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1- Malhão Traçado

2- Chulita
3- Pinheirinho
4- Ó, Minha Rosinha
5- Malhão do Castelo
6- Chula (Douro Litoral)
7- O mar enrola na areia
8- Chula (Cabeceiras de Basto)
9- Água leva o ragadinho
10- Malhão de rua
11- Serrinha
12- Vira Trespassado
13- Linda Brejeira(mudar)
14- Valentim
15- Vira da Raia
16- Vareira
17- Menina, tira o chinelo
18- Ó, ciranda
19- Chula da Meadela
20- Cana Verde Das Palmas
21- Chula do mar
22- Chula do castelo
23- Chula da Areosa
24- Chora a videira
25- Mouraria
26- Ramalhinho
27- São João (Traçado)
28- Primavera
29- Moreninha
30- Rusga de Santiago
31- Marcha para a romaria
32- Vira do Couto
33- Chula Cruzada (Paçô)
34- Não chove no Alentejo
35- Maneio (Não te encostes à parreira)
36- Minha amora madurinha
37- Doba, doba, dobadoira
38- Cana Real da Maia
39- Olá, como está
40- Loureiro
41- Minha mãe mandou-me à erva
42- Olaré sou tua
43- Dobadoira
44- Pião de Aveiro
45- Margarida moleira
46- Lavradeirinha do campo
47- Daqui para ali
48- Daqui para ali (2)
49- Bate o pé na areia
50- A resineira
51- Cana Verde
52- Dá lembranças à Rosinha
53- Cana verde de Carreço
54- Chula batida
55- São Bentinho
56- Sim Carolina
57- Tirana
58- Verde-gaio
59- A ceifeira
60- A moda da laranjinha
61- Caninha verde-S.Martinho
62- Luisinha
63- Marciana
64- Rebatida
65- Repalhinha
66- Serrinha-S.Martinho
67- Tirana
68- Rebola a bola
69- Troca o par
70- À volta do rio
71- Coradinha
72- Cuquinho
73- Delicadinho
74- Rusga (Carreço)
75- Velho marinheiro
76- Gota minha gota (Carreço)
77- Desfolhada-Amares
78- Cana real da Maia
79- Chula batida-De Medas
80- Entrei na sala
81- Era o vinho
82- Gora-Mazarefes
83- Malhão da Veiga
84- No alto daquela serra
85- Ó, ferreiro, guarda a filha
86- Praias
87- Senhora do Alívio
88- Toma lá, meu bem
89- Vira cruzado-Folgosa
90- Vira da Serra Darga
91- Vira de Viana
92- Vira do Rio Lima
93- Diabo do velho
94- Diabo do velho
95- Senhora do Sameiro
96- Sim, Carolina- Parada de Gatim
97- Bailarico ao desafio
98- Moda da Lavoura
99- Morena (ó pescador, da barquinha)
100- Mulatinhas
101- Na banda d'além do rio
102- O papagaio tem penas
103- Ó, mar, que nas ondas levas
104- Padeirinha
105- Prima
106- Qu’é da rosa que eu te dei
107- Quando vou à horta
108- Vamos para a romaria
109- Moda da Passarada
110- Ladrão do meu amor
111- Bate, bate
112- Redonda
113- Chula (Mazarefes)
114- Vira da Boa Viagem
115- Brinquem todos
116- Cana real das canas
117- Cana verde- Douro Litoral
118- Cravo roxo
119- Saia de seda
120- Salgueiro à borda d'água
121- Tirana- Carreço
122- Vira de Coimbra
123- Vira do Norte
124- Os olhos da Marianita
125- Verdegar
126- Bate, Mariquinhas
127- Marianita
128- Cantam as filhas de Rosa
129- Verdegar
130- Mariquinhas
131- Eu não vou lá cima à sala
132- Jardineira floreira / Regateira da praça
133- Fado da Reguenga
134- Que belo terreirinho / Alargai-vos, raparigas
135- Sala dos quatro cantos
136- Que lindos limões / Os limões
137- O Sol anda que desanda
138- Erva cidreira
139- Ciranda
140- Ciranda
141- Caninha verde
142- Fado batido ou escote
143- Acima, Pedro, acima
144- Chula-Praias de Portugal
145- Verde gaio-Praias de Portugal
146- Reinadio
147- Vira batido
148- Hino do Rancho-Pescadores de Matosinhos
149- Poveirinha-Rancho folclórico Poveiro
150- Pomba-Pescadores de Matosinhos
151- O enleio
152- Venho da beira do rio
153- Ó, ribeira
154- Praias
155- Alecrim
156- Ribeira vai cheia
157- Bate, bate
158- Vem comigo, Maria
159- Vira Rebelo
160- Andorinha ligeira
161- Ó, meu amorzinho
162- Vira dos namorados
163- Vira(e torna a virar)-Barcuense
164- Verdegar de São João
165- Senhora Ana
166- Regadinho (Balancé)
167- Palavras de minha mãe
168- Oliveira, chora, chora
169- Manjerico revira a folha
170- Lavrador
171- Dança dos azitoneiros
172- Chula do litoral
173- Siga a Rusga - Barcuense
174- Chula barcuense
175- Vem comigo, Maria - Marufe
176- Ó minha mãe, não me leves (Olé, Chegou e bateu)
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1-Malhão Traçado

Vamos ao malhão traçado


Ó, malhão, lindo malhão
Cantando lindas cantigas
Ó, malhão traçado
Cantando lindas cantigas
Canto para todos dançarem
Rapazes e raparigas

Ó, malhão traçado
Tem pena de mim
Dou tudo por ti
Eu fico sem nada
Mas eu sou assim

Ó, lindo malhão traçado


Tu formas uma coluna
Ó, lindo malhão traçado
Tu formas uma coluna

Tu tens tantas raparigas


Ó, malhão, dá-me só uma
Tu tens tantas raparigas
Ó, malhão, dá-me só uma

Linda terra de Reguenga


Ó, lindo malhão traçado
Na entrada faz um "ésse"
É o lindo malhão
Na entrada faz um "ésse"
Quem fala com meu amor
Grande castigo merece

Ó, malhão traçado
Tem pena de mim
Dou tudo por ti
Eu fico sem nada
Mas eu sou assim

E ainda pequenino
Já minha mãe me dizia
E ao lindo malhão traçado
Já minha mãe me dizia

Para dançar o malhão


Só na nossa freguesia
Mas para dançar o malhão
Só na nossa freguesia

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2-Chulita
Ó, chulita redondita
Deixa a sandália asseada
Ó, chulita vira agora
Deixa a sandália asseada

Bom sapato, boa meia


Boa fivela dourada
Ó, chulita vira agora
Boa fivela dourada

Na trança do meu cabelo


Caiu a água molhou
Ó, chulita vira agora
Caiu a água molhou

Enquanto o mundo for mundo


Gosto de ti e acabou
Ó, chulita vira agora
Gosto de ti e acabou

As Sete Estrelas caíram


Deram na pedra do tanque
Ó, chulita vira agora
Deram na pedra do tanque

Eu venho aqui pra te ver


Já que tem amor bastante
Ó, chulita vira agora
Já que tem amor bastante

O meu amor foi deixou-me


Coitadinho tenho pena
Ó, chulita vira agora
Coitadinho tenho pena

Foi amar uma branquinha


Deixou-me por ser morena
Ó, chulita vira agora
Deixou-me por ser morena

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3-Pinheirinho

Se tu souberes cantar
Não te deias ao relaxo
Por muito forte que sejas
Um dia tu cais abaixo

Ó, pinheiro, ó, pinheiro
Ó, pinheiro, pinheirinho
Anda cá, ó, meu amor
Anda cá, meu amorzinho

Canta, canta, cantadore


Mas vê lá o que tu dizes
Pinheiro não vai cair
Porque tem muitas raízes
Para o pinheiro ir abaixo
O caso até é de rir
Vós puxai como quiseres
Pinheiro não vai cair

Não te deixes ir abaixo


Numa noite (sempre) (?)
Pra te fazer ver a todos
O que o pinheirinho é

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4-Ó, Minha Rosinha

Ó, minha Rosinha
Eu quero, eu quero
Entrar em teu peito
Formar um castelo

Ó, minha Rosinha
Daqui para ali
Quem você procura
Hoje não tá aqui

Ó, minha Rosinha
Eu hei de ir se for
Jurar as verdades
Por ti meu amor

Ó, minha Rosinha
Daqui pra Castelo
Perdi o sapato
Achei um chinelo

Ó, minha Rosinha
Eu hei de te amar
De dia ao Sol
De noite ao luar

Ó, minha Rosinha
Daqui pra acolá
Quem você procura
Hoje não está cá

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5-Malhão do Castelo

Ó, malhão, malhão
Malhão do Castelo
Do Minho bonito
Do Minho mais belo

Ó, malhão, malhão
Eu quero te amar
De manhã ao Sol
De noite ao luar

Ó, malhão, malhão
Vamos lá virar
São as do Castelo
Que estão a cantar

Ó, malhão, malhão
Vamos lá virar
Moços e moças
Vamos terminar

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6-Chula (Douro Litoral)

Ó, chula, ó, linda chula


Ó, chula, ó, linda chula
Quem te mandou aqui vir
Quem te mandou aqui vir

Quem te mandou aqui vir


Se eu agora te matasse
Quem te havia de acudir
Quem te havia de acudir

Tu mandaste-me aqui vir


Tu mandaste-me aqui vir
Ao pé do pinheiro manso
Ao pé do pinheiro manso

Ao pé do pinheiro manso
Eu vim e tu não vieste
Olha, amor, o teu engano
Olha, amor, o teu engano

Ó, chula, ó, linda chula


Ó, chula, ó, linda chula
Deixa-te andar asseada
Deixa-te andar asseada

Deixa-te andar asseada


Com o sapato e a meia
Com a fivela dourada
Com a fivela dourada

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7-O mar enrola na areia

O mar enrola na areia


ninguém sabe o que ele diz
bate na areia e desmaia
porque se sente feliz

Até o mar é casado


até o mar tem mulher
é casado com areia
pode vê-la quando quer

Até o mar é casado


até o mar tem filhinhos
é casado com areia
e os filhos são os peixinhos

Ouvi cantar a sereia


no meio daquele mar
tantos navios se perdem
ao som daquele cantar

Ó, mar, que te não derretes


navio que te não parte
o amor que não cumpristes
o que comigo trataste

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8- Chula (Cabeceiras de Basto)

Ó, chula, vareira chula


Ó, chula, vareira chula
Deixa-te andar asseada
Deixa-te andar asseada

Bom sapato, boa meia


Bom sapato, boa meia
Boa fivela dourada
Boa fivela dourada

Ó, chula, vareira chula


Ó, chula, vareira chula
Ó, chula, que linda és
Ó, chula, que linda és

Ó, chula que está virada


Ó, chula que está virada
Da cabeça para os pés
Da cabeça para os pés

Ó, chula, vareira chula


Ó, chula, vareira chula
A chula vai acabar
A chula vai acabar

Vamos dar a meia volta


Vamos dar a meia volta
A chula vai terminar
A chula vai terminar

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9- Água leva o ragadinho

Água leva o regadinho


água leva o regador
enquanto rega e não rega
vou falar ao meu amor

Água leva o regadinho


água leva e vai regar
a água do nosso rio
corre toda para o mar

Somos um grupo pequeno


mas estamos animados
formamos um lindo grupo
em Vila De Regalados

Em Vila De Regalados
ouvi cantar e parei
uma cantiga tão linda
quem a cantava não sei

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10-Malhão de rua

Ó malhão, malhão
Que vida é a tua?
Ó malhão, malhão
Que vida é a tua?

Comer e beber, ó malhão


Ó malhão, passear na rua
Comer e beber, ó malhão
Ó malhão, passear na rua

Ai, o malhão quando morreu


Ai, deixou dito na escritura
Ai, deixou dito na escritura
Ai, deixou dito na escritura

Ai, que lhe forrasse o caixão


Ai, com pano de pouca dura
Ai, com pano de pouca dura
Ai, com pano de pouca dura

Ai, ó malhão, triste malhão


Ai, ó malhão, triste, coitado
Ai, ó malhão, triste, coitado
Ai, ó malhão, triste, coitado

Ai, por causa de ti, ó malhão


Ai, ando triste e apaixonado
Ai, ando triste e apaixonado
Ai, ando triste e apaixonado

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11-Serrinha

Ó, meu amor, anda e anda


Que eu te quero ver andare
Eu quero ver o teu brio
E mais o teu passeare

Tenho um amor em Viana


Outro em Ponte de Lima
Outro na Vila dos Arcos
Ainda outro mais acima
Toma lá está laranja
Tira-lhe o que ela tem dentro
Da casca faz um barquinho
Embala o teu pensamento

As estrelinhas do céu correm


Todas numa carreirinha
E assim correm os amores
Da tua mão para a minha

Já lá vai o Sol abaixo


Já lá vai a luz do dia
Já lá vai o meu amore
Com quem eu me divertia

Toda vida fui alegre


Toda a vida eu hei de sere
Nunca vi moça nenhuma
Por ser alegre perdere

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12-Vira Trespassado

Eu venho do mar, eu venho


Venho do mar do sargaço
Quem tem um amor pequeno
Cabe debaixo do braço

Trespassa, Manel
Trespassa, Maria
Trespassa, Manel
Cá nesta folia

Eu venho do mar, eu venho


Eu venho do mar à noite
Como te hei-de amar a ti
Se eu venho de amar um outro

Raparigas desta terra


Sargaço vão apanhare
Deixando os seus amores
Lá na praia esperare

Os rapazes desta terra


São todos bons pescadores
Deixam no mar a coragem
E na terra seus amores

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13-Linda Brejeira

Minha brejeira
Minha brejeirinha
Minha brejeira
Minha brejeirinha
Chega a tua roupa
Ri-có-có, ao pé da minha
Sim, pois sim, há mais quem queira
Ri-có-có, linda brejeira

Eu não sou brejeira


Nem o quero sere
Eu não sou brejeira
Nem o quero sere

Ainda tenho renda


Ri-có-có, pra me manter
Sim, pois sim, há mais quem queira
Ri-có-có, linda brejeira

Minha brejeira
Minha brejeirosa
Minha brejeira
Minha brejeirosa

Ainda tenho renda


Ri-có-có, pra estar sentada
Sim, pois sim, há mais quem queira
Ri-có-có, linda brejeira

Lava a tua roupa


Bate na pedrinha
Lava a tua roupa
Bate na pedrinha

Chega a tua roupa


Ri-có-có, ao pé da minha
Sim, pois sim, há mais quem queira
Ri-có-có, linda brejeira

Lava a tua roupa


Bate no penedo
Lava a tua roupa
Bate no penedo

Chega a tua roupa


Ri-có-có, ao meu barrelo
Sim, pois sim, há mais quem queira
Ri-có-có, linda brejeira

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14-Valentim

Da banda de lá do rio
Da banda de lá, de lá
Bel Valentim, olaré, sim, sim
Da banda de lá, de lá

Tem meu pai um castanheiro


Que muitas castanhas dão
Bel Valentim, olaré, sim, sim
Que muitas castanhas dão
Da banda de lá do rio
Tem meu pai um castanheiro
Bel Valentim, olaré, sim, sim
Tem meu pai um castanheiro

Dá castanhas em agosto
Uvas brancas em janeiro
Bel Valentim, olaré, sim, sim
Uvas brancas em janeiro

Eu subi ao castanheiro
Para colher as castanhas
Bel Valentim, olaré, sim, sim
Para colher as castanhas

Dizem que gostas de mim


Ó, que mentira tamanha
Bel Valentim, olaré, sim, sim
Ó, que mentira tamanha

Nota: Parece que o certo é " Ó do Bel Valentim, olaré, sim, sim"
Como está no Rancho Folclórico Vila de Freamunde.
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15-Vira da Raia

Da banda de lá do rio
Tem meu pai um castanheiro
Dá castanhas em agosto
Uvas brancas em janeiro

Ó lai ó lari ló lela

Tua mãe não o tem


Teu pai não te dá
De onde te vem
O tra lá lá lá

Da banda de lá do rio
Não chove nem cai orvalho
Ó, amor que há de ser meu
Não me dê tanto trabalho

De baixo da oliveira
É um regalo namorare
Tem a folha miudinha
Não deixa entrar o luare

Atirei uma azeitona


Às muralhas de Castela
Matei uma castelhana
Que estava de sentinela

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16-Vareira

Vareira, linda vareira


Vareira, eu vou, eu vou
Dar vida a quem me deu vida
Matar a quem te matou

Matar a quem te matou


Ó lai, ó lari lolela
Vareira, linda vareira
Vareira da nossa terra

Vareira, linda vareira


Vareira de flor ao peito
Para dançar a vereira
As moças que tenham jeito

As moças que tenham jeito


Ó lai, ó lari lolela
Vareira, linda vareira
Vareira da nossa terra

Vareira, linda vareira


Vareira, linda flor
Quem me dera ser vareira
Para ser o teu amor

Para ser o teu amor


Ó lai, ó lari lolela
Vareira, linda vareira
Vareira da nossa terra

Vareira, linda vareira


Vareira da beira-mar
Quem me dera ser vareira
Para podermos casar

Para podermos casar


Ó lai, ó lari, lolela
Vareira, linda vareira
Vareira da nossa terra

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17-Menina, tira o chinelo

E o meu amor é o quê


Braseiro da vida toda
Os moços batem as brasas
As moças bailam a roda

Menina, tira o chinelo


Menina, descalça a meia
Venha aquecer ao braseiro
Dois beijos pra minha ceia

Menina do lenço azul


Dê um saltinho, não caia
Correram todas ao fogo
As pontas da minha saia

E eu hei de cantar e rir


Levar meu barco à toa
Venho cantar, venho rir
Não mentiram de eu ser boa(?)

Aqui neste canto, canto


Aqui neste recantinho
Onde a pomba bate a asa
Onde a rola faz o ninho

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18- Ó, ciranda

A ciranda foi à fonte


E a cantarinha quebrou
A ciranda não tem culpa
Culpa tem quem a mandou

Ó, ciranda, ó, ciranda
Nós vamos a cirandar
Vamos dar a meia-volta
Volta e meia vamos dar

A ciranda diz que tem


O pezinho de veludo
A ciranda é mentirosa
O pé dela é cabeludo

A ciranda diz que tem


Uma irmã que é pianista
A ciranda é mentirosa
A irmã dela é vigarista

A ciranda diz que tem


Sete saias de balão
A ciranda é mentirosa
Não tem dinheiro pra pão

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19- Chula da Meadela

Ó que linda troca d'olhos


fizeram agora ali
trocaram teus olhos pretos
por uns azuis que eu bem vi

Sim, senhor
está bem, está bem
Sim, senhor
está bem assim

Debaixo do chapéu andam


olhinhos de namorar
não amo a mais ninguém
a mais ninguém hei de amar

Da minha janela à tua


vai um salto de uma cobra
inda espero em chamar
à tua mãe minha sogra

Sim, senhor
está bem, está bem
Sim, senhor
está bem assim

Os homens são como as cobras


quando largam a peçonha
nem solteiros, nem casados
nem viúvos têm vergonha

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20- Cana Verde Das Palmas

O céu é para as estrelas


O jardim para as flores
O céu é para as estrelas
O jardim para as flores

Logo que eu aqui cheguei


Boa noite, meus senhores
Logo que eu aqui cheguei
Boa noite, meus senhores

Ó, minha caninha verde


Cana verde ó i ó ai
Ó, minha caninha verde
Cana verde ó i ó ai

Por causa da cana verde


É que a filha foge ao pai
Ó, minha caninha verde
É que a filha foge ao pai

Ó, que pinheiro tão alto


Com um fio d’ouro na ponta
Ó, que pinheiro tão alto
Com um fio d’ouro na ponta

Esses teus olhos, menina


Já andam por minha conta
Esses teus olhos, menina
Já andam por minha conta

Canta, canta, cantadore


Que eu te quero ouvir cantar
Ó, minha caninha verde
Que eu te quero ouvir cantar

Essa tua gargantinha


Que me faz apaixonar
Ó, minha caninha verde
Que me faz apaixonar

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21- Chula do mar

Eu fui ao mar aos peixinhos


Com lenço a tiracolo
Encontrei uma velhinha
A catar pulgas ao sol

Ó, cai di, ó, cai dá


Ó, cai di, ai di, ai dá

Eu fui ao mar aos peixinhos


Com uma bacia de prata
O tomar amor não custa
O deixá-los é que mata

Eu hei-de aprender a ler


Nas ondas do mar lá fora
Para saber responder
À mocidade de agora

Não sei ler nem escrever


Nem na pena sei pegar
Também não sei responder
Ao teu modo de falar

Eu hei-de ir àquele mar


Convém tu serrar penedo
Para fazer uma casa
Pra guardar os teus segredos

Indo pela praia abaixo


Ouvi cantar, escutei
Ouvi cantar chula nova
Lá no palácio do rei

O vento do mar espalha


A chuva que do céu vem
Só eu não posso espalhar
As saudades do meu bem

Marinheiro cheira a cravo


Capitão cheira a canela
Mais vale um amor no mar
Do que dois ou três na terra

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22- Chula do castelo

Debaixo do mar tem lodo


Depois do lodo é o chão
Debaixo duma amizade
Descobre-se uma paixão

Que trazes, que levas


Açúcar e canela
Não há quem compreenda
O amor de Micaela(?)
Abre-te cana-da-índia*
Que te quero ver o meio
Quantas vezes se não fala
Por causa de ter receio

*Verso em galego: baixa limia

Ábrete, caixa da India,


que che quero ver o medio;
todos me dín que eres falsa,
agora sí que eu o creio

Debaixo do mar tem lodo


Depois do lodo areia
Debaixo duma amizade
É que o juízo vareia

O meu amor é do mar


É do mar, é marinheiro
Ainda vem fora da barra
Já em casa entra o cheiro

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23- Chula da Areosa

Fui ao céu por uma linha


De uma nuvem fiz encosto
Dei um beijo numa estrela
Julgando que era o teu rosto

O anel que tu me deste


Não o dei nem o vendi
Deitei-o da ponte abaixo
Também te deitava a ti

Hei de cantar, hei de rir


Hei de ser muito alegre
Hei de mandar a tristeza
Pro diabo que a leve

Pus-me a contar às avessas


As pedras de uma coluna
Nove, oito, sete, seis
Cinco, quatro, três, dois, uma

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24- Chora a videira

Eu já fui o teu amore


E agora já o não sou
Ainda olho para ti
Foi jeito que me ficou

Chora a videira
Ó, videirinha
Chora a videira
Ó, prenda minha

Julgavas que eu te queria


Já te andavas a gabar
Vai à mãe que te dê leite
Que te acabe de criar

Tenho um amor, tenho dois


Tenho três, não quero mais
Eu pra que quero os amores
Se me eles não são leais

Tenho dentro do meu peito


Duas espinhas de peixe
Uma diz-me que te ame
Outra diz-me que te deixe

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25- Mouraria

Ó, meu amor, quem te disse


Que eu a dormir suspirava
Quem te disse não mentiu
Que eu por ti suspiro dava

O meu coração voando


Dentro do teu foi cair
No meio bateu as asas
De lá não pôde sair

Quem me dera ser moreira


Moreira há de dar amoras
Quem me dera ser a santa
No altar que tu adoras

Ó, oliveira do adro
Não assombres a igreja
Que bem assombrado anda
Quem não logra o que deseja

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26- Ramalhinho

Da banda de lá do rio
Da banda de lá de lá
Tem meu pai um castanheiro
Que muitas castanhas dá

Ó, amieiro do rio
Deixa passar os peixinhos
Quem namora às escondidas
Quer abraços e beijinhos

Eu cortei um ramalhinho
Eu cortei, está cortado
Eu deixei o meu amor
Eu deixei, está deixado

Eu cortei um ramalhinho
Atravessei-o no rio
Daqui para minha casa
Não preciso de navio

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27- São João (Traçado)

Ó, meu lindo São João


Ó, meu belo marinheiro
Levai-me na vossa barca
Lá pra o Rio De Janeiro

Ó, meu São João Batista


Filho de Santa Isabel
Só ele que batiza o Cristo
Põe o nome Emanuel

Ó, meu lindo São João


Ó, meu santo protetore
Leva-me na tua barca
Pra beira do meu amore

Ó, meu lindo São João


Ó, santo que é sempre novo
Os teus risos, os teus folguedos
Enchem de alegria o povo

São João adormeceu


À porta do moinho novo
E as galinhas do moleiro
Depenicaram-no todo

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28- Primavera

Gostei sempre de cantare


Para vossas raparigas
Porque me fazei sonhar
Com vossas lindas cantigas

Primavera é a rainha das flores


Como ela já não há igual
Primavera vai e volta sempre
Mocidade vai e não volta mais

És cantador afamado
A tua cara o diz
Foste cantar ao inferno
Nem o diabo te quis

Ouve lá, ó, cantadeira


Meu lindo botão de rosa
Eu queria ouvir cantare
Cantadeira mais formosa

Semear e não colhere


É que atrasa o lavrador
Eu também ando atrasada
Nas falas ao meu amor

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29- Moreninha

Ó, morena, moreninha
Tu vais pra o campo sachar
É bonitinha gosto dela
Tem olhos de namorar

Ó, morena, moreninha
Tu vais pra o rio lavar
É bonitinha gosto dela
Tem olhos de namorar

Ó, morena, moreninha
Tu vais pra o campo plantar
É bonitinha gosto dela
Tem olhos de namorar

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30- Rusga de Santiago

Ó, Sol, ó, Lua, ó, estrela


Ó, luar da Lua Cheia
Quem o meu coração ama
Nesta terra não passeia

Nesta terra não passeia


Nem deve de passear
Quem o meu coração ama
Não deixará de amar

Ó, Sol, ó, Lua, ó, estrela


Ó, luar da Lua Cheia
Quem o meu coração ama
Nesta terra não passeia

Ó, Sol, ó, Lua, ó, estrela


Ó, luar da Lua Nova
Quem o meu coração ama
Não passeia aqui agora

No meio daquele mar


Navios a vela vão
Naquele mar dianteiro
Navegou meu coração

Nesta terra não há rosas


Já secaram as roseiras
As rosas da minha terra
São as raparigas solteiras
Nesta terra não há cravos
Já secaram os craveiros
Os cravos da minha terra
São os rapazes solteiros

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31- Marcha para a romaria

Ó, mar alto! Ó, mar alto!


Ó, mar alto, sem ter fundo
Mais vale andar no mar alto
Do que nas bocas do mundo

Oui, ou, ai
Eu venho da beira mar
Se eu agora não namoro
Quando hei de namorar

Oui, ou, ai
Eu venho da romaria
Se eu agora não namoro
Quando há de ser o dia

Pesca, pesca, pescador


Vai à pesca da sardinha
Louvado seja o senhor
Que guia a tua barquinha

Lá vai o barco a vela


Lá vai a sardinha boa
Lá vai o meu amorzinho
Assentadinho à proa

Moro à beira do mar


Moro mesmo à beirinha
Da janela do meu quarto
Vejo saltar a sardinha

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32- Vira do Couto

Olha pra folha da vinha, ó ai


E como ela faz balanço
E como ela faz balanço, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Quem tiver amor bonito, ó ai


Nunca pode ter descanso
Nunca pode ter descanso, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Canta, canta, cantadore, ó ai


Que tu canta lindamente
Que tu canta lindamente, ó ai
Ea la, ia lara, la laia
Se eu cantasse como tu, ó ai
Cantador que'u tava a sere
Cantador que'u tava a sere, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Quem me dera ser a lágrima, ó ai


E em teus olhos nascere
E em teus olhos nascere, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Deslizar na tua face, ó ai


E em teus lábios morrer
E em teus lábios morrer, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Meu cantador é pequeno, ó ai


Eu muito grande não sou
Eu muito grande não sou, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

É um par ajeitosinho, ó ai
Que Deus ao mundo deitou
Que Deus ao mundo deito, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Ó, Arcos de Valdevez, ó ai
Que é alto, custa a subir
Que é alto, custa a subir, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Quem me le tomare amor, ó ai


Vai ao céu e torna a vir
Vai ao céu e torna a vir, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

É o Arcos de Valdevez, ó ai
Terra da minha paixão
Terra da minha paixão, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Eu não te posso deixar, ó ai


Amor do meu coração
Amor do meu coração, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Tenho um amor que me ama, ó ai


Outro que me dá dinheiro
Outro que me dá dinheiro, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

Outro que me veste calças, ó ai


O meu amor verdadeiro
O meu amor verdadeiro, ó ai
Ea la, ia lara, la laia

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33- Chula Cruzada (Paçô)

Anda e a anda, meu amor


Pra domingo falaremos
A semana tem seis dias
Meu amor, eu queria menos

Sou do Rancho De Paçô


E nisso eu sinto alegria
Milagroso padroeiro
É da nossa freguesia

Ó, meu amor, anda e anda


À igreja dar a mão
Tapar as bocas do mundo
Descansar meu coração

Viva o Rancho De Paçô


É pequeno, mas tem graça
Tem um chafariz no meio
Dá de beber a quem passa

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34- Não chove no Alentejo

Todo o trabalho acabado


O tempo está tão mudado
Já não se veem pastores
No campo a guardar o gado

Não chove no Alentejo


Ai, que vida tão tirana
Pelos gestos que'u vou vendo
Vai secar o Guadiana

E se Deus nos ajudare


O nome já não te invejo
A miséria vai chegar
Aos campos do Alentejo

O homem vive na esperança


O tempo tudo lhe leva
Vai esperando, vai esperando
Pela barragem da Alqueva

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35- Maneio (Não te encostes à parreira)

Não te encostes à parreira


Que a parreira deita pó
Encosta-te à minha beira
Sou solteiro e vivo só

Ai, agora, é que m’eu maneio


É que m’eu maneio
É que m’eu rebolo
Nos braços do meu amor
Ai, agora, é que m’eu consolo

Eu venho dali debaixo


De regar o laranjal
Ainda trago uma folha
No laço do avental

Esta roda está parada


Por falta de mandador
Siga a roda p’ra diante
Quem manda é o meu amor

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Não te encostes à parreira


Que a parreira deita pó
Encosta-te a mim amor
Que eu não posso viver só

Ai...
Agora é que me maneio
É que me maneio
É que me rebolo
A bailar com meu amor
Assim é que me consolo

Ontem à noite, à meia-noite


Ou meia-noite seria
Ouvi cantar o meu galo
No teu poleiro, Maria

Eu sou pobre, tu és pobre


Deixa lá, somos os dois
Às vezes, casam-se os pobres
E vivem ricos depois

Eu hei de casar contigo


Eu contigo caso bem
Se por isso, não te importas
Vou falar à tua mãe

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36- Minha amora madurinha

Minha amora madurinha


Quem foi que te amadurou
Foi o Sol, foi a sombra
Foi calor que ela apanhou

Foi calor que ela apanhou


Lá naquela calçadinha
Anda cá, ó, silva verde
Minha amora madurinha

Silva verde, não me prendas


Olha que não me seguras
Eu já tenho arrebentado
Outras cadeias mais duras

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37- Doba, doba, dobadoira

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
Só eu acordada
Na minha aldeia
Só eu me achava

Doba, doba, dobadoira


Não enrices a meada
Quero dobar o novelo
Tenho a minha mão cansada

O novelo era grande


Não me cabia na mão
Doba, doba, dobadoira
Dentro do meu coração

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E eu acordada
Na minha roda
Sempre enfiada

Tem de dobare
Tem de aprendere
Como se doba
Eu vim dizere

E ó depois
Junte-me lá
Vamo-nos todos
Assim dobai

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E eu acordada
E o sarilho
Me sai meada

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38- Cana Real da Maia


A cana verde no mar
Anda a redor no vapor
Ainda está pra nascer
Quem há de ser meu amor

A cana verde no mar


A cana verde na areia
Eu para ti sou leal
Todo mundo te falseia

A cana verde no mar


Anda a redor na fragata
Se queres casar comigo
Do casório já se trata

Já não tenho coração


Já mo tiraram do peito
No lugar do coração
Nasceu-me um amor perfeito

Ai, ó cana, ó linda cana


Cana Real da Maia
Ó, rapariga maiata
Arredonda bem a saia

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39- Olá, como está

Olá, como está?


Você anda de soquinhos
Se tu fores, eu também vou
Para o Brasil, os dois ambinhos

Eu hei-de ir para o Brasil


Embarcado num loureiro
Para vir à esta terra
Com fama de brasileiro

Marinheiro d’água doce


Que levas no teu navio
Levo rouxinóis que cantam
Papagaios que assobiam

Eu hei-de ir para o Brasil


Ainda que não traga dinheiro
Para vir à esta terra
Com fama de brasileiro

A roupa do marinheiro
Não é lavada no rio
É lavada no mar-alto
À sombrinha do navio

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40-Loureiro, verde loureiro


Loureiro, verde loureiro
Loureiro do pé da estrada
Todos querem e todos colhem
Do loureiro uma pernada

Loureiro, verde loureiro


Que dá sombra no caminho
Quantos passam por pé dele
Todos colhem um raminho

Loureiro, verde loureiro


Baga negra é o teu fruto
Foste meu amor primeiro
Deixar-te custa-me muito

Loureiro, por mais que cresças


Ao céu não hás-de chegar
Por muitos amores que eu tenha
Nunca te posso deixar

Loureiro, verde loureiro


Loureiro de verde rama
Umas gozam pra seus amores
Outras pagam com a fama

Não te encostes ao loureiro


É verde, pode quebrar
Encosta-te ao meu peitinho
Que te pode segurar

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41-Minha mãe mandou-me à erva

Minha mãe mandou-me à erva


Minha mãe mandou-me à erva
Eu erva não sei segar
Minha mãe mandou-me à erva

Eu erva não sei segar


Vai chamar o meu amor
Para me tirar erva
Vai chamar o meu amor

Eu já fui o teu amor


Eu já fui o teu amor
Agora já não o sou
Eu já fui o teu amor

Agora já não o sou


Se ainda te bato os olhos
Foi jeito que me ficou
Foi jeito que me ficou

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42-Olaré sou tua


Pedrinhas desta calçada
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Que eu de dia bem o sei

Olaré sou tua


Não o digas a ninguém
Olaré sou tua
Ó, meu rico bem

Nesta rua tem pedrinhas


Nesta rua pedras tem
Hei-de andando a tirar
Ou por ti ou por alguém

Disseste que me não querias


Por eu ter a saia rôta
Ó lá, ó, filho da puta
Que eu em casa tenho outra

Quando eu julguei que tinha


Um amor como ninguém
Agora posso dizer
Mais falso ninguém o tem

Algum dia pra te eu ver


Eu ia em cima da ponte
Agora peço a Deus
Que nem de dia te encontre

Algum dia era eu


Raminho de andar na mão
Agora sou vassourinha
Com que vós varreis o chão

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43-Dobadoira

Não era noite


Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E eu acordada
E a dobadoira
Sempre dobava

Doba, dobadeira, doba


Não me enguiçes a meada
O novelo é pequeno
Cabe numa mão fechada

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E eu acordada
E a dobadoira
Sempre dobava

Doba, dobadeira, doba


Não me enguiçes a meada
O novelo é pequeno
Cabe numa mão fechada

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Era tão cedo


Que mal se via
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E trabalhando
A dobadoira
Ia rodando

Doba doba dobadoira


Não enrices a meada
Quero dobar o novelo
Tenho a minha mão cansada

O novelo era grande


Não me cabia na mão
Doba doba dobadoira
Dentro do meu coração

De pequenina
Que mal falava
Dobadoira
Já trabalhava

Já trabalhava
Sempre cantando
A dobadoira
Ia rodando

-----------------------------------------------------

Esta noite, p'ra meu gosto


Hei-d'ir fiar ao luar
Para ver quem me deixou,
Se me torna a procurar.

Doba, doba, dobadoira, doba,


Não m'enrices a meada.
Não m'enrices a meada
Não m'enrices o meu linho

Doba, dobadoira, doba,


Meu amor, dá-m'um beijinho.
Meu amor, dá-m'um beijinho,
Meu amor, dá-m'um abraço,
Qu'eu não faço a ninguém
Carinhos como a ti faço.

Namorei a tecedeira
pelo buraco da chabe
ela staba ruque truque,
minha porta não se abre.

Minha porta num se abre,


ela num se quer abrire
fala baixo num acordes
minha mãe que stá a dormire!

Namorei a tecedeira
namorei-a mais dum ano:
ela staba ruque truque
num me dab'ó desengano

---------------------------------------------------

Já era noite, já era dia


Na minha aldeia tudo dormia
Tudo dormia e eu acordada
E a dobadoira sempre dobava

Doba, doba, dobadoira


Não erices a meada
Que o novelo é pequeno
Cabe numa mão fechada

Já era noite, já era dia


Na minha aldeia tudo dormia
Tudo dormia e eu acordada
E a dobadoira sempre dobava

---------------------------------------------------------

Na minha aldeia
ainda mal se via
só eu cantava
tudo dormia

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Doba, doba, dobadoira,


P'ra crescer o novelinho;
Eu queria urdir a teia,
ao cantar do passarinho.
Doba, doba, dobadoira,
Não te canses de dobar!
Aí vem o Março quente
P´ra minha teia curar.

Doba, doba, dobadoira,


Não te ponhas a chiar;
Eu queria urdir a teia
P´ra levar para o tear.

Doba, doba, dobadoira,


Não m' enguices a meada!
O novelo está pequeno
Minha mão já 'stá cansada.

O novelo era pequeno,


Não me cabia na mão;
Doba, doba, dobadoira,
Amor do meu coração

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Ó meu António
Meu Antoninho
Anda comigo
Estender o linho.

Estender o linho
Naquele monte
Saiu agora
Mesmo da fonte.

Doba, doba dobadoira


Não me enrices a meada
Quero dobar e não posso
Tenho a minha mão cansada.

O novelo era grande


Não me cabia na mão
Doba, doba dobadoira
Dentro do meu coração.

Junto à lareira
Estava a fiar
Quando ouvi
Meu galo cantar.

De manhã cedo
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia.

-----------------------------------------------------

De manhã cedo
Na minha aldeia
Todos dormiam
E eu acordada
E a dobadoira
Sempre dobava

Doba, doba, dobadoira


Não me voltes a meada
Quero dobar o novelo
Tenho a minha mão cansada

O novelo era grande


Não me cabia na mão
Doba, doba, dobadoira
Dentro do meu coração

Eu também sou
Meio que sozinha
Eu também sou
Meio que sozinha

Tenho a mim e a meada


Ai, ai, ai, minha vozinha
Tenho a mim e a meada
Ai, ai, ai, minha vozinha

*variação do verso

Ainda que sou


Bem ligeirinha
Ainda que sou
Bem ligeirinha

Quem me ensinou a dobar


Ai, ai, ai, minha vozinha
Quem me ensinou a dobar
Ai, ai, ai, minha vozinha

----------------------------------------------

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
Só eu acordada
Na minha aldeia
Só eu me achava

Doba, doba, dobadoira


Não enrices a meada
Quero dobar o novelo
Tenho a minha mão cansada

O novelo era grande


Não me cabia na mão
Doba, doba, dobadoira
Dentro do meu coração

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E eu acordada
Na minha roca
Sempre enfiada

Tem dedobare
Tem de aprendere
Como se doba
Eu vim dizere

E ó depois
Junte-me lá
Vamo-nos todos
Assim dobai

Já era noite
Já era dia
Na minha aldeia
Tudo dormia

Tudo dormia
E eu acordada
E o sarilho
Me sai meada

-----------------------------------------------------

De manhã cedo
pelo ser dia
Na minha aldeia
todos dormiam

Tudo dormia
só eu acordada
E a dobadoura
sempre dobava

Doba, dobandoira, doba


Não enlices a meada
O novelo é pequeno
Tenho a minha mão cansada

Tenho minha mão cansada


Tenho a minha presunção
Doba, dobandoira, doba
Dentro do meu coração

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44-Pião de Aveiro

O meu amor quer que eu tenha


Ó pião...
Juízo e capacidade

Ó pião dançar
Ó pião bailar
Ó pião de Aveiro
Da Beira-mar

Ó pião brinquinhos
Ó pião brincar
Em jogar o meu pião
Aprendi a namorar

Ai pum, ori lari lari pum

Quem quiser jogar pião


Também tem que comprar um

Tenha ele que é mais velho


Ó pião...
Que eu sou de menor idade

O meu amor já me disse


Que gosta muito de mim

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45-Margarida moleira

Ó, Margarida moleira
Dá-me da tua farinha

Ai, ai, ai
Eu a quero peneirar
Ai, ai, ai
Pela nova peneirinha

Ó, Margarida moleira
Onde fica o teu moinho

Ai, ai, ai
Debaixo da hera verde
Ai, ai, ai
À beira do ribeirino

Vai correndo, vai correndo


As águas do ribeirinho

Ai, ai, ai
Pra moer o grão de milho
Ai, ai, ai
Na pedrinha do moinho

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46-Lavradeirinha do campo

Lavradeirinha do campo
Não mudes o teu trajar
O que é lindo não se muda
Quem estar bem, deixa-se estar
Lavradeirinha
Linda flor
Ai, quem me dera
Ser o teu amor

O Sol cuida que me engana


Mas eu sei lhe andar ao jeito
Quando nasce, estou na cama
Quando se põe, já me deito

Já corri o mar a nado


Nas ondas do teu cabelo
Agora posso dizer
Já corri o mar sem medo

Se vires o mar vermelho


Não te assustes, que é sagrado
São as lágrimas de sangue
Que eu por ti tenho chorado

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47-Daqui para ali

O meu amor era torto


Eu mandei-o escavacar
Agora já tenho lenha
Para fazer o jantar

Daqui para ali


De lá para cá
Meu amorzinho
Esta moda não está má

Ó, meu amorzinho
Daqui pra o Castelo
Perdi um sapato
E achei um chinelo

Ó, meu amor de tão longe


Tira tempo pra ir me ver
Dai-me a tua direção
Que eu te quero escrever

Eu ia por aí abaixo
Ouvi cantar e parei
A moda bonita era
Quem a cantava não sei

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48-Daqui para ali (2)

A cantar ganhei dinheiro


A cantar se acabou
Dinheiro mal aganhado
Água o deu, água o levou

Daqui para ali


De lá para cá
Meu amorzinho
Essa moda não está má

Se o cantar desse dinheiro


Até eu já era rica
E o cantar não dá dinheiro
Quem é pobre, pobre fica

Hei-de cantar, hei-de rir


Hei-de ser muito alegre
Hei-de mandar a tristeza
Pra o diabo que a leve

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49-Bate o pé na areia

Ó, meu amorzinho
Eu deixo a ti não
Ó, meu amorzinho
Eu deixo a ti não

Inda que me enterrem


Debaixo do chão
Inda que me enterrem
Debaixo do chão

Olha para a água


Ri-te para mim
Olha para a água
Ri-te para mim

Bate o pé na areia
Faz pim pim pim
Bate o pé na areia
Faz pim pim pim

Eu hei de ir, hei de ir


Não hei de mandar
Eu hei de ir, hei de ir
Não hei de mandar

Quem recados manda


Tornas a aceitar
Quem recados manda
Tornas a aceitar

Eu hei de ir, hei de ir


Não hei de mandar
Eu hei de ir, hei de ir
Não hei de mandar

Ao poço mais fundo


Que tiver o mar
Ao poço mais fundo
Que tiver o mar

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50-A resineira

Ó, minha mãe deixe-me ir


Ó, minha mãe deixe-me ir
Deixe-me ir para a resina
Ah, és tão linda
Deixe-me ir para a resina

Pra ganhar muito dinheiro


Pra ganhar muito dinheiro
Pra escrever ao resineiro
Ah, és tão linda
Pra escrever ao resineiro

Já tenho papel e tinta


Já tenho papel e tinta
Caneta e mata-borrão
Ah, és tão linda
Caneta e mata-borrão

Pra escrever ao resineiro


Pra escrever ao resineiro
Que eu trago no coração
Ah, és tão linda
Que eu trago no coração

Resineiro engraçado
Resineiro engraçado
Engraçado no falar
Ah, és tão linda
Engraçado no falar

Eu hei-de ir à terra dele


Eu hei-de ir à terra dele
Se ele me lá quiser levar
Ah, és tão linda
Se ele me lá quiser levar

A vida da resineira
A vida da resineira
É uma vida muito alegre
Ah, és tão linda
É uma vida muito alegre

De pinheiro a pinheiro
De pinheiro a pinheiro
Com saltinhos tão alegre
Ah, és tão linda
Com saltinhos tão alegre

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51-Cana Verde
A cana verde me disse
Se eu queria ir com ela
Vai te embora cana verde
Qu'eu não deixo a minha terra

Ó, ai, cana verde, ó, ai


Cana verde no botão
Qu'eu pra mim quero quem tenha
Bom gênio e bom coração

Ó, ai, cana verde, ó, ai


Ó, minha verde caninha
Não faças a tua cama
Anda-te deitar à minha

A cana verde no mare


Dá-lhe o vento torce, torce
O ladrão do meu amor
Já de mim quer tomar posse

Ó, ai, cana verde, ó, ai


Cana verde de enganar
Hei de enganar a menina
Só se minha cana quebrar

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52-Dá lembranças à Rosinha

Canário, lindo canário


Canário lindo, meu bem
Quem me tira uma pena
Que o lindo canário tem

Dá lembranças à Rosinha
Dá lembranças ao meu bem
Dá lembranças à Rosinha
Já lá vão meus parabéns

De Lisboa me mandaram
Um lencinho quase novo
Um beijo em cada ponta
No meio um ai que eu morro

De Lisboa me mandaram
Uma carta que dizia
Que vivesse bem alegre
Que algum dia choraria

De Lisboa me mandaram
Três pêras num ramalhinho
O guloso que nas trouxe
Comeu-as pelo caminho

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53-Cana verde (Carreço)


A cana verde do mar
Dá-lhe o vento torce, torce
O ladrão do meu amor
Já de mim quer tomar posse

A cana verde do mar


A deitar raízes na areia
Eu sou leal a toda gente
A mim tudo me falseia

Eu pintei a cana verde


Na Capela do Bonfim
Eu pintei da cor do cravo
Saiu da cor de alecrim

Eu pintei a cana verde


Eu pintei-a como eu quis
Eu pintei a cana verde
Na ponta do teu nariz

Ó, minha caninha verde


Ó, minha verde caninha
Não faças a tua cama
Anda-te deitar à minha

A cana verde me disse


Se eu queria ir com ela
Vai te embora cana verde
Eu não deixo a minha terra

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54-Chula batida

Ó, chula vareira, chula


Ó, chula vareira, chula
Quem te mandou aqui vir
Quem te mandou aqui vir

Quem te mandou aqui vir


Se te eu agora matasse
Quem te havia de acudir
Quem te havia de acudir

Ó, chula vareira, chula


Ó, chula vareira, chula
Ó, chula vareira, olé
Ó, chula vareira, olé

Ó, chula vareira, olé


Quem quiser dançar a chula
Tem que saber dar ao pé
Tem que saber dar ao pé

Ó, chula vareira, chula


Ó, chula vareira, chula
Deixa-te andar asseada
Deixa-te andar asseada

Deixa-te andar asseada


Bom sapato, boa meia
Boa fivela dourada
Boa fivela dourada

Ó, chula vareira, chula


Ó, chula vareira, chula
Chula vareira do mar
Chula vareira do mar

Chula vareira do mar


Eu queria ser marinheiro
No teu peito navegar
No teu peito navegar

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55-São Bentinho

São Bento Da Porta Aberta


Mandai varrer as areias
Já rompi os meus sapatos
Não quero romper as meias

Eu hei-de ir ao São bentinho


De joelhos a rezare
Pra livrar o meu amore
Da vida de militare

Ao São Bentinho quero ir, quero ir


Ao São Bentinho quero ir e vir
Ao São Bentinho agora, agora
Ao São Bentinho quero ir embora

Eu hei-de ir ao São Bentinho


Meu amor é de promessa
Mas sou filho de homem manco
Não posso andar depressa

São Bentinho escreveu


Ao Senhor do paraíso
Já que a mocidade é louca
Ó, Senhor, dai-lhe juízo

Eu hei-dei ir ao São Bentinho


Lá nas franjas do Gerês
Eu quero ver os milagres
Que o Santo Da Serra fez

São Bento Da Porta Aberta


Antes de me ir, vou rezare
Arranja-me um namorado
Está na hora de eu casare

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56-Sim Carolina

Os olhos da Carolina
Estão enterrados na areia

Sim, Carolina, ó, i, ó, ai
Sim, Carolina, ó, ai, meu bem
Sim, Carolina, se tu fores
Sim, Carolina, eu vou também

Quem os for desenterra


Tem cem anos de cadeia

Os olhos da Carolina
Estão enterrados no chão

Quem os for desenterrar


Tem cem anos de prisão

Os olhos da Carolina
São dois navios de guerra

Quer de dia, quer de noite


Ilumina toda a terra

A saia da Carolina
Tem um lagarto pintado

Quando a Carolina dança


O lagarto dá ao rabo

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57-Tirana

A tirana me disse ontem


Ai, a tirana me disse ontem
Alguém me mandou dizere
Ai, que não andasse de noite
Ai, que me podia perder

Ó, tirana, ó, tirana,
Ó, tirana, ó, tirana,
Ó, tirana

A tirana morreu ontem


Ai, a tirana morreu ontem
Deus a levou ao paraíso
Ai, deixou-me uma saia velha
Ai, não posso chorar com o riso

A tirana apaixonada
Ai, a tirana apaixonada
De vermelho se vestiu
Ai, deitou os olhos ao céu
Ai, deu-lhe um desmaio e caiu

Adeus, que me vou embora


Ai, adeus, que me vou embora
Para a semana que vem
Ai, quem não me conhece, chora
Ai, que fará quem me quer bem

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58-Verde-gaio

O ladrão do verde-gaio
Onde foi fazer o ninho
Entre as folhas do loureiro
No mais alto do galhinho

Quais, quais, oliveiras,


Olivais, pintassilgos,
Rouxinóis, caracóis, ai, ai
Ó, ai, ó, linda menina
Ó, ai, ó, linda menina

Verde-gaio, verde-gaio
Empresta-me o teu vestido
O meu vestido são penas
Em penas ando eu metido

Verde-gaio, verde-gaio
Verde-gaio passarinho
Quem quiser um verde-gaio
Vai, suba e vá ao ninho

Dei um nó na fita verde


Outro no verde rigor
Ainda quero dar outro
Nas tuas mãos, meu amor

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59- A ceifeira

Ó, meu amor, não vás hoje


Amanhã também é dia
Deixa ficar os teus olhos
Para a minha companhia

Olha a ceifeira Tão engraçada


Lenço na moda E saia rodada
Saia rodada Chapéu de palha
Olha a ceifeira Que é tão engraçada

Ó, meu amor, escreve, escreve


Cartas de duas a duas
Bem sabes qu'eu estou longe
Quero ter notícias tuas

Minha foice corta, corta


Corta bem, nem é ralada
Corta joio e corta trigo
Corta também a cevada
Se quiseres qu'eu cante bem
Dai-me vinho ou dinheiro
Porque a minha garganta
Não é um fole de ferreiro

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60- A moda da laranjinha

Aqui se canta Aqui se dança


Aqui se joga A laranjinha
Eu conheço o meu amor
Pelo ranger da botinha

Pelo ranger da botinha


Pela fita do chapéu
Eu conheço o meu amor
Como as estrelas do céu

Como as estrelas do céu


E a Lua a acompanhar
Anda cá, ó, meu amor
Que eu nunca te vou deixar

----------------------------------------------

61- Caninha verde-S.Martinho

Adeus, que eu me vou embora


Adeus, que eu me embora vou
Vou daqui pra minha terra
Que eu desta terra não sou

Daqui para minha terra


Tudo é caminho e chão
Tudo são cravos e rosas
Plantados com minha mão

Adeus, que eu me vou embora


Vamos cantar na varanda
Nós somos as Lavradeiras
De São Martinho da Gandra

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62- Luisinha

Manuel, ê, Manuel
Manuel é dos enganos
Trago-te no meu sentir
Noites e dias e anos

Anda agora, agora


Luisinha agora
Meu peito suspira
Teu coração chora

Os olhos do meu amor


São lindos como os do rei
Quem os namora sou eu
Quem os logrará, não sei

Manuel, ê, Manuel
É o nome do senhore
Ainda espero chamar
Manuel o meu amor

Ó, Luisinha
Ó, Luisinha

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63- Marciana

Marciana diz que tem


Se ela tem, deixa-a ter
O filho no hospital
Acabado pra morrer

Dança, dança, Marciana


Ó, a me a dizer doideira
Só pegar o catadouro
Que o trigo já está na eira

Marciana, minha negra


Vai fiar teu algodão
Quem tem milho, tem farinha
Quem tem farinha, tem pão

Marciana diz que tem


Se ela tem, deixa-a ter
É mentira não tem nada
Nem dez réis para comer

Marciana diz que tem


Sete navios e um barco
É mentira, não tem nada
Nem dez réis para o tabaco

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64- Rebatida

Ó, ai, ó, linda
Nós somos de São Martinho
Vai na roda, vai na roda
Para bater um pezinho

Ó, ai, ó, linda
Rebatida na calçada
O ladrão do meu amor
Já tem outra namorada

Na minha boda
No dia em que me eu casar
Concelho de São Martinho
Não quero mais a deixar

Ó, ai, ó, linda
Tu irás e eu irei
Ao palácio da rainha
A cantar a nova ao rei

Ó, ai, ó, linda
Ó, delin, delin, delão
O pequeno toca o vira
E o grande toca o malhão

Ó, ai, ó, linda
Rebatida, rebatida
O ladrão do meu amor
Já tem outra rapariga

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65- Repalhinha

Não me atires com pedrinhas


Que eu estou a lavar a louça
Atira-me com beijinhos
A modo que ninguém ouça

Á, á, á
Á, á, á, á, á
Ó, Zé, vira-te p´ra mim
Ó, Zé, vira-te p´ra cá

O meu amor ontem à noite


Pela vida me jurou
Que se ia deitar ao rio
Eu atrás dele não vou

O meu amor me disse ontem


Que eu andava coradinha
Os anjos do céu me levem
Se esta cor não era minha

O meu amor é da Lua


Ele é meio aluado
Até no pôr do chapéu
É meio atolambado

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66- Serrinha-S.Martinho

Agora que eu vou cantar


Ajudem-me raparigas
Ajudem-me raparigas
Ó, lara, lari, lolela

Agora que eu vou saber


Quais são as minhas amigas
Quais são as minhas amigas
Ó, lara, lari, lolela

Pedrinhas desta calçada


Levantai-vos e dizei
Levantai-vos e dizei
Ó, lara, lari, lolela

Quem vos passeia de noite


Que eu de dia bem o sei
Que eu de dia bem o sei
Ó, lara, lari, lolela

Ó, luar da meia-noite
Alumia cá pra baixo
Alumia cá pra baixo
Ó, lara, lari, lolela

Eu perdi o meu amor


Às escuras não o acho
Às escuras não o acho
Ó, lara, lari, lolela

Minha terra, minha terra


Minha terra, eu não a nego
Minha terra, eu não a nego
Ó, lara, lari, lolela

Minha terra, São Martinho


Onde os meus olhos navegam
Onde os meus olhos navegam
Ó, lara, lari, lolela

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67- Tirana

Em cima de um amieiro
Eu já vi estar a tirana
A fazer feitiçaria
À cabeça de um carneiro

À roda, tirana, à roda


À roda de qualquer maneira
Mais vale um gosto na vida
Que seis vinténs na algibeira

Haja alegria, dançar, dançar


Haja alegria cá neste lugar
Neste lugar haja alegria
Cantar e bailar
Ora, viva a folia

Diz que não come nem bebe


Você, senhora tirana
Mas você serradinha ao meio
Não há carro que não a leve

À roda, tirana, à roda


À roda, eu queria ir
Ai, por aquele mar abaixo
Quem te havia de acudir

Deus a levou ao paraíso


A tirana morreu ontem
Deixou-me uma saia rôta
Não posso chorar com o riso

À roda, tirana, à roda


À roda, eu vou, eu vou
Dar vida a quem me deu vida
Matar a quem lhe matou

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68- Rebola a bola

Nós somos do São Martinho


Não o podemos negar
Nossa linda freguesia
Nela temos que cantar

Rebola a bola
Você diz que dá, que dá
Você diz que dá na bola
Você na bola não dá

Rebola a bola
Você diz que dá, que deu
Você diz que dá na bola
Você na bola não deu

Ó, meu lindo São Martinho


Eu gosto de uma folia (Eu gosto do vosso dia)
Pra tu senhor padroeiro(É do senhor padroeiro)
Lá na nossa freguesia

Ó, meu lindo São Martinho


Te adoro cercar de fitas
À porta do São Martinho
Hei-de pôr a mais bonita

A igreja do São Martinho


É rica, vale dinheiro
Tem um São Martinho dentro
Que é o nosso padroeiro

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69- Troca o par

Esta roda está parada


Por falta de haver quem cante
Agora começo eu
Siga a roda para adiante

Troca o par
Ó, la ri ló le la
Vem ca tu
Minha rosa bela

O meu amor ontem à noite


Pela vida me jurou
Que se ia deitar ao mar
Eu atrás dele não vou

Se o meu amor fosse António


Assim como é João
Mandava-o envidraçar
Dentro do meu coração

Olha quem vai tão contente


Com um amor que já foi meu
Nem soube e nem soubera
Como os anjinhos do céu

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70- À volta do rio

Ó, pinheiro, dá-me uma pinha


Ó, pinha, dá-me um pinhão
Ó, amor, dá-me os teus olhos
Que eu dou-te o meu coração

Dar à volta ao rio


Subir o laranjal
Leva-me esta carta
Ao meu amante leal

Diz-me lá, ó, coradinha


Com que lavaste teu rosto
Com a casca da melancia
Criada no mês de agosto

Ó, minha delicadinha
Que tudo sabes fazer
Faz-me lá uma joia d'ouro
P'ra eu ao peito trazer

O pintor que pintou Ana


Também pintou Leonor
Ana ficou mais bonita
E a culpa foi do pintor

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71- Coradinha

Coradinha, olá, ó, linda


Coradinha da cor do limão
Como às vezes se conhece
Quem ama do coração

Fala-me, Rosa
A mim sozinha
Verás como ficas
Tão coradinha

Adeus, ó, Navalho
Semeado davas pão
Já me deste alegria
Agora dás-me paixão

Na água da fonte nova


Peguei a minha caninha
Eu fui e joguei com ela
No peito de uma menina

No lado dali da vila


Se chover, sai muita lama
Quem vos passeia de noite
Mas de dia está na cama

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72- Cuquinho

Disseste que não me querias


Não foi por eu não ter dinheiro
Tenho o meu pai no Brasil
Sou filho de um brasileiro

A conversa não me ilude


Nem tão pouco o teu dinheiro
Quanto me havia de dar
Pra casar com um brasileiro

Ora bate, cantava o cuquinho


Ora bate, lá no pinheirinho
Ora bate, cantava o cuquinho
Cucu, cucu, lá no pinheirinho

Ora bate, cantava a poupinha


Ora bate, no ninho sozinha
Ora bate, cantava a poupinha
Pouai, Pouai, que eu sou pobrezinha

Algum dia, meu brinquinho


Meu regalo era ver-te
Agora tanto me vale
Ganhar-te como perder-te

Julgavas que eu te queria


Por me rir quando eu te vejo
Foi jeito que Deus me deu
Que, pra mim, eu não te desejo

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73- Delicadinho

Meu amor anda a dizer


Que eu não te vou procurar
A água procura o rio
O rio procura o mar

O rio procura o mar


Meu amor tão bonitinho
Hei-de falar-te à janela
Ó delicadinho, ó delicadinho

Meu amor procura agrado


Não procures formosura
Formosura sem agrado
É viver na noite escura

É viver na noite escura


Meu amor tão bonitinho
Hei-de falar-te à janela
Ó delicadinho, ó delicadinho

Da banda de lá do rio
Não chove nem cai orvalho
Menina, se quer ser minha
Não me dês tanto trabalho

Não me dês tanto trabalho


Meu amor tão bonitinho
Hei-de falar-te à janela
Ó delicadinho, ó delicadinho

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74- Rusga (Carreço)

Viva a rusga, viva a rusga


Viva a rusga com aumento
Viva a gente desta rusga
Com o seu divertimento

Nunca vi fonte sem lodo


Nem jardim sem arvoredo
Nunca vi feia sem graça
Nem bonita sem seu erro

Teus olhos, contas escuras


São duas Ave Marias
São rosários d’amarguras
Que eu rezo todos os dias

Ó, moças, andai depressa


Pedir a Santo Antônio
Vamos pôr todas as linhas
No livro do matrimônio

Ó, vida da minha vida


Adeus, que me vou embora
Vou daqui pra minha terra
Dar abraços a quem chora

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75- Velho marinheiro

Delicado é o fumo
Que passa a telha dobrada
Delicado são teus olhos
Que namoram de pancada

Ó, minha mãezinha
Deixa-me ir contigo
Comprar uma barra
Para o meu vestido

Para o meu vestido


Para o meu saiote
Ó, minha mãezinha
Deixa-me ir ao norte

Ó, José da variedade
Não fui eu que variei
Variaram os meus olhos
Quando para os teus olhei

Não sei que pássaro é aquele


Que passa o rio e não bebe
Não sei que amor é o meu
Sabe ler e não me escreve

Se o meu amor me morrese


O meu luto era da eita
Ao lado do coração
Um laço de fita preta

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76- Gota minha gota (Carreço)

Ó, Farol de Montedor
Alumia cá pra baixo
Eu perdi o meu amor
Às escuras não o acho

As ondas do mar são brancas


No meio são amarelas
Coitadinho de quem nasce
Pra morrer no meio delas

Ai, ó, terra de Carreço


Terra dos altos bailados
Terra das moças bonitas
E dos moços engraçados

Rapazes, quando eu morrer


Levai-me devagarinho
À porta do meu amor
Descansai um bocadinho

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77- Desfolhada-Amares

Vamos lá, rapaziada


O caminho é para andar
Esta noite a desfolhada
Isto é que vai se dançar

Ó, linda vila de Amares


Cercada de cravos brancos
Ai, onde o meu amor passeia
Domingos e dias santos

Quem me dera ser a hera


Pela parede a subir
Ai, entrava pela janela
Ia contigo dormir

O meu amor, coitadinho


Chora de noite na cama
Ai, inda a chorar veio ele
Agora ninguém o ama

Ó, linda vila de Amares


Mandai varrer as areias
Ai, já rompi os meus chinelos
Não quero romper as meias

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78- Cana real da Maia

Os olhos do meu amor


São duas amendoinhas
Fechados são dois botões
Abertos, duas rosinhas

Ó, cana, ó, linda cana


Cana real da maia
Ó, rapariga maiata
Arredonda bem a saia

Troquei os teus olhos pretos


Por outros acastanhados
Agora todos me chamam
O amor dos olhos trocados

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79- Chula batida-De Medas

Ó, chula, que linda chula


Ó, chula, que linda és
Eu não quero que me bulas
Na solinha dos meus pés

Ora, deixa-te estar


Amor, aqui assim
Ora, deixa-te estar
Amor, ao pé de mim

As estrelas do céu correm


Todas numa carreirinha
Assim correm os amores
Da tua casa pra minha

Minha cama é uma figueira


Meu travesseiro é um figo
O meu dormir é de lado
O meu sonhar é contigo

Ao passar à tua porta


Sentei-me no teu jardim
Uma chata, toda hora
Deus queira que seja assim

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80- Entrei na sala

Ó, freguesia do Souto
Terra tão linda que és
Com paisagem tão bonita
E o rio ao teus pés

Entrei na sala
Para cantar e dizer
Casa dos Arcos
Nunca te posso esquecer

Entrei na sala
Para cantar e dançar
Casa dos Arcos
Nunca te posso deixar

Freguesia de Miranda
Não é vila nem cidade
É um lugar pequenino
Onde é minha mocidade

Freguesia de Vilela
É uma terra engraçada
Do distrito de Viana
Minha terra abençoada

Freguesia de Soajo
Eu vos digo outra vez
É das serras mais bonitas
Dos Arcos de Valdevez

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81- Era o vinho

Era o vinho, meu bem, era o vinho


Era a coisa que eu mais adorava
Só por morte, meu bem, só por morte
Só por morte o vinho deixava
Ai, eu hei de morrer numa adega
Ai, com um copo de vinho na mão
Ai, o vinho é minha mortalha
Ai, o tonel é meu caixão

Ai, a minha sogra quando morreu


Ai, o diabo levou com ela
Ai, dexou-me as chaves da adega
Ai, o vinho bebeu-o ela

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82- Gora-Mazarefes

Se queres que eu cante a Gota


Dai-me vinho ou dinheiro
Que esta minha gargantinha
Não é fole de ferreiro

Dai-me vinho, dai-me vinho


Água não posso beber
A água cria salgueiros
Tenho medo de morrer

Abaixa-te, ó, Serra d'Arga


Abaixa-te um nadinha
Quero ver o meu amor
No terreiro em Caminha

Nós somos de Mazarefes


Ó, que terra tão querida
Tem um cravo na entrada
Uma rosa na saída

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83- Malhão da Veiga

Ó, que ranchinho de moças


Ó, que bela mocidade
Criadinhas numa aldeia
Parecem de uma cidade

Aqui estou, aqui estarei


Aqui me hei-de deixar estar
O amor que me aqui trouxe
Aqui me há-de vir buscar

Do outro lado do rio


Do outro lado de lá
Tem meu pai um castanheiro
Que muitas castanhas dá

Ó, luar da meia-noite
Alumia cá pra baixo
Eu perdi o meu amor
Às escuras, não o acho

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84- No alto daquela serra

No alto daquela serra


Está um lenço a abanar
Está dizendo viva, viva
Morra quem não sabe amar

Ajoelho aos teus pés e rezo


Nem assim tens compaixão
Levanta-te e vem dançar
Amor do meu coração

No alto daquela serra


Está um lenço de mil cores
Está dizendo viva, viva
Morra quem não tem amores

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85- Ó, ferreiro, guarda a filha

Ó, ferreiro, guarda a filha


Não a ponhas à janela
Anda aí um caixeirinho
Que não tira os olhos dela

Vai tu, vai tu, vai ela


Vai tu pra casa dela

É do meu gosto
É da minha opinião
Hei-de amar a moreninha
Da raiz do coração

Ó, ferreiro, guarda a filha


Não a ponhas ao portal
Anda aí um sujeitinho
Que a quer por bem ou mal

Ó, ferreiro, guarda a filha


Não a ponhas ao portão
Os beijinhos são pra ela
Os abraços pra o João

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86- Praias

Ó, luar da meia-noite
Alumia cá pra baixo
Perdi meu amor na praia
Às escuras não o acho

Ó, que praias tão lindas, tão belas


Onde eu ia passear
Quando eu estava sentada na areia
A apanhar conchinhas do mar

Ó, mar alto, ó mar alto


Ó, mar alto sem ter fundo
Mais vale andar no mar alto
Do que nas bocas do mundo

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87- Senhora do Alívio

Lavra, boi, lavra


E torna a lavrar
Pede ao Senhor
Que nos venha ajudar

Ai, boi a lavrar


Ai, boi a lavrar

Que dais a quem Vos vai ver


Ó, Senhora do Alívio
Que dais a quem Vos vai ver
Um terreiro pra dançar
Água fresca para beber
Ó, Senhora do Alívio
Que dais a quem Vos vai ver

Senhora tão pequenina


Ó, Senhora do Alívio
Senhora tão pequenina
Comadre de minha mãe
Senhora minha madrinha
Ó, Senhora do Alívio
Senhora tão pequenina

Lavra, boi, lavra


Por trás da capela
Pica e repica
Na vaca amarela
Ai, boi a lavrar
Ai, boi a lavrar

Tudo é caminho e chão


Pra Senhora do Alívio
Tudo é caminho e chão
Tudo são cravos e rosas
Plantados por minha mão
Pra Senhora do Alívio
Tudo é caminho e chão

O Vosso mosteiro cheira


Ó, Senhora do Alívio
O Vosso mosteiro cheira
Cheira a cravo e cheira a rosa
E ao botão da laranjeira
Ó, Senhora do Alívio
O Vosso mosteiro cheira
Lavra, boi, lavra
Por trás do arado
O nosso lavrador
Merece um cigarro
Ai, boi a lavrar
Ai, boi a lavrar

Eu já estou aliviado
Ó, Senhora do Alívio
Eu já estou aliviado
Uma fala que me deste
E eu fiquei desenganado
Ó, Senhora do Alívio
Eu já estou aliviado

Que dais a quem Vos vai ver


Ó, Senhora do Alívio
Que dais a quem Vos vai ver
Um terreiro pra dançar
Água fresca para beber
Ó, Senhora do Alívio
Que dais a quem Vos vai ver

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88- Toma lá, meu bem

Ó, Senhora Da Peneda
Vinde-me esperar a mão
Que eu não tenho pai nem mãe
Nem amor do coração

Toma lá, meu bem ai, ai, ai


Toma lá e leva ai, ai, ai
Esta linda moda
Para a tua terra

Ó, linda vila dos Arcos


É tão linda nossa vila
Tem um cravo na entrada
Uma rosa na saída

Ouve lá, ó, cantadeira


Vou te dar os parabéns
Pelos teus olhos tão lindos
E pelo corpo que tem

Adeus, que me vou embora


Daqui me vou retirar
Uma carinha de riso
E o coração a chorar

Ó, meu amor de tão longe


Chega te cá para perto
Que me dói o coração
De te ver nesse deserto

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89- Vira cruzado-Folgosa

Eu quero dançar o vira


Eu quero dançar o vira
Na praia, à beira do mar, ai
Na praia, à beira do mar

Na praia, à beira do mar


O meu coração suspira
Ao ver as moças bailarem, ai
Ao ver as moças bailarem

Meninas, daçai o vira


Meninas, daçai o vira
Fazei rodar bem a saia, ai
Fazei rodar bem a saia

Fazei rodar bem a saia


Este virinha cruzado
É o lindo vira da Maia, ai
É o lindo vira da Maia

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90- Vira da Serra Darga

Ó, meu rico São João


A vossa capela cheira
Cheira a cravos, cheira a rosas
À flor da laranjeira

Se fores ao São João d'Arga


Dai uma volta à capela
Tem lá uma roseirinha
Trazei-me uma rosa dela

Ó, meu rico São João


Donde vens tão molhadinho
Venho do alto da serra
De regar o cebolinho

Hei-de ir ao São João d'Arga


De viola e de pandeiro
Se a porta estiver fechada
Cantaremos no terreiro

Ó, meu rico São João


Aonde te foram pôr
No alto da Serra d'Arga
Com sobreiros ao redor

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91- Vira de Viana

Viana, eu te não vejo


Viana, eu te quero ver
Esta saudade me mata
E eu não quero morrer

Vira, vira, vira


Eu sou de Viana
Vira, vira, vira
Cidade princesa

Vira, vira, vira


Minha terra amada
Ela é uma fada
Desta natureza

De longe vivo contigo


De perto muito te adoro
E um sonho trago comigo
Casar onde eu vivo e moro

Paisagem de encantamento
Terra de sonho e magia
E o maior divertimento
Com as Festas Da Agonia

Quero viver a sorrir


Quero viver a cantar
Viana, a mais linda terra
Que é beijada pelo mar

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92- Vira do Rio Lima

Ó, margem do Rio Lima


Desvario de paixões
Só barcos a distrair
Consternados corações (apaixonados corações?)

Corre, corre, Rio Lima


Corre, corre para o mar
Em Viana Do Castelo
O Lima vai desaguar

Fui lavar ao rio Lima


Cheguei lá sem o sabão
Lavei a roupa com rosas
Ficou-me o cheiro na mão

Amores além do rio


Não os quero nem de graça
Logo dão como desculpa
O rio que não se passa

A água do Rio Lima


Corre que desaparece
Nem a água mata a sede
Nem o meu amor me esquece

Eu cortei o amieiro
Atravessei-o no rio
Pra chegar à minha terra
Não preciso de navio

A água corre do rio


Toda de volta pra o mar
Nunca chorei por amores
Mas agora vou chorar

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93- Diabo do velho

Diabo do velho
Não se vai deitar
Chega-lhe o cachimbo
Que ele quer “fumare”

Sumo do verde limão


Tim, tim, pela rama
Dá-me os teus carinhos
Cara linda ingrata
Teu modo me mata
Ó, ai, meu bem

Diabo do velho
Só quer brincadeira
Anda cá, menina
Para a minha beira

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94- Diabo do velho

Diabo do velho
Ainda quer casar
Dai-lhe umas continhas
Pra ele rezar

Casei-me com o velho


Mas só pra me rir
Fi-lo a cama alta
Não pôde a subir

Ajudai-me, ó, moças
A este trabalho
A tirar o velho
Detrás do carvalho

Ajudai-me, ó, moças
A este serviço
A tirar o velho
Detrás do cortiço

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95- Senhora do Sameiro


A Senhora veio de Roma
Em Lisboa foi coroada
Em Braga foi padroeira
E no Sameiro foi colocada

A Senhora do Sameiro
Tem um manto que reluz
Que lhe deu um brasileiro
Que se viu no mar sem luz

A Senhora do Sameiro
Pequenina e airosa
Vem a gente de tão longe
Só pra ver tão linda rosa

A Senhora do Sameiro
Bota fitas a voar
Bota uma e bota duas
E todas vão cair ao mar

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96- Sim, Carolina- Parada de Gatim

Passei todo o meu tempo


A dançar e a cantar
A alegria era tanta
Que eu me esqueci de casar

Sim, Carolina, ó, ui, ó, ai


Sim, Carolina, ó, ai, meu bem
Sim, Carolina, se tu fores
Sim, Carolina, eu vou também

Na verdade, não casaste


Não chores arrependida
Foi destino que Deus lhe deu
Para o bem da tua vida

O rapaz que eu tanto gosto


De remorso vai, ele vai
O seu amar divertido
Chamou-me, foste eu não vou

Se é a Deus que tu amas


Não fujas para o deserto
Dos amores que tu castigou
Para ti és de mais certo

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97- Bailarico ao desafio

Ó, minha mãe, deixe-me ir


Ao bailarico ao Pinheiro
Chego lá e volto logo
Na carroça do leiteiro (louceiro)

Rapariga, tua vida


Não a contes a ninguém
Se uma amiga tem amigas
Outra amiga, amigas tem

Tenho uma terra lá além


Semeada de cevada
Anda cá, burrinho novo
Que eu te quero pôr a bata

Tenho uma casa pra além


Fechada com sete trancas (trancada com sete trancas)
Tem um burrinho lá dentro
Que zurra como tu cantas

A folha da amendoeira
Está perto em nascer
Ficaste de boca aberta
Não soubeste responder

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98- Moda da Lavoura

Nestes campos solitários


Onde a desgraça me tem
Brado, ninguém me responde
Olho, não vejo ninguém

A vida de um almocreve
É uma vida arriscada
Ao descer uma ladeira
Ao cerrar uma carrada

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99- Morena (ó pescador, da barquinha)

Ó, pescador da barquinha
O que é?
Você é bem enganado
Por que?
A mulher que você ama
Que tem?
Fala pra um homem casado
Tá bem

Morena, fugiste
Deixaste-me só
No alto da serra
Sem pena, sem dó

Aqui tem a minha mão


Pra que?
Faça dela o que quiseres
Não quero
Nem eu sou o seu marido
Pois não?
Nem você minha mulhere
Que bom

Ó, homem, lobo do mar


Que é?
Você não tem alegria
Pois não
Eu não o posso deixar
Nem eu
Vou lhe fazer companhia
Que bom

Vai um amor e vem outro


Qeu bom
Andam os anjos do céu
Pois sim
O teu coração e o meu
Que tem?
Unem-se junto a Deus
Amém

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100- Mulatinhas

Estando eu à porta sentado


Gozando do fresco sem ser namorado
Passam certas mulatinhas
Cabelo à janota, todas catitinhas

Ai, Senhor, que me diz? Senhor, que me quer?


Serei seu benzinho se você quiser
Ora, venha cá, que eu não vou lá
Já fui à Bahia, meu bem, ao Pará

Ai, amor de um só dia, qu'eu nunca mais vejo


Já deixo a Bahia, volto ao Alentejo

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101- Na banda d'além do rio

Na banda d'além do rio


Tem meu pai um castanheiro
Dá castanhas em agosto
Uvas brancas em janeiro

O pai não o tem


A mãe não lhe dá
De onde lhe vem
O la, la, la, la

Tenho à minha janela


O que tu não tens a tua
Dois vasos de manjericos
Que dão cheiro a toda a rua
Tenho dentro do meu peito
Duas escadas de flores
Por uma, descem suspiros
Por outra, sobem amores

Cravo roxo à janela


É sinal de casamento
Menina, recolhe o cravo
Que o casar ainda tem tempo

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102- O papagaio tem penas

Se o papagaio tem penas


Brancas ou morenas
São de várias cores

Rapazes da lealdade
Contai a verdade
Aos vossos amores

Dá-me uma das tuas penas


Que são tão pequenas
Mas são afeição

Eu também te dou das minhas


Tão escondidinhas
No meu coração

Papagaio pena verde


Parece ter sede
Me dá um beijinho

Pois eu isso não te dou


Olha que não sou
O teu cantarinho

Se gostas das minhas cores


Se gostas de amores
Cantas a mim

Sou papagaio atrevido


Mas tenho cumprido
Ido até o fim

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103- Ó, mar, que nas ondas levas

Se tu vires o mar vermelho


Não te assustes que é sagrado
São as lágrimas de sangue, ai, ai
Que eu por ti tenho chorado

Ai, ó, mar, que nas ondas levas


Um bem que eu tanto adoro
Se levas fartura d'água
São as lágrimas que eu choro

Quando tu fores, pescadore


Eu vou contigo pescare
Porque sabes, meu amore, ai, ai
Gosto das águas do mare

Quero ir a tua beira


Quando tu fores pra o mar-alto
Pode aparecer a sereia, ai, ai
E tu ficares encantado

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104- Padeirinha

Padeirinha que bate, bate


Padeirinha que já bateu
Quem gosta da padeirinha, ó, meu bem
Quem gosta dela sou eu

No meio deste terreiro


Ai, um valado hei-de abrir
Para enterrar a saudade, ó, meu bem
Que não me deixa dormir

Pedrinhas desta calçada


Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite, ó, meu bem
Que eu de dia bem o sei

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105- Prima

As pedrinhas do meu muro


Ó, prima
São um perfeito jardim
Tu és tão linda
Tão coradinha

Ao meio da freguesia
Ó, prima
É Parada de Gatim
Tu és tão linda
Tão coradinha

Ó, Parada de Gatim
Ó, prima
Por ti eu sinto vaidade
Tu és tão linda
Tão coradinha

Com os lindos campos verdes


Ó, prima
Tácitos com a mocidade
Tu és tão linda
Tão coradinha

Quero mostrar os nossos trechos


Ó, prima
Vou mostrar-vos a certeza
Tu és tão linda
Tão coradinha

E lá vem a fantasia
Ó, prima
Tudo é por natureza
Tu és tão linda
Tão coradinha

Assim passamos o tempo


Ó, prima
A cantar e a dançar
Tu és tão linda
Tão coradinha

Assim esperamos no céu


Ó, prima
Tudo isto encontrar
Tu és tão linda
Tão coradinha

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106- Qu’é da rosa que eu te dei

Qu’é da rosa que eu te dei


Enleadinha ao botão
Ela era linda, eu gostava dela
Dei-lhe toda a estimação

Qu’é da rosa que eu te dei


Colhida no roseiral
Ela era linda, eu gostava dela
Não havia outra igual

Qu’é da rosa que eu te dei


Cortada pelo calor
Ela era linda, eu gostava dela
Reguei-a com todo o amor

Qu’é da rosa que eu te dei


Trouxe-a junto ao coração
Ela era linda, eu gostava dela
Dei-lhe toda a estimação

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107- Quando vou à horta


Quando vou à horta
Quando vou e venho
Passo pela porta
De um amor que eu tenho

Amor eu já tenho


Já me não importa
Eu só me penteio
Quando vou à horta

Quando vou à horta


Vou sempre a correr
Só paro à porta
Pra meu amor me ver

Quando vou à horta


Buscar hortaliça
Vejo o meu amor
Cheio de preguiça

Quando vou à horta


Passo pela rua
E digo à porta
Meu amor, sou tua

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108- Vamos para a romaria

Maria, nome tão doce


Mas ainda que não fosse
Eras o nome mais perfeito
Tão puro e tão saboroso
Tão belo e tão amoroso
Que nos faz amparo ao peito

Ó, ui, ó, ai
Nós vamos pra a romaria
Cada qual com seu par
Eu vou com a minha Maria

Ó, ui, ó, ai
Rapazes e raparigas
Passai esta vida a cantare
As nossas lindas cantigas

Manel, ó, minha vida


Pela tua despedida
Quem me dera um dia
Quem me dera, meu amor
Será que eu ainda sou
A tua amada Maria

Meu amor, ó, meu amor


Pra mim tem sempre valore
Por ser assim engraçada
Para mim és alegria
Vai ser minha qualquer dia
A minha flor encantada

Eu sempre gostei de ti
Desde do dia em que te vi
Ó, Manel, ó, meu condão
Mas seja lá como for
Há de ser o meu amor
Dar-te-ei o meu coração

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109- Moda da Passarada

Namorei uma rapariga


Pares de meias deu-me dez
Quais, quais, oliveiras, olivais
Pintassilgos, rouxinóis
Caracóis, bichos móis
Morcegos, pássaros negros
Tarambolas, galinholas
Perdizes e codornizes
Cartaxos e pardais
Cucos, milharucos
Cada vez há mais
Calçasse eu as que calçasse
Sempre tinha frio nos pés

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110- Ladrão do meu amor

Ó, ui, ó, ai
Moreninha da calçada
O ladrão do meu amor
Já tem outra namorada

Ó, ui, ó, ai
Moreninha agora, agora
O ladrão do meu amor
Já tem outra, foi-se embora

Ó, ui, ó, ai
Moreninha do convento
O ladrão do meu amor
Se eu apanho, eu arrebento

Ó, ui, ó, ai
Meu amor deixou a outra
Diz que está arrependido
Já pediu o meu perdão

Ó, ui, ó, ai
Já pediu o meu perdão
Eu, que ainda gosto dele
Vou lhe dar a minha mão
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111- Bate, bate

Ó, meu amor, anda e anda


Que eu te quero ver andar
Eu quero ver o teu brio
E mais o teu passear

Ora, bate, bate, bate


Ora, bate bem o pé
Quanto mais se bate
Mais bonito é

O meu amor é Antônio


Eu queria Joaquim
De tantos que há no mundo
Algum há de ser pra mim

Não olhes, pra mim, não olhes


Que eu não sou o teu amor
Eu não sou como a figueira
Que dá fruto sem flor

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112- Redonda

Suspiros do meu jardim


São flores de estimação
Todos os outros acabam
Só suspiros é que não

Vamos dar a meia volta


Outra meia vamos dar
Vamos dar a outra meia
Adiante e troca o par

Quero-te bem, meu amor


Mas não é demasiado
O querer bem é loucura
O querer mal é pecado

Namorados, falai baixo


Que as paredes têm ouvidos
Os segredos encobertos
São os que são mais sabidos

Debaixo da pedra nasce


Água clara sem lodo
Eu não falo de ninguém
De mim fala o mundo todo

Eu hei-de amar amoreira


Enquanto tiver amoras
Depois d'amora colhida
Amoreira vai-te embora

A laranja quando nasce


Logo nasce redondinha
Também tu quando nasceste
Nasceste para ser minha

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113- Chula (Mazarefes)

Boa tarde, meus senhores


Estou aqui a chegar
Sinto com uma obrigação
A todos cumprimentar

Minha terra é Mazarefes


E dela tenho vaidade
Foi com ela que passei
Toda a minha mocidade

Quatro com cinco são nove


Meu amor, já sei contar
Enganaste-me uma vez
Não me tornas enganar

Adeus, que me vou embora


Adeus, que me embora vou
Vou daqui pra Mazarefes
Que eu desta terra não sou

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114-Vira da Boa Viagem

Quando tu sais para o mar


Fico só e muito triste
Mas quando te vejo entrar
Só em mim alegria existe

Meu amor, meu amor, meu amor


Dá-me um beijo dá, dá-me um beijo dá
Pescador, pescador, pescador
Dessa boca salgada dá cá

Meu amor está pescando


Ai, nas águas desse mar
E eu à Virgem vou rezando
Para boa sorte lhe dar

Senhora da Boa Viagem


Ó, minha rica santinha
Dá-lhe a luz da Vossa imagem
Para entrar no porto de Vinha

Dele tende compaixão


Dá-lhe força e coragem
Dá-lhe a vossa salvação
Senhora da Boa Viagem

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115-Brinquem todos

Rapazes e raparigas
Vinde todos ao terreiro
Vinde grandes e pequenos
Toda palha faz palheiro

A água do rio é turva


Quem tem sede nela bebe
Quem tem fartura de amores
Nem qualquer coisa lhe serve

Ó, ui, ó, ai
Brinquem todos, todos, todos
Brinquem todos, todos, todos
Brinquem todos, muito bem

Brinquem todos, todos, todos


Brinquem todos, muito bem
Por causa do brinquem todos
Meu amor já cá não vem

Ó, meu amor, se tu fores


Leva-me na tua alminha
Eu sou como a borboleta
Caibo em qualquer bordinha

Ó, meu amor, anda e anda


Eu te quero ver andar
Eu quero ver o teu brio
E mais o teu passear

Eu gosto muito de ver


As pernas das raparigas
Se são gordas ou delgadas
Se são curtas ou cumpridas

Se são curtas ou cumpridas


Não custa nada a saber
E a coisa que anda à mostra
E o que é bom é pra se ver

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116- Cana real das canas

Ó, cana real das canas


Quem te mandou aqui vir
Se te eu agora matasse
Quem te havia de acudir
Menina, não se enamore
Do tocador da viola
Que ele é de fora da terra
Faz a sua e vai-se embora

A castanha no ouriço
Está o tempo que ela quer
É como rapaz solteiro
Enquanto não tem mulher

Eu fui à figueira aos figos


E andei de ramo em ramo
Fui ao céu buscar amores
Que os da terra são um engano

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117-Cana verde- Douro Litoral

Ó, minha caninha verde


Verde cana de encanar
Arranja-me uma cachopa
Que estou morto por casar

Ó, minha caninha verde


Tão verde como azinheira
Quem quiser um casamento
Eu sou moça ganhadeira

A cana verde no mar


Anda à roda do vapor
Quem a for desencantar
Há-de ser o meu amor

A cana verde no mar


Tem vinte e cinco janelas
Quem me dera ser o sol
Para entrar por uma d'elas

Ó, minha caninha verde


Eu venho da romaria
Agora que eu sou um santo
Dá-me um abraço, Maria

Ó, minha caninha verde


Verde cana de encanar
Deus te salve, meu amor
Que agora te vou deixar

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118- Cravo roxo

Cravo roxo à janela


É sinal de casamento
Menina, recolha ao cravo
Que o casar ainda tem tempo

Ora, agora, viras tu


Ora, agora, viro eu
Ora, agora, viras tu
Meu amor mais eu

Rouxinol da pena verde


Não venhas ao meu jardim
Todas as penas se acabam
Só as minhas não têm fim

Ó, meu amor, se tu fores


Ao tribunal das formosas
Agarra-te às trigueirinhas
Que as brancas são enganosas

Ó, meu amor, não embarques


Ao Brasil, não voltas mais
Olha que os beijos das pretas
Sabem a uvas ferrais

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119- Saia de seda

Meu amor, se me deixare


Deixa-me na segunda-feira
Que me quero ir a gabare
Que tenho que vender a feira

Saia de seda
De renda, de bico
Apanha a laranja
No chão tico-tico

Se o meu amor me deixou


Para amar a quem mais tinha
Por isso agora ele tem
A filha de uma rainha

Ai de mim, não sei cantare


Ai de mim, não sei cantigas
Ai de mim, não sei falare
Ai, de amor às raparigas

Tenho carta no correio


Não a vou alevantare
A notícia não é boa
Meu amor quer me deixare

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120- Salgueiro à borda d'água

O salgueiro à borda d'água


Dá-lhe o vento e balanceia
Quem tem seus amores na terra
Trate-os de boa maneira
Um abracinho
Bem apertado
Para quem ama
Não é pecado

Mas um só é pouco
Dois é conta certa
Toma lá mais outro
Ora, aperta, aperta

O salgueiro à borda d'água


Deixa passar os peixinhos
Quem namora às escondidas
Quer abraços e beijinhos

O salgueiro à borda d'água


Deixa raiz onde quer
É como rapaz solteiro
Enquanto não tem mulher

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Salgueiro à borda d'água


Dá-lhe o vento balanceia
Quem tiver amores na terra
Pela porta lhes passeia

Um abracinho/Bem apertado
Para quem ama/Não é pecado
Não é pecado/Não é não, não
Um abracinho/Do coração

Mas um só é pouco
Dois é conta certa
Toma lá mais outro
Ora aperta, aperta

Alecrim à borda d'água


Se tem sede vai beber
Nunca me hei-de casar
Para não me arrepender

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121- Tirana- Carreço

Tirana, meu bem, tirana


Tirana do arvoredo
Se teu pai me degredar
Contigo seja o degredo

Tirana, meu bem, tirana


Tiraninha da paixão
Chora, tiraninha, chora
Lágrimas do coração
Meu bem, já vi a tirana
Na praça a vender morangos
Deitava de contrapeso
O coração de nós ambos

Tiraninha, dei-te um dia


As chaves da minha vida
Vai, dá-me as chaves, tirana
Não quero a vida perdida

Ó, tirana, se tu fores
Leva-me, podendo ser
Eu quero ir acabar
Onde tu fores morrer

Tirana, quando morreres


Leva-me no teu caixão
Não posso viver sozinho
Amor do meu coração

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122- Vira de Coimbra

Fui encher a bilha e trago-a


Vazia como a levei
Mondego que é de tu’água
Que é dos prantos qu’eu chorei

O estudante de Coimbra
Mora debaixo da ponte
Por causa das raparigas
Muito sapato se rompe

Ó, laranjais de Coimbra
Não torneis a dar laranjas
Quem comigo as apanhava
Já lá está nessas estranjas

Coimbra p’ra ser Coimbra


Três coisas há-de contar
Guitarras tricanas lindas
Capas negras a’dejar

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123- Vira do Norte

Raparigas, cantai todas


Qu'inda aqui não há tristeza
Inda aqui não há quem tenha
Sua liberdade presa

Ora, vira ao norte


Vira ao norte, vira ao sul
Quando vira ao norte
Fica o céu azul

Ora, vira, vira


Torna-te a virar
Isso são beijinhos
Que me estais a dar

Eu perdi o meu lencinho


No terreiro a bailar
Minha mãe não me dá outro
Em cabelo eu hei-de andar

Ao passar por ti na rua


Abaixo os olhos no momento
Olho pra terra que pisas
E com isso me contento

A folhinha do salgueiro
De amarela encarnou
Estavas pra mim tão firme
Ó, amor, quem te virou

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124- Os olhos da Marianita

Os olhos da Marianita
São verdes cor do limão
Ai sim, Marianita, ai sim
Ai não, Marianita, ai não

Os olhos da Marianita
São negros cor do carvão
Ai sim, Marianita, ai sim
Ai não, Marianita, ai não

Os olhos da Marianita
Já os tenho aqui na mão
Ai sim, Marianita, ai sim
Ai não, Marianita, ai não

Os olhos da Marianita
Já estão no meu coração
Ai sim, Marianita, ai sim
Ai não, Marianita, ai não

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125- Verdegar

O verdegar está preso


Meu Deus, mandai o soltar

Bate, bate, bate


Sapatinho bate bem
Mulher como a minha
Ninguém a tem
Não abre a porta
De noite a ninguém
Só abre ao padre
Quando ele vem

Dizes que o meu cabelo


Estavam a marchar os passarinhos
Ai, quem me dera se eu pego
Trancava-te no meu ninho

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126- Bate, Mariquinhas

O meu amor não é aquele


O meu amor traz chapéu
Tem o andar miudinho
Como as estrelas do céu

Bate, Mariquinhas
Bate bem o pé
Bate, Mariquinhas
Ó, la ri lo lé

A amora nasce da silva


A silva nasce do chão
O jeito nasce dos olhos
O amor do coração

Fui a fonte pra beber


Ao rio pra te falar
Nem na fonte, nem no rio
Nunca te pude encontrar

És uma moça bonita


É linda e é formosa
Os teus olhos são dois cravos
Os teus lábios uma rosa

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127- Marianita

Marianita é baixinha
Roja a saia pela lama
Eu já te disse mil vezes
Levanta a saia, Mariana

Esta moda que era minha


No tempo em qu'eu adorava
Esse tempo já findouro
Tudo com o tempo se acaba

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128- Cantam as filhas de Rosa


Cantam as filhas de Rosa
Respondem lá do jardim
Olaré, quem canta
Canta assim

Se eu soubesse cantar bem


Nunca estaria calada
Mesmo assim cantando mal
Não vivo desmarginada

Alegria abandonou-me
Perdi todo o meu prazer
Pra me ver abandonada
Mais me valia morrer

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Cantam as filhas da Rosa


Respondem lá do jardim
Olaré, quem canta
Canta assim

A minha fala não é


A mesma que era algum dia
Quem ouvia a minha fala
E o meu nome conhecia

Se eu soubesse cantar bem


Nunca estaria calado
Mesmo assim cantando mal
Não vivo desmarginado

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129- Verdegar

Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdegueiro

"Rico, tico, tico


Sapatinho, ai, ai"

Por causa do verdegar


Meu pai e minha mãe deixei

Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, eu aqui
Eu canto o verdegar
Da terra onde eu nasci

Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar que verdega
Pra dançar o verdegar
As moças da nossa terra
Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, meu amor
Eu canto o verdegar
No Rancho São Salvador

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130- Mariquinhas

Mariquinhas, como passou?


Olé, como tem passado?
Tenho corrido mil terras
Não a tenho encontrado

Não a tenho encontrado


Lá nos campos de Coimbra
Disseram os estudantes
Ó, que menina tão linda

Ó, que menina tão linda


Ó, que menina tão bela
Disseram os estudantes
Eu hei-de casar com ela

Mariquinhas, como passou?


Olé, como tem passado?
Eu tenho passado bem, olaré
Estimo tê-la encontrado

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131- Eu não vou lá cima à sala

Eu não vou lá cima à sala


Acender o candeeiro
Tenho medo que me prendam
Os olhos de algum brejeiro

Os olhos de algum brejeiro


Os olhos de algum magano
Eu não vou lá cima à sala
Sem ir comigo meu mano

Esta roda está parada


Falta-lhe o mandador
Anda roda, siga a roda
Quem a manda é meu amor

Quem a manda é meu amor


Quem a manda é meu enleio
Eu não vou lá cima à sala
Acender o candeeiro

Muito bem está o chapéu


À porta do chapeleiro
Muito bem está uma moça
Ao pé de um rapaz solteiro

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132- Jardineira floreira / Regateira da praça

Jardineira floreira
O que andas a vender?
Vendo cravos, vendo rosas
Raminhos de bem-querer

Tenho aqui muito dinheiro


Nesta minha algibeira
Mas não é para você
Sua grande regateira

Ó, regateira da praça
A como são os feijões?
Quatro quartas um alqueire
À razão de seis tostões

Jardineira floreira
Que levas nesse teu saco?
Levo coisas e coisinhas
Para vender a pataco

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133- Fado da Reguenga

Ó, meu amor, vem me ver


À Reguenga, aqui é tão lindo
Ai, uma hora por semana
Duas outras ao domingo

Este fado que assim canto


Por muito já foi cantado
Este fado que assim canto
Por muito já foi cantado

Nos terreiros da Reguenga


Em tempos era dançado
E na falta da concertina
À viola era acompanhado

Já te podia ter dado


As chaves da minha vida
Ai, de repente me lembrei
Que era nova rapariga

Muitos por aqui passaram


Ficou a recordação
Muitos por aqui passaram
Ficou a recordação
E a herança que deixaram
À esta nova geração
E homenagem lhes prestaram
Com carinho e gratidão

Se perguntares onde eu moro


Não nego a minha morada
Freguesia da Reguenga
Moro mesmo na entrada

Ó, meu rancho, minha vida


Cadeira de formatura
Ó, nossa bandeira erguida
Por quem morreu e quem dura

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134- Que belo terreirinho / Alargai-vos, raparigas

Alargai-vos, raparigas
Que o terreiro não é estreito
Quero dar duas voltinhas
Quero dá-las a meu jeito

Rapazes, batei as palmas


Que hoje é dia de alegria
Quem se quiser divertir
Que venha pra romaria

Ó, que belo terreirinho


Para o sapato romper
O sapateiro é pobre
Ajudai-o a viver

Ó, que ranchinho de moças


Ó, que bela mocidade
Criadinhas numa aldeia
Parecem de uma cidade

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135- Sala dos quatro cantos

Eu não vou lá cima à sala


Sem levar o candeeiro
Tenho medo de encontrar
Os olhos de algum brejeiro

Vai tu, vai tu, vai tu


Olaré, pumpum, aili, ailé
Toma lá, dá cá
Toma lá este raminho
Que tão belo cheiro dá
Dá-me cá, João
Dá-me cá esse raminho
Dono do meu coração
Os olhos de algum brejeiro
Os olhos de algum magala
Sem levar o candeeiro
Eu não vou lá cima à sala

Quatro cantos tem na sala


Quatro quartos tem na hora
Quatro risos tem quem fala
Quatro falas quem namora

Quatro falas quem namora


Quatro letras tem amor
Quatro quartos tem na hora
Sem nenhum tirar nem pôr

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136- Que lindos limões / Os limões

Fui apanhar os limões


À quinta do fazendeiro
Eu passei à tua porta, menina
Abracei-me ao limoeiro

Que lindos limões


Que lindos que são
Por baixo da sama
Por cima da rama
Eu ponho-lhe a mão

Que lindos limões


Daquela donzela
Por baixo da sama
Por cima da rama
Eu abraço-me a ela

Deitei o limão correndo


À tua porta parou
Quando o limão te quer bem, menina
Que fará quem o deitou

Assubi ao limoeiro
Para apanhar o limão
Ouvi ao longe uma voz, menina
Fora, fora, que é ladrão

Sou da terra do limão


Do limão bem coradinho
Eu sou, olaré, que sou, menina
Sou da terra do bom vinho

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137- O Sol anda que desanda

O Sol anda que desanda


Óioai, dá voltas para se pôr
Óioai, eu não ando nem desando
Sou leal ao meu amor

O meu amor disse que vinha


Óioai, quando a Lua viesse
Óioai, a Lua já vai tão alta
Meu amor não aparece

Minha sogra diz que tem


Óioai, uma prenda pra me dar
Óioai, se ela não me der o filho
Pode a prenda arrecadar

Fui um ano à azeitona


Óioai, protestei pra nunca mais
Óioai, eu não via senão pedras
No meio dos olivais

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138- Erva cidreira

Erva cidreira pra chá


Apanhei pra o meu amado
Melhor remédio não há
Por ele está aprovado

Vai, vai à erva cidreira


Criada na areia
De flor pequenina
Vai, vai, à erva cidreira
Criada na areia
Vai vai tu menina

Vai, vai à erva cidreira


Criada na areia
Que bem que ela faz
Vai, vai à erva cidreira
Criada na areia
Vai, vai tu rapaz

Erva cidreira formosa


Para chá em pucarinhos
Em baciadas de rosas
Para lavar os olhinhos

Erva cidrei' pra barriga


Bebe-se leite com ela
Se tens costela partida
Bebe chá de pimpinela

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139- Ciranda

Ó, ciranda
Onde vais, ciranda
De sapato preto
De laço à banda

Ai, ai
Bela cirandinha
Foge à tua mãe
Que eu fujo à minha

A ciranda
Ia a passear
De sapato preto
E caiu ao mar

Ó, ciranda
Tu és tão bonita
De lenço de lã
E saia de chita

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140- Ciranda

Ó, ciranda, ó, cirandinha
Eu hei-de ir ao teu serão
Fiar duas maçarocas
Do mais fino algodão

Ó, ciranda, ó, cirandinha
Vamos nós a cirandar
Vamos dar a meia-volta
Meia-volta vamos dar
Vamos dar a outra meia
Outra meia e troca o par

Esta moda da ciranda


É uma moda bem ligeira
Faz andar as raparigas
Como trigo na joeira

Gosto muito da ciranda


Por gostar de andar à roda
Pagará contas a Deus
Quem inventou esta moda

A ciranda por capricho


Bebeu por um assobio
O diabo da ciranda
Até no beber tem brio

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141- Caninha verde

Ó, minha caninha verde


Verde cana de encanar
Já morreram as velhas todas
Já não há quem talhe o ar
Ai, ai, ai, ai
Ó, minha caninha verde
Ai, ai, ai, ai
Verde cana de encanar

Vem comigo, ó, cana verde


Vem comigo, ó, meu amor
Vem comigo, ó, cana verde
Trigueirinha do calor

Ó, minha caninha verde


Só a ti que quero bem
Se quiser casar comigo
Vai pedir à minha mãe

Vou pedir à tua mãe


Para contigo casar
Ó, minha caninha verde
A festa vai terminar

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142- Fado batido ou escote

Cantadeira sabe ler


Também sabe soletrar
Também quero que me digas
Quantos peixes há no mar

Quantos peixes há no mar


Ainda lá não fui ao fundo
Diz-me tu, ó, cantador
Quantos olhos há no mundo

Quantos olhos há no mundo


Há dois em cada pessoa
Diz-me lá, ó, cantadeira
Quantas ruas tem Lisboa

Quantas ruas tem Lisboa


Ainda lá não passeei
Diz-me tu, ó, cantador
Quantos amores lá deixei

Quantos amores lá deixei


Deixei dois em cada canto
Diz-me lá, ó, linda rosa
Quem foi que te ensinou tanto

Quem foi que me ensinou tanto


Para que queres saber
Pra cantar à minha beira
Vai primeiro aprender

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143- Acima, Pedro, acima


Eu subi ao limoeiro
E a meio fiz um assento
Deitei a mão ao chapéu
Que me fugia com o vento

Acima, Pedro, acima


Acima, Pedro, meu bem
Tu vai buscar as ovelhas
Que elas sozinhas não vêm

Ainda agora aqui cheguei


Logo reparei e vi
Meu amor nos braços d'outra
Não sei como não morri

Não subas ao castanheiro


Toma cuidado, menina
Por que eu sou muito matreiro
E posso olhar pra cima

Ainda agora reparei


Quem no terreiro andava
Anda cravo, anda rosa
Anda quem eu desejava

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144- Chula-Praias de Portugal

Ó, chula, ó, velha chula


Não tens nada que saber
É andar com um pé no ar
Outro no chão a bater

Ó, chula, ó, linda chula


Ó, chula que é que é
Quem quizer dançar a chula
Tem de bater o seu pé

A Chula que hoje canto


É uma chula do Minho
Que tanto dança o grande
Como dança o pequenino

Ó, chula, ó, linda chula


És dançada com jeitinho
És a chula mais bonita
Que temos no Alto Minho

Ó, chula, ó, linda chula


És das chulas desejadas
Eu gosto de dançar a chula
Na noite das desfolhadas

Ó, chula, vareira chula


És velha estás a acabar
Eu gosto de dançar a chula
Numa noite de luar

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145- Verde gaio-Praias de Portugal

Encontrei o Verde Gaio


No meio dum sargaçal
Lembrando as nossas cores
Do Praias de Portugal

Ó, do Verde Gaio, Ho de ráz-tráz-tráz


Quê do meu amor, quê do meu rapaz
Ó, do Verde Gaio, Ho de ruz-truz-truz
Quê do meu amor, foi pro bom Jesus

As pena do Verde Gaio


São verdes e amarelas
Quem me dera também ir
A voar no meio delas.

Onde vais lindo Gaio


A voar tão apressado
Vais ver o meu lindo amor
Que está desesperado

Vem depressa lindo Gaio


Que estou à tua espera
Quero ter as novidades
Ao chegar a primavera

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146- Reinadio

Ó, alto Serra da Neve


Onde o penedo caiu
Ninguém diga o que não sabe
Nem afirme o que não viu

Reinadio, reinadio
Pois agora é que é reinar
Foi-se o meu amor embora
Agora é que é namorar

O meu amor disse à mãe


Que me havia de deixar
Primeiro deixei-o eu
Toma lá, vai-te gabar
Pelo céu vai uma nuvem
Todos dizem bem a vi
Todos falam e murmuram
Ninguém olha para si

Namorar e casar logo


Não faças como o cartaxo
Foi namorar a cereja
E caiu do ramo abaixo

Namorar qualquer namora


Qualquer homem é casado
Sustentar mulher e filhos
É que a porca "troce" o rabo

Namorados falem baixo


Que as paredes têm ouvidos
Os que são mais encobertos
São os que são mais sabidos

---------------///////------------

De noite sonho contigo


De dia só penso em ti
Esquecer-te não consigo
Desde o dia em que te vi

Não chores a tua vida


Ai tens mais em que pensar
Pensa bem minha menina
Que alguém te há-de amar

Quem tem amores escondidos


Nas dobras do coração
Pode perder o sentido
Mas nunca perde a ilusão

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147- Vira batido

Cantar e dançar
Regalar a vida
Não vou pra soldado
Não chego à medida

Cantar e dançar
Tratar da vidinha
Não quero casar
Estou bem solteirinha

Eu varro-te a casa
Mas bem varridinha
Eu caso contigo
Ó, minha santinha

Não varres a casa


Nem limpas o pó
Não caso contigo
Quero viver só

Tu já não me amas
Nem me queres amar
Amas outro cravo
Que está no pomar

Nem está no pomar


Nem está no jardim
Eu sou solteirinha
Ficarei assim

Não fiques assim


É melhor casar
Eu gosto de ti
Não posso negar

Se gostas de mim
Não há mais que ver
Vou casar contigo
Com todo prazer

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148- Hino do Rancho-Pescadores de Matosinhos

Ó, vareirinha
O que levas no cabaz
Levo sardinha vivinha
Para dar ao meu rapaz

É tão vivinha
Chegou naquele barquinho
Vira-te pra mim amor
Que eu sou o teu amorzinho

Vamos cantar
Dançar e bailar
Tomar a fresca
Do nosso mar

O mar é lindo
A noite é bela
Ó, vareirinha
Da nossa terra

Ó, quem me dera
Casar com a vareirinha
Que tem a perninha gorda
Para vender a sardinha

Vender a sardinha
Para vender a pescada
Para andar de rua em rua
Com a saia arregaçada
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149- Poveirinha-Rancho folclórico Poveiro

Sou Poveirinha
Vendo sardinha a saltar
Quem quer a bela sardinha
Que chegou do nosso mar

É tão vivinha
Chegou naquele barquinho
Vira-te p'ra mim rapaz
Qu'eu sou o teu amorzinho

Vamos cantar
Dançar e bailar
Tomar a fresca
Do nosso mar

O mar é lindo
A noite é bela
Sou poveirinha
Quero-te amar

Ó, quem me dera
Casar com uma poveirinha
Que tenha a perninha gorda
Para vender a sardinha

Vender a sardinha
Para vender a pescada
Para andar de rua em rua
Com a saia arregaçada

Meu amorzinho,
Foi naquele barco pescar
Pescar a bela sardinha
Que chegou do nosso mar

Vem atrasado
Arrastado pela brisa
Meu amor vou-te ajudar
Ala ala e ala arriba

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150- Pomba-Pescadores de Matosinhos

Ai, moro à beira do mar


Aí, moro mesmo à beirinha
Da janela do meu quarto, ó ai
Eu vejo saltar a sardinha
Ai, a pomba caiu ao mar
Ai, a pomba ao mar caiu
Nos braços do pescador
Agarrei a pomba
E ela me fugiu

Ai, vejo saltar a sardinha


A saltar parece prata
O pescador traz o barco, ó ai
Para vender mais barata

Ai, eu hei de amar, amar


Ai, eu hei de amar, amor
Eu gosto de namorar, ó ai
Na praia o pescador

Ai, na areia da nossa praia


Ai, com os pequenos a correr
O homem traz a catraia, ó ai
Com os peixes para vender

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151- O enleio

Se tu fosses meu amor


Eu seria a tua amada
Enleava-me contigo
Ao romper da madrugada

Ó, enleio, ó, enleio
Ó, enleio, enleador
Enleava-me contigo
Se tu fosses meu amor

Ao romper da madrugada
Sai o pastor da cabana
Diz à mula em altos gritos
Muito padece quem ama

Muito padece quem ama


Mais padece quem namora
Mais padece quem não vê
Seu amor a toda hora

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152- Venho da beira do rio

Venho da beira do rio


De regar o laranjal
Ainda trago uma folhinha
No laço do avental

No laço do avental
Ó, prima, eu vou pra guerra
Se eu for e cá não voltar
Fecha-me aquela janela

Agora é que me eu maneio


É que me eu rebolo
Nos braços do meu amor
Agora que me eu consolo

Fecha-me aquela janela


Fecha-me aquele postigo
Ó, prima, eu vou pra guerra
Deixa-me dormir contigo

Deixa-me dormir contigo


Uma noite não é nada
Eu entro pelo escuro
Saio pela madrugada

Não entras pelo escuro


Nem sais pela madrugada
Eu sou rapariga nova
Não quero ser difamada

Não quero ser difamada


Nem por ti nem por ninguém
Eu sempre mostrei respeito
Ao meu pai e minha mãe

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153- Ó, ribeira

Ó , ribeira, ó, ribeira
Ó, ribeira que és tamanha
Fui criada na ribeira
Não me dava na montanha (não me afaço na montanha)

Não me dava na montanha


Lá na Serra da Carqueja (entre o tojo e a carqueja)
Dei a mão ao meu amor
Lá no arco da igreja

Lá no arco da igreja
Disse adeus à liberdade
Estava vária do juízo
Quando te fiz a vontade

Quando te fiz a vontade


Se eu te dizia que não
Mas o amor era tanto
Da raiz do coração

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154- Praias
Moro à beira do mar
Moro mesmo à beirinha
Da janela do meu quarto
Vejo saltar a sardinha

Ó, que praias tão lindas, tão belas


Era meia-noite, eu estava ao luar
Sentadinha sozinha na areia
A apanhar as conchinhas do mar

Quando eu quis, tu não quiseste


Tiveste opinião
Agora queres, e eu não quero
Tenho a minha presunção

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155- Alecrim

Alecrim
Alecrim amado
Que nasces no monte
Sem ser semeado

Ó, meu amor
Quem te disse a ti
Que a flor do monte
Era o alecrim

Alecrim
Alecrim querido
Que vives no monte
Acaso esquecido

Alecrim
Alecrim aos molhos
Por causa de ti
Choraram meus olhos

Alecrim
Alecrim a arder
O teu fumo santo
Junto a Deus vai ter

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156- Ribeira vai cheia

Ribeira vai cheia


E o barco não anda
Tenho o meu amor
Lá naquela banda

Lá naquela banda
E eu cá deste lado
Ribeira vai cheia
E o barco parado

Lavadeira do rio triste


Anda a lavar ao alegre (andai, vinde)
Que a água do nosso rio
Põe a roupa como a neve

Se fores ao rio lavar


Lava na pedra do meio
Se sentires cair flores
Apanha-as, mete-as no seio

O meu amor e o teu


Foram ambos pra ribeira
O meu foi à erva-doce
E o teu à erva-cidreira

A água do rio é turva


Chega ao ribeiro, aclarece
O falar do meu amor
Esse nunca mais me esquece

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157- Bate, bate

Ora, bate, bate, cantava a poupinha


Ora, bate, bate, no ninho sozinha
Ora, bate, bate, cantava a poupinha
Poupai, poupai, que eu sou pobrezinha

Ora bate, bate, cantava o grilinho


Ora bate, bate, no seu buraquinho
Ora bate, bate, cantava o grilinho
Grigri, grigri, no seu buraquinho

Amei-te, perdi o tempo


Essa conta já fazia
Como não era deveras
Não ganhava nem perdia

Algum dia, meu benzinho


Meu regalo era ver-te
Agora tanto me rende
Ganhar-te como perder-te

Eu dantes para te ver


Calcava as pedras da rua
Agora dava dinheiro
Pra não ver a sombra tua

Eu dantes para te ver


Saltava trinta quintais
Agora pra te não ver
Saltarei trinta ou mais

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158- Vem comigo, Maria

Estou rouca, estou rouquinha


Não é catarro nem é tosse
É o ladrão do meu amor
Que de mim já quer tomar posse

Ora, vem comigo


Maria, vem comigo
Ora, vem comigo
Regar o jardim

Ora, não te esqueças


De mim, ó, Maria
Ora, não te esqueças
Meu anjo, de mim

Atirei ao verde, verde


Atirei ao verde mar
Atirei com meus sentidos
Aonde eu pudera chegar

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159- Vira Rebelo

Ai, a água do Rio Douro


Ai, a água do Rio Douro
Ai, que tanta beleza tem
Ai, que tanta beleza tem

Ai , que tanta beleza tem


Ai, o meu amor foi pra o Porto
Ai, ficou de vir, e não vem
Ai, ficou de vir, e não vem

Vai, marinheiro, vai, vai


Vai buscar a Laurindinha
Ela é mulher casada
Ela é tua, não é minha

Ó, terra linda
Cheia de encanto
Barco rabelo
Vinho do Porto

Ai, a Senhora da Cardia


Ai, a Senhora da Cardia
Ai, lá vai pelo Douro acima
Ai, lá vai pelo Douro acima

Ai, lá vai pelo Douro acima


Ai, lá vai num barco rabelo
Ai, vai ao Douro à vindima
Ai, vai ao Douro à vindima
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160- Andorinha ligeira

Ó, andorinha ligeira
Ensina-me o teu voar
Que eu quero ir ao céu
E de novo cá voltar

Que eu quero ir ao céu


Que eu quero ir ao céu
E de novo cá voltar

As maravilhas do céu
Eu quero poder encontrar
Ó, andorinha ligeira
Ensina-me o teu voar

Ó, andorinha ligeira
Ó, andorinha ligeira
Ensina-me o teu voar

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Rancho Folclórico de Travanca

Ó, andorinha ligeira
No bico leva a flor
Só a mim ninguém me leva
Pra beira do meu amor

Pra beira do meu amor


Pra beira da minha amada
Eu passei a vida inteira
Numa alegria danada?
Toda cheia de calor

Numa alegria danada?


Toda cheia de calor
Eu passei a vida inteira
À beira do meu amor

Quem vai ao mar sempre pesca


Ou robalos, ou peixinhos
Quem namora sempre alcança
Ou abraços, ou beijinhos

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161- Ó, meu amorzinho

Ó, meu amorzinho
Daqui para ali
Quem você procura
Hoje, não está aqui
Ó, meu amorzinho
Cartas são papéis
Não quero que gastes
Comigo dez réis

Ó, meu amorzinho
Eu hei de ir, de ir
Jurar a verdade
Q'eu não sei mentir

Ó, meu amorzinho
Daqui pra acolá
Quem você procura
Hoje, não está cá

Ó, meu amorzinho
Eu hei de te amar
De dia ao sol
De noite ao luar

Ó, meu amorzinho
Toma lá e leva
Está linda moda
Para a tua terra

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162- Vira dos namorados

Ó, meu amor, meu amor


Ó, meu amor, meu enleio
Quando eu comecei a amar-te
Tinha sete anos e meio

Pois agora tenho pena


Pois agora tenho dó
Pois agora tenho pena
De deixar o meu amor

Foste dizer ao meu pai


Que eu andava a namorar
E meu pai te respondeu
Que a raiva é que faz falar

Girai, menina, girai


Com vossos pés delicados
Esta moda que é tão linda
O vira dos namorados

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163- Vira(e torna a virar)-Barcuense

Ó, linda Ponte da Barca


Cercada com cravos brancos
Onde o meu amor passeia
Domingos e dias santos
Vira e torna a virar
Vamos, mocidade
Vamos lá dançar

Anda e vem, cantadeira


Pra esta gente alegrar
Com a tua voz bonita
Eu te quero ouvir cantar

Nós somos o Barcuense


Repara e tira o chapéu
Não me custava morrer
Se houvesse disto (cantes) no céu

Ó, linda Ponte da Barca


Como tu não há igual
És a terra mais bonita
Do Norte de Portugal

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164- Verdegar de São João

Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdeguei
Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdeguei

Vai no sapatinho
Sapatinho, tau, tau
Menina bonita
Sapato de pau

Por causa do verdegar


Meu pai e minha mãe deixei
Ó, verdegar, verdegar
Meu pai e minha mãe deixei

Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdegou
Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdegou

O meu pai não está em casa


Meu pai minha mãe deixou
Ó, verdegar, verdegar
Meu pai minha mãe deixou

Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdegou
Ó, verdegar, verdegar
Ó, verdegar, verdegou

Vai te embora, ó, verdegar


Termina na minha mão
Ó, verdegar, verdegar
Termina na minha mão
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165- Senhora Ana

Senhora Ana
Olha lá, senhora Ana
Senhora Ana
Olha lá, senhora Maria

Seu galo canta


Seu galo canta
Senhora Ana
E o meu galo assobia

Se ele assobia
Deixa ele assobiar
Diga lá, senhora Ana
E o seu galo está a cantar

Se ele assobia
Deixa ele assobiar
Diga lá, senhora Ana
E o seu galo está a cantar

Senhora Ana
Olhe lá, senhora Ana
Senhora Ana
Olhe lá, senhora Aninha

Seu galo anda


Senhora Ana
Seu galo anda
Atrás das minhas galinhas

Senhora Ana
No campo da sua horta
Andam galinhas
A tirar do seu repolho

E o seu galo
Juntinho a elas
Eu bem no vi
Estava-lhes a piscar o olho

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166- Regadinho (Balancé)

Água leva o ragadinho


Água leva o regador
Enquanto rega e não rega
Vira-te pra mim amor

Ó, balancé, balancé
Balancé da noite escura (neve pura)
Ó, minha Salve Rainha
Ó, minha vida doçura
Ó, balancé, balancé
Balancé depois do chá (bico de chá)
Quem falar com o meu amor
Pouca vergonha terá

Ó, Ana, ó, linda
Ó, moda do balancé
A bater o seu pezinho
E uma voltinha volver

Água leva o regadinho


Água leva e vai ragar
Boa noite a toda gente
Regadinho vai terminar

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Água leva o regadinho


Pela minha porta abaixo
Eu escorreguei no caminho
Quebrei o fundo ao tacho

Água leva o regadinho


Vai regar o alecrim
Enquanto rega não rega
Vou falar ao Joaquim

Água leva o regadinho


Eu ainda agora reguei
O milho estava duro
Com a rega eu terminei

Água leva o regadinho


Vai regar a pionia
Enquanto rega e não rega
Vira-te pra mim, Maria

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167- Palavras de minha mãe

Palavras de minha mãe


Nunca me vou de esquecer
Quem perde o amor de mãe
Não tem mais o que perder

Ó, minha mãe, minha mãe


Ó, minha mãe, minha amada
Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe, não tem nada

Deitei meus olhos ao céu


Fui rezar uma oração
Saudando a minha mãe
Pedindo a Deus perdão
Minha mãe era uma santa
Por quem sempre chorarei
Porque amor igual ao dela
Nunca mais encontrarei

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168- Oliveira, chora, chora

Oliveira, chora, chora


Chora, chora e tem razão
Roubaram azeitoninha
Deitaram a rama ao chão

Se oliveirinha falasse
Ela diria que viu
Debaixo da sua rama
Grandes amores descobriu

Oliveirinha tem rama


Tem rama a oliveira
Quem namora às escondidas
Está sempre na brincadeira

Oliveirinha do bairro
Tem a folha aos anéis
Quem namora às escondidas
Passa tormentos cruéis

Oliveirinha da serra
O vento leva a flor
Só a mim ninguém me leva
Para o pé do meu amor

Fui um ano às azeitonas


Jurei para nunca mais
Só lá vi pedras e matos
No meio dos olivais

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169- Manjerico revira a folha

Manjerico revira a folha


Da janela à sentinela
Eu morro de uma paixão
Se te não logro, donzela

Se te não logro, donzela


Donzela, se te não logro
Manjerico revira a folha
Troca o par e vem cá logo

Canta lá, ó, cantadeira


Atira com a fala ao ar
Já cantei uma noite inteira
Até o sol arraiar
Até o sol arraiar
Até vir o clarão
Já cantei uma noite inteira
Uma tarde e um serão

Hei de cantar e bailar


Hei de regalar a vida
Eu já sei de uma casada
Que chora de arrependida

Cravos da minha janela


Não dou a rapaz nenhum
Folhinhas dou-as a todos (falinhas dou-as a poucos)
Liberdade, só a um

A moda do bailarico
Rapariga, acerta, acerta
Se fores à minha casa
Acharás a porta aberta

A moda do bailarico
Não tem nada que saber
É andar com o pé no ar
Outro no chão a bater

Quem quiser cantar que cante


Quem quiser dizer que diga
Quem quiser fazer que faça
Deste mote uma cantiga

A cantiga que se canta


Não se canta duas vezes
A semana tem sete dias
O ano tem doze meses

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170- Lavrador

Ó, lavrador, lavrador, ó ai
Onde deixaste o teu linho
Deixei-o lá, lavradeira, ó ai
À beirinha do caminho

À beirinha do caminho
Mesmo à beira do poço
Ó, lavrador, lavrador
Mete o relógio ao bolso

Mete o relógio ao bolso, ó ai


Mete o relógio à cinta
Ó, lavrador, lavrador, ó ai
Fale a verdade, não minta

Fale a verdade, não minta


Onde bate o coração
Ó, lavrador, lavrador
Diga-me que horas são

Diga-me que horas são, ó ai


E vamos lá trabalhar
Ó, lavrador, lavrador, ó ai
Quando o linho vai espadar

Quando o linho vai espadar


Quando houver ocasião
Vai ser espadado na eira
No domingo ao serão

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171- Dança dos azitoneiros

Abalei da minha terra


Voltei-me pra trás chorando
Adeus terra da minh´alma
Tão longe me vais ficando

Abalei da minha terra


Disse adeus à minha mãe
Disse adeus ao meu amor
Não o disse a mais ninguém

Abalei da minha terra


Disse adeus ao meu lugar
Disse adeus ao meu amor
Para nunca mais voltar

Daqui para a minha terra


Tudo é caminho e chão
Tudo são cravos e rosas
Dispostos por minha mão

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172- Chula do litoral

O meu amor é mais lindo, ó ai


Do que a rosa quando abre
Todo mundo me cobiça, ó ai
Nossa Senhora me guarde

A rola que vai rolando, ó ai


Onde irá fazer o ninho
Ao pé de Nossa Senhora, ó ai
Que está com seu filhinho

O meu amor é tão lindo, ó ai


Como a folha de uma rosa
Nossa Senhora me livre, ó ai
Das mãos de alguma invejosa

Amo-te do coração, ó ai
Ninguém o há de saber
Senão a Nossa Senhora, ó ai
Do céu quando eu morrer

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173- Siga a Rusga - Barcuense

Boa noite, meus senhores


Nós estamos a chegar
Nós somos o Barcuense
Que a todos viemos saudar

Da minha janela à tua


É um salto de uma cobra
Ainda quero lhe chamar
À tua mãe, minha sogra

Pinheiro, dá-me uma pinha


Ó, pinha, dá-me um pinhão
Menina, dá-me os teus olhos
Que eu dou-te meu coração

Se tu queres o que eu quero


Somos os dois a querer
Nascemos um para o outro
Que havemos de fazer

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174- Chula barcuense

Ó, chula, ó, linda chula


Aonde te foste pôr
Esta linda cantadeira
Há de ser o meu amor

Ó, chula, ó, linda chula


A velha está pra acabar
Sempre foi minha alegria
A chula velha cantar

Ó, que casinha tão alta


Feita de cal e areia
A menina que lá mora
Já foi minha, mas deixei-a

Ó, chula, ó, linda chula


Com carinho e amor
Gosto de cantar a chula
Contigo que és cantador

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175- Vem comigo, Maria - Marufe

Ora, vem comigo, Maria


Ora, vem comigo
Ora, vem comigo
Regar o jardim

Ora, não te esqueças


De mim, ó, Maria
Ora, não te esqueças
Meu anjo, de mim

Eu sou a filha de um pobre campista


Não tenho casa pra nela morar
A minha cama é feita de rosas
Deito-me nela à luz do luar

Cantem comigo, rapazes, cantem


Eu bem mereço as vozes comigo
Sou lavradeira, trabalho no campo
E sou solteira, não tenho marido

Não tenho pai e não tenho mãe


Não tenho irmão, só tenho madrinha
Sou lavradeira e vivo contente
Vivo contente por ser pobrezinha

Sou pobrezinha, não tenho dinheiro


Não tenho casa pra nela morar
Viro-me pra Deus a pedir-lhe saúde
Pra levar a vida assim a cantar

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176- Ó minha mãe, não me leves (Olé, Chegou e bateu)

Ó minha mãe, não me leves a Loulé


Ó minha mãe, não me leves a Loulé
Que sou pequenina e tenho medo de ir a pé
Que sou pequenina e tenho medo de ir a pé

Olé, Chegou e bateu


Olé, Chegou e bateu
Aqui, neste baile, só tu mais eu
Aqui, neste baile, só tu mais eu

Ó minha mãe, não me leves a São Brás


Ó minha mãe, não me leves a São Brás
Que sou pequenina e tenho medo do rapaz
Que sou pequenina e tenho medo do rapaz

Ó minha mãe, não me leves a Lagoa


Ó minha mãe, não me leves a Lagoa
Que so pequenina e tenho medo da canoa
Que so pequenina e tenho medo da canoa

Ó minha mãe, não me leve a Portimão


Ó minha mãe, não me leve a Portimão
Que sou pequenina e tenho medo do papão
Que sou pequenina e tenho medo do papão

Ó minha mãe, não me leves a Monchique


Ó minha mãe, não me leves a Monchique
Que sou pequenina e tenho medo de ir a pique
Que sou pequenina e tenho medo de ir a pique

Ó minha mãe, não me leves a Albufeira


Ó minha mãe, não me leves a Albufeira
Que sou pequenina e tenho medo da carreira
Que sou pequenina e tenho medo da carreira

Ó minha mãe, não me leves a Olhão


Ó minha mãe, não me leves a Olhão
Que sou pequenina e tenho medo do balão
Que sou pequenina e tenho medo do balão

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Letras incompletas:

saltinho:

Quem saiu com par mais ela (de roupa mais bela)
És assim o ouro mais brilhante
Essa é a música mais querida
Dos meus tempos de estudante (?)

Eu hei de te amar, amar


Eu hei de te amar bem cedo
Eu hei de te amar de dia
Que de noite tenho medo

Domingo, se fores à missa,


Põe-te em sítio que te eu veja
Não faças andar meus olhos
Em leilão pela igreja

Eu fiz que me vou embora


Para onde não te digo
Se o queres saber amore
Prepara-te e vem comigo

Nesta terra não há rosas


Já secaram as roseiras
As rosas da minha terra
São as meninas solteiras

Ó, Senhora da Peneda
Viemos pra cá andando
Eu não tenho pouca idade
Mas tem muito coração

Vira de Vilela:

Salgueiro pega de estacas


O amieiro de raiz
disseste que me não querias
mas fui eu que te não quis

vai te embora, rapazinho


que me trazes enganada?
pode ficar a sabere
que não te quero pra nada

Menina venha comigo


deixa o pai que a criou
Por muito que lhe o dê
Não lhe dá o que eu dou

Meu amor diz que eu vá


Com ele para a ribeira
Para fazer um banquete
debaixo da oliveira

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Freguesia de Valdreu
Tem amieiro

bate certo moreninho bate certo


bate certo moreninho bate bem
bate certo meu amor também

é para ver os peixinhos


quando aqui vem namorare

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Ganhar Dinheiro para Gastar na Romaria

Ó meu amor, meu amor


Ó meu amor, meu enleio
Quando comecei te amar-te
Tinha sete anos e meio

Ganhar dinheiro meu amor, noite e dia


Ganhar dinheiro pra gastar na romaria

O meu também, veja o homem


Estou quase já homem
Não queria trabalhar
Só queria ter dinheiro
Para na missa gastar

Ganhar dinheiro meu amor, noite e dia


Ganhar dinheiro pra gastar na romaria

Oh meu amor de tão longe


Quem te mandou aqui vir
Se eu agora te eu matasse
Quem te havia de acudir

Ganhar dinheiro meu amor, noite e dia


Ganhar dinheiro pra gastar na romaria

Vamos para a romaria


Vamos dançar e cantar
Tenho o meu par na cadeia
Agora não quer mais voltar

Ganhar dinheiro meu amor, noite e dia


Ganhar dinheiro pra gastar na romaria

Pedrinhas desta calçada


Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Que eu de dia bem não sei

Ganhar dinheiro meu amor, noite e dia


Ganhar dinheiro pra gastar na romaria

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Perim

Ó, meu amorzinho
eu hei-de ir, hei-de ir
Nesse teu barquinho
Com tu hei-de viajar

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Rabela do Douro

Olha a rabela do Douro


Toda chique e aprumada
Fora a lhe pedir namoro
Mas daqui não levo nada

Não fala mais do que a gente?


Ali que mais tinha gente?
Que é da sua condição
O povo alegre que sente
Que se abre o coração

Olha a rabela
Que é do norte? douro? natural
Quem não a conhece ela
Não conhece Portugal
Que me quiser ver contente
Vamo ali ajudar?

Dai-me mais uma remada(risada)


Como vai tão coradinha?(misturada com cantiga?)
Vai nascer assim desconfiada? tirada?
Na casa da rapariga?(me casei ainda rapariga?)

Douro levo noite e dia


Sempre assim cantarolando
Mas com pão e alegria
Sempre a gente vai passando

Nós temos o rio Douro


Que banha-se ao luar
É nosso grande tesouro

Sou a rabela do Douro


Não devo nada a ninguém

-------Rabela do Douro----------

Olha a Rabela do Douro, ai ai ai


Toda chique e arrumada
Podem-lhe pedir namoro, ai ai ai
Que daqui não levam nada
Alguém mais tirar tente, ai, ai, ai
O que é da sua condição
O povo alegre se sente, ai ai ai
Que tem alma e coração

Olha a Rabela, que é do norte natural


Quem a não conheça ela, não conhece Portugal
Olha a Rabela, que é do norte natural
Quem a não conheça ela, não conhece Portugal

Se pedir a dita obedeça


E vá arriado bem
Adormeça-lhe a mente
Dê-lhe tudo aquilo que tem
Dê-lhe mais uma remada, ai ai ai
No tocar da concertina
Mande-se-lhe esta tirada
No coração da rapariga (menina)

Olha a Rabela, que é do Norte natural


Quem a não conheça ela, não conhece Portugal
Olha a Rabela, que é do Norte natural
Quem a não conheça ela, não conhece Portugal

Olha a Rabela do Douro, ai ai ai


Toda chique e arrumada
Podem-lhe pedir namoro, ai ai ai
Que daqui não levam nada
Alguém mais tirar tente, ai, ai, ai
O que é da sua condição
O povo alegre se sente, ai ai ai
Que tem alma e coração
Olha a Rabela, que é do Norte natural
Quem a não conheça ela, não conhece Portugal
Olha a Rabela, que é do Norte natural
Quem a não conheça ela, não conhece Portugal

Se pedir a dita obedeça


E vá lá arriado bem
Adormeça-lhe a mente
Dê-lhe tudo aquilo que tem
Vale mais uma remada, ai ai ai
No tocar da concertina
Mande-se-lhe esta tirada
No coração da rapariga (menina)

Olha a Rabela, que é do Norte natural


Quem a não conheça ela, não conhece Portugal
Olha a Rabela, que é do Norte natural
Quem a não conheça ela, não conhece Portugal!

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Senhora Da Boa Morte

Lavra a vaquinha
E torna a lavrar
Pedi à Senhora
Que nos venha ajudar
A vaca lavrar

Buuuuu...
Tira a vaca do milho!

Que tendes Vós para dar


Senhora da Boa Morte
Que tendes Vós para dar
Boas sombras pra pôr nós
Conselhos pra namorar
Senhora da Boa Morte
Que tendes vós para dar

Que atenda a minha prece


Senhora da Boa Morte
Que atenda a minha prece
À Escola dai boa sorte
Porque ela bem a merece
Senhora da Boa Morte
Que atenda a minha prece

Lavra a vaqauinha
Por trás da mimosa
Pica e repica
Na vaca manhosa
A vaca a lavrar

Buuuuu...
Tira a vaca do milho!

Morais em local cimeiro


Senhora da Boa Morte
Morais em local cimeiro
Tens estrada até ao Parque
Do Casario até ao Mosteiro
Senhora da Boa Morte
Morais em local cimeiro

Que estais no Monte Da Nó


Senhora da Boa Morte
Que estais no Monte Da Nó
Com os Apostólos à volta
Senhora não estais só
Senhora da Boa Morte
Que estais no Monte Da Nó

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