseio de pedra-pome, provocando deficiência adrenal;
• produção e uso de derivados do ácido carbâmico (carbamatos), utilizados como pesti-
cidas, herbicidas e nematocidas. Os tiocarbamatos são utilizados, também, como ace-
leradores da vulcanização e seus derivados empregados no tratamento de tumores
malignos, hipóxia, neuropatias e doenças provocadas pela radiação. Por mecanismo
endócrino, são mutagênicos25 e embriotóxicos26;
• em expostos ao chumbo tem sido observada forte correlação inversa entre a plumbe-
mia27 e os níveis de vitamina D, alterando a homeostase extra e intracelular do cálcio
e interferindo no crescimento e maturação de dentes e ossos. Também tem sido des-
crita a ocorrência de hipotireoidismo decorrente de um acometimento da hipófise;
• a exposição ao dissulfeto de carbono é reconhecida por seus efeitos sobre o metabo-
lismo lipídico, acelerando o processo de aterosclerose (também conhecida como ar-
teriosclerose). (BRASIL, 1999b).

Observe que algumas das situações apresentadas anteriormente estão tão presentes no ambiente de
trabalho que parecem ser inofensivas, não é verdade? Veja como o risco pode passar desapercebido. O
uso de pesticidas, por exemplo, é muito comum, e a maioria dos trabalhadores que fazem a sua aplicação
desconhece parcialmente ou não acredita no potencial de risco dos produtos a que estão expostos. A lista
de doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho, de acordo com a portaria/MS
n.º 1.339/1999 é:

• Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas28.


• Outras porfirias. (BRASIL, 1999b).

25
É todo agente físico, químico ou biológico que, em exposição às células, pode causar um dano na molécula de DNA que não é
reparado no momento da replicação celular, e é passado para as gerações seguintes.
26
Adjetivo que se aplica a qualquer substância que possa causar danos para um embrião.
27
É função da absorção, armazenamento e excreção do chumbo no organismo.
28
São aquelas que penetram no organismo através do alimento (proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e muitas outras) ou
em forma de medicamentos.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
166

A prevenção das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho tem como
base os procedimentos de vigilância dos agravos à saúde dos ambientes e das condições de trabalho. Os
conhecimentos médico-clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia, psico-
logia, entre outras disciplinas, devem ser utilizados na percepção dos trabalhadores sobre o trabalho e a
saúde. O conhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas ou
agentes físicos ou biológicos e fatores de risco decorrentes da organização do trabalho, potencialmente
causadores de doença, devem ser analisados pela segurança e medicina do trabalho, bem como a iden-
tificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde, decorrentes da exposição aos fatores de risco
identificados. A educação e a informação sobre os riscos existentes no ambiente de trabalho devem ser
fornecidas e atualizadas aos trabalhadores e empregadores.

TRANSTORNOS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO (GRUPO V DA CID-10)


São muitos os fatores que podem gerar os transtornos mentais relacionados ao trabalho, e o afasta-
mento dos trabalhadores por caracterização deste problema de saúde tem crescido, principalmente nos
afastamentos superiores a dezesseis dias. Dentre os fatores causadores, a genética, a química cerebral (pro-
blemas hormonais ou uso de substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são tidos como os
principais desencadeadores dos diversos transtornos existentes, relacionados ao trabalho. Entre as princi-
pais causas, pode-se citar: fatores relativos à organização do trabalho, divisão e parcelamento das tarefas,
estrutura hierárquica organizacional, exposição a determinado agente tóxico, entre outros.
iStock ([20--?])

Figura 40 -  Trabalhador cansado de suas atividades no trabalho

O diagnóstico envolve o exame do estado mental, que é confrontado com o histórico clínico, utilizando-
-se também de testes psicológicos, exames neurológicos, imagem e exames físicos.
A lista de transtornos mentais e do comportamento, relacionados ao trabalho, de acordo com a Portaria/
MS N.° 1.339/1999, é:
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
167

• Demência em outras doenças específicas classificadas em outros locais.


• Delirium, não sobreposto à demência, como descrita.
• Transtorno cognitivo leve.
• Transtorno orgânico de personalidade.
• Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado.
• Alcoolismo crônico (relacionado ao trabalho).
• Episódios depressivos.
• Estado de estresse pós-traumático.
• Neurastenia (inclui síndrome de fadiga).
•Outros transtornos neuróticos especificados (inclui neurose profissional).
• Transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos.
• Sensação de estar acabado (síndrome de burn-out, síndrome do esgotamento profis-
sional) (BRASIL, 1999b).

A definição de disfunção e incapacidade causada pelos transtornos mentais e do comportamento, re-


lacionados ou não com o trabalho, é um tanto difícil. A VISAT deve considerar a existência de vários fatores
envolvidos na determinação das doenças mentais e comportamentais que estão relacionadas ao trabalho.
Em alguns casos, são de natureza química, em outros, intrinsecamente relacionados às formas de organi-
zação e gestão do trabalho ou mesmo da ausência de trabalho, e em muitos casos, decorrem de uma ação
sinérgica desses fatores.
Você pôde notar que o trabalho do profissional da saúde, ao estipular o diagnóstico da doença e atestar
a relação com o trabalho, deve estar munido de muitos estudos, não é mesmo?

DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO (GRUPO VI DA CID-10)


O sistema nervoso é muito vulnerável aos efeitos da exposição ocupacional e ambiental, a uma série
de substâncias químicas, agentes físicos e fatores causais de adoecimento, decorrentes da organização
do trabalho. Estes efeitos têm ficado cada vez mais evidentes e apresentam-se em episódios isolados ou
epidêmicos de doença nos trabalhadores.
iStock ([20--?])
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
168

As manifestações neurológicas das intoxicações decorrentes da exposição ocupacional a metais pe-


sados, aos agrotóxicos ou a solventes orgânicos, e de outras doenças do sistema nervoso relacionadas
às condições de trabalho, são prioridade no primeiro atendimento na rede básica de serviços de saúde.
Quando há evidências destes casos, é necessário que os profissionais que atendem a esses trabalhadores
estejam familiarizados com os principais agentes químicos, físicos, biológicos e com os fatores decorrentes
da organização do trabalho, potencialmente causadores de doença, para que possam caracterizar a sua
relação com o trabalho, possibilitando o diagnóstico correto e o estabelecimento das condutas adequadas.
A lista de doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º
1.339/1999 é:

• Ataxia cerebelosa.
• Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos.
• Outras formas especificadas de tremor.
• Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado.
• Distúrbios do ciclo vigília-sono.
• Transtornos do nervo trigêmeo.
• Transtornos do nervo olfatório.
• Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do tórax, síndrome do desfiladeiro
torácico).
• Mononeuropatias dos membros superiores: síndrome do túnel do carpo; outras lesões
do nervo mediano: síndrome do pronador redondo; síndrome do canal de Guyon;
lesão do nervo cubital (ulnar): síndrome do túnel cubital; outras mononeuropatias
dos membros superiores: compressão do nervo supra-escapular.
• Mononeuropatias do membro inferior: lesão do nervo poplíteo lateral.
• Outras polineuropatias: polineuropatia devida a outros agentes tóxicos e polineuropa-
tia induzida pela radiação.
• Encefalopatia tóxica aguda. (BRASIL, 1999b).

Na maioria dos casos, as doenças neurológicas relacionadas ao trabalho não têm tratamento específi-
co, semelhante ao que ocorre em outras doenças ocupacionais. Porém, alguns procedimentos devem ser
adotados pelos profissionais dos serviços de saúde diante da suspeita ou da confirmação de uma doença,
dos quais se destacam o afastamento da exposição ao agente de risco, nos casos em que a permanência
na atividade possa contribuir para o agravamento do quadro, e o suporte de ordem geral para alívio da
sintomatologia e melhoria da qualidade de vida do paciente.

DOENÇAS DO OLHO (GRUPO VII DA CID-10)


O aparelho visual é vulnerável à ação de inúmeros fatores de risco para a saúde presentes no trabalho,
como agentes mecânicos (corpos estranhos, ferimentos contusos e cortantes), agentes físicos (temperaturas
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
169

extremas, eletricidade, radiações ionizantes e não ionizantes), agentes químicos, biológicos e sobre esforço
que leva à astenopia (desequilíbrio do músculo ocular) induzida por algumas atividades de monitoramen-
to visual.
A falta de higienização das mãos é uma das formas mais comum de infecção dessa região. É comum não
lavar as mãos antes de coçar os olhos, o que gera o contato com inúmeros microrganismos.
A radiação ultravioleta é outro fator prejudicial, ela é extremamente maléfica para a saúde dos olhos.
Assim como em outros tipos de radiações, é preciso utilizar os EPIs corretos para cada tipo de exposição,
visando evitar problemas oculares.
A lista de doenças do olho, de acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, é:

• Blefarite.
• Conjuntivite.
• Queratite e queratoconjuntivite.
• Catarata.
• Inflamação coriorretiniana.
• Neurite óptica.
• Distúrbios visuais subjetivos. (BRASIL, 1999b).

As manifestações das doenças de olhos variam de sensação de dor, desconforto e alterações na estética
até os transtornos graves da função visual, sejam eles temporários ou permanentes.
Muitas substâncias químicas que atuam sistemicamente podem afetar o olho em decorrência do nú-
mero de estruturas envolvidas e coordenadas que permitem a visão normal. O reconhecimento prévio das
atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes físicos e biológicos e fatores de
risco, decorrentes da organização do trabalho e potencialmente causadores de doença, deve ser adotado
como medida de controle ao risco.

DOENÇA DO OUVIDO (GRUPO VIII DA CID-10)


As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou mecanismos
irritativos, alérgicos e/ou tóxicos. No ouvido interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neu-
rotóxicas29 e fatores de risco de natureza física, como ruído, pressão atmosférica, vibrações e radiações
ionizantes.
Os agentes biológicos estão frequentemente associados às otites externas, aos eventos de natureza
traumática e à lesão do pavilhão auricular. A perda auditiva pela exposição ao ruído é um dos principais
problemas de saúde ocupacional.

São aquelas que alteram a atividade normal do sistema nervoso de tal forma que causam danos ao tecido nervoso.
29
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
170

Investigar e estabelecer os fatores de risco presentes no local de trabalho pode auxiliar na definição dos
possíveis efeitos para a saúde.

iStock ([20--?])
Para que os fatores de risco sejam estabelecidos, algumas ações são necessárias, como ouvir os relatos
dos trabalhadores, que podem informar sobre variações nas condições de trabalho, nem sempre percebi-
das por meio da leitura de levantamento técnico ou de inspeções ao local de trabalho; analisar relatórios
e levantamentos técnicos realizados no ambiente, incluindo o PPRA, considerando sempre a possibilidade
de que tenham ocorrido mudanças nas condições de trabalho e realizar inspeções no local, se possível na
companhia de alguém que conheça bem o processo e assegure acesso às pessoas que possam dar infor-
mações pertinentes é uma atitude assertiva. Igualmente o é fazer o estudo das fontes de emissão e avaliar
os níveis de pressão sonora, no caso do ruído, além da presença de outros fatores agressivos de natureza
física, química ou biológica.
A lista de doenças do ouvido relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, é:

• Otite média não supurativa (barotrauma do ouvido médio).


• Perfuração da membrana do tímpano.
• Outras vertigens periféricas.
• Labirintite.
• Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico.
• Hipoacusia ototóxica.
• Otalgia e secreção auditiva.
• Outras percepções auditivas anormais: alteração temporária do limiar auditivo, com-
prometimento da discriminação auditiva e hiperacusia.
• Otite barotraumática.
• Sinusite barotraumática
• Síndrome devida ao deslocamento de ar de uma explosão. (BRASIL, 1999b).
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
171

As ações de controle médico visam identificar a doença em seu estado latente ou inicial, que caracteriza-
-se quando algum tipo de intervenção pode reverter ou diminuir a velocidade de instalação e a progressão
dos processos patológicos. Nos exames admissional e periódico dos trabalhadores expostos, devem ser
utilizados questionários padronizados e exames físicos e complementares direcionados para a avaliação
do ouvido e da audição.
Outra forma de fazer o reconhecimento dos riscos existentes no local de trabalho é por meio do PPRA e
do PCA. Avaliações quantitativas de ruído e a identificação de possíveis substâncias ototóxicas são funda-
mentais no controle de exposição do trabalhador.
O Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde diz que:

Hipoacusia ototóxica ou perda da audição ototóxica é a perda auditiva, do tipo neu-


rossensorial, induzida por substâncias químicas de origem endógena ou exógena. O
efeito ototóxico pode alcançar, também, com frequência, o aparelho do equilíbrio. [...]
As ototoxinas endógenas incluem toxinas bacterianas e metabólitos tóxicos de distúr-
bios metabólicos, tais como no diabetes e em nefropatias. [...]
As ototoxinas exógenas incluem drogas, tais como aminoglicosídeos (estreptomicina,
kanamicina, gentamicina, tobracinina, amicacina, etc.) e diuréticos, substâncias quími-
cas de origem ocupacional, fumo e álcool. (BRASIL, 1999b).

Você já tinha conhecimento sobre substâncias químicas que podem causar perda auditiva? Muitos pro-
dutos químicos podem ter em sua composição substâncias ototóxicas, mas para afirmar que um produto é
realmente ototóxico, precisa-se de uma confirmação científica. Portanto, o higienista ocupacional, o fono-
audiólogo e o médico do trabalho precisam reconhecer esses produtos no ambiente de trabalho.
Realizar o controle médico do trabalhador e do ambiente de trabalho se faz necessário sempre!

DOENÇA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO (GRUPO IX DA CID-10)


Apesar da valorização dos fatores pessoais como sedentarismo, tabagismo e dieta, na determinação
das doenças cardiovasculares, pouca atenção se dá aos fatores de risco presentes na atividade ocupacional
atual ou anterior dos pacientes. O grande aumento da ocorrência de transtornos agudos e crônicos do
sistema cardiocirculatório na população faz com que as relações das doenças com o trabalho mereçam
maior atenção.
Entre as causas de aposentadoria por invalidez, os estudos disponíveis mostram que a hipertensão arte-
rial destaca-se em primeiro lugar, com 20,4% das aposentadorias, seguida dos transtornos mentais (15%),
das doenças osteoarticulares (12%) e de outras doenças do aparelho cardiocirculatório, com 10,7%. Assim,
as doenças cardiovasculares ocupam o primeiro e o quarto lugar de todas as causas de aposentadoria por
invalidez e, juntas, representam quase um terço de todas as doenças que provocam incapacidade laborati-
va total e permanente. (MEDINA, 1986).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
172

Para que a prevenção das doenças do sistema circulatório relacionadas ao trabalho aconteça, os proce-
dimentos de Vigilância em Saúde do Trabalhador, vigilância epidemiológica dos agravos à saúde e vigilân-
cia dos ambientes e condições de trabalho são fundamentais.

iStock ([20--?])
Figura 41 -  Avaliação médica do trabalhador

Como para as demais doenças relacionadas com o trabalho, avaliações médicas admissionais e perió-
dicas do trabalhador devem ser realizadas, conforme descrito no PCMSO. Deve ser evitada a exposição do
trabalhador a riscos ambientais que possam fazer com que a doença do sistema circulatório se agrave ou
que contribua para seu desencadeamento.
A lista de doenças do sistema circulatório relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º
1.339/1999 é:

• Hipertensão arterial e doença renal hipertensiva ou nefrosclerose.


• Angina pectoris.
• Infarto agudo do miocárdio.
• Cor pulmonale ou doença cardiopulmonar crônica.
• Placas epicárdicas ou pericárdicas.
• Parada cardíaca.
• Arritmias cardíacas.
• Aterosclerose e doença aterosclerótica do coração.
• Síndrome de Raynaudg.
• Acrocianose e acroparestesia. (BRASIL, 1999b).

Os profissionais de saúde e os responsáveis pelo gerenciamento de recursos humanos nas empresas


são desafiados constantemente a reduzir o estresse, por meio de mudanças na forma de organização e
gestão do trabalho. Para que isso seja possível, algumas ações como propiciar maior autonomia aos traba-
lhadores sobre as formas de trabalhar, diminuir as pressões de ritmo e exigências de produtividade sobre
os trabalhadores, introdução de pausas em ambientes adequados, estabelecimento de rodízio e enriqueci-
mento das tarefas nos trabalhos monótonos, isolados e repetitivos devem ser adotadas.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
173

Você consegue perceber que há muitos fatores relacionados à proteção à saúde do trabalhador? Fatores
de risco existentes no local de trabalho e fatores genéticos devem ser muito bem analisados e estudados
para evitar prejuízos e para que o nexo causal da doença com o trabalho seja possível de ser estabelecido.

DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO (GRUPO X DA CID-10)


O sistema respiratório constitui uma interface importante do organismo humano com o meio ambien-
te, particularmente com o ar e seus constituintes, gases e aerossóis, sob a forma líquida ou sólida. A polui-
ção do ar nos ambientes de trabalho associa-se a uma extensa gama de doenças do trato respiratório que
acometem desde o nariz até o espaço pleural.
Alguns fatores influenciam os efeitos da exposição a esses agentes, entre eles estão as propriedades
químicas e físicas dos gases e aerossóis e as características próprias do indivíduo, como herança genética,
doenças preexistentes e hábitos de vida, como tabagismo. As doenças respiratórias podem ser classifica-
das de diversas formas e existem as agudas e crônicas, as que são desenvolvidas a partir do trabalho, ou as
que são agravadas com o exercício laboral.
A lista de disfunções do sistema respiratório relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º
1.339/1999, é:

• Faringite aguda não especificada (angina aguda, dor de garganta).


• Laringotraqueíte aguda e laringotraqueíte crônica.
• Outras rinites alérgicas.
• Rinite crônica.
• Sinusite crônica.
• Ulceração ou necrose do septo nasal e perfuração do septo nasal.
• Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas (inclui asma obstrutiva, bronquite
crônica, bronquite asmática, bronquite obstrutiva crônica).
• Asma.
• Pneumoconiose dos trabalhadores do carvão.
• Pneumoconiose devida ao Asbesto (Asbestose) e a outras fibras mineirais.
• Pneumoconiose devida à poeira de sílica (Silicose).
• Pneumoconiose devida a outras poeiras inorgânicas: beriliose, siderose e estanhose.
• Doenças das vias aéreas devidas a poeiras orgânicas: bissinose.
• Pneumonite por hipersensibilidade à poeira orgânica: pulmão do granjeiro (ou pulmão
do fazendeiro); bagaçose; pulmão dos criadores de pássaros; suberose ; pulmão dos
trabalhadores de malte; pulmão dos que trabalham com cogumelos; doença pulmo-
nar devida a sistemas de ar condicionado e de umidificação do ar; pneumonite de
hipersensibilidade devida a outras poeiras orgânicas pneumonites de hipersensibili-
dade devidas à poeira orgânica não-especificada (alveolite alérgica extrínseca SOE; e
pneumonite de hipersensibilidade.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
174

• Afecções respiratórias devidas à inalação de produtos químicos, gases, fumaças e va-


pores: bronquite e pneumonite (bronquite química aguda); edema pulmonar agudo
(edema pulmonar químico); síndrome da disfunção reativa das vias aéreas e afecções
respiratórias crônicas.
• Derrame pleural e placas pleurais.
• Enfisema intersticial.
• Transtornos respiratórios em outras doenças sistêmicas do tecido conjuntivo classifica-
das em outra parte: síndrome de Caplang. (BRASIL, 1999b).

O diagnóstico destas doenças respiratórias relacionadas ao trabalho baseia-se na análise da história


clínica-ocupacional completa do trabalhador, explorando sintomas respiratórios, sinais clínicos e exames
complementares, bem como no estabelecimento da relação temporal adequada entre o evento e as expo-
sições a que o mesmo foi submetido. Para isso, deve ser considerado o período de latência de certas pato-
logias, por exemplo, as neoplasias de pulmão e pleura; e são importantes as informações sobre a história
ocupacional do indivíduo e de seus pais, como no caso da exposição pregressa ao Asbesto trazido do local
de trabalho nos uniformes profissionais, o que contamina o ambiente familiar.
Outro fator que deve ser considerado no diagnóstico destas doenças respiratórias relacionadas ao tra-
balho, é a manipulação de resinas, epóxi, massas plásticas, soldas, madeiras alergênicas em atividades de
lazer, hobbies ou em trabalho extra, por conta própria (bicos, biscates), que podem esclarecer certos acha-
dos que não se explicam pela história ocupacional.
Informações epidemiológicas existentes e estudo do conhecimento disponível na literatura especializa-
da, informações sobre o perfil profissiográfico do trabalhador e sobre as avaliações ambientais, fornecidas
pelo empregador ou colhidas em inspeção da empresa/local de trabalho, também devem ser analisadas.
Exames complementares como radiografia do tórax, provas de função pulmonar (espirometria, volu-
mes pulmonares, difusão de CO2), biópsia, dentre outros, são utilizados para auxiliar no diagnóstico.
A lista de doenças do sistema respiratório é extensa e muitas vezes são disfunções já existentes, mas que
podem ser agravadas quando o trabalhador se expõe ao ambiente contaminado.
Porém, existem doenças do sistema respiratório que são adquiridas em função do trabalho, como é o
caso da Silicose e da Asbestose.

DOENÇAS DO APARELHO DIGESTIVO (GRUPO XI DA CID-10)


As doenças do aparelho digestivo, relacionadas ou não, ao trabalho, estão entre as causas mais frequen-
tes de absenteísmo e de limitação para as atividades sociais e ocupacionais. Isso exige dos profissionais
que prestam assistência ao trabalhador o preparo para identificar a contribuição do trabalho na sua deter-
minação e/ou no agravamento de condições preexistentes. Entre os fatores importantes para a ocorrên-
cia das doenças digestivas relacionadas ao trabalho estão agentes físicos, substâncias tóxicas, fatores da
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
175

organização do trabalho, como estresse, situações de conflito, tensão, trabalho em turnos, fadiga, posturas
forçadas e horários e condições inadequadas para a alimentação.

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Figura 42 -  Trabalhador com dores abdominais devido a problemas digestivos

O sistema digestivo é uma das portas de entrada dos agentes tóxicos no organismo e, apesar de menos
vulnerável do que o trato respiratório, tem papel essencial no metabolismo e na excreção de substân-
cias tóxicas, independentemente de sua via de penetração. Algumas substâncias químicas utilizadas no
trabalho podem causar lesão no local de penetração, afetando diretamente boca, dentes e/ou regiões
contíguas, como faringe, estômago, intestino e fígado.
Alguns fatores de risco físico que estão presentes no trabalho podem lesar o sistema digestivo, entre
eles estão as radiações ionizantes, a vibração, o ruído, as temperaturas extremas (calor e frio) e a exposição
a mudanças rápidas e radicais de temperatura ambiente. As queimaduras, se extensas, podem causar úl-
cera gástrica e lesão hepática. Algumas posições forçadas no trabalho podem causar alterações digestivas,
particularmente na presença de condições predisponentes, como hérnia paraesofageana e visceroptose.
A lista de doenças do sistema digestivo relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/MS n.º
1.339/1999 é composta de:

• Erosão dentária.
• Alterações pós-eruptivas da cor dos tecidos duros dos dentes.
• Gengivite crônica.
• Estomatite ulcerativa crônica.
• Gastroenterite e colite tóxicas.
• Cólica do chumbo.
• Doença tóxica do fígado: com Necrose Hepática; com Hepatite Aguda; com Hepatite
Crônica Persistente; com outros Transtornos Hepáticos.
• Hipertensão portal. (BRASIL, 1999b).
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
176

Há uma nítida relação do grupo de doenças do sistema digestivo, relacionadas ao trabalho, com a odon-
tologia ocupacional, pois várias doenças se manifestam na boca, exigindo que os profissionais estejam
preparados para identificá-las e estabelecer condutas adequadas para assistência e prevenção. Problemas
dentários podem ser uma importante causa de absenteísmo, e campanhas de prevenção à saúde do traba-
lhador podem trazer bons resultados.
Utilizar a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho (SIPAT), para viabilizar o acesso a
dentistas e demais profissionais da saúde com o intuito de realizar uma verificação da saúde bucal dos
trabalhadores pode ser uma medida de prevenção de doença do aparelho digestivo. Pense nisso como
atividade do futuro profissional de segurança do trabalho!

DOENÇAS DE PELE (GRUPO XII DA CID-10)


As dermatoses ocupacionais são caracterizadas por qualquer alteração da pele ou mucosa, e os princi-
pais causadores de doenças na pele são os agentes químicos, físicos e biológicos; os agentes químicos po-
dem causar irritações na pele e alergias. Os agentes físicos são caracterizados por temperatura, eletricidade
e irradiações, e os agentes biológicos são bactérias, fungos, protozoários, entre outros. Esses tipos de doen-
ça são muito comuns nos ambientes de trabalho devido à exposição a agentes nocivos, e cerca de 80% de-
las são produzidas por agentes químicos, substâncias orgânicas e inorgânicas, irritantes e sensibilizantes.
Muitos produtos químicos utilizados em processos produtivos possuem, em sua composição, sensibili-
zantes ou irritantes da pele. É recomendável que, sempre que um produto entre para a lista dos utilizados
pela empresa, seja realizada uma análise toxicológica para verificar se as substâncias que fazem parte da
composição são classificadas como irritantes e/ou sensibilizantes da pele. Conhecendo os compostos, a
implantação de medidas de controle pode ser mais eficiente.
A lista de doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas ao trabalho, de acordo com a Portaria/
MS n.º 1.339/1999, é:

• Dermatoses pápulo-pustulosas e suas complicações infecciosas.


• Dermatite alérgica de contato.
• Dermatites de contato por irritantes.
• Urticária de contato.
• Queimadura solar.
• Outras alterações agudas da pele devidas à radiação ultravioleta: dermatite por foto-
contato (dermatite de berloque); urticária solar; outras alterações agudas especifica-
das e outras alterações sem outra especificação.
• Alterações da pele devidas à exposição crônica à radiação não-ionizante: ceratose
actínica; dermatite solar, “pele de fazendeiro”, “pele de marinheiro”.
• Radiodermatites (aguda, crônica e não especificada).
• Outras formas de acne: cloracne.
• Outras formas de cistos foliculares da pele e do tecido subcutâneo: elaioconiose ou
dermatite folicular.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
177

• Outras formas de hiperpigmentação pela melanina: melanodermia.


• Leucodermia, não classificada em parte (inclui vitiligo ocupacional).
• Porfiria cutânea tardia.
Ceratose palmar e plantar adquirida.
• Úlcera crônica da pele não classificada em outra parte.
• Geladura (frostbite). (BRASIL, 1999b).

Testes epicutâneos podem ser realizados para auxiliar na investigação de processos alérgicos, porém
seus limites e regras para execução devem ser estritamente observados. Não devem ser utilizados como
critério exclusivo para o diagnóstico, pois podem apresentar algumas complicações, como iatrogenia30 ou
agravamento do quadro. O mesmo se aplica à medicação sistêmica em, por exemplo, anti-histamínicos,
antibióticos e corticoides por via oral e parenteral31.

DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO CONJUNTIVO RELACIONADAS AO


TRABALHO (GRUPO XIII DA CID-10)
Muitas transformações estão ocorrendo no mundo do trabalho, porém a introdução de novos modelos
organizacionais e de gestão, têm repercussões ainda pouco conhecidas sobre a saúde dos trabalhadores,
dentre as quais se destacam LER/DORT. Esse grupo de transtornos apresenta como características comuns
aparecimento e evolução de caráter insidioso32, origem multifatorial complexa, na qual se entrelaçam inú-
meros fatores causais, entre eles exigências mecânicas repetidas por períodos de tempo prolongados, uti-
lização de ferramentas vibratórias, posições forçadas, fatores da organização do trabalho, como exigências
de produtividade, competitividade, programas de incentivo à produção e à qualidade. Essas atividades
utilizam estratégias de intensificação do trabalho e de controle excessivo dos trabalhadores, sem conside-
rar as características individuais de cada um, seus traços de personalidade e sua história de vida.
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Figura 43 -  Trabalhador com dor no ombro

30
Geração de atos ou pensamentos a partir da prática médica.
31
A administração de substância ou medicamento que se faz por outra via que não a digestiva, através do sangue, por exemplo.
32
Enganador, aquele que parece benigno, mas pode ser ou tornar-se grave e perigoso
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
178

Entre as doenças relacionadas ao trabalho, as DORTs são as mais incapacitantes, pois decorrem de ativi-
dades laborais repetitivas que prejudicam o sistema músculo esquelético. Se o diagnóstico não for realiza-
do precocemente, elas podem levar a afastamentos do trabalho por longos períodos.
São muitos os sinais e sintomas de LER/DORT e se destacam:
a) dor espontânea ou à movimentação passiva, ativa ou contrarresistência;
b) alterações sensitivas de fraqueza, cansaço, peso, dormência, formigamento, sensação de diminuição,
perda ou aumento de sensibilidade, agulhadas, choques;
c) dificuldades para o uso dos membros, particularmente das mãos, e mais raramente, sinais
flogísticos 33 e áreas de hipotrofia ou atrofia.
A lista de doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo relacionadas ao trabalho, de acordo
com a Portaria/MS n.º 1.339/1999, é:

• Gota induzida pelo chumbo.


• Outras artroses.
• Síndrome cervicobraquial.
• Dorsalgia: cervicalgia; ciática e lumbago com ciática.
• Sinovites e tenossinovites: dedo em gatilho, tenossivite do estilóide radial (de Quervain);
Outras sinovites e tenossinovites e sinovites e tenossinovites, não especificadas.
• Transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão de
origem ocupacional: sinovite crepitante crônica da mão e do punho; bursite da mão;
bursite do olécrano; outras bursites do cotovelo; outras bursites pré-rotulianas; outras
bursites do joelho; outros transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso
excessivo e a pressão e transtorno não especificado dos tecidos moles, relacionados
com o uso, o uso excessivo e a pressão.
• Fibromatose de fáscia palmar: contratura ou moléstia de Dupuytreng.
• Lesões do ombro: capsulite adesiva do ombro (ombro congelado, periartrite do
ombro); síndrome do manguito rotatório ou síndrome do supra-espinhoso; tendinite
bicipital; tendinite calcificante do ombro; bursite do ombro; outras lesões do ombro e
lesões do ombro, não especificadas.
• Outras entesopatias: epicondilite medial e epicondilite lateral (cotovelo de tenista).
• Outros transtornos especificados dos tecidos moles, não classificados em outra parte
(inclui Mialgia).
• Osteomalacia do adulto induzida por drogas.
• Fluorose do esqueleto.
• Osteonecrose: osteonecrose devida a drogas e outras osteonecroses secundárias.
• Osteólise (de falanges distais de quirodáctilos).
• Osteonecrose no “Mal dos Caixões”.
• Doença de Kienböckg do adulto (osteocondrose do adulto do semilunar do carpo) e
outras osteocondropatias especificadas. (BRASIL, 1999b).

Sinais de inflamação.
33
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
179

O aumento na incidência de LER/DORT, no Brasil, pode ser observado nas estatísticas do INSS de con-
cessão de benefícios por doenças profissionais. Faça uma consulta ao site da Previdência Social e busque
verificar esses números!

CASOS E RELATOS

Frigorífico terá que indenizar empregado que adquiriu doença ocupacional


A 8ª Câmara do TRT julgou parcialmente procedentes os pedidos de um trabalhador que ficou com
sequelas no punho e no cotovelo esquerdos depois que trabalhou por oito anos em um frigorífico.
A decisão colegiada arbitrou em R$ 20 mil a indenização por danos materiais e em R$ 10 mil a
indenização por danos morais. Em seu recurso, o trabalhador reafirmou que “adquiriu doença ocu-
pacional pelo trabalho realizado na empresa, razão pela qual entende fazer jus à reintegração ao
emprego, assim como às indenizações por danos moral e material”. Segundo o trabalhador, a prova
pericial produzida nos autos confirmou que a lesão adquirida no frigorífico causou nele redução de
capacidade laborativa, e por isso, ele não pode mais exercer atividades que exijam esforço físico ou
movimentos com o punho. No entendimento do juízo, não havia atrofia, hipotrofia e/ou hipertro-
fia, as manobras de stress de músculos e tendões apresentaram-se normais, sem qualquer limitação
O juízo também frisou: “Especialmente quanto ao punho esquerdo, notamos que os movimentos
eram presentes, com discreta diminuição da força”. Pelo laudo da perícia, o trabalhador adquiriu
sinovite do punho esquerdo e epicondilite lateral à esquerda, durante o pacto laboral, compatíveis
com a atividade laborativa, atualmente curadas, e atualmente é portador de osteoartrose do semi-
lunar, detectada durante o pacto laboral, persistente até a presente data, sem nexo com o trabalho.
Os exames apresentados pelo trabalhador e, em parte, também pela empresa, mostram que a
partir de 2006 o reclamante passou a apresentar problemas no cotovelo e punho esquerdos, rela-
cionados à função de desossador. O departamento médico da empresa sabia da existência de tal
limitação, o que se evidencia pela solicitação, do departamento médico, de alteração de função
para garantir a recuperação do trabalhador, evitando-se “pegar peso”. Outros documentos provam
a entrega, pelo trabalhador, de vários atestados médicos solicitando afastamento do trabalho. Para
a juíza, os exames periódicos realizados evidenciam existência de riscos ergonômicos” concluindo
que, não há dúvidas de que houve nexo de causalidade entre as patologias [...] e o trabalho desen-
volvido na função de desossador. (TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO, 2009 apud
LEX MAGISTER, 2017).

É possível perceber que se faz necessário um controle rigoroso dos exames periódicos do trabalhador,
das condições de trabalho, das queixas do mesmo e dos atestados médicos entregues à empresa.
MONITORAMENTO DOS PROGRAMAS E DOCUMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
180

Esses controles são evidências de que o empregador se preocupa com a saúde do trabalhador, evitando
que ele adoeça. O PCMSO e o PPRA, bem elaborados e gerenciados, juntamente com o programa de ergo-
nomia são ferramentas de controle de riscos ocupacionais.
Por isso, fique atento a qualquer queixa dos trabalhadores quando estiver colocando em prática seus
conhecimentos de Saúde e Segurança do Trabalho!

DOENÇAS DO SISTEMA GENITURINÁRIO (GRUPO XIV DA CID-10)


A exposição ambiental e/ou ocupacional a agentes biológicos, químicos e farmacológicos pode lesar,
de forma aguda ou crônica, os rins e o trato urinário. Nos casos decorrentes de intoxicação medicamentosa,
o diagnóstico é facilitado pelo relato do paciente ou de seus familiares e pela evolução, geralmente, aguda
e reversível. Porém, os demais agentes desencadeiam quadros insidiosos crônicos, dificultando sua identi-
ficação e aumentando a possibilidade de dano.
O controle e o monitoramento dos ambientes e das condições de trabalho em que estão presentes
fatores de risco de lesão para o sistema gênito-urinário é fundamental para evitar o sofrimento, o compro-
metimento da qualidade de vida, a morte do trabalhador vítima de uma doença renal ou do trato urinário,
o custo social decorrente de sua incapacidade para o trabalho e os tratamentos dispendiosos a que deverá
ser submetido.
A lista de doenças do sistema gênito-urinário relacionadas ao trabalho, de acordo com
a Portaria/MS n.º 1.339/1999, é:

• Síndrome nefrítica aguda.


• Doença glomerular crônica.
• Nefropatia túbulo-intersticial induzida por metais pesados.
• Insuficiência renal aguda.
• Insuficiência renal crônica.
• Cistite aguda.
• Infertilidade masculina. (BRASIL, 1999b).

A prevenção das doenças do sistema gênito-urinário relacionadas ao trabalho baseia-se no reconhe-


cimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes físicos e/
ou biológicos e fatores de risco, decorrentes da organização do trabalho, potencialmente causadores de
doença; na identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde, decorrentes da exposição aos
fatores de risco identificados; na proposição das medidas a serem adotadas para eliminação ou controle da
exposição aos fatores de risco e na proteção dos trabalhadores. A educação e a informação aos trabalhado-
res e empregadores são muito importantes para evitar que os problemas de saúde relacionados ao sistema
gênito-urinário apareçam ou se agravem.
5 GERENCIAMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
181

Você finaliza seus estudos em gerenciamento da saúde do trabalhador com uma lista de doenças re-
lacionadas ao trabalho que deve ser conhecida qualitativamente. O aprimoramento dos conhecimentos
relacionados pode ser realizado por meio de materiais publicados pela OIT, pela Previdência Social, pelo
Ministério da Saúde etc. O primeiro passo você já deu, agora prossiga atento e confiante!
Pode parecer que a saúde do trabalhador é responsabilidade somente da medicina do trabalho, mas
não é verdade. A área de segurança e a de medicina do trabalho devem caminhar juntas em prol da quali-
dade de vida do trabalhador.

RECAPITULANDO

A atenção com a saúde do trabalhador tem crescido muito nos últimos anos, e cada vez mais, os
empregadores estão tomando consciência de que o colaborador saudável produz mais e labora
com maior satisfação. A implementação de programas voltados à saúde, à segurança e à qualidade
de vida do mesmo demonstram a preocupação do empregador para com o empregado.
Em seus atuais estudos, você teve a oportunidade de conhecer a legislação que trata destes
programas de saúde e segurança, bem como a legislação voltada às doenças que têm relação
com o trabalho. Percebeu também que há uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora, que existem Centros de Referência voltados à Saúde do Trabalhador e que o SUS
deve prestar toda assistência ao indivíduo que adquiriu uma doença do trabalho.
Com o estudo do capítulo sobre o gerenciamento da saúde dos trabalhadores, pôde-se perceber
que o direito à saúde é um dos princípios do SUS, que se aplica também na saúde ocupacional,
portanto é de responsabilidade do sistema prestar a assistência necessária a todo trabalhador, seja
ela assistencial, primária, de baixa ou alta complexidade, de prevenção ou reabilitação.
Foi possível perceber que têm aumentado os estudos acerca das doenças ocupacionais, e que
existe uma portaria específica para tratar das mesmas e de seus agentes causadores, facilitando
o estudo epidemiológico e contribuindo também para os estudos sobre a forma mais eficiente
de combater tais problemas. Manter os procedimentos de vigilância epidemiológica de agravos e
vigilância sanitária de ambientes de trabalho previne as doenças relacionadas ao exercício laboral.
Atuar na prevenção de disfunções relacionadas ao trabalho é melhor maneira de auxiliar o
trabalhador a cumprir com suas atividades profissionais e manter a qualidade de vida imprescindível
a todos!
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES
JULIANA CARLA HOBI SCHMITT
Licenciada e Bacharel em Química pela UFSC - Florianópolis (2002), Especialista em Higiene Ocu-
pacional pela Escola Politécnica da USP - São Paulo (2009) e Técnica de Segurança do Trabalho pelo
SENAI de Jaraguá do Sul (2014). Atuou como professora de Química para o ensino médio. No ensino
técnico, atuou como professora, coordenadora de curso, conteudista, tutora e orientadora de proje-
tos de conclusão. Em empresas, atuou no ramo metalúrgico e siderúrgico como Higienista Ocupacio-
nal em trabalhos voltados à avaliação de riscos ocupacionais, treinamentos de segurança, inspeções,
coordenando programas de saúde e segurança do trabalho, análise de produtos químicos, emissão
de laudos toxicológicos e realizando treinamento sobre produtos perigosos. A área de interesse pro-
fissional é focada na Higiene Ocupacional.

ROCHELE SPODE MAHLKE


Graduada em Educação Física pela Universidade Tuiuti do Paraná concluído (2002), Técnica em Se-
gurança do Trabalho pelo CEDUP de São Bento do Sul (2011), Especialista em Ergonomia (2012),
Especialista em Promoção de Programas para a Saúde do Trabalhador, especialização realizada no
ISEPE de Joinville, Especialização em Gestão em Saúde pela Fiocruz do Rio de Janeiro. Trabalhou 9
anos no SESI com Promoção de Saúde e qualidade de vida do Trabalhador e atuou como Técnica em
Segurança do Trabalho em industrias da Região do Planalto Norte Catarinense. Atualmente é Profes-
sora do Curso técnico em Segurança do Trabalho no Estado de Santa Catarina.
ÍNDICE

A
Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes - ABPA 183
Auditores Fiscais do Trabalho - AFT 98

C
Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST) 143
CIPA 25, 29, 39, 49, 50, 55, 56, 59, 129
CLT 30, 101, 128, 129
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração - CIPAMIN 94
Confederação Nacional da Indústria - CNI 98

D
Diálogo Diário de Segurança - DDS 44
Doença pelo Vírus da Imunodeficiência humana (HIV) 162

E
Equipamento de Proteção Individual - EPI 41, 54, 82, 184

F
FGTS 64
Fundacentro 14, 18, 21, 23, 34, 67, 68, 83, 86, 88, 184

H
Higiene ocupacional 37

L
Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho - LTCAT 51

M
Ministério do trabalho 14, 18, 20, 21, 24, 25, 27, 30, 34, 50, 51, 52, 54, 63, 64, 67, 81, 82, 83, 84, 85,
89, 91, 93, 98, 99, 100, 101, 127, 128, 129, 142, 164, 183, 184
Ministério Público do Trabalho - MPT 98

N
Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário - NTEP 185
Normas de Higiene Ocupacional - NHOs 14
Normas Regulamentadoras - NRs 14
O
OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series 61

P
Programa de Conservação Auditiva - PCA 82
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO 21
Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno - PPEOB 24, 91
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA 22, 183
Programa de Proteção Respiratória - PPR 23
Programa de Saúde da Família (PSF) 143

R
Recursos Humanos - RH 51

S
Saúde e Segurança do Trabalho 13, 14, 17, 18, 19, 23, 26, 28, 30, 31, 34, 37, 39, 42, 44, 47, 50, 61,
64, 67, 68, 69, 73, 80, 82, 90, 93, 97, 98, 101, 102, 127, 140, 148, 151, 154, 158, 180, 189
Segurança e Saúde no Trabalho - SST 24
SST 24, 61

U
União Geral dos Trabalhadores - UGT 98

V
Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) 146, 148
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SANTA CATARINA

Selma Kovalski
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Juliana Carla Hobi Schmitt


Rochele Spode Mahlke
Elaboração

Juliana Carla Hobi Schmitt


Revisão Técnica

Morgana Machado Tezza


Coordenação do Projeto

Marina Wudtke Laurindo


Design Educacional

Airton Júlio Reiter


Eliane Terezinha Alves
Revisão Ortográfica e Gramatical

Fabio Henrique Lessmann da Silva


Flavia Roda
Leonardo R. dos Santos Reis
Patricia Marcilio
Vitória Strelo Gonçalves
Fotografias, ilustras e Tratamento de Imagens

Ana Carolina Silva


Leandra Oliveira Castro
Marcus Nino Moura
Thomaz Yuri Vernac
Comitê Técnico de Avaliação
Patricia Marcilio
Diagramação

Airton Júlio Reiter


Eliane Terezinha Alves

Normalização

Patricia Correa Ciciliano


CRB – 14/752
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

iStock
Banco de Imagens

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