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As verdadeiras lições do 75° aniversário da Segunda Guerra Mundial

A “Ordem Mundial de Versalhes” causou várias controvérsias implícitas e conflitos


aparentes. Giravam em torno das fronteiras dos novos Estados europeus
arbitrariamente decididos pelos vencedores da Primeira Guerra.

Esta delimitação territorial foi quase imediatamente seguida por disputas


territoriais e mútuas declarações que se transformaram em bombas relógio.

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Uma das grandes consequências da Primeira Guerra mundial foi o estabelecimento da


Liga das Nações.

Contudo, a Liga das Nações, dominada pelas potências vencedoras da França e do


Reino Unido, provou-se inefetiva e foi varrida por discussões vãs.

A Liga das Nações também fracassou em impedir conflitos em várias partes do mundo,
como o ataque da Itália na Etiópia, a guerra civil na Espanha, a agressão japonesa
contra a China e a anexação da Áustria pela Alemanha nazista.

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Além disso, a respeito da Traição de Munique, ao lado de Hitler e Mussolini,


líderes britânicos e franceses, a Tchecolosváquia foi dividida com a completa
aprovação da Liga das Nações.

Gostaria de levantar que, a respeito disso, diferente de muitos líderes europeus na


época, Stalin não se humilhou reunindo-se com Hitler, que era conhecido entre
nações ocidentais como um político “de reputação” e um convidado “bem vindo” em
capitais europeias.

A Polônia também foi envolvida na divisão da Tchecolosváquia com a Alemanha.

Decidiram, juntos, quem ficaria com quais territórios tchecos.

Em 20 de setembro de 1938, o embaixador polonês da Alemanha Józef Lipski reportou


ao Ministério de Relações Exteriores da Polônia as seguintes ponderações feitas por
Hitler:

“… em caso de conflito entre Polônia e Tchecolosváquia sobre nossos interesses em


Teschen, o Reich ficaria ao lado da Polônia”.

O líder nazista chegou a sugerir que a Polônia começaria a agir “apenas após os
alemães ocuparem os Sudetos”.
A Polônia estava ciente de que, sem o apoio de Hitler, seus planos de anexação
estavam fadados ao fracasso.

Um registro da conversa entre o embaixador Alemão de Varsóvia Hans-Adolf von Moltke


e Józef Beck que ocorreu em 1° de outubro de 1938 e que focou nas relações tcheco-
polonesas e a posição da URSS sobre o tópico.

Diz: “O sr. Beck expressou verdadeira gratidão pelo leal tratamento em concordância
com os interesses da Polônia na Conferência de Munique, bem como pela sinceridade
em nossas relações durante o conflito tcheco. A atitude do Führer e Chanceler foi
completamente apreciada pelo Governo e o povo da Polônia”.

A divisão da Tchecolosváquia foi brutal e cínica.

Munique destruiu mesmo as garantias formais e frágeis que mantiveram-se no


continente.

Mostrou que acordos mútuos não valem nada.

Foi a Traição de Munique que serviu como “gatilho” e fez a grande guerra na Europa
inevitável.

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Hoje, políticos europeus e líderes poloneses em particular tentam varrer a Traição


de Munique para debaixo do tapete.

Outra é que é “um pouco” constrangedor lembrar que, durante os dramáticos dias de
1938, a União Soviética era a única a ficar ao lado da Tchecolosváquia.

A União Soviética, em harmonia com suas obrigações internacionais, incluindo


acordos com a França e a Tchecolosváquia, tentou impedir a tragédia de ocorrer.

Enquanto isso, a Polônia, em busca de seus interesses, fazia seu máximo para
dificultar o estabelecimento de um sistema de segurança coletivo na Europa.

O Ministro das Relações exteriores polonês, Jozéf Beck, escreveu sobre isso
diretamente em sua carta de 19 de setembro de 1938, ao supramencionado Józef
Lipski, antes de sua reunião com Hitler:

“… no ano passado, o governo polonês rejeitou por quatro vezes a proposta de se


juntar à intervenção internacional em defesa da Tchecolosváquia”.

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O Reino Unido, como a França, que na época era o principal aliado dos tchecos e
eslovacos, escolheu remover seu aval e abandonar a nação oriental europeia à
própria sorte.

Ao fazer isso, buscaram dirigir a atenção dos nazistas ao oriente para que a
Alemanha e a União Soviética inevitavelmente se enfrentassem e sangrassem até a
morte.
Esta é a essência da política ocidental de apaziguamento, que foi perseguida não
apenas pelo terceiro Reich, mas também por outros participantes do chamado Pacto
Anti-Comintern – a Itália facista e o Japão militarista.

No extremo oriente, esta política culminou na conclusão do acordo anglo-japonês no


verão de 1939, que deu a Tóquio “carta branca” na China.

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A Traição de Munique mostrou à União Soviética que países ocidentais lidariam com
questões securitárias sem levar os interesses soviéticos em consideração.

Na verdade, chegariam a criar uma frente anti-Soviética, se necessário.

De todo modo, a União Soviética fez o máximo para usar todas as chances de criar
uma coalizão anti-Hitler.

Apesar – direi novamente – da dupla negociação por parte dos países ocidentais.

Por exemplo, serviços de inteligência reportavam à liderança soviética informações


detalhadas sobre bastidores de contatos entre Reino Unido e Alemanha no verão de
1939.

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A parte importante é que esses contatos eram relativamente ativos e praticamente


coincidiram com as negociações tripartidárias entre França, Reino Unido e URSS, que
eram, ao contrário, deliberadamente prolongadas pelos parceiros ocidentais.

A Polônia exerceu papel fracassado naquelas negociações conforme não quisesse ter
quaisquer obrigações com o lado soviético.

Mesmo sob pressão de seus aliados ocidentais, as lideranças polonesas rejeitaram a


ideia de ação conjunta com o Exército Vermelho para lutar contra o Wehrmacht
(forças de defesa nazistas).

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Nestas circunstâncias, a União Soviética assinou o pacto de não-agressão com a


Alemanha.

Era praticamente a última das nações europeias a fazê-lo.

Além do quê, fora feito frente à real ameaça de guerra em duas frentes – com a
Alemanha no ocidente e com o Japão no oriente, onde intensos conflitos no rio de
Khalkhin Gol já aconteciam.

Eles viram como eram feitas tentativas de deixar a União Soviética sozinha para
lidar com a Alemanha e seus aliados.

Com esta ameaça real em mente, buscaram comprar precioso tempo necessário para
fortalecer as defesas do país.

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É válido lembrar a cínica frase dita pelo embaixador polonês na Alemanha J. Lipski
durante sua conversa com Hitler em 20 de setembro de 1938.

“… por resolver o problema com os judeus, nós [os poloneses] vamos honrá-lo … com
esplêndido monumento em Varsóvia”.

Além disso, nós não sabemos se há “protocolos” secretos ou anexos a acordos de


vários países com os nazistas.

Em particular, materiais pertinentes a segredos em conversas do Reino Unido com a


Alemanha ainda não foram desclassificados.

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A culpa pela tragédia que a Polônia sofreu é inteiramente da liderança polonesa,


que impediu a formação de uma aliança militar entre Reino Unido, França e União
Soviética e contou com a ajuda de suas parcerias ocidentais, atirando seu próprio
povo debaixo do rolo compressor da máquina de destruição de Hitler.

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Apesar da heroica e feroz resistência do exército polonês, no dia 8 de setembro de


1939 – apenas uma semana após a guerra começar – as tropas alemãs aproximavam-se de
Varsóvia.

Em 17 de setembro, os líderes militares e políticos da Polônia tinham fugido para


Romania, abandonando seu povo, que continuou a lutar contra os invasores.

A esperança da Polônia por ajuda de seus aliados ocidentais foi em vão.

Após a guerra contra a Alemanha ser declarada, as tropas francesas avançaram apenas
algumas dezenas de quilômetros adentro do território alemão.

Tudo parecia uma mera demonstração de ação vigorosa.

Além do mais, o Supremo Conselho de Guerra Anglo-Francês, em sua primeira plenária


no 12 de setembro de 1939 na cidade francesa de Abbeville, decidiu cancelar a
ofensiva toda devido aos rápidos acontecimentos na Polônia.

O que o Reino Unido e a França fizeram foi um gritante ato de traição de suas
obrigações com a Polônia.

Em seguida, durante os julgamentos de Nuremberg, generais alemães explicaram seu


rápido sucesso no oriente europeu.

O ex-chefe de operações do alto comando das forças armadas da Alemanha, general


Alfred Jodl, admitiu: “… nós não sofremos a derrota em 1939 apenas porque
aproximadamente 110 divisões francesas e britânicas estacionaram no ocidente contra
23 divisões alemãs durante nossa guerra com a Polônia e ficaram absolutamente
alheias à situação”.

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Eu pedi a recuperação de arquivos de todos os materiais pertinentes a contatos


entre a URSS e a Alemanha nos dramáticos dias de agosto e setembro de 1939.

De acordo com os documentos, o parágrafo 2 do Protocolo Secreto do Pacto de Não


Agressão Alemão-Soviético de 23 de agosto de 1939 estabelecia que, no evento de
reorganização político-territorial dos distritos compondo o Estado polonês, a
fronteira das esferas de interesse das duas nações estariam “aproximadamente ao
lado dos rios Narew, Vistula e San”.

Em outras palavras, a esfera de influência soviética incluiu não apenas os


territórios que eram lar para as populações ucraniana e bielorussa como os
históricos territórios poloneses no interflúvio dos rios Vistula e Bug Ocidental.

Este fato é sabido por pouquíssimos hoje em dia.

Similarmente, pouquíssimos sabem que, imediatamente após o ataque na Polônia, nos


primeiros dias de setembro de 1939, Berlim forte e repetidamente convocou Moscou a
participar de uma ação militar.

Contudo, a liderança soviética ignorou esses chamados e planejou evitar participar


de desenvolvimentos dramáticos por tanto tempo quanto possível.

Foi apenas quando ficou absolutamente claro que a Grã-Bretanha e a França não iam
ajudar seu aliado e a Wehrmacht rapidamente ocuparia a Polônia inteira e, portanto,
apareceria nas proximidades de Minsk, que a União Soviética enviou, na manhã de 17
de setembro, unidades do Exército Vermelho nas chamadas “fronteiras orientais”, que
hoje compõem parte de territórios da Bielorússia, da Ucrânia e da Lituânia.

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Obviamente, não havia alternativa.

Do contrário, a URSS enfrentaria riscos crescentes seríssimos porque – direi


novamente – a antiga fronteira soviete-polonesa era a apenas algumas dezenas de
quilômetros de Minsk.

O país entraria na inevitável guerra com os nazistas em posições estrategicamente


muito desvantajosas, enquanto milhões de pessoas de diferentes nacionalidades,
incluindo judeus vivendo próximos a Brest e Grodno, Przemyśl, Lvov e Wilno,
morreriam nas mãos dos nazistas e seus aliados locais – antisemitas e nacionalistas
radicais.
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O fato de que a União Soviética buscava evitar entrar em combate no crescente


conflito por tanto tempo quanto possível e evitava lutar ao lado da Alemanha foi a
razão por que o contato real entre tropas soviéticas e alemãs ocorreu muito mais a
leste do que os territórios acordados nos protocolos secretos.

Não era no rio Vistula, mas perto da chamada Linha Curzon, que em 1919 era
compreendida pela Tríplice Entente como a fronteira oriental da Polônia.

Apenas diria que, em setembro de 1939, a liderança soviética teve uma oportunidade
de mover as fronteiras ocidentais da URSS ainda mais ao ocidente, até Varsóvia, mas
decidiu não fazê-lo.

Os alemães sugeriram formalizar o novo status quo.

Em 28 de setembro de 1939, Joachim von Ribbentrop e V. Molotov assinaram em Moscou


o Pacto de Não Agressão Germano-Soviético, bem como o protocolo secreto para
modificar as fronteiras do Estado, de acordo com o reconhecimento da fronteira na
linha de demarcação onde dois exércitos de-facto estivessem.

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Em outono de 1939, a União Soviética, satisfazendo seus objetivos estratégicos


militares e de defesa, iniciaram o processo de incorporação da Latívia, Lituânia e
Estônia.

Sua ascensão à URSS foi implementada numa base contratual, com o consentimento das
autoridades eleitas.

Isto foi feito em linha com leis internacionais e nacionais da época.

Além disso, em outubro de 1939, a cidade de Vilna e regiões ao redor, que tinham
previamente sido parte da Polônia, foram devolvidas à Lituânia.

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As repúblicas bálticas dentro da URSS preservaram seus corpos governamentais,


idiomas e tiveram representações nas altas estruturas estatais da União Soviética.

Durante todos esses meses, houve um constante e invisível embate político-militar e


diplomático e trabalhos de serviços de inteligência.

E não há razão para se levar declarações oficiais e notas protocolares formais da


época como prova de “amizade” entre a URSS e a Alemanha.

A União Soviética tinha ativo comércio e contato técnico não apenas com a Alemanha,
mas com todos os países.

Enquanto Hitler tentava, de novo e de novo, levar a União Soviética ao confronto da


Alemanha com o Reino Unido.

Mas o governo soviético manteve-se firme.


A última tentativa de persuadir a URSS para agir conjuntamente foi feita por Hitler
durante a visita de Molotov a Berlim em novembro de 1940.

Mas Molotov habilmente seguiu as instruções de Stalin e restringiu-se a uma


discussão geral da ideia alemã sobre a União Soviética entrar no Pacto do Eixo
assinado pela Alemanha, Itália e Japão em setembro de 1940 e voltado contra o Reino
Unido e os Estados Unidos.

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Não é surpresa que já no dia 17 de novembro Molotov deu as seguintes instruções ao


representante plenipotenciário em Londres Ivan Maisky:

“Para sua informação… nenhum acordo foi assinado, tampouco há intenção de que seja
assinado em Berlim. Apenas trocamos nossos pontos de vista em Berlim… e foi tudo…
aparentemente, os alemães e japoneses estão ansioso para nos empurrar rumo ao Golfo
e à índia. Nós rejeitamos a discussão sobre este assunto por considerarmos
semelhante sugestão por parte da Alemanha inapropriada”.

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E em 25 de novembro, a liderança soviética concluiu oficialmente colocando à frente


de Berlim condições que eram inaceitáveis para os nazistas, inclusive a remoção de
tropas alemãs da Finlândia, tratado de assistência mútua entre Bulgária e URSS e
muitas outras.

Então, deliberadamente excluiu qualquer possibilidade de participar do Pacto.

Tal posição definitivamente moldou as intenções do Fuehrer de deflagrar uma guerra


contra a URSS.

E já em dezembro, pondo de lado os avisos de seus estrategistas sobre o periogo


desastroso de ter uma guerra de duas frentes, Hitler aprovou o Plano Barbarossa.

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Ele o fez com o conhecimento de que a União Soviética era a maior força que lhe
opunha na Europa e que a batalha vindoura ao leste decidiria o resultado da guerra
mundial.

E ele não tinha dúvidas acerca da agilidade e sucesso das campanhas de Moscou.

E aqui gostaria de destacar o seguinte: países ocidentais, de fato, concordaram com


as ações soviéticas e reconheceram a intenção da União Soviética de garantir sua
segurança nacional.

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Deveras, em 1° de outubro de 1939, Winston Churchill, o Primeiro Lord de


Almirantado da época, em seu discurso no rádio, disse:

“Rússia perseguiu uma fria política de interesse próprio… Mas que os exércitos
russos devem se manter nesta linha [a nova fronteira ocidental] é claramente
necessário para a segurança da Rússia contra a ameaça nazista”.

Em 4 de outubro de 1939, falando na Câmara dos Lordes, a Secretária de Assuntos


Externos Britânicos Halifax disse “… deve ser recordado que as ações do governo
soviético eram de mover a fronteira essencialmente para a linha recomendada na
Conferência de Versalhes por Lord Curzon… apenas cito fatos históricos e acredito
serem indisputáveis”.

O proeminente político e estadista britânico D. Lloyd George enfatizou: “os


exércitos russos ocuparam os territórios que não são poloneses e que foram
forçadamente tomados pela Polônia após a Primeira Guerra Mundial… seria um ato de
insanidade criminosa elencar o avanço russo como igual ao alemão”.

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Em comunicações informais com o representante plenipotenciário Maisky, diplomatas


britânicos e políticos de alto calibre falaram ainda mais abertamente.

Em 17 de outubro de 1939, o subsecretário de Estado para assuntos exteriores R.A.


Butler confidenciou-lhe acreditar que círculos do governo britânico acreditavam não
poder haver questionamento acerca de retornar a Ucrânia ocidental e a Bielorússia à
Polônia.

De acordo com ele, se fosse possível criar uma Polônia etnográfica de tamanho
modesto com uma garantia não só da URSS e da Alemanha, mas também do Reino Unido e
da França, o governo britânico se daria por muito satisfeito.

Em 27 de outubro de 1939, o conselheiro sênior de Chamberlain, H. Wilson, disse que


a Polônia tinha de ser restaurada como um Estado independente sobre suas bases
etnográficas, mas sem a Ucrânia ocidental e a Bielorrússia.

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É válido notar que no curso dessas conversas as possibilidades de melhorar as


relações britânico-soviéticas também estavam sendo exploradas.

Estes contatos em grande escala estabeleceram a fundação para a futura aliança e


coalizão anti-Hitler.

Churchill destacou-se entre outros responsáveis políticos de visão aguçada e,


apesar de seu famigerado desgosto pela URSS, mostrou-se a favor da cooperação com
soviéticos desde antes.

Em maio de 1939, ele disse na Casa dos Comuns do Reino Unido:

“Nós podemos estar em perigo mortal se falharmos em criar uma grande aliança contra
agressões. A pior insanidade seria expurgar qualquer cooperação natural com a
Rússia soviética”.

E após o início das hostilidades na Europa, em sua reunião em Maisky em 6 de


outubro de 1939, ele confessou que não havia sérias contradições entre o Reino
Unido e a URSS e, portanto, não havia razão para relações insatisfatórias.
Ele também mencionou que o governo britânico empolgava-se em desenvolver relações
comerciais e dispunha-se a discutir quaisquer medidas que pudessem melhorar as
relações dos Estados.

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A Segunda Guerra Mundial não aconteceu da noite para o dia, nem começou
inesperadamente ou repentinamente.

A agressão alemã contra a Polônia não veio “do nada”.

Portanto, é injusto afirmar que a visita de dois dias a Moscou do ministro nazista
de relações exteriores Ribbentrop foi a principal razão para a Segunda Guerra
Mundial.

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Por exemplo, a resolução da Importância da lembrança europeia para o futuro da


Europa aprovada pelo Parlamento Europeu em 19 de setembro de 2019 diretamente
acusou a URSS, junto com a Alemanha nazista, de iniciarem a Segunda Guerra Mundial.

Não é preciso dizer que não há menção a Munique nem nada parecido na resolução.

E o que isso mostra?

Lamentavelmente, revela uma política deliberadamente voltada a destruir a ordem


mundial pós-guerra, cuja criação foi uma questão de honra e responsabilidade de
Estados de representantes que votam hoje a favor desta enganosa resolução.

Assim, desafiaram as conclusões do tribunal de Nuremberg e os esforços da


comunidade internacional de criar as vitoriosas instituições internacionais de
1945.

Além de representar uma ameaça aos princípios fundamentais desta ordem mundial,
isto também levanta problemas éticos e morais.

Insultar e desrespeitar a memória é medíocre.

A mediocridade pode ser deliberada, hipócrita e basicamente intencional, como na


situação quando declarações comemorando 75° aniversário do fim da segunda guerra
mundial mencionam todos os participantes da coalizão anti-Hitler exceto a União
Soviética.

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A mediocridade também pode ser sangrenta, como na situação em que aqueles que se
erguem contra neo-nazistas e sucessores de Bandera são mortos e queimados.

A respeito disto, posso declarar com toda responsabilidade que não há documento
arquivado que confirmaria a presunção de que a URSS tinha a intenção de começar uma
guerra preventiva contra a Alemanha.
A liderança soviética militar, de fato, seguiu uma doutrina de acordo com a qual,
no evento de agressão, o Exército Vermelho prontamente confrontaria o inimigo, iria
à ofensiva e declararia guerra no território inimigo.

Hoje, os documentos de planejamento militar, as instruções dos Estados-Maiores


soviético e alemão estão disponíveis para os historiadores.

Finalmente, sabemos como os eventos ocorreram.

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Mas o ataque nazista foi verdadeiramente sem precedentes em termos de poder


destrutivo.

Em 22 de junho de 1941, a União Soviética enfrentou o exército mais poderoso, mais


mobilizado e qualificado do mundo, para o qual trabalhava o potencial industrial,
econômico e militar de quase toda a Europa.

Não apenas a Wehrmacht, mas também os países satélites alemães, contingentes


militares de muitos outros Estados do continente europeu, participaram dessa
invasão.

As graves derrotas militares em 1941 levaram o país à beira do desastre.

A capacidade de combate e de controle teve que ser restaurada por meios extremos,
mobilização nacional e intensificação de todos os esforços do Estado e do povo.

No verão de 1941, milhões de cidadãos, centenas de fábricas e indústrias começaram


a ser evacuados sob fogo inimigo para o leste do país.

A fabricação de armas e munições, que começaram a ser fornecidas à frente já no


primeiro inverno da guerra, foi lançada o mais rapidamente possível e, em 1943, as
taxas de produção militar da Alemanha e de seus aliados foram excedidas.

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Houve traição e deserção. A violenta divisão causada pela revolução e a Guerra


Civil, o niilismo, a maneira de zombar da história, das tradições e da fé que os
bolcheviques tentaram impor, especialmente nos primeiros anos após a chegada ao
poder, tudo isso teve seu impacto.

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Os “estrategistas” nazistas estavam certos de que um enorme Estado multinacional
poderia ser facilmente esmagado.

Eles acreditavam que o início repentino da guerra, a sua crueldade e dificuldades


insuportáveis exacerbariam inevitavelmente as relações interétnicas, e que o país
poderia ser dividido em partes.

Hitler declarou: “nossa política em relação aos povos que vivem nas vastas áreas da
Rússia deve promover qualquer forma de desacordo e divisão”.

Mas, desde os primeiros dias, ficou claro que o plano nazista fracassaria.

A Fortaleza de Brest foi protegida até à última gota de sangue por soldados de mais
de 30 etnias.

A região do Volga e os Urais, a Sibéria e o Extremo Oriente, as repúblicas da Ásia


Central e Cáucaso se tornaram o lar de milhões de pessoas evacuadas.

A amizade dos povos e a ajuda mútua se tornaram uma verdadeira fortaleza


indestrutível para o inimigo.

Estes foram os heróis que lutaram até o fim, cercados pelo inimigo, nos arredores
de Bialystok e Mogilev, Uman e Kiev, Vyazma e Kharkov.

Eles desencadearam ofensivas nas áreas próximas a Moscou e Stalingrado, Sevastopol


e Odessa, Kursk e Smolensk. Eles libertaram Varsóvia, Belgrado, Viena e Praga,
tomaram de assalto Koenigsberg e Berlim.

Somente nas batalhas por Rzhev e montes de Rzhev, de outubro de 1941 a março de
1943, o Exército Vermelho perdeu 1.342.888 homens, incluindo feridos e
desaparecidos.

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Citarei outro documento.

Um relatório de fevereiro de 1954 da Comissão Aliada de Reparação da Alemanha,


chefiada por Ivan Maisky.

A tarefa da Comissão era definir uma fórmula segundo a qual a Alemanha derrotada
teria que pagar pelos danos causados às potências vitoriosas.

A comissão concluiu que “o número de dias de soldado gastos pela Alemanha na frente
soviética é pelo menos 10 vezes maior do que em todas as outras frentes aliadas.

A frente soviética também teve que lidar com quatro quintos dos tanques alemães e
cerca de dois terços das aeronaves alemãs”.

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No geral, a União Soviética representou cerca de 75% de todos os esforços militares


empreendidos pela coalizão anti-Hitler.
Ao longo dos anos de guerra, o Exército Vermelho “enterrou” 626 divisões dos países
do pacto Tripartido, das quais 508 eram alemãs.

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No dia 28 de abril de 1942, Franklin D. Roosevelt afirmou em discurso à nação


americana: “As tropas russas destruíram e continuam destruindo mais tropas, aviões,
tanques e armas de nossos inimigos, do que todas as outras nações unidas”.

Winston Churchill, em sua mensagem a Joseph Stalin, de 27 de setembro de 1944,


escreveu “o Exército russo arrancou as entranhas da máquina militar alemã…”.

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Quase 27 milhões de soviéticos perderam a vida nas frentes, nas prisões alemãs,
morreram de fome e bombardeios, morreram em guetos e nos campos de extermínio
nazistas.

A União Soviética perdeu um em cada sete de seus cidadãos, o Reino Unido perdeu um
em cada 127 e os EUA perderam um em cada 320 habitantes.

Infelizmente, esse número das perdas da União Soviética é inconclusivo.

O trabalho meticuloso deve prosseguir para restaurar os nomes e destinos de todos


os que morreram, soldados do Exército Vermelho, guerrilheiros, combatentes
clandestinos, prisioneiros de guerra de campos de concentração e civis mortos pelos
esquadrões da morte.

É o nosso dever.

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O Exército britânico protegeu sua terra natal da invasão, lutou contra os nazistas
e seus satélites no Mediterrâneo e no norte da África.

As tropas norte-americanas e britânicas libertaram a Itália e abriram a Segunda


Frente.

Os EUA fizeram ataques poderosos e esmagadores contra o agressor no oceano


Pacífico.

Ressaltamos os tremendos sacrifícios feitos pelo povo chinês e seu grande papel na
derrota dos militaristas japoneses.

Também seremos sempre gratos pela assistência prestada pelos aliados no


fornecimento de munições, matérias-primas, alimentos e equipamentos ao Exército
Vermelho, ajuda que foi significativa, aproximadamente sete por cento da produção
militar total da União Soviética.
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O núcleo da coalizão anti-Hitler começou a tomar forma imediatamente após o ataque


à União Soviética, com os Estados Unidos e o Reino Unido apoiando
incondicionalmente a luta contra a Alemanha de Hitler.

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Assim, o Exército Vermelho apoiou o desembarque das tropas anglo-americanas na


Normandia, realizando a Operação Bagration em grande escala na Bielorrússia. Em
janeiro de 1945, tendo atravessado o rio Oder, pôs fim à última ofensiva poderosa
da Wehrmacht na Frente Ocidental nas Ardenas.

Três meses após a vitória sobre a Alemanha, a União Soviética, em total


conformidade com os acordos de Yalta, declarou guerra ao Japão e derrotou o
exército de Kwantung, com um milhão de soldados.

Em julho de 1941, a liderança soviética declarou que o objetivo da guerra contra os


opressores fascistas não era apenas a eliminação da ameaça que pairava sobre o
nosso país, mas também a ajuda a todos os povos da Europa que sofriam sob o jugo do
fascismo alemão.

Em meados de 1944, o inimigo foi expulso de praticamente todo o território


soviético.

No entanto, o inimigo teve que ser eliminado em seu covil.

E assim, o Exército Vermelho iniciou sua missão de libertação na Europa.

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É importante não esquecer a enorme assistência material que a União Soviética


prestou aos países libertados na eliminação da ameaça da fome e na reconstrução de
suas economias e infraestrutura.

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Figuras como Petain, Quisling, Vlasov, Bandera, e seguidores, embora tenham sido
disfarçados de combatentes pela independência nacional ou pela liberdade do
comunismo, são traidores e assassinos.

Na desumanidade, muitas vezes excederam seus senhores.

No desejo de servir, como parte de grupos punitivos especiais, eles executaram


voluntariamente as ordens mais desumanas.

Portanto, é desconcertante quando em certos países aqueles que ficaram manchados


pela colaboração com os nazistas são repentinamente equiparados aos veteranos da
Segunda Guerra Mundial.

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