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Etapa Ensino Médio

Sociologia

Desenvolvimentos
e deslocamentos
1ª SÉRIE
Aula 14 – 3º bimestre
Conteúdo Objetivo
• Projetos de • Analisar criticamente
desenvolvimento; megaprojetos de
desenvolvimento no Nordeste
• Deslocamentos forçados brasileiro, compreendendo seus
no Brasil;
impactos positivos e negativos
• Desenvolvimento nas populações e no meio
sustentável. ambiente da bacia do rio São
Francisco.
Para começar

Quais ideias vem à sua cabeça quando se


fala do sertão e do Nordeste brasileiro?
Para começar
Você já se perguntou o motivo
do sertão e do Nordeste do
Brasil estarem relacionados à
seca, à fome e à pobreza?
Isso certamente está ligado aos
discursos e às ideologias que as
elites propagam, mediante seus
veículos midiáticos, sobre o
semiárido nordestino, disputando
as verdades sobre essa região do
país (GOMES; ROSADO, 2018).
Polígono da seca (SOARES, 2013)
Para começar
A seca favorece historicamente as elites
“Para o povo pobre do Nordeste, em especial, o final do
Império e os primeiros tempos da República foram épocas
muito difíceis, pois a decadência econômica e as secas
periódicas diminuíram as possibilidades de trabalho e levaram
milhares de famílias à miséria” (DOMINGUES, 2009).
“As causas regionais do seu aparecimento [do cangaço] são
bem nítidas. Podemos partir da grande seca de 1877, que
flagelou o Nordeste, desorganizando-lhe a fraca economia. [...]
Estes seriam, daí por diante, o exército particular de coronéis
em luta pelo mando político e, principalmente, uma força de
controle social, atuando contra o ‘povo miúdo’, de modo a “Lampião”
impor a ordem dos latifundiários” (CHIAVENATO, 2021). (1897-1938)
Para começar
Ouça a música “Sobradinho”, por Sá e
Guarabyra, procurando extrair uma visão
crítica acerca dos efeitos sociais e ambientais da
ação humana no semiárido brasileiro. Também
procure relacionar a música à profecia de
Antônio Conselheiro (beato líder do movimento
de Canudos) e ao trecho da reportagem abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=naxgLThFCsc
Para começar
A música aponta como a construção
de represas, como a da Hidrelétrica
Luiz Gonzaga, alagou regiões do
Sertão, modificando o ambiente e
deslocando as pessoas, já que não
poderiam continuar morando por ali.
É por causa desses processos, frutos
da ação humana, que a música diz
que a profecia de Antônio Conselheiro
(“o sertão vai virar mar”) se realizou.

(CAVALCANTE, 2014)
Foco no conteúdo
Tira gente, põe represa
Grandes obras de infraestrutura, como a abertura
de estradas (Transamazônica) e a construção de
grandes reservatórios para barragens hidrelétricas
tornaram-se símbolos do “desenvolvimento” no
período da ditadura militar (1964-1984). No
Nordeste do país, em particular em Pernambuco e
na Bahia, onde as usinas de Paulo Afonso já
funcionavam desde a década de 1960, criaram-se
as barragens de Sobradinho e Itaparica (atual Luiz
Gonzaga). A reestruturação energética à época
visava o desenvolvimento do país como um todo
Google Maps
(FLORÊNCIO; ABIB, 2022, p. 122).
Foco no conteúdo
Territórios inundados
“Entre as populações diretamente
implicadas na inundação dos territórios
descritos, existiam alguns grandes Povo Tuxá (APIB, 2021)
proprietários, pequenos agricultores
(45,6% dos reassentados), pescadores,
arrendatários, meeiros e dois povos
indígenas, os Tuxá e os Pankararu”
(ARRUTI apud CAMARGO, 2018, p. 109).

Povo Pankararu (UNICAMP, 2021)


Na prática 2 minutos

ENEM 2011
SOBRADINHO
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que
dizia que o Sertão ia alagar.
Na prática 2 minutos

ENEM 2011
O trecho da música faz referência a uma importante obra na
região do rio São Francisco. Uma consequência socioespacial
dessa construção foi:
a) a migração forçada da população ribeirinha.
b) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
c) a preservação da memória histórica da região.
d) a ampliação das áreas de clima árido.
e) a redução das áreas de agricultura irrigada.
Na prática Correção 2 minutos

ENEM 2011
O trecho da música faz referência a uma importante obra na
região do rio São Francisco. Uma consequência socioespacial
dessa construção foi:
a) a migração forçada da população ribeirinha.
b) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
c) a preservação da memória histórica da região.
d) a ampliação das áreas de clima árido.
e) a redução das áreas de agricultura irrigada.
Foco no conteúdo
Um desenvolvimento controverso
Os grandes projetos de desenvolvimento no submédio São Francisco
causaram muita instabilidade aos povos tradicionais da região
(CAMARGO, 2018). A construção da obra de transposição do rio São
Francisco parece se inserir precisamente nesse contexto, sendo uma
solução bastante controversa:
“Uma das soluções apontadas para a superação dessa problemática [da
seca no Nordeste] é a da transposição do rio São Francisco, que levaria
água à população carecida, promovendo o desenvolvimento regional. O
assunto é cercado de polêmicas, sobretudo de natureza política-
ambiental, e divide opiniões. É sentida também a necessidade de uma
gestão integrada e sustentável de recursos hídricos” (SOARES, 2013).
Foco no conteúdo
“A ideia de transpor águas do rio São
Francisco é antiga, ainda dos tempos
do Brasil Colônia. Segundo Bezerra
(2002), o monarca Dom João VI, às
vésperas de deixar o Brasil, em abril
de 1821, já teria recomendado a
obra a seu filho, Dom Pedro I,
porém, os estudos sobre a
viabilidade do projeto caíram no
esquecimento devido à urgência de
assuntos políticos mais imediatos,
como a Confederação do Equador em
1824” (SOARES, 2013, p. 80). Guia do Estudante
Foco no conteúdo
Desenvolvimento e migração
Apesar das construções de hidrelétricas forçarem a migração de
populações da bacia do Rio São Francisco, Barreto e outros
engenheiros afirmam que as execuções desses projetos são
relevantes para desenvolver socioeconomicamente a região,
tornando-a mais atraente, diminuindo o êxodo para grandes
centros:
“Essa migração, muitas vezes para os grandes centros urbanos,
acabou por acarretar os inchaços das cidades mais desenvolvidas.
Com a transposição do rio São Francisco espera-se que diminua o
êxodo rural dos nordestinos e ainda aumente a emigração para a
região” (MI apud BARRETO et al., 2008, p. 11).
Foco no conteúdo
Desenvolvimento e (in)segurança
“Mesmo que o projeto se designe inicialmente como uma obra de
desenvolvimento que [...] busca a garantia de acesso à água, hoje o
panorama que é colocado por sua construção opera antes como um
objeto de insegurança para os povos indígenas e comunidades rurais
diretamente implicados” (CAMARGO, 2018, p. 99).
“Os povos indígenas, assim como outras comunidades tradicionais e do
campo, sofreram diversas modificações no seu território com as obras
de desenvolvimento no submédio São Francisco, o que alterou não
somente seu espaço de residência e produção, mas toda a dinâmica de
suas relações sociais. A resistência foi motivada pelo sentimento
amplamente compartilhado de que as grandes obras acarretam diversos
prejuízos às comunidades tradicionais” (CAMARGO, 2008, p. 114).
Foco no conteúdo
Os Pipipã, sua terra e a água
Embora expressem suas oposições à transposição
do São Francisco, alguns dos Pipipã compreendem
que as pessoas devem ficar esperançosas, seja pela
pequena oferta de alguns postos de trabalho, seja
pela proximidade das obras, que gera a impressão
de que haverá acesso à água do canal. Para uma
das lideranças, pior do que não ofertar água, é Povo Pipipã
acabar com as únicas fontes de água doce próximas (Prefeitura de
ao seu povo. Essa liderança associa a escassez de Floresta, 2023)
águas nessas fontes às constantes explosões
realizadas com dinamite junto às escavações para a
construção do canal (CAMARGO, 2018, p. 114).
Na prática 2 minutos

CONSULTEC – 2006
A transposição do rio São Francisco tem gerado debates, cujas opiniões
são bastante divergentes em relação à implantação desse megaprojeto.
Com base nos conhecimentos sobre o assunto e suas possíveis
implicações, pode-se concluir:
a) O objetivo da transposição do São Francisco é eliminar a pobreza do
semiárido nordestino e a miséria pessoal.
b) Após a transposição, as águas do São Franciso só poderão ser
utilizadas para consumo doméstico, evitando, assim, a diminuição do
volume da água do rio.
c) O projeto de transposição do São Francisco beneficiará apenas a
população ribeirinha, fato que tem provocado muitas polêmicas.
Na prática 2 minutos

d) A implantação desse megaprojeto possibilitará ao Nordeste sair


da estagnação econômica e eliminar a indústria da seca.
e) As divergências sobre a transposição do São Francisco, entre os
analistas, estão relacionadas ao alto custo desse projeto, aos
impactos ambientais que ocorrerão e à possibilidade de
privilegiar as oligarquias.
Na prática Correção 2 minutos

a) O objetivo da transposição do São Francisco é eliminar a pobreza do


semiárido nordestino e a miséria pessoal.
b) Após a transposição, as águas do São Franciso só poderão ser
utilizadas para consumo doméstico, evitando, assim, a diminuição do
volume da água do rio.
c) O projeto de transposição do São Francisco beneficiará apenas a
população ribeirinha, fato que tem provocado muitas polêmicas.
d) A implantação desse megaprojeto possibilitará ao Nordeste sair da
estagnação econômica e eliminar a indústria da seca.
e) As divergências sobre a transposição do São Francisco, entre
os analistas, estão relacionadas ao alto custo desse projeto,
aos impactos ambientais que ocorrerão e à possibilidade de
privilegiar as oligarquias.
Aplicando
Um dos impactos dos projetos de desenvolvimento são aqueles que
recaem sobre os recursos naturais – a exemplo da água do rio São
Francisco transposta no semiárido nordestino –, por isso a
necessidade de agregar o tema do desenvolvimento sustentável
ao problema em questão.
“O termo ‘desenvolvimento sustentável’ foi introduzido
primeiramente no relatório “Our common future (nosso futuro
comum), de 1987, encomendado pelas Nações Unidas, também
conhecido como Relatório Brundtland [...]. O desenvolvimento
sustentável foi definido como o uso de recursos renováveis para
promover o crescimento econômico, a proteção das espécies
animais e da biodiversidade e o compromisso com a manutenção da
pureza do ar, da água e da terra” (GIDDENS, 2005, p. 487).
Aplicando Para casa

Pesquise sobre a hidrelétrica


de Belo Monte para avaliar os
seus impactos ao meio ambiente
e ao modo de vida das
populações da região.
O que aprendemos hoje?
• Grandes obras de infraestrutura, como a abertura de
estradas (Transamazônica) e a construção de grandes
reservatórios para barragens hidrelétricas tornaram-se
símbolos do “desenvolvimento” no período da
ditadura militar (1964-1984);
• Construções de represas e hidrelétricas alagaram
regiões do sertão, modificando o ambiente e deslocando
as pessoas, já que não poderiam continuar morando por
ali. É por causa desses processos, frutos da ação
humana, que a música “Sobradinho”, de Sá e Guarabyra,
diz que a profecia de Antônio Conselheiro (“o sertão vai
virar mar”) se realizou;
O que aprendemos hoje?
• Os grandes projetos de desenvolvimento na bacia do
São Francisco causaram muita instabilidade aos povos
tradicionais da região. A obra de transposição das águas
do rio parece se inserir precisamente nesse contexto,
afetando a estabilidade da vida dessas populações;
• Um dos impactos dos projetos de desenvolvimento são
aqueles que recaem sobre os recursos naturais, por isso
a necessidade de agregar o tema do desenvolvimento
sustentável ao problema em questão.
Tarefa SP
Localizador: 99145

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
BARRETO, L. et al. “Aspectos positivos e negativos da transposição das águas do Rio São
Francisco”. Enciclopédia Biosfera, v. 4, n. 6, 2008. Disponível em:
https://www.conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/4889. Acesso em: 7 jul.
2023.
CAMARGO, C. S. de. “Reivindicando fluxos em contextos de desigualdade: os povos
indígenas do sertão de Itaparica e a transposição do Rio São Francisco”. Maloca: Revista
de Estudos Indígenas, Campinas, v. 1, n. 1, p. 98-120, 2019. DOI:
10.20396/maloca.v1i1.13199. Disponível em:
https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/maloca/article/view/13199. Acesso em: 7
jul. 2023.
CHIAVENATO, J. Cangaço: milícia do Coronelismo. São Paulo: Noir, 2021.
DOMINGUES, J. E. História em documento: imagem e texto. São Paulo: FTD, 2009.
FLORÊNCIO, R. R.; ABIB, P. R. J. “Os povos indígenas do Opará e a educação intercultural:
uma etnografia crítica”. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 16, n. 1, p. 105–136, 2022.
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/article/view/117413.
Acesso em: 7 jul. 2023.
Referências
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
GOMES, A. L.; ROSADO, C. A. da E. Ideologia, poder e discurso da seca na
mídia. Natal: Edufrn, 2018. 159 p. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/25593. Acesso em: 7 jul. 2023.
LEMOV, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala
de aula. Tradução de Daniel Vieira, Sandra M. Mallmann da Rosa. Revisão técnica de
Fausto Camargo, Thuinie Daros. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2023.
SÃO PAULO (Estado). Currículo Paulista, 2019. Disponível em:
http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/portals/84/docs/pdf/curriculo_paulis
ta_26_07_2019.pdf
SOARES, E. “Seca no Nordeste e a transposição do rio São Francisco”. Revista
Geografias, v. 9, n. 2, p. 75-86, 2013. Disponível em:
https://doi.org/10.35699/2237-549X.13362. Acesso em: 7 jul. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 4 –
https://periodicos.ufmg.br/index.php/geografias/article/view/13362/.
Slide 5 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lampi%C3%A3o_(cangaceiro)#/media/Ficheiro
:Virgulino_Ferreira_da_Silva_(Lampi%C3%A3o)_01.jpg.
Slide 6 – https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/jc-
negocios/2022/03/14982697-com-lago-de-sobradinho-cheio-profecia-de-
antonio-conselheiro-vira-realidade-o-sertao-virou-mar.html;
https://www.youtube.com/watch?v=naxgLThFCsc;
http://brasilmessi.blogspot.com/p/blog-page_8.html.
Slide 7 – https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2014/11/igreja-
submersa-volta-aparecer-por-causa-da-estiagem-em-petrolandia.html.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 8 –
https://www.google.com/maps/place/Usina+Hidrel%C3%A9trica+Luiz+Gonzaga,+Pe
trol%C3%A2ndia+-+PE,+56460-000/@-9.1617107,-
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m2!3d-9.143889!4d-38.313333!16s%2Fm%2F0dd8v5h?entry=ttu.
Slide 9 – https://apiboficial.org/2021/02/01/povo-tuxa-sofre-ameaca-de-remocao-
de-seu-territorio-tradicional-dzorobabe-em-rodelas-ba/;
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/07/28/do-sertao-selva-
paulistana-o-rito-de-passagem-dos-pankararu.
Slide 14 –
https://guiadoestudante.abril.com.br/coluna/atualidades-vestibular/entenda-a-
transposicao-do-rio-sao-francisco.
Slide 17 – https://floresta.pe.gov.br/povo-pipipa-recebe-visita-da-gestao-municipal-
para-tratar-sobre-reivindicacoes-quanto-a-educacao-indigena/.
Material
Digital

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