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GM nº230060

Curitiba, 20 de março de 2023


Ano 3375

Aos Membros da Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis, AMORC - Jurisdição de Língua Portuguesa.

Prezados, Fratres e Sorores.

Sob os auspícios da Rosacruz!


Salutem Punctis Trianguli!

Os nossos Organismos Afiliados estão celebrando nesse período o Ano Novo Rosacruz e a posse dos novos
Oficiais.

Para além da lição de renovação que a natureza nos dá pelo advento do fim do universo hibernal com o
retorno da vida no hemisfério norte com a entrada na primavera e aqui no hemisfério sul o outono, esta data
deve servir de inspiração para todos nós.

Li, em 1991, Ano Novo Rosacruz 3344, a lavra do frater Christian Bernard, Imperator Emérito, que nossa
Ordem tem uma missão. No artigo, o Imperator Emérito questiona se nós vemos a Ordem como possuindo
uma missão e que esta seria promover o bem e o desenvolvimento da humanidade.

Vou estratificar alguns excertos para nossa reflexão:

Ao estudarmos os ensinamentos rosacruzes, começamos lentamente a despertar para os valores


transmitidos pela Ordem. Aos poucos, começamos a desvendar os mistérios que cercam assuntos como
os ciclos e a tradição. Por esse conhecimento alguma coisa quase mágica começa a acontecer. Em nosso
coração inicia-se o despertar de algo intangível, que não pode ser expresso pelo intelecto ou por palavras,
mas que, quase paradoxalmente, expressa-se num conhecimento que transcende todo o conhecimento.

O fato de que alguma coisa notável se manifestou em nossa consecução individual - algo que é novo e ao
mesmo tempo antigo para além de qualquer medida. Qual a natureza dessa “antiga qualidade do novo”?
Assim como ocorre com o Ano Novo que celebramos através de um ritual tradicional, encontraremos a
resposta a essa pergunta em nossa tradição.

Fratres e Sorores, aqui se encontra o “segredo” de compreender a importância de nossa história e tradição:
“participar num movimento”.

Por que é importante preservarmos e perpetuarmos nossa tradição?

[1]
Porque nossa missão ainda não está completa. Quantos de vocês pensaram na Ordem Rosacruz como um
movimento criado para completar uma missão, ou encararam nossa história vendo nela a mensagem escrita
tão claramente? Quantos de vocês ligaram os estudos privativos feitos com tanta diligência, e que exercem
um impacto tão profundo em nossa vida, às iniciações e rituais em que participamos, aglutinando tudo
isso aos valores rosacruzes tradicionais? Estes três pontos produzem o quarto - o quadrado ou fundação - e
nos revelam nossa missão.

Esse despertar é uma transição do intelecto para a consciência mística e sua aplicação. Naturalmente,
isso é evidente por si mesmo para os Rosacruzes. Sem essa transição, a verdade permanece fugidia. Isso
também é evidente por si mesmo. Para que aqueles que sabem e têm a guarda da verdade possam expressá-
la, deve haver alguém que deseje receber essa verdade e, o que é mais importante, conhecê-la. Uma vez
que conhecemos a verdade, nós nos tornamos essa verdade, nós a vivenciamos, somos a verdade.

Manifestos não são o produto de uma mente individual; antes, são o resultado de um movimento visando
cumprir uma missão provinda do coração daqueles que já alcançaram uma consciência mística e que
reconheceram e assumiram a responsabilidade de perpetuar a Grande Obra. Quando nos livramos
das limitações da personalidade individual em assuntos de Luz e nos identificamos com um movimento
de natureza onipotente, nossa missão torna-se óbvia. Nós simplesmente sabemos.

O misticismo é uma essência. O Rosacrucianismo é a nossa senda, ou técnica. Nossa tradição é o nosso
veículo, que consiste em tudo que somos e viremos a ser. Os Imperatores de nossa Ordem disseram
muitas vezes que, além de nossa doutrina e ritual, a AMORC é também uma organização cultural
e educacional. Não devemos pensar nestes dois últimos aspectos como sendo funções ou acréscimos
separados da AMORC, pois não o são. Fratres e Sorores, não somos apenas uma organização que perpetua
a cultura e a educação. Somos uma cultura tradicional que vive numa sociedade contemporânea. Somos
uma sociedade mundial que desconhece fronteiras nacionais e trabalha em paz e harmonia com toda
a humanidade.

Essa situação é historicamente sem paralelo e, de certa forma, identifica nossa missão, ao mesmo tempo que
explica muitas de nossas ações. Quando Ralph Lewis disse que os estudos rosacruzes auxiliam o estudante
a desenvolver uma filosofia viva, ele não falava apenas de benefícios pessoais dos estudantes, mas também
de eles fazerem com que os elementos da missão sejam gravados no interior de cada estudante.

Somos uma sociedade, somos uma cultura, regulamentada por nossas leis tradicionais para que respeitemos,
auxiliemos e sirvamos à humanidade, sem nos deixarmos vitimar por limitações de poder, controle e
guerra - problemas que afligem sociedades e culturas não místicas.

Três mil trezentos e quarenta e quatro anos atrás, as engrenagens começaram a girar e foi instituído
um plano. Nossas tradições e atividades nem sempre foram limitadas a realidades físicas, o que não
poderia ser sempre medido por documentos históricos, nem isso foi uma necessidade em tempo algum. A
realidade mística, a realidade rosacruz, não pode sofrer essas limitações. O importante é que a tradição
permaneceu viva no coração de muitas pessoas por muito tempo. A intemporalidade de nossa tradição, a
não-limitação de nosso conhecimento, vem agindo por um propósito que será cumprido ainda nesta vida,
para a maioria dos Fratres e Sorores de nossa Ordem.

Esse cumprimento, entretanto, é apenas um começo, pois quando uma criação está completa, sua
direção deve ser intensificada. Nosso início é manifestar essa direção. É agora, mais que em qualquer
tempo passado, que nosso Trabalho deve se tornar mais difícil, e maior necessidade temos de todos
vocês. Nossa Ordem, nossa missão, requer que cada um de nós se dedique infindável e incansavelmente.

[2]
Sir Francis Bacon escreveu a respeito da “Nova Atlântida” e muitos imaginaram que ele se referisse à
América. De nossa perspectiva, entretanto, sentimos que é hora de compreendermos que ele não falava
de um lugar em particular, e sim de uma condição de natureza universal como sendo a “Nova Atlântida”.

A “Nova Atlântida” é uma decisão que nos cabe tomar.

Estes são tempos verdadeiramente cruciais. Estamos afogados na ignorância, na ambição e no poder. A
própria Ordem Rosacruz tem sentido os efeitos de indivíduos e grupos autocentrados que não querem ou
não podem reconhecer a missão. Isso não é surpreendente. É essa a condição do mundo. O que será dele?
Na verdade, nosso trabalho torna-se agora mais difícil, e nem tudo está claro para todas as pessoas. Cada
um de nós precisa reconhecer esta situação para que possamos saber como agir.

Não se iludam pensando que existe uma batalha entre a Luz e as Trevas. Só existe a Luz. Servimos à
Luz. As Trevas são uma ilusão. Embora seja verdade que as Trevas foram promovidas a uma realidade,
continuam sendo uma ilusão.

Não lutamos contra ilusões; nós as transcendemos. Tudo isso está muito bem expresso em nossos
ensinamentos, rituais e tradições e, tal como a missão ditou por 3344 anos, em nosso coração. Enfrentamos
uma tarefa árdua, mas fomos muito bem instruídos.

Na verdade, é por isso que celebramos tradicionalmente cada ano novo - para agradecer e para honrar
nosso propósito. Eu gostaria de sugerir que estendêssemos a tradição do ano novo por mais cinquenta e dois
dias, fazendo uma confirmação diária de nossa dedicação à Ordem Rosacruz e sua missão, e realizando
um trabalho esotérico em prol da Luz e da consecução do Grande Plano. Temos certeza de que todos vocês
continuarão a trabalhar individualmente, à sua própria maneira, por toda a sua vida. Por isso, temos um
grande motivo para celebrar este dia!

Tais assertivas denotam uma visão de futuro que precisamos estar conscientes para o cumprimento de nossa
missão individual e de nossa Ordem.

As palestras de nosso Imperator Emérito, Christian Bernard, implicam na responsabilidade que possuímos
na perpetuação da Grande Obra enquanto membros e Oficiais da Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis –
AMORC.

Vale destacar que este é o momento que a nossa Ordem mais precisa do nosso trabalho e dedicação e, consciente
desta missão, registro meus sinceros votos de renovação de propósitos em prol da Missão Rosacruz.
Salve o Ano Novo Rosacruz 3376!

Despeço-me com meus melhores votos de Paz Profunda.

Sincera e Fraternalmente
AMORC-GLP

Hélio de Moraes e Marques


GRANDE MESTRE

[3]

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