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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS – DFCS


CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
CAMPUS XVI BARCARENA-PA

ALDEMIR DE ABREU LOPES JUNIOR


PAULO HENRIQUE SANTOS DA SILVA
WILLIAM DE JESUS SOUSA
YGO FERREIRA NEGRÃO

ANÁLISE SÓCIO-ESPACIAL SOBRE O PROCESSO


DESTERRITORIALIZAÇÃO DOS MORADORES AFETADOS PELA EROSÃO
NO BAIRRO SÃO JOÃO, NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA-PA.

BARCARENA, PARÁ
2022

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ALDEMIR DE ABREU LOPES JUNIOR
PAULO HENRIQUE SANTOS DA SILVA
WILLIAM DE JESUS SOUSA
YGO FERREIRA NEGRÃO

ANÁLISE SÓCIO-ESPACIAL SOBRE O PROCESSO


DESTERRITORIALIZAÇÃO DOS MORADORES AFETADOS PELA EROSÃO
NO BAIRRO SÃO JOÃO, NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA-PA.

Trabalho de conclusão de disciplina:


Trabalho de Campo I. Apresentado ao
curso de licenciatura plena em
Geografia da Universalidade Estadual
do Pará, ministrado pelo Professor Me.
Dérick Lima Gomes.

BARCARENA, PARÁ
2022

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INTRODUÇÃO
Expor o contexto histórico da formação do bairro de São João foi
escolhida como objetivo desta pesquisa devido à sua formação realizada de
forma precária tal aspecto que impulsionou a escolha para a pesquisa.
Seguindo esse aspecto a formação do bairro e desenvolvida a o decorrer do
tempo sempre com problemas graves de infraestrutura, saneamento,
iluminação, sem algum requisito básico para uma boa qualidade de vida. Vele
destacar também que o desafio enfrentado para um bom desenvolvimento
econômico e social no bairro está estritamente ligado a seu processo a seu de
crescimento histórico.

Diante dessa conjuntura, ocorreu a erosão que foi ocasionada por conta
de todo esse desenrolar de precariedade, em frente esse fato a comunidade
que já é bastante desamparada pelo poder público viu-se ainda mais
prejudicada. As informações que serão apresentadas foram coletadas através
de documentos históricos e de relatos dos próprios moradores

Expor o contexto histórico de formação e os impactos causados às


famílias afetadas pela erosão no bairro São João no município de Abaetetuba-
PA.

O MUNICIPIO DE ABAETETUBA
Abaetetuba, um dos menores municípios do estado Pará, está localizado
a margens rio marataira no nordeste paraense (Baixo Tocantins) com sua área
geográfica de 1.610,000 km² e sua densidade populacional em
aproximadamente 153380 habitantes, onde se divide em 72 ilhas, 35 colônias e 14
bairros em seu território (PREFEITURA DE ABAETETUBA, 2013).

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Figura 1 Mapa de Localização do município de Abaetetuba

Fonte:
Sobre a origem da palavra “Abaeté”, primeiro nome dado ao município,
significa na língua tupi” homem forte, homem valente” fato este que em 1944,
passou por um processo de transformação que alterou a nomenclatura da
cidade passou a ser chamada de Abaetetuba (tuba, em tupi “terra de
abundância”) a parti de então os moradores passaram ser chamados de
abaetetubenses.
Esta apresenta características marcantes do clima amazônico, ou seja,
equatorial superunido, vale destacar, que esta região não dispõe de estação
meteorológica. Entretanto, os dados microsmáticos registrados na capital
paraense (Belém) abrangem um raio de 100 km em torno de Belém e pode ser
levado em consideração também para o município de Abaetetuba, já que sua
sede está em uma distância de 60 km em linha reta da capital.
O município ainda é conhecido pela cultura do miriti, que são brinquedos
muito coloridos, criados pelos artesãos locais usando a palma do miritizeiro
(palmeira muito comum as áreas de várzea do município).

PROCESSO HISTÓRICO DO BAIRRO DE SÃO JOÃO


Antes de adentrar no contexto histórico do bairro de são João, precisa-
se salientar sobre outro processo de suma relevância para a formação do

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bairro em Abaetetuba, isto é, o projeto Albrás Alunorte em Barcarena,
município vizinho que fica entre 45 minutos a 1 hora de viagem de Abaetetuba,
com ideia de desenvolvimento e melhor condições de vida para as pessoas.

Segundo Saifi e Dagnino, o desenvolvimento é uma questão de uma


sociedade capitalista, não um desenvolvimento local, regional ou até mesmo
nacional, onde posa encontrar princípios étnicos e de justiça social, todavia um
processo de desenvolvimento que só visa investimentos em economia para
uma melhor obtenção de lucro.

O bairro de são João foi um de muitos bairros em Abaetetuba que se


constituiu com o processo de êxodo rural, causado pelo declínio dos engenhos
de cachaça e usinas de açúcar nas décadas 1950 e1960 não só das zonas
rurais mais também as ilhas, já que o município dispõe de uma malha hídrica
muito extensa de rios e igarapé, muitas pessoas acabavam migrando dessas
áreas para a cidade, dessa forma, a cidade foi crescendo de maneira acelerada
e desorganizada, neste viés, muitas pessoas não tinham onde morar e nem
uma condição de viver, ocupavam as margens dos rios.

O Bairro de São João, localiza-se a margem esquerda do rio jarumã, rio


que banha a cidade de Abaetetuba, sua densidade demográfica segundo o
último censo (2010) estava em 4.459 habitantes distribuídos entre homens e
mulheres com o percentual maior de homens, somando um total de 1.117
habitantes, (IBGE 2010).

O bairro foi fundado na década de 80, nessa época o atual prefeito eleito
foi o Dr. João da Silva Bittencourt ao assumir a prefeitura foi passado a fazer
aterramento na área onde hoje localiza-se o bairro.

O prefeito em entrevista afirma que quando eleito realizava visitas nos


bairros que estavam sendo formado na época em Abaetetuba, e em uma
dessas visitas no bairro do cafezal, ele observou que muitas pessoas pediam
terras para morar e tinha muitas gentes amontoadas em pequenas áreas, isso
chamou sua atenção e pediu para realizar a demarcação do loteamento de
terras no local para as famílias que precisavam de moradia através do
Departamento de terras do município. Por outro lado, já havia pessoas que
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estavam ocupando terras de propriedades privadas, depois do levantamento
realizado o prefeito buscou novas alternativas para resolver aquela situação, e
uma delas foi a tentativa de negociar novas terras, havia no final do barão do
rio branco uma grande área de propriedade do seu Miguel (tracajá) que viria a
ser o novo bairro chamado de são João. O mesmo entrou em contato com o
dono da propriedade para negociar, mas de início ouve uma resistência, mas
depois de muita conversa o dono liberar a terra, a prefeitura liberou as
maquinas para abrir ruas, e foi aterrando, foi contatado que naquelas áreas
havia muitos igarapés e plantações nos terrenos de igapós, esse foi um meio
de abrigar aquelas pessoas que não tinham casas, pois outros bairros estavam
sendo formado, como são Sebastião e aviação.

A imagem acima mostra o momento da demarcação do bairro são João


realizado pelo então responsável da prefeitura seu Francisco.

Como pode ser observado as condições do relevo era propicio a


plantações, como já havia no local vários açaizais, canavial, pois a economia

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desse período era baseada em atividades extrativistas, mas com o avanço da
urbanização muitas mudanças foram acontecendo e no caso de Abaetetuba,
conforme se verá abaixo, a cidade urbanizou-se aceleradamente após a
implantação do projeto Albrás-Alunorte, parte do Programa Grande Carajás.

Fonte: IBGE (Extraído de IDESP, 2013).

Na atualidade, o município concentra o número bem maior de


moradores, mas essa situação com o passar do tempo trouxeram inúmeras
consequências no local, pois esses novos moradores foram ocupando terrenos
não próprios para moradia.

E esse processo alterou a dinâmica Sócio-espacial da localidade onde a


infraestrutura do relevo foi abalada por causa de grandes construções de
casas, entretanto essas casas foram atingidas no ano de 2014, por um colapso
no solo que atingiu o número de 62 famílias, entre atingindo indiretamente e
diretamente, isto é, muitos acabaram perdendo tudo que foi construído em um
certo período e outros tiveram que sair de suas casas por questão de
segurança já que sua residência estava localizada em área de novos possíveis
deslizamentos de terras, pois 13 desabaram e 49 interditadas.

Um morador que morava no bairro de são João em Abaetetuba descreve


o que aconteceu uns dias antes da manhã de sábado do dia 4 de janeiro:
Entrevistado 1: “é assim na verdade, alguns dias atrás
né, antes do acontecido já havia algumas coisas que dava para
perceber que iria acontecer né, tipo vizinhança comentando lá
o que tava tremendo a casa, entendeu? que havia barulho na
nas vasilhas que ficam na parede”
“quando nós fomos para um aniversário do lado da
minha casa e foi para o aniversário a gente já viu uma
rachadura no chão da casa dele né”

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“E aí a gente foi e nós percebemos que já tava
rachando a casa dele, mas a gente não se atentou nada né”
Figura 2 CASA AFETADA PELO COLAPSO

Fonte: NUNES,2014.

O morador ainda descreve como era o solo do bairro e sua formação:

“à quela área lá era tudo Rio na verdade, era lama tanto que quando nós
passamos a morar para lá, era não era ponte, ainda era tudo miritizeiro né a
gente passa tudo por cima de miritizeiro”

“começaram a jogar aterro para construir o São João


né na verdade e aí com penso que começaram lá porque era
tudo em cima de caroços já saí de lama e começaram a
construir inclusive a primeira casa que caiu ela foi construída
com aqueles o nome daquela máquina que bate o pau, bate
estaca que eu acho que foi o que culminou na verdade para
que isso acontecesse quando o motivo é aquilo aquele mais
tarde começou a ser ter mesmo a terra começou a mexer né”

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Figura 3 Local do colapso do solo, no bairro São João, Abaetetuba (PA)

Fonte: Nunes,2014.

(DES) TERRITORIALIZAÇÃO
Começando a como a (des)territorialização seria formada os autores
Guattari e Rolnik, relatam que:
“O território pode se desterritorializar, isto é, abrir-se, engajar-
se em linhas de fuga e até sair do seu curso e se destruir. A espécie.
humana está mergulhada num imenso movimento de
desterritorialização, no sentido de que seus territórios “originais” se
desfazem ininterruptamente com a divisão social do trabalho(...)”
(GUATTARI e ROLNIK, 1986:323).

Com a ajuda dos autores podemos relacionar com o desastre natural na


cidade de Abaetetuba-PA. Logo após a erosão os moradores foram
direcionados a abrigos provisórios para guardar seus moveis e matérias
domésticos, e algumas famílias foram para casa de parentes próximos.
E como o entrevistado 03 relatou que: “De início, nos primeiros 6 meses
todas as famílias atingidas receberam aluguel social, vinha umas cestas
básicas, na verdade nos primeiros meses. Ouve um acompanhamento intenso
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da assistente social. E nesse período já tentaram indenizar algumas
famílias(...)”. como pode-se ver as famílias atingidas foram auxiliadas e
cadastradas para receber o auxílio, porem algumas famílias acharam o que
estavam pagando muito pouco pelas suas casas, onde não só se perdeu o
material, mas, o sentimental. E como o geografo Tuan caracteriza que o lugar é
marcado por três palavras-chave: percepção, experiência e valores. Os lugares
guardam e são núcleos de valor, por isso eles podem ser totalmente
apreendidos através de uma experiência total englobando relações íntimas,
próprias (incide) e relações externas (outsider), (TUAN, 1983).
Exemplificando com a fala do autor, o governo municipal não se levou
em consideração as relações que aconteciam no bairro, onde famílias foram
criadas, relações de negócios, e memorias. E como um dos entrevistados fala
sobre essa perda, “A gente não desiste até porque a gente perdeu e sabe o
sentimento de pertencimento que é, as vezes a gente perde um dinheiro na rua
e a gente sente, imagina perder o patrimônio todo que tu lutasses pra ti ter. A
gente luta pra que sejamos indenizados”.

CONTRIBUINTES
Após a erosão, foi montada uma frente de trabalho no município, com o
acionamento da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, do DEMUTRAN e da
Secretaria de Assistência Social do município, a fim de atender as famílias que
tiveram de deixar suas casas. E para Valencio, Siena e Marchezini (2011, p.
28), há muitos significados imbricados nas vítimas de um desastre, ainda mais
quando classificadas como desabrigadas ou desalojadas:
enquanto os afetados nos desastres são aqueles que
sofrem, direta ou indiretamente, qualquer tipo de dano, desalojados
e desabrigados são tipos de afetados que têm esse dano
configurado centralmente na dimensão da vida privada em
decorrência da danificação severa ou destruição da moradia. A
perda do espaço privado gera um drama não apenas coletivo –
envolvendo numerosas famílias no cenário dos desastres –, mas
um drama que se torna público: a imprensa incita, no imediato pós-
impacto, sua visibilidade para além do testemunho local; o
problema social decorrente torna-se, algumas vezes, objeto de

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comoção pública e mobilizam-se auxílios de toda a ordem, do
trabalho voluntário às doações.

Figura 5 Padre, bombeiros e residentes do local, no bairro são João.

Fonte: NUNES, 2014

Dessa forma, o que o entrevistado 01 relata sobre o que a associação


dos moradores e as ajudas extras que o bairro ganhou foi de suma
importância para os moradores afetados.
Muitas famílias se hospedaram na associação ficou assim,
tipo a cede ficou um deposito do pessoal trazerem as coisas deles
de lá, ficaram uns quantos dias, acho que mais de mês ficaram lá,
umas pessoas ficaram lá, outras foram para a barraca e ficou
muitas coisas lá eletrodomésticos né, as coisas deles moveis essas
coisas trouxeram tudo para a associação. Ai nessa época a gente
conseguiu com a Ana Julia, cesta básica para todos esses, tanto
para eles quanto para os outros moradores também, que foi muito
que eles conseguiram. O Wellington conseguiu também com um
rapaz que é doutor Marcio da uepa, ele conseguiu, foi que eles
trouxeram o que mais trouxe doação foi a uepa. A uepa foi a que
mais trouxe doação, eles trouxeram de Belém acho que uns 2
caminhões cheios de doação.

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Figura 6 moradores e ajudantes descarregando suas coisas na barraca do são João.

Fonte: NUNES, 2014

Como podes vê a comunidade foi muito unida vários se compadeceram na


cidade e fora dela, conseguiram acionar e trazer diversas ajudas para os
afetados.

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POLÍTICAS ADOTADAS (GOVERNO)
As políticas que foram adotadas em frente a catástrofe em Abaetetuba, foram
de informar a cidade e colocar a área em estado de emergência, segundo a defesa
civil e os bombeiros e geólogos já tinham avisados e reafirmar o entrevistado 3 que
relata:
(...) “Até hoje os geólogos afirmam que é improprio para
moradia, mas algumas pessoas com medo de perder aquilo que
restavam nas casas, que já tinham perdido por que
automaticamente já foi perdido. Elas retornaram as casas, tanto é
que já até reformaram nas casas. Tao lá, assinaram um documento
perante a e defesa civil, que seriam responsáveis pelo que pode
acontecer com eles, auto declararam responsáveis por isso” (...).

Figura 7 Cordão de isolamento somente liberada militares e moradores das casas.

Fonte: NUNES, 2014.

Com a chegada dos militares e restrição na área e rondas furtos e saques


sessaram. E os moradores se sentiam mais seguros com esses acontecidos. E essa
colaboração entre estado e moradores foi de suma importância. Como Duarte

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sugere “a realização de um trabalho conjunto entre governo e comunidade, uma vez
que a união de esforços resultará em ações positivas, as quais contribuirão para a
prevenção e minimização dos riscos de eventos adversos” (2010, p. 56).

COMSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou demostrar como ocorreu a formação do bairro de


São João no município de Abaetetuba, partindo primeiramente do seu contexto
histórico a partir dos levantamentos bibliográficos e relatos de moradores do bairro,
além disso, demostrar os impactos causados as famílias pela erosão que atingiu o
bairro no ano de 2014.

Com base no trabalho de campo aplicado no bairro, foi possível observar que
uma grande parte dos moradores que foram afetados pela erosão, mesmo aqueles
que tiveram suas casas destruídas e os que tiveram as casas apenas interditadas,
preferiram permanecer no bairro, alguns como foi o caso das pessoas com as casas
interditadas, preferiram assumir a responsabilidade de morar em um lugar sinalizado
como zona de risco, do que deixar a sua casa.

A além disso, vimos que a grade maioria das famílias afetas, com o passar do
tempo acabaram aceitando as propostas feitas pelo governo da época, fazendo com
que, das 51 famílias afetadas restassem apenas 5 que ainda não entraram de acordo,
pelo fato de que estão em busca de uma indenização mais justa.

REFERENCIAS

CORRÊA, Jean Carvalho. A Defesa Civil como agente minimizador de


danos no pós desastre natural: O caso de Abaetetuba - Pará / Jean
Carvalho Corrêa. – 2015.
FIGUEREDO, Amiraldo Costa. Migração e periferização na cidade: a
formação histórico-geográfico do bairro são João em Abaetetuba-Pará.
(Monografia) de Curso de Graduação e Geografia. Belém: UFPA, 2007.

Haesbaert e Glauco Bruce, R. (2009). A Desterritorialização na Obra de


Deleuze e Guattari. GEOgraphia, 4(7), 7-22.

14
MOREIRA, Erika. O LUGAR COMO UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL,
Revista Formação, n⁰14 volume 2 – p. 48‐60, s.d
PINHEIRO, Romana. Bairro de São João em Abaetetuba. História e
Memórias. Apud MACHADO, Jorge.

Revista PerCursos. Florianópolis, v. 16, n. 32, p. 143 – 168, set./dez. 2015.

SOUZA, Marcelo Lopes de, 1963. Os conceitos Fundamentais da


Pesquisa Sócio-espacial/ Marcelo Lopes de Souza – 2013. 1 ed – Rio de
Janeiro. Bertrant Brasil. 2013.

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ANEXOS

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