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Vida de solteiro: estamos acostumados a encontrar na literatura e nos

relatos que ouvimos, histórias de idosos casados ou viúvos, em sua maioria.


Pouca atenção é dada à parcela que não se encaixa nessas categorias, sendo
assim, as informações sobre esse assunto acabam se tornando escassas.
Mesmo que os idosos solteiros representem a minoria (que vem crescendo ao
passar dos anos), é importante abordar esta temática e elucidar alguns
preconceitos e tabus que a cercam, por exemplo sobre a solidão, vida sexual,
se foi uma escolha ou uma condição…
Na maioria dos países, a população de idosos solteiros corresponde à
5% ou menos dos homens e 10% ou menos das mulheres. A diferença entre os
gêneros pode ocorrer por vários motivos, por exemplo, na Europa pode ser por
perda de homens, que estavam prontos para se casar, por conta da guerra.
Nos Estados Unidos os idosos que nunca se casaram tendem a preferir
a vida de solteiro e se sentirem menos solitários que idosos viúvos ou
divorciados e estão menos propensos a vivenciar o chamado “estresse de
solteiro”, estresse causado pela falta de um parceiro íntimo. Isso pode ocorrer
porque eles nunca vivenciaram o estresse da transição da separação, bem
como ao longo de sua vida desenvolveram habilidades para lidar com essa
situação, como autonomia e autoconfiança. A saúde de idosos solteiros tende a
ser melhor, a renda mais alta, assim como o grau de instrução.
Mulheres negras tendem a apresentar menos “estresse de solteiro” que
mulheres brancas, pelo fato de que, com a escassez de homens negros
disponíveis a se casar, ser solteira acaba sendo uma condição normal.
Os idosos que são solteiros costumam namorar e esses que namoram
são sexualmente ativos. Os homens em geral estão mais interessados em
relacionamentos românticos que as mulheres, pois estas talvez não queiram
ficar confinadas à papéis tradicionais de gênero.

Relacionamentos homossexuais: existem poucas informações e


pesquisas a respeito deste assunto pelo fato ter sido bastante estigmatizado e
até considerado “impróprio”, porém como a homossexualidade vem sendo
abordada cada vez mais, faz-se necessário informar o jovem de hoje em dia,
que não têm muitos exemplos práticos a respeito em seu dia-a-dia, sobre as
dificuldades que passam os casais idosos em relações homossexuais, bem
como esclarecer que se pode ter uma rotina totalmente normal nesta
“condição”, com filhos, apoio social e boa adaptação ao envelhecimento.
As relações homossexuais na terceira idade costumam ser bastante
fortes e solidárias, e grande parte dos homossexuais tem filhos de outro
casamento ou adotivos. Redes de amigos e grupos de apoio tendem a
substituir a “família tradicional”.
Os pontos negativos desse tipo de relacionamento têm a ver com a
sociedade, como tensões com a família de origem, discriminação em casas de
repouso, falta de serviços de apoio social, e quando o(a) parceiro (a) adoece
ou morre, dificuldade de lidar com o plano de saúde do outro e com questões
de herança.

Amizades: é importante discutir sobre este assunto pois as amizades


são de grande valor para a saúde e a felicidade dos idosos, que assim melhor
se adaptam à fase pela qual estão passando. As amizades proporcionam
bem-estar e prazer e servem como um alicerce na vida adulta tardia quando,
por exemplo, sente-se a falta de apoio familiar.
Os idosos que estão inseridos em um círculo de amigos ativo, tendem a
ser mais saudáveis e felizes. A intimidade é uma grande aliada do
desenvolvimento saudável pois faz com que o idoso se sinta valorizado e
desejado, mesmo depois de tantas perdas. As pessoas que tem com quem
confidenciar sua vivência, conversar sobre o que sentem e sobre suas
preocupações, tendem a lidar melhor com as mudanças e crises em seu
desenvolvimento e a viver mais.
As pessoas nessa fase do desenvolvimento passam mais tempo com
amigos do que com a família, porque as amizades giram em torno do prazer e
lazer e o relacionamento com a família exige mais responsabilidades e tarefas.
Os amigos provém prazer imediato e a família, mais segurança e apoio
emocional.
Os idosos tendem a ter sentimentos mais fortes por amigos antigos, que
pelos amigos novos, mesmo que seja difícil manter os laços fortes de amizade
devido à questões como mudança de residência, doenças e incapacitações.
Os amigos nesta fase podem também compensar a falta de um cônjuge,
mesmo que não o substituam, formando assim uma família psicológica.

Relacionamento com filhos adultos: o relacionamento com os filhos


também precisa ser discutido porque, quando é agradável e prazeroso, pode
até prevenir a depressão na velhice. Também leva-se em conta que muitos
idosos moram com um ou mais filhos e, se não moram, precisam de sua ajuda,
tanto física e emocional, como as vezes financeira. É importante ressaltar que
uma relação próxima com os filhos serve de fator de proteção, de certa forma,
para os idosos, considerando o fato de maus tratos e abusos. Quando se
aborda este assunto, pensa-se que só existem aspectos positivos no
relacionamento dos idosos com seus filhos, mas daí vem a importância de
debater este tópico: mostrar também os pontos negativos provenientes desse
relacionamento.
Os idosos que mantém bom relacionamento com seus filhos tendem a
se sentir menos solitários e deprimidos. Muitos pais e filhos corresidem ou
senão, como nos países europeus, vivem a cerca de até 24 quilômetros.
Como as famílias atuais tendem a ser menores do que eram em
gerações passadas, a pressão recai sobre os poucos filhos e isso pode ser um
fator de risco para que os mesmo cometam abusos perante seus pais, assunto
que será abordado no próximo tópico.
Pais idosos, quando têm condição, costumam ajudar seus filhos
financeiramente e até nas tarefas diárias, como cuidar dos netos, por exemplo.
Nesta fase, os pais ainda se importam demasiadamente com o bem-estar de
seus filhos, sendo assim, isso pode gerar muitas preocupações, angústias e
estrese, podem considerar o fracasso dos filhos como sendo resultado de seu
fracasso como pais.
Os impactos no bem-estar de idosos que não possuem filhos são
influenciados tanto pelo gênero quanto pelo sentimento que a pessoa tem em
relação a “não ser pai/mãe”. Mulheres sem filhos que afirmavam que seria
melhor ter tido um filho estavam mais propensas a se sentirem solitárias e
deprimidas que as mulheres que não concordavam com este fato. A
paternidade ou a falta dela não tem nenhum impacto sobre o bem-estar na
velhice, o que deve ser levado em conta é a qualidade dos relacionamentos.

Maus tratos com idosos: tratar desse assunto é, ao meu ver, uma
forma de precaução por dois motivos: o primeiro é que, quanto mais as
pessoas souberem a respeito deste problema, mais elas podem identificá-lo e
denunciá-lo, e o segundo motivo é que, se levarmos este tema para os jovens
e adultos, podemos trazer a ideia de que no futuro quem poderá sofrer maus
tratos e abusos são eles, tentando conscientizá-los a não praticar.
O método de abandono de um idoso é chamado de “livrar-se da vovó” e
é só um tipo de abuso, dentre os outros seis, que são:
- abuso físico: aplicação de força física, causando ferimentos ou
dor;
- abuso sexual: contato sexual não consentido com o idoso;
- abuso emocional ou psicológico: causar angústia e sofrimento;
- exploração financeira: uso impróprio dos recursos do idoso;
- negligência: descumprimento de deveres em relação ao cuidado
do idoso;
- autonegligência: quando o próprio idoso ameaça a sua saúde e
segurança;

Em quase nove em cada 10 casos de maus-tratos, o causado é um


membro da família e dois em cada três causadores são o cônjuge ou o(a)
filho(a) adulto(a). A negligência por parte dos causadores que são membros da
família geralmente não é de fato intencional, grande parte não sabe como fazer
o devido cuidado dos idosos, ou podem até eles mesmos terem precariedades
na saúde.
Os abusadores precisam de aconselhamento ou tratamento para
perceber o que estão fazendo, e assistência para reduzir o estresse causado
pelos cuidados que prestam, e as vítimas precisam estar conscientes do que
estão passando e que não devem tolerar abusos, mas sim livrar-se deles.

Relacionamento com irmãos:


Os irmãos oferecem o companheirismo, assim como os amigos, mas
mais do que estes, oferecem também grande apoio emocional, vendo que
nesta fase, os conflitos tendem a diminuir bastante. Independente de quanto os
irmãos ajudam, o que de fato tem relevância é a disposição a ajudar, o que
acarreta em sentimentos de segurança e conforto.
Quanto mais próximas as pessoas idosas vivem de seus irmãos, maior a
chance de eles confidenciarem entre si, trocarem experiências e recordações.
As irmãs, em especial, são muito importantes para o bem-estar na
velhice, pois servem como um alicerce, levando em conta sua expressividade
emocional e seu papel de cuidadoras. As pessoas idosas mais próximas de
suas irmãs sentem-se mais confortáveis e se preocupam menos com o
envelhecimento do que aquelas que não as possuem ou não tem uma forte
ligação com as mesmas.
Mesmo que a morte de um irmão seja um evento natural e normal,
acarreta muito sofrimento para o idoso, que pode ficar solitário ou deprimido.
Significa perder não só um irmão, como também até parte da própria
identidade, parte da família.

Bisavós: tornar-se bisavó ou bisavô é encarar uma nova etapa da vida,


é aceitar novos desafios e novas experiências. A importância de se discutir isso
vem do fato de que é necessário mostrar tanto o lado negativo quanto o lado
positivo dessa condição e assim, ajudá-los a lidar melhor com as novidades.
Os bisavós tendem a ser menos envolvidos na vida da criança que os
avós e vê-los também com menos frequência. Eles encontram grande
satisfação em assumir este novo papel, que traz renovação tanto pessoal,
quanto familiar, diversão e sensação de longevidade.
Os bisavós são importantes para uma família, uma vez que são uma
fonte de sabedoria e aprendizado, parceiros de jogos e símbolos de
continuidade da vida familiar.

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