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ASPECTOS PRODUTIVOS DA PESCA DA PIRACATINGA (Calophysus


macropterus) NA RESERVA DE DESENVOVIMENTO SUSTENTÁVEL
MAMIRAUÁ, MÉDIO SOLIMÕES, AMAZONAS

Conference Paper · July 2014

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Diogo de Lima Franco Robinson Botero-Arias


Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá University of Florida
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Miriam Marmontel
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
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Livro de Resumos 11º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia 38

ASPECTOS PRODUTIVOS DA PESCA DA PIRACATINGA (Calophysus macropterus)


NA RESERVA DE DESENVOVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ, MÉDIO
SOLIMÕES, AMAZONAS

Diogo de Lima Franco1, Robinson Botero-Arias1, Miriam Marmontel1


diogo.franco@mamiraua.org.br

A exploração da piracatinga (Calophysus macropterus) expandiu-se


consideravelmente por volta do início dos anos 2000 na região do médio rio Solimões,
sobretudo devido ao aumento de demanda por parte da Colômbia. No território
brasileiro o consumo desse peixe não é habitual devido aos seus hábitos necrófagos.
Embora a pesca da piracatinga seja legalmente permitida, as técnicas atuais de sua
captura envolvem a utilização de animais mortos como iscas, ameaçando a
conservação de espécies selvagens utilizadas, sobretudo jacarés e botos, espécies
mais visadas para este fim. O presente trabalho teve por objetivo avaliar as
tecnologias e iscas utilizadas na pesca da piracatinga. Entre março e dezembro de
2013, foram realizadas expedições com duração média de oito dias a 16 comunidades
da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá que realizam a pesca da
piracatinga. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, coletando-se os dados
através da metodologia “bola de neve”, na qual os entrevistados iniciais indicam novos
entrevistados. Para validação dos dados obtidos, as atividades desenvolvidas foram
acompanhadas. Foram entrevistados 23 pescadores e três técnicas de pesca foram
citadas. Na técnica da canoa, utilizada por 4,35% dos pescadores, se mantém a isca
entre as pernas, dentro d'água até os joelhos, capturando piracatingas com a mão e
arremessando-as dentro da canoa. A pesca com curral sem porta (56,5%) é similar à
técnica da canoa, porém os peixes são arremessados em currais com capacidade de
até três toneladas. A terceira técnica citada é a pesca com curral com porta (34,8%),
na qual o pescador se apoia em tábuas acima do curral e, com a porta aberta,
movimenta as iscas para dentro. Um dos pescadores entrevistados (4,35%) utiliza
tanto a canoa quanto o curral sem porta. A pesca com canoa mostrou um rendimento
médio de 300 kg por pesca, com custo total médio (considerando insumos, mão de
obra e depreciação de materiais) de R$ 100,00 por pesca; o curral com porta
acumulou rendimento de 429 kg e custo de R$ 125,00; e o curral sem porta obteve
rendimento de 668 kg e R$ 187,00 de custo. As técnicas de curral utilizam até quatro
vezes mais iscas que a canoa, proporcionando, em média, 5% a mais de lucro. As
principais iscas citadas foram o jacaré-açu (Melanosuchus niger), citado por 100% dos
pescadores; o boto-vermelho (Inia geoffrensis), citado por 50%; o jacaretinga (Caiman
crocodilus), citado por 27,27%; vísceras de pirarara (Phractocephalus hemioliopterus),
citada por 13,63%; e arraia (Potamotrygon spp.), vísceras de pirarucu (Arapaima
gigas) e sardinhão (Pellona spp.), todos citados por 4,3% dos pescadores. O
rendimento médio em quilogramas de piracatinga inteira por isca (um animal) foi maior
para todas as iscas com curral sem porta (com exceção do jacaré-açu, que rendeu
273 kg em curral com porta). Com curral sem porta, um jacaretinga rende 118 kg, um
boto, 886 kg e um peixe, 43 kg. O número de iscas por pesca varia de 1 a 6 (jacarés e
botos) a até 40 (peixes inteiros e vísceras). O custo de obtenção das iscas variou de
zero para vísceras de peixes a até R$ 200,00 – R$ 300,00 para compra de jacarés
grandes e botos. Considerando os custos totais e receita por pesca com preço médio
de comercialização de R$ 1,00/Kg (variação de R$ 0,60 a 1,50/Kg), as margens de
lucro por pesca foram de 34% para utilização de jacaretinga; 58% para boto, 67% para
1
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM-OS/MCTI), Grupo de Pesquisa em
Mamíferos Aquáticos Amazônicos
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jacaré-açu e 80% para peixes. A técnica do curral sem porta proporciona maiores
rendimentos e margens de lucro utilizando a mesma quantidade de iscas que o curral
com porta e permite a seleção das piracatingas pela captura manual. A utilização de
peixes como iscas apresenta as maiores vantagens, pois fornece as maiores margens
de lucro e é única opção legal dentre as utilizadas.

Palavras-chave: pesca artesanal; jacaré; boto.

Keywords: artisanal fisheries; caiman; boto.

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