Você está na página 1de 143

 

ORIXAS
 

Este O ebó no culto aos


orixás,, de Orlando J. Santos,
orixás Santos, 
Bàbàlóòrisà da Naçâo Kétu, 
integra um esforço de 
recuperaçâo de saberes 
ancestrais comuns aos africanos 
e seus descendentes na 
diàspora que, por razóes  
inúmeras, vém se perdendo, 
com incalculáveis prejúizos para  
a cultura negro-brasileira e para  
a afirmaçâo de nossa identidade  
nacional.
O Autor
A utor co mega p
por 
or  
abordar
 A seguir, aobse
obnoçâorva de
serva a conOlódùmarè.
consti
stitui
tuiga
gao o   
do Orí (cabeça) e do homem  
como um todo. Dedica-se à 
explicitaçâo de Ésù, primordial 
ao saber
sab er e prátic
práticas
as rit
rituai
uais.
s. 
Oferece-nos uma visâo sumária  
do que sâo o oss Ò ris
ri s à e as 
principáis características de 
cada um, terminando por  
detalhar o "assentamelo" de 
très deles, os mais importantes  
para os fins a
fins a que se propóe propóe o 
te
text
xto:
o: Esù, O gú gúnn e Ó ós ósáááálá.
lá.
Ingressa, finalmente, em 
seu objetivo específico, o ebó no 
Candomblé, comegando pelo  
maiss impor
mai important
tante,
e, o E Ebb o rí ((ou
ou 
Bori), destinado à cabega (Orí);  
seguido do oferecimento do 
igbín a Óósáálá,
Óósáálá , um dos mais 
complexos,
importantes delicados
sacrificios e 
ofcrecidos (o igbin é
 

Série Orò — Vol. 3

CIP-Brasil.
Sindicato NacionalCatalogaçao-na-fonte
dos Editores de Livros, RJ.

Santos, Orlando José dos


S236ee
S236 0 ebó no cu lto ao
aoss orixés / Orlando J. Santos;
Santos; [ilustra-
çôes, Renats Martins]. —Rio de Janeiro: Pallas, 1993.
140 p. (Série Orò; v. 3)

Bibliografia.
ISBN 85-347-0017-6

1. Candomblés
Candomb lés — Rituais
Ritu ais e préticas.
prétic as. 2. Deus
Deuses
es dos can-
domblés — Culto. I. T ftu
ftulo
lo.. II. Sé
Série
rie..

CDD -299.67
93-1007 CDU -299.6.3

ORLANDO J. SANTOS

OEBÓ
No Culto aos Orixás

Qj
PAUA$ 
Rio de Janeiro
1993

Copyright© 1993 by  
Orlando J. Santos

Editores
Cristina Warth  
 A
 Arr i Ar auj
au j o

Capa
Krisnas

llustragoes
Renats Martins

Composipao  
Cid Barros

Montagem e Desenhos  
José Geraldo O. Lacerda

Revi sao
Revi sao Tipogr
Tipo gráfic
áficaa
Vera Lúcia Santana

Coordenapao Editorial
Hernani de Andrade
Direitos reservados desta edipao á
PALLAS —Editora e Distribuidora Ltda.
Rúa Frederico de Albuquerque, 44
Higienópolis —CEP
—CEP 21050-840
21050 -840 — Río de Janeiro — RJ
(021) 590-6996   É U
Tel.: 270-0186 - Fax: (021) s

 A   Ela
prend eu  
Que me prendeu
corn o poderoso ebó  
do am
a m or verdadeiro
verdadeiro..
 

 AG
 A G R A D E C IM
IMEEN T O S

 — A me
meuu   ori', que me fez e me faz forte dia-a-dia.
Ibà.
 —  A
 A   Ogún, senhor da riqueza quantitativa e quali
tativa. Senhor dos caminhos da mode/a^ao, da prosperi- prosperi - 
sabedoria. Meu  òrisà. Ibà.
dade e da sabedoria.
 —  A m eu   Bàbàlààse. Vafdemar Nagozinho.  fbà.
 —  A M a r/
r/yy B a c c io tt
ttii d
dos
os San
Santos
tos,, q
que
ue d a tilo
ti log
g ra fo
fouu e 
revisou o texto inicial, demonstrando paciencia com a 
minha impertinencia e mania de perfeccionismo.
 —  A meu
meuss ed
edito
itore
ress —A r i A ^a
^auu jo e C ris
ristin
tinaa Wart
Warthh —
minha gratidao pe/o espado concedido no catálogo edi
torial da Pallas.
 —  A me
meuu Filh
Fi lho-
o-de
de-S
-Sa
a nt
ntoo Wa
Waldeldemamarr de A lm e ida
id a —
Sóngó "cuca-fresca" — que ssóó va vaii sse
e preocu
preocuparpar no di a 
dia
em que a "havaiana" aumentar de preqo. Obrigado por  
m u ito. . .
— A  Ajibola isau Badiru (Bábá Onfíségún), pelos  
¡números
¡númer os ens
ensinament
inamentos os que me tem transm itido.

Que o áse de  Ogún acompanhe a todos  


por toda a vida.

 AP
 A PR ESEN TA ^ÀO

Este livro de Orlando J. Santos,  Bàbàlóòrisà da 


Naqao  Kétu, integra um estorco de recuperalo de sabe
res ancestrais copiuns aos africanos e seus descendentes 
na diàspora que, p o r razò
razòes
es inùmeras
inùmeras,, vèm se perd
perden-
en- \ 
do, com
sileira incal
incalculáve
e para aculáveis rm is
a fifirm a ripreju
proeju
deizo
izos
nosss
no para
ssa a cuade
a identid ro bra  
lturanacional.
identidade neg
negro
Sua
Su a p u b i ¡cac
¡cacao ao envolve questquestoes
oes nao som
somente
ente é ti
cas, como também referem à óptica pela qual ve o mun
do, bem corno, ainda, é visto o Povo-do-Santo pela so
c i ed
edad
adee glo
globa
ball em que es está
tá inserido.
tais questoes envolvem, essencialmente, o  segredo
sob o qual sao mantidas certas informaQoes essenciais, 
estratégia que, num sistema de tradiQao oral do saber, 
nao
na o ssó
ó o iinte
ntegra
gra — funcionando como c omo ins trum ento regu
lador da da distri
distribuicao
buicao do conhecimconhecimento ento   — bem como tem 
sua
saberexcelencia e eficáciatambém,
ritual; funcionou, demonstradas
como como
técnicapràtica do  
de pre
serva
se rva do
do,, fren
frente
te à repre
repress
ssao
ao cu jo grad
gr adie
ient
nte vaii da escravi- 
e va
zaqao à folclorizagao, do aqoite ao oihar recriminador,  
da tortura
tortur a e pri
prisao
sao à d isc rim ina do e ao prpreconceito.
econceito.
Ora, esta estratégia, tao necessària em determinado  
momento, aliada à falta de registros escritos (ao contrá-

V II

rio do que ocorreu em outros lugares, dos quais Cuba é 


ex em
empio)
pio) — som
somada
ada,, aind
ainda,
a, a ¡núme
¡números
ros outro
o utross f atores 
dentre os quais, admitamos, a inseguranca e a vaidade fa- 
zem presenta até hoje   — levaram a urna espécie de solu- 
cao de continuidade na transmissao desses saberes, ge-  
rando adaptagòes onde estas nao cabem; perda de "fun
dam
da m en tos" imp
impres
rese
e indiveis à eficaci
eficacia
a dos rituais; ins egu- 
insegu-
ranca
ranc a onde tal sentimento nao podpodee enco
e ncontra
ntrarr lugar;
lugar; d
de-
e- 
sordem; quebra da hierarquia; em suma, urna sucessao  
das chamadas "marmotagens"; a possibi/idade da deso- 
nestidade
Isto, fazer frente
sem con tar àacompetencia.
cria
criaga
gaoo do tao decantado "m o 
delo de pureza Nagó", fruto da réagao e, ao mesmo tem
po , da manutengao
manu tengao de tal e esta
stado
do de co isaisas, alim
alimen
entado
tado  
pela   i/¡sao deformada de certa intelectualidade acadé
mica.
Neste contexto, o trabalho de Orlando J. Santos, 
um legítim o in intelectu
telectual al "do sisistema",
stema", com seu seu sa
sabe
berr for 
 jad
 ja d o na p ràti
rà tica
ca r it u a l do Cand
Ca ndomombté
bté,, assoma em im p o r 
tancia no sentido da recuperalo desses saberes cuja di
vulgab
vulgabaa o em letra de form formaa nao signific
sig nificaa su
suaa vulgariza- 
gao, pelo contràrio,
sociedade global como visa um
a provar
todo   —ao
— quePovo-do-Santo
nao estamos tra e à 
tando com um mero tecido de superstigoes, mas com  
urna complexa e sutil epistemologia, como bem já o  
advertiu Roger Bastide.
E se o tex to, p o r vevezzes, po
pode
de parecer
parec er co
confu
nfuso
so,, ist
isto
o ssee 
deve
dev e à legítim a tradiga o do saber negro-brasileiro
negro -brasileiro que, 
ao invés de de busca
buscarr a didissecal
ssecala a o do objet
ob jeto,
o, ccircu
ircundnda-o
a-o,, 
aborda-o em suas múltiplas facetas, em sua totalidade e 
concre
con cretud
tude,e, conf
co nfer
erín
índo
do à cacapp tag
tagao
ao de sua essessèn
ènci
ciaa o ca-
ca- 
ráte
rá terr de rev
revela
elagao
gao..
 A q u i, O rla
rlan
n do J. Santos com comega
ega p o r a b o rda
rd a r lev
levee
mente a nogao de  Olódumarè.  A seg seguir,
uir, obser
observava a cco o n sti-
st i-  
tuigao do   Orí (cabega) e do homem como um todo. De
dicase à expücitagao de  Èsù, p rim o rd ial ao sa sabeberr e prá- 
ticas rituais. Oferece-nos urna visao sumária do que sao 
os  Orisà e as principáis características de cada um, ter
minando por detalhar o "assentamento" de tres deles, os

VIII

mais importantes para os fins a que se propôe o texto:  


Êsù, Ûgiin e Òòsààlà.
Ingressa o Autor, finalmente, em seu objetivo espe
cífico, o Ebó no Candomblé, começando pelo mais im
portante sacrificio (ebo), o  Eborí (ou Bori), destinado à 
cabeça (Ori); seguido do oferecimento do   igbin a  Oòsà-
álá, um dos mais complexos,
com plexos, delicados
delicados e importa
imp ortante
ntess sa
sa
crificios oferecidos (o  ìgbfn é considerado o "boi de 
Oxalá").
Finalmente, penetramos no campo mais genérico 
da pràtica do   ebo, aquele voltado às demandas que nos 
sao impostas pelo dia-a-dia, para as quais o sacrificio se 
faz necessàrio em busca da vitória, do sucesso e do equi
lib rio . Constatando
Con statando a simplicidad
simp licidade e e a seried
seriedade tais 
ade de tais
práticas rituais, melhor compreender o Leitor os cuida
dos de que se se cercou o A u to r antes revelá-los, forne- 
antes de revelá-los,
cendo conhecimentos indispensáveis a quem pretende  
u tiliza
tiliz a rs e das
das sutis
sutis energ
energía
íass que envol
e nvolvem
vem sua
sua pràtica.
 Au
 A u to
tori
rizz a m o -n o s , p oi
ois,
s, a fazer
faz er urna lt im a observa- 
urn a ú ltim
çao àqueles a quem sua sua leitu
le itura
ra se destina:
destin a: respeito
resp eito à sua
sua ca
beça — à fo forç
rçaa d ivin
iv ina
a que
q ue ne/a habi
ha bita
ta —,
—, à cabeça de seu seu 
semelhante,
semel hante, sao com ponentes
pon entes esseessenci aiss ao bo m ê x ito de 
nciai
tais práticas, onde o òdio , a mesquinhez e sentimentos  
baixos nao podem encon en con trar tugar
tugar,, sob risco de "o feitiço  
sob risco
virar contra o feiticeiro". O que costumamos classificar  
como bem e mal, sao faces de uma mesma moeda, cujo  
valor
va lor precisamos
precisam os saber
saber a ferir.
fer ir.
ê ,  portanto, com muito prazer, que apresento ao 
público leitor mais este trabaiho trabai ho de Orlando J. Santos, 

0 cess
su Ebó
sucessoono
e mCulto aos Orixàs, desejando-lhe — e a todos —
o   À^e.
u itito

 A r i A r auj
au j o
 

 ÍND
 ÍN DIC
ICEE

Agradecimento VI
Apresentapao VII
Introdugao 1
A ¡mportáncia de Olódumaré   3
0 culto de Orísá  7
£su
£s u  19
Assentamento de £s ú  (pessoal) 29
£sú
Ésu Om¡ Yangí  31
Os Ór/'sá
Ésú   33
35
Ogún  37
Osóós/'  39
Osónyin  41
Lógún Ede  4 3
Osumáré  45
Obá/úwáiyé  47
Sóngó   49
Qsun  51
O y á   53   55
Yemonja
Naná   57
Orísáá/á  59

Assentamento de ògun   61
Assentamento de òrisààlà   75
Ebori 77
O rò  de sacrificio para o
igbin   de Orisàalà  95
Ebós de Odù   e ef efo
o   101
Outros
Ou tros ebós
ebós 115
Palavras
Palav ras finai
fin aiss 126
Bibliografia 127

 
INTRODUCTO

Existe a manifestacao dos Orisà, no consciente e no


inconsciente dos homens. Existem a razao e a emopao,
que geram acertos e desacertos. E a cada passo há sem
pre algo a ser reformulado, repensado, refeito, modifica
do. Seja lá o que for,é preciso que se abra um caminho
por onde se possa respirar com razáo o nosso dia-a-dia.
£ necessàrio refazer a consciencia de quem sou EU,  
para encontrar o equilibrio emocional, adormecido em
nosso inconsciente.
Comece, já, a questionar a sua vida com os òrisà   e
o porqué dos òrisà   em sua vida.
0 meu intuito com este — O Ebó no Culto aos Ori- 

do   se
xás — éofaze-lo ciente
cien teporde finalidade
faz tendo que ebo  sóa éreestruturacao
importante quan
do
individuo com o meio onde vive.

Se cuide!

O A uto r 

1
 
 A IM
IMPP O R T A N C IA 
DE OLÓDÙMARÈ 

Ele pode ser visto como a base estrutural do Uni


verso. 0 centro nervoso, ondas eletromagnéticas do bu
raco negro. Partíc
Pa rtícula
ulass que deram origem
orige m á Te
Terra
rra e a t o
das as formas de vida.
Entretanto, encontramos dificuldades para explicar
a esséncia de Olódumaré,   que está intrínsecamente aco
plado á fragmentado e expansao do principio cosmoló
gico*. E isso só nos permite ter ¡dé¡as aproximadas, nao
exatas, do que seja Deus. Desta forma, passamos por um
processo
Quicáexperimental
um dia nos de laboratorio dentro
encontremos existencial.
dos paráme
tros previstos por Olódumaré,   cuja onipresenca está
guardada em segredo numa simples partícula de átomo
 — barre
ba rreira
ira da ex
exist
isten
encia
cia onde
ond e nos ttoo rna
rn a m o s iner
inertes
tes á es
es--
trutura global do Universo em que nao se enquadram as
idéias comuns.

* Nota do Editor: I interessante observar que tal princ ìpio de expansao —do
qual Èsù  é o agente — coicoinci
ncide
de co m a teoria
teor ia do Big Ban
Bang,
g, a mais provàvel
para a origem do universo, e que acaba de ser atestada pelo astrofi'sico ame
ricano George Smoot.

 
Assim, a causa-origem de todas aass cau
causas
sas c on tinua
tin ua
sendo um grande mistério para o homem que, de todas
as forma
formass (com mu ¡tas
¡tas filo
filoso
sofía
fías,
s, crenp
crenpas
as e cren
crendice
dices),
s),

tenta explicar
vel explicar o inexplicável.
o efeíto, de Olódúmaré
porque aEcausa,   só é possí-
mesmo quando en-
quadrada numa visao espiritualista, acaba por esbarrar
em um gran
grande
de porquporqué, é, a p ar tir do mo
momeme nto de conce-
ber-se as idéias de tempo e espapo.
Se a vida surgiu a partir de urna transmutapao frag
mentada de Olódúmaré,  podemos traduzi-loda seguinte
forma: Dizer — Fa Fazezerr — Organi
Organizar
zar — la
lanp
npar
ar enener
ergí
gíaa ca
paz de movimentar-se no espapo vazio e fazer-se onipo-
tente, onipresente e onisciente em relapao ao Universo
que Ele ppró
ró p ririoo c rio
riouu . E a alma da exis
existenc
tencia
ia ppaassa
ssa a se
serr
sombra e o espirito da vida, vento.

mercéDesta forma, destino,


do próprio o homem semcontinua, como sempre,
muita consciencia á
de si.
Ele, entao, tem que retroceder ao seu passado, em busca
de sua
sua origem — sop sopro
ro ete
etern
rnoo de vid
vida.
a. E entr
entree aass vidas
eternas estao os órisá,   porpao de Olódúmaré  feito ho
mem. Es Este
tess fora
fo ram
m os prprim
imei
eiro
ross sser
eres
es criad
criados,
os, com a
 junca
 jun caoo de:

AGUA+TERRA= BARRO
BAR RO + SO
SOP
PRO DIV INO = MO VIME NTO
MO VIMEN TO + ESTRU TURA = HOM
HOMEM
EM
HOMEM + CONSCIÉNCIA = ORÍSÁ.

Assim sendo, o homem comum é resultado dessa


 junpao
 jun pao,, e d e n tr
troo dele ex
exist
istem
em ¡nú
¡núme
meros
ros po
pont
ntos
os a serem
tocados para que se transforme continuamente. O pro-
cesso é lento, porém exato. Para compreender esta colo-
capao é bastante simples: basta olhar o tronco de umaár-
vore e ver que a natureza se perde em seus ramos, trans
formando-a em fonte de vida. Entretanto, isto só é pos-
sível porque as substancias de seu porte sao sugadas da
térra através da raiz.
E nós precisamos fazer isso: entrar em nosso campo
magnético em busca da verdade e de nossa origem, bus

 
car o tronco com direcionamento para a raiz, para que a 
ramagem nao se perca no nada. . . E a raiz é o nosso ôrîsà 
(antepassado divino), que faz parte da estrutura terrestre 
e da consciencia de Olôdùmarè.  Assim, a importáncia de 
Olódúmaré  é igual à importáncia que o homem dá para 
o seu ôr/'s
r/'sà
à — o r í  (cabeça) / sà  (pr o t et
etoo r) — ou se
seja,
ja, pro-
pr o- 
tetor da cabeça.
 

O CULTO DE
ÒR Ì So À

O culto de òrfsà está intimamente relacionado com 


os cuidados que cada um deve ter com a pròpria cabega,  
que é um guia certo, ou incerto, do nosso destino.
O homem tem a tendencia natural de olhar para fo
ra, sempre buscando solupoes ñas periferias do seu E U  e.  e. 
esquecendo-se quase que completamente de se voltar pa
ra dentro de si mesmo onde, sem dúvida, encontrará res- 
postas adeqüadas às suas perguntas mais intrigantes.
 A cabera
cab era pode
po de ser
ser enten
en tend
d i da c o m o o mi cr
croo do  
macrocosmo
macroco smo no homem ser O r í   a cabera física, 
ho mem.. Por ser
esta é, portanto, símbolo da cabera interior chamada 
O rí ¡n
¡nú,
ú,  que constituí a esséncia do ser e controla total
mente a personalidade do individuo, guíando-o e ajudan- 
do-o desde antes do nascimento, durante a vida e após a 
morte. Esta é, entao, a centelha divina no humano.
 A cabega {Ori'}  é a prímeira a receber a luz e a re- 
ceber de Deus ( Olódúmaré ) o destino, na ocasiao do nas
cimento.
Um dos nomes de Deus é Oríse  —fonte da qual ori- 
gínam-se
gínam-se os
os sere
seress — e, ori
or i gi nalm
nal m ente, t o d o O rí è  bom, 
ent e, to
porém, sujeito a mudanzas, pois a sua pròpria condutá  
pode transformá-lo negativamente e iniciar-se, assim,

urna série de acontecimentos intermináveis de infelici


dades na vida
para tentar de um homem, a despeito de seus esforpos  
melhorar.
Em casos assim, o O r í   precisa, entao, de cuidados  
especiáis, é cultuado como urna divindade "parcialmen
t e" in
independ
dependente
ente e recebe
recebe oferendas
oferend as e orapoe
orapoess no ato
ato l i 
túrgico conhecido por Eborí.  Desta forma, os adeptos  
do culto de órísá dizem:

O rí mo pé o o!
Cabera, eu te chamo!
O rí re mo k í o!
Cabera, eu te saúdo!

O Destino do Homem
é  preciso compreender que a base do sustento hu
mano é o seu futuro. Onde agora apóia os seus pés, será 
sua morada eterna. Mais tarde, juntar-se-lhe-á a força es- 
trutural da composiçâo terrestre. Quem hoje-é descen
dente,
den te, amanha
amanh a se
será
rá ancestral, amen te sentir-se-á 
ancestr al, e c ert amente
feliz no espaço-além, por ser lembrado pelos seus des
cendentes
procuram, que, nao se
através do esquecendo de seus
culto, melhorar até mesmo,   
ou, antepassados,
erradicar problemas de origem genética.
Desta forma, o individuo que é consciente de si, 
sabe o Odú  (destino) que rege a sua ancestralidade e se 
este tem sido bom para o desenvolvimento material e 
espiritual da familia. Se nao tem sido bom, ele entao  
modifica o seu destino familiar. Esta é urna das finalida
des do culto aos Orísá.
Para exemplificar, digamos que o Odú que rege 
urna determinada familia seja: Çtaôgùndà. Baseado nes- 
te
ros,código, podemos
de homens fortesdizer que estaMas,
e valentes. familia
que étipo
de de guer-  
guerrei-
reiros? Aqueles que sempre vencem as batalhas? Ou,  
simplesmente, arrumam confusóes, gerando problemas  
para todos? Se é isto o que ocorre, a providencia a ser 

(ornuda é  despachar o lado negativo de Etaógúndá,   que


«wtá prejudicando, por exemplo, Otun áiyé   (o lado direi-
to, ancestralidade masculina).
O mesmo pode estar ocorrendo com Osi áiyé   (o la
do esquerdo, ancestral
ancestral idade
idade femm
fe mm ina).
ina) .
Sabendo de sua origem, o homem conhece a si mes
mo. Pode olhar para o íyo Orún  (origem espiritual), bem
como para o Íwo-Orún   (futuro) com dignidade. Desper
tar Osúu  (consciencia do inconsciente, que é o divino
no homem, manifèstagao de Deus). E Deus nao é ne-
n h u m bicho-de-sete-cabegas. é o   simples despertar da
conscienci
consci enciaa plena
plena do homem. E o "ad versá ve rsário"
rio" é sim
plemente aquele que ofusca a consciencia para que, nos
troperos da visao mental, o homem se encontre com a
luz. Assim sendo, a escuridao é claridade absoluta.
Desperte! Olhe para dentro de si e chame por Orí. 
Verá, assim, o despertar de um Deus forte, capaz de ilu
minar a sua mente ofuscada pelos preconceitos dos
homens.
Veja-se dentro de sua originalidade:

O LADO DIREITO  
PARA OS SEUS 
AN TEPASSADOS 
MASCULINOS
0 I IGADO COMO  
O CENTRO DA DAS S 
SU A SE M O Q Ó E S  
SEM REACOES  
81 NT I M ENT A IS

OS PÉS VOLTADOS PARA O 


SEU FUTU RO (OSS
(OSSO
O - ES
ESQU
QUEE LETO). 
COMPONENTE ESTRUTURAL DA TERRA

Nao podemos esquecer que a Terra é quem conta o  


tempo —e se conta o tempo, ela sabe de tudo —, e quem  
sabe de tudo, merece respeito. Além de contar o tempo,  
gera o espago que se divide em quatro, e o homem tem  
os quatro pontos cardeais expressos em si mesmo. Está 
relacionado ao corpo ("eu" físico), representado pela 
mente em atividade, criando, simbolizando a inteligen
cia, a ordem, a justiga e o amor em seus aspectos posi
tivos.

NORTE

— SUL -

Pise no chao com respeito, e ganhe favores do lugar  


onde vive e do espago gerado em torno de si.
Deus é isso: é a Natureza em toda a sua plenitude.  
é   o equilibrio estrutural, emocional e social. O homem  

nao estando envolvido com a Natureza perde a sua 


" identifi cagao emociona
emocionall inconsciente os próprios  
inconsciente”” com os
fenómenos naturais.
Se ame,, se goste, se respeite. Isso é bom! E o resul
tado do que é bom é sempre satisfatório para mu ¡tos. A  
vida é isso, sem cortes, sem pontas, sem fim e sem come- 
go, sem fobias, sem torturas mentáis que levam sempre o  
indi
in divid
vid uo a urna de
desestrutu
sestruturaga
ragao
o emocion al.
 A manif
man ifest
estagao
agao de Deus
Deus é vi
visfv el no ho m em de 
sfvel
bom caráter, e bom caráter incluí verdade, sinceridade, 
honestidade e serenídade.

10

O homem nao precisa julgar-se superior a todos os 


ou tros e levantar a cabeça
cabeça acima do norm dando -nos  
no rm al, dando-nos
.i percepçâo clara de sua atrofia mental. Também nao 
precisa curvar-se demais, deixando claro a sua timidez e 
complexo de inferioridade. Seja normal. Seja divino!. . .
Se voce é bàbà/ôàrïçà  (zelador), conscientize-se de 
sua real condiçâo dentro do culto, nao utilizando seus 
conhecimentos para explorar a falta de experiéncia dos  
iniciados.
Se você é íyáwó,  ou iniciado de qualquer outro  
•irau
irau dentro
dent ro da hierarquia
hierarqui a existente
exi stente no Candomb lé, 
Cando mblé,
lembre-se que o conhecimento dos mais graduados nem  
•.ompre constituí sabedoría, portanto, estes nao podem 
utilizar o que sabem para dímínuf-lo como pessoa. O 
•¡imples conhecer pode ser urna arma contra aqueles que 
nao tém pleno dominio do conhecimento.
Sempre que possível faça lembrar aos mais velhos  
tío culto que íyáwó   também é responsável pela continui- 
<kide da tradiçâo religiosa. E isso só pode ser realidade 
<|uando o iniciado nao somente sabe como se faz um ri
tual, mas também quai a sua finalidade e a que se refe- 
rem seus atos.
Nao se conforme jamais com respostas, tais como:  
"ó segredo reservado aos mais velhos". Se um bábáló- 
ôrisà  age desta forma, ou ele nao sabe o que está fazendo,  
ou entao
ent ao pensa
pensa que
qu e a sua
sua cabe
cabeça
ça é l i x o . Por acaso, 
acaso,
pensa ele que a força dos ôr/sà  vai eternizá-lo sobre a 
Terra? E que por isso nao tem necessidade de transmitir  
o conhecimento para aqueles que o acompanham? De 
qualquer forma, este é um tipo de pessoa que nao serve 
para ser o seu  A/á
 A/áás
áse.
e.
íyáwó,  se cuide! Se goste! Se respeite! "Quem  
sabe, morre igual áquele que nao sabe", e pelo avesso  
todos somos iguais. Respeito náo inclui necessar¡ámente 
humilhaçâo. Reconheça o seu lugar e posicione-se da 
rnelhor maneira possível. Seja digno do ôrisà aoqual per- 
tence. Deixe seu o r í   brilhar de tal forma que a luz refle- 
t ida seja como um espelho, onde mu ¡tos possam se mirar  
na fidelidade da sua personal¡dade.

11

O Candomblé, hoje, é sem dúvida urna religiao com


muita freqüéncia e pouca permanencia, e isso se deve à
existencia de "sacerdotes" inescrupulosos, do tipo que
raspa, pinta, catula, adoxa e assenta sem saber o qué. Eu
nao me cansarei de dizer que a cabega dos outros nao é
laboratòrio de pesquisas. "Fazer" Santo é despertar o
adormecido no mais profundo do inconsciente humano,
e isso é arte ritualística de manipulagao da pròpria vida,
o que, com certeza, nao está ao alcance de muita gente.
Assim é que o íyáwo,   ou até pessoas com títulos de
égbónrni, Ogan,  etc., saem de suas casas de origem em
busca de um outro Pai-de-Santo que o adote. Este, por
sua vez, sedento por um "axezinho" (dinheiro), e moti
vado peio orguiho de ter sob seu ás áse
e  um filho de outro
bàbélóòn'$à,   tenta corrigir "erros". Tanto unscomo ou
tros, indulgentes, apressados e súbitos, quebram em pe-
o que
que nao pode ser ser reajun
reajuntad
tadoo — a mente
me nte hu-
u- Isto é apenas um exempío do que acontece em
dscc
ds ccr.
r. Òr.. do sasacer
cerdó
dócio
cio apressado.
Por isto, ant
antes
es de "fa
"f a z e r " Santo escol
escolha,
ha, e mu ito
bem, o seu  A/áa$e.  Mu ¡tos dizem
dize m que o Orìsà é  quem es-
colhe o bàbé/óòrisà.  Puro engano, porque o livre arbi
trio é, nada mais, nada menos, que o poder absoluto de
decisao. E o futuro do homem depende dele decidir o
que ele quer hoje, agora. Cuide do seu presente e preser
ve o seu futuro, em bom estado de equilibrio, é preferí-
ve! nao ter Santo "feito", do que ter santo "mal feito".
E isso
isso pode se
serr observado, analisado sseem muita
m uita d ifi
ificc u l-
dade, na pròpria estrutura sòcio-econòmica e cultural de
boa parte dos adeptos do culto que se julgam com um

grande "poder", porém,


do conhecimento desprovidos
ritual, através da ébase
da qual estrutural
possível atin
gir a esséncia, a espiritualidade, ligar o homem aos òrìsà 
e estes à fonte de vida, tornando-o um veículo de comu-
nicagáo social, facilitando muito os seus passos sobre a
Terra.
Ter ra. Hav
Havend
endoo c o m u n ic a lo entre os
os homen
homens,
s, hav
haver
eráá
comunicacao entre os òrìsà,  e conseqüentemente com
Olódùmarè,  que é a fonte de todas as fontes de vida, o
consciente e inconsciente do ser.

Isto é possível quando se acorda e se diz:

Orí m i o!
O rí mo pe o o!

Sim, chame, convide sua cabega a participar do seu


dia-a-dia. Orí é  urna divindade com poderes ilimitados,
cnquanto que os órísá  nao atuam em todos os campos
de agáo. Além do mais, o poder do óri$á é  igual ao de-
•.(.'nvolvimento
gáo do individuo Orí,relagao
do em   a depender da determinada
a urna clareza de concep-
divin
dade (órisá).
Aqueles que Ihe conhecem a origem, hierarquia,
(josto e costume, evocagSes e ritos, conseguem com faci-
lidade atingir a esséncla do óri$á.  Isto é resultado da
concepgao limpa. Do saber fazer, sabendo o porqué, o
que também é resultante da firmeza do O r í / n nú
ú  —
 —que
que já
despertou a consciencia do EU.
Assim é que se cultuam os órísá  acreditando na ca-
bega e na diregao dada á ritualidade.
0 conceito que os yorúbá  tém a respeito dos órísá 
6  que todos nós viemos ao mundo para aproveitar devi-
damente
dam ente o nosso
nosso tem
te m po.
po . E as
as pess
pessoa
oass que estao envo
en volv
lvii
das no culto, no decurso deste tempo, devem aproveitá-
lo no aprimoramento das coisas relativas ao estudo e
compreensao da ritualidade, de modo a aprender "tudo"
sobre os órísá, alcangando o respeito, em decorréncia do
bom senso e de sua forga no desenvolvimento dos rituais
em que atua.
é   sabido por todos que a melhor maneira de se

aprender a executar os atos litúrgicos é, sem dúvida, em


sua Casa-de-Santo de origem, onde cada iniciado pode
participar, questionar seu  Aláás
 Alááse
e  e obter respostas am
pias em relagáo ao que ocorre em dado momento.
Assim, vai-se aprendendo, enquanto esclarecem-se as dú-
vidas. Este
Este é o ambie
am biente
nte adequado a um apre
a prendi
ndizad
zadoo se
se
guro, onde a prática da magia pode provar sua eficácia,
em termos de resultados fináis. 0 iniciado pode certifi-
car-se, día após día, da potencialidade do culto.

13

Mas, a verdade é que a transmissao oral deixou e 


tem deixado lacunas a serem preenchidas. Em decorrén- 
cia disso, mu ¡tos tém se dedicado a escrever livros e mais  
livros sobre as nossas tradigoes, Alguns dignos de elogios  
e outros de péssima qualidade, tanto gráfica, quanto Iite- 
rária e, por que nao dizer mesmo, desmoralizadores do  
cu lto . De qualqu
qual querer form
for m a, a preocupagao de todos tod os tem 
sido a de escriturar as diversas formas de culto aos órisá, 
considerando que, por mais tempo de convivéncia e par-  
ticipag§o
tic ipag§o nos ritos
rito s afro
af ro , nao
n ao se pode
pod e didizer este ou 
zer que este
aquele adepto tenha se tornado um conhecedor profun
do de "todas" as práticas.
 Apesar
 Ap esar da litli t ur gi a seguir
segui r ur
urna
na linh a x ,   em termos  
li nha
de execugao, cada bábálóórisá  tem os seus "segredos"  
guardados debaixo de suas próprias unhas, e ao escrever  
sobre o tematem a revela
revela um p pouc
ouco o de seus
seus conh
co nhecim
ecimento s,  
entos,
do seu ás$.  Ass
Assim,
im, na
nasce
sce a nece
necessidade
ssidade de buscar na l i t e
ratura candomblecista um pouco mais de Saber, frisando  
que conhecimento nao é sabedoria, pois esta só se alcan-  
ga com a vivencia. E pensar que alguns "Zeladores"  
proíbem os seus filhos-de-santo de lerem. . . Será porque 
sabem demais, ou de menos?
Outro fator importante é que o Candomblé brasi
le r o tem sua
suas origen
origenss em pon tos da Á fr ic a. Os 
em vários pontos
povos que nos transmitiram o culto fizeram-no de forma  
idéntica á de suas origens. Porém, 400 anos depois, por  
mais que nos esforcemos, nao conseguiremos realizar o  
culto como era feito em sua origem. Nossa religiao é 
outra? Nao! Tomou forma diferente, foi adaptada a no- 
vos costumes.
 As mulh
mu lheres
eres afric
afr icanas, fei tass de ór/sá, por exemplo, 
anas, feita
sao vestidas somente da cintura para baixo. A visao que 
se tem disso é como se fosse urna banana descascada até  
a metade,
parte revelando éo sagrada
em descoberto seu interior. O significado
(é Santo), a  
é queser 
e nao pode
tocada pelo homem, que passa a se interessar pela parte  
coberta, onde existe mais um mistério a ser desvendado.  
Isso no Brasil seria um absurdo.
Os povos que transmitiram melhor a visao que ti-

14

nham sobre o mundo, a vida, e Deus, foram os yorúbá  


(nagó), os ¡ejes  (Ewe-Fó
(Ewe-Fónn ) e os congo-angolanos (bantus). 
Estes conseguiram sobreviver ás pressoes, tanto raciais, 
quanto culturáis. Plantaram para sempre o culto de òrì-  
sà, Inkic.e, Vodun,  etc. em térras brasileiras, ainda que 
mal, devido à perseguigáo policial e ás pressoes da reli-  
giao predominante.

mais OqueCand
Candom
om blé,
bl é, em seuritualística.
manifestagao ccaráter
aráter uniyersal,
Inclui tem mu ito
it o   
sabedoria,
crenga, arte, moral, leis e costumes. Isto está presente no  
pensamento de toda comunidade, de forma implícita e 
explícita, objetivando compreender a humanidade e a vi
da, de modo a integrar o individuo ao Cosmo.
0 culto de òrisà   é conhecido como urna das mais  
antigas religioes do mundo, na história da civilizagao do  
homem, e seu objetivo principal é alcanzar o entendi-  
mento com o Todo, abrindo caminhos de paz, harmo
nía, moral e fé para a humanidade.
Embora náo existam leis escritas que determinem  
como proceder ritualisticamente, elas fazem parte do sa
ber oral, passado de geragao a geragao, tornando-as in- 
contestá
contestáve
veis
is no seio
seio co m un ititàri
àrioo candombl
cando mblé
é fsta
fsta,, exata
exata-- 
mente por estas leis serem a mola mestra que desenvolve 
a uniao de todos os elementos.
O culto é estruturado em:
O/ódùmarè   — Se
Senh
nhor
or su
supr
premo
emo do dest
destin
ino
o — DEUS.

Irúnmo/é
marè.   — Seres divinos de comunicagáo à Olódù- 
Or¡$á — Sao Irúnmolés  de comunicagáo.
Orúnmilá — Divindade da sabedoria e patrono do  
oráculo de
d e lfá-Qp$lé  e de Ifá-O/okum.
Egúngún   — SÍ
SÍíío esp
espfr
frititos
os dos ance
ancestr
strais.
ais.
Os quatro pontos cardeais simbolizam o Universo  
como um todo. Por sua vez, os componentes do Univer
so sao reagrupados, pertencendo a um desses quatro  
pontos. Assim, temos: o masculino à direita, o feminino  
à esquerda, a cabega para o nascente (origem) e os pés  
para o poente (futuro).

15

ÍYO ORÜN
F R ON
ON T E - N AS
AS CE
CE NT
NT E - OR IGE
IGE M
ÍWÓ ORÚN
OCCIPITAL
OCCIPITAL - POÉN
POÉNTE
TE - FUTURO
FUTURO

verso Ae crenca
de tudogeral que Olódumaré
queéexiste. Espalhou  é o criador
seus poderesdosobre
Uni
as coisas de tal forma que seu próprio nome revela as ca
racterísticas do pode
poderr que possu
possuii — Deu
Deuss —
—em
em rrelac
elacao
ao
ao Universo que ele próprio criou.
Os órisá   sao divindades intermediárias de comuni-
cagao. Tendo cada um a responsabilidade de guiar os es-
pintos para a companhia daqueles da mesma linhagem.
Cada um deles tem o seu dia sagrado, alimentos, animaís
para sacrificios e folhas adequadas á sua forma específi
ca de comunicagao. A sua importancia está intrínseca
mente relacionada com a sua especíalidade, o dominio
que tem sobre um de determ
terminad
inadoo elem
elemento
ento ddaa Natureza,
caracterizando assim o seu poder espiritual e o seu meio
de atuacao.
atuacao. De
Dest
staa form
forma,
a, a grand
grandeza
eza ddee um ddete
etermin
rminad
adoo
órisá   nao é tao essencial, mas a inter-relacao entre um e
outro é que é realmente importante.
As sociedades africanas tém urna conceptpao dual
sobre a existencia e os fenómenos da Natureza. 0 pri-

16

meiro relaciona-se com a existència no À i y é  {terra habi


tada); e no Òrun   (espaco além). O segundo refere-se aos
fenómenos naturais.
Cada individuo possui seu espirito especifico (Or0.
I sto, por sua vez, encontra-se agrupado com outros de
mesma linhagem ou caràter (Ègbé Òrun — grupo ou
inombro de origem espiritual).
No que diz respeito aos fenómenos naturais, o que
.ilcta a um membro de um Ègbé Òrun   afeta da mesma
forma a um membro do Ègb Ègbé é Aiyé
Aiyé..  Assim, todos na Ter-
i.i tém seu doublé   no além, e a atuacao do homem é a
■ituac
itu acao
ao de Olódùmarè  (Deus), no plano naturai e so-
brenatu ral.
ral.
Ritualisticamente, acredita-se que todas as coisas
da Natureza, tais como pedra, areia, madeira, água, plan
ta
ta,, ote., possuem essé essénc
ncia
iass que pod
podem em ser
ser “ ex tra ida
id a s" e
11 1¡ I izadas para se fazer algo em beneficio dos homens.
Rituais sao promovidos e correspondem à eficácia
do nossas rezas que abrem facilmente um canal de comu-
nicacao dos nossos desejos a Deus. Mas estes rituais va-
riam em forma e ordem. É preciso saber o tipo certo e
ossa determinacao advém de Ifá-Olokun.   E quando é fei-
to dentro das especificacoes corretas, os resultados serao
sempre
sem pre satisfatórios.
satisfató rios.
Todos os ritos da pràtica religiosa sao sistematiza

dos. Desde
crificios, encantacao,
oferendas, consulta
dancas, do jogo
músicas dos búzios,
e mesmo sa
o aparen
temente
tem ente simples ato de co lher
lh er erv
ervas
as sao
sao revestidos de
bastante
bast ante objetividade.
objetividade .
A preocupacao principal é o bem-estar da coletivi-
dade, cuja responsabilidade de cada membro varia de
¡icordo com o seu nivel de conhecimento. O principal
objetivo é saber fazer sem, necessariamente, ter contato
com a negatividade.
Desta forma, o Candomblé é urna variante religiosa
forte.ñaCada
dar, maomembro
s maos detém,
s e no pensamen
pens no
amento, hálito,
to, um po
pode nor gené
der olhar,rico
genérico noespi
an
ritual. As vezes de caráter imperceptíve!. Mas a verdade
é que os adeptos nao tém somente este poder, como

17

também podem atuar ñas conseqüencias deste mesmo


poder. Onde tudo pode ser feito, ou desfeito.
O ob jetiv
je tivoo deste
deste noss
nossoo traba
tra balho
lho é tentar
ten tar revelar a
simplicidade contida na complexidade dos ritos sacrifi-
ciais
ciais denominados ebo.

18

 
E S U 

£sú,  divindade criada desde os tempos primordiais,


c o porteiro de Olódúmaré   (Deus). Representante dos
liomons e dos Or/'sá.  Preconceituosamente, é visto como
,i nogagao da bondade e, nao raramente, associado ao de
monio da visao religiosa crista.
Todavía, éele — £su  — quem estabelece a extensa extensa
i (‘de
(‘de de comunicag
comunicagao ao entre os seres
sere s e a nature
na turezaza didivin
vinaa
<|ii(* os circunda.
Está ¡nerentemente relacionado as partículas ató
micas
mic as ou suba
subató
tóm
mic icas
as;; as carg
cargasas e lé tr
tric
ic a s o u eletrón
ele trónica
icass
í|iic o sangue seencarrega de distribuir.
£su aparece com agente do plasma sangüíneo e bio-
i lt'M
lt'Mric
rico.
o. Ele, na
na verdade,
verd ade, está a s s o c ia iadd o a vário
vá rioss tipo
tip o s de
i.ulugoe
i.ulug oess en
energétiticcas que
que form
fo rm a m com co m plexo
ple xoss agrupa-
mrntos que logo se auto-organízam como urna rede de
torgas uniformes, ou seja, urna colegao de partículas
(i’
(i’lrttr
lrttrons,
ons, íons, partícu
pa rtículaslas neutra
neu tras),
s), ligadas
ligadas á produpro duga gaoo
<lc r.KÜagoes eoscilagoes de caracteres diversos. Assím, o
"plasma biológico" [£su),  permite estabelecer urna cor-
nfl.igao
nfl. igao entre os proces
processos sos inte
in te rn o s do organis
org anismomo e as
condigóes externas do ambiente.
Desta forma, o plasma pode ser definido coino a
míimlest
míi mlestagáo
agáo bio
bioeelétr
létric
icaa natural de to d o organismo vivo, viv o,

19

 
que interage com os distintos campos existentes em tor
no de si ou meio externo. Com a ajuda dele, cada organis
mo pode pulsar em harmonía com o Universo.
0 Ès ù  do plasma sangüíneo é o Èsù Bara  (rei do
Èsù
corpo) e todos o tèm como individual. £ o que chama
mos de Èsù  pessoal. 0 individuo jà nasce com eie. £ o
elemento animador da matèria. Èsù  anima os seres, e de
les se nutre até o desvanecer da materia, cuja constitui-
cao Ihe pertence — Agua + TerTerrara — que deu origem à
Esù Oni-Yangí,  cujas características sao as mesmas do
homem, e se manifesta através da bondade e da maldade
humana.
Desta
Desta form
for m a, é co
como
mo se
se todo
to doss nós
nós fòssemos
"meio" Èsù  e "meio" Olódùmarè.   Se a vida nos foi doa-
da por Olódùmarè,  esta certamente nao se perpetuaría,
nao fosse o sangue doado por Èsù,  que também é divino
e se manifesta em tudo e em todos.
A verdade é que somos filhos dessa juncao: barro +
èémi  (sopro divino). Enquanto a matèria fica no fuiuro,
a essència do ser volta à origem e, por outro lado, nem
tudo é pó. Porque Èsù è  a metamorfose
metam orfose — o gragrande
nde
transformador —, organizador físico e espiritual. Criado
especialmente
especialm ente para inspecíonar os feito
fe itoss dos homens
home ns e
dos Or isa
i sa..  Ele atua em todos
tod os os
os níveis, espalhando ou
distribu
distr ibu indo o ás e  dos homens, dos Orìsà  e de Olódù
áse
marè.
Este mesmo Èsù Bara  cria, com a pròpria forca in
terna do homem (fluido energético humano), o Èsù  bio-
elétrico — ou Èsù  social. Este é o intermediàrio de co-
municacao,
culas neutrasjá vao
queseasagrupando
partículas até
de adquirir
átomo, íons
vida epròpria
partí
e se instalar no quarto estado da materia (4?circunferen
cia do corpo). Neste caso, ele aparece como Èsù oótá  
òrisà.
O prímeiro òrisà (ejéédá),  está fixado no segundo
estado da matèria, e o segundo òrisà   (adjuntó ) no tercei-
ro estado. Assim, qualquer informacao que vier de fora
ou de dentro necessariamente tem que passar por Èsù. 
Como Èsù  saiu de dentro, a sua tendència é escapar do

 
homem, fugir, cortar qualquer elo de ligacao existente.
Oliando Èsù  comega a se distanciar da matèria, as extre
midades (pés e maos) do homem ficam trios. Hà necessi-
dado, entao, de fazer culto, chamà-lo de volta, para ener-
i|i/ar novamente o corpo.
39 ESTADO 4o ESTADO
DA MATÈRIA: •<- DA MATÈRIA:
ÈKEJÌOU  ÙRiSÀ ÈSÙ
ÙRI'SÀ ADJUNTÓ

2° ESTADO
DA MATÈRIA:
O r ì s A E L É È D A /

............/
1° ESTADO
DA MA TÈRIA: /
O HOMEM /

INICIO DA VIDA.
CONSCIÉNCIA DIVINA

E comum ouvirmos, no meio candomblecista, fra-


ses assim: " Èsù  està frio", ou entao, "Èsù   està quenti-
nho". Quando Èsù  está quente (próximo), a esfera do
iiulivTduo é vermelha e sua pele, por mais que a tempera-
tuia ambiente esteja baixa, é quente.
Quando Èsù  se afasta do corpo do homem, a sua
iv;f(fra (muitos a chamam de aura) fica completamente
a/ul. O sujeito passa a agir com absoluta emocao, acaba
so perdendo e desorganizando sua vida, já que as infor
m a le s de fora na
naoo ch
cheg
egam
am corretas ao cérebro, ddaa me
mess
illa forma que as de dentro nao atingem a consciencia do
Todo.

O que {Èsù)
hioclétrico precisa ser tem
  nao entendido é queinteresse
o mínimo o nosso emplasma
nos
passa
sarr es
esta
tass informago
informagoes,
es, exa
exatam
tamente
ente pelo fato
fa to de el
elee a n i
mar a matèria, sair dela e se nutrir dela pròpria. Mais um
motivo de se fazer culto e estar de bom acordo com Èsù. 
Seu elemento é o fogo, e este nada mais é do que um
elemento bioplasmático (a ciencia há de confirmar isso).

21
 

O dualismo é a característica do Universo, pois 


tudo está apoiado em dois pólos. Assim, è s ù   age com 
expressa permissao de Otódùmarè. Se ele é o mensageiro  
dos Orisà,  é porque só ele pode dar movimento às coi
sas, por conseguinte, somente ele pode transportar a 
mensagem do som que sai. Esta é urna das razôes de Èsù 
ocupar
ocu par um luga
lugarr d
de
e desta
destaque
que em tod
todaa lit
litur
urgi
gia cando m- 
a candom-
blecista e receber
receber oferendas antes de tod os os Òrìsà.
todos
Èsù é a expansâo de vida que transpira por todos os 
poros do Universo, como se fosse urna peneira, filtrando  
todas as impurezas psíquicas e comportamentais dos se
res. Por isso, os que nao estao seguros do pròprio cará- 
ter, dizem:

Èsù másé m i orno  


Èsù
ejòm iròn n i o sé.
Exu, nao me faça mal, faça mal  
ao filho de outra pessoa.

Todos do cu lto de Orisà  querem estar de bom acor- 


do com Èsù,  sem necessariamente estar de amores com 
ele. Fundamentado apenas em um profundo conheci- 
mento de si mesmo, tendo consciencia de que Èsù é o 
movimento da pròpria existência.

Èsù a ñlá K'atú.


Exu, aquele cuja grandeza se manifesta 
em todo lugar.

Se todos tém o seu Èsù Bara, logo ele é individual,  


porque a composiçâo oigânica de cada um é diversifica
da. 0 comportamento, entao, passa a ser único, e Ès Èsùù 
passa a ser o ajuste, o corretivo, o gerador da consciencia 
e do refletir. Cabe ao homem optar por seu lado Ebora 
(força caòtica, acoplada à pròpria natureza de forma in- 
controlável), ou seu lado irùnmon/è   (ser divino, com res
ponsabilidades
em a cümprir,
torno do pròprio na Terra
homem). e noaçâo
Cada Espaço, homem   
do gerados
gera urna reaçâo, e o presente é sem dúvida o filho do
22

pussado, da mesma forma que o futu ro é o fiiho do pre


sente.
£sù é força completa, quando dele se diz:
Logémón brun
Senhor poderoso no órun.

 A/á agbára
 A/áagb ára
Senhor do poder 

ou entâo:

E/égbára
Senhor da força.

Ê o comunicador, o ¡ntermediador. é a paiavra de 


Olódùmarè,  o equilibrador de tudo, do todo. È a capaci-
dade dinámica da vida.
Na teologia Yorùbâ, Ésú  é a divindade por ordem
da unidade psíquica do Ser que deu origem ao movimen
to de Luz, objeto central de estabilidade coletiva do ho-
mem. Ele é descrito com um caráter tao versátil que de- 
vemos ser cautelosos a respeito do que dissermos sobre

ele. ésú é  certamente um òr/sà  inclassificávei (em qual- 


quer concepçâo que nâo seja de dentro da teologia 
Yorúbá).   Ele é mu ititoo mais que aass iinf
nfor
ormaçôes
maçôes qu
quee o 
classificam como isto ou aquilo. Ele nâo foi um ser hu
mano deificado, como algumas divindades que conhece- 
mos. Ele é urna da
dass prin
pr inci
cipáis
páis di
divin dades do céu, onde 
vindades
estava com Olódùmarè  desde o principio da criaçâo. 
Nasceu juntamente com o Universo, é   o   ministro do es- 
paço e serve à vontade da criaçâo.
Ê a divindade mao direita de Orúnmilá (Ór/'$a  da
sabedoria). É primordialmente um "relaçôes públicas es
pecial entre o céu e a terra, o inspetor geral que comu
nica regularmente à Olódùmarè   os feitos dos homens e 
das divindades.
Testa e faz relatónos sobre a exatidao dos cultose

23

dos sacrificios em particular. 0 seu dever consiste em


ouvir Orúnmilá  e declarar a sua vontade para os homens,
mesmo que essa vontade gere alguns atrapalhos para o
homem para que, dentro das armadilhas de Ésu,  este
possa novamente se encontrar com Deus.
A lenda que apresento a seguir ilustra muito bem a
conduta moral do homem e a acao de Ésu  para despertar
a sua consciéncia:

Ésu, o Mercador de Filá


Certo homem tinha duas lindas esposas, as quais
ele amava igualmente e que estavam no melhor dos
termos. Tao pacífica era a casa onde eles viviam
que se tornaram para seus vizinhos modelos de har
monía conjugal e familiar. As pessoas achavam que
nada poderia perturbar as felizes relacoes que exis-
tiam entre eles. Ésú  soube disso e nao gostou.
Assím, ele esquematizou urna armadilha para eles
de modo astuto e usual. Fez um füá fü á  muito bonito,
transformou-se num comerciante e colocu-o á ven
da no mercado, tendo cuidado, porém, em nao ven-
dé-lo
dé- lo a ning
n ingué
uém,
m, até aparece
apa recerr urna das
das duas
duas esposa
esposass
para comprá-lo. Urna délas, ao visualizar o fi¡á,   ¡me
diatamente o adquíriu e alegremente o levou para
presenteá-lo ao marido. Este, ao receber o belo pre
sente, fícou tao agradavelmente surpreso que, in
conscientemente, demonstrou sua apreciacao e gra-
tidao de um modo que tornou a outra esposa des
confiada e ciumenta. Esta, porém, nada disse.
Aguardou aprensivamente e com ¡nquietacao cres-
cente o próximo dia de feíra. Quando o dia chegou,
ela foi bem cedo ao mercado em busca de um pre
sente bem melhor, e a qualquer custo, para seu
marido. E la esta Esu , esperando-a com outro filá  
que, comparado com o primeíro, engrandecia-o em
graca e beleza. Triunfante, a segunda esposa com-
prou este novo füá   e o levou para casa dando-o ao
24

marido. O efeito fo¡ mágico, tornando-a, assim, a


preferida
palco do armado
estava marido.para
Do a jeito Èsù  queria:
que agugada
rivalidade entreo
as duas esposas, cada urna empenhando-se para so
brepujar a outra no perigoso jogo de ganhar o amor
do marido. Èsù,  vindo em auxilio de cada urna na
sua vez do jogo, e o humor do marido balangando
da direita para a esquerda com a chegada de presen
tes cada vez mais bonitos. Quando Ès Èsù
ù  ficou satis-
fe ito
ito,, as pe
pepa
pass tin
tinha
ham
m sido bem colocadas co como
mo
um quebra-cabecas, e a desastrosa explosáo inevita-

velmente ocorreria.
xou de ir ao mercado. Entao, el
elee esposa
A próxima abruptam
emente
visitadei
dei-
a-
feira ficou frustrada, nao encontrando mais o "tal
comerciante". Voltou para casa em grande fùria.
Sendo assim, o objetivo de Èsù  em desarmonizar
aquela familia, no que estiverà trabalhando com
grande malicia, por firn aconteceu, ocorrendo en
telo urna grande tragèdia.

A agao de Èsù pode ser vista como simplesmente mal


dosa, mas é o tipo de maldade que gera justiga e exem-
plo social. Entao, pergunto: Ès Èsù
ù  é o Demònio? Nao!
Èsù é  a agao de Olódùmarè   no destino dos homens e na
organizagáo da vida. Ele é bom, o que nao é bom é o
comportamento do homem.
Èsù,  nesta
nesta lenda, nao aparece co
com
m o gua
guardiá
rdiáoo dos sa
crificios, e sim como guardiáo dos bons costumes.
Èsù  senta-se no pé do individuo, e este passa a respi
rar com muita dificuldade, o ar fica muito pesado, o sol
mu ito quente, o fr frió
ió dema
demasi
siado.
ado. O ind iv
ivid
iduo
uo chora e
Èsù
Èsù chora com ele.
Èsù  arranja problema onde nao há problema. A verda-
de é que ele cumpre sua missao de agente universal do
bem e do mal.
Ele é aquele que dorme em casa e tranca a porta com
um porrete, é urna divindade bastante sensível, fica in
dignado por qualquer motivo. Parece possuir um poder
que somente Olódùmarè   pode conter. Urna palavra dita

25

em momento nao apropriado pode despertar a sua ira.


ù  joga nos dois times sem constrangimento. Anda se-
Èsù
Ès
nhoriaimente, sutilmente, balancando-se para a direita e
para a esquerda; é o Dono do Corpo. E os Yorùbà   sao
bastante cuidadosos neste sentido. Referem-se a Èsù,  di-
zendo:

O ri m i màmàà (jékij
rrio
rrio r i ìjà
ìjà rè.
rè.
Minha cabeca nao vai permitir que eu
experimente a sua fùria.

Na verdade,
e isso ocorre em elevirtude
é temido
de até
seu pelas
oficio.outras
Èsù temdivindades,
o poder
de vida e morte sobre todos. Alérn do mais, é incidental
mente malicioso, um fazedor de travessuras, capaz de
causar grandes confusóes. Provocando situacoes compli
cadas ou promovendo malicia entre as pessoas. Por isso,
é melhor estar de bom acordo com Èsù,  eie quebra em
pedacinhos o que nao pode ser reajuntado.
Certa vez, Sòngó  dizia, gabando-se, que nao havia ne-
nhum òr isa
isa  que ele nao pudesse dominar. Ès Èsùù  logo o de-
safiou:
 — ¡sto incl
in cluu í a m
mim
im??
Sòngó  inmediatamente replicou, desculpando-se:
 — Mas p o r que? Ce
Certa
rtame
ment
ntee voce
voc e nao pode
po deria
ria te r sido
sid o
incluido!
Há quem diga que a forca primordial de Èsù,  neste
mundo, é armar emboscadas e criar situacoes dúbias,
mas, mesrno assim, nao podemos associá-lo ao Diabo.
Èsù,  em nossa concepcao, é apenas a interacao bio
energética entre um homem e os demais. É a combina-
cao dos plasmas biológicos entre si. E quando nao há
equilibrio plasmático, o homem cedo ou tarde fica en
fermo: do corpo, da mente e da alma.
Os Yorúbá  entendem que para tudo correr bem é ne
cessàrio que o homem esteja harmoniosamente em con
tato com as vibracoes positivas de È$ù.  Depositam toda
a su
suaa fé em su as capa
capacidad
cidades
es ben
benevo
evolen
lentes
tes e pr
prot
otet
etor
oras
as..

26

Ele símbolo
um ocupa urna
que posigáo de destaque,
é levantado no centroé da
representado
cidade ou por
po-
voado, o que é freqüentemente repetido dentro de casa
e em portas de templos, onde se cultuam os órísá.  As
pessoas se dirigem á £§u  religiosamente, de modo a bus
car com ele um bom relacionamento.
Há lugares onde festivais sao promovidos anualmente
em seu nome. Em Hé Olu jí, esse acontecimento se dá em
fevereiro, para marcar o cultivo anual da térra. Os Yorú- 
bá   organizam esse festival para pedir as béngaos de Esú, 
acalmando-o, para que tudo corra bem com o trabalho
durante o ano. Ele é, indubitavelmente, urna das princi
pas divindades dos Yorúbá.  Nao há lugar onde nao seja
cultuado e propiciado.
A nossa visao é que Olódumaré  e Bsü sao justos. Ago
ra, se a justiga aplicada resulta em descontentamente pa
ra o sujeito, isto acontece em decorréncia de seu compor-
tamento. A justiga em si nao é boa e nem má, é simples-
mente justiga!
Assim, na mente dos candomblecistas, nao existe o
conceito do bem e mal. Nao temos um Deus da luz e ou-

tro das trevas.


festagao Temos o  (o
de Olódumaré Universo como um O
Deus Supremo). Todo,
que mani-
acon
tece, porém, é que somos um povo que "divide" Deus
em diversas partes. Acreditamos que cada elemento ou
fenómeno da natureza seja urna manifestagao única de
Seu poder. O nosso objetivo é estar de bom acordo com
todos os elementos, de modo a abragarmos somente o
lado favorável. A água (Osun)  deve servir para man-
ter a nossa harmonía orgánica, saciar a nossa sede e ou-
tras tantas finalidades inumeráveis. £ claro que a águaé
um atributo maravilhoso de Olódumaré,  e está presente
desde
mata aavida.
gestagao do ser.tempo,
Ao mesmo E a falta
ela desta, mata os doen-
pode provocar seres,
gas terríveis. Isso, os candomblecistas atribuem á ira de
0§un.  Desta forma, cada Orísá  corresponde a um ele
m e nt
ntoo da natureza
natureza,, se
sem
m con tu do dei
d eixa
xarr de ser
ser UM
UM em
relagao ao Universo.
Quando fazemos culto a um determinado elemento da

27

natureza (Or/sá), como por exemplo: ao raio (Sóngó)  re


presentante da ira de Olódumaré,  o nosso objetivo é 
atingir a esséncia, a consciéncia de Olódumaré como um  
todo
to do . Ac
Acred
redititamo
amoss que ca
cada
da ag
agao
ao ge
gera
ra urna rea
reapá
páo
o pr o 
porcional ao som emitido. Saudamos a sua origem, fa-  
zendo referencia ás suas qualidades de energizador da 
térra sem esquecer, contudo, de seu poder destruidor  
que racha pilao, paredes, árvores, etc. Desta forma, a 
nossa consciéncia é completa e a nossa fé nao é cega.
Fazemos referencia ás suas qualidades, com bastante 
objetividade,
dor da palavra.acreditando no poder criador e transforma
PÓLOS 
EM TUDO NA V IDA SÓ A JUNÇÂ O DE DOIS PÓLOS
PODE GERAR ENERGIA PARA GARANTIR O 
MOVIMENTO

Èsù
Èsù o jír
jí r é Ó?
Exu, vocé amanheceu bem?

28

 ASS SE
 A SENNT AM EN TO  
DE È S Ù  (pessoal)
  (pessoal)

— 200 (duze
(duzentas)
ntas) ped
pedras
ras de cam
camin
inho
ho (redo
(redond
ndin
inhas
has)*
)*
— 6 (seis) penas de odide*   *
— te
tecido
cido verme
vermelho
lho
— muitos búz
búzííos
— urna cabapa grande,

Procedimento:

Pega-se a cabaga e corta-se ao meio, na horizontal. Re* 


veste-se com o tecido e enfeita-se com búzios, ñas bor
das.
da s. Fa
Faze
zem-se
m-se sse
eis fur
furos
os em tto
o r n o da cu
cuia
ia sup
superio
eriorr e en
feita-se com os ikóòdide.    As pedr
pedrasas p5em-s
p5em-se e d en
entt r o da 
cuia inferior.

Folha8 de Ésù
— Mamona
— Pega-pinto

* O núm ero 200 (/g b a) significa "grande quantidade".


** As penas do pássaro odfde
odfde sáo
 sáo chamadas de ikóòdide.

29

 — Folha-da
Folh a-da-cos-costa ta
 — Folh
Fo lha-a-da
da-fo
-fortu
rtuna
na
 — Bredo
Bre do semsem espin
es pinho
ho
 — A lfav
lf avaa q ui
uinn ha
 — M almeq
alm eque uerr bravo
brav o
 — Folha
Fo lha-de
-de-fo
-fogogo
 — Cans
Cansaa ncao-d
nca o-de-pe-porco
orco
 — Carra
Ca rrapic
picho-
ho-de-de-agu
agulha
lha..

Sacrificio
 — Um frang
fra ngoo verm
ve rmee lh
lhoo
 — Urna galin
ga linha
ha-d'a
-d'ang
ngola
ola..
Oferendas
 — Um o 6 /'d
/' d iv id id o em duzen
du zentas
tas parte
partess (em ci ma de Èsù)
cima
— Um orógbó

 — ataare,
Seis
Seis bifes
bif es assad
assados
os no fo ren ocebóla.
azeite-de-dende e temp
te mpera
erado
doss com:
co m:
 — Gin seco.
seco.

Obs.: — Nunca sese deve despejar mel sobre o assenta


assenta--
mento de Èsù.  E também nunca se deve exagerar
na quantidade de azeite-de-dendè. 0 que ocorre
é o seguinte: quando se oferece gin (que é urna
bebida extremamente quente), é corno se fosse
fogo em cima de Èsù.  Se colocarmos óleo em
cima de qualquer fogo, a tendencia dele é au

mentar
fogo mas, se exagerarmos na quantidade, o
se apaga.

ti p o de Ès
 — Quem tem este tip Èsù
ù  assentado, deve, todos os
dias, antes de lavar a boca, mastigar um ataare,  des-
tampar o assentamento, rezar os o r í k i  e fazer os pedi
dos para o dia. 0 maior problema dos candomblecis-
tas é nao encontrar tempo para fazer um culto conti
nuo e conceptivo.

30

É S Ú OM IYANGÍ 
Este é o Es
Esu
u  da comúnidade. é   o   guardiao dos ter- 
reiros de Candomblé.
Sua cofnposigao é de acordo com os fundamentos  
de cada Zelador. Todavía, quando se tem conceppao lim- 
pa a respeito do caráter de Esú, ele é preparado com: ar- 
gila, matériapara
tra apenas inicial á existencia
formar humana; e ferro, que en
sua estrutura.
Os animais de sacrificio sao os mesmos do £sü pes- 
soal. A diferenga é que qualquer um dos membros da co-  
munidade pode ir no pé deste £§ £§ü
ü  e fazer seus pedidos  
e recla
r eclama
mapSe
pSes.
s. E é neste caso
caso que mor
moraa o perig
per igo,
o, porq ue 
po rque
nota-se que os maís novos nao tem se preocupado muito  
com os efeitos que um simples pensamento pode pro
vocar.

31
 
OS ORÍSÁ

O destino das pessoas é regido pelos Odu, predesti


nado de tudo o que existe no Universo, favoráveis ou 
desfavoráveis á vida, em todos os sentidos.
Cada Odü, portanto, está dividido em duas catego
rías: positivo e negativo, e representa a mais alta mani-  
festapao da energía cósmica — de onde nasceu a vida —, 
e que deu origem aos Orí$á básicos, surgindo, assim, ou- 
tros Orísá, mutagoes dos primeiros, dando origem a urna 
linhagem de descendentes que chegam até nós por este 
fio que nos liga á ancestralidade.
Deste modo, todos nós somos Orísá  de comunica* 
Cao e a manifestapao do homem é a manifestapao da na- 
tureza e de Deus.
 
ÈSÙ
Em sua origem cosmogenética é o responsável pela
existencia da vida na Terra, é, portante», o inspetor de
Olôdùmarè  (Deus), desde os tempos primordiais.
£ o viajante da rota céu «— terra, muito veloz, e
pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Todos precisam abraçar seu lado favorável, de mo
do a transitar pelas encruzilhadas da vida sem serem per
turbados por ele.
Os Orisà  dependem de Èsù para fazerem transmitir
as comunicaçôes dos homens a Deus, pelo fato dele estar
localizado no meio das encruzilhadas de très pontas, de
onde sáo gerados vários caminhos, tornando-o, assim, o
tradutor divino das mensagens de Qrúnmílá   (divindade
do Oráculo de Ifá).
é urna divindade do fogo, associada ao movimento
e ao processo de criaçâo dos seres, é, portanto, um Ori
sà da fértilidad e e procri
procriaçâo.
açâo.
Enquanto o homem respira pelas narînas, Êsù  res
pira p o r tod
todos
os os poro
poros.
s. Es
Está
tá associad
associadoo aaoos elétro
elétrons,
ns, à
energia, cuja grandeza se manifesta em toda a parte.

Èsù
Èsù más
másé
ém
elômirôn n ii óorno


Exu, nao me faça mal,
faça mal ao filho de outra pessoa
Cores:
Cores: verm elho e pre
preto
to
Dia: segunda-feira
Natureza: encruzilhad
encruzilhadas
as de très pontas (oríta m éta) 
oríta
Metal: bronze
Saudaçâo: Laróyé!
Contas: miçan
miçangas
gas azul-arrox
azul-arroxeado
eado
Emblema: ogo  (porrete), ádó   (cabaça).

35
 
Ó G ÚéNo Orisà  dos caminhos, da prosperidade e da sabe-
doria. Está associado ao ferro, elemento essencial à cons-
trugao de qualquer objeto.
é   senhor de dois facoes; um ele usa para cortar a

horta, e o outro para abrir caminhos. Mesmo tendo água


em casa, banha-se com sangue. Em vez de roupa, usa
fogo para se cobrir. Está associado ás lavas vulcánicas e
sua fùria, quando experimentada pelo homem, é desinte
grado na certa.
£ um Orisà   nervoso, colérico, que fere e mata, é
valente e sanguinàrio. Com sua natureza tenaz, faz ou
desfaz, desconhece totalmente a razao e age somente pe
la emogao. Está ag agregad
regadoo ao sulfa
su lfato
to ferro
fe rroso
so do ffgado,
ffgado,
centro das emogoes e sensagoes humanas.
E o dono da forja, da casa e do espago fora dela.
Portanto, é um vencedor de bataihas. Removs os obstá
culos e abre os caminhos da modelagao da disposigao
orgànica.
Tem oè spoder
Enquanto ù   é o do fogocentral
ponto e andadolado a lado com
triángulo,   re  
OgúnÈsù.
presenta os caminhos gerados pelo triángulo.
é um Orisà de vitória, o grande conselheiro na hora
de se escolher novos caminhos a seguir. Por esta razao se
diz:
Ogún
Ogú n ó sin im onlè!
on lè!
Ogun, o imonlè  a quem servirei

Cor: azul-marinh
azu l-marinhoo ou verde
Dia: terga-feira
Natureza: jazidas
jazidas de ferr
fe rroo , caminhos,
cam inhos, matas
matas
Metal: ferro
Saudagao: Ogún yé!
Contas: migangas azul-marinho ou verdes
Emblema:  Á d á m é j i  (dois facóes).

37
 

ósóósl
é um On'sá  que está associado ao frío, neblina, or-
valho e a tudo que nasce e cresce. Por consegu inte, está
relacionado com a fotossfntese — fixapáo do gás carbó
nico do ar, através da apao da radiapao solar. Como a
clorofila tem participado fundamental neste processo,
Qsóósi  se torna o irmao de Qsóny/'n,  que é o On'sá  da
esséncia vegetal.
Sendo capador e dominador da fauna e da flora, ge-
ra progressos e riquezas ao homem, proporcionando a
manutenpao do susten
sustento.
to.
é um capador que usa o fá  (arco e flecha), arma po
derosa. Qsóósi'  quando bloqueia o caminho, nao o d e- 
simpede. Por isso se diz:
Ode
Od eóó!! Máá s if í ofá re 
Máá
Láyé
Láy é m i!
Oh, capador! Nao atire sofrimentos em
minha vida, com o seu arco

Cores: azul-turquesa e azul com dourad


Cores: do uradoo
Dia: quinta-feira
Nature
Na tureza:
za: florestas
flore stas,, selv
selvas
as,, árvores
Metal: latcío
Saudapao: Okéáró!
Contas: mipanga
mipangass azul-cla
azu l-claro
ro
Emblema: Of
Ofáá  (arco e flecha) e írukpré   (rabo de boi).

39
 

ÔS0NYÏN
é o senhor absoluto das vegetaçôes. Orfsà   das fo-
Ihas e de suas apiicaçôes litúrgicas e toda composiçâo
mágica do Candomblé.
Nada se faz sem Ús^nyín; ele é o detentor da força,
d o  Áse
 Áse,,  ¡ndispensável para as divindades. Foi OsQnyín 
quem ensinou a ! f á   a arte curativa, é sempre evocado
quando as coisas nao vao bem.
é o senhor da magia e da medicina, como Èsù;  é o
companheiro indispensável de Orúnmí/á.
Portador essencialmente de energías cósmicas que
conferem ao ser humano o maravilhoso poder de racio
cinio. Por isso se diz:
Osónyin o! Jé ewé ó jé o
Qsónyin o! Jé oàgùn ó jé o
0 Ossain, permita que a folha produza seu efeito.
0 Ossain, permita que a magia e a medicina
produzam
produz am seus efeitos.
Cor: verde
Día: terça-feira
Natureza:ferro
Metáis: ferfloresta,
flores ta, folhas
ro,, prata,folha s e raíz
estanho,raízes
es
latao
Saudaçâo: Ewé, ewé Qsónyin!
Contas
Co ntas:: miçangas
miçangas verdes e brancas
Emblema: galh galhos
os de café com fru tos .

41
 

L Ó G Ü N EDÉ
é também um guerreiro entre os Úrisa.  Surge como
divindade dentro do runkg   (camarinha), onde é feita a
 junn p a o de Q$$d.S1'  com Q§un,  passando a ser o mensagei-
 ju
ro de Osun YépQnda.
É um captor habilidoso; em térra firme se alimen
ta de
to, capa
urna
urna d ive,insu^merso,
quee alimenta-se
ó le qu domina o po deder
peixes.
poder £, apao
de mutap
mut portan-
ao e
transforma-se n° que quiser. Por isso se diz:
Ológún, fíhQn
fíhQn awo 
funfu n Lóni, n¡ ol
ola

ó yíóó f¡hQn dúdú  
Logun, m^stra a P^le que desejar.
Se mostraf Pele clara hoje,
amanha mostrará pele escura.

Cores: azul-
Cores: azul-cla^o
cla^o com amamare
arelo-ou
lo-ouro
ro
Dias:
Dias: q u in
inta
ta e sábado
Natureza:
Natur eza: rios e matas
Metáis: cobre
cobre,, o u ro e latáo
Saudapao: Ló LóÓs
Ós/\
/\ 16osi Ló gú n!
Contas: mipan9a
mipan9ass azu
azul-claro
l-claro alternadas com amarelo-
ou ro
Emblema: Ofa e abébé,

43
 

ÓSÜMÁRÉ
É o Úri'sá  da riqueza (material e espiritual). Está
associado ao ciclo vital, símbolo de continuidade da vi
da. É representado por urna serpente, que, rastejando so
bre a Terra, desenhou vales e rios.
é o Orisá   que controla e regula os movimentos ce
lestes. Simboliza a atividade, a continuidade e a perma
nencia. Sua comunicagao com os homens é expressa pe
lo arco-iris, o que revela as suas múltiplas fungoes. Leva
água dos mares, transformando-a em chuva, trazendo o
raio e o trovao á Terra, garantindo a fértilidade e o cres-
cimento dos elementos da natureza. Por isso se diz:
 A r ó b o bo y i!
Aquele que va¡, dá a volta e continua!

Cores: verde e amarelo


Día: terga-feira
Natureza: arco-iris
Metal: ouro
Saudagáo:  A r ó b ó b o y i!
Conta
Co ntas:
s: m ¡g
¡gan
anga
gass verdes
verd es e amarelas
amare las e brajá de búzios
búz ios
Emblema: Ejó m éjí ¡d ¡de  (duas cobras de bronze ou lat§o).

45
 
OBÁLÚWÁIYÉ
é a divindade da morte e somente ele pode evitá")^’
é considerado o Reí do Mundo e está associado á ra ó {&' 
gao solar, o que Ihe confere o título de Bábá ighónQ0
 — Pa
Paii do fog
fo g o .
é um Orísá  ambivalente e a ele sSo atribuidas
doengas contagiosas. A febre, doengas de pele, ceguei^'
surdez, catapora e sarampo sao considerados manifes^'
goes de Obátúwáiyé, que utiliza estes meios para levar ° s 
seres humanos á regeneragao de algum mau costume.
isso se diz:
 A t ó t ó o !
Silencio!

Cores:: pre
Cores preto,
to, verm elho e branco
Dia: segunda-feira
Natureza: sol, térra
Metal: zinco, estanho
Saudagáo:  A t ó t ó o !
Contas:
Con tas: miga
migangas
ngas pretas, verm
vermelha
elhass e brancas
brancas
Emblema:  ja sa ra   (cetro),cabaga.
 jasa
 
SONGO
Ser humano deificado, representado pelas torcas
violentas da natureza. Foi associado a Jákúta,   divindade
que luta com pedras, que expressa a ira de Olódümaré,  
através do raio e do trovao.
é um Órísá  que persegue os ladroes, mentirosos e
malfeitores, para esfregar suas caras no chao, sem pie-
dade. Isso ocorre porque Songó é  um Órísá  que rola
no chao quem o ofende, da mesma maneira que um no
velo de la. Por isso, seus adeptos sempre pedem a ele pa
ra quebocas
suas nao os
naodeixe infringir
saiam as leis
palavras quedos homens,
venham e que de
a ofender al-
guém. Por isso se diz:
Songo, oósá tió beru ológbó.
Xangó, a divindade que assusta até o gato.

Cores: ve
Cores: verm
rmelho
elho e branco
Dia: quarta-feira
Natureza: raios
raios,, trovo
trovoes,
es, pedreiras, mete
meteoros
oros
Metal: bronze
Saudacao:
Co
Conta
ntas: Ká woóo,
s: micangas ver ká lhas
verme biyé esí!
melhas bran
brancas
cas
Emblema: Seré  (cabaca de pescoco alongado).

49
 
ÔSUN
Ê a graciosa mâe das águas profundas. Divindade
dos rios, fontes e regatos.
Orïsà  que enfeita seus filhos com ouro e fica muito
tempo no fundo das águas gerando riquezas; que conhe-
ce o segredo da vida, mas nâo o revela.
Mâe procriadora, está associada a fisiología femini-
na. Preside a menstruaçâo, gestaçâo e nascimento. é  
considerada a dona do ovo, sím b o l o de fértilidade, a
maior célula viva, e que evoca a idéia de fartura e r i
queza.
Em uma de suas qualidades, tern-se Osun Àpéré, se- 
nhora das águas frescas, dotada de força masculina, guer
reara que, ao se fazer presente, rodopia como o vento,
sem que possamos ve-la, apenas ou^i-la, com sua voz afi
nada que se assemelha ao canto do çg çgà
à  (pássaro amare-
lo). é por esta razâo que muitos a confundem com Oya 
(ôrisà  do vento).
Enfrenta pessoas poderosas e com sabedoria as
acalma
se diz: com sua doce água que fluí sem cessar. Por isso
fíora yéy
yéyé,
é, gbémi!
Mae grandiosa, proteja-me!

Cores: amarelo-ouro ou cinza


Dias:: q u inta
Dias in ta e sába
sábado
do
Naturez
Nat ureza:
a: ág água
ua doce, rios
rios,, lago
lagoss e cachoer
cachoerras
ras
Metal:
Me tal: cobre (consi
(considerado
derado um metal nobr nobre,
e,
representante do ouro)
fíora yéyé
Saudaçâo: (Apárá) o!
\fíor
\fíoraa yéy
yéyéé ó fi d

é río m o n  
Contas:: miç
Contas miçang
angas
as am
amarelo-o
arelo-ouro
uro
Emblemas: abèbè  (leque de metal amarelo) e ¡dé.

51
 
OYA
é a divindade dos ventos. Guerre¡ra' forte e deste
mida. Ortsá  veloz, que nos golpeia cort1a rapidez de um
piscar de olhos.
olho s. . , ,
Está presen
pre sente
te no tem
te m p o e no eessp3^ 0, a V m-' 
sóñ órun   — maemae das nove partes
par tes d o cé^~f   0 9ra|]
9ra |] e ven
ve n "
dava
da vall que
qu e faz
fa z a limp
lim pe za do
d o ar
ar que
que reresp
sp11^317105, ar   em
m ovim
ov imenen to caracteriza
caracteriza a sua essé essénc
nci^
i^ co ™° 0 ° 9 °
que nos queima,
É um Orísásem  quequefaz tenhamos
as coisas spo$t0
i m ^ nae amao
m e nne
t e ,e-gra
pass á sua a gi
pa gilid
lidad
adee de espaes palha
lharr o seu
seu á?? n ° m u ^ o os
vivos
viv os e dos
do s mo
m o rto
rt o s , po
p o r seu pode
po derr e 0 nísciencia-
scien cia- o r ISS0
se diz:
Oya aláagbára ¡nú afééfé
Oyá, a poderosa que vive no vento

Cores: branco
Cores: bra nco com rosa,
rosa, estampado
estampa do con1ver
1v erm
m elho
elh o
Dias:
Dias: segunda
segunda e quar
qu arta-
ta-feir
feiraa
Natureza:
Metal: vento
ve nto,, raio, montanha
cobre mon tanhass de do|
do|Scumes
Saudapao: Eé páá héé oya!  ..
Contas:
Con tas: miganga
migangass marron
ma rronss (de
(de preferénci
prefe rénciaa' cora
Emblema: írúkeré   (rabo de boi preto).
53
 
YEMONJA
Está associada à foz dos rios e quebra-mares. Mae
dos peixes e de todas as caberas.
é evocada para trazer prosperidade e fertiIidade. é
um Ùrisà   que tem o poder de curar as doenpas com
água, sem derramamento de sangue. Com sua pròpria ri
queza (os peixes) eia pode curar um mau orí,   no ato do
Ebori.
É um dos Ùrisà  mais velhos entre os irúnmon/q   (se
res espirituais) e por este motivo come junto com Egún- 
gún
gú n  (ancestrais), para saber seus segredos.
Distribuí encargos e fungoes a todos e em tudo poe
ordem. Por isso se diz:
lyá m í ñsé owó pèlé-
pèlé-pèl
pèlé
é nínu om i
Minha mae está erguendo as maos, suavemente,
dentro das águas

Cores: prata e az azul-c


ul-claro
laro
Dia: sábado
Natur
Na turez
eza:
a: ma
mar,r, foz
fo z dos rios
rios,, en
ense
sead
adas
as,, bbai'a
ai'ass
Metal: prata
Saudagao: Odó íyá!
Contas: mip
mipanga
angass pin pingo
go d'água
Emblema:  A  Abb è b è   (leque de metal prateado).
55
 

NÁNÁ
é um On'sá  bastante complexo. Representa a me-
mória transcendental do ser humano e o acervo das rea-
goes pré-históricas de nossos antepassados.
é   urna divindade das águas paradas e dos pantanos.

Responsável pela matéria-prima (barro) que deu forma


ao primeiro homem, participando, assim, da criagao do
mundo e dos seres.
Náná   rege físicamente o estómago, os intestinos, a
memória e os pés. Temida por todos que conhecem os
seus hábitos e costumes, é este Or¡§á  o representante da
continuidade da existencia humana e, portanto, da mor-
te. Por isso se diz:
Sálu bá Náná Burúku!
Divindade que separa os espfritos
trevosos da morte!

Cores:
Cores: azul e branco ou
ou roxo
ro xo
Dia: terga-feira

Natureza:
Naturez
Metal: a: pantanos,
pantano s, charcos, lago,
estanho lago, lama
lama
Saudapao: Sálubá
Contas:
Con tas: migangas brancas rajadas
rajadas de azul
Emblema: Ibirin   (cetro de nervura de dendezeiro)

57
 

ÓRÍSÁÁLÁ
é   o governante da vida, está associado á matriz cós

mica, como principio masculino e femimno do poder


cosmogenético.
Criador do mundo inorgánico, preside a passagern
do sobrenatural á existencia física (nascimento) e tanr^.
bém á morte, quando o ser perde a individualidade e vo|-
ta ao pó.
Or¡§áálá  ffo
o i quem dedeuu for
formm a ao homem
homem,, port
portante^
ante^
é o responsável pelos defeitos relacionados com a cri^.
pao.. Es
pao Estátá associado á idéia ddee repouso, im imob
obilid
ilidad
ade,
e,
tranqüilidad
tranq üilidadee e sile
silencio.
ncio.
Detesta violéncia, brigas e tem horror a sangue. Evj.
ta tudo que é excitante. Por isso é tido como urna divin-
dade da paz, imóvel como urna pedra no fundo d'água.
Onde há desavengas, Orísáálá  se envolve na purera
do branco, e brilha emitindo luz para proteger seus se
guidores. Por isso se diz:
Oba ñlá, bábá o!
Oh, grande reí, meu pai!

Cor: branco
Dia: sexta-feira
Natureza: céu, montanha
Metal: prata, platina
Saudagao: Eép
Eépáááá bábá
bábá!!
Conta
Co ntas:
s: m¡gang
m¡gangasas brancas
Emblema: Opásóró  (cajado)

59
 

 ASS S E N T AM EN
 A ENTO
TO  

DE OGÚN 

—  1 facâo
acâo

 —
— 11 fo
enxada
enxa
foic eda
ice
 — 1 pedaç
ped açoo de fe r r o (v
(vee lho,
lh o, bastan
bas tante
te en
enfe
ferr
rruu jad
ja d o)
  1 aigu ¡dar gra grande
nde
 — m u it o v i n h o br
bran
anco
co
 — m u ititoo mònriwò   (folha de dendezeiro)

Quando se faz Ogún,  deve-se cobri-lo com m ò n r i 


wò,,  para que sua manifestaçâo seja tranqüila e a menos

selvagem
selvagem possfve
po ssfvel.l. H aja
aja vis ta que Ogún, no culto, é con
vista
siderado Ebora  (força
(força caót
caótica
ica incontrolável).
incontroláve l).

 Anima
 Ani mais
is de Sa
Sacri
crififici
cioo
 — 1 c a b r ito
it o verm
ve rm e lho
lh o
 — 4 frang
fra ngos os verm
ve rmelelho
hoss
 — 2 pom
po m boboss branco
bra ncoss
 — Tempe
Tem pero s: ataare  e azeite-de-dendé
ros:
 — Inham
Inh amee é indispe
ind ispensá
nsável
vel em q u a lqu
lq u er ofer
of eren
enda
da
para Ógún.
61

Folhas de Ógún
 — Erva
E rva-to
-tosta
staoo
 — Pérégún
— Parietária
— Canela de macaco
— Folha de i'rokó
i'rokó   (gameleira)
Espada de Ogún
 — Espada Ogún   (jungá)

 — folha
Palm eira
Palmeira
de de dend
dendé
Ogún. 
Ogún. é (m o na r ifolha
  {Obs.: w ó ). de
Estairokó
é a principal
  é indis-
pensável a todos os OrisáOrisá   e pode ser substituida
por todas as outras, contudo, a folha principal
de cada Ori§á,
Ori§á,   esta nao comporta substituigao.)

Como Colher as Folhas


 — A o raia
ra iarr d o día tom
to m e u m bo bomm ba
banh
nhoo co
comm sab
sabao-
ao-
da-costa. Vista roupas brancas e cubra o o r í   com pano-
da-costa.
 — Faga
Faga urna ofere ndaa para QsQnyin
of erend QsQnyin   com:
 — 1/2
1 /2 c o p o de mel
 — 1 peda
pedago go de fum
fu m o
 — 1 vela
 — 4 moeda
moedass de igual v a lor  lo r 
 — Ante
An tess de adaden
entra
trarr na ma ta, bata ipatéwó
mata, ipatéwó   — 
— paó
p aó —
(palmas
(palmas com ritm
ri tm o p róp
ró p rio ) e faga
faga a sau
saudag
dagao:
ao:

0rí$á igbó iba  


Ori$á Oko iba
Qrisá Oya iba   
Qri§á Qd{
Qd{? ib
ibaa 
Ori§á Ogún iba  
Orisá Osónyin iba

— Entre no mato mastigando ataareataare   ou o b i   (para


purificar o hálito). Escolha urna árvore frondosa e limpe
bem o chao. Acenda a vela, faga a oferenda do mel e do
pedago de fumo para Osónyin.
Osónyin.   Enguanto isso diz-se:

62

Mo júbá Qsónyín, orísá ewé 


orísá ewé
Ossaiyn, orixá das folhas, saudagoes.
Qsónyín mo pé o o!
Ossaiyn, eu te chamo!

 — E cant
ca nte:
e:**

 Áw
 Á w a dágó l'o
l' o jú ewé, awa dágó f'f'o
o jú e mo
m o oógún
oóg ún,,
 A dágó f'o
f' o jú ewé, a dágó
dá gó f 'o jú e mo
m o oógú
oó gún.
n.
auá dagó lójú eué auá dagólójú é ma óogum  
auá dagó lójú eué auá dagólójú é ma óogum
Nós te pedimos licenga para os nossos olhos, folha,
Pedimos licenga para os nossos olhos verem vosso
Conhecimento da medicina, nós te pedimos licenga
Para os nossos ólhos, folha, pedimos licenga para
Os nosso
nossoss olhos verem vosso conhe
con hecim
cim ento
en to da magia,
magia,
★ ★ ★
Ewé e n i ás
ásá k i ó jé, ewé jé si gbogbo Or ísá 
Orísá
Ewé k i mo ásá k i ó jé bábá, ewé jé s i gbogbo Or
Orís
ísá.
á.

eué é ni axá qui o jé eué jé si bóbó orixá


eué qui ma axá qui o jé babá eué jé si bóbó orixá.

Folha, vocé é e tem a tradigao dos costumes


do culto sagrado
Folha, vocé é para todos os orixás, folha que
Entende (conhece) os costumes tradicional e é o
Nosso Pa¡, folha, é para todos os orixás.
•k   -ir

Ewé p$fé pé á n í tó pé ew
ewé,
é, pelé pé á n í tó pé,
Lákáká a fún ó n i féé
fééréf
réfé
é pelé pé á n í tó p
pé.
é.

* Canti
Cantigas
gas ex
extrafdas
trafdas de
de OLIV E IR A, A lta ir B. Cantando para os Orixäs.  Rio
de Janeiro, Ed. Pallas, 1993, p. 44-50.

63

euè puélé pué ani tò pué eué puélé pué ánf tò pué  
lacaca a fum o ni fééréfé puélé pué àni tò pué.
Pegue a folha gentilmente, demoradamenté,
bastante demorado
A folha, gentilmente demorado, bastante demorado,
E se esforce tenazmente (com tenacidade), e a
Folha nos será dada alegremente.

 — Ao te
term
rm in
inaa r de apanh
apa nhar
ar as fo
folha
lhas,
s, retire-
ret ire-se
se do
mato com muito respeito.
  A o chegar
chega r £m casa
casa,, selecion
sele cionee as fo
folh
lhas
as e lave
lave as
as
com muito cuidado. Vá depositando no p-iláo de Òrìsà- 
átá,  juntamente com um obi, orógbó, aridán,  noz-mosca
da (ralados) e um pouco de mel. Comece entao a socar,
enquanto canta para Òsónyin:

Ewé oògùn mò n, ewè àsà ewè oògùn m$n l'Qnòn,  


mòn,
Ewé oògùn mò n, ewé m i l'òk è ewé a sù sà
sà l'gngn
l'gn gn .
eué òogum ma eué axà euè òogum ma lóna 
eué òogum ma eué mi loqué eué assúxá lóna.

Folha que conhece a medicina (cura da)


Folha das tradigoes e costumes (litúrgicos)
Folha que conhece os caminhos da magia
Folha que conhece a medicina
Folha, leve-me para o alto (ascender na vida)
Folha que nós trocamos nos caminhos das
tradigòes.
★ ★ ★
Pèrègùn a/àwé titun ó, pèrègùn aiàwé titun,
Gbogbo pèrègùn a/àwé lése, pèrègùn a/éwé titun ó.

pérégun
pérégun alà
alàué pérégum alàué ti tu m  
ué tit u m ò pérégum
bòbò pérégum alàué léssé perégum alaué titum ò.
Peregum é o dono das folhas novas e frescas.
Todos os pereguns sao donos das folhas novas e
frescas.

64

E tem seu pròprio suporte, pois peregurn é o dono


Das folhas novas e frescas.
★ ★ ★
Osonyìn a/áwo wa, §àwùre pipé Orì$à ewé
Osonyìn
Os onyìn a/áwo wa, sàwùre
sàwùre p ip
ipéé Orìsà
Orìsà ewé
ósanhim aláuo uà xauùré puipué òrfsà eué
ósanhim alàuò uà xauùré puipué òrisà eué
Osónyìn é  nosso sacerdote, faga-nos o encanto
Que nos traga boa sorte erh sua totalidade,
0 Orixádas folhas.*

 — Urna pa parte
rte das folh
fo lhas
as será
será util
u tiliz
izaa d a para
par a f o r ra r o
chao onde será posto o assentamento do Orìfà.
— Caso estiver com iyáwó  recolhido, urna parte se
rá para o forro da esteira.
 — U tili
ti lizz e o bagago das fo folh
lhaa s para lim p a r as fe ferra
rra--
mentas do Orìsà.
 — Para
Para faze fa zerr sa crif
cr ific
icio
ioss , ou mesmo urna of ofer
erenenda
da
para Ogún,  deve-se levar em considerado o horário que
o Orìsà  sai e o horário que ele volta. Ogúnt por ser capa
dor, seu costume é sair bem cedo e voltar à tarde. Assim,
os sacrificios devem ser feitos pela manha ou à tarde.
Tudo no culto é urna quest§o de análise do contexto so
cial humano e do comportamento do Orìsà.

Comidas Secas
 — m ililhh o to rr
rraa d o
 — amend
ame ndoim oim to rr rraa d o
 — feij
fe ijaa o fra
fr a d in h o torr
to rraa d o
 — inham
inh amee as assad
sadoo
 — feija
fe ijaoo p reto
re to sesemi mico
cozid
zidoo
 — égbo  (canjica branca cozida)

* Cantigas extraTdas de OLiVEIRA, Altair B. Cantando para os Orixäs.  Rio


de Janeiro, Ed. Pallas, 1993, p. 44-50.

65

— 7 aca
acagá
gáss
— 7 o b i   vermelhos ( o b i   branco nao serve para
oferenda)
— 7 orógbó
Sacrificio
—Com 7 ataare   na boca, oferega as folhas de aroei-
ra para o bode comer. Enquanto se diz:

an, mo f'o ri ó . . .
E mo fò r i k an,

— Qua
Quando
ndo o animai
anim ai corner as folha
folhas,
s, grita-se
grita-se o no
me do Orisà:

Ogún yè e e!
Oni//é, o n i tèmi  
Oni
K i ó n i òg
ògo.

Mo /uba bàbàbàbà m i  
0 k i n i HQ
HQpopo Qw
Qwàà,
0 wá niié, Ogún
Ogún On ifré oko mi. mi.
Ogún Oni/ré okùnrin gbón-gbón gidi.
Ogún
Og ún O nifré
nifr é okù nrin só
són-
n-só
són n gidi.
gidi.
Okùnrin wá,
Okùnrin wò,
Okùnrin wà àwa wòwó.
O kùnrin
kùn rin gbón-gbón,
gbón-gbón, gbón gbón.
Okùnrin gbón-gbón gbèlé,
Ogún!
 Aso
 A so in ó n n i aso
aso Egúngú
Egú ngún,n,
 Aso
 A so m ò n ri
riw
w o n i aso
aso O s ó n y in
in\\

Meus respeitos, meu pai!


Aquele que se multiplica por dez,
Aquele que vem para casa, Ogún,  Senhor de iré
ir é  
e da minha fazenda.

66

Aquele que está na casa, Ogún, Senhor de !ré


e da minha fazenda.
Ogún, Senhor de iré,   homem ¡mpossível e
importancia.
Ogún, Senhor de íré,   o homem que derrub3
árvores e abre clareiras na floresta, de re 
importancia.
Homem, venha,
Homem, olhe.
O homem que está nos vigiando no culto.
Home
Ho mem
m ¡mpossível de se se te
terr prob
problem
lemas
as co
co'1
'11 e*
e*e'
e'
quando se é cauteloso.
Homem ¡mpossível que dá sustentagao á c^sa>
É Ogún!
Roupa de fogo é a roupa de Egúngún.
Roupas de folhas de palmeiras é a roupa óe 
Osónyin!

 — Neste m o m e n to
to,, coloca
coloca-se
-se monriwo  nos ömbros
do iyáwó   e também em cima das ferramentas de ÜQÚn.

 A
 Aww a á yg
ygnn , áwa ¿y¿yon
on,,
 Ä
 Äww a á y o n , áwa á yg
ygnn Or
Orisá g^^ e- 
isá t í i k o rá re lé g
Ogún Onílé ááro!
Olóonon
Olóon on imgn !
Ogú
Og ú n On
Oníléílé a ti ekú
ekún!
n!
Ogún ofóode dé ola!
Onífré , Onílé kQngun kóngun óde orun,
Ogún Onífré oko mi!
Ogún
Og
 A sgúninó
 Asg innóíig b ámtíuóbo
n lo t i ra
bora oké b
bo,
eje!o,
 Á i s í ló w ó re sorg.
Olóoko m i, dákun dää dääbö
bö f i ye d
déé no
non.
n.
Dákun
Dáku n dääb
dääbö ö k'a a fi ye d dé
é no
non.
n.
Ogún Onííre  
Oko mi!
Méje l'Ogún wgn!
Méje l'Ogún!
Méje n'íré,
67

Méje l'Ogún!
Iré k í i sé ¡té
¡té Og
Ogún
ún..
Qya k í won ágbe ágbede
de nibé.
nibé.
O wá mqmun ni.
Ogún Oníiré oko ó mi!
Dákun wá gbá qbo re,
Ogún Oniíré ó sin Imonte!

Nosso esforgo, nossa perseverarla,


Nosso esforgo, nossa perseveranga, OrisáOrisá   que
traz a riqueza, fértilidade e felicidade para
morar em casa.
Ogún é dono da casa e da forja!
Senhor dos caminhos das folhas novas de
palmeira!
Ogún, dono da casa e do leopardo!
Ogún,   dono dos caminhos que chegam á riqueza!
Ogún,
Senhor de íré,
íré,   dono da casa cujas fronteiras
ficam acima do teto do Orun,
Ogún,  senhor de Iré
Ogún,  Ir é   da minha fazenda!
Ogún,   que quando desceu da montanha
Ogún,
cobria-se com roupas de fogo e sangue!
Sem sua ajuda é difícil.
Senhor da minha fazenda, por favor, proteja-nos
para que voltemos vivos dos caminhos.
Por favor, proteja-nos para que usemos e
cheguemos vivos dos caminhos.
Ogún,   Senhor de Iré
Ogún, Ir é  
E da minha fazenda!
Sao sete os Ogún!
Tem sete Ogún!
Sete
Tem em seteíré,
Ogún!
íré
ír é   regozija-se por tornar-se a casa de Ogún.
Oya  cu mp rimen ta os fferreiros
erreiros de lálá..
Ele está bebendo cerveja (emun).
Ogún,  Senhor de Iré   e da minha fazenda!
Por favor, venha receber seu ebó,
Ogún,   Senhor de íré, o imonle 
Ogún, imonle   a quem eu servírei

68

Neste momento, comegam os sacrificios, pela


dem do preceito.
0 lo m i nntt'l'lé
é à ti f i èj
èj$ w$
w$!!
 Alàa$o
 Alà a$o n ililé é f i i m Q n bòbòra
ra Ogún!
Ogún
Og ún t'ó dé n i je ajá.
Qlóolà
Qlóol à n i mu jé ènign.
Ogún
Og ún ìk g la igbín n i je.
Ogún
Ogú n gbénòn-gbénòn ó je ig i n i ti ti ee..
O n ílré t'à
t'àgbèdgbède e pé-ñ-pé irin n i tò
tòro
ro..
Ogún O ní nílré lré,, Ogún y è e e!
Ire owó, ire omo.
Ogún olóoko lé ààrò!
Ló ó jé oba
oba nílé n ílé ààr
ààrò.
ò.
Ogún tò kgn òde dé imgn!
0 ló jé ob
oba a n i gé ààrò.
N i gbogb
gbogbo o irúnirúnm m on
onlélé bá péj
péjó.
ó.
Lqn ón sasawo wo jé.
Ogún y è e e!
Ogún
Og ún O nííré oko m i ó sin iimgn mgnle
le..
O lóom i nílé à ti fiè jè we.
 Aláas
 Alá asoo n ílíléé f i om g k í í bòr
bòra.
a.
Ogún, dákun wá gbébo re.
Ogún k'a lówó owo.
Ogún
Ogú n k i a kólé già!
 Áse , ás
 Áse, áse
e, ás
áse!
e!
 A n i á
á$
$$ g
gng
ngnn k í í (o rú k o Ogún).
Ogún
Og ún ònòn n i ò d i m ò àdé.
Ogún
Og ún dákun màà jé k i g gngn
ngn 
O d i mo wá.
Ogún, OIó r oko.
Ogún, ó pa ñgbá.
Ogún ló ki ebg Ig gbé ¡su.
Olóroko
Olór oko mg
mgssu t i i iissu fíji
fíjinn n o n . 
Wònrgn-wònron!
Okúnrin gbón-gbon gidi.
Okúnrin són-són gidi.
Okúnrin wá!
Okúnrin wó!

 
Okúnrin wówo!
Okunrin (gbón-gbón   — gbón-gbón) 
O kú nrin gbón-gbón gbéi
gbéié.
é.
Ógún Onífré oko mi.
Ogún Onífré ó kóomi!
Ógún dákun iré gbogbo wa.
Kó iyá lé wa.
Iré gbogbo IQonon
IQonon ¡re
¡re gbog
gbogbo!
bo!
¡re gbogbo won wá wQlé wa.
Kó si m i!
Iré gbogbo
gbogb o wá léé
léé m i wá.
wá.
¡re gbogbo,
gbogb o,
 Ase, á$q, áse!
áse!

Ele tem água em casa e usa tomar banho de


sangue!
Ogún   é o Senhor que tem roupas em casa, mas
Ogún
veste-se com folhas novas de palmeiras!
Ogún   é aquele que ao chegar come cachorro.
Ogún
Senhor da riqueza e que pode tornar ricas as
pessoas.
Ogún   que usa marcas tribais come caracol.
Ogún
Ogún   ca rpin teiro é aquele
Ogún aquele que consomé
consomé urna
árvore apenas ao encostar-se nela.

efeito.de íré
Senhor ír é  qu
quee deixa o ferro pequenino
pequenino como
Ogún,   Senhor de fré,
Ogún, fré,   salve Ogún!
Traga felicidade de dinheiro e felicidade de
filhos.
Ogún,   dono da fazenda e da casa da forja!
Ogún,
Ele é o reí na casa da forja.
Ogún   é quem segue o caminho para chegar ás
Ogún
folhas novas de palmeira!
Ele é o reí para quem cortamos antee¡padamente.
Com quem todos os irúnmonié irúnmonié   junt
ju ntam
am-s
-see para
suprir suas deficiencias.
A quem cultuamos no caminho (ou: Quem é 
cultuado no caminho).
 

Salve Ógún!
Ógún,  Senhor de Ir
Iréé   e da minha fazenda,
o Imonle  a quem eu serví reí.
Senhor
banhoquede tem água em casa e que usa tomar
sangue.
Dono das roupas da casa, a quem os filhos
cumprimentam ao vest¡rem-se.
Ogún,   por favor, venha receber seu ebó.
Ogún,
é  quem nos ajuda a termos tradigao.
Ogún é 
Ógún,   com quem construiremos a riqueza da
Ógún,
nossa casa!
Assim, seja, assim seja, assim seja!
Nós temos a graga de no caminho cumprimentar
(nome do Ogún).
Ogún  do caminho é quem conhece o lado errado
Ogún 
da espada.
Ogún,   por favor, nao permita que os caminhos
Ogún,
Estejam errados para mim.
Ogún,   o dono que olha a fazenda.
Ogún,
Ogún,   ele mata, ele recebe.
Ogún,
Ogún é é  aquele que irá receber oferendas de
inhames.
Dono que olha a fazenda e conhece o bom
inhame apenas olhando á distancia.
Ele é irrequieto!
Homem irascfvel, mas de muita importancia.
Homem que derruba árvores na floresta e
abre clareiras, ele é muito importante.
O homem que vem!
0 homem que olha!
O homem que vigia o culto!
0 homem com quem é impossível de se ter
problemas com ele quando se é cauteloso.
Homem irascfvel que protege a casa.
Ogún,   Senhor de Iré e da minha fazenda.
Ogún,

Ógún,  Senhor
Ógún,  defaga-nos
por favor, Iré, o primeiro para mim!
todos felizes.
Nao castigue nossa casa.

71
 

Que sejam felizes todos os carninhos, felizes


todos!
Sejam
casa.felizes todos os que estao dentro de nossa
0 primeiro para ;n¡rn!
Sejam felizes todos os que estáo vindo á minha
casa.
Todos felizes,
Assim seja, assim seja, assim seja!

 — A o term
te rm ina
in a r os s a crifi
cr ificc ios
io s , parte
partem-se
m-se os obi,  
gando-os e extraindo as respostas do Órisá:
Vejamos as combinagoes possíveis, no jogo de o b i  
ou qualquer outro jogo ritual ístico, cuja composigao se
 ja qu
quaa tr
troo . Tome
To memo
moss os bú
búzi
zios
os co
comm o ex
exem
empl
plo:
o:

SI
SIMM

con firma
firma jogada
jogada an terior 

SI
SIMM

NA O

NA O

 — Quem estestáá inti


in tim
m a m e n te fam
fa m ilia
ili a riz
ri z a d o co
comm o
tema, pode, tranqüilamente, extrair outras informagSes,
da seguinte forma: o b i   de ququat
atro
ro partes — 2 partes ssaao
femininas e 2 sao masculinas.
1. Um feminino aberto e os outros fechados —A j é
— quer dizer: riqueza. Se olhássemos apenas pelo
significado de Okonron,  o resultado seria nao,

no entanto, este éum OkQnrQn  cheio de prospe-


ridade.
2. quer
Um masculino
ma sculino
dizer: e u^1
u^1 feminino
amizade. fem
é   inino
1,171 abertos
resultado— de
E jire
Ejire —
bom
re
rela
lacio
ciona
nam
m ento
en to social
social e Que a oferen
oferendada foi
f oi bem
0C0113
3. Dois
Dois masculinos aberto abertoss - O kó kóóro
óro n ~~  quer di
~~
zer: crimes, dificuldades, ameagas e disputas, é
um resultado excelente quando a finalidade do
quee se faz seja perseguir algue
qu alg uem.m. as se, p o r
exemplo, esta queda tenha safdo após um assen-
tamento de Ógún,  ¡st° ¡st° significa
sign ifica que
qu e este
este Ogún é
um Ebora  e o seu culto tem que ser feito no
mato. .
4. Dois
Dois femininos
femin inos aberabertotoss - Ye y e - O r o n -  quer di
zer: fraqueza. é um resultado que indica nao ha-
ver progressos, através do ritual feito.
5. Dois masculinos e um fern|nin0 abertos —Akita
— quer dizer: sucesso, porém, depois de rnuitas
dificuld
dific uldad
adeses.. Este
Este resultado
resultado propoe
pro poe paciencia
paciencia pa
ra solucionar os problemas-
6. Um masculino e dois femininos abertos — Obita O bita
 — que
qu e r di
dize
zer:
r: neutro-
neu tro- . .
7. Dois masculinos e dois femin inos ino s abertos
abertos _
Ofun
Ofu n tab i A lafi a   - quer dizer
lafia dizer:: tud o de bom. Es
te resultado é a ¡ndicagao de que o sucesso será
absoluto.

Enfim, o meu objetivo é   transm't ' r práti


práticas
cas rituahs-
rituahs-
ticas, observando
observa ndo os cuidados necesa
nec esarios
rios a sua
sua exe
execup
cupao.
ao.
Ógún,  por exemplo, é um Onsá extremamente perigoso,
que está relacionado com o sulfato ferroso^do figado
(c
(cen
en tro das
das emopoes humanas
humanas — ondeond e a razao fica sem
6Sp3£C>)
é  um Or¡$á
Ogún é  Or¡$á   único, com sete qualidades. Urna
délas o destaca como um grande cortador de caberas.
Outra, é considerada como o Ogún
Ogún   dos barbeiros e come
cábelos. Outra o faz tao violento que comea ferrugem
do pró
p ró p ririoo ferro
fer ro,, o se
seu elemento- E quan o apare
aparece
ce na

73

qual¡dade de Úgún-Mákin-dé   destaca-se como um espe


cialista em comer gente. Portanto, fica aquí o meu aler
ta: de que nao é aconselhável liciar com este Orisá  caso
nao se tenha urna conceppao limpa do seu caráter com-
portamental, na Terra e no espaco.
74

 ASS S E N T A M E N T O DE
 A
ÒRÌSÀÀLÀ

 — 1 bacia de lou louga


ga ou àgata grand
grandee
 — 1 ped
pedrara branca
branc a
— terr
terraa fér
fértt il
 — areia branca
 — 96 bùbùzio
zioss
 — 10 pr
— 10 prat
id
idééatos
sos
debrabranco
ncossbbranco
metal ranco
 — 1 q u a rtin
rt inhh a
 — 1 p ila
ilaoo
 — 1 ¡rùkqrQ
¡rùkqrQ   branco
 — 1 òpà$òrò
 — 10efun
 — m ui
uita
tass moedas de n íq íquu e l ou pr
prat
ataa
 — pa
pano
no brbran
ancoco de alg
algododao
ao p u ro
 — alg
algod
odaoao
— o ri

Procedimento

 — C o lo
loqu
quee a te
terr
rraa na bacia e cub
cubra-a
ra-a co
comm ur
urna
na ccaa
mada de areia. No cecenn tro coloca
colocam-se
m-se a pedra, os búzios, aass
moedas e os ¡de.

75

—Com os pratos.faga urna circunferencia em volta


dos objetos, que estao no centro da bacía.
— Os efun   sao embrulhados no algodao e servirao
como oferenda permanente.
píla o é o seu assento; o opásóró  o seu apoio;
— 0 pílao
e o irükéré é  o símbolo de sua realeza e autoridade.
— 0 paño servirá
servirá para
para cob
cobrír
rír o assentamento. E
Este
ste
simboliza a natureza da luz branca do Orisá.

Sacrificios

— 2 i'gbin   (caracol da térra)


— 2 pom
pombosbos (e(est
stes
es nao
nao sa
sao
o sacrificados)

Comidas

—10 Ékuru funfun   (¡nhame cozído, socado no pi-


lao e embrulhado em folhas de bananeíra)
— 10 aca gás (éko)
acag
— Égbo  (canjica branca) com o rí
— arroz com clara
clar a de o
ovos
vos e mel
— sementes de abóbora
abób ora ((tira-se
tira-se a casca). Fazer
Faz er u
um
m
puré com molho de tomate, espinafre e cebóla
ralada.
—puré de feijao branco (sem pele). Com O rí   e ce-
bola ralada.
— frutas: uvas verdes
— flores
flores brancas
brancas
Folhas de Órísáálá
—Cana-do-brejo  — Capeba
Capeba
— Folha-da-costa (bran
(branca
ca))
—Cajá  — Jarri
G orrinh
Ja lflfo
o branco
nhabra
a nco
— Folha da
da fortuna
fortuna  — Folha
Fo lha-d -de-
e-vin
vintém
tém
— Rama-de-leit
Rama-de-leite e  — Beldroega
B eldroega
— Folha-d
Folha-de-l
e-le¡t
e¡te
e  — Folha
Fo lha de irokó

76

EBORI
e 9 

Muitos sacerdotes e outros estudiosos respeitáveis


da cultura afro-brasileira escreveram sobre o ato litúrgi
co, denominado de Eb orí: Eb o   —sacrificio; O r í — cabe-
Ebo
ga. £ urna forma ritual istica de alimentar a cabeca e for
talecer a psique.
Os textos desses autores comecam sempre nos im-
pressionando pela sua composicao, no tocante ao jogo
de palavras, mas nao tardam em nos decepcionar com as
famosas frases: "É segredo da seita", ou "é segredo re-
sen/ado aos iniciados — awo",  e a decepcao do leitor é
completa, porque nao encontrou no corpo da obra o
que leu no índice ou na apresentacao. Em resumo, o que
esses autores nos dizem é que guardam os principios do
ato para nao ferir os preceitos da religiao. Pretexto!
Em diversas
diversas destas
destas obras
obras enco
encontr
ntrare
aremo
moss — e sem sem
nenhumaa desculpa
nenhum desculpa — receitas abomináveis de feiticarias.
feitica rias.
E eu pergunto: isso nao fere a dignidade humana? Nao
fere a concepcao do Candomblé, que visa simplesmente
o encontro, o eq uilibrio com Olódúmaré?
0 que realmen
realmentete precisamos fazer é, atraatravés
vés da in-
formaca
form acaoo (nao
(n ao-"m
-"miste
isterios
riosa”
a” ), expr
expressar
essar a noss
nossaa visáo de
mundo, de vida e de Deus, sem reticencias. Sem conota-

77

goes que gerem dúvidas e preconceitos, deixando claro


que, enquanto outras religíSes creem que Deus perdoa
os seus pecados, nós eremos em Oiódùmarè   como o
equilibrio do Universo. Desta forma, nada é segredo, na
da é mistério, nada é "pecaminoso". Julgo, entao, desne-
cessária a omissao do conhecimento a leigos ou a inicia
dos mais novos do culto, sob pretexto de nao possuírem
á$e,   visto que o ás
á$e, ásee  aumenta exatamente com o pròprio
conhecimento do individuo.
0 é, sem dúvida, urna das mais belas prática
E bo rí é,
da liturgia
mente, candombleísta.
quando Sua necessidade
urna determinada pessoa sesurge,
sente exata
psico
logicamente desestruturada, o que a leva a perturbagoes
físicas e mentáis e sua vida comega a sofrer urna sèrie de
mudangas indesejáveis. Neste caso, Eb orí é  urna obriga-
gáo simples, porém mu ito eficiente, e faz com que a pes
soa v olt
oltee à sua estabilidade eemo
mociona
cional.l.

Ritual

Primeiramente consulta-se ¡fá,  para saber quais sao


os Orisà 
Orisà  da pessoa. Isso é feito para que nao se cometam
erros, tais como: oferecer obí a  cabega de um filho de
Sqngó ; mel aos filhos de Osóos/;
Osóos/;   ou dendé aos filhos de
Óri§áálá.  O ato do Eborí, como já expliquei acima, é pa
ra a cabega do individuo e nao para o O r isa.
isa.

Podem ser oferecidas para o O rí as as  comidas sagra


das dos Orí$á,  com o norm alm almente
ente se faz, todavía na naoo é
rigoro
rig orosasamm en
ente
te necessàrio seguir-se
seguir-se eesta
sta regr
regraa po
porq
rque
ue —
 já que o E b o r í   é urna festa para a cabega — ele pode co
mer e beber tudo que o individuo goste. Alguns detalhes
devem ser observados. Por exemplo: nao oferecer comi
da apimentada ao O r í   de quem nao goste deste condi
m e nto
nt o , po
porq
rque
ue se a pe pesso
ssoaa re
reje
jeita
ita é si nal de que O r í  nao
aceita.
Se E b o r í   é urna grande festa para a cabega da pes
soa, para que esta venha a ficar contente, os participan-

78

tes devem ser seus bons amigos, para que venham co-
mungar juntamente com a felicidade da pessoa que rece
be o Ebg.
Para receber E b o r í a pessoa devé passar por urna sé-
rie de rituais de limpeza:

Ebp Ikú
 —  Pàdè  de azeite-de-dendé
azeite-d e-dendé
 —  Pàdè  de água
 —  Pàdè  de mel
 — 9 àkàrà
 — 9 èkuru
 — 9 acapás (eko)  brancos
acapás
 — 9 acapás (eko)  vermelhos
acapás
 — 9 ovos brancos
branc os
 — graos: fe feijá
ijáoo p re
reto
to
feijáo
feijáo fradinho
feijao carioca
arroz (cru)
pipocas
canjica branca
 — Legumes: beterrab
bete rrabaa
cenou
cen ou ra
batata
inhame
cebóla
 — Verdu
Ve rduras
ras:: couve
repolho
alface
 — Ave:
Av e: um frang
fra ngoo br
bran
anco
co
 — O ut
utro
ros:
s: 1 pano
pa no branc
bra ncoo do ta
tamm anho
an ho da pesso
pessoaa
9 velas
1 alguidar gr gran
andede
Folh as: pèrègùn,  aroeira, sao-gongalinho
 — Folhas:

79

 — T em
empe
pero
ro:: sal
sal,, água,
água, cachaga, aze
azeite-d
ite-de-d
e-dend
endèè e
mel.

Procedimento

 — Poem-se
Poem-se as ofer
oferend
endas
as arrum
arr umada
adass em orordedemm , ao
lado, e acendem-se as 9 velas.
 — Peg
ega-
a-se
se o alg
alguid
uidar
ar e colo
coloca-s
ca-se-o
e-o em fre
fr e n te à pes-
soa.
soa. Esta
Esta deve estar com a co colun
lunaa bem reta e relaxa
relaxada.
da.
De olhos fechados, com 9 ataare  na boca e pedindo para
s¡ tudo de bom.
 — Po
Poe-s
e-see um po
pouc
ucoo de sal d e n tro
tr o do alg
alguid
uidar
ar e
diz-se:

I yo, ¡yo,  /ó gè 


lyò /ó gè

 — Em seguida poe-se uum


m p ou
ouco
co de água e diz-se:
Sé k'ara tú om¡
K¡ odó bo k i a
ara
ra tú om¡
K i o d ó bo

 — Poe-s
Poe-see um
u m p ou
ouco
co de cachapa e diz-se:

E ba
barara o tí  
E n i là o rí o ó 
E ba
barara o tí  
E nil
nilà
à o rí

 — Poe-s
Poe-see um
u m p ouco
ou co de azeite-
aze ite-de-
de-den
dendè
dè e diz:
di z:

/ró jú o tobé
Epo ¡rójú q/obé epo
— Por último, poe-se mel e diz-se:

ó dún bá ti olà
olà

80

Y /'iba
/'iba ti owó
owó
Oyin oyin ékuru

 — Em seguida parte-se urna ceb


cebóla
óla em q u a tr
troo par
pa r
tes e diz-se:
Ikú mo pé ó o!
Ikú rè ó o!

en tao,, a I k ú   se aceita o Ebo.  Joga-se


 — Pergunta-se, entao
a cebóla no chao, como se faz com obi, orógbó,  etc.
A confirmapao é idèntica ao jogo de quatro bú-
zios e a consulta tem qúe ser feita, no mínimo, duas ve-
zes:
ÙYÈKO  - n a o
ÒKQNRON   - nao
ÈTAWA   —confirma a jogada anterior 
ÈJÌ-FE -   sim
 A L Á F Í A   —sim

Digamos que a primeira jogada saiu Oyekú,   seguido


de Etawa, isto quer diz dizer
er ququee I k ú   nao aceita o Ebo.  0
que precisa o oficiante do ato fazer é verificar qual o
erro que está sendo cometido, de modo a corrigi-lo. Isso
ás vezes pode ser solucionado espargindo um pouco de
água sobre o O r í  da pessoa.
 — Passe ent
entao ao o ebeboo   na pessoa, comegando pelo
frango, enquanto se canta:
Sáárá rè ebo kú ònòn
Sáárá
áárá rè b í àkùko.
àkùko .

Após passado no corpo da pessoa, o frango é sacri


ficado (cortando pelas costas) dentro do alguidar. Que-
bram-se-lhe as asas e os pés.
 — Passe na pe
pess
ssoa
oa o res tantee do Eb
restant Eboo   e vá colocan
do um pouco de tudo dentro do frango. Enquanto isso,
reza-se:
81

Sáá sáá gbá/é (té) 


fun a ó.
Sáá sáá gba/e.

Só só só ekuru  
/yásán ¡ó ebo ekuru  
Só só só ekuru  
Oya gbále ekuru.

 — Por ú ltltim
im o , abre-se
abre-se um o b i   e ver¡f¡ca-se se tudo
fo¡ aceito. Obtendo resposta afirmativa, divida-o em no
ve partes e ponha-o sobre o Ebo.
— Passe o paño branco no corpo da pessoa, pedin-
do paz e limpeza para a sua vida, enquanto retira os resi
duos dos alimentos.
 — Em br
brul
ulhe
he o Eb
EbQQ  no paño e amarre-o. A pessoa,
ainda com os olhos fechados, salta por cima do Ebo.
— Consulte If á   para saber onde este deve ser des
pachado.

Banho
 — Ingred
Ing redient
ientes:
es:
sabáo-da-costa, iyereosun,  bucha do mato.

Procedimento

 — Pegu
Peguee um pedapo do sabao e corteco rte-o-o em fa fatia
tiass
bem finas. Junte um pouco de iyereosun,  e misture
bem, até conseguir a consistencia original do sabao. Divi
da em duas partes. Ponha urna parte na bucha e dé para
a pessoa tomar o banho:
 — lave
lave pr
prim
imei
eira
ramm en te a cabega,
cabega, fric
fr icci
cion
on an do-a
do -a
bem. Em seguida o rosto, pescopo, tórax, bra-
po esquerdo, perna esquerda, brapo direito,
perna direita, por último barriga e órgaos se-
xuais. Lave bem o corpo e retire todo o resto

82

do sabao que ficar na bucha. Coloque a outra


parte do sabao na bucha e repita o processo.
Joga-se a bucha na rúa.
— Em seguida, dá-se um banho na pessopessoaa com as
seguintes ervas:
—espada de Ogún

aroeira
 — agoita
ag oita-ca
-cavalo
valo
 — m al
almm eque
eq uerr bravo
bra vo
 — pérégún
pérégún
 — erva
er va-to
-tosta
staoo
 — alfava
alfa vaqu
quin
inha
ha
 — folha-d
folha -da-
a-co
costa
sta
 — m u tam
ta m ba
 — com
co m um p o u co de m el
el,, agúcar, o b i  e
orógbó  ralados

 — Faga
Faga urna pasta com
co m o r i   e efun,  e passe nos pul
sos, antebrazos, tornozelos, tórax, nuca, na cabega e no
umbigo. Em seguida, amarre os contra-egun   e faga com
que a pessoa vista roupas brancas, com a cabega também
coberta com um paño branco (á/á).
 — Recolhe-se a pesso
pessoaa e deita-se-a sobre
sobr e urna estei-
ra forrada também de branco onde, embaixo da mesma,
estarao as folhas de fundamento do seu  Aléase.
— Faga entao oferenda para Obá/úwáiyé:

 — feija
fe ija o -pre
ralada, -p reto
to c o z id
passado ido
noo azeite-de-dendé,
e tem
te m p e rad
ra d o com
co m cebóla
ceb óla
enfeitado
com camaróes fritos e pipocas.
 — Pipocas, enfeen feita
itada
dass com
co m 14 fafatia
tiass de coco
co co..
 — Far
F arofa
ofa de azeite
az eite-de
-de-de
-dend
ndé,
é, e nf
nfee itad
ita d a com
co m ro
delas de banana-da-terra.
 — Ekq, égbo  e aluá  de abacaxi.
 — A pess
pessoa
oa perma
per manec
necee ju
junn ta
tamm e n te com
co m estas
estas of
ofe-
e-
rendas por 24 horas, quando tudo deverá ser levantado
e enterrado.
 — No dia segu
se guinte
inte,, bem cedo
ce do,, dar-l
da r-lhe
he o u tro
tr o banh
ba nhoo
de ervas.

83

Ebó de Egúngún

 — 1 garrafa
garra fa de pinga
 — 1 bandeir
ban deiraa branca (vai d e n tro
tr o da pinga)
pinga )
 — 9 fsón   (varas de amora)
 — 9 àkàrà
— 9 èkuru
 — M
 — Azeite
Azuitas
eite-de
uit as-de-de
-dend
tira
tiras ndéétecido
s de tec idoss estampado
estam padoss
 — Mu ¡tos búzios
búz ios
 — M uita
ui tass moedas co corre
rrent
ntes
es
 — Folhas
Folh as de amora
amo ra
 — Folhas
Folh as de cara
c aramb
mbola
ola
 — Folhas
Folh as de cana
 — Um frafrang
ngoo
 — Um o b i
 — Um orógbó
 — Are
Areia
ia

Procedimento
 — Leve as comi
co mida
dass ao lié Ikú.  Passa-se o frango na
pessoa e esta, com 9 ataare  na boca pede tu do de bom
aos seus antepassados, soltando seu hálito sobre a cabega
da ave. Feito isso, corta-se o frango para os ancestrais.

Reza de Egúngún 

lié
lié m o pé o
 A
 Agó
gó k i i ngbó
ng bó e kún
kú n g m o r§
K i o ma
Baba awataomo
et i wéré

re ré,
ni , a npé o.
K í o sáré
sáré wá jé wa o,
K í o gbó iwú re wá,
Má jé a rík ú éwe
éwe,
Má jé a rija Èsù,
Èsù,
Má jé a rija Ogún,
Ogún,
Má jè a ríjá orni,
orni,

84

Má jè a rijà
rij à Sopori na,
na,
B í o bá tùn d i àmòdùn,
K í a tún pé jo , pèjù à/àfià
à/àfià à ti ayò
ayò..

0 terra, eu vos chamo!


 Ag
 A g ó , ao ouvir o choro dos filhotes,
responde rapidamente.
0 pai, somos teus filhos e te chamamos.
Vem logo nos ouvir.
Ouve nossas rezas.
Livra-nos da mortalidade infantil.
Proteja-nos da ira de Exu.
Proteja-nos da ira de Ogum.
Proteja-nos da ira das águas
Proteja-nos da ira de Xapana.
Que ao chegar o próximo ano
estejamos reunidos, com saúde e felicidade.

Ebó de Èsù

 — Urna ga
galin
linha
ha-d
-d'a
'ang
ngol
olaa
 — Um p o m b o
 — Um o b i  (dividido em duzentas partes)
 — 6 acag
acagás
ás verm
ve rmel hoss (èko)
elho
 — Azei
Az eite-
te-de
de-de
-dend
ndéé
 — M
 — Um o ilo tie olóò
u ititom ol
d uóòj
zejentos
zent   os
(gimcru
cr seco)
u zeiro
ze iross (em moe
moeda
da c o rre
rr e n
te)

Invocapao de Èsù

£sù òta òri$à.


Osétùrà
Osét ùrà n i orukg
oruk g babà m g ó.
 A/àg
 A/ àgog
ogoo ìjà
ìj à n i o rú k o ìy à npè
np è é,
£sù òdàrà, gmgkùnrin idólófin,
0 té sónsó s i o r i qs$
qs$ (?!ésè,
Kò ¡e, kò jé k ie n i njenje gbé
gbé m i,
 A k i ì ló w ó l á i mù
m ù t i èsù
èsù k ù rò,
rò ,

85

A k i i làyò èsù kurò, 


làyò lè i mù ti ès
 As
 A s ò n tu n se òs
ò s i ¡ à i n i it i j u ,
Èsù àpàta sómo otórno lénu,
0 fi okùta dipo iyò. iyò.
Lóògemo òrun, a nla kà/ù, 
Pààpa-wàrà, a tùkà mése sà,
Èsu més
mése e m i ’ omo e/òmiràn ni o se.

Èsù ìààiu,
O kiri òkò  
Ebità okùn ri rin,
n,
 A bà n i wó
wóràn
ràn,,
B ià ò r i dà
dà,
Olópa elédùnmarè
elédùnm arè laelae
laelae..
O sàn sòkòtò pénpé,
Onibodè o/órun.
0 sùn nilé fogo ti kun.
Èsù !ó ji.
Ogo akòt iji.njé làto
Ebgr
Ebgra làtopa.
pa.
0 bà elékun
elékun sunkun,
Kérù ó ba elékun,
Elékun n sunkun,
Làaróyè n sun èjè.
O bà in im im i m i,
Kérù ó ba onimimi.
O nim im i n fimu
fimu m i,
Làróyè
Làr óyè n fi gbogbo
gbogbo ar ara m i bià jére,  
Èsù ma se m i, omo elò m iràn n i o se, 
om o elòm
N ito rie n i èsù b à nse k i im o ,
B i o bà f i ohun, tire si/ si/è,è,
Ohun olóh un n ii maa maa wà kiri.
Èsù òdàrà,
O r im
i m i k ó n i j é è m i rrii iib
b iin
n ù re
r e.

86

Exu, o ¡nimigo dos orixás.*


Oséturá é o nome pelo qual vocé é chamado
por seu pai.
 Alág
 Al ágog
ogoo Ijá  é o nome pelo qual vocé é chamado
por sua mae.
Exu Qdara,
Exu, o homem
que senta de Idólófín.
forteoutros.
no pé dos
Que nao come e nao permite a quem está
comendo que engula o alimento.
Quem tem dinheiro, reserva para Exu a sua part^
Quem tem felicidade, reserva para Exu a sua par/
Exu, que joga nos dois times sem constrangimenA
Exu, que faz urna pessoa falar coisas que nao de^>.
E xu
xu,, que usa
usa pedra
ped ra em vez de sal. ^j
^jaa
Exu, o indulgente filho de Deus, cuja grandeza
se manifesta
Exu, em inesperado,
apressado, toda a parte.que quebra em
fragmentos que nao poderá juntar novamente.
Exu, nao me manipule. Manipule outra pessoa.
Exu Láá/ú,
O kiri óko,
óko,
Ebitá Okunrin,

* Nota do Editor: Corno facilmente se deduz da b i b l i o g ra fi a   constili


muitos dos o r í k i aqui transcritos — no tod
dos do excelente  texto de autoría de Síki'rú Sálámí ( K i n g )t Cantico^ 
tod o, ou em
em parte — foram
Orixás na África   (Sa
(Saoo Paulo, Ed. OOdudu
duduwa,
wa, 1991).
1991 ). Sentim
Sen timo-no
o-nos,s, port^
port ^ %->s
no dever de transcr
transcrever
ever a obs
observa
ervapáo
páo feita por A lta ir B. Oliveira t0
responsável pela revisáo do texto em Yo rú b á   da pr pres
esen
entete ob
obrara,, por j ^ ) ’
la pertine nte e escla
esclare
reced
cedora
ora,, nao
nao imp licando dem érito para
para a obra
obra c it a J ^ !
Observa T'Ógún:  “ Com o pess pessoa
oa também lig ligada
ada ao
ao culto
cul to aoaos
militante, discordo da colocacáo do o r f k ì : H  e
Èsù ótá Òrisà  
(Exu, inimigo dos Orixás)
que, na verdade, deve grafar-se:
Èsù Oótá Òrìsà
(Éxu, o Oficial da Guarda dos Orixás).
Há grande
importante, difere
diferenpa
nao somente npao entre
en tre urna coisadoe ou
conhecimento Y otra
r ú,b ásendo,
sendo
mas, por
, mas po r isso
isso,, rrT
também T| ' \ 0
terpretagáo do culto (principalmente de Èsù),  sem o ran<?o da visao ct-¡t
que o liga
liga aaoo Diabo, o An Anti-C
ti-C risto,
ris to, o adversário
adversário do
doss Santos,
Santos, como ta m ^ ^
da visáo m us
usulmulm ana,
an a, que o liga a Sata, com a mesma conota<?áo".
conota<?áo". ^r
^r-y
-yíí

^7

 
Exu, que causa problemas ao homem quando o
homem nao tem problemas.
O ¡nspetor de Eledumare,   desd
desdee o prin cip io
dos tempos.

0Exu amarrou
porteiro de um pedapo de paño na cintura.
Eledumare.
Ele dorme em casa e tranca a porta com
seuu p or
se orre
re te.
E Exu acordou.
Seu porrete nao acordou
O venerável que é chamado Látopa.
Ele, que chora com a vftima
até o ponto da vftima se amedrontar.
A v ftim a está
está derramando lágri
lágrimas,
mas,
Láaróyé  está derramando sangue.
Ele que respira junto com a vftima
até o ponto da vftima se amedrontar:
a v ftim a está
está respirando
respirando pelas
pelas ñam as
Láaróyé  está respirando pelo corpo inteiro,
como urna peneira.
Exu nao me conduza ao mal, conduza ao mal
meus inimigos.
Pois quem estiver sendo conduzido ao mal por
Exu, nao sabe.
Quando ele deixa sua propriedade
vai atrás da propriedade dos outros.
Exu Odárá,
Meu
Me
suau furia.
o rí nao
nao vai p e rm itir que eu experimente 
eu experimente

Procedimento

 — Para
Para o s a c ririfificc io :
um galo se for mulher
urna galinha-d'angola . as aves sao
um pombo branco fémeas
um peixe de escamas
(branco)

88

 
l’ara o assentamento de Orí: 
urna terrina branca
urna quartinha branca

uin òkùta
muitos   branco
bùzios
muitas moedas (correntes)
ou ro
A pessoa se poe de pé em cima da erti  (esteira).
Junta bem os pés, mantém a coluna reta e faz très fle
xor*, verticais (chamando por Orí).  Es Este
te ato fac
fa c ilit
ilitaa a li-
Ixüagao de líquido do cóccix, que fluirá na coluna verte-
bi.il, no sentido de baixo para cima, até o cerebro. Isto é
<|U<! vai facilitar levar todos os ingredientes (mineral, ve-
(|i 11«i I e animal) ao centro da cabepa. Esta é a grande obra
de magia.
Na terceira flexao, a pessoa nao se ergue mais. Sen-
i .i  se? na esteira co com
m a cocoluluna
na reta, pernas esticadas e
m.íos espalmadas para cima, sobre os joelhos.
 — 0 o fificc ia
iann te do a to
to,, mais os ppresen
resentes,
tes, g ririta
tam m:
B ò ri $ o!
o!  (soment
(somentee o oficia
oficiante
nte))
O rí ó o!  (res
(respo
pond
ndido
ido em cocoro,
ro, pelos pr
prese
esent
ntes)
es)
 — Pass
ssa-
a-se
se,, en
enta
taoo o aca
acacá:
cá: na nuca
nuca,, tes ta, O r í  (cen
testa,
tro), pulsos e entre os dedos maiores dos pés. Obs.: se a
m3e da pessoa for falecida, o acagá tem que ser passado
somente no pé direito; se for o pai, passa somente no pé
(ísquerdo; caso sejam os dois falecidos, nao passa em ne-
nhum.
Neste ato, canta-se:
B ò ri ó o!
o!
Mònsà k'èjè  
Bòri ó o! Orísá 
B ò ri ó o! Mòns
Mònsà
à k'èjè
k'èjè  
bàbà I
Bòri ó o! Orísá 
B ò ri ó o!
O rí ó o!
89

 — Va¡-
Va¡-se
se enta
en taoo o fe
fere
rece
cend
ndoo os pra
p rato
tos,
s, co nvid
nv idaa n d o o
O/Y para aceitá-ios. Enquanto isso, canta-se:

Enikon kon b ò ri ó o!
Ki ó ¡ó, bó seré 
Ki ó ló bó seré 
K i o íó .. .

— No final deste ato, consulta-se//#, para saberse


tudo está correndo bem. E, aquí, faz-se necessàrio abrir
um parènteses para urna descrigáo sucinta do  j joo g o co
comm
8 búzios utilizado exclusivamente no ato ritual de E b o r í  
(para maiores detalhes, consultar Orúnmila & ȧù,  do
mesmo
mes mo auto r).
As caídas sao as seguintes:

1) Odù Ogbé ikú  (todos os búzios fechados)


Resp onde Oya.
 — Responde
 —S
 —S ig
igni
nific
ficaa que fa traa ta r de Bábá Égún.
faltltaa tr
2) Odù Ogbè Òkònròn   (1 búzio aberto/7 fechados)
 — Responde
Resp onde Èsù.
 — S ig
igni
nific
ficaa que algo no r itituu a l está
está saindo
sa indo errado.
erra do.
Pode ser com a pessoa que está recebendo a
obrigacao, com o Bàbàlóòrisà,   com algum dos
participantes ou,dos
na distribu ¡gao atéingredientes.
mesmo, com algum erro
3) Odù Ogbè Joko   (2 búzios abertos/6 fechados)
 — Resp onde Orisáálá.
Responde
— Significa que falta alguma oferenda para Or i 
sáálá.
4) Odù Etáwa   (3 búzios abertos/5 fechados)
 — Respon dem Ogún  e Ode.
Res pondem
— Significa que há algum engano. Verificar se
nao está faltando algo.
5) Odù Obárísé Joko Méji   (4 búzios abertos/4 fe
chados)
Resp onde Sqngó.
 — Responde
— Significa confirmagao de tudo estar em per-
feita ordem.

9C

6) Odù Adà§Q Lodò Ajikùn   (5 búzios abertos/3 fe


chados)
— Responde Osún.
 — Signi
Sig nific
ficaa que
q ue fa
f a lta
lt a alguma
alg uma of
ofer
eren
enda
da para Osun.
7) Odù Adàse Lókun  (6 búzios abertos/2 fechados)
 — Responde Yemonja.
— Significa que falta alguma oferenda para Ye Ye-- 
monja.
8) Odù Ogbè Obito   (7 búzios abertos/1 fechado)
 — Responde
Resp ondem m Obálúwáiyé/Náná.
 — Signi
Sig nific
ficaa que fa faltltaa alguma
algu ma of
ofer
eren da para Obá- 
enda
lúwáiyé  e Náná.
9) Odù Á/áfíá  (todos os búzios abertos).
 — Responde Orúnmilá.
 — S ig
ignif
nifica
ica que a obrig ob rigac
acao
ao está
está corr
co rree n do (ou
correu) mu ito bem.

 — Con
Co n tinu
tin u a nd o : tiram- se os ès
tira m-se èsè
è  do peixe, que sao
colocados dentro da terrina, juntamente com o ókúta, 
búzios, moedas e 4 acacá.

B ò ri ó o!
o!
O rí ó o!
O rí ki a fi
fie
e jej
jejaa 
B ò ri ó o
o!!
O rí ki a f i e jej eja

O rí k i a fi e jejejaa 
B ò ri ó o!
O rí ki a f i e jejaeja  
 Áse t i E ririn
n lè  
 Áse t i E ririn
n lè  
Orò m i jeej
jeeja. a.

 — Apó
A póss re tiraa r os ès
retir èsè
è  do peixe, levá-lo ao forno,
assá-lo e devolvé-lo à mesa de O r í ; antes do final do ato.
(Obs.: o peixe é embrulhado em folhas de bananeira.)

B ò ri ó o!
o!
O rí ó o!

91

 — Abre- se um o b i   e pergunta-se a O r í  se está acei


Abre-se
tando as oferendas. Obtendo resposta positiva, retira-se
um peda
pedaco
co e dàdà-se
-se para a pes
pessoa
soa mas
mastiga
tigar.
r. 0 mes
mesmo
mo é
feito para todos os presentes. 0 restante vai dentro da
terrina. 0 oficiante recolhe das pessoas os pedagos mas-
tigados, junta-os ao seu e, com um pouco de todas as co
midas, vai amassando até formar um bolo. Dà-se para a
pessoa comer très bocados. O restante é manipulado em
forma de cone com orificio. É posto assim no O r í  da
pessoa. Canta-se no momento:

O rí ki ó jjeun
eun  
B grí ó oo!!
O rí ki
/4se ti aErinlé
jeun
Erinl é   
 Áse t i E ririn
n ié  
Orò mijeeja

 — Sa
Sacrif
crifica
icam-
m-se
se,, d ire
ireta m e n te no Orí,  os animais de
tam
terminados.
 — Com a pele da conquém   cobre-se o Orí,  com tu-
do que estiver sobre ele, e se o amarra com palha-da-
costa. Enquanto isso, canta-se:

0 irórQ
Orò orò ki dààbò orò  
Orò orò ki dààbò orò  
Ogún ki dààbò orò . . .

E assim vai completando o siré  até Orisàé/à.


 — A pess
pessoa
oa desc
descansa
ansa até o dia seg
seguin
uinte,
te, qu
quan
ando
do as
pessoas voltam para saudar O r í e comer tudo o que qui-
serem. O que sobrar é despachado onde f f á  determinar.
(Obs.: Entre as oferendas para O r í   nao podem fal
tar flores e frutas.)

Anualmente, todos os iniciados do Candomblé,


obrigatori
obrig amente, tomam Eborí, por ocasiao da festa do
atoriamente,

92

Or/sá  patrono do égbé-aiyé.» Este


Este ato,
ato , poré
po rém
m , pode
p ode se
ser
bastante simplificado, constando de um obí,  u m oróg- 
b ó,   frutas, um égbo  (canjica branca), enfim, tudo queé
oferecido ao O r í é considerado um Ebori.
 

OR Ò  DE SACRIFÌCIO  
ORÒ
PARA O  ÌG B ÌN  DE ÒRÌSÀÀLÀ

 — Ant es de qua lqu er rit ua l, faz-se tjùbà lyà mi  


0$óróñgá:

íbà akÿdà to da tiç lo ri ewé- ewé- 


fbà a$$dá
a$$dá ti tiç niíé pé~ñ pé~ñ pé  
ib à íyá m i ó$óróñg
ó$óróñgá á 
 A
 Apa
pa ni má áhá gun
 À w çn n i o /ók o k i òru à tò rì já pa i A tq dç jo ka n  
 A t i id í j ór orò qyç àké gánon gánon r$n  
 Ag bo gégç, lo l 'ro kô mâàyé  
l o r i l'ro
 A hó ró Hé sé irÿ eyç a pa yç  
Elt
Eltfsç
 À wfsç
çn irò
n içyç
igú natbi gùn
id é Içnun wakç
çm ç çja orn i  
n in uwakç
 À w çn n i oy àyà gùn ti g ù n çm ç ak çn iód ò  
Èm i mo pè pè orùkç çyin ç màà pa m i ç mà màà à 
 À wç n om o o m i. Mo jùb à çk ùn rin ri n mo j ù bà 
obinrin
 Îbà IQwó ògùnsò lé gèè t i o so ri Iód ò t i ki ó  
fbà ìówQ Hú gbéeédú ti ó sidi Hé 
Ti ó kò wámi lójú burú  
Mo júbá odundun
odundun t í i dòn b í i EgúEgún. n.

95

— Reza-se, entlo, o ofó:


Ori$á Oko  
Óri$á mi.
kQmo 
Ém i kQmo
$lómírQn.
 Á f i Or
Ori$á
i$áhlá
hlá..
Bábá
Bá bá m i mo pé ?!
Mo pe £ prq prq Hq !
M o pe E eró H He
e!
K i it
ité
é ayé ó n i ieg iegbábára
ra..
K i i/é ayé n i dá dára
ra tú tu.
tu.
Ki HHé é ayé n i dáradára ó sún qwó,
Bábá
Báb á m i bábá Orisá.
Orisá.
Won
Wo n gbogbo
gbogbo n i mo pe!
Mo p é eró He k i a 
Máá
Má á b$ ab$ab$ n i b& rí  
Olú átélqsQ.
 A gbgbénén qn d íd u n té. té.
Ki orógbó dídun !á.
K i o b i dídun mi mi..
 A gbgbé é bá
bábá
bá m i Orisá.
Orisá .
Mo pé   £7 K i  £ wá,
Bááwa tú ité ayé.
Wá ssé é k i i!é
i! é ayé
Wá ¡é dára o oko
ko m i Ori$Ori$á. á.
O rífár
rífárilá
ilá $$éé yo, mo pé.
Ki ó wá §é rere  
Fún mi,
Fún iwá mi.
 Á$ q , ase, á?Q!
Orixá Oko
Meu Orixá.
Eu nao sou filho
De outro ,
Exceto de Orixalá.
Meu pa¡, eu vos chamo!
Eu vos chamo para propiciar a térra!

96

Eu vos chamo para propiciar a térra!


Que o mundo tenha térra forte.
Que o mundo seja bom e agradável.
Que o mundo seja bom durante o sono das
pessoas,
Meu pai, pai Qrixá.
A todos eu chachamo!
mo!
Chamo para propiciar a térra, que nós
 jamais
 jam ais m or
orra
ram
m os ex
exec
ecut
utad
ados
os sob ela (a térr
té rra)
a)
Senhor da sola dos pés.
Guie-nos as benesses da riqueza.
Que o orobó seja o prazer da riqueza.
Que o obí seja o prazer da riqueza.
Abengoe-nos meu pai Orixá.
Eu vos chamo! Que venhais vós,
Conosco para semear o mundo.
Venha fazer com que todo mundo
Esteja sabendo como fazer prósperas
as fazendas, meu Orixá.
Que o Grande Orixá faga brotar e crescer,
eu pego.
Que Ele torne tudo bom
Para mim,
Para minha existencia.
Assim seja, assim seja, assim seja!

 — Neste m o m e n to
to,, sacri
sacrifica -se o ¡gbín.
fica-se

$ró, q ííqq ,
$r$ n i t í ¡¡ggbín*
$rQ
$rQ gbé § §éé t í ¡gbín  
Ki araayé (Orúkq éniqn)
Qmp (orúkQ ¡ya énÍQn)

K
Túi tú
ó tmú ti,u tú
n itúó la
o!laal
lala Q 
alQ
O lóom i tú tú, tútú lal alaal
aalq

Oun tútú, tútú lalaalq.
K i y iík ín k ín araa aayyé fO
fOrrúk
úkQ
Q énign) m
mááá oh
ohuñ

 
Tútú, tútú b í i 'aba!
Tútú, aba!
K i araaté kínkín y ií
 Ara
 A raay
ayéé (OrúkQ
(Or úkQ é n iqn
iq n ) máá
má á o huñ
hu ñ
Tútú,
Tút ú, tútú n i ti tqq
qqtg
tg
Máá t$ /o r í it
Máá ité
é ara
ara m i
Gbétg, gbétq ni wQn araalé qrQ ¡gbín
Igbín k i ité ayé re
K i ó dár
dára,
a, k i i/é ayé rq sunwon
$r<? gbété gbét$ t í t í ¡gbín
 A?
 A?(?
(?,, á$
á$(?, a & !

Propiciagao, propiciagao,
Propiciagao é que o caracol
Propiciagao e protegao seja o caracol
Para .. . (nome da pessoa)
Filho de . .. (nome da mae da pessoa)
Que ele tenha o frescor (calma)
Frescor (calma) para mim, como frescor do
anoitecer.
Senhor da água fresca, fresca como o anoitecer
Dé-lhe a calma, como o frescor do anoitecer.
Que este habitante do mundo (nome da pessoa)
nao sofra castigos
Faga-o calmo, como fresca e calma é a cabana
do ag ricultor
ricultor
Que as pessoas que habitam esta casa
O habitante do mundo (vívente) (nome da
pessoa) nao sofra penalidades.
Dé-lhe a calma, calma e tranqüilidade em sua
caminhada.
Afaste a vergonha e a desonra de sobre minha
casa e minha familia.
Espalhe, espalhe em todos os familiares a
propiciagao do caracol.
0 caracol que tem boa casa no mundo
(mora bem)
Que para . . . também seja boa, que sua estada
no mundo seja boa (enquanto viver).

 
Propiciagao espargida, espargida do caracol
Assim seja, assim seja, assim seja!

pois  — O ikarahun
pertence   (casca do
a Obá/úwáiyé. ígbín)   nSo
  Quebre-o, fagavaiumaoburaco
fogo,
no chao e enterre-o, juntamente com um pouco de gú- 
gúrú   (pipoca).
 — Com
Co m a carne do ígbín  faz-se o seguinte:
Tome de urna cebóla (ralada), urna colher de
ori,   urna colher de fubá branco, urna xfcara de
leite. Faga um molho branco e coz'mhe o ígbín. 
Deixe estriar e oferega à Órísáálá.
 — H o ráráririoo de s a c ririfificc io:
io : en
entr
tree 4 :3
:300 e 6 horas.
 — Festa: entre en tre 16:3
16 :300 e 18 horas. horas . Da mesma form f orma,
a,
nao se pinta íyawó  com efun  à noite.
 — OsOs fifilh
lhoo s de Orísáálá  vestem branco às sextas-
feiras. Tomam banho de água ou égbo  ou passam efun  
no corpo. Nao comem carne vermelha e nem ingerem
bebida alcóolica.

99
 

EBÓS DE ODÚ E EFÓ

Para Abrir Camin ho s


 — I m p r im ir na térr
té rraa , ao sair de ca
casa
sa,, as marca
marcass do
Odu
Odu íká M éji.

MARCAS DO ODÜ

 — As marcas sa saoo feita


fe itass cocom
m o de
dedo
do a u riricc u la
larr (d
(dee
do situado entre o indicador e o anular), que representa
o dedo de Ifá.
 — Fa
Faz-e
z-e en
enta
taoo o e nc
ncaa n to:
to :
Efúú fu ¡ele Io
Ion
n i k í í wo
won.n.
F¡ ó n i ffunfun
unfun fún m i
Qpe
Qp e llopé
opé éjiká, t i k 'ó jjé
é k¡ qru
qrun.
n.
Úbo k i íká M é ji óká g gbo
bogb
gbo.
o.

101

ib i kkúró
úró ló
lóónpn
ónpn mi
mi..

 Ase , ás
 Ase, áse,
e, áse
áse.
 — Apag
Ap agar
ar as marcas
marca s corrí o pé esque
es querdo.
rdo.
 — Este ebo é feito nos días de segunda, quinta e sá
bado.

Para Desmanchar Feit¡9 0 S


 — Pega
Pega-s-see um pouc
po ucoo de cinz
ci nza,
a, bem fin
fi n in h a , e espa
espa--
Iha-se em cima de urna folha de papel.
 — Im p rim
ri m a as marcas d o Odu Owónr
Owónríín M é ji em ci

ma da cinza.

 — Com 9 ataare   na boca, reza-se:

Qjq t i aso fun fun  


bá f í ojú kqn  
ojú
aro n i i§4 tQtQnn

Ojó t i aso fun fun  


bá fi ojú kon, osun.

M i i$é re báj$
Ojó ti igbín  
ba r í enun kon ¡yo
re orun a pé rín  
N i re
nje en¡ ke ni  
t i ó bá ñp
ñpé.
é.

102
102

'Ò rim í (n
(nom
ome. e. . J  
n i ìgbi n, k í //ssé ó 
ìgbin,
màà bàjé lójù won  
 À$e, àse,
se, àse.

— Soprar a cinza em urna encruzilhada de très pon-


tas. Tornar cuidado para que a cinza nao caia em voce.

Para se Livrar de Bruxarja

 — Em cima
cim a de
Qkònròn-Òwónrin  : Ìyèrèosun   faz-se as marcas do Od
Odùù 

 — Em seguida, reza-se:
reza-se:

K i ¡re
¡re dé làlà pè o lùgbfin  
K i ire dé là p è o/ùgbfin  
ó d a b i sin
sin a n¡ orùko
orùk o a np è 
npè
ajànçn çkùn.
çkùn.

¡ y Q n i a npè  
 A y in n i ¡y
lóòdòò-doo enun çni

iy ò n i 
 A d ù n n i iy
orùk o a pè òro t'ó  
efinrin
efi òròorò  
nrin rin ti òròorò
ààbò 
n i orùk o a pè ààbò
wá jé.

òro orò orùkç  


E fi n i ti òro
a pè yin, odòo ròo

103

ti or
orò ò si m i
Lòru k i a pè bù dà
a j i idirùd irù ni$é
Qbàrà ñ/á. Qbàrà ri/a
K i sé
sé oògùn
oògùn ojù àjq !ó p$ n mi.
N i mo ñpé ó Ifá E fi  
ni òro
òro orò orò E f i n i  
òro orò, òro orò, òro orò  
fi ni y ii.ii.
 A j i iid
d ir ù d ir ù d i re.

 À jé fú n m i wà

d i j aj
 A ai jid
$ irfùn
ù dmir ùi wá àójé fun
t i àjé fu n
m i wà, wà, à$ à$$, à§
à§e, àse, k i èm i (no
(n o m e .. . )
omo (nom e da ma ma e).
e).

 — Observe a dire
diregao
gao do ve n to e sopre o pó de m o
do a nao de¡xá-!o tocar mais em voce.

Para se Uvrar de Feitigo


Material
 — E fun
— Sabao-da-costa
 — Bucha
Buch a veget
vegetai
ai

Procedimento
 — I m p r im ir no cha
chaoo as marcas
marca s do Odù Èji-Ogbè  
(use o dedo mèdio):

1044
10

 — Rezar o Ofó:
t
>  4»

ogbé b órío gb é  
Eji-ogbé
Eji-
Eji-ogbé
Eji -ogbé b ó rí o
ogb
gbé é  ■
Eji-ogbé
Eji- ogbé b órí,
órí,ogbé
ogbé
B í  Oye ti n 'bó rí gkón kgn
(nome) bóríáwgn oté
(nome)
(nom e) wa e pe d 'ánu
'ánunn a wé
wéré
ré pé-ñ-pé jé ó
(nome)) wa e pe d
(nome dán
ánúnún a wér
wéré
é pé-ñ-p
pé-ñ-péé jé ó
Eji-ogbé b ó r í o
ogb
gbéé si á
áwa
wa re n i pé-ñ
pé-ñ-pé
-pé jq ó!

 — Mis
M istu
tura
rarr o efun   com o sabáo-da-costa. Fazer
urna pasta, aplicar na bucha e tomar banho segunda,
quinta e sábado.
Observagao: após
após cad
cadaa ban
banho
ho jog
jogar
ar a bucha na rúa
ou rio.

Para Chamar Clientes


Material
 — 1 cabag
cabagaa co
comm tam
tampa
pa
 — 1 ígbín —  mel —vinho
 — iyéreosun
—  folha-da-costa e mgnriwó
— paño verde
Procedimento
 — Em cim
cimaa de um pape
papell po
ponh
nhaa as fo
folh
lhas
as,, e sobre
estas o iyéreosun.  Imprimir a marca do Odü Ogúndá- 
M é j i  (nao rezar ofó):

105

 — Fazer invocagoes
invoca goes de Ogum
Ogu m e sacr
sa crifi
ifica
carr o igbin  
(caracoi).
 — D e nt
ntro
ro da cabaga
cabaga (para Ogún fko/à)  regue com
um pouco de mel, tampe a cabaga e embrulhe-a com o
pano. Sirva o vinho. Depois de quatro dias distribuir as
foihas e o pó de iyèrèosun   em feira, mercado, lojas co
merciáis e bancos. Enquanto faz o ofò:
Ewé odundun l'ó ni
K i e mà d i òwg nlà nlà nlà wá fùn
fùn
(nome) E,rù l'oni
K i e mà rù òwgòw g nlà nlà
nlà wá fún
(n
(nome
ome)) ló od i ài, lóo di di
igbó ñ f i igb in ti oore 
Ni olú igbó
fùn qrò òngn  
b i òru òru  
òru,, b i òru
n i nsé ai
aiás
ásQQ dúdú.
dúd ú.

 — Vo
V o lta
lt a r para casa
casa e pen
p endu
dura
rarr a cabaga em
e m cim
ci m a do
baiente da porta principal.
Observagao: separar um pouco do pó, misturar com
sabao-da-costa para tomar banho. é   excelente.
Para Despachar Espirito Trevoso (Ikú)
Material

 — Folha
Fo lha de banane
ban aneira
ira
 — fo lha
lh a de mgnriwò
 — fo
folh
lhaa de pèrègùn
— folha de mangue ira
 — casca
casca de manga
 — efun

Procedimento
 — C ozin
oz inha
harr tu d o e d ei
eixa
xarr es
esfri
friar
ar.. Co
Coar
ar e separar
sepa rar o
liquido.

106

 — Im p r im ir as marcas
ma rcas dos Odú OkónrQn-QwQnrín:

 — Rezar o segu
se guint
intee ofó:

Qkonrón ówónrín  
 A/ágb
 A/á gbára
ára h ¡ agi r) y o n  
agir)
0 k'6 n i inu ododú ú 
íségun Egúngún.
Eró, eró, eró 
 Ase,, ás
 Ase áse,
e, á
áse
se

 — Pór
Pó r o efun   (pó) dentro da água (infusao) e tomar
banho. Defumar
Defumar-s-see com qualquer
qua lquer defum
defu m ado r e vestir
roupas claras.
 — T o m a r u m chá f o r te de cas
casca
ca de manga e erva-
cidreira. Imprimir no efun  as marcas do Ofún-Meji.

—  Repetir o Qfó — só que em vez de dizer:


Qkonrón ówónrín

diz-se:

Ofún Méjt  . (Repete-se o restante)

 — U tili
ti lizz a r o pó para passar
passar em to d o o c o rpo
rp o .

107

Observagáo: abster-se de carne vermelha, peixe de


pele e sexo por nove dias.
 — Ap
Após
ós os nove dias ofere
ofe rece
cerr o b i   a £su.  Carne de
cabra com quiabos para Oya.

Para Ganhar Causa na Justina


Material
 — Efun
— ly
lyer
ereosu
eosunn
 — areia do ma
mar 

 — 1 cabaga pequeñ
peq ueñaa
 — 1 p om b o
 — 16 búzios
búz ios (aberto
(ab ertos)
s)
Procedimento

 — A b r ir urna ta
tam
m pi
pinh
nh a na cabaga, de fo
f o rm a que dé
para fechá-la depois.
 — M istu
is tura
rarr o efun, osun  e a areia. E imprimir o có
digo do Odüo £j¡'-Ogbé:
Rezar seguinte gfg:

Efun gmg o/órún  


Osu
Osunng
lyepé gmg
mg ejée
gmg dá 
ejéedá
O/ódúmaré  
Ofóókun n jí ejó ág
ágbbá 
Obátálá njíja agbá 
eje5bá wgn nibe

108

0 n i e kú idàr
dàrò ò
0 n i k i a fi
fiOO lóòku n jé
jé oba, om -L 
K í a fíO
fíObá
bátá/á
tá/á jé ob
obaa òris^_ 

K i a f i òn
ònóón j'oba òpóp
òpópó.
ó.
Ogo n j i ejó
ejóàgb
àgbà à
Won n i k i a fó si iràwò

 ÀLàti
 Àww o nmuw àwon dépúpq
à d im é ji t o molúv^a
o ¿ru ìó
ìóru
run
n

E gb
gbà r i ejó ejó, e gbà jé b i
Won kò jé ara s i id i, e gbà
Orò mi (nome) Omo (nom ^ ¿¡a m mg
gej
 À ti
t i ii/
ii / ó so Iò
Iòni
ni
Orò en
Orò enu
u ré ni k i won fifi-dé-*
-dé-*¿n¡
¿n¡
 Áse, áse
se,, á
ásse

búz ios—eColoc
búzios Colocar
ar o rpá
sacrifica
sacrificar o pdom
en
enttbo
ro damcat
eem cat*a
ir*a?a
y ^?a_enf
c iry _enfeit
Fech eitá-la
Fechá-laá-la
á-la emccom
om
se oi-
sequs 
qui-
da.
 — Pa
Para usá-ia
usá-ia,, re
reze
ze o en
enca
canto
nto ^ 0m 8 ataare  na boca,
e apresente-a para o o r i {cabega).

Para Acalmar Ésú

Material
 — 1 etú   (galinha-d'angola)
 — 1 igbin
 — azeite-de-dendé
 — Gim (se
(seco)
co)

Procedimento

— Evocar È$ù,  derramando !3¡m em cima de seu 


assentamento. Sacrificar a etú.  Re$gar co com m um pop o u c o de 
azeite-de-dendé.
— A b r i r o peito da et
etúú  e po
porr pouc
po uco o de gim e a| a|-- 
gumas gotas de dende. Sacrificar o  jg  j g b f n  den tro da etetúú

109

 — Desp achar o ebo  em encruzilhada de très ponías


Despachar
{ikóríta).   Fazer o seguinte encanto:
£mi ba £$ú kíí, sq  rç a re o wó
E$ú mo bá ó s q   re
másé m i, jé k¡ émi ñire, aya,
ém¡ bá £§ù sq  rç k íí a re çmç
£$ù
£$ù mo b í ó sç
sç rç
másç
 À §,éàsç,
sç, mi,
às áj$sek. í èmi ñir
ç, ás ñire
e çmç.

Banho para Limpeza de Caminho


Material
 — orógbó  ralado
 — 7 p¡me
p¡menta
ntas-da
s-da-cos
-costa
ta (socad
(socadas)
as)
 — sabao-da-costa
 — iyereosun
— 1  gotas de azeite-de-dendé
 — Um pe
peda
dacin
cinho
ho de cabapa (ralada)
(rala da)
Procedimento

 — Mis
M istu
tura
rarr tu
tudd o , enq
en q ua
uant
ntoo faz o enca
en cant
nto:
o:

K i a ló dára 
Ki áábó sunwón  
dé s'oko íwájú  
Om i kit' dé
Tó níqy é ayun-
ayun-bobo lówó nyin en un 
enun
Orógbó jé jé k í ñgbé
ñgbé si rer e 
rere
Osé jé k i ñgbé si re re, 
rere,
íyereosun jé k í ñgñgbé serre 
bé si se
Epo pupa jé k í ñgbé
ñgbé si re re 
rere
 Ase,, ás
 Ase áse,
e, áse, ló w ó e n y in  
áse, ó lów
ágbá ágbá. Áse, áse, áse.

Observagao: guardar o sabao, com sete ikóodíde,  


circundando-o, enquanto diz:

110

Odíderp kó táé kú ajó r$


Didere   nunca morra em seu percurso (viagem).

 — T o m a r banh
ba nhoo com
co m o sabao to
t o d a segunda, q u in
inta
ta
e sábado, ou enquanto for fazer alguma viagem.

Para Tirar Vantagem


Material
 — f io de cora
co rall p reto
re to
 — f io de cor
c oral
al v e rm e lh
lhoo
 — f i o de cora
co rall b ranc
ra ncoo
 — efun   e osun
 — sabao-da-costa
 — iyereósun
— linha preta e branca
 — ikóodíde
 — 1 cabaga
cabaga
 — 1 agulha
agulh a grande
grand e

Procedimento

 — A b r ir urna ta tamm pa na cabaga.


cabaga. Colo
Co loca
carr d e n tro
tr o o
osun.  Misturar o iyereósun   com efun  e o sabao-da-costa
e por no centro da cuia.
 — E nrol
nr olarar as linha on ta d o ikóodíde , e fincá-
lin hass na p onta
lo no sabao.
 — E n fe
feititaa r a cabaga
cabaga comco m os fiofi o s de coráis.
cor áis.
 — F in
inca
carr na cabaga (p o r fo fora
ra)) a agulha.
agulha .
 — Fazer o e ncan nc antatam
m ento
en to::

Efun i ó n i k í E f í m i rre
e re fú
fúnn m i 
Osun lón i k í E f í ó n i re re fún m i bó

Owú dúdú áti funfun  


K i ijijá
áaarra won énió
éniónn
E má
mássé ja émiém i (no
(nome)
me) Orn
Orno
o (nome da maej 
bá iowó nyin

111

ákó jé ewé
ewé m í rer
rere,
e, e jé k í ó jjé.
é.
 Ase, ás
áse,
e, áse
áse.
 — Depo
Depoisis do e nc
ncaa nt
ntaa m e nto
nt o ta
tamm pe a caba
cabaga.
ga.
 — Toda
To da vez que pre precisa
cisarr t ira
ir a r van
vantage
tagem
m em qu
qual-
al-
quer situapao, é só comprar linhas pretas e brancas. Pe
gar as pontas e passá-las no fundo da agulha. Por os car-
retéis dentro da cabaga e ir puxando os fios até o fim,
enquanto faz o encanto.
Observagao: os fios devem acompanhar o individuo
onde ele for tirar vantagem, e devem ser jogados na rúa
antes de voltar para casa.

Banho
Banho para se P
Pro
rott eger
eger de Inimigo
Ini migoss
Material
 — raspa
raspa de bate
ba tent
ntee de p o rta
rt a de bote
bo teco
co
 — um peda
pedago
go de paño
pañ o br
bran
anco co
 — bucha
buc ha vege
vegetal
tal e sabao-da-costa
sabao- da-costa

Procedimento

 — Queim
Qu eim ar a raspa do ba bate
tent
ntee da po rta
rt a , a bbuc
ucha
ha,, o
paño branco, até virar cinza.
 — M is
istu
tura
rarr esta cin
cinza
za ao sabao, enenqu
quan
anto to vai-se fa-
zendo o encanto:

ílékún gn ón n i rehin gbá lé 


gbálé
Erú
Er ú n i gbé
gbéehin gnón ajó 
ehin
0 kkígbogb
Jé í ó jé n ioehi
ehin
e nn itío
ág
ágíy
íyámo
wámonn  í n ib i  
á sor
Wgn n i ló ló jinn g n gbogbo
gbogbo wo won n 
Bní-Ogbé
Bní -Ogbé,, n i bá bá ifá  
bábá
K i wgn má gbé gbé tété m i  
 Áse, áse,
áse, áse
áse.

 — U titililizz a r o sabáo para banhar


banhar-se.
-se. é um ex
exce
celen
lente
te
agbó  de retorno para os maldosos.

112
112

Para o Amor 
Material
 — 5 fo lhaa s de teté   (bredo-sem-espinho)
folh
 — 5 borb
bo rboo leta
le tass amarelas
 — 5 ata are

Procedimento

 — Torra-se
Torra-s e tu d o e faz
faz-se
-se um pó
pó.. J u n te a este um
pouco de osun.
 — Passe nos seios,
seios, nuca e reze o e nc
ncan
anto
to::

Tete é e!

Ibei tni íiàbé


/b
/be àbé té n i k i tétq
tétq o máté
máté  
 Á t e gbé n i eseese i té na
Teté
eté k í i té !á !á áwo éfó
Èm i (dizer o nome) Omo (nome da mae) mae)
Kò tin i, fé n i owó 
 A won
wo n t i fé féér
éròn
òn m i  
Tètè
Tè tè k í i té là àwo èfó  
 Áse, àse,
àse, àsàse.

Para Limpeza de Casa


Material
 — 1 /2 kg de carne
car ne (de segunda)
 — cachaga
cachaga
 — 1 p ra
rato
to bran
br anco
co
 — canjic
ca njicaa
 — la à (èko)
—  11 vacag
ac
eagà
 — sabao-da-costa
 — o r i
 — mel ou agucar 

113

 
Procedimento

 — Queb
Quebrere as bord
bordas
as do p rato
ra to e co
colo
loqu
quee d e ntro
nt ro des
te a carne, com um pouco de cachaça.

zendo —saudaçâo
Com o pàrato
raEgún:
to na mao vá an
andan
dando
do pela ca
casa
sa e fa-

Ikú alé, ikù àjà  (très vezes)

 — En
Enqu
quan
anto
to vai faz
fazen
endo
do a lim
limpe
peza
za,, de d e n tro
tr o para
fo
fora,
ra, can
canta-
ta-se:
se:
Egún , Egún m i ssalé lórun  
alé
Egún..  .

— Despache este ebo   no m a to. to . Pasasse


se o acaçà em
seu corpo, coloque ao lado do ebo  e acenda a vela.
 — A o v o lta
lt a r para cacasa
sa ttoo m a r ba
banhnhoo da seg
seguinte
uinte ma-
neira:
Com a canjica já cozida, escorra-a de forma a
aproveitar sua água. Acrescente nesta água um
pouco de me!.
Torpar um banho com sabao-da-costa. Após este,
despejar a água de canjica da cabeça aos pés e,
sem enxugar-se, vestir roupas brancas.
Passar o r i  nos pulsos e no umbigo.
 — Joga-se
Joga-se a ca canjic
njicaa em cim cimaa da cascasa,
a, en
enqq ua
uant
ntoo vvai-
ai-
se pedindo paz.

114

 
OUTROS EBÓS

Para Tirar Dinheiro dos Devedores


 — Và até um pé de p im e n teir
te iraa e diga:

Ewé ese m i kàiù


k àiù   (por très vezes)

 — Tir
T iree sete
sete fo
folh
lhaa s e esfregue-as na sola dos pés.
Após isto feito, và direto à casa do devedor.
Observagao: depois de receber o dinheiro ou fazer
algum acordo, é importante que lave os pés, antes de
voltar para casa.

Para Dinheiro Ficar na Mào


Material
 — nove
no ve aranhas (ou urna)
urn a)
 — nove ataare  (ou urna)
 — o im p o rta
rt a n te é que
qu e seja
seja igual
igu al para os dois
do is pulsos
puls os

115
 

Procedimento

 — Torra m-see as aranhas, os ataare e faz-se um pó


To rram-s pó..
 — Abrem-
Abr em-sese curas nos pulsos
pul sos,, c o n fo
form
rm e o núm
nú m er
eroo
de aranhas e de ataare.
 — Aplic
Ap lica-s
a-see o pó sobre as curas.

Para Trazer Clientes


Material

 — ca
canjic
njicaa (ègbo)
 — arroz
arr oz
 — ch
chuc
uchu
hu
 — 1 frang
fra ngoo
 — cana-de-agúca
cana-de -agúcar 

Procedimento

 — Cozi
Co zinn ha r a canjic
can jica,a, o ar
arro
rozz e o ch
chuc
uchu
hu,, sem sal.
sal.
 — Em urna titije jela
la co loloqq ue a cacanji
njica
ca.. Numa
Nu ma o ut
utra
ra
travessa coloque o arroz de um lado e do outro o chu
chu, dividido em seis partes. P5em-se os ó tá   (pedras) do
assentamento de Osun no centro da travessa.
 — 0 fra ng o é sa sacr
crifi
ifica do para Lógún-Ede,  em cima
cado
dos ó tá , que ficam com a cabega e tres penas de cada
asa.
 — Os
Os pés sao atira
ati rado
doss na rúa.
 — A cana-de-agú
cana -de-agúcar car deve ser picada
pic ada sobre as ofe-
ofe -
rendas e sobre o assentamento de Osun.
— 0   restante do frango é temperado com azeite-
de-dende, cebóla ralada, ataare  e após cozido é ofereci-
do a è $ù , acompanhado de gim.
 — Lógún Ede   é considerado o mensageiro de 0§un  
e E$ú é considerado aquele que a persegue.
 — O b i  faz parte de todo o ritual.

116
 

Para Impotência Sexual


 — Come
Co merr um o b i   vermelho por día. Fazer um chá
com as seguintes ervas:
 — pau-de-respo
pau-de-r espostasta
 — pau-te
pau -tenenent
ntee
 — catua
ca tuaba
ba
 — To
T o m a r o chá trèstrè s vezes ao di
dia,
a, até resolv
res olver
er o
problema.

Obs.: Nao nos esqueçamos, todavía, que osmelho-


res afrodisiacos sao o amor, a paixâo e o equilibrio emo
cional.

Para Arrumar Emprego


Material

 — um coco
co co
 — 18
1 8 ataare
 — 1 kg de açùcar 
açù car 
 — 1 bucha
buc ha
 — sabao-da-costa
sabao-d a-costa
 — orí e ïyèrèosun

Procedí ment
mentóó

 — Este eb o  é feito ao ar livre. O oficiante p<5e a


ebo
pessoa em pé, com a coluna bem reta, olhos fechados e
oferece a esta 9 ataare par
 paraa mastigar,
ma stigar, para
para que o se
seu há
h á lito
fique purificado. Entrega-lhe o coco para que vá fazendo
seus pedidos, enquanto libera o hálito quente sobre o
coco.
O oficiante pega o coco de volta e, também, com
9 ataare  na boca, começa a liberar o seu hálito no espa-
ço. Enquanto vai fazendo o sacudimento, passa-se o
coco em torno da cabeça, tórax e coluna da pessoa, pe-
dindo tud o de bom.
bom.

117

 — O o fic
fi c ian
ia n te ajoelha-se e m enta
en taliz
lizaa urna coro
co roaa de
luz na cabega da pessoa. Quando esta aparecer nitida
mente,
seu com
hálito o coco obem
e quebra firme
coco ñasurna
contra maos, soltaOo resulta
pedra. q  de
ásq
ás
do pode ser observado na hora: quando o coco se parte
em dois é si nal de que o eho   foi bem aceito.
 — Faga
Faga urna pasta com
co m sabao-da-costa e íy?réosun, 
e ponha na bucha. De para a pesso pessoaa to
tomm a r banho,
banho , co-
megando pela cabega. Após o banho, passe o r i   na nuca,
cabega, tórax e nos pulsos.
Observagao: com o coco fazem-se cocadas e dá-se
a outras pessoas para comerem.

Para Prender o seu Homem


Material

 — um algu
al guid
idar
ar mèdi
mè dioo
 — um coragao
cora gao de boi
 — um inha
in hame
me grande
grand e (co
(c o zid
zi d o e com o nome
no me d o ca
sal dentro)
 — azeite-de
azeit e-de-den
-dendédé
 — taliscas
talisc as de dend
de ndez
ezei
eiro
ro

Procedimento
 — C o rt
rtee o, coragao,
corag ao, na v e rt
rtic
icaa l, em q ua tr troo partes
par tes e
coloque-o dentro do alguidar.
 — Crave no inhaminh amee 4 2 p alito
al ito s (taliscas)
(talisc as) de dende
den de
zeiro e coloque-o no centro do alguidar.
 — Regue
Regue tu d o com co m mel e oferega
ofere ga à Ogún íkgiá. 
Acompanhado com mu ito vinho branco e 7 obí.
Observagao: os nomes sao escritos com grafite (là
pis).
 

Para Pedir DSnheiro a Èsù

Materia!

 — 6 ac apàà (èkg)  vermelhos


acap
 — azeite
azeite-de-de-den
-dendè

 — gim
 — 6  o b i

Procedimento

 —Oferepa os ac
 —Oferepa acapapàà {¿kg)  com um pouco de azeite-  
de-dendé.
 — Seguran
Seg urando fi rm e m e n te o ògo  vá fazendo evoca- 
do firm
pao e despejando gim sobre o assentamento de Esù. 
Quando sentir a sua presenta, passe um acapà no ggg,  n o  
sentido de baixo para cima, e pepa-lhe dinheiro.
 —   Em seguida, abra os o b f  e  e divida-os em duzentas  
partes. Jogue-os sobre o assentamento de È$ù.

P ar
ar a Es ú T r a z e r D i n f i e i r o
Procedimento

 — Ant
A ntes
es de se d e ita passar 6 o b i  vermelhos n o c o r 
it a r, passar
po e colocá-los sob o travesseiro.
 — No
N o dia segseguin
uinte,
te, co locc a r 1 ataare  na boca eofe-  
colo
recer os o b i  (dividi-los em seis partes) em cima de folhas  
de mamona a Èsù.
  Pegar
Pegar se
seis
is no
notas
tas de um c ru
ruzz e iriroo rea! pas
passar
sar na ca
bepa e impregná-las
amarre-as no ògg  decom áse meio-dia
Èfù.o  Ao de seu hálito. Em em
jogá-fas seguida,
umn
encruzilhada de tres pontas.

Para Chamar Cliente


 — Oferec
Ofe recer
er 3 ac
acapás (è k g ) com mel, noassontimini
apás
to de Ogún.

 — Um ac
acag
agáá {$ko)  com água e mel, no portao para
Egún.
Observagao:
Observa gao: esta é urna
urn a das mu ¡tas jungo
jun goes
es que
q ue se
faz da estrutura com o movimento, ou seja, da estábili-
dade com ¡nstabilidade que gera o movimento.

Para Continuar Tendo Cliente


 — A o titirr a r um qbo,  deixe um pouco deste enterra
do no portao, do lado esquerdo de quem entra.

Para Ógún Abrir Caminho


Material

 — 10 cocos
co cos verdes
v erdes
 — 10 espigas de m llh ll h o verde
verd e
 — 3 litr
li troo s de vin
v in h o
— 7 obi
— 7 orógbó
— 1 ¡nhame (assa (assado do))
 — agúcar e sal sal

Procedimento

 — T ira
ir a r os graos do m ililhh o e cozi
co zinh
nhá-
á-lo
loss na água do
coco. Temperá-los com agucr^r e sal, deixando-os com
sabor de lágrima.
 — Fazer as evocagòes e of ofer
erec
ecer
er para Ogún.  Derra
mar parte do vinho em cima do assentamento, e em vol
ta deste oferecer o b i  e orógbó.
 — Fazer os ped
p edido
idoss e, em seguida,
seguid a, com
c omer
er um p ouco
ou co
do milho.
 — O inha
in hame
me c o rte
rt e em q u a tr
troo partes
parte s e oferega
ofere ga à
Ogún.
 — Com
Co m os cocos
coc os prepa
pre parar
rar um doce e of ofere
erece
cerr urna
urn a
porgao a todas as pessoas que vierem à casa de culto.
Isto determina a comunicagao do Orisà   com o meio
social.

 — Trè
Trèss dias de
depo
pois
is pass
passar
ar ddoi
oiss pom
po m bo
boss brancos no
corpo e soltà-los para Ogún.

Para Engravidar 
Material

 — 1 o b i ve
vermrmee lho
lh o (ra
(rala
lado
do))
 — erva-de-sao-caeta
erva -de-sao-caetano no
 — ch
chap
apéu
éu-d-de-
e-co
coururoo
 — malva
m alva branca
 — a m or
or-d
-do-
o-ca
camm po
 — esp
espinh
inheir
eira-s
a-san
antata
 — b uch
uc h inh
in h a do m a to

Procedimento

 — J u n te todto d o s os ingre
ing redi
dien
entetess e colo
co loqq u e d e n tr
troo de
um litro
lit ro de v in inhh o branco. Enterre ppor or urna se semmana
ana em
lugar umu m ido
ido.. Desent
Desenterre
erre e tom
tomee um cálice, antes antes de dor do r
mir.
 — Quan
Qu ando do acab
acabarar o líq
lí q u id o , c o m p lete
le te novam
no vamen ente
te
com mais ais 1 litr
litroo de vinho
vin ho , enterre-
enterre-oo e torne torn e a tomá-lo.
 — Oferega urna bacia de fr fruu ta
tass (meno
(me noss abacaxi
abaca xi e
tangerina) para Ibéji,   em urna praga. Em volta da bacia
coloque bastante doces (menos de chocolate) eum litro
de leite. Faga as evocagoes e pega um filho para Ibéji  e
terá a alegría
ter dois deurna
filhos de ter Edjunjobí,
só vez.   ou seja, a satísfagao de

Chá para Suspender Menstruaçâo


 — Fazer um chá de pét
pétala
alass de rosa ve
verm
rmel
elha
ha e t o
mar várías vezes ao dia.

121

Para se D e f e n d e r d e F e i f i c e i r o s
Procedí
Procedí mentó
men tó

 — Pegue
Pegue 2 pr
prat
atos
os branco
bra ncoss e que
quebre
bre-os
-os ña
ñass bordas.
borda s.
Faga com eles urna casinha em forma de triángulo. Colo
que embaixo excremento de cavalo, com o nome do fei-
ticeiro dentro. Regue tudo com cachapa. P5e-se urna
bandeirinha dentro da garrafa e acende-se urna vela.

Para Afastar Pessoa i m p e r t i n e n t e

Procedimento
 — Pegu
Peguee 7 galbos de amor
am orei
eira
ra.. Q ua
uand
ndoo a pe
pesso
ssoaa
sair de sua casa varra o seu rastro e jogue os galhos na di-
regao em que a pessoa seguiu.
 — Em seguida, oferepa
ofer epa um acacag
agáá [eko)  para Egún
no porteo de sua casa.

Pó Para Casa C o m e r c i a l
Procedimiento
 —
— Pegue
Pe gue 1 o b i  que tenha sido oferecido a £sü.
Efun
 — dandá-da
dand á-da-cos
-costata
 — Noz
No z moscada
 — F olha
ol ha-d
-da-
a-fo
fort
rtun
unaa (seca
(seca))
 — Rale tu d o e fapa um pó. pó . Sopre
So pre d e n tro
tr o da casa
casa
comercial e pepa prosperidade, vitória, etc.

Para Amarrar o S e u A m a d o
Procedimiento

car os —corapoes
S acrif
ac rific
icar
ardas2 aves
pom
po m ebos
bocolocar
s branco
bra ncos
ossnomes
para Ogúrt.   Arran
do casal den
tro, com eles ainda quentes.

122

 — Co
Colo
locá
cá-lo
-loss em urna pa pann elin
el inha
ha de feferr ro . Por do
doisis
acagá (èko)  em cima e cobri-los com mel.
 — D e ixa
ix a r a rr
rria
iadd o até o dia segseguint
uinte.
e.
 — Levar ao fog fo g o para to r r a r e fa faze
zerr um pó pó,, m is
istu
tu
rando canela e obí.
 — Fazer um pa patutuáá de c o u ro p re
reto
to,, p o r o pó d e n tro
tr o
deste e usá-lo sempre.

Par o Homem náo Sair em Busca  


de Aventuras
Procedimento

 — Pega
Pegarr bif
bifes
es e pass
passar
ar no c o rp
rpoo . Em seguida, te
tem
m-
perá-los com
c om sa
sal,l, ce
cebóla
bóla e pi men
menta-da-costa,
ta-da-costa, e oferec
oferece-
e-
los para o marido comer.
 — Da
Darr um je itoit o de so
sobr
brar
ar um p ou ouco
co de co
comm ida no
prato dele. Esta sobra deverà ser enterrada sob o batente
da porta da cozinha.

Você também pode gostar