O abandono paterno é um tema muito recorrente na único método de desenvolvimento da criança ou
sociedade atual, sendo demonstrado em vários filmes, jovem. séries e livros, um reflexo da tragédia que ocorre com Existem ainda divisões de como podemos muitas famílias tanto no Brasil quanto no mundo. classificá-lo. A ausência de uma figura paterna pode Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e ser conceituada de três formas: intelectual, afetiva e/ou Estatística (IBGE) revelam que no ano de 2018, o material. Dentre estes tipos, comparado ao intelectual número de mulheres que criam seus filhos sem e material, o abandono afetivo é o que mais pode nenhum apoio de seus pais é de 11,5 milhões. Mesmo trazer impactos e consequências psicológicas ao com o Art. 277 da Constituição, muitas famílias e por jovem, visto que este ocorre quando o responsável maioria mães acabam tendo que criar sua família sem abandona a criança devido a indiferença afetiva, ou até uma presença paterna importante para o seu mesmo em alguns casos, apresenta uma relação desenvolvimento. negativa com o filho. Várias famílias vivem sob dificuldade devido ao Portanto, vale ressaltar que há casos em que as abandono paternal, sofrendo de abalos emocionais e a mulheres não necessitam do homem para criar o filho, falta de um membro na família, que pode ocasionar que elas podem muito bem lidar com a criação diversos problemas, desde dificuldades financeiras até sozinha. Por isso que o correto é chamá-las de mães impactos mentais severos. O principal sujeito mais solo, ao invés de mães solteiras, porque sabemos que afetado nessa situação é o jovem, que pode acarretar mãe é mãe, solteira é estado civil. Destaque-se ainda, com diversos problemas psicológicos graves e de acordo com o presidente da Comissão de Defesa de profundos, dificultando ainda mais seu crescimento e Direitos da Criança, Charles Bicca, “o abandono pode maturidade. ocorrer dentro de casa também, quando o pai pouco se Os impactos psicológicos que ocorrem nos jovens importa com a vida de seu filho. Ou com aqueles que em relação ao abandono paterno podem criar traumas registraram a criança, mas optaram por nunca terem e surtir efeitos que duram toda a vida. Entre as contato algum”. consequências do abandono paterno, enquanto ainda jovens, podem apresentar: relações sociais desinibidas, ● Como podemos mudar isso? pouca ou até nenhuma inteligência emocional, Pela mudança dessa cultura e eliminação dos instabilidade ou abandono escolar, medo constante do pensamentos machistas que rodeiam este tema, é afastamento, entre outros. Grande parte dos necessário a reeducação e a quebra desse padrão. adolescentes acabam levando traumas para a sua Também é importante a criação de projetos maioridade, como: vulnerabilidade a vícios, pouca sociais para ajudar jovens que sofrem com a inteligência emocional, dificuldade de adaptação, ausência de um responsável. O abandono passividade em relacionamento e mal-estar paternal é um tema muitas vezes ignorado e psicológico em geral. Indivíduos que cresceram com tratado como algo normal. Devemos levantar um responsável ausente geralmente apresentam consciência sobre um tema que afeta obsessões e relações problemáticas. aproximadamente 10% da população de jovens O abandono afetivo tem como um dos principais do Brasil. responsáveis a história e a colonização do Brasil. O contexto histórico, que traça desde os tempos da colonização nos mostra a miscigenação e racismo da época e os estupros de mulheres indígenas e negras, que acabaram resultando em várias crianças nascidas que não eram consideradas brancas, negras ou indígenas, resultando em uma geração sem identificação social e direitos. Na nossa sociedade, a mulher tem a “obrigatoriedade” de cuidar e criar seu filho; um costume onde a maternidade é vista como o