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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA

MARIA EUGÊNIA BLANCAS ZULAUF

Texto sobre trabalho de campo na Aldeia Paranapuã

SANTOS
2022
MARIA EUGÊNIA BLANCAS ZULAUF

Texto sobre trabalho de campo na Aldeia Paranapuã

Trabalho apresentado à Universidade Metropolitana


de Santos como composição para a nota da matéria
Fundamentos da Arqueologia e Etnografia do curso
de Arqueologia
Professor Carlos Borba

SANTOS
2022
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A ocupação das terras na aldeia paranapuã ocorreu em meados de 2004, por
indígenas guaranis Mbya e Ñadeva, vindos de aldeias próximas em Itanhaém,
Peruíbe e Mongaguá, ocuparam essa área conhecida antigamente como ‘Praia das
Vacas’ ou Praia de Paranapuã, no Parque Estadual Xixová-Japuí. Inicialmente eles
foram levados para São Vicente para uma encenação da Vila de São Vicente,
evento que aconteceu por vários anos, mas no final descobriram que não poderiam
voltar para suas aldeias de origem e foram realocados para a então criada Aldeia de
Paranapuã, uma reserva feita para a preservação da Mata Atlântica local daquela
região, onde estava sendo cotada para se tornar uma área de Cassinos e Resorts.
Porém algumas migrações desses indivíduos tiveram outro motivo, a cosmologia
guarani, tendo como significado a busca da Terra Sem Males.

O modo de vida dos povos guaranis é básico, recebem pouca ajuda do governo de
tempos em tempos e de instituições/ ONGs de apoio, recebem doações
arrecadadas por escolas ou pelas mesmas associações. Não é possível viver
apenas da terra por que o plantio em solo arenoso é difícil pela falta de nutrientes no
substrato e pelo alto nível salino, quando conseguem não é suficiente para a
subsistência, precisando complementar sua alimentação com produtos oriundos dos
mercados, já na questão da pesca e da caça é necessária uma autorização do
governo, que quase sempre é negada a eles.

Por ser uma aldeia muito próxima a cidade, a interação com a sociedade capitalista
é intensa, sua principal renda é a venda, antes troca, dos artesanatos típicos
guaranis, dentre eles: cestos, colares de missangas, animais de madeira etc. O
convívio deles conosco, não indígenas, afetou em partes suas tradições, da mesma
forma que a deles mudou a nossa. Entre si, ainda é utilizada sua língua materna, o
Guarani, mas a partir dos 7 anos de idade, as crianças são ensinadas nas escolas a
falar o português. Algumas vezes por ano são realizados rituais que não se
perderam com o tempo.

Pela comunidade ter quase nenhum apoio do Estado, eles vivem em condições
instáveis, com poucos recursos e moradias simplistas, enfrentam dificuldades na
locomoção para ir a outras aldeias e congressos importantes, já que conseguir um
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veículo não é a sua primeira prioridade, esse seria o bem estar comum.

A terra para esse povo é importante por ter ligações diretas com os espíritos dos
seus antepassados, é a parte central da sua identidade cultural, eles nasceram dela,
então são dali, cuidam para preservá-la ao máximo para as próximas gerações não
perderem essa linha sagrada direta com sua fé. A Luta contra o Marco Temporal é
essencial para os indígenas pois garante a posse de suas terras, que são suas
desde bem antes da criação da Constituição Federal, em 1988, garantindo também
segurança em suas aldeias, não tendo que viver com medo de serem mortos a cada
dia que passa, por invasores mal intencionados. A demarcação de terras também
garante a preservação do meio ambiente, ato que favorece a todos nós.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIÁRIODOLITORAL. Justiça determina saída de índios de Paranapuã. 2016. Disponível


em: https://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/justica-determina-saida-de-indios-de-paran
apua/78047/. Acesso em 5 jun. 2022.

SILVA, J. A., CARVALHAES, D. F., MANICOBA, B. O., ARNONE, B. A., RODRIGUES S. I.


Nativos da aldeia Paranapuã - Uma imagem desconhecida. Texto (Ciências Humanas e
Sociais) - Faculdade de Tecnologia de São Vicente, São Vicente, 2018. Disponível em:
https://conic-semesp.org.br/anais/files/2019/trabalho-1000004366.pdf. Acesso em 5 jun.
2022. Acesso em 5 jun. 2022.

OLIVEIRA, V. D. Resistência ao etnocídio na aldeia Tekoa Paranapuã. Tese (Mestrado


em Ciências) Universidade Federal de São Paulo. Santos, 2020. Disponível em: https://ds.
saudeindigena.icict.fiocruz.br/handle/bvs/5041. Acesso em 5 jun. 2022.

SUPERINTERESSANTES. A terra sagrada dos índios. 2013. Disponível em: https://super.


abril.com.br/comportamento/a-terra-sagrada-dos-indios/. Acesso em 5 jun. 2022.

SILVA, D. N. Marco Temporal. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/politica/


marco-temporal.htm. Acesso em 5 jun. 2022.

GUERRA, P. S. Território e políticas sociais na Tekoá Paranapuã. 2021. 22 p. Tese


(Bacharelado em Serviço Social) - Universidade de São Paulo, Santos, 2021. Disponível
em: https://repositorio.unifesp.br/bitstream/handle/11600/61700/Territ%C3%B3rio%20e%20
Pol%C3%ADticas%20Sociais%20na%20Teko%C3%A1%20Paranapu%C3%A3.pdf?sequen
ce=1&isAllowed=y. Acesso em 5 jun. 2022.

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