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DEFESA CIVIL
MANUAL DO ALUNO
SÃO LUÍS-MA
2023
CAPITULO 1- HISTÓRICO DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
“(...)Todo brasileiro deve saber sobre a sua proteção individual, da sua comunidade, do seu
patrimônio e do ambiente em que vive, em casos de riscos e desastres”. (SEDEC/Brasil).
Origem e Evolução
Com o aparecimento do homem sobre a face da terra, iniciou-se uma árdua luta pela sobrevivência, sempre
ameaçada pelas adversidades, obrigando-se a desenvolver artifícios de defesa para enfrentar animais
ferozes, a fome, os incêndios, as secas, as inundações e o ataque de inimigos.
Com o passar do tempo, foram surgindo as vilas e as cidades e os procedimentos de defesa foram
progressivamente sendo aperfeiçoados. Nas guerras realizadas na mais remota antiguidade, os exércitos
estavam preparados para o combate, mas a proteção da população civil não empenhada na luta, era
relegada a segundo plano. Para fazer frente aos fenômenos naturais adversos, não havia sistemas
organizados pelo poder público, as reações da defesa eram ocasionais. Somente mais tarde, já na Idade
Média, é que os franceses organizaram um sistema de combate ao fogo, que era o pior inimigo das grandes
cidades.
A rápida evolução das sociedades humanas, o vertiginoso progresso na área tecnológica, industrial e de
urbanização, contribuíram para as crescentes e insaciáveis necessidades do homem, tornando o mundo
moderno palco de outras adversidades, como os incêndios em edifícios, poluição do ar e dos rios, acidentes
de trânsito, radioatividade, etc.
As calamidades que antes eram raras, tornaram-se hoje uma realidade diária, o que veio despertar
sentimentos de solidariedade; a vida, a integridade física e o bem-estar de cada um, surgiram como bens de
valor imensurável, necessitando serem protegidos por uma rede de defesa.
Com o passar do tempo as populações foram alertadas quanto à necessidade de organizarem um sistema de
defesa mais amplo, não só para a proteção contra efeitos decorrentes de eventos catastróficos oriundos da
natureza, como também os resultantes de situações de guerra. Surgiu o então sentimento de
responsabilidade pública, conscientizando os governantes que ao Estado cabe o dever de proteger os
cidadãos contra os fenômenos adversos.
As primeiras ações dirigidas para a defesa da população foram realizadas nos países envolvidos com a
Segunda Guerra Mundial, sendo a Inglaterra o primeiro país a instituir a “civil defense” (Defesa Civil)
visando à segurança de sua população após os ataques sofridos entre 1940 e 1941, quando foram lançadas
toneladas de milhares de bombas sobre as principais cidades e centros industriais, causando milhares de
perdas de vida na população civil.
Com a incidência de fenômenos cíclicos, como a seca na região Nordeste, a estiagem no Centro-oeste,
Sudeste e Sul e as inundações nas mais variadas áreas urbanas e rurais do país, foi criado no ano de
1966, no então Estado da Guanabara, o Grupo de Trabalho com a finalidade de estudar a mobilização dos
diversos órgãos estaduais em casos de catástrofes. Este grupo elaborou o Plano Diretor de Defesa Civil do
Estado da Guanabara. O Decreto Estadual nº 722, de 18 de novembro de 1966, aprovou este plano e
estabeleceu a
criação das primeiras Coordenadorias Regionais de Defesa Civil – REDEC, sendo constituída no
Estado da Guanabara, a primeira Defesa Civil Estadual do Brasil. Em 1967 é criado o Ministério do
Interior com a competência, entre outras, de assistir as populações atingidas por calamidade pública em
todo território nacional. A organização sistêmica da defesa civil no Brasil deu-se com a criação do Sistema
Nacional de Defesa Civil – SINDEC, em 16 de dezembro de 1988, reorganizado em agosto de 1993 por
intermédio do Decreto nº 5.376, de 17 de fevereiro de 2005. No ano de 2012 foi criada a Lei 12.608 de 10
de abril de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC, e estabelece às
competências da União, Estado e Municípios dentro do Sistema de Defesa Civil.
Ainda sem uma estrutura definida, a defesa civil exercia de maneira tímida suas atividades, porém, em 01
de outubro de 1990 com a promulgação da Constituição Estadual, através do Artigo 116, atribuiu ao
Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, o estabelecimento e a execução da política estadual de defesa
civil, articulada com o Sistema Nacional de Defesa Civil; com isso, a CODECIMA deixou a pasta da
Secretaria de Justiça, vinculando-se a Secretaria de Segurança Pública, onde funcionou até 1992.
A partir promulgação da Lei nº 5.0855, de 06 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a Organização
Básica do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão e dá outras providências, o CBMMA assumiu
definitivamente o comando e controle das ações defesa civil no Estado, estabelecendo a Secretaria
Executiva de Defesa Civil, como órgão responsável pelo desenvolvimento e execução das atividades
estabelecidas nas legislações federal e estadual.
No ano de 1997, a Secretaria Executiva de Defesa Civil em parceria com a Comissão Nacional de Energia
Nuclear – CNEN visando à capacitação dos integrantes da defesa civil para fazer frente às ocorrências que
envolvesse materiais de origem radiológicas realizou o Curso de Ações de Radioproteção para Respostas a
Situações de Emergência de Origem Radiológica.
Ainda no mesmo ano foi realizado o Curso de Administração para Redução de Desastres – APD, em
parceria com a Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC, visando a capacitação dos membros da
defesa civil e de outros profissionais que atuam na área.
Ao longo do ano 2000 foram realizadas várias interdições e evacuações de prédio localizados no centro
históricos da Cidade de São Luís, devido as péssimas condições estruturais que se encontravam e,
principalmente pelo risco iminente de desabamentos que muitos apresentavam, ameaçando constante a
vida dos transeuntes e a possibilidade de ocorrência de danos materiais.
Em 2004, o Estado do Maranhão foi atingindo por intensas precipitações pluviométricas que provocaram
inundações em vários municípios, causando danos materiais, prejuízos econômicos e sociais relevantes.
Ao todo, 29 municípios sofreram com as conseqüências das chuvas intensas, que afetaram 7.574 famílias,
e desabrigaram aproximadamente 37.969 pessoas.
Diante desse quadro desalentador, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil participou ativamente no
planejamento das ações, mapeamentos dos locais atingidos pelo desastre, cadastramentos e distribuição de
cestas básicas de alimento e colchões, e realização de consultas médicas e medicação das famílias
afetadas.
O QUE É PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
AÇÕES DE PREVENÇÃO
Ações destinadas a reduzir a ocorrência e a intensidade de desastres por meio de:
AÇÕES DE MITIGAÇÃO
Ações que buscam diminuir ou a limitar os impactos dos desastres para a população.
Como nem sempre é possível evitar um desastre, podemos evitar a perda de vidas e diminuir os prejuízos
econômicos e sociais com diversas ações, dentre elas:
• Busca e salvamento;
• Primeiros socorros;
• Assistência à população;
• Fornecimento de materiais de primeira necessidade;
• Restabelecimento dos serviços essenciais.
AÇÕES DE RECUPERAÇÃO
São ações de caráter definitivo destinadas a restabelecer o cenário destruído pelo desastre. Têm por finalidade
restabelecer a normalidade social por meio da reconstrução ou recuperação de obras de infraestrutura
danificadas ou destruídas, com foco primordial na redução de riscos.
Todas as ações de Defesa Civil ocorrem nos três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal
Toda atuação, principalmente de um agente público, deve estar sempre amparada na legalidade. O
Corpo de Bombeiros exerce as suas atividades de Defesa Civil, em razão dos ordenamentos constitucionais
estabelecidos em âmbito nacional e estadual.
A Constituição Federal, em seu Capítulo III (da Segurança Pública), artigo 144, parágrafo 5º,
estabelece aos Corpos de Bombeiros Militares a execução de atividades de defesa civil:
“Artigo 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos”:
I - polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal; IV – polícias civis;
IV – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 5º - Às policias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. “Aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em Lei, incumbe a execução de atividades de
defesa civil”
A organização da Defesa Civil no território nacional decorre da criação do Sistema Nacional de
Defesa Civil (SINDEC), em 16 de dezembro de 1988, que foi reorganizado em 1993 e atualizado pela Lei
Federal nº 12.608, de 10 de abril de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil –
PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – SINPDEC e o Conselho Nacional
de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC; autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento
de desastres, altera as Leis nº. 12.340 de 1º de dezembro de 2010, 10.257 de 10 de julho de 2001 e dá
outras providências.
Diretrizes e Objetivos
A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC abrange as ações de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil e deve integrar-se às
políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças climáticas,
gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais políticas
setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.
Compete à União:
O CONPDEC contará com representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e da sociedade civil organizada, incluindo-se representantes das comunidades atingidas por
desastre, e por especialistas de notório saber.
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil - SEDEC
Órgão central, União representada pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, responsável
por coordenar o planejamento, articulação e execução dos programas, projetos e ações de proteção e defesa
civil.
O SINPDEC poderá mobilizar a sociedade civil para atuar em situação de emergência ou estado
de calamidade pública, coordenando o apoio logístico para o desenvolvimento das ações de proteção e
defesa civil.
Cabe também ao SINPDEC a implementação da doutrina estabelecida na Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil.
XVII - Estudar, definir e propor normas, planos e procedimentos que visem à prevenção, socorro e
* Resposta aos Desastres - responsável pelas atividades de socorro às populações em risco, assistência
aos habitantes afetados e reabilitação dos cenários dos desastres.
* Reconstrução - responsável pelo restabelecimento dos serviços essenciais, reconstrução e/ou
recuperação das edificações e infraestrutura, serviços básicos necessários a restabelecer a normalidade.
Nos municípios de pequeno porte a estrutura da COMPDEC pode ser mais simplificada, com um
Coordenador ou Secretário-Executivo, um técnico que irá desempenhar as atribuições de cadastramento e
revisão de recursos e um setor técnico operativo que desenvolverá as atividades de minimização de
desastres e emergenciais.
Projeto de Lei
A criação da Mensagem do chefe
NÃO SIM criando a
COMPDEC não é do poder executivo à
coordenadoria
levada adiante. Câmara Municipal
Decreto de regulamentação
da Lei que cria a COMPDEC
3. Decreto de Regulamentação da Lei que cria a COMPDEC - link para acesso do modelo:
http://www.bombeiros.go.gov.br/defesacivil/comdec/estruturacao-de-uma- coordenadoria-municipal-de-
defesa-civil-comdec.html
No que diz respeito aos conceitos específicos deste Capítulo, serão adotados aqueles definidos na
Instrução Normativa do Ministério da Integração nº. 2, de 20 de dezembro de 2016 e na Lei nº. 12.608 de
10 de abril de 2012.
Desastre
Em dezembro de 2016 foi aprovada a Instrução Normativa n. 02/2016, que estabelece
procedimentos e critérios para a decretação e o reconhecimento de Situação de Emergência ou Estado de
Calamidade Pública pelos Municípios, Estados e pelo Distrito Federal. Esse documento altera a antiga
conceituação e apresenta esta nova definição de desastre:
[...] resultado de eventos adversos, naturais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre um cenário
vulnerável exposto a ameaça, causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes prejuízos
econômicos e sociais. [...] (INSTRUÇÃO NORMATIVA, 2016)
De modo geral, os desastres são o resultado de eventos que provocam intensas alterações na
sociedade, pondo em risco a vida humana, o meio ambiente e os bens materiais das pessoas e está
relacionado à combinação de fatores como ameaças e vulnerabilidades, que expõe determinadas
populações ao risco de esses fenômenos ocorrerem. O desastre se concretiza quando os riscos são mal
geridos e a população não está preparada para enfrentar fenômenos extremos ou inesperados. Assim sendo,
os desastres efetivamente se configuram quando uma ameaça incide sobre um cenário vulnerável,
produzindo, por consequência, significativos danos e prejuízos a uma determinada comunidade, afetando
essa comunidade a tal ponto que excede sua capacidade de lidar com os efeitos desses fenômenos.
Ameaça/Evento Adverso
Aprendemos que o desastre é o resultado de um evento adverso e que para ele acontecer é
necessário que uma ameaça incida sobre um cenário vulnerável. De acordo com o Glossário de Defesa
Civil, Estudos de Riscos e Medicina de Desastres, a definição de ameaça é: “Estimativa de ocorrência e
magnitude de um evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do
evento e da provável magnitude de sua manifestação”. (BRASIL, 1998, p. 25). Nesse mesmo Glossário, o
termo “evento adverso” corresponde à “Ocorrência desfavorável, prejudicial ou imprópria. Acontecimento
que traz prejuízo, infortúnio. Fenômeno causador de um desastre”. (BRASIL, 1998, p. 72,).
A Estratégia Internacional para a Redução de Desastres apresenta, por sua vez, um conceito
ampliado de ameaça, identificando-a como um [...] evento físico, potencialmente prejudicial, fenômeno
e/ou atividade humana que pode causar a morte e/ou lesões, danos materiais, interrupção de atividade
social e econômica ou degradação ambiental. Isso inclui condições latentes que podem levar a futuras
ameaças, as quais podem ter diferentes origens: Natural (geológico, hidrológica, meteorológico, biológico);
ou Antrópica (degradação ambiental e ameaças tecnológicas). As ameaças podem ser individuais,
combinadas ou sequenciais em sua origem e efeitos.
Cada uma delas se caracteriza por sua localização, magnitude ou intensidade, frequência e
probabilidade. (ESTRATÉGIA..., 2004, p. 2). O que é preciso ficar claro, é que o conceito de ameaça está
mais relacionado ao agente detonante; à probabilidade de algo danoso advir sobre a sociedade, podendo ser
potencialmente prejudicial se incidir sobre populações ou cenários vulneráveis.
Contudo, mesmo que o agente causador do desastre tenha origem natural, isso não significa
que o desastre seja um fato natural e que nada possamos fazer, a não ser ajustar-se a ele. Por exemplo, as
pessoas que residem nas margens dos rios sabem que o rio é uma ameaça; mas elas não percebem que o
processo de ocupação dessas áreas suscetíveis a cheias é o principal fator que produz os riscos. O rio “em
si” não é ameaça e sim um recurso natural, torna-se uma ameaça quando as pessoas ocupam áreas
próximas aos seus
leitos. Por isso, é importante compreender quais as relações e em que contexto um determinado evento ou
fenômeno (chuva, rio, rochas, calor, etc.) se transforma em uma ameaça. Lembre-se de que essa ameaça
apenas se concretiza em desastre se estiver em contato com um cenário vulnerável.
Vulnerabilidade
Tradicionalmente, a Proteção e Defesa Civil compreende o conceito de vulnerabilidade como
“exposição socioeconômica ou ambiental de um cenário sujeito à ameaça do impacto de um evento
adverso natural, tecnológico ou de origem antrópica (Instrução Normativa 02/2016). O grau de
vulnerabilidade seria medido, então, em função da intensidade dos danos e da magnitude da ameaça.
Quanto maior é a intensidade do impacto e/ou a magnitude da ameaça, mais vulnerável está a população a
esse evento. Fundamental, no entanto, é refletir sobre alguns aspectos como:
Quais são as condições que fragilizam uma dada população, bairro ou pessoa?
De que maneira essas condições se constituem, se inter- relacionam e são mantidas em nossa
sociedade?
Quais são as metodologias disponíveis para identificar e avaliar as diferentes dimensões de
vulnerabilidade aos desastres?
Quais estratégias, programas e ações devem ser implementadas para reduzir a vulnerabilidade a
desastres?
Uma definição mais clara e ampla sobre o conceito de vulnerabilidade é apresentada pela
Estratégia Internacional para a Redução de Desastres, que a define como as “[...] condições determinadas
por fatores ou processos físicos, sociais, econômicos e ambientais que aumentam a suscetibilidade e
exposição de uma comunidade ao impacto de ameaças”. (ESTRATÉGIA..., 2004, p. 7).
Percepção de risco: conhecimento sobre os riscos a que estão expostos; acesso à Coordenadoria
Municipal de Proteção e Defesa Civil; enfrentamento de desastres em outras ocasiões; etc.
Educação: grau de escolaridade; alfabetização; etc.
Saúde: existência de doentes crônicos; acesso ao serviço de saúde; etc.
Outros aspectos podem ser sugeridos como: ideológicos; culturais e capacidade de resposta, a depender
dos indicadores utilizados.
Somente a identificação desses aspectos não possibilita compreender quais as relações que
produzem vulnerabilidades sociais e vulnerabilidade aos desastres, especificamente. Assim sendo, após
identificar quais fatores ou aspectos são mais frágeis, será necessário investigar como e por quais razões
isso ocorre. Embora se deva considerar que cada local da cidade possui suas próprias características, tanto
físicas, geológicas, de edificação, como sociais, econômicas, culturais, é necessário também compreender
como as políticas públicas, as ações nas três esferas de governo, a gestão local e municipal dos riscos, o
planejamento urbano entre outros aspectos, possibilitam que a população tenha melhores ou piores
condições para enfrentar os desastres. Para reduzir vulnerabilidades é necessário, efetivamente, ampliar as
capacidades das populações para que elas atuem sobre os processos e os projetos que as envolvem.
Risco
Denominamos risco de desastre a probabilidade de ocorrência de um evento adverso, causando
danos ou prejuízos. Convencionalmente, o risco é expresso pela fórmula: Risco = Ameaça x
Vulnerabilidade. De modo geral, essa fórmula apresenta o risco de desastre como uma relação entre
ameaças e vulnerabilidades. É preciso ter clareza disso, pois, a gestão dos riscos, para minimizar os
impactos dos desastres, depende das ações a serem desenvolvidas dentro dessa relação. A Figura abaixo
representa a relação entre ameaça, risco e vulnerabilidade.
Figura 4.
Fonte: CEPED/SC.
Quando consideramos que risco é produto da relação entre ameaças e vulnerabilidades, podemos
concluir que, ao intervir sobre um ou outro, estamos reduzindo o risco, certo? Quais são as possibilidades
efetivas de intervirmos nas ameaças? Em muitos casos, principalmente em desastres de origem natural,
que fazem parte da maioria dos registros de ocorrências, é difícil minimizar a magnitude das ameaças, ou
seja, diminuir a quantidade de chuvas, reduzir a velocidade dos ventos ou fazer chover onde há estiagem,
dentre outros. Assim, as ações de gestão de riscos, especialmente em contextos urbanos, devem
direcionar os esforços para diminuir as condições de vulnerabilidade aos desastres. Em termos didáticos
e analíticos é comum separar os conceitos de ameaça e de vulnerabilidade para compor, posteriormente, a
dimensão do risco. Contudo, a atuação em gestão de riscos não dissocia a ameaça da vulnerabilidade;
pois para que uma ameaça seja uma ameaça é necessário que haja uma condição vulnerável, caso
contrário não repercutirá sobre a sociedade, não provocará danos e prejuízos, e, portanto, não se
constituirá em um desastre.
Área de Risco
São áreas consideradas impróprias ao assentamento humano, por estarem sujeitas a riscos naturais
ou decorrentes da ação do homem. Por exemplo, margens de rios sujeitas à inundação, áreas de alta
declividade (encostas ou topos de morros) com risco de desmoronamento ou deslizamento de terra, etc.
Desastre Súbito
São eventos adversos que ocorrem de forma inesperada e surpreendente, caracterizados pela
velocidade da evolução e pela violência dos eventos causadores.
Desastre Gradual
São eventos adversos que ocorrem de forma lenta e se caracterizam por evoluírem em etapas de
agravamento progressivo.
Classificação dos Desastres
De acordo com a Instrução Normativa n. 02/2016, os desastres podem ser classificados quanto à
intensidade e em três níveis:
a) nível I - desastres de pequena intensidade;
b) nível II - desastres de média intensidade;
c) nível III - desastres de grande intensidade.
São desastres de nível I aqueles em que há somente danos humanos consideráveis e que a
situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou
complementados com o aporte de recursos estaduais e federais.
São desastres de nível II aqueles em que os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis pelos
governos locais e a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível
local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e federais;
São desastres de nível III aqueles em que os danos e prejuízos não são superáveis e suportáveis
pelos governos locais e o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação
coordenada das três esferas de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e, em
alguns casos, de ajuda internacional.
Os desastres de nível II são caracterizados pela ocorrência de ao menos dois danos, sendo um
deles obrigatoriamente danos humanos que importem no prejuízo econômico público ou no prejuízo
econômico privado que afetem a capacidade do poder público local em responder e gerenciar a crise
instalada;
Os desastres de nível III são caracterizados pela concomitância na existência de óbitos, isolamento
de população, interrupção de serviços essenciais, interdição ou destruição de unidades habitacionais,
danificação ou destruição de instalações públicas prestadoras de serviços essenciais e obras de
infraestrutura pública.
Outras três classificações sobre os desastres que são de suma importância para o entendimento e a
doutrina de proteção e defesa civil são: classificação quanto à Evolução, Origem e Periodicidade.
Quanto a Evolução
Quanto à evolução, os desastres são classificados em: desastres súbitos ou de evolução aguda
e desastres graduais ou de evolução crônica. São desastres súbitos ou de evolução aguda os que se
caracterizam pela velocidade com que o processo evolui e pela violência dos eventos adversos
causadores desses desastres, podendo ocorrer de forma inesperada e surpreendente ou ter características
cíclicas e sazonais, sendo assim facilmente previsíveis.
São desastres graduais ou de evolução crônica os que se caracterizam por evoluírem em etapas de
agravamento progressivo.
Quanto à origem
Conhecido também pela causa primária do agente causador, os desastres são classificados em:
naturais e tecnológicos.
São desastres naturais os causados por processos ou fenômenos naturais que podem implicar em
perdas humanas ou outros impactos à saúde; danos ao meio ambiente, à propriedade; interrupção dos
serviços e distúrbios sociais e econômicos. Exemplos de desastres naturais: deslizamentos, inundações,
enxurradas devido a fortes chuvas; vendavais; seca e estiagem; erosão marinha; terremotos; entre outros.
São desastres tecnológicos aqueles originados de condições tecnológicas ou industriais,
incluindo acidentes, procedimentos perigosos, falhas na infraestrutura ou atividades humanas
específicas, que podem implicar em perdas humanas ou outros impactos à saúde, danos ao meio
ambiente, à propriedade, interrupção dos serviços e distúrbios sociais e econômicos. Exemplo de
desastres tecnológicos: acidentes nucleares; acidentes com produtos perigosos; rompimento de
barragens; explosões; entre outros.
Figura 5: Desastre natural – Erosão no Município de Novo Gama-GO. Fonte: 5º REDEC, 2015.
Figura 6: Desastre Tecnológico – Césio 137 – Goiânia-GO. Fonte: Foto divulgação/CNEN, 1987.
São desastres cíclicos ou sazonais aqueles que ocorrem periodicamente e guardam relação com as
estações do ano e com os fenômenos associados.
Desastres de periodicidade cíclica ou sazonal: cheias de rios que ocorrem anualmente em função do
período de chuvas. Há, também, o exemplo da seca sazonal, que é uma particularidade de regiões onde o
clima é semiárido. Nessas regiões os rios só sobrevivem se a sua água for oriunda de outras regiões onde
o clima é úmido. Esse tipo de seca possibilita o plantio desde que em períodos de chuvas ou por irrigação.
Figura 7: Desastre relacionado com a periodicidade – inundações cidade de Goiás-GO. Fonte: CODEC/GO, 2001.
Danos
De acordo com a Instrução Normativa nº. 02/2016, dano é o resultado das perdas humanas,
materiais ou ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos ecossistemas
como consequência de um desastre. A classificação dos danos deve considerar a identificação de danos
humanos, materiais e ambientais.
Danos Humanos
Os danos humanos são dimensionados em função do tipo de dano e o número de pessoas afetadas
pelos desastres, cabendo especificar o número de: mortos, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e
desaparecidos. Em longo prazo, é possível dimensionar, ainda, o número de pessoas incapacitadas
temporariamente e definitivamente. Portanto, podemos considerar que:
Desabrigados: são as pessoas cujas habitações foram destruídas ou danificadas por desastres, ou estão
localizadas em áreas com risco iminente de destruição, e que necessitam de abrigos temporários para
serem alojadas.
Desalojados: são as pessoas cujas habitações foram danificadas ou destruídas, mas que não,
necessariamente, precisam de abrigos temporários. Muitas famílias buscam hospedar-se na casa de amigos
ou parentes, reduzindo a demanda por abrigos em situação de desastre.
Desaparecidos: até provar o contrário, são considerados vivos, porém podem ser considerados
desaparecidos quando estão em situação de risco de morte iminente e em locais inseguros e perigosos,
demandando esforço de busca e salvamento para serem encontrados e resgatados com o máximo de
urgência.
Danos Materiais
Os danos materiais correspondem, predominantemente, aos bens imóveis e às instalações que foram
danificadas ou destruídas em decorrência de um desastre, como: instalações de saúde, unidades
habitacionais, instalações de ensino, instalações prestadoras de serviços essenciais, entre outras.
Danos Ambientais
Os principais danos ambientais se referem à: poluição ou contaminação do ar, da água ou do solo,
prejudicando a saúde e o abastecimento; diminuição ou exaurimentos sazonal e temporário da água; e
destruição parcial de Parque e Áreas de Preservação Ambiental e Áreas de Preservação Permanente
Nacionais, Estaduais ou Municipais.
Prejuízos
Por prejuízo podemos entender a medida de perda relacionada com o valor econômico, social e
patrimonial de um determinado bem, em circunstâncias de desastre (Instrução Normativa nº. 02/2016). A
classificação de prejuízo pode ser feita entre prejuízos econômicos públicos e prejuízos econômicos
privados.
Prejuízos Econômicos Públicos: referem-se aos prejuízos relacionados ao colapso dos seguintes
serviços essenciais:
assistência médica;
saúde pública e atendimento de emergências médico-cirúrgicas;
abastecimento de água potável;
esgoto de águas pluviais e sistema de esgotos sanitários;
sistema de limpeza urbana e de recolhimento e destinação do lixo;
sistema de desinfestação e desinfecção do habitat e de controle de pragas e vetores;
geração e distribuição de energia elétrica;
telecomunicações;
transportes locais, regionais e de longas distâncias;
distribuição de combustíveis, especialmente os de uso doméstico;
segurança pública; e
ensino.
Prejuízos Econômicos Privados: São avaliados em função da perda de atividade econômica existente ou
potencial, incluindo frustração ou redução de safras, perda de rebanhos, interrupção ou diminuição de
atividades de prestação de serviço e paralisação de produção industrial. Depois de contabilizados, os
prejuízos devem ser comparados à capacidade econômica do município afetado, podendo-se utilizar como
parâmetro o valor da Receita Corrente Líquida. Essa comparação poderá fornecer ao ente atingido uma
ideia da magnitude do desastre, bem como estabelecer uma relação com o que chamamos de prejuízos
sociais, que são caracterizados em função da queda do nível de bem-estar da comunidade afetada e do
incremento de riscos à saúde e à incolumidade da população. Os prejuízos sociais são mensurados em
função dos recursos necessários para permitir o restabelecimento dos serviços essenciais.
O termo “risco”, na Doutrina Brasileira de Defesa Civil, foi conceituado como: relação existente entre a
probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize, com o grau de
vulnerabilidade do sistema receptor a seus efeitos.
Para diminuirmos o risco de algo ruim acontecer, precisamos antecipar o risco, ou seja, prever o que pode dar
errado, para que possamos nos prevenir.
Para prevenir os desastres em nossa comunidade, é necessário realizar a gestão de risco. Para isto, primeiro
identificamos e avaliamos os riscos existentes e, posteriormente, atuamos em duas frentes: de um lado,
atuamos de modo a diminuir a probabilidade e a intensidade da ameaça; de outro, atuamos para reduzir as
vulnerabilidades e fortalecer a capacidade de enfrentamento dos riscos.
A gestão de risco inicia com a prevenção e mitigação, buscando medidas para avaliar e reduzir o risco de
desastre; e, por meio da preparação, tomar medidas para otimizar a resposta do sistema de defesa civil aos
desastres.
A prevenção de desastres é implementada por meio de dois processos importantes: a análise e a redução dos
riscos de desastres.
Antes de escolher e implantar medidas preventivas, é necessário conhecer quais são os riscos a que a
comunidade está realmente exposta. A Análise de Risco engloba a identificação, avaliação e hierarquização,
tanto dos tipos de ameaça quanto dos elementos em risco. Após a realização desse processo, é possível definir
as áreas de maior risco.
Após realizar a análise dos riscos, é necessário reduzi-los a fim de garantir a seguridade da população. A
redução dos riscos de desastre pode ser possível com uma atuação sobre as ameaças e as vulnerabilidades
identificadas e priorizadas na análise de risco.
Na atuação sobre as ameaças identificadas, são tomadas medidas para reduzir a probabilidade de que um
evento adverso ocorra ou, ainda, para que a sua intensidade seja atenuada, mas nem sempre é possível
diminuir a frequência e a magnitude dos eventos, principalmente quando se trata de desastres naturais,
podemos apenas realizar o monitoramento das ameaças.
Já a redução do grau de vulnerabilidade é conseguida por intermédio de medidas estruturais e não estruturais.
As medidas estruturais têm por finalidade aumentar a segurança intrínseca das comunidades, por intermédio
de atividades construtivas, através de implantação de obras de engenharia de forma planejada.
As medidas não estruturais, por sua vez, compreendem um conjunto de medidas estratégicas e educativas,
sem envolver obras de engenharia, voltadas para a redução do risco e de suas consequências.
As medidas não estruturais utilizam-se de ferramentas de gestão e relacionam-se com a mudança cultural e
comportamental e com a implementação de normas técnicas e de regulamentos de segurança.
Todas estas medidas podem ser implantadas pelo poder público, por meio de ações legislativas, intensificação
da fiscalização, campanhas educativas e obras de infraestrutura. Podem, ainda, ser concretizadas por meio de
parcerias entre o poder público e a sociedade, principal beneficiada com mais medidas de redução dos riscos.
2. Percepção de risco
É o ato de tomar contato com um perigo por meio dos seus sentidos e interpretar essa informação para então
decidir como agir. É ser capaz de identificar perigos e reconhecer riscos. Perigo são as circunstâncias
potencialmente capazes de acarretarem algum tipo de perda, dano ou prejuízo ambiental, material ou humano.
Percepção de risco depende do conhecimento comum sobre os riscos de desastres, os fatores que levam a
desastres e as ações que podem ser tomadas individual e coletivamente para reduzir a exposição e
vulnerabilidade aos perigos.
3. Risco de Desastre
Deslizamento
Em uma cidade há uma área de morro com construções muito precárias. Foram muitos anos de ocupação
desordenada, obras irregulares e falta de fiscalização. A vegetação foi retirada em quase sua totalidade e,
com o tempo, a área tornou-se muito insegura. Durante alguns dias ocorreu uma chuva fraca que foi se
intensificando cada vez mais, até que em um determinado dia choveu em algumas horas o que estava
previsto para uma semana inteira. A chuva continuou durante o resto da semana e, por fim, aconteceu um
grande deslizamento de terra.
1. Ameaça
É a possibilidade de deslizamento de todo aquele terreno em função das características do morro, como
inclinação, falta de vegetação e saturação do solo.
2. Exposição
As pessoas, casas e estruturas que poderiam ser atingidas.
3. Vulnerabilidade
Refere-se às características dessas pessoas, construções e estruturas, e como elas poderiam reagir ao perigo.
C A P A C I D A D E DE R E S I L I Ê N C I A
No que diz respeito à capacidade de resiliência, pode-se dizer que ela exerce uma força contrária aos efeitos
de um desastre, ou seja, é um dos principais focos da RDD e pode ser trabalhada sob o ponto de vista
financeiro, socioeconômico e de gestão. Para as Nações Unidas, a capacidade de resiliência se define
pela combinação de todas as forças, atributos e recursos existentes em uma comunidade, sociedade ou
organização para gerir e reduzir os riscos e aumentar a resiliência.
Do ponto de vista operacional, a resiliência está relacionada à forma como o governo e a sociedade civil
compreendem os riscos que enfrentam e são capazes de se auto-organizar. Quatro componentes se
articulam nesse processo:
A GRD é um conceito que surgiu essencialmente após 1998, inspirado na realidade posta em evidência pelo
desastre associado ao Furacão Mitch e seus desdobramentos. A nova concepção evoluiu da simples gestão
de desastres para a gestão de riscos de desastres, com o objetivo de ampliar o conceito e reduzir as
perdas e danos, fortalecer a resiliência e promover o desenvolvimento sustentável.
O Furacão Mitch afetou grandes áreas em Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Honduras, e Sul da Flórida,
EUA, em outubro e novembro de 1998, causando cerca de 7 bilhões de dólares em perdas econômicas e
aproximadamente 20.000 mortes (LAVELL, 2000, p. 18).
Assim, pode-se dizer que a GRD faz parte do planejamento de um órgão de P&DC voltado para as ações de
prevenção, mitigação e preparação, com destaque inicial para a análise de variáveis, em que se permite
estabelecer as relações de causa e efeito do elemento de risco. Nesse sentido, a análise de riscos abrange três
dimensões:
1 O levantamento das características da ameaça, tais como a sua localização, intensidade, frequência e
probabilidade;
3 A análise da vulnerabilidade, incluindo saúde, dimensões físicas, sociais, econômicas e ambientais. Por
isso, ao se analisar a relação entre ameaça, vulnerabilidade e exposição, fica evidente que a correta
consideração desses fatores é fundamental para a construção de estratégias para a redução de riscos.
Vulnerabilidade
Infraestruturas em condições precárias construídas irregularmente em áreas de risco.
Exposição
Urbanização desordenada, a construção irregular de habitações em encostas acentuadas apresenta maior
risco de deslizamento em situações de chuva intensa.
Ameaça ou perigo
O alto volume de água das chuvas, causadas pelas alterações climáticas urbanas, provoca deslizamento de
terra e soterra as construções irregulares do local, gerando danos humanos, materiais, ambientais e prejuízos.
O Plano de Contingência (PLANCON) estabelece as ações de proteção e defesa civil. Ele é elaborado a partir
de uma determinada hipótese de desastre e organiza as ações de preparação e resposta. Ele funciona como um
planejamento da resposta e deve ser elaborado na normalidade, com a definição de procedimentos, ações e
decisões que serão tomadas em caso de eventos extremos. Já na fase de resposta o PLANCON é colocado em
prática, com base em todo o planejamento feito anteriormente, e adaptado as situações encontradas durante a
Operação.
O Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil tem amparo legal da Lei 12.608/2012, que institui a
Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Conforme dispõem artigos 7º, 8°, inciso XI e 22, § 2°, inciso II e § 6° desta Lei é competência do município a
elaboração do Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil, além da realização de audiência pública e
simulados. Para isso a Defesa Civil Estadual oferece apoio e suporte técnico para a elaboração.
Para elaborar o Plano deve ser dividido em elementos que resultem em ações estratégicas e planejadas para
resposta em momentos de emergência.
É necessário o levantamento e cadastramento da população vulnerável, como crianças, idosos, grupos com
necessidades especiais, cadeirantes e acamados que vivem nas áreas de risco. Em um momento de emergência
este é o primeiro grupo que deve ser assistido. Este trabalho pode ser realizado com o apoio das Agentes de
Saúde.
Outro ponto importante é identificar a responsabilidade dos órgãos e instituições que desenvolvem ações
específicas em emergências para formação do Grupo de Ações Coordenadas (GRAC). Este trabalho
deve descrever as linhas de autoridade e relacionamento entre as entidades envolvidas e mostrar como as
ações serão coordenadas.
Os itens definidos devem ter aprovação e aval dos órgãos e instituições que compõem GRAC com base
no planejamento específico de cada órgão. O Plano deve identificar e quantificar os recursos humanos,
materiais, e financeiros, equipamentos, instalações, suprimentos e outros recursos disponíveis para a resposta
às emergências e como serão mobilizados. É importante a revisão de planos existentes, legislação federal,
estadual e municipal, normas administrativas, planos aplicáveis às áreas de risco e áreas vizinhas, convênios,
acordos de cooperação, entre outros.
O PLANCON deve descrever como as pessoas e animais domésticos poderão ser evacuados um evento
extremo e as rotas de fuga, que são traçadas levando em consideração o cenário de risco e o mapeamento da
população vulnerável. É necessário definir as rotas para que, no momento de emergência, a população
saiba para quais locais devem seguir e quais vias devem ser utilizadas, além dos pontos de encontro, de apoio
e de abrigo. Ou seja, quais as atitudes devem ser tomadas por cada cidadão.
É fundamental que seja realizado um simulado para o treinamento e análise do Plano com os principais órgãos
e instituições responsáveis pela implementação do PLANCON. Da mesma forma, um treinamento
com comunidade em conjunto com o GRAC. O simulado é a concretização do planejamento e possibilita
os ajustes finais (pós-simulado) para a conclusão do Plano.
Simulado de mesa realizado durante o Exercício de Ajuda Humanitária de 2020. Foto: Flávio Jr DCSC.
O plano é um documento dinâmico que deve ser revisado e atualizado para garantir a eficácia e
operacionalidade ao longo do tempo. Este processo de melhoria implica na revisão periódica e sistemática,
uma vez ao ano, é o processo de complementação do planejamento visando à adoção de procedimentos
operacionais padronizados para a atuação dos órgãos e instituições envolvidos no GRAC.
Caminhão é arrastado por enxurrada. (Foto: Pablo Gomes/Zero Horas/AG.RBS FONTE: Click
RBS).
Para melhor compreender os fenômenos que podem ocorrer a partir das chuvas, é importante saber
diferenciar cada um dos termos e quais processos de formação estão associados a eles. Apesar de todos
serem oriundos das chuvas e do crescimento desordenado das cidades, cada um possui sua particularidade.
Enchente (ou cheia): é o aumento do nível da água no canal de drenagem em função do aumento da vazão,
atingindo a cota máxima do canal, porém, sem que isso gere transbordamento.
Perfil Esquemático de enchente, inundação e alagamento. (FONTE: Defesa Civil de São Bernardo do
Camop/SP, 2011).
Diversas ações antrópicas são condicionantes para o agravamento e aumento da frequência dos fenômenos
13. Como agir em caso de desastre
Vendavais
São perturbações marcantes no estado normal da atmosfera. É o deslocamento violento de uma massa de
ar, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão.
- Deslizamento
Fenômeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos, rochas, vegetação e/ou
material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados de “encostas”, “pendentes” ou
“escarpas”.
Os deslizamentos em encostas e morros urbanos vêm ocorrendo com uma frequência alarmante nestes
últimos anos, devido ao crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de risco,
principalmente pela população mais carente.
- Inundações ou alagamentos
São águas acumuladas no leito das ruas e nos perímetros urbanos, por fortes precipitações pluviométricas,
em cidades com sistemas de drenagem deficientes.
Nos alagamentos, o extravasamento das águas depende muito mais de uma drenagem deficiente, que
dificulta a vazão das águas acumuladas, do que das precipitações locais.
O fenômeno relaciona-se com a redução da infiltração natural nos solos urbanos, a qual é provocada por:
Compactação e impermeabilização do solo;
Pavimentação de ruas e construção de calçadas, reduzindo a superfície de infiltração;
Construção adensada de edificações, que contribuem para reduzir o solo exposto e concentrar o
escoamento das águas. No Brasil é comum a ocorrência de enxurrada e alagamento em áreas urbanas
acidentadas, como ocorre no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e em cidades serranas.
Raios e tempestades
Tempestades são caracterizadas por raios e trovões. São produzidas por uma ou mais nuvens
cumulunimbus também conhecidas como nuvens de tempestade. Cerca de 2000 tempestades estão sempre
ocorrendo, o que significa que 16 milhões ocorrem anualmente em nosso planeta. A chance de uma pessoa
ser atingida por um raio é algo em torno de 1 para 1milhão. A maioria das mortes e ferimentos não
acontecem devido a incidência direta de um raio. Na verdade, são efeitos indiretos associados à
proximidade do raio ou por efeitos secundários.
A corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso
central e outras partes do corpo, através do aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas. Cerca
de 20 a 30% das vítimas de raios morrem, a maioria delas por parada cardíaca e respiratória, e cerca de
70% dos sobreviventes sofrem devido às sérias sequelas psicológicas e orgânicas, por um longo tempo. As
sequelas mais comuns são diminuição ou perda de memória, diminuição da capacidade de concentração e
distúrbio do sono.
NÃO se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos;
NUNCA se abrigue debaixo de árvores isoladas.
Granizo
O granizo, também conhecido por “saraivada”, é a precipitação de pedras de gelo, normalmente de forma
esferoide, com diâmetro igual ou superior a 5mm, transparentes ou translúcidas, que se formam no interior
de nuvens do tipo cumulonimbus.
Incêndio florestal
É a propagação do fogo, em áreas florestais e de savana (cerrados e caatingas), normalmente ocorre com
frequência e intensidade nos períodos de estiagem e está intrinsecamente relacionada com a redução da
umidade ambiental.
Os incêndios podem iniciar-se de forma espontânea ou ser consequência de ações e/ou omissões humanas,
mas mesmo nesse último caso, os fatores climatológicos e ambientais são decisivos para incrementá-los,
facilitando sua propagação e dificultando seu controle.
Tsunami
Tsunami, palavra de origem japonesa que significa “onda de porto” (tsu = porto; nami = onda), é uma onda
gigante que se forma no oceano por meio de grandes perturbações nas águas, que podem ter origens
diversas, desde movimentos tectônicos no assoalho oceânico até mesmo o impacto de um meteorito. Os
tsunamis têm elevado potencial destrutivo e podem trazer consequências avassaladoras para as áreas
atingidas.
Diferentes fatores que dão origem aos tsunamis.
O vulcanismo é também outro fator gerador de tsunamis, embora ocorra com menor frequência. A
atividade vulcânica nesse caso pode se dar tanto no fundo dos oceanos quanto nas zonas costeiras, como a
destruição da caldeira vulcânica durante o processo de erupção e o consequente deslizamento de grandes
quantidades de detritos para o mar, ou, ainda, o fluxo propriamente dito de lava e outros materiais.
Deslizamentos de terra (ou avalanches) que acontecem em profundidade, nas áreas mais íngremes do
assoalho oceânico, podem provocar também a propagação de energia para a formação dos tsunamis. Outros
eventos que acarretam a entrada de grandes volumes de materiais no oceano e deslocam enormes
quantidades de água têm, da mesma forma, potencial para gerar ondas gigantes.
Características de um tsunami
Os tsunamis têm comprimentos de onda que variam de 100 km a 500 km, enquanto as ondas comuns
chegam a algumas centenas de metros. A sua amplitude (medida da onda acima da água parada, que
corresponde à posição de equilíbrio) é pequena e variável na escala de metros.
Outra característica importante dos tsunamis é a sua elevada velocidade em mar aberto. Nessas áreas, as
ondas se deslocam em até 890 km/h. À medida que se aproximam da costa, isto é, avançam sobre áreas
mais rasas, os tsunamis perdem velocidade e ganham altitude, atingindo de 30 m a 40 m. Há, no entanto,
registros de ondas que chegaram a 50 metros de altura.
Esse fenômeno possui altíssimo poder de destruição, uma vez que as ondas se quebram violentamente
quando chegam no litoral e suas águas conseguem avançar, ainda, centenas de quilômetros sobre as áreas
atingidas.
BRASIL. Decreto nº 5.113, de 23 de junho de 2004. Regulamenta o art. 20, inciso XVI, da Lei no 8.036,
de 11 de maio de 1990, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e dá outras
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2004. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5113.htm. Acesso em: 31 ago. 2020.
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