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Capa: Magnifique
Sou viúvo há cinco anos e apesar de adorar minha mulher, Mary Anne, a
vida seguiu em frente, até que aquela maldita agente do FBI, a sargento,
apareceu no meu escritório com uma notícia que virou minha vida de cabeça
para baixo. O detalhe não os problemas que ela trouxe, mas o fato de ser
gostosa e linda, e eu não conseguir tirar os olhos dela. Ela é insuportável de
tão desejável. Sinto que não vai dar certo.
Elizabeth Andrews
Com amor,
Flávia Padula
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Epílogo
Prólogo
— Então levanta esse seu traseiro daí e vem tomar uma com a gente –
Ben avisou e desligou o telefone sem dizer mais nada.
O Sheik Hans bin Abul Aziz gosta de ter o controle de tudo. Não
apenas de suas seis esposas e vinte filhos, mas como de tudo que o cerca.
Quer dizer, dezenove filhos, porque eu fui deserdado quando parti sem olhar
para trás, quando não me submeti a um casamento arranjado aos dezoito
anos, quando não abaixei a cabeça para suas exigências ridículas e me tornei
dono do meu próprio destino.
Claro, que agora, ele tinha orgulho de mim. Sou o primeiro filho de
sua terceira esposa, e depois de dez anos, me tornei o preferido porque
provei que sou melhor do que ele pensava, que posso sobreviver sem suas
asas e seu domínio. E tal situação não tem preço. Eu me sinto O cara.
Fui até o closet, peguei uma calça jeans e uma camisa preta e me
vesti. Meia hora mais tarde estava na casa de show onde os caras estavam
me esperando. A Dominiun, como era chamada, só era frequentada pela elite
de Boston, pessoas davam a alma para estar ali, a fila era imensa, mas fui
para a entrada e o segurança me deixou passar sem dizer nada. Algumas
pessoas reclamaram e ele fechou a entrada novamente.
— Espero que tenha dado tudo certo – Jon comentou. No auge dos
seus quarenta e oito anos, ele não parecia ter sequer quarenta. Era no estilo
mais jovem e o cabelo branco com fios prateados atraía a atenção das
mulheres mais do que eu e Eliot juntos. Chegava a ser irritante.
Por fim, eu era o mais certinho dos três. Gostava de uma foda, claro.
Mas passei tanto tempo de luto por causa de Mary Anne que, às vezes, me
esquecia que podia flertar e ter uma boa transa. Apesar de não usar mais o
anel de casado no dedo, algo que fui obrigado a tirar depois de meses de
terapia, havia momentos em que me esquecia que era viúvo e estava solteiro
o suficiente para trepar com a mulher que quisesse. Como a ruiva lá
embaixo.
— Alguém tem que pagar as contas, não tive papai rico para me
sustentar – ele zombou de volta para pegar em mim e em Eliot.
— Você deveria estar casado, Ben – Eliot disse a ele —, e não ficar
aqui atrapalhando minha vida!
— Eu não sei o que esse cara tem! – Eliot reclamou. — Ele é um ímã
para garotas jovens!
— A gente se fala...
Ele partiu e fiquei parado olhando a multidão. Aqueles cabelos
vermelhos chamaram minha atenção e novamente meu olhar se encontrou
com o da ruiva. Ela sorriu e me chamou movendo a mão. Olhei ao redor e
não vi sinal de Eliot, ou ele estava no bar ou flertando com alguém. Sorri
satisfeito e desci as escadas, a ruiva veio em minha direção.
— Oi – eu disse.
— Oi – ela sorriu.
Não hesitei em atender seu pedido, subi sua saia para agarrar aquela
bunda gostosa e a ergui no ar, ela me abraçou com as pernas e a cabeça do
meu pau sondou sua entrada e entrei de uma vez, ela ofegou alto e comecei a
entrar e sair cada vez mais forte. Ela agarrou minhas costas e começou a
rebolar gostoso no meu pau e fomos nos perdendo naquele frenesi
maravilhoso.
Há algum tempo, percebi que apesar de ter amado muito a minha
esposa, precisava seguir em frente em todos os sentidos. Afastei qualquer
resquício de Mary Anne da minha cabeça e foquei na ruiva. Que delícia!
— Sim, senhor.
Fiz menção para que ela seguisse em direção à minha sala. Abri a
porta para ela entrar e senti o perfume feminino quando passou por mim.
Entrei e fechei a porta e segui para a minha mesa. As cortinas da parede de
vidro estavam abertas e eu podia ver toda a cidade de Boston dali.
— Não pode ser, minha esposa era órfã, não tinha família... – proferi
com toda certeza do mundo.
— Sinto em lhe dizer que sua esposa era filha de Joanne Maxuel, o
senhor pode conferir na documentação dela – a agente insistiu.
Franzi o cenho. Não estava gostando daquele assunto. Mary Anne não
teria mentido sobre algo tão sério para mim.
— Não sei o que ela lhe contou, mas estou trazendo a verdade.
Depois que conversarmos, o senhor pode contratar um detetive particular ou
até mesmo pedir para o seu advogado entrar em contato com as autoridades
de Castle Dale – ela propôs muito séria —, eu não perderia meu tempo
vindo até aqui para causar uma intriga familiar.
Havia desprezo em sua voz e não podia culpá-la. Eu era apenas um
marido enganado relutando em aceitar o fato de ter sido ludibriado. Por que
Mary Anne teria escondido a família de mim? Vergonha?
— Que seja verdade – acatei o que ela disse —, que minha esposa
tinha a mãe viva e não me contou. Por que me procurou?
— Sua esposa, Mary Anne, era casada com Timothy Flint – ela
colocou o documento diante de mim —, e eles não tinham se divorciado.
— Sinto muito ter que lhe dizer tudo isso, Senhor Aziz – disse
sincera —, mas não há outra forma.
— Sim, pelo que entendi, sua esposa nunca deixou de ter contato com
a família... Joanne sabia exatamente quem o senhor era.
Fiquei tenso e senti meu maxilar travar. Tinha sido feito de idiota?
Era isso? Mary Anne era uma mentira? Três anos de casados e eu vivi uma
falsidade? Ela me enganou, não contou sobre o ex-marido ou a mãe?
— Sim, ela foi para Los Angeles e ao fazer escala em Utah o avião
caiu antes de pousar em Salt Lake City – ela confirmou.
Pelo menos algo era verdade nessa história sórdida. Por que Mary
Anne mentiu? Quem ama mente? Eu a apresentei para a minha família mesmo
ela não sendo da nossa cultura e porque ela não confiou em mim e fez o
mesmo?
— Então, a mãe dela morreu e lhe pediu que me encontrasse e
dissesse a verdade sobre a filha dela? – perguntei o óbvio.
— Sim, mas havia um motivo muito sério para isso, Senhor Aziz.
Foi a primeira vez que vi emoção surgir naquele rosto bonito. Até
agora Elizabeth Andrews era um poço de profissionalismo, falava comigo
como a narradora de um canal de investigação criminal. Mesmo ela
parecendo ser da família, não se mostrava chocada com os fatos. Era como
se ela esperasse isso da prima distante. Eu me sentia como o marido traído,
que era o último a saber ou a desconfiar da esposa perfeita, na verdade,
diante daqueles fatos, acabei de descobrir que Mary Anne era uma mentirosa
compulsiva.
Se ela mentiu sobre o próprio passado e história, sobre o que mais
teria mentido? Ela chorou quando falou sobre a mãe, a forma como morreu
quando ela era jovem, como pôde ser tão falsa?
Meu corpo todo ficou tenso. Ela tirou duas certidões de dentro do
envelope e me entregou.
— Sim, ficou claro que Joanne queria que cuidasse dos netos que a
filha abandonou – ela falou com sua costumeira frieza —, eles não têm mais
ninguém, Senhor Aziz. Joanne não tinha parentes e minha mãe morreu há
alguns anos.
— O quê?
E algo me dizia que não seria a última facada.
Capítulo 2
A diferença foi que eu fui embora de Castle Dale aos quatorze anos
quando minha mãe se casou com o agente do FBI, John Andrews, que me
adotou e me fez entender o que era uma família. Mary Anne se casou com um
babaca como o pai dela e teve dois filhos antes de partir para Boston e fazer
aquele empresário árabe de idiota. Todos na cidade sabiam da história,
mesmo eu, quando eles se casaram, Joanne ligou para contar a minha mãe
como se fosse uma vantagem.
E ele teria vivido o resto de sua vida acreditando que ela era uma
mulher incrível se não fosse pelas crianças e a morte de Joanne. Eu me
perguntava o motivo pelo qual ela nunca o procurou antes. E foi para não
manchar a imagem de sua filha perfeita que ela sempre adorou. Joanne era
capaz de qualquer coisa por Mary Anne, nunca deu limites à filha e por isso
ela se tornou uma mulher sem caráter, capaz de enganar um homem íntegro
por causa do dinheiro. A ambição dela não tinha limites.
— Sinto muito em ter que lhe contar isso, Senhor Aziz – disse
sincera —, mas preferi tomar a frente da situação, por causa das crianças e o
carinho que tenho por elas, a deixar na mão de algum assistente social que
não saberia tratar o assunto.
Afinal, o que um empresário rico, viúvo e sem filhos iria fazer com
duas crianças que sequer conhecia?
Eu me ergui, finalmente.
Ele ficou me olhando sem dizer uma palavra. Seu olhar era intenso,
como se ele estivesse pensando em algo muito distante dali. Hassan Aziz
olhava através de mim e isso me incomodou, não gostava que ficassem me
encarando sem dizer nada.
Ele deu uma risada baixa, levou a mão à testa e esfregou a ponta dos
dedos como se pensasse friamente. Abaixei a mão estendida e esperei que
ele dissesse qualquer coisa.
— Não acha que a senhorita pode vir aqui me dar uma notícia dessas
e pensar que não vou querer conhecer as crianças. – a frieza de seu olhar foi
um golpe.
— Então por que sua tia não a nomeou tutora? – ele me questionou.
— Quem decide isso sou eu, Senhorita Andrews – ele contrapôs com
a mesma frieza que eu imputava em nossa conversa —, quero conhecê-los
agora. – exigiu.
— Vamos com calma! – pedi —, não disse a eles o motivo pelo qual
estamos em Boston, e sequer citei seu nome ou o que a avó decidiu.
— Mas a senhorita não sabe nada sobre mim e tenho certeza que está
acostumada a lidar com o pior tipo de gente – ele falou duro, seus olhos
passeando pelo meu rosto —, mas não me julgue por sua experiência, não
costumo agir como esperam ou não estaria onde estou.
Não fazia ideia do que ele queria dizer com aquilo, mas não
significava que suas palavras me fariam confiar nele.
— Quer que eu acredite que o senhor quer conhecê-las porque tem
boas intenções?
Nunca me apeguei a nada na vida. Desde que escolhi que seria uma
agente do FBI como meu padrasto, tomei muitas decisões, uma delas era
nunca ter família, não permitir que meu trabalho os ameaçasse, ou os
colocasse em risco. Mas quando coloquei os olhos sobre Betina e Michael,
algo se quebrou dentro de mim, eu não podia permitir que eles ficassem em
um abrigo de menores e esperassem que um dia fossem adotados, o que
dificilmente aconteceria, dada a idade avançada deles. Os casais geralmente
queriam bebês ou crianças que não poderiam se lembrar da vida que
levaram ou dos pais.
Lembrei da minha mãe me dizendo que Mary Anne era uma cobra e
não havia gostado dela. Dei um sorriso amargo enquanto tomava o uísque,
em pé, olhando pela parede de vidro. Eu, que sempre me gabei de ser
esperto, de ter construído um império de dinheiro, fui feito de bobo por três
anos e sequer desconfiei. Ela estava com o marido durante a viagem, talvez
ela sequer trabalhasse quando estava viajando e usasse apenas uma desculpa
para ver a família. E as viagens dela sempre coincidiam com os meus
compromissos.
Ela dizia que fazia sua agenda baseada na minha. Ela era esperta,
desse modo eu nunca pude acompanhá-la e ela ficava com a família e com o
marido com quem ainda estava ligada. O que ela pensava? Que eu nunca
descobriria a verdade? E se descobrisse? Talvez ela usasse do meu amor
para inventar uma história em que eu pudesse acreditar e perdoá-la.
Qualquer coisa era possível vindo de uma pessoa que era capaz de mentir e
enganar daquela forma.
— O que é isso?
— O quê? – Ele tentou rir, mas ficou sério quando notou que eu não
estava brincando. — Não pode estar falando sério!
— O que você tem com isso? – ele não compreendia. Quem poderia
imaginar aquele absurdo?
— Não faço ideia, mas não posso deixar essas crianças na mão dessa
agente, sendo que mal a conheço – afirmei.
— Por isso, vai ter que investigá-la também para mim – pedi —,
para que eu passe a guarda para ela, preciso ter certeza que é uma pessoa
idônea.
— Seria perigoso ter uma pessoa estranha sob o seu teto! – ele me
precaveu. — Não sabe nada sobre ela!
— Fico aguardando uma ligação sua – exigi —, seja rápido, vou até
o hotel ver as crianças e preciso decidir se as levo para minha casa ou não.
Mas é o mais provável que eu o faça.
Assenti levemente.
Antony bufou.
Estava tenso quando cheguei à recepção e avisei que estava ali para
falar com a Senhorita Andrews.
— Ela está na sala de recreação, senhor Aziz – a recepcionista
respondeu —, fica no segundo andar, senhor.
— Obrigado.
Eu me dirigi para lá e saí num corredor extenso, de longe podia ouvir
o grito de crianças. Através da parede de vidro, eu pude ver algumas
crianças correndo de um lado para o outro, enquanto recreadores tentavam
entretê-los. Fiquei parado ali, observando de início. Olhei ao redor e vi a
Senhorita Andrews sentada num banco mais reservado lendo uma revista, ela
usava ainda aquela roupa de agente do FBI, com aquele jeito frio, não
duvidava que tivesse uma arma debaixo do colete.
Foi então que a menina caiu sentada no pula-pula e riu. Ela olhou
para o lado e me viu e estreitou os olhos como se me conhecesse, riu em
seguida para mim e se ergueu com dificuldade para pegar no braço do irmão
e fazê-lo parar e me apontar. O menino também arregalou os olhos e riu,
acenando. Olhei para trás para ter certeza que era comigo, afinal, eles não
me conheciam.
Eles começaram a sair do brinquedo e me aproximei da porta. A
Senhorita Andrews sentiu a minha presença e ergueu aqueles olhos verdes
para mim, nada feliz por me ver. Acredito que nunca uma mulher se mostrou
tão avessa à minha presença. Talvez as duas primeiras esposas do meu pai
porque durante muito tempo fui o preferido. Mas elas não contavam. Não
eram bonitas e atraentes de um jeito agressivo que me fazia deseja-las.
— Que bom que veio! – Betina disse alegre como se fosse a coisa
mais óbvia do mundo.
Oh, meu Deus! Olhei para as mãos unidas e depois para Hassan. Ele
sorriu satisfeito para Betina e depois para mim. Notei que quando ele sorria
os olhos pequenos ficavam ainda menores, um charme que não passava
despercebido.
— Acredito que depois dessa descoberta, nós todos precisamos de
um sorvete – ele comentou.
— Talvez não seja bom tomar um sorvete logo pela manhã – eu tentei
dissuadi-lo de qualquer coisa, embora soubesse que estava sendo ilógica —,
faz mal tomar sorvete antes do almoço! – argumentei.
Ele ofereceu a mão para Michael que aceitou e juntos eles deixaram
o salão de recreação. Olhei ao redor e notei que os olhos femininos estavam
sobre Aziz. Revirei os olhos, sem entender. Tudo bem, o homem era bonito,
de verdade. Como naquelas propagandas de deuses gregos ou homens árabes
irresistíveis, mas não era o último do mundo, elas não precisavam parar de
trabalhar para ficar olhando, não é?
E sem esperar que eu o seguisse, foi para uma das mesas embaixo do
telhado do bar e se sentou com cada criança ao seu lado. Aziz tirou o paletó
junto com o colete, expondo o peito largo sob a camisa branca e sentou-se.
Ele ainda desabotoou as mangas e dobrou até os cotovelos exibindo os
braços definidos. Havia uma tatuagem tribal no braço esquerdo que
começava no pulso e subia até a junção com o antebraço. Eu me perguntei se
teriam mais como aquela e me repreendi em seguida. Ele poderia ter uma
tatuagem no rabo que não faria diferença.
— Claro que sim! – Betina sorriu feliz —, a vovó disse que você
cuidaria da gente!
— Betina! – eu a reprovei.
— O que foi? – ela não entendeu. — Se ele vai ser nosso pai, a gente
tem que ir para a casa dele!
Olhei para ele e senti meu coração enternecer. Michael era o menino
mais lindo e meigo que eu já havia conhecido, era impossível não gostar
dele.
E claro que fiquei constrangida. Olhei para o macho alfa e ele estava
se divertindo com aquela situação, parecia que me ver fora do eixo era um
prazer para aquele homem arrogante.
Abri os lábios para dar a resposta e ele enfiou a colher com sorvete
na minha boca. Filho da puta! Tive que tomar o sorvete e respirar fundo
para não xingar.
— E ela disse que levaria a gente para a Disney, já que a mamãe não
conseguiu! – Michael completou.
Ele não deveria se lembrar muito da mãe. Quando Mary Anne
morreu, ele tinha apenas três anos. Betina deve ter sentido mais a falta dela,
embora minha prima nunca tenha sido presente.
— Sua avó era esperta – Aziz comentou.
— A vovó era linda – Michael disse com carinho —, ela gostava da
gente.
— Sim, até mesmo uma revista que você saiu na capa – ela
completou brigando com o sorvete para colocar um pedaço sobre a colher.
— Que o certo seria a gente morar com a tia Liz, mas o trabalho dela
atrapalhava, então, tinha que ser o tio Hassan – ela contou.
Senti um murro no estômago. O meu trabalho. Deveria ter imaginado
que esse fosse o empecilho para ficarem comigo. Joanne queria alguém com
dinheiro para cuidar das crianças, ela e a filha sempre acreditaram que
pessoas ricas eram mais importantes e inteligentes. Isso me ofendeu
grandemente. Aquele homem não era melhor do que eu em nada para ficar
com as crianças e eu não. Só porque ele tinha dinheiro? Eu tinha amor e
poderia tratá-los bem melhor!
Caminhei até ele e fiquei parada às suas costas. Ele notou e se virou
para mim.
— Mas não fui eu quem inventou essa história de pai, foi sua tia! –
ele se defendeu.
Tinha que admitir que ele também não havia pedido aquela confusão
para a sua vida. Passei as mãos pela testa tentando me controlar. Estava
saindo tudo errado, nada do que planejei estava acontecendo e era uma
grande merda!
— Vou dar a notícia a eles de que vai ser o papai agora – minha voz
soou com ironia e olhei para ele de lado —, se fizer com que eles sofram,
vou cumprir minha promessa de acabar com a sua vida!
Não sei realmente o que era pior: minha vida ter levado um golpe ou
ter que aguentar aquela mulher. E ainda levei um tapa na cara. Quem ela
pensava que era? Fiquei olhando enquanto ela se afastava em direção à
mesa, aqueles quadris se movendo de um lado para o outro como se ela
fosse dona do mundo. Ela não sabia com quem havia mexido! Eu a segui,
ainda sentindo o sangue ferver, sempre fui controlado e frio, mas naquele
momento, não me reconheci!
Ela se sentou e ergueu o olhar frio para mim. Sentei também e Betina
disse:
— Vocês estavam brigando? – A menina quis saber lambendo a
colher de sorvete.
— Não bati nele, tinha uma abelha no cavanhaque e tive que tirar –
ela explicou de forma cínica.
O olhar ferino da agente caiu sobre mim. Ela sabia que eu não a
deixaria ficar com as crianças, ainda mais agora que conhecia o seu segredo.
Afastada do FBI, estava curioso para saber o que ela tinha aprontado. E
Antony ainda disse alguma coisa sobre ela estar sofrendo algum tipo de
investigação, ele não tinha os detalhes, mas me passaria mais tarde. Foi o
suficiente para ter certeza que havia algo bem errado nisso tudo. Que a
escolha de Joanne Maxuel não fora equivocada.
— Não vai tomar seu sorvete? – Michael apontou para a minha taça.
Por causa do calor, meu sorvete estava se tornando uma poça dentro
da taça.
— Vai ser muito bom a gente morar junto – Michael disse entre uma
colherada de sorvete e outra —, tia Liz vai fazer o café da manhã todos os
dias!
Olhei para ele depressa, a sargento não moraria conosco! Ela ficaria
no hotel se quisesse, mas não debaixo do meu teto!
— Mas ela está de férias! – Betina olhou para ela, aflita. — Não
está, tia Liz? Você não precisa ir embora, precisa?
Aquela mulher bonita sorriu como uma cobra perversa para mim,
antes de olhar para Betina e dizer:
— Mas sua avó queria que ficassem com o Senhor Aziz – ela
explicou —, e tenho que deixar vocês com ele.
— Fica com a gente, não vai embora! – ele pediu com uma voz tão
dolorida que me fez lembrar dos meus sobrinhos.
Betina tocou minha mão que estava em cima da mesa. Olhei para ela,
o rosto carregado de lágrimas.
Eu me levantei.
— Tomem o sorvete! – ela pediu às crianças.
Nós nos afastamos e eu voltei para ela que estava de braços cruzados
num gesto de defesa.
— Fez isso de propósito, não é? – indaguei com as mãos nos quadris.
— Quer saber? Eu não pedi essa situação, mas agora que é minha
vou lutar com unhas e dentes! – avisei — Não quero as crianças para mim,
mas também não vou deixar que fiquem com uma pessoa que mal conheço e
até agora se mostrou agressiva para mim! – disse justo o que sentia.
— Não tenho nada a ganhar ficando com eles! – ela revidou erguendo
o queixo lindo e atrevido —, a não ser o que sentimos, e como pode ver é
real! – desfez o laço do braço e apontou para as crianças —, e por que eu
confiaria em deixar essas crianças com um homem que mal conheço e que
deixou claro que não as quer?
Nós nos encaramos e senti mais que raiva por aquela mulher. Havia
algo nela, uma vontade de submetê-la, de fazê-la estar abaixo de mim e não
tinha nada a ver com humilhação. Era uma provocação, algo parecido com
instinto de sobrevivência, mas a segurei esse insano desejo com as mãos e a
arrastei para o fundo, não havia sentido em nada daquilo. Ela era apenas uma
inimiga no meu território e eu daria as cartas, ela gostando ou não.
— Você quer jogar? – Dei um passo para ela, mas como sempre, ela
não retrocedeu.
— Isso não é um jogo, é a vida de duas crianças que não têm culpa
dos adultos serem um bando de imbecis! – ela disse irritada.
— Pode ficar sob o meu teto! – avisei gesticulando com o dedo em
riste —, e quando eu tiver certeza de quem você é, para o bem ou para o
mal, vou tomar minha decisão. Se for o que essas crianças pensam que é, eu
as deixo com você, do contrário, Senhorita Andrews, farei da sua vida um
inferno e nunca mais colocará os olhos sobre elas, eu juro!
— Ela faz parte do pacote, vai ficar com eles sob minha supervisão –
respondi sabendo que ele não gostou da ideia.
— Hassan! – ele me reprovou —, a mulher está afastada do cargo,
ela sofre algum tipo de processo! Ainda não sabemos o que ela fez, mas
ninguém é afastado do FBI se não for um motivo grave!
Sabia disso, mas não podia ter duas crianças chorando debaixo do
meu teto!
E desliguei.
Colocar uma estranha debaixo do meu teto era loucura. Mas meu
instinto dizia que tinha que ser assim e nunca errei antes. Então, lembrei de
Mary Anne e recordei que errei sim e me deixei enganar pela força de uma
paixão. A diferença era que agora era na força do ódio mesmo!
Capítulo 6
E que história foi essa de eu dizer que seria a babá? O certo seria
sair dali e entrar com um pedido de guarda e fazer tudo no âmbito jurídico.
Mas ele era rico, tinha influência, poderia comprar juízes, qualquer coisa
para ter as crianças, ou apenas para tirá-las de mim. E por um motivo
inexplicável, ele tinha certeza que eu não era confiável. Ainda mais depois
que descobriu sobre eu estar afastada do FBI.
— Sargento?
— Preciso ficar de olho neles e não me divertir, alguém tem que ser
adulto por aqui – informei.
— Não dou a mínima para o seu povo! Mas espera o pior de mim –
devolvi abraçando meu próprio corpo —, como quer que eu relaxe se quer
tirar de mim as crianças?
— Obrigada, mas estou bem. Estou sem comer desde ontem, deve ser
isso! – expliquei.
— Depende. – Ri amarga.
— Estou bem, foi apenas um mal-estar por causa do calor e por estar
sem comer – garanti para tranquilizá-lo —, não vai voltar a acontecer.
Ele ficou me olhando procurando respostas e olhou novamente para o
meu braço esquerdo, mas já havia escondido.
Ele que fosse para o inferno com suas dúvidas! Não contaria a ele o
que aconteceu comigo e o que fiz. Além de não ser problema dele, não
queria falar sobre o assunto. Era mais difícil do que ele poderia supor e me
abrir para um desconhecido que não gostava de mim não era uma opção.
— Minha vida pessoal não lhe diz respeito! – avisei.
Fiquei sem graça por ter usado a dor dele contra ele.
— Tem razão – admiti —, eu não tenho nada com isso! Eu e minha
prima sequer fomos amigas, ela era a garota popular da escola e eu a Nerd
sem graça! Ela cuspia quando eu passava e eu a invejava por não ser bonita
e querida como ela era! – isso eu podia confessar.
Não doía mais. Doeu quando eu era jovem e me sentia Carrie, a
Estranha, enquanto via Mary Anne ser adorada por ser a queridinha da
escola, a rainha do baile, a chefe da torcida, a namorada do chefe do time de
futebol, a garota que vestia roupas lindas e todo mundo adorava e tudo que
ela dizia era lei. Inclusive que fizesse as pessoas me desprezarem porque eu
não era como ela. Houve uma guerra velada entre nós um dia, até que eu fui
embora e nunca mais voltei. Mary Anne engravidou do bad boy babaca aos
dezesseis anos e afundou sua vida na merda.
— Pelo visto a situação é grave – Ben olhou para o copo com gelo
que o barman colocou diante dele e encheu com o melhor uísque —,
obrigado – agradeceu.
Eu o encarei:
Assenti devagar.
— Pelo menos agora não tenho motivo para pensar nela ou bancar o
viúvo apaixonado – proferi amargo.
— Além de estar casada comigo enquanto era casada com outro cara
e ter dois filhos dos quais nunca falou? – perguntei resumindo a história.
— Descobri tudo isso porque uma prima de Mary Anne veio trazer
os filhos dela para eu cuidar – apontei para mim —, a minha falecida sogra
morreu de verdade e então deixou a guarda das crianças para mim.
— Porque sou rico! – admiti apenas para Ben —, porque ela achou
que eu daria uma vida melhor para as crianças como dei para a filha dela!
Ben riu.
— Você não fez, cara! – ele me consolou e olhei para ele, de soslaio
—, tá bom, você fez! Mas como podia saber que sua mulher tinha outra
família? Ela te amava, eu fui testemunha disso, a mulher que está me
contando não é a mesma por quem você se apaixonou!
— Ter problemas com a justiça não significa que ela seja perigosa! –
ele a defendeu.
— Cedo você vai achar quando acordar amanhã com uma ressaca do
caralho! – ele me avisou.
— Você nunca sente calor? – perguntei quando ela jogou meu paletó
no chão e começou a tirar a gravata.
— Não – ela limitou-se a responder trabalhando com seriedade para
me despir.
Ela não parecia uma mulher gostosa tirando a minha roupa, mas um
médico.
— Você nunca ri ou fica feliz? – eu continuei inquirindo com o meu
corpo balançando para frente e para trás.
— Agora daqui para frente é com você! – ela disse e se virou para
sair. — Vou fazer um café forte para ajudar!
Eu a segurei pelo braço e a puxei de volta. Não era isso que eu
precisava fazer, mas com tanto álcool na cabeça, seguia meu instinto e não
minha razão. Fiz algo que jamais faria se estivesse são. Eu beijei aquela
boca atrevida e macia. Que delícia de mulher! O corpo dela bateu contra o
meu, as mãos caíram sobre o meu peito e ela gemeu contra a minha boca.
Senti o calor tomar conta do meu corpo todo, a excitação vibrar e meu pau
pulsar dentro da cueca, enquanto eu o esfregava contra o seu ventre.
No começo, ela ficou parada, mas depois entreabriu os lábios e
deixou o beijo acontecer. Invadi sua boca e nossas línguas se encontraram, e
a apertei mais, querendo sentir mais, ter mais. Na verdade, eu queria tudo.
Foi tão forte que o beijo se tornou selvagem e senti que ela me empurrava
para trás até meu corpo se encostar contra o azulejo frio.
Acordei bem cedo, vesti minha roupa de corrida e fui para a esteira
na academia do apartamento. Felizmente, havia algum lugar onde eu pudesse
gastar minhas energias. Corri por uma hora seguida, ouvindo a música bem
alto para que nada me atrapalhasse. Meu relógio no pulso apitou alto, meus
batimentos cardíacos haviam subido além do monitorado. Desliguei a
esteira, respirei fundo antes de pegar a garrafa térmica e tomar um pouco de
água. Abaixei a cabeça e apoiei no aparelho para que minha pulsação
diminuísse e então me levantei.
— Você não tem cara de quem bebe – ele fez uma careta de
incredulidade —, está mais para aqueles policiais que gostam de rosquinhas
e leite.
— Dieta?
— Deveria ter deixado você caído entre seu quarto e o closet quando
você tentou ir sozinho para o banheiro! – avisei e tentei passar, mas ele não
deixou.
— Não me lembro de cair. – Ele se esforçou para lembrar.
— Você disse ontem que você e Mary Anne não eram amigas! – ele
comentou mudando de assunto completamente.
— Não precisa dizer mais nada, ficou claro que eles não têm
condições de cuidar de duas crianças! – ele reagiu.
Ele deu mais uma mordida sexy na maçã. Nunca pensei que um
homem comendo maçã seria tão quente. Não era à toa que Mary Anne o
escolheu, ele era bonito de verdade, daqueles homens que chegam e roubam
o fôlego de todo mundo ao redor. Deixam as mulheres vidradas e os homens
com inveja. Os homens árabes possuíam uma masculinidade muito própria
deles.
Comprimi meus lábios para não demonstrar minha irritação com ele.
— Não sou qualquer pessoa – proferi ofendida, mas não estava com
ânimo para brigar —, e fim. Com licença...
Meu coração deu um salto. Ele não falaria sobre o beijo! Segurei a
garrafa com força e comprimi os lábios esperando o motivo de ele não me
deixar passar.
— O que seria?
Ele enfiou o resto da maçã na boca e fez sinal para que eu o seguisse.
Mas ouvimos um barulho seco vindo da cozinha, como se algo muito pesado
tivesse caído no chão. Instintivamente, levei a mão à cintura, mas lembrei
que minha arma não estava lá e tratei apenas de seguir Hassan até a cozinha.
Ergui o olhar para ele. Tão próximo que eu podia sentir o cheiro do
seu suor e gostava disso. Sempre achei excitante os homens treinando na
academia. Suor lembrava sexo, infelizmente. Não queria pensar nisso
naquele momento, quando Martha estava caída no chão tendo um AVC, mas
quando o encarei foi tudo que consegui raciocinar.
— Sei...
Não havia concordado em deixar o videogame no quarto dele, mas
Hassan insistiu em agradar o menino, e como era apenas uma semana
naquela casa, não vi problema. Tinha certeza que depois de sete dias, aquele
maluco ficaria de saco cheio e nos colocaria para fora. Ele era solteiro e
desimpedido, não ficaria o resto da vida cuidando de duas crianças que
sequer eram seus filhos.
Essa coisa de todo mundo ter e a gente não! Sofri com isso e agora
Betina.
— No momento certo darei a você – pisquei para ela e resolvi mudar
de assunto —, porque não vamos em um brinquedo? – propus. — Assim o
tempo passa até a hora do almoço.
— Hunter falando...
Ele ficou quieto e começou a ouvir a voz do outro lado da linha. Ele
franziu o cenho e se encostou na cadeira e assentiu depressa.
— Sinto muito em lhe dizer, Senhor Aziz, mas não podemos ter
acesso à ficha da Senhorita Andrews – ele me comunicou com indiferença.
Quem era essa mulher para ter esse tipo de proteção do próprio FBI?
Sequer o presidente da república era protegido pelo FBI se cometesse um
crime. E ela havia roubado crianças que estavam sob a minha guarda! Pela
primeira vez na vida, me senti frustrado por não conseguir resolver as coisas
à minha maneira. Peguei meu celular e liguei para o meu segurança, Arthur.
E ficamos apenas nós dois. Eu a encarei sem saber o que fazer pela
primeira vez na minha vida. Nunca agi de forma tão impulsiva e maluca.
Precisava admitir que desta vez havia me superado em todos os sentidos. Ela
saiu de trás do sofá e mancando, se aproximou de mim. Havia lágrimas de
raiva em seus olhos verdes que pareciam duas esmeraldas pela forma que
sua cólera brilhava em cada um deles.
— Você não tem ideia do que fez! – ela disse com o dedo em riste
—, não sou sua propriedade! Não sou uma criminosa para mandar seus
seguranças atrás de mim, seu bastardo!
Ela pegou o vaso em cima do móvel e atirou na minha direção, mas
eu desviei.
— Ficou louca?
— Fiquei! – Ela veio na minha direção de novo para me dar outro
soco, mas eu desviei novamente.
Sentia que os gritos dela podiam ser ouvidos no Porto de Boston, ela
estava totalmente fora de si.
— Posso explicar. – Eu tentei amenizar a situação levando os braços
na frente do meu corpo.
— Ele está sabendo que está aqui – contei —, e ele me disse que se
você pisar na bola, ele pode prendê-la...
Sabia que não havia cooperado. E ela não tinha culpa. Desde que
soube da traição de Mary Anne, eu estava irritado, era fato.
— Não começamos da melhor forma – admiti passando a mão pelo
cavanhaque —, na verdade, isso tudo está errado.
— Você vai sobreviver – ele deu um sorriso no canto dos lábios que
tive que me segurar para não sorrir também —, e onde está seu padrasto
agora?
Não precisava responder, mas ficar em silêncio não fazia sentido.
Era melhor do que deixar que ele ficasse me encarando sem dizer nada.
Ouvi um riso baixo e ele voltou para perto de mim, as mãos no bolso
da calça.
— Mesmo?
— Sei que Mary Anne me traiu, mentiu, mas essa mulher que você
me apresentou não é a mulher que eu amei – ele falou sincero —, são duas
pessoas distintas. E apesar de estar magoado e ela ter caído do pedestal que
criei, ainda assim, acredito que amei o que havia de melhor nela. O resto não
importa. Fiz a minha parte, ela colheu as consequências dos seus atos.
Ele não tinha culpa por não saber se eu era uma boa pessoa ou não.
Ele não estava pedindo nada demais. Mas para mim era difícil
conviver com qualquer pessoa depois do que aconteceu.
Ele tocou a minha mão que segurava a bolsa de gelo e a tirou do meu
rosto. Eu me senti praticamente nua, mas não conseguia me mover. Uma
vozinha dizia para eu me levantar e ver o que as crianças estavam fazendo, a
outra, má e perversa, mandava eu ficar sentadinha e ver até onde ele ia. Era
o desafio. O perigo iminente.
Hassan projetou o corpo para frente, seus olhos presos nos meus
lábios, sua mão deslizando até a minha nuca e me puxando para frente. Não
tive qualquer resistência, eu apenas deixei que os lábios dele se
aproximassem dos meus e os tomasse. Primeiro foi o calor que se apoderou
de mim, meu corpo inteiro virou uma gelatina e depois a excitação incomum,
avassaladora. Como isso era possível com um simples beijo?
Abri os lábios para recebê-lo e o beijei com a mesma necessidade.
Não era paixão, não havia sentimento, era prazer carnal, um consolo para
ele, e para mim também. Ele estava machucado pelo que Mary Anne havia
feito, e eu tinha marcas na pele e na alma que também provaram do veneno
do engano.
— Isso – eu murmurei.
Ele passou primeiro a ponta da língua, bem devagar, o beijou e
depois chupou. Primeiro com cuidado, aumentando a pressão a cada segundo
até fazer doer de prazer. Era isso que eu gostava, de ser tomada, acariciada.
Ele deixou o seio e tomou o outro com a boca. Aquele que havia deixado,
ele levou o polegar, empurrou o bico, acariciando em círculos.
Levei a mão entre suas pernas, senti o membro duro e ele ofegou. Ele
me queria tanto quanto eu a ele. Abri o cinto de sua calça e o zíper, então o
acariciei por cima da cueca e ele mordeu meu seio, mostrando quanto
excitado ele estava ficando. Ergueu o rosto e tomou minha boca outra vez,
nos beijamos com tanta paixão que era impossível parar. Precisávamos ir até
o fim.
Sua mão enfiou dentro da minha calça e abri as pernas para lhe dar
melhor acesso. Seu dedo encontrou minha entrada molhada sob a calcinha e
ele lambuzou o dedo antes de deslizá-lo sobre o meu clitóris e começar a
girar em círculos.
— Hassan! – gemi sentindo meu corpo queimar de prazer.
— Quem é?
— Minha mãe – ele falou aborrecido.
Capítulo 11
— Ela mesma...
Fazia sentido.
Não que minha mãe fosse fútil, ela não era. Era uma mulher que
gostava de conhecimento e entendia o mundo que a cercava e me apoiou em
minhas decisões, muito embora tenha sofrido com as indiretas do meu pai,
mas valeu a pena. Depois que venci, ele tinha orgulho da esposa e do filho
que havia adquirido. Sabia que seus privilégios não a faziam melhor do que
ninguém. Mas sua antipatia por Mary Anne a fazia agir com preconceito e
tecer comentários grosseiros quando se encontravam. Talvez fosse apenas
ciúme de mãe.
— Eles lembram muito a mãe deles – minha mãe comentou com certo
amargor na voz.
Antes que ela dissesse qualquer coisa que pudesse constranger as
crianças, resolvi apresentar a sargento.
— Essa é Elizabeth Andrews, ela é a prima de Mary Anne –
apresentei.
Ela não era a babá, ela era a tia e futura mãe deles, talvez. Mas eu
explicaria tudo isso mais tarde para a minha mãe. Elas apertaram as mãos e
minha mãe fitou a sargento de maneira impassível. Pelo menos, não havia
feito cara de desprezo, me constrangendo.
Ela me seguiu.
— Estou falando muito sério, está mais segura com ela do que
comigo, pode apostar – avisei e dei um beijo em sua testa —, mais tarde
vamos jantar fora e eu lhe conto tudo com calma.
— Seu pai deve viajar nas próximas duas semanas – ela disse
erguendo o queixo, mostrando o orgulho ferido.
— Por isso não fiquei, mãe. Isso não é vida... – critiquei como
sempre fazia —, a senhora sente ciúme do meu pai, mas não pode
demonstrar.
— Porque eu o respeito – se defendeu.
— Tenho certeza que sim, mesmo que ele tenha vinte esposas –
acreditei e me afastei dela. — Nós nos vemos mais tarde.
Fui até meu quarto pegar meu paletó que estava jogado sobre a
cadeira. Eu o vesti e quando fui para a sala, vi as crianças já perto da
piscina e a sargento do lado de fora olhando para elas, os braços cruzados
enquanto o vento atrapalhava os fios soltos. Se eu a tinha achado bonita
desde o primeiro instante em que a vi, agora era insuportável. Meu pau já
estava duro por imaginar o que poderíamos fazer juntos.
Ela rosnou quando eu disse isso. Tive que rir, estava me divertindo
com esse jeito durão dela.
— Nós dois sabemos que foi apenas uma necessidade básica – ela
argumentou com os olhos verdes brilhando como fogo.
— Ah...
— Outro dia, e obedeçam a Senhorita Andrews – eu avisei para
provocá-la.
— Bem lembrado – ela ironizou.
Sorri para ela e quando me virei minha mãe estava lá, olhando toda a
cena, como um espectro. Não que eu tivesse que dar satisfações a ela do que
fazia, mas a última situação que precisava era ela dando palpite na minha
vida. Era melhor eu sair antes que as duas malucas me fizessem perder a
cabeça.
— Estou indo – avisei e fui em direção ao elevador.
— Meu filho disse que trabalha para o FBI – ela comentou parando
ao meu lado, o vento balançando o véu sobre sua cabeça. O sotaque forte
sobre as palavras e olhando as crianças com certo ressentimento.
Acho que nunca fiquei perto de uma mulher tão elegante. Ela deveria
ser a esposa do Sheik Hans. A terceira pela investigação que fiz. Mulher
corajosa, não consigo dividir sequer meu cobertor com os outros, o que dirá
um marido com mais outras mulheres e filhos. Sou muito ocidental para isso.
Então, ela olhou para mim, daquele jeito determinado que Hassan
fazia quando estava prestes a fazer o meu mundo desabar.
Fiquei olhando para ela, indecisa. Se a mãe era assim, imaginei o pai
de Hassan, deveria ser o demônio em pessoa. Criado entre pessoas
autoritárias, não era à toa que ele também fosse. Comecei a entender a raiz
do problema, quando você acredita que nasceu para mandar, tudo ao redor
conspira a favor. Meia hora depois, ela apareceu com uma bandeja nas
mãos, um bule e duas xícaras. Passou por mim e foi até a mesa debaixo do
guarda-sol se sentar.
— Bem, eu tive que mostrar que era uma boa dona de casa, e tive que
servir o chá para a minha sogra – senti o desdém em sua voz —, treinei por
vários dias, estava impecável, fiz tudo como devia e até melhor. E sabe o
que aquela velha maldita fez?
Ela sorriu.
— Tenho certeza que sim, mas foi o meu silêncio e minha postura que
fizeram com que Hans me aceitasse como sua esposa. Eu não a desrespeitei,
mas não abaixei a cabeça para ela. Ele estava por trás da cortina vendo tudo
e soube que eu era a mulher certa para ser sua terceira esposa...
— Mães sabem das coisas, não é? – limitei a dizer e tomei mais chá.
— Já foi casada?
— O dia que for mãe ou se casar vai entender o que estou falando.
Mulheres de verdade não gostam de homens fracos. E homens fortes
precisam de mulheres capazes de tudo por eles ao seu lado – ela falou
decidida.
A mulher tinha uma opinião formada sobre o assunto e não seria eu a
tirar sua ilusão de que as mulheres precisavam ser capazes de tudo por um
homem. Eu tinha algumas ressalvas, mas tenho certeza que ela não estava
interessada.
— Resumindo a história que depois seu filho poderá lhe contar com
detalhes: Mary Anne se casou com Timothy quando eles eram bem jovens,
ela deveria ter dezesseis anos, foi quando Betina nasceu. Depois veio
Michael e foi quando ela decidiu vir para Boston. Abandonou os filhos com
a mãe, deixou o marido e veio para Boston para conseguir um homem rico e
conheceu seu filho. Ela continuou se encontrando com o primeiro marido e
então, um belo dia, eles estavam voltando de Los Angeles para Salt Lake
City e o avião caiu e eles morreram juntos.
Meneei a cabeça.
Não quis mostrar minha amargura e falar mal dele para ela, afinal,
era mãe e filho e com certeza ela tomaria partido dele.
— Acredito que essa história de Mary Anne o ter feito de tolo o tirou
do eixo, não é? Meu Hassan jamais colocaria estranhos debaixo do seu teto
– ela ponderou.
— Talvez a senhora possa convencê-lo a me deixar ir com as
crianças – supus fingindo não pedir nada demais.
— Sua mãe era uma mulher sábia, deve ter orgulho de você – ela
comentou com altivez —, se tornou agente do FBI e quer cuidar de filhos que
não são seus, isso exige caráter.
— Ela tinha orgulho sim. Ela faleceu um pouco depois que meu
padrasto morreu – contei.
— Boa noite, filho – ela me ajudou a tirar o paletó —, por que não
prepara um drinque para relaxar? Logo o jantar será servido...
— Jantar? – Estranhei. — Você cozinhou?
— Claro que não – ela riu de mim —, mas sua babá sim.
— Babá?
— Elizabeth – respondeu.
— Estou treinando porque um dia vou ser uma grande modista – ela
me contou.
Somente então notei que ela estava vestida como uma bailarina. A
menina tinha personalidade própria, era importante.
— Se você estudar pode ser o que quiser – avisei —, mas tem que
ter boas notas.
— Tudo bem. Vou fazer mais uma roupa para Low – ela riu e pegou
Low no colo correndo com ele para o próprio quarto.
Terminei o meu uísque e fui para o meu quarto. Tirei a roupa e joguei
no cesto antes de me meter debaixo do chuveiro. E pensar que a primeira vez
que beijei a sargento foi debaixo daquele mesmo chuveiro e em menos de
vinte quatro horas a fiz gozar com o meu dedo. Meu pau ficou duro somente
por me lembrar daquela mão me masturbando, me deixando louco. Respirei
fundo deixando a água cair sobre a minha cabeça e me controlando. Deixaria
a libido para mais tarde, quando eu cobraria um terceiro beijo.
Sério que a sargento colocou até mesmo a minha mãe para trabalhar?
Eu deveria contratá-la como chefe de RH.
Minha vontade era de chegar por trás dela e esfregar meu pau
naquela bunda para derreter aquele gelo, puxar o cabelo e beijar a nuca até
que seu corpo pendesse sobre o balcão e eu a comesse de quatro.
— Claro – concordei.
Minha mãe trouxe os pratos com comida para a mesa e seu sorriso
era de puro orgulho. Não estava entendendo nada. Mas resolvi relaxar, pelo
menos, ela não deixaria a sargento envenenar a minha comida. Eu me sentei à
cabeceira, minha mãe de um lado e Betina do lado dela. Do outro lado,
estava a cadeira vazia para Elizabeth e ao lado dela estava Michael. Todos
começaram a se servir e então minha mãe perguntou.
— Onde está Liz? – ela perguntou olhando para a porta que ligava à
cozinha.
Respirei fundo.
Eu sabia! Elas não estavam fazendo aquele jantar à toa! Havia algo
por trás daqueles sorrisos da minha mãe.
— Que bom que me poupou tempo – disse sem qualquer humor.
— Ai! – reclamei.
— Ele não quis dizer isso, Samsha – ela me corrigiu —, está apenas
brincando, ele respeita a cultura de onde veio, apesar de não fazer mais
parte dela!
O sorriso da minha mãe me deixou feliz. Eu sabia que com a vida que
ela levava, não havia muitos motivos para sorrir. Ela era muito solitária.
Quando morávamos juntos, cansei de vê-la chorando no escuro pela
indiferença do meu pai e a dureza de seu coração que não se curvava ao
amor.
— Por que não fica alguns meses aqui em Boston e faz um curso
rápido? – Elizabeth a incentivou.
— Ah, eu não sei...
— Elizabeth tem razão, mãe. O que são alguns meses? E lhe faria
bem...
— Acha mesmo? – ela perguntou esperançosa.
Tive que comer mais um bife, de pura gula, apenas porque estava
gostoso. Depois, eu me ergui e comecei a tirar os pratos.
Tirei a blusa do pijama e a deixei cair no chão. Estava sem sutiã, era
difícil usar para dormir, me incomodava muito principalmente as
queimaduras debaixo da costela. Tirei a calça e usando apenas minha
calcinha fio dental, eu mergulhei na água. Era o paraíso. Mordi os lábios
quando vim à tona e ri de mim mesma por ser tão boba, qual era o problema
em nadar? A água contra a minha pele era adorável e eu suspirei quando
cheguei na borda da piscina e apoiei os braços do lado de fora para olhar a
cidade de Boston no silêncio da madrugada.
Era tudo tão lindo. Essa era vantagem de ter dinheiro, você poderia
ter a melhor visão de uma cidade todos os dias e relaxar. Estava no
sexagésimo andar de um prédio e as luzes da noite brilhavam diante de mim
bem como o mar ao longe para qualquer lado que olhasse. Ouvi o som de
alguém mergulhando atrás de mim e me virei depressa. Meu coração
acelerou e afundei até o pescoço, escondendo totalmente o meu corpo. Não
precisava forçar a inteligência para saber que era Hassan e ele atravessou
praticamente toda a piscina por baixo d’água até emergir bem na minha
frente.
Ele me olhou daquele jeito que me fazia sentir a mulher mais gostosa
do mundo. Como um homem conseguia demonstrar tanto desejo num olhar? E
por mim? Hassan deu mais um passo. Então me lembrei que eu estava
praticamente nua e vulnerável. Desde o acidente a única pessoa que me viu
nua foi meu médico.
Esse foi meu erro. Tocar o peito dele, sentir sua pele quente e as
fortes batidas do coração sob os meus dedos. Sabia que eu podia protestar
ou até mesmo gritar, para ele não faria a mínima diferença, Hassan não
parecia o tipo de homem que se intimidava com o protesto débil e falso de
uma mulher.
Ele passou a língua pelos lábios, que tentação... mais um passo e ele
afundou, senti suas pernas roçarem as minhas e toda minha estrutura contra o
homem ruiu tão fácil que eu parecia feita de papel.
Sua voz era tão baixa e provocante que eu só conseguia olhar para
aquela boca que se aproximava da minha.
Sua outra mão tocou meu rosto num gesto de carinho e compreensão.
Como se ele compreendesse a minha dor, mas ele não podia. O cara era
perfeito, não devia ter uma ruga, não sabia o que era ter vergonha do próprio
corpo.
Agarrei seu antebraço. Sua mão desceu para a minha bunda e ele me
ergueu e eu o abracei com as pernas. Senti seu pau contra a minha calcinha,
ele estava nu, mas bastante excitado, o suficiente para que eu me esfregasse
nele. Mal havíamos nos tocado e uma explosão de sensações aconteceu.
Havia apenas as estrelas e o céu como testemunhas. Hassan andou para trás,
para a parte um pouco mais funda da piscina de modo que nossos corpos
ficassem cobertos de água e fiquei aliviada por ele não forçar para ver meu
corpo. Não me importava que ele sentisse as queimaduras, mas não queria
que ele as visse e sentisse nojo.
Nós nos beijamos tão intensamente que pareceu que ele me sugava e
nos tornamos um somente. Senti meu corpo encostar na parede fria do
azulejo e as mãos dele percorreram meu corpo, desceram pelas costelas até
a cintura que ele apertou demonstrando o quanto estava ficando excitado.
Subiu devagar e tocou meus seios, apertando. Joguei a cabeça para trás e ele
beijou meu pescoço, mordeu, sugou.
Tomei sua boca de novo com medo que ele abrisse os olhos, mas
todo o tempo ele estava de olhos fechados como havia prometido. Ele
mordeu meu lábio inferior e sua mão acariciou a borda da minha calcinha.
Há muito tempo eu não sabia o que era ser desejada de verdade, sob
o toque de Hassan, tinha a impressão que jamais soube o que era um homem
me querer com tanta fome. Não conseguia pensar em nada na minha vida que
foi tão intenso e fora do comum. Ele me ergueu para fora d’água o suficiente
para que meus seios ficassem expostos e ele descesse a boca sobre um deles
e sugou com paixão. Meu gemido foi alto e mordi o lábio tentando aplacar o
próximo, mas meu corpo era uma chama só, ardia em brasa num prazer
alucinante.
— Você merece ser chupada por ser tão arrogante – ele disse e me
lambeu.
— Sim! – concordei.
Estremeci.
Meu corpo começou a tremer, senti um calor sob sua língua que se
expandiu, subiu pelo ventre, revirou meu estômago e tomou todo meu corpo,
eu mal conseguia respirar quando revirei os olhos e gozei forte e gostoso. Eu
me perdi por alguns segundos e quando voltei, precisei me sentar.
Sentia que podia ficar a noite toda fazendo sexo com ele que não
teria problema algum. Achar homens bons de cama que pareciam entender o
corpo de uma mulher e se preocupar com o prazer dela era difícil no século
dos homens tóxicos e egoístas.
Olhei para ele com raiva. Não falaria de Elizabeth com ele nem que
o presidente da república ordenasse. Ela era um segredo que eu guardaria
muito bem guardado. Não sei por que me sentia tão possessivo, mas falar
dela não era uma opção.
— Sei... – ele riu de mim —, Benjamin disse que ela é muito gata!
— Fica tranquilo, ele não cobiçou sua garota, só falou que você
estava ferrado por ter uma mulher tão gostosa sob o seu teto... – Ele riu de
mim.
Ela estava se mostrando ser uma pessoa boa, gentil. Sabia cozinhar
bem e cuidava das crianças como uma mãe faria. E ainda estava disposta a
comprar uma casa nova para viver com as crianças e lhes dar maior
conforto. E logo de cara minha mãe gostou dela, era um bom sinal. A
Senhora Aziz era um radar para mulher mau-caráter. Quantas vezes ela me
falou de Mary Anne e eu não a ouvi? O problema de se sentir dono do mundo
era que me esquecia que podia ser falho como um ser humano normal que
era.
— Essa coisa da Mary Anne foi foda – ele comentou tomando sua
cerveja antes de voltar a comer —, mas é um incentivo para você
recomeçar...
Eu me ergui para tomar água, a noite estava quente e quando fui para
a sala, eu a vi tirando a roupa e mergulhando na água. Foi como se um raio
caísse sobre a minha cabeça e não consegui resistir ao encanto da sereia que
atravessou a piscina nua. Ela era linda, perfeita para mim. Não dava a
mínima para as queimaduras, era ela toda que me atraía com força e me fazia
querer possuí-la com paixão.
Ela me pediu para não olhar seu corpo e como prometi, não fiz.
Embora quando a fodi gostoso, eu precisei olhar para o corpo que brilhava
sob a luz da noite, as gotículas de água que deslizaram pela pele macia e
gostosa. E o sabor de Elizabeth? Era magnífico, perfeito. Poderia ficar
chupando aquela mulher o resto da minha vida que não me importava, ela era
muito gostosa, havia algo nela que despertava em mim meu instinto predador
de possuir e dominar.
— Uma mulher não pode andar sem ornamentos e ficar feia... – ela
argumentou com orgulho no olhar.
— O quê?
— Você sorriu sozinho – ela me fitou, desconfiada —, no que
pensou?
— Que a senhora me faz rir – respondi depressa.
O bom era saber que quando ela olhava para aquela piscina era
obrigada a se lembrar do que houve entre nós e como foi bom! Senti meu
sangue ferver e...
Sequer notei que estava parado olhando para Elizabeth e que tanto
Arthur quanto Jeffrey haviam se retirado. Apenas a intrometida da minha mãe
estava ali parada olhando para mim.
— Meu pai não saia com a gente – ele falou sério —, na verdade,
não me lembro dele e da minha mãe, Betina lembra mais.
Havia me esquecido que ele tinha três anos quando Mary Anne
morreu.
Pensei que ele fosse descrever que era por causa do videogame e da
piscina, mas a resposta me deixou boquiaberto.
— Você não grita com a gente – ele ponderou e sorriu para mim —,
eu não gosto de gritos. Quando a vovó gritava, ou aqueles homens que iam lá
em casa, eu escondia debaixo da cama e tampava os ouvidos.
Meu coração encolheu. Pela primeira vez, eu começava a enxergar a
família desestruturada que aquelas crianças foram obrigadas a ter. Apesar de
não concordar com a cultura da minha família e ter procurado meu próprio
caminho, nunca fui maltratado, ou tive traumas. Meu pai era um homem frio e
indiferente, mas nada que eu não pudesse conviver ou fazer terapia para falar
sobre isso e colocar para fora minha frustração.
— Por que você se escondia debaixo da cama? – perguntei com
medo da resposta.
— Era o que eu e Betina fazíamos para a vovó não bater na gente ou
aqueles homens gritarem para a gente sair da frente – ele respondeu como se
fosse algo normal, como se isso acontecesse na casa de todas as pessoas.
Tal situação não parecia afetá-lo tanto, mas eu sabia de crianças que
escondiam seus traumas, costumavam externa-los mais tarde,
inesperadamente, quando o gatilho era acionado e isso não era bom.
Conversaria mais tarde com Elizabeth, eles precisavam de um psicólogo
para acompanhá-los e ajudar a sanar aqueles problemas antes que se
transformassem em grossas cicatrizes na alma.
— Agora não precisa se preocupar com isso – prometi bagunçando
seu cabelo —, ninguém mais vai gritar com você, e não haverá mais clientes.
Não sei se era pelo fato de termos transado, mas agora ele parecia
mais viril do que nunca e meu clitóris pulsou quando ele se aproximou e
senti seu perfume. Minha vontade era de fechar os olhos e deixar que ele me
beijasse de novo.
Ele usava uma camisa polo preta e calça jeans e ainda assim parecia
um poderoso sheik árabe que dominava o mundo e poderia causar uma
guerra dentro de uma mulher sem sentir nada em troca.
— Você quer atenção? – Dei um passo para ele. — O que foi? Não
está acostumado com uma mulher que não lambe o seu pé depois de uma boa
trepada?
Eu o desafiei.
Ele segurou meu braço. Minha pele pegou fogo de imediato e ficou
visível que ele também sentiu a pólvora do desejo pegar fogo. Contudo, não
era hora e nem lugar para isso. Poderia admitir para mim mesma – e mais
ninguém – que era a primeira vez que um homem me tocava e eu sentia
vontade que ele arrancasse a minha roupa e me fizesse esquecer meu próprio
nome.
— O que é?
Assenti devagar.
— Ela sempre foi – contei a ele —, mas acredito que depois que
Mary Anne se casou com você e a filha lhe mandou dinheiro, ela deixou tudo
isso de lado. Depois da morte de Mary Anne, teve que se sustentar e culpava
as crianças por isso.
O jeito que ele falava Elizabeth quando estava bravo era tão sexy.
Fiz que não com a cabeça lentamente. Confiar era um passo muito
grande e não tinha nada a ver com transar ou conversar como pessoas
civilizadas, isso acontecia com o tempo. Comprimi os lábios afogando
minha raiva por ele me fazer passar por tudo aquilo e tentei compreender
que se estivesse no lugar dele não faria diferente. Não entregaria as crianças
a ele naquele momento mesmo que implorasse, afinal, o que eu sabia sobre
ele? O que ele sabia sobre mim?
— Não – respondi sincera olhando para ele para que soubesse que
eu dizia a verdade —, na verdade, nunca pensei sobre isso até eles
aparecerem na minha vida. Betina e Michael me fizeram mudar todo o
conceito que tinha sobre família.
Dei um passo para trás. Hassan notou minha tensão, era o assunto
delicado que eu evitava a todo custo. Desviei o olhar para o outro lado e dei
as costas para ele.
Mas no meu caso não era verdade. Tive uma família feliz depois que
minha mãe se casou com Andrews e sonhei em ter a mesma coisa. Durante
anos achei que era possível e então minha vida desabou.
— Não posso falar sobre isso agora – olhei para ele séria —, não
consigo.
Não queria que ele se preocupasse, minha vida não era problema
dele.
— Pensei que tinha saído outra vez, Hassan – ela comentou com ele.
— E por que pensou isso? – Ele olhou para a mãe erguendo uma
sobrancelha.
— Porquê da outra vez que estive aqui você não ficou uma noite em
casa – ela o fez lembrar.
Evitava olhar para Hassan, sabia que seu olhar perscrutador estava
em cima de mim.
— Disse a Arthur para convidá-la para sair, mas ele tinha trabalho
essa noite – Samsha completou.
Olhei para ele. Não havia nada demais em sair, seria até legal ver
gente e respirar outros ares. Desde o acidente e a vinda das crianças para a
minha vida, eu não me diverti um segundo. Afastei os meus amigos e me
fechei numa concha só minha. Estava bem lá dentro. Segura.
Amei a ideia de sair com Elizabeth. Meu plano era invadir o quarto
dela na calada da noite, ou esperar por ela na piscina de novo, mas a deixa
da minha mãe ajudou e muito. Contudo, a facilidade com a qual aceitei a
ideia poderia trazer desconfiança e minha mãe pensaria que eu estava
interessado na sargento.
— Você não fez um trato com ela? Não disse que quer conhecê-la
para deixá-la partir com as crianças? – minha mãe me questionou. — Então,
se não ficarem a sós e conversarem, se não a vir agindo fora dessa casa,
como vai saber quem ela é?
Sabia disso. Não eram. Mas depois do que Michael me contou tudo
mudou de figura. Simplesmente não podia deixá-los partir sem ajudá-los.
Eles não tiveram a sorte que eu ou Elizabeth tivemos. Apesar de ter sido
criada pelo padrasto, ela conheceu o amor dos pais. Apesar do pai frio e
distante, eu tive o amor incondicional da minha mãe, que morreria ao meu
lado, mas não me deixaria para trás da forma como Mary Anne os deixou
com a avó maluca.
— Eu sei – bufei —, e por que ofereceu para Arthur sair com ela?
— Ora, você não viu os dois conversando? Eles parecem se dar tão
bem – ela disse levando a mão ao peito —, ele é solteiro, ela também. Qual
o problema de eles se conhecerem? Eu gostei dela e só quis ajudar...
— Não quero perder meu segurança por causa de uma mulher que
mal conheço – justifiquei minha aversão ao fato —, não se encontram mais
seguranças como Arthur! E logo ela vai embora. Não se meta! – avisei com o
dedo em riste e a deixei na cozinha.
Fui para a sala e tomei uma dose de uísque de uma vez. Um lado
meu, agora bem fraco, pensava como a minha mãe e dizia para não me
importar desde o primeiro segundo. Mas havia uma parte de mim que não
permitiria que aquelas crianças deixassem minha casa sem ter certeza que
eles estavam bem, completamente. Um lado protetor foi acionado no modo
tempestade. Nada me seguraria.
A maquiagem era tão leve que nem parecia usar. Simples e perfeita.
Nunca vi uma mulher com tão pouca vaidade brilhar tanto. Meu corpo ficou
quente com vontade de virá-la no encosto daquele sofá e comê-la de quatro
bem gostoso, enquanto enrolava aquele cabelo no pulso e o puxava com
força. Meu pau ficou duro somente por pensar nisso.
— E você disse que não tinha roupa para sair – eu joguei na cara
dela e fui me aproximando —, você está linda!
— Vamos?
— Vamos...
Abri a porta para que ela entrasse no meu carro, um Maserati SUV de
590 cv, preto.
— Não conheço nada por aqui, por isso, deixo por sua conta – ela
disse quando comecei a deixar a garagem.
— Obrigada...
— Que bom que gostou, vejo que não errei em agradá-la – comentei
me encostando nas almofadas.
Olhei para ela com desejo evidente. Algo queimava dentro de mim
que precisava fazer com que Elizabeth se sentisse querida por mim o tempo
todo. Essa possessividade era novidade para mim.
— Quer me agradar?
— Você não gosta?
— Assim como?
— E por que quer fazer isso comigo? – Ela olhou para mim, seus
olhos verdes brilhando com desconfiança. — Acha que assim vou desistir de
levar as crianças?
— Por que eu a faria desistir deles? – indaguei sem entender.
— Não sei, a gente não se conhece, vai que você pensou melhor e
quer criá-los – ela também se encostou nas almofadas. Elizabeth me olhou.
Ela não pensava o que dizia, estava apenas se defendendo do bem que eu
fazia a ela. Era nítido.
Uma mulher machucada sempre estava na defensiva. Era inevitável.
— Você não pensa assim, Elizabeth. – Toquei sua mão que estava
sobre o tapete e ela estremeceu.
Ela deu uma risada e desviou o olhar para a mesa para pegar o copo
e beber mais um pouco antes de encostar nas almofadas.
— Você é muito convencido! – Ela me olhou chocada. — Acha que
somente porque trepamos, eu começaria a gostar de você?
Ela ria, mas ela gostava. Apesar de sabermos que nossa união era
apenas pelo prazer, Elizabeth Andrews não era o tipo de mulher que se
envolvia apenas por envolver. Ela precisava de laços e criou um comigo, foi
inevitável. Ambos sabíamos disso. Talvez através do rancor que sentíamos
por Mary Anne, ou pelo carinho que Michael e Betina nos provocavam, tanto
faz, a gente tinha algo em comum muito forte. Um ponto de colisão que nos
levou à necessidade de saciar o desejo um do outro.
— Eu gosto de você – eu disse sem pensar.
— Bastante tempo.
— Então hoje você vai beber, porque além de não estar mais com
esse babaca, eu não me importo – garanti servindo mais para nós dois —, a
gente merece depois de ter conhecido pessoas que nos fizeram mal.
Ergui meu copo:
Elizabeth sorriu daquele jeito gostoso que fazia meu pau pulsar de
desejo. Queria vê-la sempre sorrindo.
— Pelo babaca que saiu da minha vida – ela não disse o nome dele e
notei que havia muita mágoa ali.
Batemos os copos no ar e viramos de uma vez. Ela nos serviu e
começamos a rir daquela situação.
Capítulo 18
Sua mão afastou meu cabelo e ele beijou a minha nuca, se colocando
atrás de mim. Ele me puxou por entre suas pernas e sentiu seu pau duro
acima da minha bunda, na base das minhas costas. Hassan jogou todo o meu
cabelo para frente e sua boca desceu novamente na minha nuca, ele beijou e
arrastou a língua até a minha orelha e disse:
Olhei para frente, agora as mulheres dançavam uma com a outra, seus
corpos se tocando de forma sensual, mas sem usarem as mãos, apenas num
ritmo sensual e hipnótico. Isso me deixou excitada.
— Sim...
A mão dele invadiu a parte debaixo da minha blusa, a tirou de dentro
da calça e seus dedos apertaram a pele da minha barriga, subiram pela minha
cintura. Eu mal conseguia respirar quando ele tocou a parte debaixo do meu
seio bem devagar com a ponta dos dedos, meu clitóris pulsava por atenção.
Ele puxou minha blusa para baixo e meu seio saltou inchado. As
dançarinas ficaram excitadas e começaram a se tocar. Senti que ele apertou
meu seio, sua respiração ofegante na minha orelha, e a outra mão invadindo a
minha calça. Fechei os olhos quando sua mão submergiu na minha calcinha e
acariciou finalmente meu clitóris. Ele deslizou a mão do seio para o meu
pescoço. Abri os olhos e vi uma das mulheres mover o corpo para frente e
para trás, mas a outra não a tocava, apenas dançava em volta com a cobra.
— É essa a intenção...
Hassan começou a subir minha blusa, mas isso significaria ficar nua
na frente dele. As luzes eram muitas e eu não estava preparada. Segurei sua
mão e parei de beijá-lo.
Ele assentiu e voltamos a nos beijar. Sua mão viajou devagar pelo
meu corpo. Ele tocou meus ombros e desceu os dedos pelas costas, costelas
e apertou meus quadris, me pressionando para baixo para que eu me
esfregasse no seu pau ainda debaixo da calça. Tirei sua camisa polo e nos
abraçamos sentindo o calor um do outro, gemi contra sua boca quando meus
seios roçaram a pele quente e deixei que ele beijasse o canto dos meus
lábios e me arrepiei inteira, depois lambeu meu queixo e sua língua desceu
por todo o pescoço.
Eu olhei.
— Se eu não posso olhar, você também não pode – ele avisou sem
qualquer humor.
Respirei fundo e assenti. Ele me virou de bruços e ficou em cima de
mim. Beijou minha nuca.
O orgasmo veio e senti que ele metia mais depressa e não consegui
me controlar. Desabei sobre o tapete e ele sobre mim, ambos ofegantes.
Era tão estranho vê-lo tocar a pele queimada, ao mesmo tempo que
me causava um prazer indescritível.
— Não ter bons pensamentos também é bom – ele disse com malícia.
— Significa que está pensando em mim o tempo todo.
De repente, ele pegou minha mão e levou em seu pau que começava a
acordar.
— Não podemos demorar, temos que voltar para casa logo – eu disse
me aproximando mais e tocando sua boca com a minha.
Notei que ele havia gostado deles. Ele passava as mãos pelos fios
longos como se fossem de ouro.
Elizabeth ergueu o olhar para mim e sorriu e foi o suficiente para que
eu me sentisse bem. Ela foi em direção à porta e começou a vestir as
sandálias. Coloquei os sapatos e saímos do restaurante. Um dos funcionários
trouxe meu carro e partimos. Liguei o aparelho de som do carro e Desert
Rose, do Sting, estava tocando. Fazia parte da minha playlist. Depois de uma
noite tão quente, aquela melodia era a tradução de como eu me sentia.
Ela estava com uma calça de tecido fluído e uma blusa de uma manga
só, como a da noite anterior, mas preta. E descalça, os pés lindos expostos.
Os cabelos voltaram a ser presos e a nuca delicada estava exposta. Meu
pensamento foi me aproximar e morder aquela nuca, mas a chegada da minha
mãe foi um balde de água fria.
— Bom dia – minha mãe disse se aproximando de Elizabeth e lhe
dando um beijo no rosto —, cheiro excelente.
Era a primeira vez que via minha mãe fazer uma refeição na cozinha.
Ela parecia estar quebrando muitas regras e tabus em sua vida.
Até agora, ela não havia me dirigido o olhar. Ela tinha esse poder de
indiferença que me irritava completamente. Enquanto eu parecia um macho
no cio, que babava nela, a sargento agia como se eu não existisse. Se ela
pensava que isso me afastava, ao contrário, me atraía com um ímã. Fazia
com que se tornasse um desafio e eu tivesse vontade de quebrar aquela
empáfia.
Ela voltou para a mesa e se sentou sem desviar o olhar para mim.
Tinha vontade de praguejar. Como ela conseguia ser tão indiferente depois
da noite que tivemos? Ela era feita do quê? De gelo?
O problema não era somente esse. E se ela fosse uma pessoa que não
pudesse ficar com as crianças? O que eu faria com Betina e Michael? A
ideia de entregá-los para o governo e deixá-los à mercê da adoção me
parecia repulsiva. Não poderia fazer isso. Talvez, eu pudesse criá-los. A
ideia era estranha, afinal, eu era um homem solteiro e que não tinha planos
de me casar de novo, mas eu me questionava se o fato de Joanne ter me
escolhido não foi o melhor para eles. Eu poderia dar tudo, uma vida
maravilhosa e eles jamais precisariam se preocupar em serem culpados por
nada.
— Obrigado.
A sorte era que na parte da tarde havia prometido levar Betina para
um passeio da mesma forma como fiz com o irmão dela. Era bom estar com
cada um deles e conhecê-los mais. Sorri para mim mesmo enquanto as
pessoas deixavam a sala de reunião. Lembrei dela com Low, meu cachorro
nunca teve uma vida social tão intensa, tantas roupas novas e Betina não se
separava dele um segundo. Ela fazia roupas para ele e colocava fitas em
suas orelhas, ao menos ele não parecia tão entediado. Ela pediu para
comprar um tecido vermelho porque faria uma capa do Superman para ele
sair e ir ao shopping. A vida no sofá definitivamente acabou para ele.
O único problema de Madeleine era que ela não desistia fácil quando
queria alguma coisa e pelo visto, ela estava a fim de transar comigo.
Ela ficou entre mim e a mesa. Seu corpo próximo ao meu e não me
causou qualquer frenesi ou tesão. Fiquei surpreso, geralmente meu
pensamento seguinte seria se a camisinha estava no bolso da calça. Por falar
nisso... Eu e Elizabeth não usamos proteção nenhuma das vezes e essa noite
foram várias. Foi tão intenso que eu sequer me lembrei e agi com
irresponsabilidade. A última situação necessária era que a sargento ficasse
grávida. Mas ela também não se preocupou... devia tomar remédio para se
prevenir, mas um homem esperto não contava apenas com isso.
— Desculpe-me, eu me distraí...
— Que diferença faz, querido? – ela perguntou, mas ao ver meu olhar
determinado, ela soube que não tinha alternativa a não ser me dizer a
verdade. — Antony me contou. Nós fizemos um Happy hour há alguns dias,
ele bebeu demais e disse que você está cuidando dos filhos de Mary Anne.
Praguejei. Não podia acreditar que meu advogado era tão cretino e
sem ética.
— Não fique bravo com Antony! Ele está passando por uma fase
difícil, a esposa o deixou – ela tentou argumentar me seguindo para fora da
sala —, ele só desabafou com uma amiga.
Ela abriu a boca, mas a voz não saiu. Eles estavam transando, não
tinha nada com isso.
— Você o usou porque nos afastamos? – perguntei perplexo.
— Poderia ter dito para mim ao invés de ter usado meu advogado
para saber da minha vida! – eu a repreendi e segui pelo corredor em direção
ao elevador. Dessa vez, sozinho.
Capítulo 20
Passei nos quartos e nos banheiros pegando a roupa suja para lavar.
A Senhora Kursty começaria na segunda-feira, data provável em que eu
estaria partindo com as crianças dali e ela não teria tanto trabalho. Fui para
a lavanderia e comecei a separar as roupas coloridas das brancas. Hassan
tinha camisas que deviam ser engomadas, de tão perfeitas que eram,
deveriam valer uma fortuna.
Low pulou para cima da cama e deitou ao meu lado com sua roupa
azul de princesa do gelo. Betina era fantástica com suas roupas para o
cachorro. Pelo menos, havia algo bom naquela casa de gente mentirosa.
Porque era isso que Hassan era, um mentiroso! Ainda bem que era apenas
sexo e eu não ligava para ele. Será que era a secretária dele? Não, a tal Sara
era casada e não tinha jeito de estar apaixonada por Hassan. Poderia ser
qualquer uma. Meu cheiro mal havia saído da pele dele e ele já estava com
outra mulher! Como ele pôde fazer isso? Fui buscar um livro para ler no meu
quarto e voltei para perto de Michael.
— A Senhorita Hughes está aqui embaixo, ela quer subir para deixar
uns documentos para o Senhor Aziz – o segurança me avisou.
— Ela não pode deixar aí com vocês? Daí entregam para o Senhor
Aziz quando ele chegar? – perguntei.
E o batom dela?
Rosa.
— Não – olhei para ela com desprezo e cruzei os braços —, ele saiu
com Betina.
Não explicaria a ela quem era Betina. Se Hassan não confiava nela,
por que eu confiaria?
Não gostei de saber que ele estava falando das crianças para a sua
amante.
— Ela mesmo – afirmei com um sorriso falso.
Senti meu sangue ferver para dizer: a puta do seu filho. Mas preferi
ser pior.
— Bateu nela?
— Oh, querida! Se vocês não estão juntos, vão ficar! – ela falou e riu
—, Hassan saiu da minha barriga, eu o gerei por nove meses, conheço meu
filho como a palma da minha mão. – E mostrou a palma da mão.
— Tenho certeza.
Samsha sua maldita! Me deixou sozinha com meu algoz! Olhei para o
envelope em cima da mesa. Era melhor resolver aquilo antes que eu socasse
a cara dele.
— Da próxima vez que falar de mim para a sua amante, ensine-a qual
é o lugar dela! – avisei. — Porque eu tive que ensinar quando ela entrou aqui
e perguntou sobre os filhos de Mary Anne e me chamou de sargento.
Inclusive, ela sabe que estou afastada do FBI.
Virei as costas para sair, Hassan segurou meu braço, mas me soltei
dele com violência.
— Estou muito brava, Hassan – eu disse irritada —, e se tocar em
mim de novo, juro que quebrarei seu braço.
Ele parou onde estava e não tentou se aproximar mais. Ele apenas
ficou me olhando enquanto eu me afastava.
Capítulo 21
Não podia culpá-la por estar com raiva. Porque eu também estava
muito irritado com toda aquela história. Peguei meu celular e liguei para
Antony, saí para a varanda chegando perto da grade de proteção. O
entardecer em Boston era bonito, mas sequer pude observar, alguém tinha
que pagar pelo fora que eu tinha acabado de levar. Ele atendeu no segundo
toque.
— Hassan?
— Como pôde falar da minha vida para Madeleine e ainda expor os
problemas que Elizabeth tem no FBI? – perguntei por entre os dentes.
— Não sei o que dizer, cara – ele disse sincero —, nós saímos,
transamos, saímos de novo e eu bebi demais e falei o que não devia... eu nem
me lembro de ter falado tudo isso, mas se ela sabe é porque eu falei... –
admitiu ao menos.
— O quê?
— Você me ouviu muito bem! – disse ríspido —, você quebrou todo
o protocolo – acusei —, nem sob tortura você podia ter exposto a minha vida
pessoal e dos filhos de Mary Anne! Sabe o quanto isso é grave? Sabe o que
um jornalista fofoqueiro de merda faria por uma informação dessas?
Quando olhei para trás, minha mãe estava bem atrás de mim.
— Você é muito parecido com seu pai. Ele também não perdoa falhas
– ela comentou.
Não sabia se parecer com o meu pai era bom ou ruim naquele
momento. Sempre tentei ser diferente dele. Na verdade, o problema não era
ele, mas nossa cultura e regras que eu não concordava. Meu pai era distante,
frio, mas sempre foi um bom pai. Ele era forte, determinado, foi educado
para ser o que era, um homem poderoso, um sheik dono de milhões de euros,
empreendimentos gigantescos. E meu irmão mais velho, Amir, foi criado
para ser como ele era. Não eu.
— Nós temos o que achamos que podemos ter, Hassan. Se você acha
que não tem, então, realmente não tem – ela disse sabiamente.
O que minha mãe disse fazia sentido. Elizabeth somente iria embora
quando eu permitisse, quando eu lhe desse a guarda das crianças. Não
importava o tempo que levasse. De repente, aquilo pareceu interessante e
agradável. Se ela não falasse comigo, então, eu não poderia conhecê-la
melhor. E realmente, sem a investigação de Antony, sem uma aproximação
mais íntima, eu não saberia se ela era a pessoa certa. O fato de estarmos
transando não significava nada.
— Tem toda razão, mãe. Eu tenho o que acredito que posso ter, não
é? – Meus olhos brilharam de satisfação.
Não seria tão fácil fazer as pazes como imaginei. Enquanto ela
parecia plena, eu estava ficando louco. As lembranças das nossas noites
juntos queimavam minha mente, me deixava de pau duro, e ela não sentia
nada. Absolutamente. Deitado na cama do meu quarto, eu pensava em como
poderia reverter aquela situação. De repente, estava ansioso para voltar a
falar com ela, ouvir o som de sua voz e tê-la perto. Eu me convencia o tempo
todo que fazia isso para o bem das crianças.
Ela se virou e deu de cara comigo, mas não apareceu nem um pouco
abalada, ao contrário, me fitou com desdém, o buquê em seus braços sem
nenhuma pétala, apenas as hastes das flores. Ela virou para a varanda, jogou
do alto do prédio e bateu uma mão na outra como se fosse lixo. Depois
passou por mim, ignorando minha presença.
Cadela.
— Ela disse que vai sair com Arthur – minha mãe me contou.
Fiquei tenso. Arthur? Ela realmente queria me tirar do sério. Claro,
eu não tinha nada a ver com isso, Elizabeth tinha que sair com quem
quisesse, afinal, o que significávamos um para o outro além de dois
momentos sem graça de sexo? Pensei irritado.
— Que bom, é bom que ela saia e se divirta – eu disse, voltando a
atenção para o meu celular.
Mas segurei o aparelho com tanta força que os nós dos meus dedos
ficaram brancos.
— O que vamos pedir? – minha mãe quis saber.
— Ai! – reclamei.
— Eu e as crianças vamos pedir fast food e assistir o Rei Leão.
Betina e Michael adoram esse desenho, sabia? Devia aproveitar o tempo
para se divertir também e consertar o que fez antes que a perca...
Estava tensa com aquele encontro porque eu sabia que estava agindo
por birra, apenas para fazer Hassan sentir na pele o que estava perdendo, e
que eu não o desculparia tão cedo. Ele acionou em mim algum gatilho que
despertou meu orgulho nível tsunami. Por fora, parecia ser a mulher mais
controlada do mundo, mas por dentro era um vulcão prestes a entrar em
erupção. E quando encontrei Arthur na porta do prédio esperando por mim,
lindo e atraente, eu me senti uma canalha. Ele não merecia ser usado, era um
cara legal e deveria ser tratado com respeito.
Tinha que reunir todas as minhas forças para não olhar para ele e
ignorá-lo. E apesar de me conter, e não o fitar em qualquer momento, eu
sentia sua presença, seu olhar constante me chamando, exigindo minha
atenção. Deveria ganhar o Oscar por fingir que não o notava e escondia
muito bem o quanto a personalidade dele me perturbava. O som de sua voz
me fazia estremecer, e eu ria para as crianças, dizia qualquer coisa para
disfarçar o torpor que me tomava.
Não sabia que a força de uma atração podia até mesmo dominar meus
pensamentos. Por isso, eu mandei a mensagem para Arthur, queria provar
que Hassan era ninguém e que aquela semana ao seu lado não significava
nada, que era apenas sexo casual.
— Mesmo?
Que merda!
Ele dirigiu por mais cinco minutos enquanto eu pedia aos céus que
ele mudasse de ideia. Foi quando a sirene da polícia tocou atrás de nós. Vi
os refletores brilharem no espelho retrovisor e olhei para trás.
— O que é isso?
Eles levaram Arthur para a viatura e ele não resistiu à prisão. Seria
ele, um ladrão de carros? Fiquei perplexa.
— Não sei – respondi aflita —, a polícia nos seguiu, e ele foi levado
acusado de roubo de carros, ele me pediu que ligasse para o senhor.
Olhei para ele e depois voltei a me sentar. Bufei. Com certeza, era o
olho gordo daquele árabe maldito! Ele me fitou de uma forma tão intensa
quando saí da cobertura, que agora tinha certeza que ele desejou que desse
tudo errado por eu não estar falando com ele. Hassan não era o tipo de
homem acostumado a ser desprezado, as mulheres morriam por ele, matavam
se fosse necessário. Como aquela sem graça da Senhorita Hughes tentou
fazer comigo.
— Se quiser, posso ligar para Hassan e avisar que está aqui – ele
propôs.
— Aceito sua carona! Hassan deve ter saído e estar em algum lugar
se divertindo – desculpei —, não quero incomodá-lo.
— Como quiser – ele sorriu satisfeito —, vamos.
— Sinto muito que sua noite tenha terminado assim – ele disse
colocando o carro em movimento —, Arthur é um bom homem, tudo deve ser
um grande mal-entendido.
— Claro que preciso, nunca fiz esse tipo de coisa antes, expor um
cliente e mais que isso, eu e Hassan sempre fomos amigos. Sinto que ele
tenha perdido a confiança em mim – ele discursou tenso —, confiança para
ele é algo muito importante.
— Não. Como você disse, ele precisa confiar em mim – falei sem
pensar e mordi os lábios em seguida. Não gostava de me abrir com as
pessoas. Era estranho.
— Posso, mas espero que mantenha sua boca fechada daqui para
frente. – E desliguei, colocando o celular no bolso.
Não, querida. Pensei. Você não vai mais sair com Arthur a partir de
agora. Olhei para a garrafa na minha mão e mostrei a ela.
Ela encolheu os ombros, como quem não se importa e não tem mais
nada para fazer.
Servi as duas taças e peguei uma para levar até ela. O olhar de
Elizabeth era inseguro. Pela primeira vez naqueles dias, notei o quanto ela se
tornava vulnerável quando cometia erros.
Não falei nada, deixei o silêncio pesado cair entre nós. Para
completar a cena, Low surgiu com sua coleira de diamantes e veio ficar nos
meus pés. Sorri com maldade quando abaixei para pegá-lo e trazê-lo para o
meu colo. Tomei vinho e quando olhei para Elizabeth, seus olhos verdes
estavam sobre a coleira do cachorro, totalmente constrangida. Ela mordeu o
lábio inferior e olhou para as próprias mãos que estavam sobre as coxas.
Meu corpo todo ficou tenso. Meu estômago queimou. Não esperava
que ela fosse se abrir comigo, não agora. Estava pronto para a guerra,
minhas muralhas estavam erguidas e, de repente, eu encarei a mulher frágil
por trás de toda aquela frieza que tive que aturar nos últimos dias.
Ela olhou para mim. Havia uma tristeza profunda em seu olhar que
me tocou. Ela tomou todo o conteúdo da taça, precisava de coragem para
continuar falando. Não era fácil.
— Ele não gostou e me deu uma surra – ela falou triste e comprimiu
os lábios —, fiquei tão chocada com a atitude dele que não tive reação,
deixei que ele me batesse, talvez porque me sentia culpada de estar
terminando tudo depois de quase sete anos juntos – explicou. — Aprendi
nesse dia que a mulher pode ser a mais poderosa, mas quando quem ela ama
a fere, é uma sensação de impotência tão grande que ficamos sem atitude,
não sabemos como reagir...
Ela enxugou uma lágrima teimosa que escorreu por seu lindo rosto e
não gostei de vê-la assim.
Eu me calei e a deixei falar. Não era pela guarda das crianças que
ela fazia isso, era uma redenção.
Ela enxugou outra lágrima. Low saltou do colo e correu para dentro
de casa. Não aguentei e mudei de cadeira, me sentando diante dela,
segurando sua mão.
Assenti devagar. Aquela frieza, aquele jeito durão nada tinha a ver
com desprezo que ela sentia por mim, era uma forma de se proteger, de não
se envolver e de não cometer um novo erro. Ela devia estar muito
traumatizada com tudo aquilo e eu não podia julgá-la, não mais. Ao
contrário, agora não havia motivos para não lhe dar a guarda, e eles
partiriam em questão de dias.
O problema se tornou outro agora.
Oh, Deus! Esse homem sabia como destruir toda a muralha que ergui
ao redor de mim. Ele parecia um polvo com seus tentáculos e toda vez que
eu tentava levantar uma resistência, ele a destruía sem dificuldade alguma.
Não suportei ficar olhando para ele e inclinei o corpo para frente e o beijei.
Foi a forma que encontrei de dizer: muito obrigada por não me julgar.
Eu me afastei e olhei para ele, assustada com a força do desejo que
me tomou. Mas enxerguei naqueles olhos a mesma emoção, ele me queria
tanto quanto e mais uma vez, não conseguimos dizer não. Seus olhos caíram
na minha boca, sua mão firme segurou minha nuca e me puxou para frente,
roçou sua boca na minha, bem devagar, mordeu meu lábio inferior e passou a
língua. Tremi inteira e então ele soltou um gemido rouco antes de me beijar
com uma paixão avassaladora.
Essa música nunca fez tanto sentido para mim. Hassan entrou comigo
pelo apartamento silencioso. Não vi para onde ele estava me levando,
ocupada demais em beijá-lo e tentar de novo. Até que não restassem mais
forças, era assim que eu era. Sempre acreditei em dias melhores, em novas
chances, e eu não deixaria esse momento passar em branco. Hassan era o
melhor que havia acontecido comigo em meses, me fazia sentir viva
novamente e querer estar ao lado dele de maneira única.
Entramos no quarto dele e ele chutou a porta para fechá-la. Senti
meus pés tocarem o chão e então nos afastamos para ele tirar a camiseta e
voltar a me beijar enredando seus dedos nos meus cabelos. Tirei os sapatos
chutando-os para longe, suas mãos desceram pelo meu pescoço, pelas
minhas costas, cintura, até chegar na minha bunda e ele me erguer no ar para
que eu o abraçasse com as pernas.
Desci a mão sobre seu coração e senti as batidas fortes, a pele quente
contra a ponta dos meus dedos, os músculos bem feitos, como se tivessem
sido esculpidos por algum artista muito inspirado. Hassan tinha uma energia,
uma força, que me subjugava e me deixava fora do controle, eu o desejava.
Ele tinha o poder de me fazer esquecer todos os problemas, todas as dores e
inclusive que eu tinha parte do corpo destruído e queimado.
— Quero esquecer as coisas ruins que vivi – falei contra sua boca,
encostando minha testa na sua, sentindo sua respiração entrecortada contra
os meus lábios e os olhos semicerrados fitando as palavras que eu dizia.
Como era bom... segurei seu cabelo enquanto ele me beijava, lambia
e chupava.
Ele riu outra vez, a boca desceu no meu ventre e foi subindo
conforme empurrava o vestido para cima e minha pele foi ficando nua até
surgir o sutiã. Eu me ergui o suficiente para tirar o vestido e vê-lo jogar
longe. Abri a parte de trás do sutiã e tirei a peça, ávida pelo toque dele.
Ele puxou minha cabeça para trás com força até eu soltá-lo.
Soltei a mão dele e deixei que me tocasse, estava curiosa para saber
a que nível de prazer ele queria me levar. Abri mais as pernas e ele passou
os dedos pela minha entrada como se fosse uma borboleta tocando uma flor.
Gemi contra sua boca e agarrei seu braço forte, tentando me controlar para
não atrapalhar.
Foi minha perdição. Não pensava que fosse possível gozar duas
vezes seguidas daquela forma tão gostosa. A boca se movia no mesmo ritmo
dos dedos e eu o apertava com a boceta. Agarrei os lençóis da cama e meus
gemidos ficaram cada vez mais altos, levei a mão à boca e a mordi para que
ninguém me ouvisse.
Não tinha como fugir, ele me mantinha cativa e comecei a chorar de
prazer e tentei empurrá-lo com a mão, mas não conseguia. Meu corpo
queimou de novo, todas as partes, cada extremidade, os dedos foram cada
vez mais fundo e eu podia ouvir o barulho deles entrando e saindo de dentro
de mim. A boca estava me levando à loucura, os beijos, a língua.
Ele riu jogando a cabeça para trás. O som de sua risada fez arrepiar
até meu couro cabeludo e partes do meu corpo que eu não sabia que havia
pelos. Ele me excitava de todas as formas. Ele desceu da cama e quando fiz
menção de descer, ele se abaixou e me jogou sobre o ombro.
Elizabeth havia entrado na casa e ainda não havia saído fazia mais de
meia hora. Comecei a ficar preocupado, temendo que ela passasse o dia
escondida dentro da sala lendo um livro. Nada contra ela ler, mas um dia
daquele de verão merecia ser passado dentro do mar e eu não queria que ela
se importasse com as queimaduras e tivesse vergonha delas. Mesmo que não
pudesse ficar debaixo do sol, ela podia ficar ali, perto de mim e das crianças
ou sentada com a minha mãe.
— Não mais...
A noite passada foi libertadora para ela, tinha certeza. Ela não me
pediu para fechar os olhos ou apagar a luz. Fizemos sexo de diversas formas
a noite inteira, até que ela caiu sonolenta ao meu lado dizendo que se rendia
e não aguentava mais. Eu ganhei o desafio e me senti foda. Adorei ver a
forma como ela gozou no meu pau, sob a minha boca, os meus dedos, eu a
enlouqueci até que ela não aguentou mais e implorou para que eu parasse.
Havia muitas formas de enlouquecer uma mulher na cama sem penetração e
eu estava disposto a mostrar a ela todos os jeitos.
Elizabeth me fazia sentir viril e apenas por olhar para ela, e lembrar
do que fizemos juntos, meu pau pulsava de vontade de possuí-la de novo.
Pelo menos um detalhe me chamou a atenção, ela não me olhava mais com
indiferença. Trocamos olhares várias vezes durante o almoço na varanda e
até minha mãe notou, mas não disse nada. Pela primeira vez, a Senhora Aziz
não teceu qualquer comentário sobre eu estar paquerando uma mulher.
Sorri para ela que piscou para mim e sorriu também. Eles voltaram
para a mesa e mudamos de assunto.
— Não seja bobo, Hassan! Como você acha que foi gerado? –
perguntou debochando de mim.
— Eu não vou – minha mãe disse séria —, não gosto de barcos – ela
dispensou o convite sem hesitar.
— Mas tia Liz disse que essa semana a gente ia embora! – Betina
reclamou ao meu lado.
Não gostei de ouvir aquilo. Elizabeth ainda tinha esperança que eu
fosse dar a guarda para ela e eles partiriam da minha vida. Depois da
semana intensa que tivemos e da noite que mostrou o quanto éramos
compatíveis, deixá-los partir não fazia qualquer sentido. Fiquei de mau
humor quando voltamos para o barco. Coloquei a lancha em movimento
enquanto as crianças contavam para ela sobre o passeio, sentindo a minha
raiva aumentar ao pensar que ela ainda queria partir.
Estava me convertendo num louco e respirei fundo. Não era com
raiva que se resolviam as coisas e fui me acalmando e pensando numa forma
de resolver tudo.
Gemi apenas esperando o que viria. Ele tirou minha calça larga
levando a calcinha junto, deixando a minha bunda nua. Girei a cabeça de
lado e olhei para ele por cima do ombro, Hassan estava em pé ao lado da
cama, abriu a própria calça e segurou meus quadris, me puxando para trás e
me deixando de quatro. Ele mergulhou os dois dedos dentro de mim e
ofeguei. Com a outra mão ele se masturbava e fiquei ansiosa imaginando o
que ele estava prestes a fazer.
Minha boca ficou seca e mal conseguia respirar quando senti a mão
dele largar o pau e tocar minha bunda, enquanto ele continuava me fodendo
gostoso. Meu corpo todo queimou, minha boceta apertou seus dedos e olhei
para frente, e senti seu pau sondar meu... outro buraco...
Uma vez tinha tentado fazer sexo anal, mas foi um belo desastre, por
isso fiquei tensa. Hassan sentiu e levou a mão ao meu clitóris e começou a
acariciá-lo em círculos e precisei fechar os olhos, sentindo meu corpo se
entregar. Ele cuspiu sobre a cabeça do pau e a apontou em mim, naquele
ponto intocado.
Meus peitos ficaram pesados quando ele aumentou o ritmo dos dedos
no clitóris e o pau foi me invadindo devagar, se ajustando dentro do reduto
quente e apertado. Ouvi seu gemido abafado e aquilo me deixou com mais
tesão. O incômodo que pensei que sentiria não veio, meu cérebro estava
concentrado no prazer, na maneira como eu precisava rebolar contra sua
mão. Então ele entrou e senti tudo queimar porque estava prestes a gozar e
precisava me mover.
Sua mão e seu pau batiam em mim sem parar, apertei seu pau quando
senti o desconforto quando ele entrou totalmente, mas aumentei o ritmo sobre
o meu clitóris e comecei a ver estrelas. A única forma de fazer aquele
desconforto passar era me movendo, e comecei a rebolar a bunda contra o
seu pau.
Olhei por cima do ombro e sabia que ele estava louco comendo meu
cuzinho e me fodendo com os dedos. Estava gozando, podia sentir o calor no
meu ventre se expandindo por todo o corpo, e meus gemidos se tornaram
incoerentes e fui gozando gostoso enquanto ele aumentava o ritmo atrás de
mim. Quanto senti o meu corpo parar de tremer, Hassan me segurou pelo
pescoço e me puxou para trás, afundando em mim.
Então caí ao lado dele, nós nos olhamos ofegantes e ele sorriu.
Por que ele ficou sério, de repente? Talvez fosse apenas o cansaço
do dia e ele quisesse deitar e dormir. Saí do box, vesti o roupão e fui para o
quarto segurando uma toalha para enxugar os meus cabelos. Hassan vestiu a
calça e olhou para mim.
Era isso. O assunto inevitável que teria que ser resolvido aquela
semana. Aquilo me incomodou de um jeito inesperado.
— O que quer falar? – Eu abaixei a toalha para o meu colo.
— Ficou bastante claro para mim, que Betina e Michael não
poderiam ter uma mãe melhor do que você...
Meu coração bateu acelerado e arregalei os olhos, não podia
acreditar que ele estava dizendo aquilo. Era tudo o que eu queria ouvir.
— Mesmo?
— Sim, você pensa em ter um futuro com eles, cuida deles como uma
mãe deve fazer e tenho certeza que será uma excelente mãe para eles – ele
me contou.
Sorri, feliz. Não tinha palavras para agradecer o fato de ele ter
enxergado tudo isso em mim.
— Sei que nos conhecemos pouco, mas esses dias foram suficientes
para que eu tomasse a decisão certa.
— Não faz o menor sentido! – falei brava e dei um passo para trás
quando ele se aproximou —, pelo amor de Deus! Está me pedindo para abrir
mão da minha liberdade e me enfiar em um relacionamento por acordo?
Abri a boca para falar pela segunda vez e a voz não saiu. Contudo,
não consegui emitir uma resposta plausível dois segundos depois.
Nós nos enfrentamos com o olhar. Até que as palavras dele podiam
fazer sentido, mas para uma pessoa ferida como eu, era um ataque, uma
ofensa, uma mentira.
Apenas assenti.
— Como você disse, nada do que disser vai me fazer mudar de ideia
– assegurei muito séria —, não estava preparada para me casar há quase
dois anos e não estou agora. Talvez, eu nunca esteja, Hassan. Sinto muito.
Acordei pela manhã de mau humor pelo não que levei. Troquei de
roupa pensando nos motivos de Elizabeth não me aceitar: eu não era feio,
tinha uma condição financeira excelente, nos dávamos bem na cama. O que
mais ela queria? Pessoas se casavam por muito menos, ou por ilusões que
inventavam, e com o tempo viria o amor, que provavelmente aconteceria de
forma inevitável devido à admiração mútua, o respeito. Respirei fundo
ajeitando minha gravata e me olhando no espelho, me perguntando se eu não
estava sendo muito agressivo, afinal, estava agindo como o meu pai agiria ao
pedir uma de suas esposas em casamento.
Talvez fosse meu sangue árabe falando mais alto, sendo racional, me
preocupando com as crianças mais do que com o futuro de uma relação.
Porque se eu me casasse seria para sempre, nós lutaríamos para que o
casamento desse certo, era isso que duas pessoas inteligentes faziam,
tratavam o matrimônio como uma empresa sólida que precisava dar certo a
longo prazo.
— O que pode ser pior do que você ficar brigada comigo desse
jeito? – retruquei deixando a xícara de café de lado e abaixando o braço
dela para me aproximar.
— E?
— Do que está falando? – Fiz que não com a cabeça. — Por que vai
embora?
Falar tudo isso para ela foi um grande alívio. Tirei um peso de mim
com a mão e estava satisfeito.
— E antes que você parta daqui, saiba que as portas sempre estarão
abertas, as crianças amam você tal como é! Aprenda a respeitar isso... –
finalizei e virei as costas deixando-a sozinha na cozinha.
Meu humor não melhorou, apenas piorou porque eu sabia que ela
partiria sem olhar para trás, louca para fugir da pontinha de felicidade que
havia encontrado. Fui para o trabalho e antes mesmo que o elevador se
abrisse escutei os gritos de Madeleine. Ela estava histérica falando com
Sara e me aproximei impaciente, mas não me exaltei. Poderia jogar em cima
dela toda a raiva que sentia naquela manhã por causa daquela conversa com
Elizabeth, mas eu sabia me controlar.
— Sim, foi – eu disse sério —, e o que faz aqui? – Olhei para Sara.
— Peça para os seguranças tirá-la.
— Fui sua amiga! – jogou na minha cara. — Fiz coisas por você!
Fiquei ao seu lado quando Mary Anne morreu! Dei meu ombro e o que ganho
em troca?
— Não preciso de amigos como você que usam o que eu disse contra
mim! – falei sem hesitação de forma impassível. — De pessoas que dão
carinho e depois cobram em prestações de carência. Isso não é amizade, isso
é posse e não sou seu!
— Ela sabe que farei isso, não é boba, e hoje de manhã, ela mesma
deu essa ideia – contei sem demonstrar qualquer emoção.
— Porque não é tão fácil como parece, Hassan – ele falou sério —,
preciso trabalhar, manter nosso padrão de vida...
— Frio? Frio é você que a mulher reclama que sente a sua falta e
você finge não estar ouvindo! – Eu ri e balancei a cabeça em negativa. — O
fato é que pessoas com prioridades diferentes estão se casando, e isso só
pode dar merda!
— Abra uma consultoria para relacionamentos! – ele falou bravo
comigo. — Vai ficar bilionário, mais do que já é...
Não estava feliz por deixar as crianças ali, essa era a verdade. Meus
planos era levar Michael e Betina comigo, mas eu tinha certeza que Hassan
jamais me daria a guarda, não por não gostar de mim, mas porque ele
também havia se afeiçoado a eles, queria estar com eles tanto quanto eu
queria. Contudo, ele queria coisas que eu não podia lhe dar. A culpa não era
dele, era minha. Não estava preparada para dar um passo tão absurdo na
minha vida. Como assim me casar com um homem que eu conhecia há uma
semana? Só porque o sexo era bom? Não fazia o menor sentido...
Estava fechando a mala sobre a cama quando Samsha bateu na porta
e entrou. Ela usava um vestido azul Royal e o véu sobre sua cabeça era
branco, o que a deixava mais elegante do que já era. Ela olhou para a mala
em cima da cama, ergueu uma sobrancelha e a mão carregada de anéis de
ouro.
Samsha olhou para a mala mais uma vez e depois para mim de forma
austera.
— E o que tem realidade a ver com isso? – Ela apontou para a mala.
— Não! Ele quer ficar com as crianças e propôs que nos casássemos
e fôssemos uma família – contei finalmente o que ocorreu.
Sério?
— Você é fraca, não nasceu para Hassan! Como sua prima, você não
está à altura dele – ela disse com o dedo em riste, movendo-se até que tocou
em cima do meu peito —, você vai fraquejar diante do primeiro problema e
sair correndo como uma garotinha ofendida e chorona, com sua mala,
dizendo: eu avisei!
— Eu não faria isso!
— Faria sim! – Samsha disse brava. — Sabe por que eu me casei
com meu marido? Além de ser uma honra para a minha família, ele era lindo,
determinado e eu estava apaixonada desde o primeiro momento em que o vi.
Tanto que lhe dei o filho mais bonito, o mais forte e que demonstrou ser
capaz de qualquer coisa! – Ela bateu contra o próprio braço. — Está no
sangue de Hassan lutar pelo que acredita e nunca desistir! Por isso ele
aceitou duas crianças que sequer são parentes dele! Outro teria negado, teria
jogado vocês na rua, mas ele foi honrado...
— Mas você quer o conto de fadas, por isso que está infeliz!
— Ah, eu sei, querida. Vi muitas de você por aí! – ela moveu a mão
com desprezo —, se fazem de fortes, mas são cheias de obstáculos para a
felicidade e sempre andam em círculos... tanto que prefere abandonar
Michael e Betina do que simplesmente tentar ser feliz ao lado do meu filho.
— Estou brava comigo por ter pensado que você era diferente! Que
lutaria com unhas e dentes por essas crianças! – Ela fechou o punho. — Mas
você é igual Mary Anne, vai abandonar o barco quando a circunstância não é
o que você quer. Você não é diferente dela, ou talvez seja pior, você é mais
burra! Mary Anne pelo menos fez meu filho feliz!
— Você não querer casar é um direito seu, mas abandonar tudo sem
tentar é algo imperdoável! – ela passou por mim e saiu do quarto batendo a
porta com força.
Não podia acreditar que ela me disse tanto desaforo. Que mulher
maluca! Agora eu era obrigada a ficar com o filho dela e me casar porque
ele era bonito, rico, inteligente...
Suspirei.
Senti a faca enterrar no meu peito. Eu era uma megera sem coração,
me senti péssima, uma verdadeira criminosa que arrancaria o coração
daquelas crianças sem piedade.
— Não tem nada a ver com vocês... – Tentei explicar, mas parei.
— Disse!
— Não, você disse que não queria se casar, mas não disse que
poderiam tentar de outra forma – ela me corrigiu.
— Do que está falando?
— Vocês não precisam se casar para ser uma família – ela ponderou.
Fiquei surpresa com o jeito que ela falou.
— Como uma agente do FBI pode ser tão burra? – ela me questionou.
Eu a fitei, indignada. Ainda bem que ela não ficaria muito tempo ou
poderíamos ter brigas intensas.
— Fico feliz que queira ficar, acho que minhas palavras surtiram
efeito – ela falou orgulhosa de si mesma —, meu marido sempre me elogiou
por ser persuasiva.
— Talvez, você tenha razão – eu admiti —, não posso deixar
Michael e Betina, eu os amo.
— E imagino que o preço de levar meu filho como tiracolo deva ser
horrível! – ela ironizou.
Tinha visto uma foto do sheik Hans e ele era realmente um coroa
bonito. Hassan havia puxado para ele.
— O seu problema é que você não vive, sua Nerd de merda, e não
quer que as pessoas vivam também! Você nunca vai ser como eu! – Ela
apontou o corpo que já apontava a feminilidade, os seios maiores e
curvilíneo enquanto eu era uma garota sem graça que parecia ter dez anos. —
Você foge do que é bom!
Ela tinha razão. Passei a maior parte da minha vida fugindo do que
era bom.
Mas ela estava errada quanto a uma coisa: eu jamais seria igual a
ela.
Eu era melhor.
Capítulo 29
Trabalhei até mais tarde. Ficar horas depois no escritório era normal
para mim, mas naquela segunda-feira tinha um gostinho amargo de não
querer voltar para casa e descobrir que Elizabeth havia partido. Meu lado
frio e calculista dizia para não me importar, que haveria outras milhões de
mulheres no mundo que poderiam compartilhar o sonho de ter uma família,
que não imporiam regras, que não seriam tão complicadas.
Quando saí na garagem, Arthur estava chegando, era ele que fazia a
segurança do meu prédio, claro, ele tinha funcionários para isso, mas de vez
em quando, ele mesmo ficava ali. Quando me viu, um sorriso malicioso
apareceu em seus lábios e ele parou diante de mim.
— Boa noite, Arthur. Espero que seu sábado não tenha sido uma
merda – ironizei.
Ele sabia que fui eu quem enviou a polícia atrás dele e mandou
prendê-lo. Antony contou. Era preciso para que entendesse que eu não o
queria perto de Elizabeth nunca mais.
— O dinheiro caiu na minha conta – ele falou satisfeito —, aquele
episódio já foi esquecido. Sequer me lembro o nome da sua garota...
— Espero que você e sua garota fiquem bem. – Ele acenou a cabeça
e passou por mim.
Eu também, pensei.
Ela beijou minhas costas e todos os motivos que até então eu tinha
para estar irritado com ela desceram pelo ralo literalmente. A mão esperta
desceu pela minha barriga que ondulou de prazer quando passou pelo ventre
e segurou meu pau. Fechei os olhos e gemi quando ela começou a me
masturbar, beijou minhas costas mais uma vez e passou a língua devagar.
Nenhum homem poderia ser recepcionado dessa forma e sobreviver depois
sem pertencer àquela mulher.
— Hassan – ela disse quando jogou a cabeça para trás outra vez e
abri os olhos para vê-la revirar os dela e gozar bem gostoso.
Era isso que eu queria ver o resto da minha vida. Essa mulher
gozando gostoso no meu pau, dizendo meu nome, arranhando minhas costas,
me fazendo de gato e sapato e eu sentindo prazer nisso. Eu a mantive contra
o meu corpo durante um tempo, esperando as batidas do meu coração
voltarem ao normal, até que tivesse coragem de me afastar e olhar em seus
olhos outra vez.
Sexo com ela era maravilhoso, mas a gente precisava conversar. Dei
as costas para ela e peguei o sabonete para me lavar e depois passei para
ela. Minha atitude poderia parecer um pouco fria, mas eu queria que ela
falasse primeiro o motivo de ter ficado. Saí do box e fui até o armário pegar
duas toalhas, deixei uma para ela pendurada no vidro do box e a outra
enrolei nos quadris e fui para o quarto. E esperei.
Ela surgiu segundos depois com a toalha em volta do corpo e me
olhou comprimindo os lábios. Senti que ela poderia enfrentar uma quadrilha
com os piores criminosos, mas sobre sua vida pessoal ela era uma casquinha
de ovo, frágil que poderia se quebrar facilmente. Tinha vontade de
atravessar o quarto e abraçá-la, mas eu já havia dito tudo o que precisava,
agora era a vez dela.
Ela pigarreou.
— Não vou me casar com você, Hassan, não acredito que seja a
solução para as nossas vidas agora, preciso te conhecer melhor – ela foi
sincera —, mas estou disposta a descobrir se você é o homem com quem
quero passar a minha vida, como espero que seja nesse momento...
Dei um passo para ela, ficando próximo o suficiente para sentir a
toalha roçar a pele da minha barriga. Segurei seu rosto entre as mãos e olhei
bem dentro dos seus olhos.
— Eu sei – ela tentou sorrir, mas não conseguiu —, jurei nunca mais
me envolver com ninguém depois do que aconteceu e ter uma vida solitária,
mas infelizmente, você surgiu e me fez ver que vale a pena tentar de novo.
Ela riu.
— Sempre fui cética com relação a muita coisa – ela continuou —,
mas você me faz acreditar em conta de fadas...
— Sou um homem impaciente, arrogante e dominador, mas por você
posso ser o melhor disso – prometi —, por você, estou disposto a ser melhor
em qualquer coisa apenas para ver o sorriso abrir nesse lindo rosto.
Os olhos dela encheram de lágrimas.
— Você podia me beijar antes de me fazer chorar – ela falou num fio
de voz.
— Você tem ideia de até onde eu iria para fazê-la sorrir? – perguntei
roçando meus lábios nos dela.
— A vovó mandou avisar que o jantar vai ser posto na mesa – ela
disse animada rindo ao nos ver tão próximos.
— Vovó? – Elizabeth perguntou se afastando de mim e se
aproximando da menina.
— Sim, querida, nós somos – Elizabeth admitiu antes de sair com ela
do quarto.
Sorri e respirei fundo, satisfeito.
Depois que conheci Hassan, nada na minha vida fez muito sentido.
Todas as minhas convicções caíram por terra, ainda mais quando descobri
que estava grávida. As medicações fortes que eu tomava por causa das
queimaduras anularam o efeito do anticoncepcional e um mês depois
vivendo com aquele homem, descobri que esperávamos um bebê.
Fizemos uma recepção ali mesmo na praia e uma hora notei que meu
marido havia sumido. Procurei por ele e o encontrei conversando com Eliot
e Benjamin na sala da casa. Eles estavam brindando alguma coisa e eu não
quis atrapalhá-los, mas não pude deixar de ouvir.
— Vamos nessa, cara – Eliot apertou a mão dele —, boa noite para
os pombinhos!
— Pode deixar.
— Tem certeza que não vai precisar de um remédio para não broxar,
Hassan? – Benjamin debochou dele.
— O velho aqui é você, cara. – Hassan riu dele.
Encostei meu corpo no dele e senti seu pau duro. Arregalei os olhos
ao fitá-lo.
— Estou assim o dia todo, desde que acordou ao meu lado com essa
bunda gostosa – ele disse contra a minha boca.
Eu ri.
— Querida, o que vou fazer com você agora não tem nada a ver com
infantil e pode apostar que estou me inspirando no que o rei fez com
Sherazade...
E mais uma vez, ele me fez ver que sexo e amor andam juntos sim. E
que a vida vale a pena ao lado dele, eu só precisava tentar...
Fim
LANÇAMENTO: 29/09
LANÇAMENTO: 05/10
Flávia Padula é mineira e formada em jornalismo, paixão que deixou de lado
por muito tempo para cuidar dos filhos e da família. Acabou desviando pelo
caminho profissional na área da administração, onde tem formação
acadêmica, mas acabou retornando para a escrita, que é sua paixão desde a
infância. Escreveu o primeiro livro aos 12 anos, e continuou sua trajetória
com publicações acadêmicas e artigos de filosofia e relacionamentos em
blogs especializados. O primeiro romance publicado veio apenas em 2015,
com o livro O Duque que inesperadamente foi abraçado pelos leitores e
tornou-se Best Seller pela Amazon, em seguida O Yankee, O Plebeu e O
Pirata e a Prisioneira. Hoje, Flávia tem mais de setenta trabalhos
publicados, entre romances, novelas e contos. É uma leitora ávida, e não tem
preferências, lê de tudo e acredita na diversidade da literatura.
Jornalístico:
Quisisana, uma história, uma vida
Romance Histórico
O Duque
O Yankee
O Plebeu
Danior
Vladimir
Xavier
Gustav
Heron
Fúria Cigana
A Casa da Colina
O Pirata e a Prisioneira
A Carta
Conde de Denbigh
A Noiva e o Russo
O Desafio do Duque
A Preferida do Duque
A Preferida do Marquês
A Preferida do Conde
A Preferida do Lorde
Um Amor Inesquecível
Um Amor Irresistível
Sublime
Medieval/Fantasia
A Maldição do Rei
O Feitiço da Princesa
O Destino de Sarah
Desejo
Paixão
Coragem
Solidão
A Farsante
A Princesa de Taranis (Medieval/Fantasia)
Western
A Força do Amor
O Poder do Amor
A Glória do Amor
O Fora da Lei
O Vingador
O Justiceiro
O Renegado
Contemporâneo:
O Falcão do Deserto
O Amante Espanhol
Escolhas
O Pescador
O Vira-Lata
O Playboy
Ralph
Duplamente CEO
Egor
Clube de Swing
O Baile de Carnaval
Quero Me Casar
O Editor
Tentação e Cobiça
Guto
Contemporâneo/Fantasia:
Áthila
Falcon
Damon
Athena
Voughan
Seven