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21MEV03 – Vida digital e virtual

Mosaico 2021 – propostas de redação


21MEV03A - dissertação vestibulares - Escreva um texto dissertativo sobre se há limites ou
mesmo distinções na relação evidente de continuidade entre o real e o virtual na vida
contemporânea.
21MEV03B - dissertação Enem - “Desafios para preparar crianças e jovens para uma vida tão
digital e virtual quanto analógica e material.”
21MEV03C - outros gêneros textuais – Escreva uma carta aberta que atenda às demandas
apresentadas pelo filósofo e ensaísta Byung-Chul Han no seguinte aforismo: “Precisamos de uma
carta digital que recupere a dignidade humana e pensar em uma renda básica para as profissões
que serão devoradas pelas novas tecnologias.”
21MEV03 – Vida digital e virtual
Mosaico 2021 – problematizações ou contextualizações
O real, o virtual e o digital – conceitos multifacetados, controversos e em transformação.
A história do virtual e do digital – Da Pré-História à Era da Informação. Uma questão semântica.
“Smartphones” e internet onipresente (tecnologias vestíveis) – virtualização da realidade e
realidade do virtual – contato, paradoxo, amálgama e confusão. Vida privada, vida pública.
“Deserto do real” (Baudrillard).
“Ciberespaço” de A. M. Hilton e Willian Gibson e “Cibercultura” de Pierre Lévy: interconexão,
árvore do conhecimento, redes sociais, comunidades, vida em rede. Efeitos: app de contatos ou
lista telefônica/agenda. Mensagem de texto ou telefonema. Nuvem de palavras referente aos
termos da Cibercultura.
“wearables” – tecnologias vestíveis
21MEV03 – Vida digital e virtual
Mosaico 2021 – problematizações ou contextualizações
Mundo virtual, doenças reais. As doenças psiquiátricas, deformação do real e virtualização das
relações. Vida “on line” e vida “off line”: sedentarismo, doenças posturais, oftalmológicas,
auditivas. O uso de recursos tecnológicos deve ser diminuído ao mínimo necessário (Amber
Case).
Mundo virtual e direitos humanos. Quebra de expectativas sobre os efeitos majoritariamente
positivos da “cibercultura” para a diversidade de opiniões e para a troca de conhecimento entre as
pessoas.
www.nadaver.com www.andredahmer.com.br/
21MEV03 – Vida digital e virtual – para ver
21MEV03 – Vida digital e virtual – para ouvir
21MEV03 – Vida digital e virtual – para ouvir
Propostas de intervenção (soluções, indicações, etc.)
Reforçar ou apoiar por meio de mobilizações populares, “crowdfunding”, pressão
sobre congressistas, atuação de ONGs, etc., o desenvolvimento de iniciativas
associadas à democratização do acesso responsável e produtivo a tecnologias.
Organizações do setor de tecnologia, ONGs.
Qualificar por meio de propagandas, escolarização e democratização do debate
sobre os riscos e os benefícios do uso de tecnologias e do “ciberespaço”, para
que se possa desenvolver não a repulsa ou a resistência à “cibercultura”, mas seu uso
consciente, produtivo e responsável. Disciplinas sobre tecnologia no Ensino Básico,
produções audiovisuais, etc. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Ministério da Educação.
Criação de leis que regulem mais eficientemente o que empresas de internet
podem ou não fazer em relação a conteúdos acessados por crianças e jovens.
Anúncios, envio de mensagens com avisos sobre novos programas, tempo máximo de
uso, etc. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Ministério da Educação.
Vida digital e virtual

Conceitos
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Conceito de tecnologia - conjunto de técnicas, habilidades, métodos, processos e
instrumentos usados na transformação da natureza, na produção de bens, na
viabilização de serviços, na concepção e construção de máquinas, na realização de
objetivos, na solução de problemas, na virtualização de experiências e métodos, na
digitalização de informação e no desenvolvimento de pensamento científico, que é
diretamente derivado de conhecimento empíricos (sabedorias) e de pesquisas
científicas.
O nível de desenvolvimento tecnológico de uma sociedade sempre determinou em
grande medida a viabilidade de um grupo ou povo. Contemporaneamente é uma
forma bastante objetiva de medir a riqueza e a prosperidade de uma nação. O
acesso a tecnologias é extremamente desigual entre os países e entre as pessoas,
o que normalmente é chamado de exclusão tecnológica.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Conceito de digital – no campo computacional, são as representações de
informações ou grandezas físicas por meio de caracteres, letras, números ou por
sinais de valores discretos (descontínuos). Característica dos sistemas, dispositivos
ou processos em que se empregam representações discretas. Representação da
informação de maneira abstrata por meio de sequência binária. É um conceito que
se opõe ao dialógico. Associa-se mais frequentemente ao universo dos
computadores e da internet. São exemplos de aplicações: relógio digital, fotografia
digital, dados digitais, sinal digital, circuito digital, televisão digital, telefonia digital.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Conceito de virtual – diz-se sobre o que é suscetível de acontecer ou o que é
existente apenas como virtude, como potência, como possibilidade, como faculdade,
como teoria, que, em tese, ainda não tem ou nunca terá efeito real. no campo
computacional, aquilo que pode ser simulado eletronicamente, mas não é real. Ou
ainda aquilo que existe unicamente como resultado de uma simulação possível
apenas por meio de um programa de computador, aplicativo ou recurso tecnológico.
Termo usado no campos dos computadores desde 1959, como aquilo que é
simulado por programa de computadores. Realidade virtual, Biblioteca virtual,
experiência virtual, arte virtual, museu virtual, Ambiente de aprendizagem Virtual
(AVA).
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Obsolescência – condição do serviço, tecnologia ou bem que perde a utilidade, mesmo
que esteja em pleno funcionamento, devido ao surgimento de um produto
tecnologicamente mais avançado. É um fenômeno que explica diversos aspectos do
consumismo e de problemas da gestão de resíduos. Existem três tipos de
obsolescência:
Técnica ou funcional – ocorre quando uma tecnologia substitui outra de maneira mais
eficiente ou prática, quando o preço de peças de reposição tornam economicamente inviável
a manutenção e quando a precariedade material diminui o tempo útil – fita VHS > DVD,
charrete ou carruagem > carro.
Programada ou planejada – ocorre quanto há uma decisão consciente e deliberada de
fabricar um produto para que ele torne-se obsoleto ou não funcional para forçar o consumidor
a adquirir um produto novo. Lâmpadas, celulares, máquinas de lavar.
Percebida ou perceptiva - ocorre quando um produto, a despeito de cumprir
satisfatoriamente sua função, por causa de lançamentos com aparências inovadoras,
diferentes ou mais bonitas, passa a ser visto como ultrapassado, com o intuito de induzir os
consumidores a trocar produtos antigos. Moda.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Ciclo de vida de uma tecnologia é normalmente dividido em sete estágios distintos:
1 - Precursores - pré-requisitos para o desenvolvimento de uma tecnologia. 1857: o
fonoautógrafo, Édouard-Léon Scott de Martinville.
2 - Invenção – uma pessoa agrega interesses pessoais, formação, curiosidade e
habilidades técnicas ou científicas que são combinados para se criar uma nova
tecnologia. 1877: o fonógrafo, Thomas Edison.
3 - Desenvolvimento - período que pode ter variados tempos em que uma invenção
é desenvolvida para ser viabilizada industrial e economicamente por meio do
acréscimo inclusive de outras tecnologias. 1877-1940: desenvolvimento de diversos
incrementos tornam o fonógrafo comercialmente viável e adicionam novos recurso à
tecnologia do século XIX.
4 - Maturidade – estabelecimento de uma tecnologia em função do amplo uso e da
confiabilidade gerada entre seus usuários. 1948: Columbia Records e RCA
desenvolvem o Long-Playing Record (LP) de 33 rpm e 45 rpm que permitia a
gravação de mais música num mesmo suporte.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Ciclo de vida de uma tecnologia é normalmente dividido em sete estágios distintos:
5 – Pretendentes – surgimento de tecnologias que podem substituir uma outra mais
antiga e estabelecida. 1960-1980: fita cassete. 1980-1990: Compact Disc (CD
6 – Obsolescência – declínio normalmente gradual de um tecnologia. 1990:
consolidação da substituição do LP pelo CD e, posteriormente, os formatos digitais
(MP3).
7 – Antiguidade – ocorre quando um tecnologia tem apenas valor histórico,
simbólico ou para colecionadores e entusiastas. Século XXI: LPs são itens de
colecionados e entusiastas. CDs são gradativamente substituídos por arquivos
digitais. O compartilhamento legal ou ilegal de arquivos (“torrent”) é amplamente
substituído pelo “streaming”: Youtube, Spotify, Deezer.
Vida digital e virtual

Histórico
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
Pré-História – Paleolítico – Desenvolvimento de linguagens orais (surge a
virtualização da informação e do conhecimento com o intuito de, inclusive, transmiti-
lo para as próximas gerações de maneira mais eficiente, dimensão semântica da
linguagem), Pedra lascada, domínio do fogo, processamento de alimentos (assar,
cozinhar, etc.), confecção de roupas e armas, pintura rupestre (virtualização da
imagem), invenção da roda.
Pré-História – Neolítico - Revolução Neolítica - uma revolução tecnológica – pedra
polida, cerâmica, ferramentas agrícolas, técnicas agrícolas, tecnologias hidráulicas,
cidade, fundição de metais, etc. A interação com o mundo é mediada pelo imediato,
pelo material e pelo contato humano.
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
História – escrita, uma resposta à complexidade crescente das civilizações antigas.
O mais importante momento da virtualização de informações no sentido de simulá-
las ou armazená-las em um ambiente ou suporte que contenha dados sobre algo,
mas não a sua materialidade. Além disso, que dependa de uma significação, de uma
semântica que não está implícita ou óbvia nos caracteres usados, mas seja
comunicada “virtualmente” por meio deles. O “homem”, a “casa”, o “amor” não é
virtual como realização ou existência, mas seus conceitos são.
Antiguidade – urbanização, esgotamento sanitário, Medicina, armas e armaduras,
bibliotecas, surgimento da Filosofia, correio, etc.
Idade Média – tecnologias de navegação marítima, avanços na Medicina (sul da
Espanha), criação das primeiras universidades na África (Marrocos) e depois na
Europa (Itália).
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
Renascimento – Idade Moderna – invenção da imprensa no Ocidente (tipos prontos
– o conhecimento expande-se e é compartilhado de maneira inédita na história da
humanidade), Renascimento técnico e científico, Grande Navegações, etc.
Revolução Industrial – motor a vapor, ferrovias, telégrafo, etc.
Século XIX – tear mecânico e programável (Jacquard e a virtualização de
comandos), telégrafo sem fio, telefone, rádio, fotografia, cinema, televisão, etc.
Século XIX – desenvolvimento de princípios do computador (Máquina analítica).
Charles Babbage e Augusta Ada King, condessa de Lovelace.
1936 – primórdios do computador - Máquina universal ou máquina de Turing – Alan
Turing cria um modelo abstrato de computador, no qual explica teoricamente
conceitos como memória e processamento de dados. Foi pioneiro da inteligência
artificial, da digitalização da informação, da ciência da computação. “O jogo da
imitação”, cinebiografia.
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
1943 - começa a construção do primeiro computador da História sob encomenda do
Exército dos EUA, que tinha a capacidade de processamento muito inferior a uma
calculadora científica atual e que funcionou por 10 anos. Custou cerca de 6 milhões
de dólares, convertidos para os valores atuais. Foi chamado de Eniac.
1950 - “Eu, robô”, Isaac Asimov - Três leis da robótica: primeira, um robô não pode
ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal; segunda, um robô
deve obedecer um ser humano, exceto quando essa ordem entre em conflito com
primeira lei; e, terceira, um robô deve proteger sua existência sem entrar em conflito
com as leis anteriores.
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
1956 - Inteligência artificial - Turing estudou o tema e, mais tarde, John McCarthy
criou o termo “inteligência artificial”, de certa maneira uma virtualização da
inteligência humana. Conceito - aptidão de máquinas computacionais para processar
informações similarmente ao homem por meio de processos de aprendizado,
solução de problemas ou mesmo de criação de novas ou mesmo inéditas condutas
como respostas aos mais variados estímulos.
1960 – década - Mundo conectado – Arpanet, internet militar e corporativa; internet
comercial (1988); hipertexto (1989); world wide web (www) 1992; internet discada
(linha telefônica); “inteligência coletiva”, Pierre Lévy; internet banda larga; Web 2.0
(2004 - wikis, redes sociais, blogues, “sites” P2P); “cibercultura”, Pierre Lévy; internet
em redes de celular; comércio eletrônico; conteúdos sob demanda (“streaming”);
internet das coisas; cultura da celebridade.
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
1970 até a contemporaneidade - Computadores foram exclusivamente
coorporativos ou institucionais até a década de 1970 quando começa a história dos
computadores pessoais, o que possibilitou a crescente onipresença desse recurso,
em função da progressiva dependência em relação a essas máquinas no campos
profissional, educacional e comunicacional. Mais tarde, em função do fenômeno da
convergência tecnológica, atividades que não dependiam de computadores para
serem realizadas passaram a ser quase totalmente executadas por PCs ou
similares: escrever, ouvir música, agendar compromissos, fotografar, etc., o que
ampliou de maneira revolucionária a experiência de grande parte das pessoas com o
virtual e o digital. O primeiro computador pessoal foi o Kenbak1 de 1971, embora os
primeiros com viabilidade comercial tenham sido construídos pela IBM e Apple,
sobretudo, a partir da década de 1980.
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Breve histórico da tecnologia
1990 – início da democratização dos computadores pessoais na maioria das
sociedades. Internet comercial torna-se uma possibilidade a partir da metade da
década de 1990 no Brasil, embora sua origem esteja na década de 1960, Arpanet.
Início da rede de interconexão entre computadores e pessoas que criará as
condições para o desenvolvimento de uma cibercultura na civilização humana, que é
a virtualização ou digitalização de processos, hábitos e comportamentos humanos
em ambiente tecnológico de interconexão chamado comumente de “Ciberespaço”.
1994-2007 – primeira geração de “smartphones” - O primeiro “smartphone” já
revelava o conceito de convergência tecnológica que definiria esse tipo de aparelho
e que intensificaria severamente a relação do homem com o ciberespaço, o que
favorece o desenvolvimento de uma cibercultura. IBM Simon (1994): e-mails,
calendários, fuso-horário, tela sensível, agenda, cartão de 1 MB. Lançamento do
Iphone em 2007 foi revolucionário em função da interface intuitiva e amigável, da
convergência com recursos de entretenimento, do design sofisticado e moderno, etc.
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Breve histórico da tecnologia
1996 – a primeira “vitória” de uma Inteligência Artificial sobre um ser humano - o
computador Deep Blue da IBM derrotou o enxadrista Gary Kasparov. Mais tarde, um
computador passou pela primeira vez no teste de Turing ao enganar diversas
pessoas (dez de 30) que foram convencidas de que uma máquina era um menino
ucraniano chamado Eugene (2014). Grande parte desses avanços estão baseados
em uma tecnologia chamada “Machine learning”, que pode ser explicada por meio
de máquinas que aprendem e evoluem em sentidos ainda dentro de um escopo
inicial sem que tenha havido o desenvolvimento de uma consciência artificial e
autônoma, o que não é visto como impossível por especialistas.
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
1999 - Internet das coisas - Kevin Ashton, cria o conceito. Condição de interconexão
por meio da internet entre computadores, “smartphones”, óculos, carros, relógios,
casas, eletrodomésticos, roupas, assistentes virtuais (Alexa, Google Assistente,
Cortana e Siri), etc., que tornará onipresente a conexão à internet. Mundo físico e
virtual interconectados de forma digital e profunda como um amálgama.
XXI - “Big data” - termo usado para sintetizar um conjunto de recursos
computacionais que possibilitam interações com grandes bancos de dados
digitalizados, que, ao serem analisados com um propósito, oferecem interpretações
e ações baseadas em demandas específicas capazes de gerar conclusões válidas
ou produtivas para um determinado fim. Aplicações possíveis: setor bancário,
publicidade, áreas educacionais, etc. “Flu trends”, Google.
Vida digital e virtual
Breve histórico da tecnologia
XXI – Algoritmo - Em linhas gerais, no campo das aplicações tecnológicas,
algoritmos são séries de instruções ou regras que são executadas sistematicamente
a fim de solucionar um problema por meio de um número finito de passos
elementares. Entre o “input” e “output” de dados digitais, está o conjunto de
instruções elementares. Virtualização e automatização de decisões.
XXI - “Cloud computing” - Termo que refere-se ao uso do armazenamento e do
processamento de dados em servidores (“data centers”) compartilhados e
conectados à internet espalhados pelo mundo e que podem ser acessados por
qualquer dispositivo conectado à internet.
XXI - Internet 2.0 (internet mais rápida). “Smartphones” (evolução dos celulares).
Internet das coisas (conexão entre objetos, eletrônicos e recursos que cercam a vida
cotidiana de grande parte das pessoas, mundo real, à internet de forma permanente,
mundo virtual.).
Vida digital e virtual

Problematizações e contextualizações
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Tecnologias são respostas desenvolvidas pela humanidade para uma necessidade,
uma dificuldade, um desejo, um luxo ou um fetiche. A tecnologia pode ser uma
extensão das possibilidades nativas do corpo e da mente humanas que as amplia e
potencializa (faca, machado, chave de fenda, linha de montagem, etc.).
Tecnologias não são neutras, pois, por exemplo, algoritmos podem reproduzir
preconceitos das pessoas ou das bases de dados sobre as quais interferem.
Aplicações de algoritmos em bases de dados que avaliam pessoas já foram diversas
vezes foram racistas ou sexistas. Nesse contexto, adventos tecnológicos, como a
internet, por exemplo, são frequentemente entendidos como “culpados” por crimes
como a pedofilia ou por fenômenos como a pós-verdade, quando ela é apenas um
meio, mas não o fim ou mesmo uma espécie de entidade com vontade própria. “Os
homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens.” (Marshall
McLuhan).
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Ferramentas tecnológicas foram responsáveis pela intensificação do processo de
globalização por meio da digitalização e virtualização da informação de diversas
naturezas – por meio de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e das
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) – as quais foram os
principais instrumentos para a globalização de conhecimentos, de desejos, de
expectativas, de vícios, de economias, etc., sob uma perspectiva majoritariamente
ocidental e desigual em relação às benesses do processo globalizatório.
Reuniões de pessoas com interesses comuns por meio de tecnologias como redes
sociais, “chats”, etc., fomentaram o desejo de manter-se conectado para ser
acolhido, compreendido, aceito, etc. Também é um fenômeno importante para se
compreender o avanço de diversas concepções religiosas, políticas ou ideológicas
fundamentalistas como Celibatários Involuntários (Incels), grupos neonazistas,
radicais religiosos, terroristas, etc. Por outro lado, também favorece pessoas com
interesses em comum por conta do colecionismo, da arte, da política, etc.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Desde o início do século XXI, tornou-se evidente a existência de uma cultura vitual e
digital que afeta a vida real e cotidiana de centenas de milhões de pessoas
conectadas por redes cada vez mais velozes e, em diversos países, onipresentes.
Redes de transmissão de dados de alta velocidade, pirataria, armazenamento de
dados nas nuvens, redes sociais, mensageiros (WhatsApp, Signal e Telegram),
“fake News”, “hackers”, inteligência coletiva, “cyberbullying”, “streaming”, pornografia
virtual, crimes virtuais, privacidade, “big data”, algoritmos, internet das coisas, “bots”,
cultura das celebridades e do cancelamento, etc. A “Cibercultura”, portanto, oferece
muitas oportunidades para o desenvolvimento de diversos aspectos negativos e
positivos da humanidade no campos sociais, culturais, econômicos e políticos.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Sobre a relação entre tecnologia e direitos humanos, é importante notar, que,
dialeticamente, por meio de TDICs, muitos direitos humanos passaram a ser mais
conhecidos em uma proporção semelhante àquela em que passaram a ser
desrespeitados ou negligenciados dentro de ambientes digitais como redes sociais.
Vários aspectos da vida profissional, social e cultural passaram, sobretudo no
século XXI, a serem mediados por TDICs, o que tornou grande parte da
humanidade cada vez mais dependente desses recursos, o que levou o debate e
diversas questões sobre direitos humanos para esse universo. Liberdade de
expressão e censura em redes sociais, direito à privacidade, direito ao
esquecimento, preconceito e discriminação, liberdade religiosa, etc.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
A convergência tecnológica é a concentração de serviços, recursos, possibilidades e
tecnologias em um dispositivo que antes estavam dispersos em outras máquinas,
produtos ou dispositivos. Os “smartphones” são exemplos privilegiados desse
processo, pois, ao longo de pouco mais de 20 anos, concentraram recursos como
telefone, agenda, relógio, despertador, calculadora, câmera, “player”, gravador de
voz, bússola, computador, bloco de notas, livro, etc. Além disso, passaram a agregar
recursos que gradativamente o fizeram ser uma alternativa viável em relação ao
computador, por exemplo, na gestão de redes sociais (publicação de perfil público,
agregador de interesses, serviço de “e-mail”, comunicador instantâneo, “feed” de
conteúdo, etc.). Isso é uma das explicações possíveis para se entender a
dependência de cada vez mais pessoas em relação a “smartphones” e a cultura
digital com a qual esse aparelho produziu a possibilidade de que muitas pessoas
estivesse em constante contato com a “Cibercultura”, o que inclusive aumentou
significativamente o número de casos de dependência.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
“Smartphones” são ferramentas que, para muitas pessoas, tornaram-se “criaturas”
que passaram a controlar e pautar a vida de seus “criadores”. Em muitos casos,
hábitos associados a comportamentos fúteis por meio de recursos tecnológicos
suplantam o tempo gasto para atender às exigências reais da vida como trabalhar,
dedicar-se à família ou a amizades, cuidar da saúde, etc. “Selfies”, checar
obsessivamente redes sociais e longos períodos dedicados ao entretenimento
versus estudos, formação profissional e dedicação a relações interpessoais e
familiares.
O “smartphone” é tanto um dispositivo de fomento e dinamização do trabalho da
produtividade quanto de procrastinação e de dispersão da atenção das pessoas para
o que realmente é transformador e relevante na vida delas. Portabilidade,
usabilidade facilitada, onipresença da conexão à internet e convergência tecnológica
são causas importantes e amplas da intensificação do uso desse advento
tecnológico que acentua-se e amplia-se a partir do advento do Iphone (2007).
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Por meio da popularização de recursos tecnológicos como o computador, a internet, as
câmeras, os microfones, etc., e do acesso ao “Ciberespaço”, a informação foi
democratizada não apenas quanto ao acesso, mas também pela ampliação das
possibilidades de produção de conteúdo por meio de blogues, “sites”, redes sociais,
Youtube, Wikipedia, etc. Esse processo – permitido por processos de virtualização e
digitalização da informação, produziu novos aspectos ambivalentes e dialéticos nas
relações sociais, culturais e econômicas que impactam direta ou indiretamente toda a
humanidade.
Ambientes digitais construíram a partir da década de 1990 as bases da “Cibercultura”
que se desdobrou em diversos universos como a das celebridade de internet
amparadas por redes sociais como o Instagram ou serviços como o Youtube, as quais
alimentam e são alimentadas por um contexto que tornou conhecidos e influentes
termos como curadoria, “viralização”, cultura do cancelamento, “coaching”, dependência
tecnológica (pornografia, videogames, exposição pessoal, etc.).
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Novas tecnologias historicamente foram responsáveis por criar o contexto que
favoreceu o surgimento de novas profissões e a extinção de outras em função
especialmente da digitalização, virtualização, automação e centralização de processos.
O conceito de inteligência colaborativa é uma forma de inteligência coletiva
potencializada por TDICs em rede que desenvolve-se e substancia-se por meio de
diversas iniciativas em que comunidades contribuem dinamicamente para um mesmo
fim por meio da digitalização e virtualização de processos, destacam-se nesse contexto
o Linux, a Wikipédia, etc., o que, por diversos meios, produz novas oportunidades de se
produzir conteúdo mais atual e mais relevante. “...ninguém sabe tudo; todos sabem
algo; é necessário mobilizar as competências de todos.” (Pierre Lévy, 1994). Inteligência
colaborativa é, segundo a pesquisadora Leticia Soberón, “uma deliberação ordenada,
facilitada por tecnologias sociais, que permite a um conjunto de pessoas compartilhar,
criar, depurar conhecimento e tomar decisões com maiores possibilidades de superar os
desafios que deixam os ambientes cada vez mais complexos e vulneráveis.”.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Os desafios e os riscos da Inteligência Artificial (IA – John McCarthy, 1956, “O Eros
eletrônico”), que é uma tecnologia digital capaz de possibilitar a sistemas a simulação –
por meio da virtualização - da inteligência humana para além de uma programação
prévia específica, a fim de oferecer a máquinas condições para tomar decisões de forma
autônoma e baseada em geral em gigantescos bancos de dados (“big data”) ou para
aprender (“Machine Learning”, “Deep Learning” e Processamento de Linguagem
Natural.), o que confere grande impacto na oferta de empregos, nos riscos de
desenvolvimento de consciência, no debate insuficiente e elitizado sobre limites para
essa tecnologia, na reprodução de preconceitos dos que desenvolveram uma IA, no
aumento da produtividade, no barateamento dos custos, etc. Aplicações: sugestão de
filmes e músicas com base na experiência do usuário de um serviço como Youtube,
Spotify ou Netflix; o piloto automático de carros da Tesla; a procura em serviços de fotos
a partir de palavras como “abraço”; a tradução mais orgânica e contextualizada entre
idiomas; os assistentes como Alexa, Cortana e Siri; tecnologias de exclusão de
conteúdo impróprio em redes sociais; etc.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Proibir o uso de tecnologias digitais é eficiente para se combater os efeitos
negativos dela? É possível ou útil coibir totalmente essa cultura em ambientes
profissionais ou educacionais? Ideias anacrônicas respondem de forma antiquada a
problemas contemporâneos que desafiam toda a humanidade a responder a essas
questões de forma assertiva, positiva e dialética.
Proibir o acesso à tecnologia em ambientes profissionais e educacionais não parece
ser muito eficiente, não só porque é impossível coibir totalmente algo tão abrangente
e mesmo do qual a humanidade tanto depende, mas também porque tratam-se de
ferramentas excepcionais as quais não podem ser negligenciadas, enfim o abuso
delas não pode desestimnular o uso consciente e produtivo desses recursos.
O fato de haver poucos estudos e práticas sobre como tornar o “smartphone” e as
tecnologias em geral ferramentas pedagógicas e profissionais mais eficientes é um
dos principais desafios da Contemporaneidade.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
As TDICs auxiliaram o aprendizado autônomo ou o autodidatismo sobre diferentes
temas. Udemy, Domestika, Coursera, Youtube.
Tecnologias e solidão. Redes sociais, “smartphones”, jogos, Youtube e aplicativos de
mensagem como formas sofisticadas de escapismo da realidade, das frustrações e
da complexidade dos relacionamentos humanos. Um mundo mais conectado, virtual
e digital, mas mais solitário e antipático: tempo de paradoxos.
Inteligência artificial, algoritmos e motores de busca. “Bolhas algorítmicas”. Redução
da diversidade de ideias percebida pelas pessoas. Fundamentalismos e
radicalismos como um dos resultados do excesso de conexão e da dificuldade de se
lidar com o “dilúvio de informação”. “Cibercultura” promotora não apenas de avanços
e diversidade na produção do conhecimento, mas também de seu questionamento,
do ódio direcionado contra seus representantes, de “fake News”, etc.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Tecnologias digitais, virtualização da vida e doenças psiquiátricas (depressão,
transtornos de ansiedade, etc.), oftalmológicas, posturais, do sono, auditivas, de
pele, etc. Nomofobia, síndrome do toque fantasma, FoMO (Fear of missing out),
Lesão por Esforços Repetitivos (LER), tendinite, bursite, etc. Aceleração do
envelhecimento da pele.
O uso descontrolado de tecnologias digitais e o acesso contínuo a meios virtuais têm
causado transtornos psiquiátricos em um número crescente de pessoas. A base
desse processo é que, segundo especialistas do Grupo de Dependências
Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP),
os comportamentos repetidos (checar curtidas, jogar videogame, fazer “selfies”, cutir
fotos, etc.) são entendidos pelo cérebro como fonte de satisfação, o que estimula a
liberação de neurotransmissores como a dopamina, o que produz uma sensação
similar a de pessoas dependentes, por exemplo, de jogos de azar como caça-
níqueis.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
A tela de computadores, celulares e “tablets” provoca distúrbios do sono, porque a
luz emitida por elas inibe a produção de melatonina, que é considerado o hormônio
do sono, o que dificulta ou diminui o tempo de sono do indivíduo, o que pode
provocar sonolência ao longo do dia, juízo crítico dificultado, dificuldade de resolver
problemas, reflexos diminuídos, irritabilidade, mau humor e aumento das chances de
acidentes. Em casos mais graves, baixa da imunidade, ganho de peso, hipertensão
arterial, arritmias, derrame, infarto, depressão, crescimento abaixo do esperado, etc.
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
2019 – número de internautas – Brasil (134 milhões, 90 por cento acessam todos os
dias). Celular é a principal forma de acesso à internet pelos brasileiros. Cerca de um
quarto dos brasileiros não tem acesso à rede.
2019 – tempo médio de uso de “smartphones” por dia – média mundial – cerca de 3
horas diárias. – Indonésia (1º lugar – 5,2 horas, 2020) e Brasil (2º lugar - 3,8 horas,
2019 - 4,8 horas, 2020) lideram o “ranking”. 50 por cento desse tempo é gasto com
redes sociais.
2020 – número de usuários – estimativas - Facebook (2,740 bilhões), Youtube (2,291
bilhões), WhatsApp (2,1 bilhões), Instagram (1 bilhão), TikTok (689 milhões), Sina
Weibo (511 milhões), Telegram (500 milhões), Snapchat (498 milhões), Kuaishou
(481 milhões), Pinterest (442 milhões), Reddit (430 milhões), Twitter (353 milhões),
Signal (110 milhões de usuários).
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
A procura cada vez maior por celulares que não são “smartphones”, que se iniciou
em 2020, revela um processo tímido de mudança no cenário da dependência
tecnológica. O interesse por discos de vinil no século XXI pode ser também um
indicativo desse processo.
Instagram mudou alguns dos seus processos e recursos por considerar que eles
influenciam de forma negativa a saúde mental dos internautas, por exemplo, a
visualização de curtidas.
A pandemia de covid-19 revelou ou intensificou questões acerca da relação da
tecnologia com a educação (ensino remoto, ensino a distância, ensino híbrido, etc.),
com o trabalho (greve dos entregadores de aplicativos de comida, teletrabalho,
“home office”, etc.), com as relações humanas (vídeo chamada, fadiga de telas,
“lives”, etc.), com a saúde (aumento da miopia entre crianças, problemas posturais
intensificados, etc.) e com a arte (imprescindibilidade da arte, importância da música
e do cinema como meios de escapismo, etc.).
Vida digital e virtual
Problematizações e contextualizações
Tecnologia como extensão do homem e de suas possibilidades. A naturalização da
tecnologia como forma de interação do homem com o mundo é um processo que
remonta a tecnologias como o arado e a roda, que são hoje melhor representados
pelo “smartphone” como forma de intervenção no mundo. Não seria o momento,
assim, de assumir essa dependência? Tecnologias são indissociáveis da existência
social e individual do ser humano? Implantes cibernéticos, conexão permanente à
internet, desmaterialização dos recursos tecnológicos serão recursos acessíveis a
todas as pessoas? Ciborgues serão homens melhorados ou menos homens? O
futuro será “cyberpunk”? Os avanços tecnológicos no campo das tecnologias
incorporadas ao corpo e da Engenharia Genética provocará uma nova eugenia?
Pós-humanismo para quem e por quê? A onipresença e capilaridade da
“Cibercultura” serão tornadas naturais ou extensões indistintas da realidade? Ficção
científica como antecipação da ciência? Muitas perguntas sobre as quais quase a
totalidade das sociedades humanas não está preparada para pensar a respeito.
Vida digital e virtual

Referências culturais
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Repertório cultural – sugestões - obras
Referências audiovisuais - “Her”, “Matrix”, vários episódios de “Black Mirror”,
“Hackers”, “Admirável mundo novo”, “A rede social”, “Catfish”, “Disconnect”, “Jogador
Nº1”, “Jobs”, “Lola”, “Wall-E”, “Fahrenheit 451”, “Conectado: uma autobiografia sobre
amor, morte e tecnologia”, “Animatrix”, “Ex-Machina”, “Gattaca”, “Metrópolis”, “A rede
social”, “2001, uma odisseia no espaço”, “Minority report”, “Blade Runner”, “Elysium”,
“O jogo da imitação”, “O quinto poder”, “O homem bicentenário”, “Privacidade
hackeada”, “O dilema das redes”, “Upload”, “Altered carbon”, “The feed”, “The
Westworld”, vários episódios de “Love, Death & Robots”, “Anon”, “Vigilante do
amanhã”, “Countdown”, “Tomorrow land”, “Mr. Robbot”, "Brilho eterno de uma mente
sem lembranças”, “Upgrade”, “The social dilema”, “The Truman show”, “Eu, robô”,
“Ratter”, “Projeto Lazarus”, "Gattaca - Experiência genética“, “Piratas do Vale do
Silício”, “A.I. - Inteligência Artificial”, “Os estagiários”, “Transcendence”, “Como
Vender Drogas Online (Rápido)”, “Onisciente”, “Jogos de guerra”, etc.
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Repertório cultural – sugestões - obras
Referências bibliográficas - “Cultura digital”, “O que é o virtual”, “Cibercultura”,
“Inteligência coletiva”, Pierre Lévy; “Neuromancer”, Willian Gibson; “Dependência de
internet em Crianças e Adolescentes: Fatores de Risco, Avaliação e Tratamento”,
Kimberly S. Young e Cristiano Nabuco de Abreu; “Como Lidar Com Vida digital e
virtual”, Cristiano Nabuco De Abreu, Dora Sampaio Góes, Igor Lins Lemos;
“Irresistível: Por que você é viciado em tecnologia”, Adam Alter; “O mundo
assombrado pelos demônios”, Carl Sagan; “Admirável mundo novo”, Aldous Huxley;
“Fahrenheit 451”, Ray Bradbury; “Jogador nº 1”, Ernst Cline; “Akira”, Katsuhiro
Otomo; “Ghost in the shell”, Masamune Shirow etc.
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Intertextualidades - aforismos
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Hoje, consigo perceber que nossa tecnologia ultrapassou nossa humanidade.”
(Albert Einstein)
“Numa época de tecnologia avançada, o maior perigo para as ideias, para a cultura
e para o espírito pode mais facilmente vir de um inimigo sorridente que de um
adversário que inspira o terror e o ódio.” (Aldous Huxley)
“Não confio nas máquinas. A tecnologia não é neutra.” (Slavoj Zizek, pensador
esloveno)
“Tornamo-nos deuses na tecnologia, mas permanecemos macacos na vida.” (Arnold
Toynbee, 1852-1883, economista britânico)
“Estou convencido que nem a ciência nem a tecnologia podem satisfazer as
necessidades espirituais a que todas as possíveis religiões procuram atender.”
(Arnold Toynbee, 1852-1883, economista britânico)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“O grande mito do nosso tempo é que a tecnologia é comunicação.” (Libby Larsen,
compositora.)
“Não me oponho à tecnologia, entendo que ela sempre muda tudo e que temos que
mudar com ela. Mas nem todo avanço tecnológico é bom e, em algumas
circunstâncias, pode ser bom gerenciar ou conter as mudanças tecnológicas, se elas
minam a sociedade. A Escola de Frankfurt se mostrou correta, emburrecemos nossa
cultura e me preocupa que a internet continue fazendo isso, acabando com nossa
vitalidade cívica e com a economia do entretenimento e da informação.” (Andrew
Keen, historiador britânico)
"A tecnologia ensinou uma lição à humanidade: nada é impossível." (Lewis
Mumford)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“O grande perigo da tecnologia é implantar no homem a convicção enganosa de
que é onipotente, impedindo-o de ver a sua imensa fragilidade.” (Hermógenes)
“O celular é o grande interruptor da vida. Ele interrompe quase tudo. De concertos e
feriados até encontros ou férias, nenhuma ocasião está imune a ser interrompida por
esses aparelhos. Consequentemente, nossos telefones também transformaram-se
em um terrível vício.” (Jorge Ramos)
“Se continuarmos desenvolvendo nossa tecnologia sem sabedoria ou prudência,
nosso servo pode acabar se tornando nosso carrasco.” (Omar Bradley, general do
exército dos EUA.)
“A arte desafia a tecnologia, e a tecnologia inspira a arte.” (John Lasseter, diretor e
animador.)
“É preciso reduzir a quantidade de informação.” (Amber Case)
“A quantidade ideal de tecnologia na vida de uma pessoa é a mínima necessária.”
(Amber Case)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“A tecnologia não é ruim, mas seu uso está nos desconectando e escravizando.
Chegamos a olhar o celular entre 1.000 a 2.000 vezes por dia. Temos que começar
por redefinir nossa relação com a tecnologia: é uma ferramenta, muito útil, mas tem
que nos tornar livres. O celular é o novo cigarro: se fico entediada, dou uma olhada
nele. Não mande mensagens vazias de emoção, convide seus amigos para um
jantar na sua casa.” (Amber Case, 1987-, antropóloga norte-americana)
“Quando me levanto pela manhã devo me perguntar se dedico tempo a mim mesma,
se posso meditar, desenhar, se escrevo. Mas o fato é que o meu dia a dia está
tomado pelas notificações do telefone, do computador. Então, que tempo de reflexão
me reservo?” (Amber Case)
“Vivemos constantemente em atenção parcial, nunca estamos presentes, portanto
não temos tempo de reflexão.” (Amber Case)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“A sensação de estar conectado é como uma miragem perigosa. Você se sente só,
mas sente que faz parte de um coletivo, por isso não dedica tempo a você mesma.
E quando finalmente você tem tempo para você... se sente péssima, porque lhe
faltam experiências autênticas. Por estarmos conectados com outros o tempo todo,
nos esquecemos de que nós também contamos e que merecemos tempo em
silêncio, conectando com nós mesmos.” (Amber Case)
“O uso excessivo das tecnologias informacionais, sem finalidade específica, faz com
que a pessoa se torne a própria mensagem, pois na falta do que comunicar ela se
coloca no centro da mensagem. [...] Os contatos no ciberespaço não permitem que
se desenvolva a verdadeira comunicação, que exige a mobilização dos sentidos
como visão, audição, tato, olfato, paladar, tradicionais elementos da comunicação
primária, muitos deles desconsiderados nesse novo processo comunicacional.”
(Malena Segura Contrera)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“A internet permitiu a experimentação de um tipo de comunicação de âmbito
mundial. Apresentou-se com um caráter atrativo, que levou a que os destinatários
nela se empenhassem e adestrassem, e por outro lado ficassem dependentes deste
modo de comunicação.” (José de Oliveira Ascensão)
“Não podemos dizer que uma ou outra rede social é ruim, mas podemos dizer que
quanto mais as crianças as usam, maior a probabilidade de que elas não estarão
satisfeitas quanto a diferentes esferas da sua vida ou com a sua vida em geral.”
(Philip Powell)
“Motivado pelo prazer e pelo desafio, o jovem perde a noção de tempo e não
consegue mais determinar o que seria uma quantidade de tempo adequado para se
passar naquela atividade.” (Sylvia van Enck, sobre o uso de computadores e
celulares.)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“O processo de construção desses aplicativos, o Facebook foi o primeiro deles, foi
todo sobre ‘Como podemos consumir o máximo de tempo e atenção possíveis?’ E
para isso a gente precisava dar a vocês um pouco de dopamina [neurotransmissor
ligado a mecanismos de recompensa e às sensações de prazer] de vez em quando.
Porque alguém curte ou comenta sua foto ou publicação, isso vai fazer você
contribuir com mais conteúdo, e isso vai te dar mais curtidas e comentários. É uma
validação social cíclica. Exatamente o tipo de coisa que um hacker como eu criaria,
porque explora uma vulnerabilidade na psicologia humana. Os criadores – sou eu, o
Mark [Zuckerberg], o Kevin Systrom no Instagram, todas essas pessoas – sacaram
isso conscientemente. E fizemos tudo [as redes sociais] mesmo assim.” (Sean
Parker, cofundador do Facebook)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“O homem se tornou lobo para o homem, porque a meta do desenvolvimento
industrial está concentrada num objeto e não no ser humano. A tecnologia e a
própria ciência não respeitaram os valores éticos e, por isso, não tiveram respeito
algum para o humanismo. Para a convivência. Para o sentido mesmo da existência.
Na própria política, o que contou no pós-guerra foi o êxito econômico e, muito
pouco, a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem. Fomos vítimas
da ganância e da máquina. Das cifras. E, assim, perdemos o sentido autêntico da
confiança, da fé, do amor. As máquinas andaram por cima da plantinha sempre
tenra da esperança. E foi o caos.”(Dom Paulo Evaristo Arns)
“Ninguém muda nada na sua vida sem ter consciência do problema. Se os retiros
promovem atividades de convívio longe de tecnologia e conexão, eles podem ajudar
a pessoa a perceber o que ela está deixando de viver na vida por ter adotado o
mundo virtual como prioridade.” (Sylvia van Enck, sobre “snow media” e “detox
digital”)
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – aforismos
“A biotecnologia está avançando rapidamente; permitirá manipular a vida, modificar
micróbios com grande precisão e potência. Isso abre caminho para habilidades
muito destrutivas.” (Nick Bostrom)
“No geral, acredito que há uma corrida entre nossa habilidade de fazer as coisas, de
avançar rapidamente nossas habilidades tecnológicas, e nossa sabedoria, que vai
muito mais devagar. Precisamos de um certo nível de sabedoria e colaboração para
o momento em que alcancemos determinados marcos tecnológicos, para sobreviver
a essas transições.” (Nick Bostrom)
“A noção humanística e iluminista do sujeito racional capaz de deliberação e escolha
será substituída pela do consumidor conscientemente deliberante e eleitor. Já em
construção, um novo tipo de vontade humana triunfará. Este não será o indivíduo
liberal que, não faz muito tempo, acreditamos que poderia ser o tema da
democracia. O novo ser humano será constituído através e dentro das tecnologias
digitais e dos meios computacionais.” (Achille Mbembe)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“...a revolução não acontece quando as pessoas adotam novas tecnologias, ela
acontece quando as pessoas adotam novos comportamentos.” (Clay Shirky)]
“Tecnologia é qualquer coisa que não estava por aí quando você nasceu.” (Alan
Kay, cientista da computação.)
“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é equivalente à mágica.” (Arthur C.
Clarke, escritor.)
“Todas as maiores invenções tecnológicas criadas pelo homem — o avião, o
automóvel, o computador — dizem pouco sobre sua inteligência, mas falam
bastante sobre sua preguiça.” (Mark Kennedy)
“A humanidade está adquirindo toda a tecnologia certa por todas as razões erradas.”
(R. Buckminster Fuller, escritor e inventor.)
“Eu acho que romances que ignoram a tecnologia mal interpretam a vida tão mal
quanto os Vitorianos mal interpretavam a vida ao ignorar o sexo.” (Kurt Vonnegut,
escritor.)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“O espírito humano precisa prevalecer sobre a tecnologia.” (Albert Einstein,
cientista.)
“Nós estamos presos à tecnologia quando o que nós mais queremos é algo que
apenas funcione.” (Douglas Adams, escritor.)
]“A tecnologia tornou possível a existência de grandes populações. Grandes
populações agora tornam a tecnologia indispensável.” (Joseph Krutch, escritor.)
“Esse é o principal ponto da tecnologia. Por um lado, ela cria um apetite por
imortalidade e, por outro, ameaça extinção universal. Tecnologia é a luxúria
removida da natureza.” (Don DeLillo, escritor.)
“O perigo de verdade não é que computadores passem a pensar como humanos,
mas sim que humanos passem a pensar como computadores.” (Sydney Harris,
jornalista.)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Ciência e tecnologia revolucionam nossas vidas, mas a memória, a tradição e o
mito moldam nossas respostas.” (Arthur Schlesinger, historiador.)
“Estamos cada vez mais cercados de máquinas que são pensadas para facilitar
nossa vida. O carro autônomo, por exemplo, é pensando para melhorar a circulação,
a segurança e para nos poupar tempo. Mas as pessoas podem se sentir cada vez
mais privadas de iniciativa. Já não estamos encarregados de grande coisa e, no fim,
já não somos responsáveis. Nós nos tornamos cada vez menos livres - portanto,
menos morais - e nos comportamos cada vez mais como máquinas. Isso abre as
portas para uma desumanização. Ser livre é aceitar a sorte, tomar riscos.” (Jean-
Michel Besnier, filósofo francês)
]“A inteligência artificial nos obriga a nos comportarmos como máquinas.” (Jean-
Michel Besnier, filósofo francês)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Haverá uma humanidade de duas categorias. Uma humanidade de ricos, que terão
acesso às tecnologias da transformação, prolongação e imortalização. E os demais,
os quais o pesquisador britânico Kevin Warwick - o primeiro ciborgue, porque
implantou um chip no braço - classificou de ‘chimpanzés do futuro’. Seremos os
chimpanzés do futuro, uma infra-humanidade que não tomou o caminho do homem
aumentado.” (Jean-Michel Besnier, filósofo francês)
“Nós nos transformamos cada vez mais em suportes de informação. Toda essa
informação coletada e reunida em bases são fatores de prosperidade e de
produtividade. Nos transformamos em mercadorias. O que mais me preocupa é que
somos conscientes disso, mas não nos preocupa muito.” (Jean-Michel Besnier,
filósofo francês)
“Há uma interdependência entre o self e o mundo em rede: a tecnologia tornou-se
uma extensão do corpo e passou a ser um elemento definidor da identidade
humana.” (Derrick de Kerckove, sociólogo canadense.)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Quando as pessoas dizem que a internet transformará a todos nós em gênios, isso
também foi dito sobre o telégrafo. Por outro lado, quando dizem que a internet nos
transformará em estúpidos, isso também foi dito sobre o telégrafo. Acho que estamos
sempre certos quando nos preocupamos com as consequências danosas da tecnologia,
mesmo quando somos fortalecidos por elas. A história sugere que não devemos entrar
em pânico ou ficar tão animados a respeito dos novos aparelhos legais. Há um
equilíbrio delicado.” (James Gleick, escritor de tecnologia)
“A ciência do século 21 é dominada por grandes depósitos de informação que
chamamos de bancos de dados. O dilúvio de informação tornou fácil e barato construir
bancos de dados. Um exemplo de banco de dados do século 21 é a coleção de
sequências genômicas de criaturas vivas de várias espécies, de micróbios a humanos.
Cada genoma contém a informação genética completa que define a criatura a qual
pertence. O banco de dados de genomas cresce rapidamente e está disponível para ser
explorado por cientistas de todo o mundo.” (James Gleick, escritor de tecnologia)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Uso a internet como uso o carro, quando preciso. Não passo minha vida dirigindo
em autoestradas. Se não tiver de me locomover, não pego o carro. Não passo
madrugadas ‘on-line’. Tenho coisa melhor para fazer.” (Umberto Eco)
“Quanto mais sofisticadas as máquinas, menos qualificação tem o trabalhador.”
(Harry Braverman)
“O perigo do futuro é que os homens podem se transforma em robôs.” (Erich
Fromm)
“Não há mais contra quem direcionar a revolução, a repressão não vem mais dos
outros.” (Byung-Chul Han, 1959-, filósofo sul coreano.)
“Precisamos de uma carta digital que recupere a dignidade humana e pensar em
uma renda básica para as profissões que serão devoradas pelas novas tecnologias.”
(Byung-Chul Han, 1959-, filósofo sul coreano.)
“...ser observado hoje é um aspecto central do ser no mundo.” (Byung-Chul Han,
1959-, filósofo sul coreano.)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Estamos na Rede, mas não escutamos o outro, só fazemos barulho.” (Byung-Chul
Han, 1959-, filósofo sul coreano.)
"De tão erodida pelo advento das redes sociais, não podemos mais falar em
sociedade civil. A polarização se tornou um veneno. As redes estão polarizando a
sociedade. Essas empresas de tecnologia não estão nem aí com a saúde da
sociedade civil.” (Niall Fergunson, professor de história da Universidade de
Stanford)
"Estamos desabilitados a lidar com divergências e com diversidade, pois o que
existe é majoritariamente o estímulo à intolerância com o que é diferente. Criamos
uma bomba-relógio.“ (Pedro Consorte)
“O celular virou a rota de fuga para todo pequeno momento de tédio, aborrecimento
ou que simplesmente parece não merecer atenção integral.” (Carlos Affonso
Souza, “O futuro foi reprogramado: como a tecnologia está transformando as leis, a
política e os relacionamentos”)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Economizar bateria é preciso, viver não é preciso.” (Carlos Affonso Souza)
“Futuramente, não será impensável assistentes de paciente e dentista conversarem
de forma autônoma ao telefone, o que coloca um sem-número de questões éticas. À
medida que a voz se torna menos robótica e o algoritmo vai sendo aperfeiçoado, será
necessário ao assistente se identificar como tal, para não ser confundido com um ser
humano? Ou passaremos a considerar os algoritmos parte da família?” (Fábio Zanini)
“Sempre sonhamos em produzir mais bens e serviços com menos trabalho humano,
delegando a fadiga física e intelectual para as máquinas. Hoje, conseguimos realizar,
ao menos em parte, o sonho de Aristóteles, inventando instrumentos mecânicos,
eletromecânicos e digitais. Uma casa moderna dispõe de eletrodomésticos capazes
de realizar o trabalho que, na Grécia de Péricles, era realizado por 33 escravos. A
tecnologia ajudou o ser humano a se libertar do trabalho, permitindo que ele pudesse
dedicar mais tempo à meditação, à amizade, ao jogo, ao amor, à beleza e à
convivência.” (Domenico de Masi)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“De certa forma, o veículo condicionou a mensagem. Mais importante do que um
raciocínio concatenado é criar uma controvérsia, gerar um fato que estimule o
compartilhamento e que possa ser facilmente sintetizado.” (Carlos Affonso Souza)
"A forma hoje como nós produzimos conhecimento produz também ignorância."
(Edgar Morin)
"As decisões que em tempos normais podem levar anos de deliberação são
aprovadas em questão de horas. Tecnologias imaturas e até perigosas são
colocadas em serviço porque os riscos de não fazer nada são maiores. Países
inteiros servem como cobaias em experimentos sociais em larga escala. O que
acontece quando todos trabalham em casa e se comunicam apenas à distância? O
que acontece quando escolas e universidades inteiras ficam online? Em tempos
normais, governos, empresas e conselhos educacionais nunca concordariam em
realizar tais experimentos. Mas esses não são tempos normais.” (Yuval Noah
Harari)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“Não possuo computador. Optei por não possuir nenhum meio possibilitado pela
nova tecnologia. Aprecio a relação que tenho com minha máquina de escrever, no
nível físico. Tenho uma página à minha frente, meu tempo pertence a mim, posso
fazer correções no meu próprio ritmo.” (Jean Baudrillard, filósofo francês, em artigo
de 1998)
“Não vejo como os meios de comunicação tradicionais, tais como o discurso oral e a
escrita, possam reconciliar-se com a onipresença da tela. A internet é globalizante e
imperialista, do mesmo modo que a própria civilização ocidental o é. Ela exige que
todos nós entremos na rede, que mergulhemos totalmente nela. Hoje em dia é
preciso andar bem longe para encontrar um espaço livre de telas.” (Jean
Baudrillard, filósofo francês, em artigo de 1998)
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Repertório cultural – sugestões – aforismos
“As anomalias e os ‘outsiders’ serão cada vez menos aceitos. O surgimento de
conflitos entre os mundos virtual e real será inevitável. Tendo optado por não ter
computador, já sou ‘outsider’ toda vez que sou convidado a falar numa conferência.
A exigência é que os artigos sejam apresentados em disquete. É essa a medida de
minha participação na internet: como refém, vítima. Jogo segundo minhas próprias
regras, mas um dia serei expulso do campo.” (Jean Baudrillard, filósofo francês, em
artigo de 1998)
“Temos cérebros paleolíticos, leis medievais e tecnologia divina.” (Edward O.
Wilson, entomologista e biólogo norte-americano)
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Interdisciplinaridades
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
Aristóteles, há milhares de anos, previu a substituição da mão de obra humana por
autômatos e entendia esse processo como uma mudança social positiva.
São muitos os desdobramentos atuais da frustrada proposta iluminista na qual a
tecnologia (ciência, razão, etc.) era vista como um mecanismo de libertação do
homem de todo trabalho que não o humanizasse e que não o auxiliasse na busca
da felicidade, da liberdade e do conhecimento, o que as condições de trabalho de
motoristas de aplicativos, de entregadores de aplicativos, de operadores de
“telemarketing”, por exemplo, mostram não ter se realizado para enormes
quantidades de pessoas.
Marshall MacLuhan foi um pioneiro na discussão sobre como tecnologias poderiam
interferir no comportamento e no modo de vida humano no sentido de causar
dependência e mesmo perda de autonomia por parte do usuário de recursos
tecnológicos que mediariam escolhas cotidianas em suas vidas.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
Conceitos e ideias de estudiosos da mídia, da indústria cultural e da influência dos
meios de comunicação na sociedade, como os de membros da Escola de Frankfurt,
podem ser úteis na fundamentação das discussões acerca desse tema, em especial,
em relação a questões como alienação, controle social e padronização de gostos por
meio de tecnologias digitais e meios virtuais controlados por algoritmos e redes
sociais. Entre os nomes desse grupo, destacam-se: Max Horkheimer (filósofo,
sociólogo e psicólogo social), Theodor Adorno (filósofo, sociólogo e musicólogo), Erich
Fromm (psicanalista), Herbert Marcuse (filósofo) e Walter Benjamin (ensaísta e crítico
literário).
Jean-Michel Besnier é um filósofo francês que defende que os recursos tecnológicos
disponíveis tiraram do homem a liberdade, o livre-arbítrio e mesmo a autoestima em
favor de máquinas e tecnologias cada vez mais próximas de superar os seus
criadores. Ele entende que, para que isso não ocorra, devem ser impostas regras ao
avanço tecnológico no sentido de garantir que ele ocorra sempre em benefício da
humanidade.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
Brasil – o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados disciplinam
a necessidade urgente de garantir o respeito a direitos humanos e um ambiente
virtual saudável no ciberespaço, por meio da ordenação de várias questões do
universo digital que escapam das leis tradicionais ou mesmo da reflexão tradicional
a respeito de temas como privacidade, autoestima, “assédio”, “bullying”, etc
Para o sociólogo Derrick de Kerckove, criador do termo “tecnototemismo”, a
tecnologia passou no século XXI a ocupar um lugar central da vida da humanidade,
pois é usada para decidir e impor novos parâmetros de comportamento e
produtividade sem necessariamente haver resistência daqueles que estão sendo
superados e controlados por ela, ou seja, a humanidade. É de certa forma alvo de
uma certa “adoração”.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
As ideias majoritariamente otimistas de Pierre Lévy associadas à cultura digital, à
inteligência coletiva, à inteligência artificial, etc., podem ser muito bem empregadas
no contexto da discussão das questões culturais ligadas à tecnologia e às mudanças
que tais recursos operam e, muitas vezes, impõem na vida social, cultural e
intelectual das pessoas por meio do acesso a meios digitais e virtuais com o auxílio
da interconexão propiciada pela internet. Para Lévy, o virtual é um espaço real em
função da sua influência inegável no cotidiano e na vida real das pessoas. Lévy,
criador do conceito de “inteligência coletiva”, entende que esse projeto pode ser de
fato alcançado amplamente como uma espécie de rumo para a humanidade por
meio de recursos tecnológicos popularizados e de ambientes virtuais desde a
década de 1990 como o computador e, mais tarde, o “smartphone”.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
A forma como tecnologias são usadas e aplicadas na vida das pessoas é uma
premissa fundamental para entender o contexto social e cultural em que conceitos
como “hipermodernidade” do filósofo francês Gilles Lipovetsky e “modernidade
líquida” do pensador polonês Zygmunt Bauman foram desenvolvidos e podem ser
percebidos na vida comum das pessoas, inclusive na forma como interagem com
tecnologias e meios de comunicação como celulares, “videogames”, redes sociais,
pornografia, etc. Nesse contexto, o Ciberespaço e a consequente Cibercultura que
se desenvolveu com o advento da virtualização de diversos aspectos da vida podem
ser facilmente usadas como desdobramentos ou mesmo fomentadores de muitos
conceitos trabalhados por Bauman ou Lipovetsky.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
Amber Case é uma antropóloga norte-americana, que estuda as formas como a
humanidade relaciona-se e depende de recursos tecnológicos. Para ela, as pessoas
têm gradativamente se tornado “cyborgs”, em função de acrescentarem cada vez
mais tecnologias aos seus corpos de variadas maneiras a fim de adaptarem-se a
novos contexto e de melhorarem variadas potencialidades de seus corpos e mentes.
Exemplo: “smartphones” como cérebros externos dos quais dependemos cada vez
mais.
Estudos da psicóloga Jean M. Twenge presentes no livro “iGen” de 2017 atestam
que jovens que passam três ou mais horas nas redes sociais são 35 por cento mais
suscetíveis a ficarem deprimidos e a cometerem suicídio do que aqueles que
passam menos de uma hora. Já para os que passam cinco horas ou mais nessas
redes, o risco aumenta para 71 por cento.
Vida digital e virtual
Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
A neutralidade da rede ou neutralidade da internet ou princípio na neutralidade
baseia-se na defesa de uma rede neutra que não discrimina o tráfego de pacotes de
dados em função do seu proprietário, conteúdo, fonte ou destino, ou seja, os dados
que trafegam na rede são tratados da mesma maneira quanto à velocidade de
“upload” e “download” de dados, ao acesso a qualquer tipo de conteúdo e à não
discriminação de aplicações por causa do consumo de banda. No Brasil, o Marco
Civil da Internet de 2014 entende que a rede deve "tratar de forma isonômica
quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço,
terminal ou aplicação”. A questão da neutralidade da rede associa-se com diversos
assuntos como direitos digitais, direitos humanos, democracia, estímulo à
competição e inovação na internet, etc.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
A neutralidade da tecnologia trata do fato de que tecnologias em tese são
indiferentes em relação ao uso ou fim ao qual elas são destinadas por vontade de
seus usuários. Tal conceito é problematizado pelo fato de as mais avançadas
tecnologias não serem acessíveis para a maioria das pessoas, tanto na condição de
usuários como a de criadores delas ou mesmo pelo de o domínio tecnológico estar
submetido aos seus criadores, e não aos seus usuários. Programas de
reconhecimento de rostos com sérias deformações quando analisados os de
pessoas negras, robôs substituindo trabalhadores em praticamente todos os setores
da sociedade, etc.
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Repertório cultural – sugestões – conceitos e teorias
Nomofobia (abreviação de “no mobile phobia”) - o vício em celular como doença. As
implicações ergonômicas, psicológicas e comportamentais dessa compulsão. As
conexões com outros vícios. É o transtorno relacionado à sensação de várias formas
desagradável de não poder se conectar ou de não ter em mãos um celular, isto é,
uma privação que pode levar uma pessoa a ter mudanças bruscas de humor ou
mesmo crises de ansiedade.
A questão da Síndrome do Toque Fantasma é cada vez mais séria e é um
desdobramento da dependência que cada vez mais pessoas têm em relação a
recursos tecnológicos, sobretudo, a internet. Esse transtorno faz com que o
indivíduo acredite que seu celular vibra ou toca sem que isso tenha acontecido.
Vida digital e virtual

Propostas de intervenção
Vida digital e virtual
Propostas de intervenção (soluções, indicações, etc.)
Reforçar ou apoiar por meio de mobilizações populares, “crowdfunding”, pressão
sobre congressistas, atuação de ONGs, etc., o desenvolvimento de iniciativas
associadas à democratização do acesso responsável e produtivo a tecnologias.
Organizações do setor de tecnologia, ONGs.
Qualificar por meio de propagandas, escolarização e democratização do debate
sobre os riscos e os benefícios do uso de tecnologias e do “ciberespaço”, para
que se possa desenvolver não a repulsa ou a resistência à “cibercultura”, mas seu uso
consciente, produtivo e responsável. Disciplinas sobre tecnologia no Ensino Básico,
produções audiovisuais, etc. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Ministério da Educação.
Criação de leis que regulem mais eficientemente o que empresas de internet
podem ou não fazer em relação a conteúdos acessados por crianças e jovens.
Anúncios, envio de mensagens com avisos sobre novos programas, tempo máximo de
uso, etc. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Ministério da Educação.
Vida digital e virtual
Propostas de intervenção (soluções, indicações, etc.)
Conscientizar por meio de propagandas pais e responsáveis sobre os muitos riscos
para a saúde física e mental de crianças em relação ao abuso de conexão ao
“Ciberespaço”. Ministério da Sáude. Organizações médicas.
“Odiei cada minuto de treinamento, mas não parava de repetir a mim mesmo: ‘não
desista, sofra agora para viver o resto de sua vida como campeão.’.”
(Muhammad Ali, atleta do século e multicampeão de boxe.)

“Impossível é apenas uma palavra usada pelos fracos que acham mais fácil viver
no mundo que lhes foi determinado do que explorar o poder que possuem para
mudá-lo. O impossível não é um fato consumado. É uma opinião. Impossível não
é uma afirmação. É um desafio. O impossível é algo potencial. O impossível é
algo temporário. Nada é impossível.”
(Muhammad Ali, atleta do século e multicampeão de boxe.)

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