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EVENTOS DA HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO ALEMÃ NA VOLINIA

PERÍODOS DE MIGRAÇÃO
Os primeiros indícios da presença de alemães na Volinia são do século 13,
quando artesãos e mercadores migraram até as cidades de Wladimir e
Luzk. Com o aumento da população de língua alemã nos séculos seguintes,
criou-se a necessidade da presença de profissionais da lei, de pastores e
de professores. Em 1783 foi inaugurada a primeira igreja luterana.
A primeira etapa significativa da colonização alemã na Volínia aconteceu
durante a primeira década de 1800 quando agricultores menonitas da
Prússia para lá migraram, em cumprimento às suas convicções religiosas
de não participação do serviço militar prussiano. No mesmo período
chegaram agricultores pomeranos e lenhadores da Baixa Silésia e da
Polônia que fundaram as primeiras colônias alemãs nas cidades de
Nowograd-Wolynsk, Tuczyn e Rozyszcze.
A segunda etapa da colonização aconteceu em 1830/31 quando o Levante
de Novembro na Polônia forçou colonos alemães poloneses a migrarem
para o território da Volínia.
O maior movimento migratório que configurou a terceira etapa da
colonização na Volínia, também por alemães poloneses, aconteceu em
1863/64 com a abolição da servidão na Rússia e com o Levante de Janeiro
na Polônia. Russos, proprietários de terras na Volínia, ao não disporem
mais da mão de obra dos servos, arrendaram ou venderam suas
propriedades aos alemães.
No início da primeira guerra mundial em 1914, a população de colonos
alemães na Volínia chegava a 250.000 habitantes.

EVENTOS NO DECORRER DAS DUAS GRANDES GUERRAS


Em 1915 a administração militar russa, obedecendo às ordens do czar,
decretou a expulsão dos alemães da Volínia não pertencentes à Igreja
Ortodoxa, em especial os luteranos. Suspeitos de espionagem eram
fuzilados ou presos. Muitos agricultores esconderam suas famílias nas
regiões pantanosas. Quando as tropas alemãs se retiraram do território
russo essas famílias os acompanharam até a Prússia Oriental. Colonos
alemães que permaneceram em suas propriedades tiveram suas famílias
desmembradas e deportadas para locais diferentes da vasta Sibéria, da
região do Volga e do Cáucaso, sob o controle das autoridades russas.
O Tratado de Riga assinado ao final da guerra Polaco – Soviética (1919/21)
estabeleceu novos limites geográficos. O oeste da Volínia foi transformado
na II República Polonesa, ou Volínia Polonesa. O leste da Volínia passou a
ser chamado Volínia Ucraniana e fazer parte da República Soviética
Ucraniana. A nova configuração geopolítica alterou/anulou a validade de
documentos de identidade do povo alemão russo na Volínia.
Alemães que nessa nova condição procurassem retornar se depararam
com a exigência de novos documentos e com a presença de famílias
polonesas ocupando suas propriedades. Os colonos que tinham
permanecido foram presos em campos de trabalho forçado, deportados
para a Sibéria ou fuzilados. Quanto aos registros, até 1939 não existiam
cartórios, portanto a população era anotada unicamente nos livros das
igrejas pelos pastores titulares. Estes, por sua vez, sofriam limitações no
exercício das suas funções desde a década de 20 quando a prática
religiosa não era permitida.
No território da Volínia que viria a ser a Ucrânia de hoje, morreram de
fome milhares de pessoas (incluindo-se os colonos alemães
remanescentes) nos anos 1932/33 em consequência da coletivização da
agricultura imposta pelo governo comunista soviético. A história define o
ocorrido como “Holodomor”.
Em 1939 a população alemã russa da Volínia e de outros países do leste
europeu foi resgatada e acolhida na Polônia recém ocupada pelas tropas
alemãs em assentamentos chamados “Warthegau”, alguns deles
localizados na região de Lodz. A intenção era consolidar a ocupação de
parte do território polonês e a “germanização” desse povo de acordo com
a filosofia nacional socialista.
Quando em 1941 as tropas alemãs invadiram a União Soviética foram
recebidas como libertadoras dos colonos alemães. As escolas foram
reabertas e os cultos voltaram a acontecer. Mas foi por pouco tempo. A
população de religião ortodoxa e os partidários do regime comunista
executavam aqueles que não pertencessem à sua religião. Em novembro
de 1943 os alemães russos acompanharam as tropas alemãs em retirada
pelo difícil e longo caminho até a Alemanha.
“Nem o desterro dos alemães do território da Volínia para a longínqua
Sibéria, nem a procura de abrigo na pátria-mãe Alemanha, nem mesmo o
retorno à Volínia seriam solução definitiva para essa população migrante.
Na busca de tal solução muitas pessoas encontraram seu porto seguro nas
Américas, no Brasil, e na região de Ijuí”. Ursula Axt Martinelli, em Portal
da Inspiração Círculo de Escritores de Ijuí, 150 – 156, 2018.

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