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Hiro cresceu nas ruas de Neverwinter como um típico trombadinha.

Nunca conheceu seus


pais, sempre foi desconfiado e encrenqueiro. Apanhando quase todos os dias por roubar
migalhas e restos de comida desperdiçados. Todos os dias, lutando pelo direito de viver e
de respirar. Sua vida era uma luta constante. Mas com o passar dos anos, sendo essa a
única forma de vida que conhecia, acabou se acostumando com a dor.

Com o tempo, ele descobriu sua própria força e soube que assim conseguiria ganhar a vida.
Participando de clubes de luta clandestinos, administrados pelos piores criminosos do
submundo. Um desses criminosos em particular, Danko, Dedos de Ouro, fez de Hiro seu
guarda-costas e lutador pessoal ao reconhecer sua força e habilidade. Ganhando diversas
lutas consecutivamente, Hiro ganhou destaque entre todos os grandes lutadores. Seu nome
ecoava por todo o submundo das lutas como Hiro, O Punidor. Porém, com a fama, veio-se a
infâmia.
Os apostadores que assistiam as lutas estavam começando a ter problemas ao apostarem
contra ele, e isso acabou por gerar uma inimizade com grandes nomes, e eventualmente,
as ameaças de morte vieram a cair sobre seu agente e empregador, Danko. E sendo um
homem oportunista, usou essa chance para negociar com os seus inimigos uma forma de
todos saírem ganhando.

Com a fama de Hiro se espalhando, tornou-se costume apostar na vitória dele, ou seja, tudo
que precisavam fazer era armar para que ele perdesse a luta, e assim os lucros viriam
como água. E para que não parecesse suspeito, eles o fariam lutar com um lutador que
tivesse fama de invicto, para que assim ninguém suspeitasse de uma armação. E assim foi
feito.

Hiro, que confiava em seu empregador, tomou uma poção que foi dita ajudar a aliviar a dor
dos golpes e continuar de pé. O que era plausível, já que iria lutar com Bjorn, Mãos de
Martelo, um lutador que tinha um número significativo de vitórias e nenhuma derrota. Mas
aquela poção era na verdade uma droga que deixava o fluxo sanguíneo mais fraco, e
consequentemente, ele acabou por ficar anêmico no meio da arena. Mas
surpreendentemente sua vontade de vencer era tanta que mesmo com o corpo fragilizado,
ele conseguiu desferir um golpe que arrancou sangue do nariz de Bjorn e quase o fez
desmaiar. Mas infelizmente a resistência do brutamontes se sobressaiu e ele o nocauteou.

Os lucros foram explosivos tanto para Danko, quanto para os figurões. E quando levado
para um local obscuro após a luta, a Hiro é revelada a verdade sobre o que aconteceu,
contada diretamente por Danko. Aquilo o enfureceu de uma forma tão grande, que ele mal
conseguia se conter. Mas a fraqueza por causa da droga ainda não havia sumido, e por
conta disso, os homens de Danko o espancaram quase até a morte. Danko disse que ele
não deveria ficar tão irritado, pois eram apenas negócios.

O homem também revela que vendeu Hiro como escravo para um nobre de outra região, e
que iria poupá-lo em consideração a todo o lucro que recebeu após aquela luta. Mas que se
ele o encontrasse de novo, não seria tão gentil.

Essa foi a primeira traição

Ao chegar às terras do nobre, foi tratado com todo o respeito e cortesia que se espera para
com um escravo. As noites eram frias como a comida que era fornecida ao seu cativeiro.
Sendo tratado como nada mais do que um gado humano. Todos os dias sendo obrigado a
trabalhar em meio a açoites e humilhações que não pareciam ter um fim.

Mas um dia, tudo mudou, quando conheceu a filha do nobre, Irina, que o olhava com um
sorriso sereno todas as vezes que o via. Era uma bela jovem, com cabelos dourados e uma
expressão sempre feliz. Hiro não entendia porque ela o olhava tanto. Mas com o tempo, as
encaradas evoluíram para comprimentos, e os comprimentos evoluíram para conversas, e
essas conversas evoluíram para uma paixão juvenil forte e insaciável.

Os dois se encontravam na calada da noite, em um local secreto todas as vezes para


poderem ficar juntos. E aqueles encontros serviam como o único alento em sua miserável
vida de escravo. E pela primeira vez, ele acreditava que poderia ser feliz com ela. Fazendo
planos para fugirem juntos para bem longe, roubando uma boa quantia em dinheiro do
nobre para viverem uma vida pacífica. Mas nada poderia preparar Hiro para o que estava
por vir.

Em uma de suas escapadas, justamente no dia em que planejaram fugir com o dinheiro, os
dois foram descobertos durante o ato pelos guardas e pelo próprio pai de Irina. E quando
isso aconteceu, Hiro tentou puxar Irina para ir com ele e fugir, mas naquele momento, a
verdadeira face da jovem se mostrou. Ela o acusou de estuprá-la e roubar seu pai, e
mandou que os guardas o executassem. O choque da traição foi tão grande, que Hiro ficou
sem reação. Uma pessoa que ele amava e confiava o acusou de fazer algo tão horrível.
Aquilo o destruiu. E como se não bastasse, Irina sorriu e fez careta para ele, mostrando que
ela apenas o estava usando, como um brinquedo.

Quando os guardas estavam prestes a executá-lo, o último resquício de consciência forçou


Hiro a se mover e a lutar por sua vida. Matando dois dos guardas que o encurralaram, e em
seguida fugiu para os arredores da floresta, onde encontrou um penhasco, do qual caiu.

Essa foi a segunda traição

Ao cair do penhasco, Hiro se feriu bastante. Mas usando sua raiva e rancor como
combustível, ignorou a dor lacerante que estava sentindo, e continuou a fugir mesmo aos
tropeços. E continuou, continuou e continuou… Até chegar a exaustão completa e não
saber mais onde estava. Completamente sozinho e vagante, sem outra escolha, continuou
seu caminho até um destino desconhecido. Até que finalmente chegou em um monastério,
onde havia monges discípulos dos Quatro Elementos, que o ajudaram e trataram de suas
feridas.

O Mestre Jinpachi, respeitável monge e líder do monastério, acolheu Hiro como discípulo ao
ver o seu potencial em conseguir resistir a tantas feridas, tanto em seu corpo, quanto em
seu coração. Mostrando a ele os caminhos da disciplina e das virtudes dos elementos. E
mesmo a contragosto e da dificuldade que sentia em confiar em alguém outra vez, o jovem
rapaz cedeu. Mas grande parte dessa decisão foi para conseguir poder o suficiente para
não ser enganado de novo e conseguir a sua vingança contra aqueles que o machucaram.

A jornada foi longa, mas Hiro de fato conseguiu dominar as disciplinas elementais e a partir
desse momento, decidiu partir em sua busca por vingança. No entanto, foi impedido por
Jinpachi, que reprovava acima de tudo qualquer atitude que fosse contra aos seus
ensinamentos. Ele disse a ele que entendia a raiva que ele sentia, mas ele não iria deixá-lo
se destruir em um caminho de morte e rancor.

Ao ver que seu mestre seria um obstáculo, Hiro não hesitou em enfrentá-lo. Mas foi em vão.
Seu mestre era absurdamente mais habilidoso e poderoso, e como resultado, foi facilmente
subjugado. E usando seu desrespeito como pretexto, Jinpachi o aprisionou no subsolo do
monastério, onde jaziam os indisciplinados, como forma de protegê-lo de si mesmo.
Aprisionado com algemas que impediam a canalização do Chi, ficou impotente,
desesperado e com um ódio avassalador.

Essa foi a terceira traição


Em meio ao desespero e ao ódio absurdo que chegava a ecoar pela sua pele em uma aura
escura e sombria, Hiro sem perceber havia atraído a presença de um estranho ser que
apareceu em sua cela. O jovem rapaz ficou surpreso ao perceber a aparição. Mas antes
que Hiro fosse capaz de se questionar, a figura se apresentou como alguém que poderia de
fato ajudá-lo a conseguir o que almejava. Mas só diante de um preço. E é claro que ele
estava disposto a pagar qualquer coisa, contanto que ele tivesse o que desejava. O
desespero o impedia de pensar racionalmente em qualquer coisa.

O ser misterioso então ofereceu livrá-lo daquelas algemas. Mas Hiro recusou, afirmando
que não era isso que ele desejava. Ele queria a morte de todos aqueles que lhe enganaram,
não importasse o que acontecesse com ele, desde que o fizesse acontecer. O acordo foi
firmado com um aperto de mãos, que resultou na Marca de Avernus sendo queimada na
palma da mão de Hiro. Com isso, a figura desapareceu, deixando o rapaz na expectativa.
No entanto, o que veio não foi a esperada justiça, mas sim um pesadelo ainda pior.

O pânico se instaurou no monastério. Um dos discípulos que estava com a chave das
algemas de Hiro o libertou, pois algo estranho estava acontecendo e todos tinham que sair
de lá naquele instante. Usando a alma de Hiro como foco arcano e um componente em um
feitiço poderoso, que necessitava da alma mais rancorosa que pudesse ser encontrada, a
criatura, que revelou-se um corruptor de Baator, matou Jinpachi e roubou o Anel dos Três
Desejos com um desejo restante que ele possuía, e cuja a tarefa fora incumbida de
protegê-lo, para que nunca fosse usado por ninguém. O feitiço deixou o local em chamas.
Quando Hiro descobriu a verdade, já era tarde demais. Seus companheiros de treino e seu
mestre estavam mortos. Mesmo que seu mestre fosse alguém que o impedira de alcançar
seu objetivo de vingança, ele era alguém do qual ele sentia gratidão por ter dado a ele um
lar pela primeira vez em sua vida. E sua morte o lacerou por dentro.

Quando olhou para a figura que havia feito tudo aquilo, Hiro voltou seu ódio para aquele que
estava à frente dele. Os dois se enfrentaram em um combate bem disputado em meio as
chamas e as quedas constantes de escombros chamuscados, com o jovem impedindo que
a criatura pudesse se concentrar em canalizar a sua energia e vontade para desejar
qualquer coisa para o artefato. Em meio a luta, o corruptor revela que já havia conseguido o
que queria, e que nunca pretendia cumprir a parte dele do acordo, pois a morte de Jinpachi
e a obtenção do anel eram de fato seus únicos objetivos. E quando enfim conseguiu
derrotá-lo, e o agarrou pelas costas para quebrar o seu pescoço, o astuto corruptor usou de
sua telecinese para controlar sua espada e apunhalar Hiro pelas costas. Aquele golpe o
pegou desprevenido, mas ainda assim, a raiva de Hiro não o deixaria perder tão facilmente.
Ele continuou a torcer o pescoço daquela criatura infernal, mesmo com os ferimentos de
batalha e a perda de sangue o deixando cada vez mais fraco. Mas a espada continuou a
perfurar com ainda mais afinco até chegar em um ponto crítico. Não havia mais forças para
torcer o pescoço dele. Tudo estava perdido. Ele iria morrer em breve. Mas quando tudo
parecia estar a favor da criatura… Hiro fez uma última jogada, caindo para trás com o
corruptor agarrado em seus braços, fazendo assim a lâmina perfurar ambos os corpos.

Em seus últimos momentos, o Infernal disse a Hiro que ele era um tolo, pois matá-lo no
Plano Material não iria fazer nenhuma diferença, pois sua essência apenas voltaria para Os
Nove Infernos de Baator, mas a morte dele seria permanente. Porém Hiro diz que já sabia
disso. E disse que estava cansado de ser usado e de ser enganado, e que mesmo que ele
tivesse que lidar com o próprio Asmodeus, nada o impediria de ter sua vingança contra
aqueles que o traíram, incluindo o próprio corruptor à sua frente. Não importa o que
acontecesse, ele daria um jeito de voltar e ter a sua vingança. E qualquer um que ficar em
seu caminho, terá um destino pior do que a morte.

Com isso, o corpo do ardiloso corruptor desapareceu, deixando o anel dos desejos para
trás. E ao lado do anel, um corpo vazio de um rapaz que nunca pôde ter uma vida digna.

Essa foi a última traição

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