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VAMOS ESTUDAR!

Usos da Psicofarmacologia

Dalília Marques
Farmacêutica e Naturopata
PSICOFARMACOLOGIA

• Primeira vez em 1920, por David Macht, um


farmacologista americano que descreveu os
efeitos dos antipiréticos ou antitérmicos da
quinina e do ácido acetilsalicílico, em testes de
coordenação neuromuscular.
PSICOFARMACOLOGIA

• EM 1951, Paul Charpentier foi quem


sintetizou a clorpromazina, pela empresa
farmacêutica francesa Rhône-Poulenc, e
liberada para investigação clínica em 1952.
PSICOFARMACOLOGIA

• Em 1954, nos Estados Unidos da América


(EUA), o fármaco clorpromazina foi
comercializado como Thorazine®, pela empresa
farmacêutica americana Smith, Kline & French
(SKF), demarcando o início da
psicofarmacologia moderna.
ANTIGUIDADE

Egito antigo: Livro dos corações (papiro


Eber: 1552 a.c.)

Religiosidade: o mundo dos mortos

Tratamento mágico-religioso ou
cirúrgico (técnica de trepanação)

Sono do templo ou incubação: Imhotep


(2600 a.c.)
• Peru: características
semelhantes na Antiguidade
• Sociedades rígidas,
hierárquicas, dominadas pela
religião
• Achados pré-históricos de
trepanação
GRÉCIA
• Grécia: a loucura em cultos
religiosos e escolas de filosofia
• Platão: loucura divina e loucura
física
• Hipócrates: teoria dos humores.
Drenagem dos humores em
excesso. Ex: sangria, purgativos,
dieta
“...docérebro, e apenas do cérebro, surgem
nossos prazeres, alegrias...bem como
nossas tristezas, dor, pesar e lágrimas. É
este mesmo órgão que nos torna loucos
ou delirantes, influencia-nos com terror e
medo, traz a insônia...e a ansiedade
despropositada”.

Hipócrates, 406-377 a.C.


Aristóteles (384-322a.C.), ao
contrário, sustentava que o coração
era o centro da alma e das emoções.

Não fazia a distinção entre nervos e


tendões.

O cérebro resfriava o sangue oriundo


do coração.
Império Romano
Romanos: Império legalista

Proteção dos pertences dos insanos,


declarados incompetentes

Galeno ( 130-200d.C.): Médico grego e a


figura mais importante na medicina romana.

Defensor da Teoria dos Humores de


Hipócrates.
Outras Culturas
• Hipócrates e Galeno: Grécia a Roma. Ataraxia
• Israel: profetas e loucura
• Corão: majnoon
• Cristianismo: São João Batista
IDADE MÉDIA
Controle da Igreja
Imaginação = realidade
O demônio e a Inquisição:
possessão
Doença moral, orações
Os loucos vagantes e a nau
dos insensatos: exclusão
Bedlam
Bedlam William
Hogarth 1735
ILUMINISMO
• Descartes: dualismo corpo x
espírito: Res extensa x res
cogitans
• Humanismo: declínio do
controle da Igreja –
monarquia e burguesia
• Doença mental: surgimento
da Psiquiatria

Pinel
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

• Frenologia: Gall
• Estudo sistemático do
cérebro: ainda polêmico
• A neurosífilis e a causalidade
• 1822, Antoine-Laurent Bayle.
Esquirol
• O iodeto de potássio e a
malária
• As taras: genética
• O termo neuroléptico foi introduzido na
literatura em 1955, por Delay e Deniker,
para enfatizar os “fenômenos motores
extrapiramidais” causados pela
clorpromazina.
FUNDAMENTOS DA
NEUROTRANSMISSÃO

• Para compreender as ações que as drogas promovem


sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), entender o
impacto dos transtornos mentais sobre o SNC,

• Elucidar as consequências comportamentais dos


medicamentos psiquiátricos é importante dominar a
linguagem e os princípios da neurotransmissão química
NEURÔNIO
• São células de comunicação eletroquímica,
considerados unidade sinalizadora do sistema nervoso,
os quais se comunicam por meio de sinapses.

• Os neurônios dispõem de diferentes tamanhos e


formas que definem suas funções, as quais dependem
da localização no sistema nervoso
NEURÔNIO
• Sintomas comportamentais podem suceder quando os
neurônios manifestam disfunções.

• Substâncias ou drogas psicoativas são agentes químicos


capazes de modificar processos biológicos, função
neuronal, induzindo alterações comportamentais.
NEURÔNIO
A estrutura morfológica de um neurônio é possível
reconhecer três regiões:

• corpo celular,
• dendritos (do grego déndron = árvore),
• axônio (do grego áxon = eixo).
CORPO CELULAR
• O corpo celular do neurônio contém núcleo e citoplasma,
com organelas citoplasmáticas, comumentemente
encontradas em outras células animais.
• O corpo celular é o centro metabólico do neurônio,
responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais,
assim como pela maioria dos processos de degradação e
renovação de constituintes celulares, inclusive de
membranas.
• Do corpo celular partem prolongamentos, são eles:
dendritos e axônio. O corpo celular é local de recepção de
estímulos, por meio de sinapses, assim como os dendritos
DENDRITOS
• Os dendritos, geralmente, ramificam-se
numerosamente, como galhos de árvores, originando
dendritos de menor diâmetro.
• São especializados em receber estímulos, traduzindo-os
em alterações do potencial de repouso da membrana
que se propagam em direção ao corpo do neurônio e,
deste, em direção ao axônio.
• Na estrutura dos dendritos, merecem destaque as
espinhas dendríticas, que são numerosas em muitos
neurônios e, atualmente, é objeto de diversas
pesquisas.
AXÔNIO
• O axônio é um prolongamento longo que se origina do
corpo celular do neurônio, o seu comprimento pode ser
bastante variável, dependendo do tipo de neurônio,
podendo medir, nos humanos, de alguns milímetros a
mais de um metro.

• A mielina é uma membrana biológica rica em lipídeos


que envolve os axônios, isolando-os eletricamente e
facilitando a condução rápida do impulso nervoso.
MODELOS DE SAÚDE E
DOENÇA MENTAL
Biológico

Fortemente apoiado por médicos e enfermeiras.


Algum apoio de cuidadores

 Continuum físico saúde-doença


 Sintomas são guia inicial quanto à severidade
 Causada por mudanças no cérebro
PSICODINÂMICO

• Fora de moda em alguns países – ainda


poderoso em outros e no pensamento
leigo
• Contínuo de dificuldade/stress emocional
• Necessidade de compreender o
comportamento – freqüentemente em
termos de experiências traumáticas
precoces
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

•Modelo poderoso na psicologia


•Contínuo de comportamento normal-
anormal
•Comportamento considerado pela sua
apresentação
•Aprendizado inapropriado, habilidades de
enfrentamento pobres
STRESS SOCIAL

•Influente entre profissionais de atenção primária


e assistentes sociais
•Contínuo saúde = baixo stress / doença = alto
stress
•Os sintomas podem indicar o grau de stress
•Pessoa vista como vítima de forças sociais, e não
doente
•Causas – stress social e cultural, conflito
cultural, status de marginalidade
MODELO DE FAMÍLIA

•Algum apoio de assistentes sociais e de atenção


primária
•Toda a família está doente, não apenas o paciente
•Olhar o comportamento de todos os membros da
família
•O que se manifesta como doença é inerente à própria
família
•O paciente age em resposta a pressões da família
MODELO CONSPIRATÓRIO

•Apoio de profissionais radicais e


antipsiquiatras

•Doença mental como um mito

•Resultado da forma como os demais


esperam que a pessoa se comporte
Psicofarmacologia
Fato da:

•Mídia
•Economia
•Ideologia
•Política
MIDIA
Diariamente somos informados do lançamento de substâncias
capazes de tratar os mais variados males e da descoberta de suas
causas: impotência, depressão, euforia, bulimia, anorexia, delírio,
alucinação, angústia, medo, obsessão, desamparo...,a lista é
extensa e continuamente renovada.

As novidades são lançadas com grande alarde pelos laboratórios e


centros de pesquisa, amplificadas pela imprensa, defendidas pelos
especialistas e tem extensa repercussão: "descoberta a cura da
depressão!", "método revolucionário para o tratamento da
esquizofrenia!", "remédio resolve problemas de timidez!", "acabe
com a impotência!"
É parte do senso comum contemporâneo a ideia de que várias
formas de sofrimento, de mal estar, de distúrbios psíquicos, são
causados, tratados e curados biologicamente, que já conhecemos
o modo de funcionamento de nossos cérebros e mentes e que a
ciência já teria descoberto ou estaria prestes a descobrir as razões
últimas da normalidade e anormalidade do homem.

A opinião consensual contrasta fortemente com a opinião de


alguns clínicos, cientistas e filósofos.

John Searle, por ex, entende que é escasso o conhecimento que


temos do cérebro humano e que as pretensões de certas teorias
são proporcionais ao tamanho desta ignorância.

Cita o neurologista David Hubel,para quem "o nosso conhecimento


do cérebro encontra-se num estado muito primitivo. ".
Desde tempos imemoriais sabe-se que
substâncias químicas introduzidas no corpo
podem modificar estados psíquicos. Álcool,
ópio, haxixe, cocaina, alucinógenos...
Em 1860,o químico alemão Albert Nieman
extraia da folha de coca seu alcalóide,a
cocaina
Freud que, durante muito tempo,
autoprescreveu-se cocaina, escrevia em
1884:... "a cocaina parece convocada a
preencher uma lacuna no arsenal dos
medicamentos de que a psiquiatria
dispõe.(...) É por isto que se recomendou a
coca nos estados de enfraquecimento
psíquico mais diversos,para combater a
histeria,a hipocondria,os distúrbios da
melancolia,o estupor,etc"
Uma substância específica era capaz de tratar
vários quadros psiquiátricos.
•1952 - Delay e Deniker: sucesso obtido no
tratamento de paciente psicótico com clorpromazina

•Década de 50 – Kuhn: imipramina

•1960 - clordiazepóxido
•década de 70 - sais de lítio e medicações
inicialmente ultilizadas na
epilepsia(carbamazepina,ácido valproico) como
estabilizadores de humor.
•anos 80 - neurolépticos atípicos e ISRS
NOVA MÁGICA PARA NOVOS XAMÃS?
COMO E PORQUE MEDICAR?
• Psicóticos
• Remissão ou melhora dos sintomas positivos
(alucinações, delirios, agitação)
• Evitar internamentos
• Melhora da ‘amarração’ no discurso
• Aumento da adesão (bilateral)
• A medicação deve servir à humanização do
sujeito psicótico, não à sedação ou controle
COMO E PORQUE MEDICAR?

• Deprimidos
• Melhora e redução do risco de suicídio
• O discurso ‘sai’ da temática depressiva única
• Cuidado com a possibilidade de ‘indiferença’
(efeito colateral)
• Mesmo depressões leves, se crônicas, podem
causar grandes danos
Quando encaminhar

• Tristeza ou angústia ‘fora do discurso’


• Lentificação e/ou perda de energia
• Despertar precoce e piora matutina
• Anedonia e perda de perspectiva de futuro sem relação
com o curso da análise
• Aumento da dor física
• Risco de suicídio
COMO E PORQUE MEDICAR?
Transtorno bipolar
Qualquer terapia deve trabalhar a adesão
à medicação
Alto risco de suicídio
Risco de DST, abuso de drogas, violência,
gastos excessivos
Na mania, a associação não se detém, o
que praticamente impossibilita o insight
Atenção também para alterações de sono e
ritmos do corpo na mania
COMO E PORQUE MEDICAR?
• Obsessivos
• Mesmo o psiquiatra não deve medicar e fazer
terapia
• Esperar melhora parcial em casos graves
• Cuidado para não ‘ritualizar’ a medicação
• Fóbicos
• Medicação de preferência com uso eventual
COMO E PORQUE MEDICAR?
Transtorno de pânico
Ajuda a controlar as crises de pânico
Pacientes com estrutura histérica mais
marcada vão poder deixar a medicação, com a
terapia, com mais facilidade
Parece haver um mecanismo biológico, mas
cuidado para que não seja usado como forma
de escape
Stress pós-traumático
Reduz cronicidade
Inverto a pergunta: porque análise?
COMO E PORQUE MEDICAR?
• Transtornos de controle dos impulsos e borderlines
• Melhora a adesão
• Reduz mais rapidamente (quando funciona) as
consequências mais graves dos atos (ex: suicídio,
violência, ato impulsivo)
• Histeria
• Só em crises graves e agudas - eventual
Como acompanhar
• Escolha de psiquiatra: pelo analisando ou pelo analista?
De preferência, com conhecimento dos processos de
análise.

• Aconselhar o analisando a contatar o médico quando


em dúvida sobre efeito (terapêutico ou colateral).

• Contatar o médico em casos especiais, principalmente


planos de suicídio.
USO CONTINUADO
 A dificuldade em aceitar ser
portador de doença crônica
 ‘já estou bom, posso parar’
 Aprendizado para identificar sinais
precoces de recorrência
 Modificar o estilo de vida

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