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EVOLUÇÃO BIOLÓGICA | BIOLOGIA 11º André Delgado

1.Unicelularidade e multicelularidade
Procariontes e eucariontes
Caraterísticas Célula procariótica Célula eucariótica

Tamanho Possui 5µm de diâmetro. Com 40µm de diâmetro médio.

- Parede celular rígida, constituída por


peptidoglicano.
Parede celular rígida presente em
Parede - Algumas células desenvolvem uma cápsula
células vegetais e fúngicas – plantas e
celular polisacarídica.
fungos.
- Possuem, frequentemente, flagelos e
fímbrias.
- O material genético está confinado ao
Sem invólucro nuclear. O material genético núcleo, que contém um ou mais
encontra-se disperso no hialoplasma, nucléolos. As moléculas de DNA estão
Material associadas a proteínas, histonas,
constituindo o nucleoide. O DNA é uma
genético constituindo os cromossomas. Neste
simples molécula circular em regra não
associada a proteínas (histonas). caso, as moléculas são lineares. [O DNA
também pode ser encontrado nos cloroplastos e
mitocôndrias.]
- Apresentam reduzido número de organelos
celulares. - Possuem muitos organelos
- Não possuem organelos membranares membranares, como mitocôndrias,
Organelos
como mitocôndrias. retículo endoplasmático e complexo de
- Apresentam ribossomas de dimensões golgi.
inferiores aos das células eucarióticas.

Sem cloroplastos. A fotossíntese tem lugar em As células vegetais possuem


Fotossíntese
alguns casos em lamelas fotossintéticas. cloroplastos.

Os seres vivos procariontes ocupam uma grande diversidade de habitats e alguns exemplares
sobrevivem em condições extremas, como sejam temperaturas muito elevadas, altas pressões,
níveis de radiação, etc.
Acredita-se que os primeiros seres vivos presentes na Terra (há 3600 Ma) tenham sido organismos
procariontes que evoluíram e se construíram como ancestrais da biodiversidade que hoje
conhecemos.
Eucarionte
Eucarionte
Célula Célula Agregados multicelular
multicelular
procariótica eucariótica coloniais pouco
diferenciado
diferenciado

O aparecimento de seres vivos eucariontes a partir de procariontes não é ainda completamente


entendido, podendo ser explicado à luz de duas hipóteses: a hipótese autogénica e a hipótese
endossimbiótica.
Hipótese autogénica
Segundo esta hipótese, os eucariontes são o resultado de uma evolução gradual dos seres
procariontes.
- Numa célula procariótica inicial, formaram-se invaginações da membrana citoplasmática
(originando organelos), tendo algumas destas invaginações sofrido especializações nas suas
funções, originando novos sistemas endomembranares.
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- Uma dessas invaginações terá rodeado maior parte do material genético, DNA, o que terá
originado o núcleo individualizado. Alguns fragmentos de DNA teriam posteriormente
abandonado o núcleo e originado as mitocôndrias e os cloroplastos.
- Outros organelos resultam de outras invaginações.
Argumento a favor: Existência de unidade, em termos de composição e de estrutura, entre as
membranas intracelulares e a membrana citoplasmática das células eucarióticas. Por outras
palavras, há uma continuidade morfológica e funcional entre as membranas dos organelos.
O que esta hipótese não explica é o facto de o DNA nuclear ser diferente do DNA mitocondrial
ou cloroplastidial, uma vez que o DNA dos dois últimos organelos tem maior afinidade com o DNA
dos procariontes.
Hipótese endossimbiótica
Um procarionte de grandes dimensões (hospedeiro), engloba, por um processo semelhante à
fagocitose, um procarionte (heterotrófico aeróbio ou fotossintético) de menores dimensões
(hóspede) mantendo-o no seu interior sem o digerir e estabelecendo com ele uma relação de
simbiose. [A simbiose entre estas células mostrou-se de tal forma eficaz que as células hóspedes
transformaram-se em organelos da célula eucariótica, evoluindo para mitocôndrias e
cloroplastos.]
Mitocôndrias Cloroplastos
Procarionte heterotrófico aeróbio, com
Ancestral elevada capacidade de produção de Procarionte fotossintético.
ATP.
- Proteção; realiza a
- Proteção;
- H2O;
Vantagens

Hóspede - Compostos orgânicos; produz ATP fotossíntese,


- CO2; produzindo
- Oxigénio (O2).
- Exposição à luz.
Compostos orgânicos (disponibilizando-
Hospedeiro Energia – ATP (fornecida pelo hóspede)
os ao hospedeiro)
Com o passar do tempo, estes dois organismos tornam-se indissociáveis passando a construir-se
como um único organismo.
Fundamentos do modelo endossimbiótico
(1) Mitocôndrias e Cloroplastos assemelham-se a bactérias (seres procariontes atuais) na forma,
tamanho e estrutura;
(2) Estes organelos produzem as suas membranas internas, dividem-se independentemente da
divisão celular (por um processo semelhante à bipartição) e contém DNA em moléculas
circulares não associadas a proteínas (semelhante ao DNA dos procariontes).
(3) Os seus ribossomas são mais parecidos com os da célula procariótica.
(4) Atualmente, encontram-se associações simbióticas entre bactérias e alguns procariontes.
*A hipótese endossimbiótica admite ainda que os sistemas endomembranares e o núcleo terão
resultado de invaginações da membrana citoplasmática.
Nota: Primeiro surgem as mitocôndrias, a partir de procariontes heterotróficos aeróbios,
originando células eucarióticas animais. Os cloroplastos surgem posteriormente, em células que já
possuem mitocôndrias, originando células eucarióticas vegetais.

Origem e vantagens da multicelularidade


[O aparecimento de organismos constituídos por células eucarióticas constitui-se como uma
vantagem evolutiva, uma vez que possibilitou a existência de núcleo, isto é, de um centro
coordenador de toda a atividade celular. As células eucarióticas, mais complexas, possuem um
maior número de cromossomas o que, aumentando a variabilidade genética, potencia a
sobrevivência da espécie perante variações das condições do meio.]

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Nota: Quando uma célula aumenta de tamanho, verifica-se que a razão entre a superfície e o
volume diminui, isto é, o volume aumenta a um ritmo maior do que a área da superfície. Assim
sendo, quanto maior for a célula, menor é a superfície da membrana por unidade de volume de
citoplasma capaz de realizar trocas com o meio externo. Como solução a este problema, temos
duas hipóteses: o organismo pode reduzir o seu metabolismo, o que diminui as necessidades de
trocas com o meio externo, ou pode apresentar multicelularidade.
Primeiramente, terão surgido os organismos eucariontes unicelulares (ancestrais dos organismos
multicelulares) que, apresentando vantagens competitivas face ao meio, viram favorecida a sua
sobrevivência, aumentando de número. Este aumento possibilitou o aparecimento de agregados
coloniais (colónias) que, inicialmente, funcionavam isoladamente entre si, mas que evoluíram no
sentido de apresentarem independência funcional entre algumas células, isto é, as células ter-se-
ão especializado em determinadas funções.
A diferenciação celular e consequente especialização, em que verifica a interdependência
estrutural e funcional das células, ter-se-á acentuado no decurso da evolução, originado seres
multicelulares. A diferenciação celular e a formação de tecidos, de órgãos e sistemas de órgãos,
possibilitou o aparecimento de seres multicelulares.
A multicelularidade permite ultrapassar limitações celulares/biológicas, que a nível estrutural quer
funcional. Assim, possibilitou que os organismos atingissem:
- Maiores dimensões, mantendo equilibrada a relação área/volume das células, o que permite a
troca eficiente de diversas substâncias com o meio;
- Maior diversidade, favorecendo a sua sobrevivência, uma vez que têm uma maior capacidade
de adaptação a diferentes ambientes;
- Maior especialização com proporcional eficácia na utilização da energia, associada à
diminuição da taxa metabólica celular;
- Maior independência em relação ao meio ambiente, devido a um mais eficaz equilíbrio
dinâmico do meio interno (homeostasia).

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