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EDIÇÃO 02.

OUTUBRO DE 2022

REGULANDO O
BLEND DE
BIOMASSAS

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REGULANDO O BLEND
DE BIOMASSAS

A
regulagem da composição das biomassas utilizadas ao mesmo tempo para
alimentar uma caldeira é de extrema importância para uma conversão
e iciente de energia. Para trazer isso à realidade do nosso dia a dia e fora do
seguimento industrial, imagine ter um fogão de cozinha residencial que precisasse
queimar GLP (o famoso gás de cozinha), ao mesmo tempo queimar gás natural, assim
como o biogás. Que confusão… agora imagine tudo isso oscilando em quantidades
diferentes e em diversos momentos durante a cocção dos alimentos. Como realizar a
regulagem do volume de cada gás para que o chama não oscile ou se apague se
tivéssemos por exemplo mais biogás do que os outros gases combustíveis? Não daria
muito certo, correto? Isso é o mesmo que ocorre quando não se realiza uma boa
composição de mix de diversas biomassas antes de alimentar uma caldeira, a
diferença entre a situação residencial que citamos e a industrial é que na caldeira
iremos ter os seguintes efeitos: (i)
combustão incompleta gerando gases
de combustão scuros (fumaça preta)
muito acima do permitido na escala de
Ringelmann; (ii) desestabilização do
processo de combustão; (iii) oscilações
de pressão de fornalha; (iv) oscilações
de nível do tubulão da caldeira
podendo gerar TRIP (desarme da
caldeira); e (v) oscilações de pressão
de vapor.

Escala de Ringelmann

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Falando em números práticos, vamos considerar como exemplo a utilização de uma


composição de biomassa que será alimentada em uma caldeira qualquer. Neste
exemplo iremos apenas focar nas questões do blend de biomassas sem salientar
nenhum sistema de alimentação e tipos de fornalha. A Figura 1 demonstra como ica o
poder calorí ico do blend para as umidades dadas de cada biomassa. Para este
cenário 1 a composição do blend apresenta um poder calorí ico inferior (PCI) de
1990kcal/kg.

4%
Umidade
6% 60%

12%
45%
1990kcal/kg
30%

Blend 1 15%

77% 0%

Bagaço Cavaco de Madeira Casca de Arroz Casca de Amendoim

Figura 1. Exemplo de composição de blend de biomassas utilizado em determinada


caldeira.

Quando a composição de determinado blend de combustíveis não obedece alguns


procedimentos básicos durante a mistura, mesmo que a umidade seja mantida, existe
o desestabilização do volume de energia que é inserido dentro da caldeira, e
consequentemente do processo de combustão (ar primário, secundário, e exaustão
dos gases). Além dos fatores relacionados ao processo de combustão e geração de
calor ou vapor, existe ainda os fatores físicos do equipamento que podem causar
desgastes prematuros de tubulações, ruptura de travamentos da caldeira (buckstays),
vazamentos por movimento abrupto de fornalha, quebra de grelhados, dentre outros.
Para demonstrar em números, a Figura 2 ilustra mais dois exemplos de formação de
mistura de combustíveis e seus respectivos valores de poder calorí ico inferior.

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2%

2%
6%
10%
11%

1840kcal/ 2148kcal/
12%
kg kg

71%
86%

Bagaço Cavaco de Madeira Casca de Arroz Casca de Amendoim

Figura 2. Exemplos de composição de blend com a mesma umidade da Figura 1.

O resumo dos exemplos de formação de blends de combustíveis pode ser visualizado


na Figura 3. Esta igura mostra como ica o montante de energia por kg de
combustível que é adicionado na caldeira. Se inserirmos tais oscilações constantes ao
longo de uma dia de operação, ica extremamente complicado a regulagem de ar da
caldeira, e de sua tiragem. Além do fato de derrubar a e iciência térmica do
equipamento, existe grande probabilidade de problemas com órgãos ambientais
devido emissões densas de fumaça para a atmosfera.

2200
Poder Calorí ico Inferior (kcal/kg)

2100

2000

1900

1800
Blend 1 Blend 2 Blend 3

Figura 3. Oscilações de energia dos blends demonstrados.

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COMO REALIZAR A FORMAÇÃO DO BLEND


A formação de blend de biomassa é mais simples do que se parece, mas exige o
cumprimento de certos procedimentos. A formação de blend pode ser realizada de
duas formas:

• Automática: Para realização de blend biomassas de forma automática a empresa


necessita possuir sistemas de extração de biomassas (moegas) para cada tipo de
combustível. Dessa forma, é possível ajustar as dosagens que abastecem a esteira
principal que a alimenta a caldeira diretamente de um sistema supervisório.

• Manual: O sistema manual de formação de blend é o mais comum e utilizado pelas


empresas, visto que não existe investimentos por parte da empresa, icando
limitado ao custo de movimentação de máquinas.

• Procedimento:
A. Medir a umidade do conjunto de biomassa que deseja realizar o blend (este
item é importante para de inir os montantes para cada tipo de combustível),
e, ter ciência dos montantes de cada tipo para realizar a composição de forma
a manter o maior tempo possível da caldeira em determinada regulagem.

B. Calcular as partes de cada biomassa conforme o número de caçambas da pá


carregadeira que serão aplicadas ao blend. Exemplo: 10 caçambas da
biomassa A + 2 caçambas da biomassa B + N caçambas da biomassa C, e
assim por diante.

C. Com o auxílio da pá carregadeira, misturar bem os combustíveis deixando-os


homogêneos. Após isso basta alimentar a moega principal da caldeira e
manter o procedimento o tempo necessário.

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COMENTÁRIOS FINAIS
Mais importante do que possuir produtos de qualidade para a combustão da caldeira
é possuir um ótimo controle de formação de blends. Não importa se o blend possua
pouca ou mais energia calorí ica, o que realmente faz a diferença é a constância. Se
existe constância, o operador consegue regular o equipamento, o excesso de ar, e a
tiragem de gases de combustão de forma a manter a qualidade do calor ou vapor
entregue. Quando pensamos também em fatores ambientais, tais oscilações são as
mais impactantes para reclamações, multas, e sem dúvida alguma para o aumento do
custo variável de produção (CPV).

SOBRE O AUTOR

Ricardo Cecilio é sócio fundador da Termoeng Engenharia. É formado em Engenharia


de Controle e Automação pela UNILINS, possui MBA em Gestão Empresarial também
pela UNILINS, Mestrado em Fenômenos de Transporte pela UNESP, e Doutorado em
Energia pela USP. Atua há mais de 20 anos na indústria, tendo participado em diversos
projetos de expansão, retro it, performance industrial e de processos, além de gestão
de projetos e energia. Desenvolve também equipamentos especiais para caldeiras,
processos e logística de biomassa, bem como dá consultoria nas áreas de balanço de
massa e energia, projetos e e iciência energética.

contato@termoeng.com.br | (11)99391-0770

SOBRE A EMPRESA

A FOREST SERVICE atua na comercialização de biomassas para caldeiras, geradores


de calor, fornos e estufas que utilizam biomassa como fonte de energia. A empresa
atua em diversos estados brasileiros com frota própria de veículos e atualmente
possui em seu portfólio diversos produtos como: bagaço de cana, cavaco de
eucalipto, cavaco de seringueira, cavaco de laranja, microchip de eucalipto, lenha em
toras, lenha em metro, e também palanque.

comercial@forestservice.com.br | (14)99696-0104

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