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Índice

1. Projeto Open LAB 5G WEG-V2COM ........................................................ 5

1.1. Introdução ................................................................................... 5

1.2. Sobre o Projeto ............................................................................ 7

Combinações de Core e Rádio ..................................................... 7

Casos de Uso ............................................................................ 9

1.3. Implementação do Projeto ........................................................... 16

1.4. Condições de Teste ..................................................................... 21

2. Resultados Esperados ........................................................................ 21

3. Resultados Obtidos – Relatório de KPIs Técnicos para Faixa de Frequência


FR1 – Abaixo de 6 Ghz ......................................................................................... 22

3.1. Testes de Throughput por tipo de rede .......................................... 22

3.2. Testes de Throughput máximo por número de dispositivos ............... 26

3.3. Testes de Throughput em comparação com a distância da Antena 5G 28

3.4. Testes de Latência por tipo de rede ............................................... 30

3.5. Testes de Throughput médio por número de dispositivos ................. 32

3.6. Testes de perda conectividade por número de dispositivos ............... 37

3.7. Testes de perda de pacotes em movimento (handover) ................... 39

3.8. Qualidade de sinal em diferentes áreas da fábrica ........................... 42

3.9. Perda de pacotes em operação ..................................................... 47

3.10. Conclusão dos resultados ............................................................. 48

4. Faixa de Frequência FR2 – Ondas Milimétricas ...................................... 49

4.1. Topologia Rede Privada Independente ........................................... 50

4.2. Topologia Rede Privada Integrada ................................................. 51

4.3. Teste com Transmissão de Dados – mmWave ................................ 52

4.4. Dificuldades Encontradas ............................................................. 53

Processamento do Core ............................................................ 53

Aperfeiçoamento dos valores de latência .................................... 53

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Limitação de infraestrutura de Rede ........................................... 53

Equipamentos para implementação fabril .................................... 54

5. Resultados Obtidos – Estudos Econômicos ........................................... 55

5.1. Base de Custos ........................................................................... 55

Rede 5G............................................................................................. 55

Rede Wi-Fi ......................................................................................... 55

Robô Logístico .................................................................................... 55

Esteiras Inteligentes ............................................................................ 55

Automação de Maquinário de Injeção .................................................... 56

Robô de Inspeção ............................................................................... 56

5.2. Comparação de rede 5G com rede Wi-Fi para digitalização existente na


fábrica WDC 56

5.3. Custo/Benefício do 5G com casos de uso habilitados por esta nova rede
60

5.4. Equação de Viabilidade 5G ........................................................... 61

Custo de Infraestrutura ............................................................ 61

Custo Fixo (denominado I neste relatório) .................................. 61

Custo Variável (denominado C neste relatório): ........................... 61

Benefício econômico de casos de uso do 5G ................................ 62

Tendências em redes 5G........................................................... 65

5.5. Modelos para a adoção do 5G na Indústria ..................................... 69

Redes 5G Privadas Independentes ............................................. 69

Redes 5G Privadas Integradas com Packet Core Remoto ............... 69

Redes 5G Privadas Integradas com Packet Core Local .................. 70

6. Resultados Obtidos – Melhorias Permitidas pelo 5G ............................... 71

6.1. Melhoria em casos de uso existentes ............................................. 71

IIoT – Industrial IoT ................................................................. 71

Robótica ................................................................................. 71

6.2. Casos de uso habilitados pelo 5G .................................................. 73

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Robótica ................................................................................. 73

Dispositivos Inteligentes ........................................................... 73

7. Considerações Finais ......................................................................... 74

7.1. Considerações sobre os Casos de Uso ............................................ 74

7.2. Considerações finais sobre adoção do 5G (Sub6Gz & mmWave) ....... 74

Sub6Ghz ................................................................................ 74

mmWave ................................................................................ 75

8. Glossário técnico ............................................................................... 77

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1. Projeto Open LAB 5G WEG-V2COM

1.1. Introdução

O projeto Open Lab 5G WEG-V2COM foi estabelecido por meio de um acordo de


cooperação técnica firmado entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
(ABDI) e a empresa WEG-V2COM e contou com a participação dos parceiros Qualcomm
no suporte técnico para a execução do projeto, da empresa Claro com a implementação
da rede privativa mista (integrada) e da Nokia como parceira provedora de infraestrutura
da rede privativa independente. A execução do projeto está sendo acompanhada pela
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), uma vez que que os dados gerados
subsidiarão decisões da Agência em relação à tecnologia 5G, pois respeitam os limites
técnicos especificados na Consulta Pública 30/21¹ e Consulta Pública a ser publicada no
âmbito de concessão de frequência de ondas milimétricas.

O projeto Open Lab 5G WEG-V2COM tem como principal objetivo testar a


conectividade de diversos dispositivos IoT à rede 5G em um ambiente real de produção
na fábrica da WEG Drives & Controls, localizada em Jaraguá do Sul, SC, avaliando a
viabilidade de conexão nessa nova tecnologia e identificando os benefícios que podem ser
obtidos com a transição para o 5G como:

• Velocidades de pico 5G até 100x mais rápida do que a velocidade das redes
4G LTE;

• Latência reduzida que dará suporte a novos aplicativos que aproveitam o


poder do 5G, da Internet das Coisas (IoT) e da inteligência artificial;

• Aumento da capacidade nas redes 5G pode minimizar o impacto dos picos


de carga, como os que ocorrem na industrial com o alto número de
dispositivos que demandam dados e tempos de respostas mais precisos;

• Maior capacidade de execução remota, com maior número de dispositivos


conectados e a possibilidade de implementação de redes virtuais (network
slicing), proporcionando conectividade mais ajustada às necessidades
concretas.

Além desses ganhos, a tecnologia 5G também pode ser usada em casos de visão
computacional ou de máquina para apoiar esforços de qualidade e identificar defeitos de
produtos em uma linha de produção, fornecendo dados acionáveis a pessoas e sistemas
para ajudar a minimizar o desperdício e manter a qualidade.

Da mesma forma, a visão computacional e a robótica podem ajudar a desenvolver


um gêmeo digital de um chão de fábrica que poderia economizar milhares de horas caso
o local tivesse que ser refeito para uma finalidade diferente. Fazer essas mudanças
virtualmente primeiro e depois executá-las no mundo real podem fazer a diferença na
forma como uma empresa responde aos seus clientes.

Outra aplicação seria a força de trabalho remota de fabricação. A indústria de


fabricação habilitada para redes 5G pode adotar o desenvolvimento de "fábricas escuras"
(fábricas construídas para serem totalmente automatizadas por design) que são

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suportadas remotamente por engenheiros e programadores para garantir operações
suaves.

Do ponto de vista de infraestrutura, sabe-se que o 5G é inerentemente flexível em


sua arquitetura e suas frequências de conexão. Por isso, é fundamental conhecer na
prática as diversas vertentes existentes para entender como cada uma se comporta em
termos técnicos, com a complexidade de operação e os investimentos necessários. A
adequada transição para o 5G passará pela avaliação da viabilidade de aplicação dos
dispositivos atuais na nova tecnologia de modo a identificar os investimentos necessários
com base nos requerimentos exigidos por cada aplicação. Há casos, ainda, em que a
aplicação já é satisfatoriamente atendida pelo 4G, e os benefícios obtidos com a transição
para o 5G não compensam o investimento, como o uso em escritórios e demais
departamentos que não exijam um Throughput e latência acima do habitual para a
tecnologia 4G.

Todas essas questões são respondidas pelo projeto Open Lab 5G WEG-V2COM, pois
ele possibilita a realização de testes práticos das diversas tecnologias e dispositivos
conectados à rede em ambiente real de produção.

Cabe destacar que o projeto ainda está em andamento dado que as investigações
no âmbito de frequência abaixo de 6GHz já foram realizadas, bem como os estudos
econômicos e casos de usos pertinentes, estando pendente as conclusões relativas aos
testes em FR2 no espectro de ondas milimétricas. Portanto, este relatório contempla a
visão dos testes realizados em campo até a presente data, com o uso de redes privativas
5G (na faixa de frequência FR1 n78 que compreende o espectro entre 3,5 GHz e 3,8 GHz),
além dos detalhamentos de topologia e arquitetura do 5G utilizadas neste momento no
Open Lab 5G WEG-V2COM, bem como os estudos econômicos, que serão detalhados neste
relatório e de casos de uso pertinentes.

Ao final do primeiro trimestre de 2023 este relatório será complementado com os


dados técnicos obtidos da avaliação de espectro FR2 de ondas milimétricas e qualquer
modificação – se houver – dos modelos econômicos e casos de uso em decorrência da
experiência prática deste tipo de espectro a ser experimentado em campo

Nota: 1) https://www.gov.br/pt-br/consultas-publicas-govbr/anatel-consulta-publica-no-30-2021,
que trata dos requisitos técnicos e operacionais para uso da subfaixa de frequências de 3.700 MHz
a 3.800 MHz por estações de serviços terrestres de baixa potência, com o objetivo de estabelecer
as condições de compartilhamento do espectro e evitar interferências prejudiciais intersistêmicas

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1.2. Sobre o Projeto

A avaliação do impacto de utilização do sistema 5G para cada caso de uso é uma


tarefa complexa que envolve uma análise multifacetada. A análise de eficácia da
implantação do sistema pode passar, inclusive, por métodos qualitativos de avaliação que
envolvam entrevistas com usuários, observações e questionários direcionados a todas as
partes interessadas do processo.

Objetivamente, considerando as combinações de Core e Rádio e os casos de uso


que serão detalhados na sequência, o projeto Open Lab 5G WEG-V2COM analisou 3
indicadores, que são:

• Throughput (velocidade) para aplicações que exigem qualidade de fibra


ótica;
• Densificação de malha de conexões – 5G versus Wi-Fi;
• Confiabilidade de conectividade 5G em ambiente indoor.

Dessa forma, este relatório aborda a análise de desempenho das redes 5G de modo
quantitativo, apresentando medições como:

• Taxa de transmissão de dados;


• Capacidade do link;
• Perda de pacotes;
• Latência;
• Entre outras.

Combinações de Core e Rádio

O Open Lab 5G WEG-V2COM analisou duas vertentes do 5G: rede privativa mista
(integrada) e rede privativa independente. As topologias podem ser vistas na Figura 1
abaixo, provida pela Qualcomm:

Figura 1 – Rede privativa mista (integrada)

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Figura 2 - Rede privativa independente

Tais topologias foram implementadas da seguinte maneira:

• Rede privativa mista (integrada): Foi implementada em parceria com a


operadora Claro, usando infraestrutura Ericsson com padrão TDD (Time
Division Duplex). A gestão de radiofrequência ficou alocada dentro da
fábrica testada, sendo que a gestão da rede como um todo – seja dos
dispositivos conectados, seja dos dados trafegados – se localiza,
inicialmente, em um núcleo de rede em data center da própria Claro;

• Rede privativa independente: Foi implementada em parceria com o


provedor de infraestrutura Nokia, com padrão TDD (Time Division Duplex).
Nela, toda a estrutura fica localizada internamente nos domínios da fábrica,
sendo que dados e controles são expostos à internet somente se necessário,
para o caso de uso específico.

Também fazem parte do escopo do Open Lab 5G WEG-V2COM ambas as faixas de


frequência disponíveis no 5G: a FR1, com frequências abaixo de 6 GHz, e a FR2, com
frequências acima de 24 GHz e ondas de comprimento milimétrico, sendo esta validação
dividida em duas fases:

• Validação do FR1 – Conforme apresentado neste relatório:

o Banda n78 de 3,5 GHz a 3,6 GHz – faixa de domínio público, com
topologia Claro;

o Banda n78 de 3,7 GHz a 3,8 GHz – faixa de domínio limitado privado,
com topologia Nokia;

• Validação do FR2 – Com previsão para primeiro trimestre de 2023:

o Banda n258 em faixa de 26 GHz a ser definida e validada na

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topologia Nokia.

Casos de Uso

O Open Lab 5G WEG-V2COM focou em avaliar casos de uso coerentes com as


capacidades do 5G atual, pois a tecnologia 5G está no seu início e tem um roadmap amplo
com funcionalidades a serem disponibilizadas nos próximos anos, conforme demonstrado
na Figura 2 abaixo, pelo infográfico também elaborado pela Qualcomm:

Figura 3 – Release 15, 16 & 17 de acordo com o 3GPP

Considerando, então, que o Release 15 é o atual padrão disponível comercialmente,


tanto em termos de infraestrutura quanto de dispositivos, este é o foco do Open Lab 5G
WEG-V2COM.

9 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Uma vez que neste release é destacado o pilar de Conectividade Massiva, os casos
de uso selecionados foram aqueles impactados nessa frente, seja por maior capacidade
de dados, seja por necessidade de numerosos dispositivos a serem conectados.

As demais frentes de confiabilidade e latência também têm presença no Release


15, mas ainda em valores não ótimos, o que é esperado apenas a partir do Release 16,
com as tecnologias do CoMP e uRLLC.

Dessa forma, os casos de uso iniciais elencados para o Open Lab 5G WEG-V2COM
foram concentrados em três blocos, como listado a abaixo:

• Grupo 1

o IIoT – Industrial IoT


o Coletor de Dados
o Mini PCs
• Grupo 2

o Robótica
o Robô AGV (Automated Guided Vehicle) Logístico
o Robô de Inspeção com VR (Realidade Virtual)
• Grupo 3

o Dispositivos Inteligentes
o Câmeras Inteligentes
o WMS – WEG Smart Machine (sistema de gestão de ativos)
o WEM – WEG Energy Management (sistema de gestão de energia e
utilidades)
A seguir, será detalhado cada caso de uso e seus grupos.

1.2.2.1. IIOT – Industrial IOT


Aplicações de IoT industrial já existem hoje em ambientes industriais, dados que
não necessitam de baixa latência ou alta capacidade de transmissão de dados, algo
alcançável com tecnologias como Wi-Fi, 4G ou Ethernet.

Entretanto, o 5G traz o benefício de aumentar o número de dispositivos conectados,


hoje, limitado pelo número de dispositivos que podem ser conectados em redes sem fio
como o Wi-Fi e 4G ou com dificuldade física de instalação de um cabo ethernet em todos
os pontos possíveis de conexão.

Para esse grupo de casos de uso, foram implementados dois passos:

• Conexão dos equipamentos existentes para comprovar que o aspecto


funcional não é afetado pela rede 5G;

• Teste de densificação aplicado aos Mini-PCs, realizados com ferramentas de

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testes específicas para comprovar a maior capacidade da rede 5G.

Os casos de uso desse grupo são:

1.2.2.1.1. Coletor de Dados


Neste caso de uso, foi conectado o Coletor de Dados da empacotadora no setor de
Montagem A, responsável pela captura de dados de máquina para alimentar o sistema de
gestão de manufatura (MES) e também a realização de apresentação de dados em tempo
real via WEG Smart Machine.

Neste Coletor de Dados é realizado a coleta massificada de dados, podendo conter


centenas de variáveis a serem analisadas, deste modo, a latência deve ser baixa devido a
visualização em tempo real e o upload de dados ocorre de 900 Kbps a 5 Mbps, em média.

Com a utilização do 5G mostrou-se uma melhora na verificação dos dados, sem


atrasos e uma maior precisão devido a sua baixa latência. Conforme mostra a Figura 4 no
mapa, o equipamento foi estratégico, pois, há necessidade do controle exato das
informações para não haver excedentes, e que a máquina tenha a melhor desempenho
em todo o tempo de uso.

Ou seja, com o 5G pôde-se verificar que o equipamento não sofreu uma sobrecarga
de energia no seu uso excessivo, não gerou gasto desnecessário devido a sua ociosidade
e também a assertividade perante a contabilização de peças e embalagens produzidas.

Figura 4 – Automação – Coletor de Dados

1.2.2.1.2. Mini PCs

Neste caso de uso, foram conectados os Mini PCs das injetoras de plásticos,
responsáveis pela captura de dados das máquinas para alimentar o SFM (Shop Floor
Management). Nesse sistema, os dados da peça produzida são coletados do SAP WEG e
apresentados na tela para o funcionário, deste modo, a latência pode ocorrer até 30ms e
o download aproximado de 12 Mbps. Os resultados podem ser variados para cada Mini-
PC, devido a quantidade de variáveis que são analisadas em cada peça produzida.

Com a massificação de dados e todas as injetoras trabalhando em conjunto, fazem


despertar o interesse pela utilização do 5G, conforme mapa demonstrado na Figura 5

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abaixo:

Figura 5. – Automação – Mini PC´s

1.2.2.2. Robótica

Aplicações de Robótica estão presentes nas indústrias hoje. Atualmente as


aplicações exigem boa qualidade de transmissão de dados, seja em latência, seja em
quantidade de dados transmitidos.

O 5G permite a existência de novos casos de uso e a expansão dos existentes, uma


vez que mais robôs poderão coexistir na mesma rede sem fio.

Para esse grupo de casos de uso, foram implementados três passos:

• Conexão do Robô Logístico existente para comprovar o seu funcionamento;


• Implementação de um novo caso de uso com o Robô de Inspeção com VR
(Virtual Reality);
• Testes de densificação, realizados com ferramentas de testes específicas
para comprovar a maior capacidade de uma rede 5G em Throughput,
latência e perda de pacotes.

Os casos de uso desse grupo são:

1.2.2.2.1. Robô Logístico

Foram conectados os Robôs Logísticos do tipo AGV, bem como as esteiras


inteligentes que interagem com eles na fábrica da WEG. A comunicação entre as esteiras
e robô para com o servidor de controle dessa aplicação foi realizada via 5G. Esses robôs
são responsáveis pelo transporte de equipamentos, produtos e outros entre áreas de
montagem e inspeção, conforme demonstrado nas Figuras 6,7 & 8.

Neste caso, podemos testar pontos escuros que o Wi-Fi não poderia atender,
levando a maior assertividade e menor tempo de resposta para as decisões tomadas pelo
robô durante a sua rota. Com isso, a comunicação é realizada em tempo real durante todo
o percurso, levando a necessidade de uma baixa latência para este caso de uso. O envio
de informações realizada deste caso é de 2.5 Mbps, aproximadamente, quanto para o seu
download é de 6 Mbps, aproximadamente.

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Figura 6 – Automação – Rota do Robô Logístico – Principal

Figura 7 – Automação – Rota do Robô Logístico - Alternativa

Figura 8 – Automação – Antenas para Esteiras Automatizadas

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Foram realizadas a análise de perda de pacotes e latência em comparação com o
Wi-Fi e estudos para garantir o funcionamento do robô logístico. Estima-se que com a
implementação da rede 5G na fábrica, a atribuição de mais robôs será apenas limitada por
demanda de serviço.

1.2.2.2.2. Robô de Inspeção com VR (Realidade Virtual)


Neste caso de uso, foi implementado um robô de inspeção utilizando Realidade
Virtual para visualização e comando do robô. Este robô seguiu uma rota livre dentro da
fábrica da WEG.

Tal robô, demonstrado na Figura 9, conta com uma câmera 360 graus com
capacidade de resolução 4K e até 30 FPS. Esse é um cenário puramente 5G, pois necessita
de alta capacidade de transmissão de dados e baixa latência, possuindo como necessidade
um download aproximado de 100 Mbps para a coleta de imagem 4K e latência aproximada
de 40ms. Caso seja realizado a transmissão ao vivo no Youtube é gerado um upload de
dados para a plataforma de 12 Mbps, aproximadamente.

Como um todo, sendo a sua validação um caso direto de validação das capacidades
do 5G.

Figura 9 – Robô de Telemedição – VR/AR

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1.2.2.3. Dispositivos Inteligentes
Dispositivos Inteligentes já existem hoje em ambientes industriais, mas não são
massificados devido a desafios de capacidade de transmissão de dados e difícil acesso à
conectividade dada pela baixa capacidade de alcance do Wi-Fi ou pela dificuldade de
instalação de cabos ethernet.

Com o 5G, temos o benefício de aumentar o número de dispositivos conectados e


prover maior capacidade de tráfego a eles, permitindo, portanto, a escala massiva de
dispositivos inteligentes na indústria. Para esse grupo de casos de uso, foram
implementados três passos:

• Conexão dos dispositivos existentes para comprovar seu funcionamento na


rede 5G;

• Implementação de novos casos de uso de câmeras inteligentes;

• Testes de densificação e cobertura, realizados com ferramentas de testes


específicas para comprovar a maior capacidade de uma rede 5G em
Throughput, latência e perda de pacotes.

Os casos de uso desse grupo são:

1.2.2.3.1. Câmeras Inteligentes

Foram instalados dois casos de uso de câmeras inteligentes: uma para identificação
de pessoas usando máscaras e outra para inspeção de montagem, ambas usando
tecnologia da MVISIA, empresa do grupo WEG.

Esse caso de uso tem o objetivo de comprovar que a conectividade 5G é um


substituto viável à conectividade cabeada, permitindo assim maior presença desse tipo de
equipamento e instalação flexível em pontos de interesse não alcançáveis nos dias de hoje.

A câmera MVISIA possui uma dependência de Throughput de 300 Kbps. A latência


aproximada, considerável para este caso de uso é de 20ms. Com isso, os dados são
processados por uma CPU de Visão e entregues para a tela onde é apresentado os dados.

15 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


1.2.2.3.2. WEG Smart Machine (sistema de gestão de ativos) e
WEG Energy Management (sistema de gestão de energia e
utilidades)

Os dispositivos inteligentes do WEG Energy Management e WEG Smart Machine


foram conectados ao 5G para comprovar o correto funcionamento desse tipo de solução à
nova tecnologia.

Esse ponto, aliado aos testes de densificação e cobertura, tem o objetivo de


comprovar que a conectividade ao 5G é um substituto viável à conectividade cabeada,
permitindo assim maior presença desse tipo de equipamento e instalação flexível em
pontos de interesse não alcançáveis nos dias de hoje.

Os dois casos, trabalhando individualmente, necessitam de até 2 Mbps para envio


dos dados coletados. Caso haja a desconexão, estes casos conseguem armazenar os dados
internamente e enviar quando a conexão com Internet for reestabelecida.

1.3. Implementação do Projeto

O projeto foi implementado em uma das fábricas da WEG, em Jaraguá do Sul, no


estado de Santa Catarina. A realização dos testes ficou sob a responsabilidade da V2COM,
empresa do Grupo WEG, e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPQD).

Na fábrica, a rede privada 5G do fornecedor Nokia foi testada paralelamente à rede


5G da operadora Claro, composta por equipamentos do fornecedor Ericsson. Foram
realizados testes e exercitados casos práticos de Indústria 4.0.

A fábrica da WEG está localizada em um prédio com dimensões de cerca de 80


metros de largura por 215 metros de comprimento, conforme apresentado nas figuras
abaixo.

Figura 10 – Drives & Controls - 1º piso

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Figura 11 – Drives & Controls - 2º piso

A área da fábrica da WEG em que foram realizados os testes está representada na


Figura 12 e na Figura 13. Os testes foram focados principalmente no setor de injeção,
marcado na cor laranja na Figura 12, e na rota do robô logístico, apresentada na Figura
13.

Figura 12 – Drives & Controls

Figura 13 – Drives & Controls - Rota do Robô Logístico

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Conforme previamente explicado no capítulo que trata da metodologia, para a
realização dos testes foram implementadas duas redes 5G nesta fábrica, que são:

• Rede privativa mista (integrada), da Claro/Ericsson na banda n78 (3,5


GHz), faixa de 3,3 GHz a 3,6 GHz, operando com largura de canal de 100
MHz, no modo Non Stand Alone (NSA), ancorada em rede Core LTE, em
modo TDD com distribuição 1:8 e saída de potência E.I.R.P de 27.1dBm.
São oito células 5G e oito células 4G. O posicionamento das células rádio
DOTs dentro do ambiente da fábrica da WEG é apresentado na Figura 14,
para o NR (New Radio) 5G. As oito células LTE estão posicionadas da mesma
forma que as células 5G. Posteriormente a Claro realizou teste com duas
configurações complementares: um onde foi estabelecido uma APN privada
exclusiva para a o projeto onde os dados foram segregados do tráfego
normal da rede; e o último onde foi instalado um packet core localmente na
fábrica da WEG com uma rede em Stand Alone (SA) mas com operação
remota;

• Com a rede utilizando de uma APN pública e o Core alocado em Curitiba,


pode-se obter uma latência mínima esperada mais alta comparada as outras
redes, devido ao Core não ser exclusivo a rede implantada e a rota ser muito
distante para a troca de informações. O limite máximo a se considerar com
essa topologia é de:

o Downlink: 915 Mbps

o Upload: 120 Mbps

o Latência: 30ms

• Utilizando da APN privada, trazendo o Core à cerca de 1km da WEG, pode-


se obter melhores resultados, principalmente em latência, devido ao
upgrade do Core fazendo com que o Throughput máximo chegue até 1.2GB
como limite. Com isso, pode-se obter como resultado:

o Downlink: 1GB

o Uplink: 200Mbps

o Latência: 9ms

18 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 14 – Drives & Controls – Antenas Claro

Figura 15 – Setup de Configuração – Rede NSA

• Rede privativa independente, da Nokia na banda n78 (3,5 GHz), faixa


de 3,7 GHz a 3,8 GHz, operando com largura de canal de 100 MHz, no modo
Stand Alone (SA), em modo TDD com distribuição 3:7 e saída de potência
E.I.R.P. de 23dBm. Foram utilizadas quatro Small Cells para cobrir a área
de interesse. Os pontos de instalação das Small Cells da Nokia são
apresentados na Figura 16.

• O limite máximo de Throughput que essa rede pode oferecer é de 850Mbps


para Download e para Upload com resultados até 180Mbps, resultados que
representam a utilização da distribuição 3:7. A latência mínima a se obter
nessa rede é de 12ms, utilizando de um Core Nokia no mesmo prédio da
realização dos testes.

19 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 16. – Drives & Controls – Antenas Nokia

Figura 17 – Setup de Configuração – Rede SA

É válido ressaltar que ambas as operadoras definiram a solução de RF adotada de


acordo com o Design Nominal apresentado por estudos de Site Survey realizados
previamente na fábrica.

20 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


1.4. Condições de Teste

Os sistemas 5G implantados na fábrica da WEG, operando na banda n78, estão


ocupando faixa espectral de 100 MHz. Eles têm a capacidade teórica de chegar a taxas em
torno de 1.000 Mbps no Downlink e 200 Mbps no Uplink.

Destaca-se que os valores apresentados para o desempenho dos sistemas 5G


dependem de fatores como condição de propagação, tipo de recepção e terminal de
usuário, parâmetros de configuração do sistema, entre outros. Dessa forma, o não
atingimento desses valores pelo sistema não significa necessariamente que ele esteja com
desempenho inadequado, mas pode sim ocorrer que os parâmetros configurados e/ou as
condições estabelecidas na situação de teste não permitam atingir esses limites teóricos.

No caso da rede privativa independente, o core da rede está localizado na fábrica


da WEG, enquanto a rede privativa mista (integrada) tem seu core localizado na cidade
de Curitiba. Dessa forma, os valores da latência para os testes na rede privativa mista
(integrada) tendem a ser maiores, como foi verificado nos valores demonstrados na Fase
1 Claro (NSA).

Outro detalhe a se ressaltar é que a medição de latência realizada nos testes se


refere ao tempo de propagação de ida e volta da informação, desde sua origem até seu
retorno ao ponto de envio, conhecido como RTT (Round-Trip Time). A latência ponta a
ponta (one way), então, teria um valor de aproximadamente a metade do valor da latência
reportado nos testes apresentados.

A infraestrutura de conectividade que alimenta a rede utilizada na realização de


testes com a topologia Nokia tem sua interface de comunicação de dados limitada à
transmissão de dados em 1 Gbps. Assim, o setup de teste não permite a leitura de taxa
de transmissão de dados acima do valor de aproximadamente 1 Gbps.

O CPE utilizado nos testes é do fornecedor Fibocom, modelo FIA D5G10.

2. Resultados Esperados

Através dos testes práticos que serão realizados com cada dispositivo, temos como
objetivos:

• Mostrar qual é o ponto de equilíbrio em termos de custo-benefício,


considerando o sistema atual (WiFi) x investimentos e benefícios com a
transição para 5G;

• Confirmar a resposta do 5G da rede privada às novas tecnologias de IOT,


como é o caso da visão computacional aplicada aos diversos setores da
economia. Este aspecto tem relação direta com os testes focados na banda
e latência da rede, que irão confirmar se determinados ambientes podem
ser adicionados à solução digital;

• Confirmar a resposta de cada dispositivo em relação à cobertura na rede

21 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


5G. Sabe-se que o 5G foi desenhado para atender à ampla cobertura. Neste
sentido, comprovar a capacidade de cobertura de cada dispositivo;

• Oferecer não apenas um comparativo técnico, mas também dados


consistentes acerca da viabilidade econômica e ponto de equilíbrio na
transição para a tecnologia 5G. No item 5.1 é visto as vantagens econômicas
do 5G sobre a topologia Wi-Fi existente hoje na fábrica.

Para tanto iremos descrever os resultados em 3 capítulos como a seguir:

• Relatório de KPIs (Key Performance Index) com as seguintes dimensões:

o Throughput entre redes, em função do número de dispositivos e em


função da distância das antenas;

o Densificação entre redes com valores Throughput médio, latência e


perda de pacote de dados;

o Confiabilidade com perda de pacote de dados em movimento


(handover), qualidade de sinal em diversas áreas e perda de pacotes
em áreas críticas.

• Estudo econômico com a viabilidade dos setups de rede 5G – (vide Item


5.1);

• Melhorias tecnológicas com casos de uso em diferentes redes em


comparação com o 5G e eventuais novos casos de uso que serão
possibilitados pelo 5G.

3. Resultados Obtidos – Relatório de KPIs Técnicos para Faixa de


Frequência FR1 – Abaixo de 6 Ghz

3.1. Testes de Throughput por tipo de rede

Para avaliar os KPIs técnicos inicialmente iremos avaliar o Throughput da rede, ou


seja, a quantidade de dados trafegados por segundo na rede.

O objetivo não é alcançar o máximo suportado pela infraestrutura 5G, dado que
esse é limitado pelos itens comentados no capítulo 1.4, e sim comparar sua performance
com o limite teórico da rede estabelecida de 1Gbps, e comparar com a rede existente de
Wi-Fi que serve já muitos dos casos de uso conforme listado previamente no relatório.

Para tais medições utilizou-se a ferramenta iPerf, com transmissão de dados


utilizando protocolos de transporte, tanto em TCP como em UDP, sendo que os testes
foram realizados com o CPE parado e a uma distância de aproximadamente 5 metros da
Small Cell.

22 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Os valores de Throughput máximo, médio e mínimo foram obtidos durante uma
janela de tempo de cinco minutos de medição de forma a equalizar qualquer efeito
transitório da rede real da fábrica sob a qual a infraestrutura do 5G estava instalada.

Nas tabelas a seguir teremos os resultados das 3 topologias de rede testadas:


Privada Independente 5G SA, Privada Integrada 5G NSA, Privada Integrada 5G SA e a
comparação delas com o Wi-Fi. Nelas teremos os resultados de Download (DL) e Upload
(UL) em Megabytes por Segundos (Mbps).

Privada Privada Integrada


TCP DL Independente Wi-Fi (Mbps)
5G SA (Mbps) 5G NSA (Mbps) 5G SA (Mbps)
Médio 723,00 532,90 931,80 17,60
Mínimo 620,00 184,00 50,40 2,73
Máximo 830,00 578,00 949,00 43,10
Tabela 1: Throughput redes privativas para tráfego TCP – download

Privada Privada Integrada


UDP DL Independente Wi-Fi (Mbps)
5G SA (Mbps) 5G NSA (Mbps) 5G SA (Mbps)
Médio 741,50 909,40 944,50 18,20
Mínimo 603,00 751,00 877,00 3,46
Máximo 837,00 997,00 970,00 43,20
Tabela 2: Throughput redes privativas para tráfego UDP – download

Privada Privada Integrada


TCP UL Independente Wi-Fi (Mbps)
5G SA (Mbps) 5G NSA (Mbps) 5G SA (Mbps)
Médio 157,00 93,90 96,80 30,10
Mínimo 124,00 29,80 25,10 7,18
Máximo 178,00 111,00 109,00 49,00
Tabela 3: Throughput redes privativas para tráfego TCP – upload

Privada Privada Integrada


UDP UL Independente Wi-Fi (Mbps)
5G SA (Mbps) 5G NSA (Mbps) 5G SA (Mbps)
Médio 147,90 125,20 98,70 26,95
Mínimo 131,00 114,00 95,60 8,09
Máximo 168,00 131,00 110,00 43,70
Tabela 4: Throughput redes privativas para tráfego UDP – upload

23 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Pelos resultados obtidos podemos concluir que:

• Em geral as redes 5G se comportaram com esperado alcançando máximos


de 949 Mbps em TCP e 997 Mbps em UDP para download, próximo ao valor
teórico de 1 Gbps;

• Em comparação das redes NSA e SA percebemos uma limitação de


Throughput em TCP dado a própria topologia da rede que possui o plano de
controle ancorado em uma portadora 4G, sendo que tal efeito não é
presente em UDP como esperado;

• A exceção desse comportamento em TCP, ambas redes NSA e SA tiveram


performance de Throughput parecidas e viabilizariam casos de uso na
indústria, dado que os casos de uso que tipicamente utilizam-se de TCP
estariam cobertos com o Throughput apresentado;

• No quesito de comparação entre redes Privadas Independentes e


Integradas, ambas tiveram performance similares, sendo a melhor
performance em download observado na rede privada integrada fruto de um
link de backhaul dedicado a rede 5G, em comparação ao link compartilhado
usado na rede independente dado que o packet core desta estava inserido
no data center da WDC;

• Em termos de comparação entre redes 5G e redes Wi-Fi pudemos observar


em média um fator de ganho 46 vezes maior em Throughput para download
e de 4 vezes maior em Throughput de upload, reforçando a missão do 5G
de fornecer um canal de dados mais amplo seja para uma aplicação crítica
ou múltiplos dispositivos compartilhando tal canal de dados;

• Por fim, um ponto importante para se observar é a constância da rede 5G


em entregar o Throughput médio sem grandes variações como pode ser
observado nos gráficos a seguir (Figuras 18,19 e 20) em relação ao Wi-Fi.
Tal característica é fundamental para aplicação de transmissão de tempo de
real de vídeo e computação visual, e é observada no 5G permitindo tais
casos de uso.

24 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 18 – 5G SA Privada Independente

Figura 19 – 5G SA Privada Integrada

Figura 20 – Wi-Fi

25 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


3.2. Testes de Throughput máximo por número de
dispositivos

Para a avaliação do comportamento do Throughput máximo de um dispositivo


conforme se conectavam demais dispositivos foi utilizado o equipamento Amarisoft
emulando a conexão de 64 equipamentos com carregamento de dados, durante um
período de 8 horas. Foram realizadas avaliações de retenção de conexão e de latência
através de comando ping, utilizando do protocolo ICMP para garantir que tais dispositivos
estavam ativos.

O exemplo abaixo (figura 21), faz a representação da ferramenta Amarisoft, com


os estados de (EMM) EPS Mobility Management. Nela observa-se a inicialização lenta dos
equipamentos emulados no Amarisoft, alterando do modo power off para o modo
registrado, levando alguns segundos para realizarem a conexão. Essa alteração é devido
a inicialização dos equipamentos no Amarisoft para não sobrecarregar a interface de
controle do 5G, onde são inicializados e conectados com intervalo de 2s entre eles. Ao
longo de todo o período de teste, como apresenta o gráfico, nenhum UE teve o status
alterado para o modo registrando, assim, não ocorrendo nenhum problema na conexão ou
possível problema.

26 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 21 – Conexão de 64 equipamentos com carregamento de dados – Amarisoft

Para testar a variação do Throughput máximo foi usado um CPE da Fibocom


conectado via ferramenta iPerf em protocolo UDP em um teste de 5 minutos, onde a partir
do primeiro minuto tivemos a inserção dos equipamentos emulados pelo Amarisoft, sendo
o último habilitado no início do quarto minuto de testes, resultando no gráfico a seguir
para download e upload.

Figura 22 – Downlink – Throughput Ilimitado (UDP)

27 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 23 – Uplink – Throughput Ilimitado (UDP)

Em download podemos observar o efeito da inserção de novos dispositivos criando


variações na taxa de download que chega a atingir um mínimo de 652 Mbps, se
estabilizando no período final do teste de inserção de novos dispositivos tendo no minuto
final do teste um mínimo de download de 784 Mbps.

Em upload podemos observar o efeito da inserção de novos dispositivos a partir de


80 segundos (com cerca de 10 dispositivos) criando variações na taxa com um mínimo de
80,7 Mbps durante a inserção de novos dispositivos emulados e se estabilizando no período
final tendo no minuto final um mínimo de download de 97 Mbps.

Com isto podemos aferir que as redes 5G se comportam de maneira adequada com
a inserção de novos dispositivos em sua malha, não prejudicando o funcionamento daquele
dispositivo de missão crítica que exige um alto Throughput de dados como por exemplo o
caso de uso do robô de inspeção de realidade virtual. Para ação futura esses resultados
serão comparados em uma nova oportunidade com o Release 16 de acordo com o 3GPP.

3.3. Testes de Throughput em comparação com a distância


da Antena 5G

Por fim, avaliamos as condições de Throughput de rede 5G conforme o dispositivo


se distanciava da antena 5G. Para tais testes posicionou-se fisicamente o CPE a diferentes
distâncias da antena irradiadora do 5G, sendo que aquela antena permanecia ativa
enquanto as demais permaneciam desativadas a fim de evitar a conectividade do
dispositivo através dessas antenas. Para as aferições utilizou-se a ferramenta iPerf com
transmissão de dados em TCP.

Os testes foram feitos com o CPE parado às distâncias de 5, 20, 40 e 60 metros da


Antena 5G, com captura de valores de Throughput máximo, médio e mínimo obtidos
durante o tempo de um minuto de medição

28 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Nas tabelas a seguir teremos os resultados das 3 topologias de rede testadas:
Privada Independente 5G SA, Privada Integrada 5G NSA e Privada Integrada 5G SA. Nelas
teremos os resultados de Download (DL) e Upload (UL) em Megabytes por Segundos
(Mbps).

Privada Independente Privada Integrada


TCP 5G SA 5G NSA 5G SA
DL
Min Med Max Min Med Max Min Med Max
(Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps)
5m 607,00 706,50 775,00 184,00 532,90 578,00 441,00 934,10 950,00
20m 527,00 665,70 733,00 31,00 515,50 567,00 168,00 833,00 929,00
40m 478,00 554,00 607,00 5,70 471,10 537,00 308,00 667,00 700,00
60m 390,00 446,30 478,00 - - - 279,00 477,20 533,00
Tabela 5: Throughput TCP - Download

Privada Independente Privada Integrada


UDP 5G SA 5G NSA 5G SA
DL
Min Med Max Min Med Max Min Med Max
(Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps)
5m 581,00 702,50 761,00 500,00 746,00 1030,00 768,00 917,30 999,00
20m 610,00 695,30 739,00 421,00 643,70 866,00 697,00 846,40 898,00
40m 495,00 581,80 632,00 7,50 539,60 667,00 601,00 681,10 768,00
60m 314,00 433,00 465,00 - - - 402,00 450,40 501,00
Tabela 6: Throughput UDP - Download

Privada Independente Privada Integrada


TCP 5G SA 5G NSA 5G SA
UL
Min Med Max Min Med Max Min Med Max
(Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps)
5m 124,00 157,00 178,00 29,80 93,90 111,00 66,00 96,90 109,00
20m 116,50 142,40 157,00 4,80 89,30 126,00 61,20 97,00 108,00
40m 105,00 133,30 151,00 25,70 81,80 126,00 84,30 91,00 94,50
60m 110,00 126,40 141,00 - - - 74,70 82,40 85,30
Tabela 7: Throughput TCP – Upload

Privada Independente Privada Integrada


UDP 5G SA 5G NSA 5G SA
UL
Min Med Max Min Med Max Min Med Max
(Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps)
5m 131,00 147,90 168,00 114,00 125,20 131,00 98,00 98,70 110,00
20m 100,00 117,10 156,00 113,00 122,40 130,00 97,60 98,70 110,00
40m 13,70 111,90 129,00 95,30 106,10 110,00 90,90 94,60 97,50
60m 11,80 72,30 96,00 - - - 69,90 84,30 86,90
Tabela 8: Throughput UDP - Upload

Pelos resultados obtidos podemos concluir que:

• Na rede Independente onde temos Antenas do tipo RRU com Radio


Omnidirecional temos uma redução de Throughput em download de 36%
em média entre a aferição de 5 metros e a de 60 metros e de 19% em
relação ao upload;

29 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


• Na rede Integrada onde temos Antenas do tipo DOT com Radio Painel temos
uma redução de Throughput em download de 49% em médio entre a
aferição de 5 metros e a de 60 metros e de 15% em relação ao upload;

• Portanto, em nenhuma das redes a performance foi menor que metade do


Throughput máximo em download e menor que 80% em upload, o que
permite o correto funcionamento dos dispositivos e dos casos de uso
industriais validados neste relatório;

• Este KPI técnico corroborado pelo funcionamento correto dos casos de usos
foi incorporado na resposta à Consulta Pública 30/21 feita como parte do
Relatório Provisório do Projeto, corroborando os níveis de potência para
ambiente Indoor proposta na consulta citada.

Obs: Os valores de teste de distância de 60m não foram coletados devido que
exatamente neste ponto o sinal a ser propagado era muito inferior ao ponto de ter o
chaveamento para a rede 4G.

3.4. Testes de Latência por tipo de rede

Continuando a avaliação dos KPIs técnicos temos a aferição da latência por tipo
rede.

Apesar de não termos uma infraestrutura e dispositivos suportando o release 16


do 5G, mais notadamente suas características de ultra latência advindas da funcionalidade
URLLC é interessante observar-se a latência de redes afim de entender sua comparação
com as redes existentes como Wi-Fi e entre as diversas topologias de redes testadas de
maneira a termos uma melhor compreensão de quais casos de uso as redes 5G podem
habilitar e suas vantagens frente às redes existentes.

Para tais medições utilizou-se a ferramenta iPerf, com transmissão de dados


utilizando protocolos de transporte, tanto em TCP como em UDP, sendo que os testes

30 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


foram realizados com o CPE parado e a uma distância de aproximadamente 5 metros da
Small Cell.

Os valores de Throughput máximo, médio e mínimo foram obtidos durante uma


janela de tempo de cinco minutos de medição de forma a equalizar qualquer efeito
transitório da rede real da fábrica sob a qual a infraestrutura do 5G estava instalada.

Nas tabelas a seguir (Tabela 9 e 10) teremos os resultados das 3 topologias de


rede testadas: Privada Independente 5G SA, Privada Integrada 5G NSA, Privada Integrada
5G SA e a comparação delas com o Wi-Fi. Nelas teremos os resultados de Download (DL)
e Upload (UL) em Milissegundos (ms).

Privada
Privada Integrada
TCP DL Independente Wi-Fi (ms)
5G SA (ms) 5G NSA (ms) 5G SA (ms)
Antes 12,65 44,25 11,24 69,60
Durante 26,91 34,13 15,94 80,44
Depois 15,49 41,35 11,07 72,09
Tabela 9: Latência TCP - Download durante teste de Throughput

Privada
Privada Integrada
TCP UL Independente Wi-Fi (ms)
5G SA (ms) 5G NSA (ms) 5G SA (ms)
Antes 12,09 41,02 12,31 86,03
Durante 143,04 104,66 37,50 184,74
Depois 30,39 48,66 12,05 56,70
Tabela 10: Latência TCP - Upload durante teste de Throughput

Pelos resultados obtidos podemos concluir que:

• Como esperado, na comparação das redes NSA e SA percebemos uma


latência maior devido a inerente estrutura de plano de controle via
portadora 4G, mesmo assim com valores latência inferiores ao Wi-Fi (58%
em DL e 45% em UL);

• A rede 5G SA Privada Integrada, cuja qual possuía um link de backhaul


dedicado (vide figura 17), apresentou latências de 15,94ms em DL e 37,5ms
em UL, números extremamente promissores mesmo em face do release 15
sendo em média 5 vezes mais rápido que o Wi-Fi;

• No quesito de comparação entre redes Privadas Independentes e Integradas


podemos observar performance similar com uma diferença observada
principalmente durante o teste de carga em transferência de dados. Essa
diferença deve-se principalmente pelo fato do link de backhaul da rede
Privada Independente ser compartilhado pela WEG com outros serviços
enquanto a rede Privado Integrada conta com um link dedicado;

31 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


• Por fim pode-se concluir que o 5G direciona-se para se comportar como uma
rede de menor latência permitindo a estrutura de rádio e protocolo para tal,
e que mesmo em condições de instalação não favoráveis com backhaul
compartilhado ou mesmo em NSA possui uma performance superior a
alternativa do Wi-Fi usada nos dias de hoje e podendo mirar em seu release
16 as aplicações cabeadas via ethernet e fibra óptica.

3.5. Testes de Throughput médio por número de dispositivos

Neste teste desejamos avaliar se diferentes dispositivos conseguem manter um


Throughput médio compartilhado na rede de maneira igualitária e sem variações entre si,
ou seja, a verificação da distribuição igualitária entre os dispositivos durante o tempo em
que estarão conectados na rede. Este é um teste importante para validar essa divisão
justa de banda para aplicações críticas que se espera do 5G.

Para estas medições de Throughput usou-se a rede privativa independente (SA)


dado que esta pode prover além da capacidade de transferência de dados também pode
prover a latência associada na condição de vários CPEs funcionando simultaneamente
(testes de densificação).

Para esses testes, utilizou-se a ferramenta iPerf, com transmissão de dados em

32 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


TCP, ativando tráfego em cinco CPEs parados e a uma distância de aproximadamente cinco
metros da Small Cell.

A topologia do teste é apresentada na Figura 23 a seguir:

Figura 23 – Topologia Rede Privada - Testes de Throughput médio por número de dispositivos

A seguir são apresentados os valores de Throughput máximo, médio e mínimo


obtidos durante o tempo de um minuto de medição, de forma que os resultados da tabela
inserida no gráfico estão sendo somadas por cada CPE em funcionamento. Ou seja, eles
realizam a divisão justa da banda, com cada CPE distribuindo cerca de 100Mbps, levando
assim, a percepção da média de todos os CPEs muito próximas. Também são apresentados
os valores de latência médios obtidos durante quinze segundos antes do início do envio
dos pacotes de dados, durante o 1 minuto em que são enviados os pacotes de dados e
durante quinze segundos depois do envio dos pacotes de dados.

Figura 24 – Throughput Individual vs Agregado – Download - TCP

33 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 25 – Throughput Agregado – Download - TCP

Figura 26 – Throughput Individual vs Agregado – Upload - TCP

34 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 27 – Throughput Agregado – Upload – TCP

Para DL, o valor de Throughput médio agregado foi de 553 Mbps em TCP, sendo
que o tráfego de dados ficou razoavelmente distribuído entre os 5 CPEs, como esperado.
Para UL, o valor de Throughput médio agregado foi de 133 Mbps em TCP, sendo que o
tráfego de dados ficou razoavelmente distribuído entre os 5 CPEs. Não foi observado
nenhuma discrepância significativa entre os CPEs sendo as variações de Throughput
observadas durantes os testes foram causados por transitórios de rede e observadas de
maneira similar em todos os CPEs simultaneamente. Nota-se uma pequena queda do
Throughput máximo a se obter com a geração da divisão de bandas, mas de forma geral
a rede pode distribuir, de forma igualitária, para todos os usuários conectados.

35 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


A seguir temos as avaliações de variação de latência durante os testes de
Throughput feitos acima, sendo eles:

Figura 28 – Latência – Download - TCP

Figura 29 – Latência – Upload – TCP

Na medição com pacotes TCP, a latência média de DL ao longo do período de 60


segundos de medição dos 5 CPEs ficou dentro da faixa de 32 a 43ms. A latência média de
UL dos 5 CPEs ficou dentro da faixa de 133 a 172ms. Tanto a latência de DL como a de UL
dos 5 CPEs se mantiveram razoavelmente estáveis e com valores parecidos durante o
período de medição, sendo coerente com os valores obtidos durante os testes com apenas
um dispositivo comprovando a equalização de resultados mesmo com múltiplos
dispositivos.

36 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Com isto podemos observar que como esperado o 5G pode suportar diversas
aplicações com consumo de dados em casos de uso críticos simultaneamente sem prejuízo
para a performance destes casos de uso.

3.6. Testes de perda conectividade por número de


dispositivos

Para finalizar a avaliação de densificação foram estudados os números de pacotes


perdidos e desconexões dos dispositivos conforme estresse de rede. Para tal análise
utilizou-se o equipamento Amarisoft emulando a conexão de 64 equipamentos com baixo
carregamento de dados, durante um período de 8 horas, sendo feitas avaliações de
retenção de conexão e de latência através de comando ping através do protocolo ICMP.
Por restrições de topologia e segurança foi avaliada somente a rede Privada Independente
5G SA neste quesito.

Na figura a seguir onde se representa o estado de EMM, observa-se a inicialização


lenta dos equipamentos emulados no Amarisoft, alterando do modo power off para o modo
registrado. Essa alteração é devido a inicialização dos equipamentos no Amarisoft, sendo
realizados gradativamente para não sobrecarregar a interface de controle do 5G, onde
eles são inicializados e conectados com intervalo de 2s entre eles. Ao longo de todo o
período de teste, nenhum UE teve o status alterado para o modo registrando, onde
indicaria possíveis problemas com a rede.

Figura 29 – Testes de Conectividade por número de dispositivos

37 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Da mesma forma que na figura anterior, na próxima visualização, onde se
representa os estados de RRC (Radio Resource Control) é possível verificar no início do
teste uma alteração de status, do modo desconectado, representado pela cor vermelha
para o modo conectado/registrado representado pela cor verde. Essa alteração é devido à
inicialização dos equipamentos emulados no Amarisoft. Ao longo de todo o período de
teste nenhum UE teve o status alterado para o modo desconectado, o que indicaria
possíveis problemas na rede. Porém, foi verificado um único caso em que o UE teve o
status alterado de modo conectado para o modo IDLE, que é o modo onde o dispositivo
fica ocioso devido estar sem alguma definitiva interação, mas que logo em seguida
normalizado para o modo conectado, um efeito transitório que não afetou o objetivo geral
do teste.

Figura 30 – Testes de perda conectividade por número de dispositivos - Idle

Foi realizado o teste durante 8 horas consecutivos como apresenta o gráfico acima,
nessas 8 horas, apenas um dos dispositivos aprisionou em IDLE, ficando ocioso
momentaneamente, junto com os testes realizados com o Amarisoft, neste período de
teste, foi incluído um CPE físico de forma concorrente para coletar informações de latência
da rede 5G e verificar qual o impacto dos 64 dispositivos emulados pela ferramenta
Amarisoft. A partir de um servidor localizado na rede cabeada da WEG, foi configurado um
script para realizar ping para o CPE durante os 480 minutos/8 horas de teste.

Pode-se observar – na figura 31 - que neste período a latência média foi de 21,6ms,
com mínima de 6,52ms e máxima de 250ms, mantendo assim números próximos às
aferições realizadas com apenas um dispositivo presente no capítulo 3.4 e com isso
corroborando o esperado que a rede celular 5G conseguiria manter índices de performance
coerentes mesmo com o crescimento de dispositivos conectados na mesma e com isso
possibilitando a massificação de dispositivos conectados por antena.

38 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 31 – Latência RTT

3.7. Testes de perda de pacotes em movimento (handover)

Seguindo para a avaliação do último KPI – Confiabilidade – analisaremos a perda


de pacotes de um dispositivo conectado em movimento. O percurso realizado é
apresentado na figura a seguir sendo esse realizado em um tempo de aproximadamente
5 minutos. Dessa forma, a linha do tempo apresentada nos gráficos pode ser associada à
respectiva fração do caminho percorrido, totalizando aproximadamente 300 segundos.

Foi realizada medição de Throughput e latência com o CPE se deslocando por todas
as antenas disponíveis nas diferentes topologias.

Figura 32 – Teste de Handover

Nos gráficos a seguir teremos os resultados das 3 topologias de rede testadas:


Privada Independente 5G SA, Privada Integrada 5G NSA, Privada Integrada 5G SA e a
comparação delas com o Wi-Fi. Nelas teremos os resultados de Download (DL) em
Megabytes por segundo (Mbps) e Latência em Milissegundos (ms) em protocolos TCP.

39 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 33 - 5G SA Privada Independente

Figura 34 - 5G NSA Privada Integrada

Figura 35 - 5G SA Privada Integrada

40 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Pelos resultados obtidos podemos concluir que:

• A rede 5G SA Privativa Integrada por possuir um número maior de antenas


distribuídas pela fábrica (8) e pelo percurso (6) e por possuir o core
atualizado para o Release 16, apresenta uma estabilidade e capacidade
maior de Throughput durante o trajeto que o observado em outras
topologias;

• A rede 5G NSA tende a possuir Throughput e latência de menor qualidade


se comparado as redes SA, devido à ancoragem na rede 4G para controle,
como comentado em tópicos anteriores, entretanto consegue manter níveis
razoáveis com um valor médio de transmissão de 511,2 Mbps e uma latência
média de 41,10ms, números que habilitam todos os casos de uso de
robótica móveis planejados para a planta industrial conforme listado na
introdução deste relatório;

• No quesito de comparação entre redes Privadas Independentes e Integradas


podemos observar performance similar sendo a estabilidade maior
observada na rede Integrada devido ao número maior de antenas
disponíveis no percurso;

• Por fim pode-se concluir que mesmo a topologia mais simples (5G NSA
Integrada) permite os KPIs necessários aos casos móveis industriais e que
menos antenas como presente na rede Privada Independente não afeta de
maneira significativa os KPIs técnicos nem a experiência dos casos de
robótica, em contrapartida reduzindo o custo de implantação de antenas,
seja em equipamento como em obra e serviços de instalação.

41 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


3.8. Qualidade de sinal em diferentes áreas da fábrica

Outro aspecto importante da confiabilidade é entender se a cobertura de sinal nas


diversas áreas da fábrica corresponde com os níveis de sinal que foram planejados e
simulados nas ferramentas de planejamento, garantindo assim um bom grau de
acuracidade entre os modelos preditivos de cobertura e os níveis de fato.

Para esta medição foi realizada a aferição do nível de sinal em vários pontos da
área de interesse para verificação de potência de sinal recebido, sendo as medições na
rede privativa integrada feitas utilizando o CPE da Fibocom, que apresenta uma tela com
informações de nível de sinal recebido, bem como um aparelho smartphone com aplicativo
G-Net Track. Os pontos de medição são apresentados na Figura 36 a seguir.

Figura 36 – Teste de qualidade de sinal em diferentes pontos

O posicionamento das células rádio DOTs dentro do ambiente da fábrica da WEG,


bem como a intensidade do sinal de RF esperada para o NR (New Radio) 5G são
apresentados na Figura 37 a seguir.

Figura 37 – Site Survey – Claro/Ericsson

42 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


A comparação entre os valores listados pelos modelos preditivos e as aferições
realizadas podem ser observadas na figura 38 e figura 39 a seguir, onde são apresentados
os níveis de sinal recebido pelo CPE e também pelo Smartphone.

Nota-se que a medida utilizada é dada em dBm para o KPI de RSRP (Reference
Signal Received Power – em português Sinal de Referência para Potência Recebida), este
termo é dado em decibéis relativos a um miliwatt e é expresso por um número negativo
de 0 a -120. Sendo assim, quanto mais próximo do 0 melhor o sinal a ser recebido.

Figura 38 – Nível de Sinal recebido pelo Terminal

Figura 39 – Níveis de Potência

Observa-se que os níveis de potência recebidos estão relativamente próximos aos


níveis reportados pela predição para essas localizações, sendo que variações maiores que
+/- 10 dB são comuns, considerando a dinâmica do ambiente de fábrica com relação a
sinais de RF nesta faixa utilizada de 3,5 GHz. Os sinais recebidos pela CPE, em média,
estão com níveis de sinal de recepção um pouco maiores que os níveis preditos. Considera-
se que níveis de recepção do CPE acima de -95 dBm seriam suficientes para bom
desempenho do dispositivo.

43 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Além desses pontos, foram feitas medições complementares de nível de sinal em
alguns pontos mais distantes da área de cobertura, buscando ter uma visão do decaimento
do nível do sinal. Os pontos escolhidos para essas medições são apresentados na Figura
40 a seguir.

Figura 40 – Pontos de sombra e déficit de sinal

Sendo os resultados coletados nos pontos de medição, apresentados nas figuras e


tabelas a seguir:

Figura 41 – Nível de sinal recebido pelo terminal – Rede Privada Integrada

Figura 42 – Nível de Potência– Rede Privada Integrada

44 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Observa-se que os níveis de sinal nesses pontos de medição caem para valores de
até -110 dBm, mesmo assim permitindo uma conectividade mínima corroborando que o
modelo preditivo está coerente com a cobertura necessária.

Também foi realizada a medição do nível de sinal em vários pontos da área de


interesse para verificação de potência de sinal recebido para a rede privativa independente
sendo os resultados apresentados nos gráficos e tabelas a seguir.

Na figura 43, nota-se o modelo preditivo de cobertura contendo o mapa de calor


da fábrica, apresentado o nível RSRP (Reference Signal Received Power) e o sinal dBm:

Figura 43 – Mapa de Calor – Nokia

Figura 44 – Nível de sinal recebido pelo terminal - Rede Privada Integrada

45 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 45 – Nível de Potência - Rede Privada Integrada

Observa-se que os níveis de potência recebidos estão relativamente próximos aos


níveis reportados pela predição para estas localizações, exceção apenas para o ponto 2,
que apresentou nível de sinal muito abaixo, 23 dB abaixo da predição, dado que variações
maiores que +/- 10 dB são comuns de ocorrerem, considerando a dinâmica do ambiente
de fábrica com relação a sinais de RF nessa faixa utilizada, de 3,5 GHz. Os sinais recebidos
pela CPE, em média, estão com níveis de sinal de recepção um pouco maiores que os
níveis preditos. Considera-se que os níveis de recepção do CPE, acima de -95 dBm, seriam
suficientes para o bom desempenho do dispositivo.

Além desses pontos, foram feitas medições complementares de nível de sinal em


alguns pontos mais distantes da área de cobertura, buscando ter uma visão do decaimento
do nível do sinal. Os pontos escolhidos para essas medições são apresentados no gráfico
e tabela a seguir.

Figura 46– Nível de sinal recebido pelo terminal– Rede Privada

46 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Figura 47 – Nível de Potência - Rede Privada Integrada

Pelos resultados obtidos podemos concluir que:

• Os modelos preditivos de cobertura de sinal se comportam conforme


esperado tendo medições reais superiores àquelas estimadas durante a
modelagem;

• Os pontos de aferição não previstos no modelo de predição apresentaram


boa cobertura permitindo uma conectividade mínima e a operação de casos
de uso comprovando a boa cobertura em ambientes diversos e adversos.

3.9. Perda de pacotes em operação

Por fim, o último aspecto importante da confiabilidade é entender se durante uma


operação normal o número de pacotes de dados perdidos por uma rede de comunicação é
reduzido dando um grau de confiabilidade adequado que permita a conectividade de
diversos casos de uso.

Para este teste utilizamos o protocolo de troca de dados UDP dado sua inerente
estrutura de não retransmitir pacotes com falha, bem como limitamos o Throughput
máximo do dispositivo a 50% do limite teórico a fim de medir a transmissão com pacotes
mais próximos as transmissões máximas habituais dos casos de uso planejados para este
projeto, obtendo assim os dados a seguir:

Privada Privada Integrada


Pacotes Perdidos Independente Wi-Fi
5G SA 5G NSA 5G SA
UDP DL 50% Carga 3,9400% 4,2500% 2,7500% 9,6800%
UDP UL 50% Carga 0,0001% 0,1700% 0,0025% 0,1900%
Tabela 11. – Porcentagem da perda de pacotes – Com 50% de carga

47 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Pelos resultados obtidos podemos concluir que:

• A confiabilidade de perda de pacotes em download ainda está distante do


planejado para o release 16, mas em upload – sobretudo em rede SA –
podemos observar uma confiabilidade superior a 4 “noves” (99,99%);

• Novamente a comparação com o Wi-Fi destaca múltiplos de 3 em


confiabilidade para download e de mais de 70 vezes em upload, destacando
a vantagem da rede 5G comparado com o Wi-Fi;

• Acredita-se que a perda da rede privada integrada 5G NSA é devido ao fato


que o enlace encontrou dificuldades no tráfego devido a ser uma longa
distância, mas é notório que a perda de pacotes desta rede mostra-se
inferior ao WI-FI.

3.10. Conclusão dos resultados

Com tais resultados técnicos podemos aferir que as redes em suas topologias
propostas respeitam as características técnicas previstas para o 5G e permitem a
implementação dos casos de uso listados neste relatório como será descrito no capítulo 6.

Um ponto importante a se salientar dado as aferições realizadas entre a rede 5G e


a rede Wi-Fi é que podemos estimar que a capacidade da primeira é 12 vezes maior que
a da segunda dado que:

• A capacidade em Throughput de ambas as redes em comparação igual é de


4 vezes maior em upload considerando a configuração atual da rede 5G em
slots TDD de 1:8, ou seja, onde para cada um slot de tempo alocado para
upload temos 8 para download. Mas podendo evoluir para uma configuração
3:7 onde com uma alocação de tempo em TDD 3 vezes maior devemos,
portanto, ter uma capacidade 12 maior em relação ao Wi-Fi;

• Em contrapartida, a capacidade de download está em um fator 46 vezes


maior, não sendo o KPI limitante;

• Por fim a latência foi demonstrada de maneira constante menor que o Wi-
Fi, mesmo em testes de estresse como aferido no capítulo 3.6;

• Portanto, para considerações de ganho econômico, será considerado o fator


de 12 vezes como mínimo múltiplo para que as redes 5G possam suportar
em relação à rede existente de Wi-Fi.

48 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


4. Faixa de Frequência FR2 – Ondas Milimétricas

Como estabelecido através de um acordo de cooperação técnica firmado entre a


Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a empresa WEG-V2COM, o
projeto também estudou o comportamento das ondas milimétricas (mmWave) em um
ambiente fabril.

As bandas de ondas milimétricas (mmWave) fornecem novas instalações com uma


quantidade enorme de espectro para redes de comunicação móvel de quinta geração (5G)
sendo usufruída principalmente ao suprimento da demanda de dados móveis, como por
exemplo, a utilização da largura de banda de 400 MHz, utilizado para resolver os
problemas acarretados pela grande quantidade de dados e centenas de usuários
trafegando momentaneamente. As diferenças essenciais são consideradas entre os
sistemas convencionais e as comunicações de onda milimétricas, no que diz respeito à
diretividade, sensibilidade ao bloqueio e alta perda de propagação. O mmWave traz vários
desafios na comunicação em algumas questões, como antibloqueio, gerenciamento de
interferência e entre outros.

A validação do FR2 – Banda n258 em faixa de 26 GHz foi validada na topologia


Rede Privada Independente & Rede Privada Integrada.

A tabela abaixo apresentas algumas diferenças entre o FR1 e FR2:

Parâmetros do 5G FR1 FR2


NR

Especificação 5G NR NSA e SA 5G NR NSA

Largura de banda 5, 10, 15, 20, 25, 30, 40, 50, 100, 200, 400 MHz
por operadora 50, 60, 70, 80, 90, 100
MHz

Faixa de 410 – 7.125 24.250 – 56.600


Frequência (MHZ)

Duplex Mode FDD, TDD TDD

Vantagens Balanço de capacidade, Banda maior, velocidade


banda e cobertura maior e pouco utilizada

Tabela 12. – Parâmetros de comparação – FR1 e FR2

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4.1. Topologia Rede Privada Independente

A rede privativa independente foi implementada em parceria com o provedor de


infraestrutura privada, com padrão TDD (Time Division Duplex). Nela, toda a estrutura
fica localizada internamente nos domínios da fábrica, sendo que dados e controles não são
expostos à internet, somente se necessário, para casos específicos.

A topologia realizada pela Rede Privada Independente na fábrica da WEG consiste


em:

Figura 48 - Topologia de Rede Privada Independente

Para a implementação dos equipamentos, acreditou-se ser viável realizar a


instalação das antenas e equipamentos na área da injeção da fábrica, onde seria mais
versátil para realizar a conexão dos casos de uso. Como mostra a Figura 49, abaixo:

Figura 49 - Fábrica Drives & Controls - Ponto de Instalação

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4.2. Topologia Rede Privada Integrada

Como parte da solução mmWave na fábrica, a Rede Privada Integrada foi


implementada em parceria com a operadora de celular, usando infraestrutura de rede com
padrão TDD (Time Division Duplex). A gestão de radiofrequência ficou alocada na fábrica
testada, sendo que o gerenciamento da rede na totalidade, seja dos dispositivos
conectados, seja dos dados trafegados – se localiza, inicialmente, em um núcleo de rede
em data center da própria operadora de celular.

Como previsto inicialmente, foram instalados os equipamentos mmWave 5G NSA


com ancoragem 4G (LTE-1800MHz), na posição oposta a antena da Rede Privada
Independente para que não houvesse possíveis interferências.

Abaixo apresentamos o cenário de predição de cobertura com uma unidade rádio


mmWave com antena integrada. A imagem apresenta a ideia inicial para o posicionamento
da antena, pois ela ficaria localizada em um local onde irradiaria o sinal para o maior
número possível de PC 's Industriais.

Figura 50 - Predição 5G 26 GHz 1 unidade – Posição 7

A topologia de rede NSA realizada pela Rede Privada Integrada na fábrica da WEG
consiste em:

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Figura 51 - Topologia de Rede Privada Integrada - NSA

Serão realizados testes mmWave NSA, com a ancoragem na frequência LTE 1800
MHz. A antena mmWave está configurada para transmitir uma potência de 50 dBm (100W)
no local.

4.3. Teste com Transmissão de Dados – mmWave

O 5G mmWave tem-se mostrado muito promissor com valores de Download


superiores a 2 GB/s em UDP, com valores de tempo de respostas (latência) extremamente
baixos, tudo isso devido graças à possibilidade de se ter uma portadora maior que a do
5G Sub-6 e com um bit rate maior dado a alta frequência dela.

Ou seja, em tese o 5G mmWave teria que ter uma capacidade promissora para a
transferência de dados massivos e críticos frente às outras faixas de frequência.

Entretanto, como pode ser observado nos itens da seção 4.4, a diferença entre o
UDP – que demonstra a capacidade da camada física de transmissão – em comparação
com o TCP, que é utilizado largamente em aplicações na realidade, ainda é relevante.
Podemos ver nas tabelas abaixo os testes realizados com uma largura de banda de 100
MHz:

TCP DL TCP UL UDP DL UDP UL


(Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps)

Throughput 167 27.9 943 77.6

Tabela 13. - Valores médios de Throughput Redes Privadas Independentes - NSA

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TCP DL TCP UL UDP DL UDP UL
(Mbps) (Mbps) (Mbps) (Mbps)

Throughput 689 23.7 912 123

Tabela 14. - Valores médios de Throughput Redes Privadas Integrada – NSA

4.4. Dificuldades Encontradas

Processamento do Core

Foi identificado que o Core ainda está em processo de amadurecimento, pois não
foi possível suportar envio de pacotes de alta demanda usando protocolo TCP/IP –
comumente usados na indústria. Dentre os problemas pode se constar o endereçamento
de pacotes, processamento de dados e limitações de licenças encontradas até o momento.

Tal problema foi observado em ambas as infraestruturas - Redes Privadas


Independente e Integrada – de diferentes provedores, corroborando a imaturidade dela.
Tal fato deve-se provavelmente pelo baixo grau de penetração e uso das redes mmWave
na Indústria e mesmo em serviço público que leva a um esforço acumulado até o momento
menor no amadurecimento da solução do que o observado em frequências sub-6GHz.

Aperfeiçoamento dos valores de latência

A latência em mmWave atualmente se encontram altas (em torno de 16


milissegundos), sendo compatível com as observadas em sub-6GHz e não otimizada como
se esperava das topologias em mmWave.

Este fato deve-se principalmente ao uso do método NSA com ancoragem em uma
banda LTE, sendo que a expectativa é de melhora na implementação em 5G mmWave SA
- dual connectivity (n78 com ancoragem em n258), que não pode ser observado dado a
indisponibilidade de dispositivos para testes como será mencionado adiante nesta seção.

Limitação de infraestrutura de Rede

Como informado anteriormente na seção 2 e 3 sobre as topologias de Redes


Privadas (Independentes e Integradas), cada uma das empresas forneceram somente uma
antena diretiva mmWave. Com isso, foi levantado que para realizar uma cobertura de sinal
apropriado em toda a fábrica, da mesma forma realizada na primeira fase com as antenas
Sub-6, seria necessário no mínimo 7 unidades de antenas mmWave diretivas.

Essa falta de disponibilidade de antena mmWave está associada ao seu alto custo
de desenvolvimento e baixa produção, logo isso ocasiona a sua pequena disponibilidade
no mercado global. Portanto, isso se torna inicialmente um aspecto de inviabilidade
econômica e de logística para entrega dos equipamentos, que em muitos casos demoram
meses para serem realizadas.

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Equipamentos para implementação fabril

Foi identificado uma escassez de equipamentos para implementação de redes


mmWave onde se encontrou apenas equipamentos e módulos comercialmente disponíveis
para o ambiente industrial que suportassem o 5G mmWave NSA - que constituem uma
ancoragem na rede 4G (LTE) para acessar a rede 5G, como é prevista na Release 15 do
3GPP.

Atualmente no mercado, não há disponibilidade de dispositivos com


compatibilidade para mmWave (NSA) Release 16 ou mesmo mmWave SA para atuar em
âmbito industrial tornando a implementação de uma topologia mmWave inviável no âmbito
econômico e prático na indústria.

Hoje como produtos acabados aptos a tais tecnologias temos apenas smartphones
para consumidores finais, dado o esforço de fabricantes de modems, módulos, OEMs e
operadoras em comercialização do mmWave para esse mercado consumidor amplo
apenas, notadamente no Estados Unidos em grandes centros urbanos, ou plataformas
específicas de testes, mas não funcionais como os MTPs fornecidos pela Qualcomm.

Ademais ao se tentar implementar um dispositivo final industrial usando um


módulo similar a este disponível para smartphones a V2COM encontrou algumas limitações
técnicas em outros elementos da cadeia de suprimento e desenvolvimento tecnológico,
sendo eles:

• Pigtails utilizados para ligar módulo a antenas possuem uma fragilidade


física, ou seja, não são resistentes a impactos e não podem ser removidos
após instalados;

• Alto consumo de energia por parte da alimentação das antenas e no módulo


embarcado;

• Complexidade no desenho de circuitos de RF principalmente no acerto de


sensibilidade das antenas versus a largura de banda proposta;

• O custo de módulo mmWave e Sub-6GHz é de aproximadamente 5,2 vezes


o custo do conjunto para Sub-6GHz apenas.

Em resumo, hoje o mercado não possui soluções para mmWave SA e para mmWave
NSA, temos dificuldades de desenvolvimento, disponibilidade e custo que tornam inviáveis
a adoção em larga escala desse tipo de tecnologia.

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5. Resultados Obtidos – Estudos Econômicos

Seguindo com as avaliações presentes neste relatório listamos agora os estudos


econômicos realizados durante o projeto de maneira a elucidar a viabilidade do setup de
uma rede 5G através de 3 pontos chaves:

• Estudo do custo de instalação da rede e de cada ponto com curva de


amortização em comparação com Wi-Fi;

• Custo de operação por ponto em comparação com Wi-Fi;

• Propostas de modelos comerciais para instalação de redes 5G na Indústria.

Por questões de sigilo de informações internas financeiras da V2COM/WEG, bem


como dos parceiros do projeto nos itens a seguir não serão listados valores financeiros
absolutos, mas sim uma unidade monetária de referência equivalente a uma faixa de R$
100 mil a R$ 250 mil.

5.1. Base de Custos

Para os cálculos a seguir foram utilizadas as seguintes bases de custo referentes a


cada uma das redes totalmente privadas, seja Wi-Fi ou 5G:

Rede 5G

• Custo de Core de Rede: 1,67 unidades


• Custo por rádio 5G: 0,51 unidades
• Custo de Instalação: 0,90 unidades
• Licenças de uso anuais (equipamentos): 1,06 unidades
• Custo de operação anual: 0,33 unidades
• Custo de CPE 5G: 0,04 unidades

Rede Wi-Fi

• Custo de Infraestrutura básica e Data center: 1,21 unidades


• Custo por rádio Wi-Fi: 0,21 unidades
• Custo de Instalação: 0,33 unidades
• Licenças de uso anuais (equipamentos): Não Aplicável
• Custo de operação anual: 0,33 unidades
• Custo de CPE Wi-Fi: 0,003 unidades

Também foram considerados os seguintes custos e benefícios para cada caso de


uso:

Robô Logístico

• Custo: 2,34 unidades


• Benefício anual: 1,38 unidades

Esteiras Inteligentes

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• Custo: 0,20 unidades
• Benefício anual: 0,12 unidades

Automação de Maquinário de Injeção

• Custo: 0,05 unidades


• Benefício anual: 0,04 unidades

Robô de Inspeção

• Custo: 2,53 unidades


• Benefício anual: 1 unidade

5.2. Comparação de rede 5G com rede Wi-Fi para


digitalização existente na fábrica WDC

Dados os custos e benefícios listados a primeira comparação foi feita de maneira a


comparar os custos entre as redes 5G e Wi-Fi para os casos de uso atuais da Fábrica WDC,
sendo eles:

• 2 robôs logísticos
• 6 esteiras inteligentes
• 32 kits para automação do maquinário de injeção

Tal comparação é possível dado que tais aplicações consomem pouca capacidade
de dados (Throughput) e não possuem exigência de latência inerente às redes 5G. Para a
configuração de redes foi tomada que:

• A rede 5G foi configurada com 4 antenas capazes de atender até 15


múltiplos do conjunto de dispositivos listados;

• A rede Wi-Fi foi configurada com 4 antenas capazes de atender um conjunto


de dispositivos listados sendo que:

o A cada novo conjunto de dispositivos 4 novas antenas devem ser


agregadas;

o A cada 12 antenas um novo setup de data center deve ser agregado.

• Foi considerado um período de operação da rede por 3 anos já com os custos


de operação dela.

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Com isto temos os seguintes gráfico e tabela:

Figura 52 – Custos/Benefício x Número de Pontos

Múltiplos Pontos Custo 5G Custo Wi-Fi Benefício


1 40 17,40 9,95 14,53
2 80 26,34 17,70 29,07
3 120 35,28 25,44 43,60
4 160 44,22 34,73 58,14
5 200 53,16 40,93 72,67
6 240 62,10 48,68 87,21
7 280 71,04 56,42 101,74
8 320 79,98 65,71 116,28
9 360 88,92 71,91 130,81
10 400 97,86 79,65 145,35
11 440 106,81 87,40 159,88
12 480 115,75 96,69 174,42
13 520 124,69 102,89 188,95
14 560 133,63 110,63 203,49
15 600 142,57 118,38 218,02
Tabela 15. – Custos x Pontos

Com tal modelo econômico podemos avaliar que:

• As redes Wi-Fi são mais econômicas que as redes 5G para os casos de uso
atuais que não requerem alto Throughput ou baixa latência;

• Mas é importante observar que com o crescimento de pontos temos dois


complicadores:

o O número de Antenas de Wi-Fi necessárias para suportar múltiplos


pontos pode inviabilizar a operação dado a interferência gerada por
esses múltiplos pontos de acesso;

57 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


o A complexidade de gestão da infraestrutura de TI dado que para o
crescimento de pontos em Wi-Fi existe um crescimento exponencial
de equipamentos físicos e rotinas lógicas.

• Apesar do 5G ser uma alternativa não tão econômica quanto Wi-Fi podemos
observar que ele já alcança o ponto de equilíbrio a partir do segundo
múltiplo de pontos;

• O grande ofensor de custos para a diferença de custos entre o Wi-Fi e o 5G


são:

o Custos do CPE: O custo do CPE 5G é 13,33 maior que o custo de um


CPE Wi-Fi;

o Custos de Licenças Anuais de uso de equipamentos 5G algo não


existente no Wi-Fi e algo que deve se reduzir com o tempo com o
advento de novos entrantes no ecossistema de infraestrutura,
sobretudo com OpenRAN.

Por fim um ponto de observação é o custo de operação por ponto onde temos:

• Rede 5G

o Licenças de uso anuais (equipamentos): 1,06 unidades


o Custo de operação anual: 0,33 unidades
• Rede Wi-Fi

o Licenças de uso anuais (equipamentos): Não Aplicável


o Custo de operação anual: 0,33 unidades
Onde temos:

Múltiplos Pontos Custo 5G Custo Wi-Fi


1 40 0,0348 0,0083
2 80 0,0174 0,0041
3 120 0,0116 0,0028
4 160 0,0087 0,0021
5 200 0,0070 0,0033
6 240 0,0058 0,0028
7 280 0,0050 0,0024
8 320 0,0043 0,0021
9 360 0,0039 0,0028
10 400 0,0035 0,0025
11 440 0,0032 0,0023
12 480 0,0029 0,0021
13 520 0,0027 0,0025
14 560 0,0025 0,0024
15 600 0,0023 0,0022
Tabela 16. – Custos x Pontos

58 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Dados estes pontos de análise temos que:

• Para indústrias novas (green field) onde se deseja conectar múltiplos pontos
é vantajoso iniciar a jornada com 5G dado que:

o O custo/benefício é presente com um número relevante de pontos;

o Permite a capacidade de expansão de pontos futuros sem grandes


complexidades na operação física e lógica;

o Permite a implementação de novos casos de uso;

o O principal diferencial de custos entre Wi-Fi e 5G são elementos de


custos que tendem a reduzir com a popularização das redes 5G
reduzindo custos de implantação em longo prazo;

o O recurso escasso na implantação 5G será a disponibilidade de


espectro para uso em SLP (Serviço Limitado Privado) favorecendo as
implementações iniciais.

• Para indústrias existentes (brown field) o 5G é vantajoso somente em casos


em que se deseja conectar mais de 500 pontos dado que o custo operacional
por ponto se equilibra (0,0027 versus 0,0025) e o nível de interferência do
Wi-Fi deve impossibilitar a operação dado o número de Antenas necessárias.

59 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


5.3. Custo/Benefício do 5G com casos de uso habilitados por
esta nova rede

Considerando que o 5G habilita casos de uso com computação visual e realidade


virtual imersiva dado que ambos exigem alto Throughput e baixa latência – algo não
provido pelo Wi-Fi industrial - é importante entendermos os custos da rede 5G com estes
casos de uso únicos e seu retorno em período. Para esta simulação econômica
consideramos o seguinte conjunto de dispositivos sendo eles:

• 2 robôs logísticos;
• 6 esteiras inteligentes;
• 32 kits para automação do maquinário de injeção;
• 1 robô de inspeção com Realidade Virtual Imersiva.

Com esta configuração demos a seguinte evolução ao longo dos anos:

Anos Custo 5G Benefício


1 17,19 5,84
2 18,57 11,69
3 19,96 17,53
4 21,35 23,38
5 22,74 29,22
6 24,13 35,07
7 25,52 40,91
8 26,91 46,76
9 28,30 52,60
10 29,69 58,45
Tabela 17. – Custos Benefício x Anos

Dados estes pontos podemos observar que:

• A inserção de apenas um caso de realidade virtual já melhora a relação


custo/benefício no ano 3 para 1,14 contra 1,19;

• Com a inserção de dois robôs de inspeção a mais em um exercício


econômico temos um fato custo/benefício de 1,06;

• Com isto podemos concluir que além da multiplicidade de pontos conforme


listado no capítulo anterior é importante a inserção de casos de uso que
utilizem as vantagens absolutas do 5G Release 15 como baixa latência em
comparação ao Wi-Fi e alto Throughput.

60 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


5.4. Equação de Viabilidade 5G

Um dos objetivos do Open Lab foi a avaliação do modelo de viabilidade econômica


para o uso efetivo do 5G em um ambiente industrial. Para tal avaliação foram considerados
as seguintes variáveis:

Custo de Infraestrutura

O custo de infra-estrutura é o custo necessário para se estabelecer a rede 5G


somado ao custo para se conectar os diversos equipamentos a esta mesma rede. Com
isso o custo de infraestrutura é composto de duas componentes:

Custo Fixo (denominado I neste relatório)

Este custo é composto do equipamento necessário para o estabelecimento do


backbone da rede 5G sendo composto por 3 elementos:

• Investimento em backhaul para conexão da rede 5G ao ambiente de rede


interna e/ou internet;

• Core Packet (Núcleo de Pacotes): Elemento de nível 3 de rede celular que


administra quais dispositivos podem se conectar na rede, além das suas
características de conectividade e a gestão de pacotes IP para a saída de
rede externa e/ou internet;

• RAN (Radio Access Network – Rede de acesso a rádio): Elemento de nível 2


de rede celular que administra quais dispositivos estão utilizando o espectro
de radiofrequência a cada momento.

Esse custo é considerado fixo dado que sua capacidade é de centenas de


dispositivos, sendo tipicamente necessário um ou dois conjuntos dessas estruturas para
atender todo o parque de dispositivos de uma indústria.

Custo Variável (denominado C neste relatório):

Este custo é composto pelos dispositivos necessários para a conexão dos


equipamentos industriais à rede 5G, sendo composto por 4 elementos:

• Dispositivos diversos de rede como switches, cabos de rede ethernet, fibra


entre outros para realizar a interface entre os rádios 5G e o elemento RAN;

• Rádios 5G: elementos irradiantes que transmitem dados via radiofrequência


em padrão 5G;

• CPE e Módulos: elementos de recepção e transmissão de dados 5G que se


comunica com os rádios em sua interface área e via alguma interface local

61 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


com os equipamentos industriais;

• Custo de operação da rede como acesso a internet, gestão de elementos de


rede.

Esse custo é considerado variável pois depende de 3 características especificas da


planta industrial, sendo eles:

• Área de cobertura desejada;

• Características físicas da área de cobertura, por exemplo, indoor com


paredes alvenaria, indoor com paredes de drywall, outdoor, entre outros;

• Número de dispositivos a serem conectados.

Benefício econômico de casos de uso do 5G

Como contraponto aos custos da infraestrutura avaliamos os benefícios econômicos


gerados pelos casos de uso do 5G.

Tais benefícios vem atrelados aos aspectos funcionais dessa rede de comunicação
(banda, latência, densificação), bem como seu principal aspecto não funcional: a
confiabilidade. Isso até hoje garantido somente por redes cabeadas e sem performance
similar em outras redes de interface aérea, sendo esse o principal elemento para adoção
do 5G: a flexibilidade que uma rede sem fio permite com a garantia de nível conectividade
das interfaces com fio.

Neste relatório adotaremos a terminologia Bn para o Benefício Econômico gerado


por cada caso de uso possível utilizando as redes 5G. É importante reforçar que tal
benefício deve ser aquele calculado de maneira incremental ao caso de uso em si, ou seja,
o benefício marginal que o 5G adiciona ao caso de uso frente aquele já gerado por ele sem
a conectividade 5G. Este ponto de avaliação é importante dado que como o 5G está em
sua curva de adoção poucos casos são habilitados exclusivamente e necessariamente pelo
5G, portanto essa avaliação marginal é essencial para avaliar o impacto do 5G ao parque
de equipamentos legados.

Tendo a estrutura de custos e benefícios podemos afirmar que a viabilidade


econômica do 5G no ambiente industrial se dá quando temos, a valor presente, os custos
fixos e variáveis (rede e dispositivos de comunicação) [I + C] menores que benefício
gerado pelos casos de uso suportados por essa tecnologia [B1, B2, …. Bn]. Genericamente
podemos dizer que:

I + C < B1+ B2 + …Bn

Onde do lado esquerdo temos o custo de Infraestrutura conforme o item 1


(Infraestrutura = I + C) e do lado direito temos os benefícios gerados pelo 5G, que vem
atrelados aos aspectos funcionais dessa rede de comunicação (banda, latência,
densificação), bem como seu principal aspecto não funcional: confiabilidade.

Sobre cada uma das componentes da inequação proposta é importante observar


que:

62 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


• Lado Esquerdo – Infraestrutura

o Os custos que compõe esse lado da equação dependem de alguns


fatores como:

▪ Modelo de técnico adotado: de acordo com a rede necessária


para os casos de uso deve se definir o modelo técnico mais
apropriado. Um exemplo: para redes com baixa latência toda
a infraestrutura deve ser colocada localmente de maneira a
reduzir os impactos de enlaces de rede, em contrapartida se
necessário apenas densificação e largura de banda pode-se
ter os elementos de Core Packet e eventualmente RAN em
um local remoto e centralizado;

▪ Modelo de negócio adotado: dependendo da seleção de


parceiros podemos ter diferentes modelos de negócio, como
por exemplo rede privativa, onde os investimentos serão
maiores e os custos recorrentes menores, ou rede dedicada
operada, onde os investimentos serão menores e os custos
recorrentes maiores

Contudo a soma (I+C), a valor presente, será:

a. razoavelmente independente do modelo selecionado (se rede privada ou


dedicada operada)

b. fortemente impactada pelo nível de maturidade tecnológica, que afeta a


escala de produção dos dispositivos, reduzindo seu custo,

c. razoavelmente impactada pelas taxas de juros, que por sua vez impactam
o custo de formação do capital.

Como as taxas de juros afetam todo o sistema (custos e benefícios) e operam em


ciclos macroeconômicos globais, simplificaremos o modelo deixando-as de fora da nossa
análise posterior nesse capítulo, apesar de observarmos que em momentos de baixa taxa
de juros há aceleração na adoção tecnológica.

Importante, por fim, ressaltar que em nosso experimento avaliamos o valor de


(I+C) para o estado atual de maturidade tecnológica do 5G, em sua fase inicial de
amadurecimento no Release 15 do 3GPP.

• Lado Direito – Benefício dos casos de uso

Nesta primeira onda do Open Lab 5G WEG-V2COM conseguimos aferir os ganhos


marginais nos processos de negócio da fábrica de Drives & Controls da WEG pelo uso do
5G, dado que os casos de uso selecionados – mencionados previamente neste documento
– já existem na planta industrial, com exceção do robô de inspeção.

Com isso a avaliação foi um exercício de como o 5G poderia gerar ganhos adicionais

63 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


dados as características do 5G no release 15 – confiabilidade de 95%, maior capacidade
de tráfego de dados e densificação de pontos.

Dado as características o modelo atual permite avaliar como principal benefício o


aumento de pontos conectados dado confiabilidade e densificação, sendo que o impacto
de maior capacidade de dados não é importante dado a baixa necessidade de comunicação
de equipamentos atuais.

Na segunda fase do projeto - onde usaremos o Release 16 do 3GPP - poderemos


observar o impacto em casos de uso que se apoiam em latência e mobilidade dadas as
características de funcionalidades como o CoMP, e em casos de uso que necessitem de
altíssima confiabilidade – 99,9999% dada a funcionalidade URLLC.

Com isto foi possível termos uma boa visão do valor gerado pelos casos de uso
testados e potenciais pontos de equilíbrio da inequação onde o modelo econômico faz
sentido. Para chegarmos a esse ponto de viabilidade devemos garantir que, na média:

(I+C)/ponto < B médio /ponto

Dado que alguns casos serão mais relevantes em uma rede 5G, como os ligados a
robótica e outros terão menor relevância como por exemplo eficiência energia.

Com isto temos que para o ponto de viabilidade a relação mais importante do ponto
de vista de Infraestrutura é a relação Ponto conectado por Rádio 5G. Tal relação é
importante para avaliar tanto o modelo econômico como a relação técnica da rede 5G em
relação a soluções alternativas. Para nosso Open Lab 5G em sua fase 1 com Release 15
do 3GPP e os casos de uso avaliados na WEG conforme citado no documento tivemos a
seguinte relação:

• Infra < Benefícios quando tivermos um mix de 500 pontos conectados com
4 Rádios 5G conforme modelo de negócio de rede privativa;

• Esta situação nos dá uma relação Ponto Conectado por Rádio de 125.

Para efeitos de comparação hoje o ponto de equilibro para uma rede WiFi Industrial
está em 50 em seu melhor caso com WiFi 6, dado que uma infraestrutura WiFi conseguiria
no máximo conectar 200 pontos com as mesmas 4 antenas antes de sofrer com efeitos de
interferência inerentes ao WiFi, que inviabilizariam seu uso.

Ou seja, para atingirmos um ponto de equilíbrio onde o 5G possa se equiparar


economicamente com as redes WiFi atuais precisaríamos que o custo da Infraestrutura se
reduzir em um fator 3 em relação ao custo atual, ou que os casos de uso gerassem um
benefício 3 vezes superior ao usar o 5G do que atualmente.

Entretanto ao olharmos mercados onde tivemos rupturas tecnológicas recentes


como por exemplo o mercado de Smartphones ou de Serviços em nuvem podemos
projetar que a evolução se dará em ambos os lados da inequação, com custos de
infraestrutura se reduzindo ao longo do tempo e com novos casos de uso surgindo
habilitados intrinsicamente pelo 5G gerando benefícios em escala.

64 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


Tendências em redes 5G

Usando essas premissas é possível projetar as seguintes tendências em redes 5G:

• Redução do custo de Infraestrutura

O custo de Infraestrutura deve se reduzir significativamente nos próximos anos


dado 3 grandes motores:

o Ganho de escala: Hoje o 5G encontra-se em sua curva de adoção


inicial, sendo que conforme dados da Ericsson em
https://www.ericsson.com/en/reports-and-papers/mobility-
report/dataforecasts/network-coverage temos em 2021 25% da
população coberta com 5G, atingindo em 2027 75% de cobertura,
ou seja, em 6 anos a cobertura irá crescer 3 vezes gerando a
instalação de mais de uma dezena de milhões de antenas para
consumidores, gerando como benefício de escala a redução de custos
em produção de Core Packet, RAN e Rádios 5G.

o Ganhos tecnológicos: Assim como houve reduções significativas


no custo de Smartphone, Notebooks e outros equipamentos digitais
com a miniaturização de semicondutores, a lei de Moore continua
atuante no ecossistema de circuitos eletrônicos entrando em uma
nova fase de ruptura técnica com os trabalhos com múltiplos núcleos
computacionais e integração em nível de pacotes construtivos em
silício como apontado nos artigos
https://www.allaboutcircuits.com/news/5g-begins-moores-law-
ends-multichip-packaging-may-be-memory-solution/ e

65 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


https://www.intel.com/content/www/us/en/newsroom/opinion/moo
re-law-now-and-in-the-future.html .Com isto é passível de se
esperar que a lei de Moore continue reduzindo custos nos próximos
anos.

o Por fim uma redução mais a médio prazo virá da quebra do


modelo de RAN, hoje definido em pilhas proprietárias que
funcionam exclusivamente com Core e Rádios de um único fabricante
e em hardwares de propósito específico. A iniciativa de Open RAN
tem a intenção de quebrar tal modelo gerando um efeito de redução
de custos similar ao observado com a virtualização e movimento para
a nuvem de aplicações de servidores locais. Este ponto é o que terá
ganho em um prazo mais alargado dado os desafios técnicos de se
ter uma interface realmente aberta, além de se criar mecanismos
que permitam a mesma volumetria de dados e dispositivos em
sistemas Open RAN com os observados nos sistemas clássicos.

Dado esses motores de redução de custo é passível projetar uma redução de custos
até 2027 permitindo o uso massivo de infraestrutura 5G em um custo mais razoável.

• Aumento dos benefícios dos casos de uso

Talvez mais importante que a redução de custos será o aumento dos benefícios
gerados pelos casos de uso habilitados pelo 5G. Um paralelo foram os casos de uso que
surgiram com os smartphones. Esses casos de uso conectaram o mundo offline de serviços
com o mundo online, com aplicativos como Waze, Uber, iFood que permitiram a
substituição de equipamentos eletrônicos antes existentes e desconectados por telefones
sempre online e gerando um acesso a serviços nunca visto que alavancou toda uma cadeia
de valor.

O 5G, assim como foi o Smartphone, é uma plataforma habilitadora de novos casos
de uso, sobretudo com o Release 16 onde temos latência e confiabilidade equiparadas com
uma conexão de fibra ótica, mas com a flexibilidade de uma rede sem fio.

Tal flexibilidade aliada com outros tecnologias habilitadas com o Machine Learning,
Computação de Borda e Computação Visual habilitam casos de uso novos como por
exemplo uma massificação da robótica, que emula o mesmo efeito offline-online dos
smarphones, sendo que aqui é a substituição do elemento manual humana pelo robô
otimizado.

Um exemplo prático que indica a massificação da robótica no nosso Open Lab foram
os resultados obtidos com o Robô Logístico onde o 5G permitiu comunicações mais rápidas
e efetivos do robô com o servidor de planejamento de rotas assim permitindo uma maior
efetividade dele.

Uma outra observação prática é que redes WiFi não conseguem suportam um
número de robôs acima de poucas unidades sendo que o 5G tem essa característica por
padrão, sendo um caso de uso inerentemente habilitado pelo 5G como pode ser visto em

66 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


detalhes no case da GSMA a seguir https://www.gsma.com/5GHub/robots.

Portanto não é impossível se estimar que novas casos de uso podem gerar um valor
significativo para viabilizar mais rapidamente as redes 5G, assim como nosso paralelo com
os Smartphone, onde os benefícios de acesso à informação via aplicativos justificam o
investimento em um telefone com melhores funcionalidades e um custo superior em
relação a telefones que somente fazem chamadas e enviam SMS.

Em conclusão podemos estimar que nos próximos 5 anos devemos ter uma redução
de custos e aumento de benefícios trazidos pelo 5G que irão gerar um ponto de equilíbrio
mais propício a adoção massiva do 5G, similar as curvas de adoção e preço que
observamos com os smartphones como abaixo:

https://www.statista.com/statistics/484583/global-average-selling-price-smartphones

67 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


https://www.statista.com/statistics/263437/global-smartphone-sales-to-end-users-since-2007/

Os smartphones reduziram custos em 36% de 2010 a 2019 e sua adoção cresceu


4200% no mesmo período, ou seja, a redução de custos foi um fato importante para
reduzir a barreira de entrada, mas de fato o surgimento dos aplicativos em 2010 a 2013
(Google Play Store em 2010, Waze em 2011, Ifood em 2012 por exemplo), que acelerou
a adoção, praticamente com crescimento de 75% ao ano em média nesse período, ao
passo que o custo médio se reduziu em 10% no período.

Por isso é importante que se acompanhe as tendências de redução de custos do


5G, mas o essencial é que novos casos de uso sejam criados.

Nesse contexto o ecossistema Industrial Brasileiro, capitaneado pela ABDI, é


essencial para que os desafios e soluções sejam criadas. Diferentemente dos começos do
século 21 onde a digitalização era baixa no Brasil, hoje há condições técnicas e intelectuais
no ecossistema brasileiro de startups e empresas médias para se criarem casos de uso
inovadores com apelo global, que não só acelerariam a adoção do 5G na indústria brasileira
como poderiam aumento o porte tecnológico indústria brasileiro.

68 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


5.5. Modelos para a adoção do 5G na Indústria

Concluindo a análise dos modelos econômicos para redes totalmente privadas como
listado acima, bem como a avaliação dos modelos técnicos de redes privadas
independentes e integradas podemos chegar às seguintes conclusões para modelos de
adoção:

Redes 5G Privadas Independentes

Para redes integradas independentes onde toda a infraestrutura 5G estará na


indústria em si deve-se aplicá-lo com as seguintes premissas:

• Números de pontos acima de 500 dispositivos conectados e/ou;

• Casos de uso que exijam alto Throughput e latência baixa como:

o Realidade Imersiva – VR;

o Realidade Aumentada – AR;

o Computação Visual Distribuída;

o Outros casos de uso em tempo quase real.

Para tal topologia de rede é esperado um retorno de investimento entre o terceiro


e quarto ano, podendo este ser acelerado pelo número de pontos conectados. Como
vantagem tem-se que todos os dados serão trafegados dentro da rede interna da indústria
com seu data center interno e sem exposição à internet.

Em conclusão este modelo é mais recomendado a empresas de grande porte com


time de TI já estabelecidos e que desejam inovar em plantas fabris novas ou realizar uma
digitalização massiva em plantas existentes.

Redes 5G Privadas Integradas com Packet Core Remoto

Como demonstrado nos testes técnicos, apesar desta topologia não entregar os
melhores valores técnicos do 5G, ela permite a execução dos casos de uso de maneira
correta e pode ser indicado a indústrias que:

• Desejem implementar alguns casos de uso de 5G que envolvam alto


Throughput como:

o Realidade Imersiva – VR;

o Realidade Aumentada – AR;

o Computação Visual Distribuída.

69 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


• Possuam uma estrutura de TI baseada em nuvem e/ou não possuem
restrições com dados trafegando na internet de maneira protegida via APN
Privada/VPN;

• Querem conectar um número de pontos menor do que 500 dispositivos;

• Experimentar o 5G antes de evoluir para alguma das topologias alternativas.

Para tal topologia de rede, não é esperado um investimento relevante em aquisição


de equipamentos, dado que as antenas a serem instaladas são fornecidas pelo provedor
de telecomunicações mediante o pagamento de uma taxa por ponto mensal.

Em comparação com o Wi-Fi o custo para o setup existente na WEG hoje em um


modelo de serviços de 10 anos teria um custo anual de 0,03 unidades, portanto custos de
assinatura de 5G equivalentes são interessantes a este tipo de modelo de adoção.

Em conclusão este modelo é mais recomendado a empresas de pequeno e médio


porte que já se apoiam em serviços tecnológicos terceirizados ou com equipe interna
limitada; ou grandes indústrias que desejam experimentar o 5G antes de decidir por um
modelo de topologia mais completo.

Redes 5G Privadas Integradas com Packet Core Local

Esta topologia possui fluxo de dados similar a descrita no tópico 5.4.1 portanto
compartilhar as vantagens técnicas dele, mas com algumas diferenças econômicas sendo:

• Os equipamentos pertencem ao fornecedor de telecomunicações reduzindo


o custo de instalação que pode ser convertido em modelo de comodato,
assinatura, entre outros;

• Não necessita conhecimento e estrutura interna de TI para coordenar a


instalação, comissionamento e operação da rede.

Em contrapartida é um modelo que pode ser mais oneroso para indústrias que
tendem a ser mais verticalizadas e ter um BackOffice tecnológico eficiente e flexível
internamente.

Em conclusão, este modelo é para grandes empresas que tem como prática a
aquisição de serviços tecnológicos de parceiros, ou que apesar de possuírem times
internos de TI não possuem maturidade técnica para operar tal rede.

70 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


6. Resultados Obtidos – Melhorias Permitidas pelo 5G

Por fim, vamos analisar as melhorias que o 5G pode trazer para a indústria em dois
pontos: melhoria aos casos de uso existentes e novos casos de uso que foram permitidos
pela adoção do 5G.

6.1. Melhoria em casos de uso existentes

Para os casos de uso listados para as Indústrias existentes observamos que todos
puderam operar de maneira adequada com o 5G como operavam com o Wi-Fi. Entretanto
devido à natureza móvel e de comunicação crítica era esperado uma melhora de
comportamento no Robô Logístico dado que ele sendo um AGV – Autonomous Guided
Vehicle – necessita comunicar-se de tempos em tempos com o servidor que planeja suas
rotas para entender qual caminho tomar, seja para a próxima ação ou em caso de bloqueio
de rota planejada. A seguir detalhamos as comparações dos mesmos entre 5G e Wi-Fi.

IIoT – Industrial IoT

Para os casos de uso de IoT Industrial foi verificado que todos funcionaram com
desempenho similares ao Wi-Fi, sendo que o uso limitado do canal de dados não permite
traçar uma diferença significativa no aspecto funcional dos dispositivos. Entretanto, testes
de comparação entre o 5G e o Wi-Fi demonstraram maior capacidade da rede 5G em
absorver maior número de dispositivos e com uma cobertura ampla, como demonstrado
no mapa de cobertura das redes 5G. Os testes de comparação entre 5G e Wi-Fi foram
feitos na Antena 2 da rede privativa independente, comparando com um ponto de acesso
Wi-Fi em posição similar.

Wi-Fi 5G antena 2

TCP DL TCP DL 58,40 Mbps 766 Mbps

LATÊNCIA (MED) 114,72 ms 23,483 ms

TCP UL 39,50 Mbps 91,4 Mbps


TCP UL
LATÊNCIA (MED) 75,77 ms 13,305 ms
Tabela 18. - Comparação – Wi-Fi vs 5G

Como se pode observar, em termos de Throughput e latência tanto em DL quanto


UL, há uma performance contundente maior no 5G, corroborando o pensamento de que o
5G permitirá a massificação de aplicações na Indústria 4.0.

Robótica

Para o caso de uso do Robô Logístico, foi realizada uma análise comparativa entre
o 5G e o Wi-Fi, simulando os pontos de bloqueio como exposto na figura abaixo com intuito
de comparar a comunicação do robô com o servidor e observar como esta impacta no

71 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


tempo de decisão sobre a rota alternativa a ser tomada, sendo o resultado presente na
sequência.

Figura 54 – Pontos de Parada – Robô Logístico

Abaixo temos a tabela com o tempo de resposta do Robô Logístico em segundos


para diferentes topologias de rede:

Privada Privada
Local do Teste Independente Integrada Wi-Fi
5G SA 5G SA
Ponto 01 16’’86 9’’79 17’’79
Ponto 02 18’’23 10’’61 19’’51
Ponto 03 16’’86 9’’99 38’’80
Ponto 04 18’’06 31’’3 120’’00
Ponto 05 120’’00 11’’67 120’’00
Ponto 06 120’’00 9’’85 120’’00
Ponto 07 120’’00 8’’97 120’’00
Tabela 19. – Desempenho por Ponto de Parada – Robô Logístico

Obs: Após o tempo de parada do robô logístico, ao passar de 120 segundos o


mesmo era liberado, tendo em vista que não havia nenhuma rota programada ou possível
de se realizar e devido a isso, o robô logístico ficava parado esperando a liberação de
acesso.

Tais resultados demonstram que, em todas as situações, o 5G permite uma


velocidade de decisão maior que o do Wi-Fi, sendo nos pontos 04, 05, 06 e 07 a diferença
mais relevante, acima de 1 minuto e meio.

Portanto, pode-se analisar que a performance do 5G é melhor e que, considerando


seu desenho técnico para suportar um número maior de dispositivos, permitiria a
massificação de soluções de robótica nas indústrias.

72 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


6.2. Casos de uso habilitados pelo 5G

Além das características de densificação já mencionadas em capítulos anteriores,


a maior capacidade de tráfego de dados através de alto Throughput em download e upload,
e a latência baixa (menor que 50 milissegundos) permite diferentes casos de uso baseados
principalmente em transmissão massiva de pacotes de dados onde não só volume, mas a
efetividade de transmissão de tais pacotes. Alguns exemplos são:

• Realidade Imersiva – VR;


• Realidade Aumentada – AR;
• Computação Visual Distribuída;
• Outros casos de uso em tempo quase real.

Em particular foram explorados os seguintes casos no Open Lab 5G:

Robótica

Para o caso de uso do Robô de Inspeção com VR (Realidade Aumentada), dado o


Throughput e latência do 5G, foi possível construir a interação do Robô com óculos de
realidade virtual com imagens de 4K e 30 fps, permitindo a pilotagem remota do robô com
aquisição de imagem em tempo real e de alta qualidade, sendo um caso de uso único na
rede 5G.

Dispositivos Inteligentes

Para o caso de uso das Câmeras Inteligentes, dado o Throughput e latência do 5G,
foi possível estabelecer os casos de processamento de imagens com câmeras simples e
inferências de inteligência artificial, centralizado em servidor de Edge Computing,
permitindo a instalação de tal aplicação de maneira flexível e adaptável, uma vez que no
5G não depende de conexões cabeadas típicas desses casos de uso.

73 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


7. Considerações Finais

7.1. Considerações sobre os Casos de Uso

No geral, os testes realizados no Open Lab 5G WEG-V2COM validaram as premissas


de capacidade do 5G em seu Release 15, permitindo velocidades de tráfego de dados em
torno de 95% do limite teórico, algo aceitável para um ambiente industrial onde
inerentemente se tem interferências físicas e eletromagnéticas.

Tais capacidades técnicas permitiram a instalação de casos de uso inovadores, não


possíveis em redes Wi-Fi industriais, como o Robô de Inspeção com VR (Realidade
Aumentada) e as Câmeras Inteligentes.

Também foi possível verificar o impacto do 5G em casos de uso já existentes, como


o Robô Logístico, em que tivemos tempos de decisão menores que o Wi-Fi.

Por fim, a comparação de índices técnicos com o Wi-Fi Industrial demonstra uma
capacidade mais ampla do 5G, permitindo a densificação de aplicações já existentes, mas
hoje limitadas em número, seja pela capacidade de comunicação limitada do Wi-Fi, seja
por sua cobertura. Concluindo, com base nos testes realizados até o momento, é possível
afirmar que o 5G permitirá, em seus aspectos técnicos, a criação de novos casos de uso
na Indústria 4.0 e a massificação de casos de uso já existentes, mas disponíveis em
número limitado.

7.2. Considerações finais sobre adoção do 5G (Sub6Gz &


mmWave)

Sub6Ghz

Como pudemos observar nos modelos econômicos do 5G, a sua implementação


ainda está distante do custo alternativo do Wi-Fi para os casos de uso atuais, mas ao se
adicionar os casos de uso que são habilitados pelo 5G, o retorno de investimento se torna
mais propício a adoção dessa nova tecnologia.

Com isto podemos indicar que para o atual estado do 5G em seu Release 15 temos:

• A tecnologia está madura para adoção imediata em plantas fabris;

• Em termos econômicos a implantação do 5G depende de um número


significativo de pontos a serem conectados ou de casos de uso específicos
que demandem tal rede;

• Os principais ofensores são custos de equipamentos de conectividade (CPE)


e licença de uso para os equipamentos de rede – algo que deve se reduzir
exponencialmente com a massificação de dispositivos e novos entrantes
com tecnologias como o OpenRAN;

• Para o release 15 não temos diferenças significativas no âmbito técnico


entre redes Privadas Integradas e Independentes, sendo a diferenciação

74 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


mais uma definição de modelo de negócio e de operação;

• Por fim, as redes NSA possuem valores interessantes de conectividade, mas


apresentam performance significativamente inferior a rede SA.

mmWave

Como observado nos testes em UDP, o mmWave apresentasse como uma solução
interessante para aplicações de missão crítica onde serão necessárias alta capacidade de
dados e baixíssima latência – abaixo de 1 milissegundo – para substituir a necessidade do
uso de fibra óptica em tais aplicações.

Entretanto, como observado ao se tentar utilizar o mmWave em âmbito industrial,


com as características comuns esperadas pela indústria, esbarramos em 3 pontos chaves:

• Disponibilidade do ecossistema: O ecossistema – sobretudo de


equipamentos – ainda não está disponível comercialmente para mmWave
SA e Release 16;

• Custos: Os custos de equipamentos – tanto de infraestrutura quanto de


módulos e CPEs – é significativamente alto em relação ao sub-6GHz (5,2
vezes);

• Maturidade da Solução: A solução mmWave se encontra imatura como


pudemos observar nos testes em diferentes topologias e diferentes
provedores de solução.

Com estes pontos podemos concluir que o mmWave não é capaz de ser adotado
em escala na indústria agora pois:

• Para soluções móveis ou de necessidade de comunicação sem fio ele não


possui diferencial em termos técnicos nem condições de mercado – custo e
disponibilidade – para fazer frente às soluções disponíveis com 5G sub-
6GHz;

• Para soluções de missão crítica – onde se exija qualidade similar a fibra ótica
– o custo e disponibilidade dessa solução incumbente é vantajoso frente ao
mmWave;

• A disponibilidade de equipamentos e a maturidade da solução ainda não é


ideal impedindo a adoção de Early Adopters que queiram investir na solução
– apesar dos altos custos – impedindo assim nesse momento a aceleração
da maturidade da solução.

Em resumo, pudemos observar que as características físicas esperadas do


mmWave no seu âmbito de radiofrequência são verdadeiras e refletem as expectativas do
3GPP em relação a esta faixa de espectro, entretanto disponibilidade e maturidade estão

75 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


aquém da necessidade de aplicação na indústria – muito pela tração desse espectro no
serviço público para consumidor amplo.

Tendo isso em vista, a conclusão é que o mmWave hoje não é aplicável na indústria,
mas deve ser revisitado em 2023 esperando um maior amadurecimento da tecnologia
dado a sua esperada maior adoção em serviços públicos, principalmente em FWA – Fixed
Wireless Access.

76 | Relatório Técnico OPEN LAB 5G WEG-V2COM


8. Glossário técnico

3GPP: Organização que visa padronizar a criação, envio e reprodução de arquivos em


telefones celulares e outros aparelhos wireless;

APN (Access Point Name): É um endereço que permite que um dispositivo saia da rede
da operadora e consiga acessar a internet. Existem APNs para redes privadas e redes
públicas;

Brown Field: Refere-se a expansão de empreendimentos. A origem do termo remete à


implantação física em lugares em que já havia anteriormente instalações;

CPE (Customer Premises Equipment): Equipamento dentro das instalações do cliente,


é um termo técnico muito utilizado por operadoras de telecomunicação e fornecedores de
serviços de comunicação;

Early Adopters: São os grupos de usuários que estão abertos à experimentação de


novidades. Podem ser clientes antecipados de uma determinado empresa, produto ou
tecnologia;

E.I.R.P: Potência isotrópica radiada equivalente;

EPS Mobility Management: O protocolo EPS (Evolved Packet System) Mobility


Management (EMM) fornece procedimentos para o controle de mobilidade quando o UE
usa a Evolved UMTS Terrestrial Radio Access Network (E-UTRAN);

FWA (Fixed Wireless Access): O Acesso Fixo Sem Fio permite que as operadoras de
rede forneçam banda larga de ultra velocidade, suportando aplicações domésticas e
comercias;

Green Field: Termo aplicado quando o produto do projeto é realizado a partir do zero,
em situações em que não se conta com instalações e facilidades pré-existentes que
possam ser incorporadas ao produto do projeto;

Handover: Teste de transição ou transferência entre as antenas realizada em movimento;

Network slicing: Arquitetura de rede que permite a multiplexação de redes lógicas


virtualizadas e independentes na mesma infraestrutura de rede física;

Modo IDLE: Modo ocioso, onde não está havendo troca de informações;

OEM: Fabricante do equipamento original;

OpenRAN: O Open Radio Access Networks é um movimento que tenta democratizar


partes da rede de telecomunicações, e assim, não depender de grandes fabricantes;

Pigtails: São pequenos cabos com conectores em suas extremidades. Utilizados para
interligação entre antenas e equipamentos para sinais de radiofrequência;

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Protocolo ICMP: O Protocolo de Mensagens de Controle da Internet (ICMP) é um
protocolo de camada de rede usado por dispositivos de rede para diagnosticar problemas
de comunicação de rede;

Protocolo MTP: O Media Transfer Protocol ou protocolo de transferência de mídia permite


que o sistema operacional do seu PC se comunique aos dispositivos portáteis, como um
celular Android;

RRU (Remote Radio Unit): A unidade de rádio remota (RRU) transmite sinais de RF e é
conectada à unidade de banda base (BBU) por meio de fibras ópticas. Com tecnologias
avançadas de RF e antena, o RRU permite o processamento de dados de alta taxa e baixa
latência e aumenta significativamente a capacidade;

RSRP (Reference Signal Received Power): O Sinal de Referência de Potência Recebida


se refere a medida do nível de potência recebida na rede. Fornece a potência do sinal
recebido e também o RSSI por determinar informações de ruído, interferências de sinal,
SNR (Relação Sinal-Ruído), entre outros.

Site Survey: Levantamento do local de cobertura de radiofrequência, processo de


planejamento e projeto de uma rede sem fio;

Small Cell: Small Cell ou Célula Pequena, é um aparelho que permite ampliação da
cobertura do sinal de dados em locais com maior demanda ou com densas coberturas;

Throughput: Throughput de rede ou taxa de transferência são a quantidade de dados


transferidos de um lugar para outro;

UE (User Equipment): Equipamento do Usuário;

URLLC (Ultra-reliable low latency communication): Comunicação de baixa latência


ultra confiável é um dos pilares do 5G NR. O Release 16 inclui melhorias ao URLLC, que
se baseiam latência muito baixa da interface aérea e a alta confiabilidade que já existem
no Release 15.

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