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Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA)

O DDA ocorre como resultado de uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal. Quando
pessoas que têm DDA tentam se concentrar, a atividade do córtex pré-frontal diminui, ao
invés de aumentar (como nos sujeitos do grupo de controle de cérebros normais). Assim
sendo, pessoas que sofrem de DDA mostram muitos dos sintomas discutidos nesse capítulo,
como fraca supervisão interna, pequeno âmbito de atenção, distração, desorganização,
hiperatividade (apesar de que só metade das pessoas com DDA sejam hiperativas),
problemas de controle de impulso, dificuldade de aprender com erros passados, falta de
previsão e adiamento.

O DDA tem sido de particular interesse para mim nos últimos 15 anos. A propósito, dois
dos meus três filhos têm essa síndrome. Eu digo às pessoas que entendo mais de DDA do
que gostaria. Através de uma pesquisa feita com SPECT na minha clínica, com imagens
cerebrais e trabalho genético feito por outras, descobrimos que o DDA é basicamente uma
disfunção geneticamente herdada do córtex pré-frontal, devido, em parte, a uma deficiência
do neurotransmissor dopamina.

Aqui estão algumas das características comuns do DDA, que claramente ligam essa doença
ao córtex pré-frontal.

Quanto mais você tenta, pior fica

A pesquisa mostrou que quanto mais as pessoas que têm DDA tentam se concentrar, pior
para elas. A atividade no córtex pré-frontal, na verdade, desliga, ao invés de ligar. Quando
um pai, professor, supervisor ou gerente põe mais pressão na pessoa que tem DDA, para
que ela melhore seu desempenho, ela se torna menos eficiente. Muitas vezes, quando isso
acontece, o pai, o professor ou chefe interpretam o ocorrido como um decréscimo de
performance, ou má conduta proposital, e daí surgem problemas sérios. Um homem com
DDA de quem eu tratei disse-me que sempre que seu chefe o pressionava para que fizesse
um trabalho melhor, seu desempenho piorava muito, ainda que estivesse tentando melhorar.
A verdade é que quase todos nós nos saímos melhor com elogios. Eu descobri que isso é
essencial para pessoas com DDA. Quando o chefe as estimula a fazer melhor de modo
positivo, elas se tornam mais produtiva. Quando se é pai, professor ou supervisor de
alguém com DDA, funciona muito mais usar elogio e estímulo do que pressão. Pessoas
com DDA saem-se melhor em ambientes que sejam altamente interessantes ou estimulantes
e relativamente tranqüilos.

Pequeno âmbito de atenção

Um âmbito de atenção pequeno é a identificação desse distúrbio. Pessoas que sofrem de


DDA têm dificuldade de manter a atenção e o esforço durante períodos de tempo
prolongados. Sua atenção tende a vagar e freqüentemente se desligam da tarefa, pensando
ou fazendo coisas diferentes da tarefa a ser realizada. Ainda assim, uma das coisas que
muitas vezes enganam clínicos inexperientes ao tratar desse distúrbio é que as pessoas com
DDA não têm um âmbito pequeno de atenção para tudo. Freqüentemente, pessoas que
sofrem de DDA conseguem prestar muita atenção em coisas que são bonitas, novas,
novidades, coisas altamente estimulantes, interessantes ou assustadoras. Essas coisas
oferecem uma estimulação intrínseca suficiente a ponto de ativarem o córtex pré-frontal, de
modo que a pessoa consiga focalizar e se concentrar. Uma criança com DDA pode se sair
muito bem em uma situação interpessoal e desmoronar completamente em uma sala de aula
com 30 crianças. Meu filho que tem DDA, por exemplo, costumava levar quatro horas para
fazer um dever de casa que levaria meia hora, muitas vezes se desligando da tarefa. Mas se
você lhe der uma revista sobre estéreo de carros, ele a lê rapidamente de cabo a rabo e se
lembra de cada detalhe. Pessoas com DDA têm dificuldade em prestar atenção por muito
tempo em assuntos longos, comuns, rotineiros e cotidianos, como lição de casa, trabalho de
casa, tarefas simples ou papelada. O terreno é terrível e uma opção nada desejável para elas.
Elas precisam de excitação e interesse para acionar suas funções do córtex pré-frontal.

Muitos casais adultos me dizem que, no começo de seu relacionamento, o parceiro com
DDA adulto conseguia prestar atenção à outra pessoa durante horas. O estímulo de um
novo amor ajudava-o a se concentrar. Mas quando a "novidade" e a excitação do
relacionamento começavam a diminuir (como acontece com quase todos os
relacionamentos), a pessoa com DDA tinha muito mais dificuldade em prestar atenção e sua
capacidade de escutar falhava.

Distração

Como já mencionei acima, o córtex pré-frontal manda sinais inibitórios para outras áreas do
cérebro, sossegando os dados advindos do meio, de modo que você possa se concentrar.
Quando o córtex pré-frontal está com hipoatividade, ele não desencoraja adequadamente as
partes sensoriais do cérebro e, como resultado, estímulos em demasia bombardeiam o
cérebro. A distração fica evidente em muitos locais diferentes para uma pessoa com DDA.
Na classe, durante reuniões, ou enquanto ouve um parceiro, a pessoa com DDA tende a
perceber outras coisas que estão acontecendo e tem dificuldade em se concentrar na questão
que está sendo tratada. As pessoas que têm DDA tendem a olhar pelo quarto, desligar-se,
parecer aborrecidas, esquecer-se de para onde vai a conversa e interrompê-la com uma
informação totalmente fora do assunto. A distração e o pequeno âmbito de atenção podem
também fazer com que elas levem muito mais tempo para completar seu trabalho.

Impulsividade

A falta de controle do impulso faz com que muitas pessoas que têm DDA se metam em
enrascadas. Elas podem dizer coisas inadequadas para os pais, amigos, professores, outros
empregados, ou clientes. Uma vez eu tive um paciente que foi despedido de 13 empregos,
porque tinha dificuldade em controlar o que dizia. Ainda que realmente quisesse manter
vários dos empregos, de repente punha para fora o que estava pensando, antes de ter a
oportunidade de processar o pensamento. Decisões mal pensadas são ligados à
impulsividade. Em vez de pensar bem no problema, muitas pessoas que sofrem de DDA
querem uma solução imediata e acabam agindo sem pensar. De modo similar, a
impulsividade faz com que essas pessoas tenham dificuldade de passar pelos canais
estabelecidos do trabalho. Elas freqüentemente vão direto ao topo para resolver os
problemas, em vez de seguir o sistema. Isso pode causar ressentimento dos colegas e
supervisores imediatos. A impulsividade pode também levar a condutas problemáticas
como mentir (diz a primeira coisa que vem a cabeça), roubar, Ter casos e gastar em
excesso. Eu tratei de muitas pessoas com DDA que sofriam da vergonha e da culpa
oriundas desses comportamentos.

Nas minhas palestras costumo freqüentemente perguntar ao público: "Quantas pessoas aqui
são casadas?". Uma grande porcentagem da platéia levanta as mãos. Depois eu pergunto:
"É útil dizer tudo o que pensa em seu casamento?". O público ri, porque todos sabem a
resposta. "Claro que não", eu continuo. "Os relacionamentos requerem tato." Mesmo assim,
devido à impulsividade e à falta de pensar antes de agir, muitas pessoas que têm DDA
dizem a primeira coisa que vem à mente. E, em vez de pedir desculpas por terem dito uma
coisa que magoou, muitas tentam justificar por que fizeram a observação que magoou, só
piorando as coisas. Um comentário impulsivo pode estragar uma noite agradável, um fim
de semana, ou mesmo um casamento inteiro."

A busca do conflito

Muitas pessoas que sofrem de DDA inconscientemente buscam o conflito como uma
maneira de estimular seu próprio córtex pré-frontal. Eles não sabem que fazem isso. Não
planejaram fazer isso. Negam que fazem isso. E ainda assim o fazem. A relativa falta de
atividade e estímulo do córtex pré-frontal anseia por mais atividade. Entrar em
hiperatividade, desassossego, e ficar cantarolando são formas de auto-estimulação. Outro
modo de as pessoas com DDA "tentarem ligar seus cérebros" é provocando confusão. Se
elas conseguem que seus pais ou cônjuges tornem-se agitados ou gritem com elas, isso
pode aumentar a atividade de seus lobos frontais e ajudá-las a sentirem-se mais
sintonizadas. Novamente este não é um fenômeno consciente. Mas parece que muitas
pessoas que têm DDA ficam viciadas em confusão.

Uma vez tratei de um homem que ficava quieto atrás de um canto de sua casa e pulava de
repente para assustar sua esposa na hora em que ela fosse entrar. Ele gostava da mudança
que obtinha com os gritos dela. Infelizmente para sua esposa, ela ficou com arritmia,
devido aos sustos repetidos. Tratei de muitos adultos e crianças com DDA que pareciam
sentir-se motivados fazendo seus animais de estimação ficar bravos, fazendo brincadeiras
irritantes ou provocando-os.

Os pais de crianças com DDA comumente relatam que seus filhos são peritos em deixá-los
bravos. Uma mãe me contou que, quando ela acorda de manhã, ela promete que não vai
gritar nem ficar brava com seu filho de oito anos. Ainda assim, invariavelmente, na hora
que ele vai para escola, já ouve pelo menos três brigas e os dois se sentem péssimos.
Quando expliquei à mãe sobre a necessidade inconsciente que a criança tem de
estimulação, ela parou de gritar com ele. Quando os pais param de oferecer estimulação
negativa (gritos, surras, sermões, etc), diminui o comportamento negativo dessas crianças.
Sempre que você se sentir como esses pais, pare e fale o mais suavemente que possa. Desse
modo, você está ajudando seu filho a largar o vício de arranjar confusão e ao mesmo tempo
colaborando para baixar sua própria pressão sangüínea.

Outra conduta de auto-estimulação comum em pessoas que têm DDA é se preocupar com
ou se concentrar em problemas. O tumulto emocional gerado pela preocupação ou por estar
aborrecido produz agentes químicos de estresse, que mantêm o cérebro ativo. Uma vez
tratei de uma mulher que tinha depressão e DDA. Ela começava cada sessão me dizendo
que iria se matar. Ela percebia que isso me deixava ansioso e parecia gostar de me dar os
detalhes mórbidos de como o faria. Depois de conhecê-la bem, eu lhe disse: "Pare de falar
em suicídio. Eu não acredito que você vá se matar. Você ama seus quatro filhos e não posso
acreditar que os abandonaria. Acho que você usa essa conversa como uma maneira de criar
agitação. Sem que você saiba, seu DDA faz com que você brinque de ‘Vamos criar um
problema’. Isso estraga qualquer alegria que você possa Ter em sua vida". No começo, ela
ficou muito zangada comigo (outra fonte de conflito, eu disse a ela), mas confiava em mim
o suficiente para, no mínimo, observar seu próprio comportamento. Diminuir sua
necessidade de criar caso tornou-se o foco maior da psicoterapia.

Um problema significativo do uso da raiva, tumulto emocional e emoção negativa para


auto-estimulação é isso que é danoso ao sistema imunológico. Os altos níveis de adrenalina
produzidos pelo comportamento direcionado ao conflito diminuem a eficácia do sistema
imunológico e aumentam a vulnerabilidade à doença. Eu vi provas dessa deficiência muitas
e muitas vezes, na conexão entre o DDA e infeções crônicas e na maior incidência de
fibromialgia, dor muscular crônica que se considera associada à imunodeficiência.

Muitas pessoas que têm DDA tendem a se meter em brigas constantes com uma ou mais
pessoas, em casa, no trabalho ou na escola. Elas parecem escolher inconscientemente
pessoas que são vulneráveis e travam batalhas verbais com elas. Muitas mães de filhos com
DDA me disseram que tinham vontade de fugir de casa. Elas não agüentavam o tumulto
constante de suas relações com as crianças com DDA. Muitas crianças e adultos com DDA
têm tendência de deixar os outros sem graça por pouca ou nenhuma razão, o que
conseqüentemente faz com que suas "vítimas" se distanciem deles e isso pode resultar em
isolamento social. Elas podem ser os palhaços da classe na escola, ou os espertinhos no
trabalho. Witzelsucht é o termo que a literatura da neuropsiquiatria usa para caracterizar "o
vício em fazer brincadeiras de mau gosto". Esse vício foi descrito inicialmente em
pacientes que tinham tumores no lobo frontal, especialmente do lado direito.

Desorganização

Desorganização é outro marco importante do DDA. A desorganização inclui tanto o espaço


físico, como salas, escrivaninhas, malas, gabinetes de arquivo e armários, quanto o tempo.
Freqüentemente quando se olha para as áreas de trabalho de pessoas com DDA, é admirar
que possam trabalhar ali. Elas tendem a Ter muitas pilhas de "coisas"; a papelada é algo que
freqüentemente elas têm muita dificuldade de organizar; e parece que têm um sistema de
arquivo que só elas podem entender (e mesmo assim só nos dias bons). Muitas pessoas com
DDA têm atrasos crônicos ou adiam as coisas até o último momento. Eu tive vários
pacientes que compraram sirenes de companhias de segurança para ajudá-los a acordar.
Imagine o que deviam pensar os vizinhos! Essas pessoas também tendem a perder a noção
do tempo, o que contribui para que se atrasem.

Começam muitos projetos, mas terminam poucos

A energia e o entusiasmo de pessoas com DDA muitas vezes as leva a começar muitos
projetos. Infelizmente, pelo fato de serem distraídas e dado o seu pequeno âmbito de
atenção, prejudicam sua capacidade de completá-los. Um gerente de uma estação de rádio
me disse que ele começara cerca de 30 projetos especiais no ano anterior, mas havia
completado uns poucos apenas. Ele me disse: "Estou sempre voltando para eles, mas tenho
novas idéias que acabam atrapalhando". Também tratei de um professor que me disse que,
no ano anterior ao que veio me consultar, ele começara 300 projetos diferentes. Sua esposa
terminou seu pensamento dizendo que ele completara somente três.

Mau humor e pensamento negativo

Muitas pessoas com DDA tendem a ser mal-humoradas, irritadiças e negativas. Como o
córtex pré-frontal está pouco ativo, ele não pode moderar totalmente o sistema límbico, que
fica hiperativo, levando a problemas no controle do humor. De outro modo sutil, como já
mencionado, muitas pessoas com DDA preocupam-se com ou ficam superconcentradas em
pensamentos negativos, como uma forma de auto-estimulação. Se não conseguem arrumar
confusão com os outros no meio ambiente, buscam isso dentro de si mesmas. Elas
freqüentemente têm uma atitude do tipo "o mundo está acabando", o que as distancia dos
outros.

Antes o DDA era considerado um distúrbio de garotos hiperativos que o superariam antes
da puberdade. Sabemos agora que a maioria das pessoas que têm DDA não supera os
sintomas do distúrbio e que este, freqüentemente, ocorre em meninas e mulheres. Calcula-
se que o DDA afete 17 milhões de norte-americanos.

LISTA DE CHECAGEM DO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL

Aqui está uma lista de checagem do córtex pré-frontal. Por favor, leia essa lista de
comportamentos e classifique-se (ou à pessoas que você estiver avaliando) em cada
comportamento catalogado. Use a escala e coloque o número apropriado ao lado do item.
Cinco ou mais sintomas com a nota 3 ou 4 indicam grande probabilidade de problemas no
córtex pré-frontal.

0 = nunca

1 = raramente

2 = ocasionalmente

3 = freqüentemente

4 = muito freqüentemente

___1. Incapacidade de prestar atenção a detalhes ou evitar erros por falta de cuidado

___2. Problema em manter a atenção em situações de rotina (dever de casa, tarefas,


papelada, etc.)

___3. Dificuldade em ouvir


___4. Incapacidade de terminar coisas, seguimento insuficiente

___5. Falha na organização de tempo e espaço

___6. Distração

___7. Pouca habilidade de planejamento

___8. Falta de objetivos definidos ou de pensar no futuro

___9. Dificuldade em expressar os sentimentos

___10. Dificuldade em expressar solidariedade pelos outros

___11. Excessivo sonhar acordado

___12. Tédio

___13. Apatia ou falta de motivação

___14. Letargia

___15. Sentimento de vazio de estar "em uma neblina"

___16. Desassossego ou dificuldade de ficar parado

___17. Dificuldade de permanecer sentado em situações em que se espera que a pessoa


fique sentada

___18. Busca de conflito

___19. Falar demais ou de menos

___20. Dar rápido a resposta, antes de as perguntas terem sido completadas

___21. Dificuldade em esperar sua vez

___22. Interrupção dos outros ou intromissão (por exemplo: meter-se em conversas ou


jogos)

___23. Impulsividade (dizer ou fazer coisas sem pensar antes)

___24. Dificuldade de aprender pela experiência, tendência para cometer erros repetitivos

RECEITA CPF 8:
NÃO SEJA O ESTIMULANTE DE OUTRA PESSOA

Como eu já mencionei, muitas pessoas com problemas no córtex pré-frontal tendem a


procurar conflito para estimular seu cérebro. É de máxima importância que você não
alimente a tormenta, mas, pelo contrário, deixe-a passar fome. Quanto mais alguém com
esse padrão inadvertidamente tenta deixá-lo aborrecido ou bravo, mais você precisa ficar
quieto, calmo e firme. Eu ensino os pais de filhos com DDA a deixar de gritar. Quanto mais
eles gritam e aumentam a intensidade emocional na família, mais as crianças vão procurar
confusão. Eu também ensino irmãos e cônjuges a manter a voz baixa e uma conduta calma.
Quanto mais a pessoa com DDA tentar tumultuar a situação, menos intensa deve ser a
reação do outro.

É fascinante mostrar como essas receitas funcionam. Em geral, as pessoas que buscam
conflitos estão acostumadas a conseguir que você se aborreça. Elas conhecem
perfeitamente todos os seus pontos emocionais frágeis, e os cutucam com regularidade.
Quando você começa a negar-lhes o drama e a adrenalina (reagindo menos e de modo mais
calmo em situações de estresse), essas pessoas inicialmente reagem muito negativamente,
quase como se estivessem com uma crise de abstinência de droga. Na verdade, quando você
fica mais calmo pela primeira vez, elas podem até tentar piorar as coisas, a curto prazo.
Mantenha-se firme e elas vão melhorar a longo prazo.

Não grite.

Quanto mais a voz dela aumenta, mais sua voz deve diminuir.

Se você sente a situação começar a sair do controle, dê um tempo. Dizer que você precisa ir
ao banheiro pode ser uma boa receita. Provavelmente a pessoa não vai tentar impedi-lo.
Pode ser uma boa idéia Ter um livro grosso em mãos, caso a pessoa esteja realmente
transtornada e você precise se afastar por um longo período.

Use de humor (mas não humor sarcástico ou bravo) para apaziguar a situação.

Seja um bom ouvinte.

Diga que você quer entender e trabalhar a situação, mas só pode fazer isso quando as coisas
estiverem tranqüilas.

RECEITA CPF 10:

OBSERVE A NUTRIÇÃO DO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL


A intervenção nutritiva pode ser especialmente útil nessa parte do cérebro. Durante anos
recomendei uma dieta alta em proteínas e baixa em carboidratos, relativamente de pouca
gordura para meus pacientes com DDA. Essa dieta tem um efeito estabilizador nos níveis
de açúcar no sangue e ajuda tanto no nível de energia quanto na concentração. Infelizmente,
a grande dieta norte-americana é cheia de carboidratos refinados, que tem um efeito
negativo nos níveis de dopamina no cérebro e na concentração. Com ambos os pais
trabalhando fora de casa, há menos tempo para preparar refeições saudáveis e refeições
fast-food tornaram-se mais comuns. O café da manhã de hoje consiste tipicamente de
alimentos que têm muitos carboidratos simples, como waffles congelados ou panquecas.
Tortas, bolinhos, doces e cereais. A salsicha e os ovos foram deixados de lado em muitas
casas, devido à falta de tempo e à idéia de que a gordura faz mal. Ainda que seja importante
ser cuidadoso na ingestão de gordura, o café da manhã antigo não é uma idéia tão má para
as pessoas que têm DDA ou outros estados onde a dopamina seja insuficiente.

As melhores fontes de proteína que eu recomendo são as carnes magras, ovos, queijos
magros, nozes e legumes, que ficam mais equilibradas com uma porção saudável de
vegetais. Um café da manhã ideal consiste de uma omelete com queijo magro e carne
magra, como a de frango. Um almoço ideal consiste de atum, frango ou salada de peixe
fresco, com legumes mistos. Um jantar ideal contém mais carboidratos, para equilibrar a
refeição com carne magra e legumes. Eliminar açucares simples (como nos bolos, doces,
sorvetes e guloseimas) e carboidratos simples, que são prontamente quebrados em açúcar
(como pão, massa, arroz e batatas), terá um impacto positivo no nível de energia e
aquisição de conhecimento. Essa dieta ajuda a elevar os níveis de dopamina no cérebro. É
importante observar, no entanto, que essa dieta não é ideal para pessoas com problemas no
cíngulo ou de concentração excessiva, que geralmente se originam de uma relativa
deficiência de serotonina. Os níveis de serotonina aumenta, a dopamina tende a decrescer e
vice-versa.

Suplementos nutritivos podem também surtir efeito positivo nos níveis de dopamina do
cérebro e melhoram o foco e a energia. Eu freqüentemente faço meus pacientes tomar uma
combinação de tirosina (500 a 1.500 miligramas duas ou três vezes ao dia); sementes de
uva OPC (oligomeric procyanidius) ou casca de pinho, encontradas em lojas de produtos
naturais (meio miligrama por quilo do peso do corpo); e gingko biloba (60 a 120
miligramas duas vezes ao dia). Esses suplementos ajudam a aumentar o fluxo de dopamina
e o fluxo sangüíneo no cérebro e muitos dos meus pacientes relatam que eles ajudam na
energia, na concentração e no controle de impulso. Se quiser tentar esses suplementos, fale
com seu médico.

RECEITA CPF 11:

TENTE O FOCO MOZART

Um estudo controlado descobriu que ouvir Mozart ajudava crianças com DDA. Rosalie
Rebollo Pratt e colegas estudaram 19 crianças com DDA, entre os sete e dezessete anos.
Eles tocavam discos de Mozart para as crianças, três vezes por semana, durante sessões de
biofeedback de ondas cerebrais. Eles colocavam o 100 Masterpieces , volume 3, que incluía
o Concerto para Piano n.º 21 em dó, O Casamento de Fígaro , o Concerto para Flauta n.º 2
em lá, Don Giovanni e outros concertos e sonatas. O grupo que ouvia Mozart reduzia sua
atividade de ondas cerebrais teta (ondas lentas que são freqüentemente excessivas no DDA)
ao ritmo exato do compasso subjacente da música; e exibia melhora de concentração e
controle de humor, diminuindo a impulsividade e aumentando a habilidade social. Entre os
sujeitos que melhoraram, 70 por cento mantiveram essa melhora seis meses depois do fim
do estudo e sem treinamento posterior. (Estas descobertas foram publicadas no International
Journal of Arts Medicine, 1995.)

Do livro: Transforme seu cérebro, transforme sua vida.


Daniel G. Amen, M.D. - Editora Mercuryo

que é o TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno


neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha
o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e
impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em
inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

Existe mesmo o TDAH?

Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos
pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.

Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH?

Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso Internacional publicado pelos mais


renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este respeito. Consenso é uma
publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo,
incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham
necessariamente as mesmas idéias sobre todos os aspectos de um transtorno.

Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?

Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé.
Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da
indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.

No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer
pesquisa demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum
grupo científico. Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam
casos que somente eles conhecem porque nunca foram publicados em revistas
especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sítios na Internet, mas nunca apresentaram
seus “resultados” em congressos ou publicaram em revistas científicas, para que os demais
possam julgar a veracidade do que dizem.

Os segundos são aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente
daquilo que é atualmente preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo
correto.
Tanto os primeiros quanto os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com
medicamentos causa conseqüências terríveis. Quando a literatura científica é pesquisada,
nada daquilo que eles afirmam é encontrado em qualquer pesquisa em qualquer país do
mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos: apesar de terem uma “aparência”
de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que comprovasse o que dizem.

Veja um texto a este respeito e a resposta dos Professores Luis Rohde e Paulo Mattos:

Why I Believe that Attention Deficit Disorder is a Myth

Porque desinformação, falta de raciocínio científico e ingenuidade constituem uma mistura


perigosa

O TDAH é comum?

Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços


especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo
em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o
indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.

Quais são os sintomas de TDAH?

O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:

1) Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com


demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no
mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um
motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais
sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos.
Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento,
como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem


como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam
dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam
os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e
quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles
têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e
álcool, ansiedade e depressão.

Quais são as causas do TDAH?

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a


prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno
não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo
como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as
suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais
desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável
pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados),
pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de


substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e
noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da
região frontal e suas conexões.

A) Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição
ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de
que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com
TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A
prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais
do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).

Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da


família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se
comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se
comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então,
comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e
não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter
certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com
adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se
há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os
pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.

Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos),


quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se
que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos
(50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH
do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais
são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto
mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a
doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são
muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter
70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do
TDAH.

A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi
começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH,
como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca
devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética.
O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e
não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também).
Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além
disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns
pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda
as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar
(antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos
familiares de portadores de TDAH.

B) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem
causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal
orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com
problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos
somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de
causa e efeito.

C) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram
causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de
causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar
mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela
própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de
problemas no parto.

D) Exposição a chumbo:
Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas
semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer
exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode
ser facilmente identificado pela história clínica.

E) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa
instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e
famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas
crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser
mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).

Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.

F) Outras Causas

Outros fatores já foram aventados e posteriormente abandonados como causa de TDAH:

1. corante amarelo
2. aspartame
3. luz artificial
4. deficiência hormonal (principalmente da tireóide)
5. deficiências vitamínicas na dieta.

Sintomas em crianças e adolescentes

As crianças com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas.


Freqüentemente têm apelido de "bicho carpinteiro" ou coisa parecida. Na idade pré-escolar,
estas crianças mostram-se agitadas, movendo-se sem parar pelo ambiente, mexendo em
vários objetos como se estivessem “ligadas” por um motor. Mexem pés e mãos, não param
quietas na cadeira, falam muito e constantemente pedem para sair de sala ou da mesa de
jantar.

Elas têm dificuldades para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que
não lhes sejam interessantes. Elas são facilmente distraídas por estímulos do ambiente
externo, mas também se distraem com pensamentos "internos", isto é, vivem "voando". Nas
provas, são visíveis os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos, etc.). Como a
atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, elas em geral são tidas
como "esquecidas": esquecem recados ou material escolar, aquilo que estudaram na véspera
da prova, etc. (o "esquecimento" é uma das principais queixas dos pais). Quando elas se
dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer mais
tranqüilas. Isto ocorre porque os centros de prazer no cérebro são ativados e conseguem dar
um "reforço" no centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis
normais. O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui
o diagnóstico de TDAH. É claro que não fazemos coisas interessantes ou estimulantes
desde a hora que acordamos até a hora em que vamos dormir: os portadores de TDAH vão
ter muitas dificuldades em manter a atenção em um monte de coisas.

Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e
já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar). Freqüentemente também
apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer.
Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual. O
TDAH não se associa necessariamente a dificuldades na vida escolar, embora esta seja uma
queixa freqüente de pais e professores. É mais comum que os problemas na escola sejam de
comportamento que de rendimento (notas).

Um aspecto importante: as meninas têm menos sintomas de hiperatividade-impulsividade


que os meninos (embora sejam igualmente desatentas), o que fez com que se acreditasse
que o TDAH só ocorresse no sexo masculino. Como as meninas não incomodam tanto,
eram menos encaminhadas para diagnóstico e tratamento médicos.

Sintomas em adultos

A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida apenas em 1980 pela
Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros estudos têm demonstrado a
presença do TDAH em adultos. Passou-se muito tempo até que ela fosse amplamente
divulgada no meio médico e ainda hoje, observa-se que este diagnóstico é apenas raramente
realizado, persistindo o estereótipo equivocado de TDAH: um transtorno acometendo
meninos hiperativos que têm mau desempenho escolar. Muitos médicos desconhecem a
existência do TDAH em adultos e quando são procurados por estes pacientes, tendem a
tratá-los como se tivessem outros problemas (de personalidade, por exemplo). Quando
existe realmente um outro problema associado (depressão, ansiedade ou drogas), o médico
só diagnostica este último e “deixa passar” o TDAH.

Atualmente acredita-se que em torno de 60% das crianças com TDAH ingressarão na vida
adulta com alguns dos sintomas (tanto de desatenção quanto de hiperatividade-
impulsividade) porém em menor número do que apresentavam quando eram crianças ou
adolescentes.
Para se fazer o diagnóstico de TDAH em adultos é obrigatório demonstrar que o transtorno
esteve presente desde criança. Isto pode ser difícil em algumas situações, porque o
indivíduo pode não se lembrar de sua infância e também os pais podem ser falecidos ou
estar bastante idosos para relatar ao médico. Mas em geral o indivíduo lembra de um
apelido (tal como “bicho carpinteiro”, etc.) que denuncia os sintomas de hiperatividade-
impulsividade e lembra de ser muito “avoado”, com queixas freqüentes de professores e
pais.

Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do
dia a dia. Por exemplo, pode ser difícil para uma pessoa com TDAH determinar o que é
mais importante dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro
e o que pode deixar para depois. Em conseqüência disso, quem TDAH fica muito
“estressado” quando se vê sobrecarregado (e é muito comum que se sobrecarregue com
freqüência, uma vez que assume vários compromissos diferentes), pois não sabe por onde
começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os indivíduos com TDAH
acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão fazendo e
começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o pretendido
ou então se esquecendo dele.

O portador de TDAH fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas,
principalmente quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre
o que tem para fazer. Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos
relacionamentos com outras pessoas. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para
o portador de TDAH, que freqüentemente “deixa as coisas pela metade”.

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