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Casosreaispraticos - casos práticos direitos reais

Direitos Reais (Universidade Autónoma de Lisboa)

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CASOS PRATICOS DIREITOS REAIS

Em 10 de janeiro de 2013, António instalou-se para viver no prédio X, propriedade do Bento,


que se encontrava a morar e trabalhar na Nova Zelândia fazia 2 anos, e não se deslocava ao seu
prédio fazia mais de 1 ano.

Em 15 de janeiro de 2015, António, que, entretanto, convencera os seus vizinhos de que era
proprietário do prédio X, vendeu o mesmo a Carlos. O prédio X encontra-se omisso no registo
predial.

a) Diga a quem pertence o prédio X e quem possui o mesmo fundamentando a sua


resposta
b) O que pode fazer Bento para reaver o prédio?
c) Suponha agora que Bento chegou da Nova Zelândia e se instalou no prédio X,
alertando António para não regressar ao prédio, e que não estava para brincadeiras.
António invoca ter um direito sobre o prédio.

Resolução: O prédio não era propriedade de António, era propriedade de Bento, o titular do
prédio urbano que se encontrava fora de Portugal. Este é o elemento essencial, ou seja, não
tinha a possibilidade imediata de conhecer a situação. O Bento estava há mais de um ano sem
se deslocar ao prédio.

A posição de cada um dos sujeitos é caracterizada juridicamente através da natureza dos


direitos que cada um dos sujeitos exerce sobre a coisa. Estamos a falar da relação das
pessoas com COISAS.

O poder que Bento exerce sobre o bem é o direito de propriedade.

O conteúdo do direito da propriedade, vem do artigo 1305º, e o Bento em relação ao bem,


pode atuar sobre o prédio exercendo os seus direitos.

O conteúdo do direito de disposição corresponde a dois tipos de ações do sujeito:

- Atos de alineação que são importantes para os direitos reais e atos de oneração.

Atos de disposição, juridicamente à luz do artigo 1305º e do direito civil, em geral,


contrapõem-se a atos de administração.

Os atos de oneração são atos em que o sujeito não altera o seu direito real sobre um bem,
mas onera esse direito real, ou seja, cria um encargo

Os direitos reais têm uma característica importante que é poderem ser sobre os bens
constituídos novos direitos, isto é, o titular do direito pode atribuir a outrem, alguns direitos
sobre os seus próprios bens.

No direito da propriedade, fala-se de oneração quando o bem tem sobre ele um encargo
resultante de uma obrigação constituída pelo titular do direito real perante um terceiro –
exemplo: a hipoteca.

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A hipoteca não é um direito real, mas é um encargo que se constitui sobre um bem e não
sobre o sujeito. O efeito desse encargo é que esse bem passa a responder por uma divida
contraída pelo titular do direito real desse bem. Tem como consequência que o titular desse
direito real, pode a vir no futuro perder esse direito real, por isso, é que o ato de oneração é
um ato de disposição em sentido amplo, porque os atos de disposição são atos em que há
uma alteração potencial ou efetiva do património do sujeito.

Ato de alienação quer dizer que o sujeito transformou a sua esfera jurídica, realizando, por
exemplo: um contrato de compra e venda que é o paradigma do contrato alienação. A
alteração da esfera jurídica do titular é transformar a sua esfera jurídica fazendo sair dela um
bem que é imóvel e receber em contrapartida um bem que é fungível, movel, que é o
dinheiro (obrigação pecuniária).

Os atos de disposição do art 1305º são atos que compreendem a oneração e a alienação, o
exemplo de compra e venda.

Fruir é um ato de ADMINISTRAÇAO.

Diferenças ato de administração VS de um ato disposição:

- Nos atos de administração não altera substancialmente o património, os atos de


administração são atos de gestão do meu património, como: arrendamento

- Se vender o meu imóvel estou a praticar um ato de alienação, que é um ato de disposição
que faz parte do meu conteúdo do direito da propriedade.

- Se tiver um imóvel e não o quiser vender, quiser apenas arrendá-lo estou a praticar um ato
de fruição do meu património que juridicamente constitui um ato de administração.

Os direitos reais são elásticos do ponto de vista do seu exercício. O proprietário de um bem
pode, sobre ele, exercer todos os direitos de usar, fruir e dispor. Na administração de um bem,
pode-se ir criando direitos obrigacionais ou até reais, aqui está-se a comprimir o exercício do
direito de propriedade, mas ele continua a existir e continua a ser um dto de propriedade.

Um contrato de arrendamento é um contrato que tem efeitos meramente obrigacionais, não


tem efeitos reais, ou seja, o arrendatário não tem nenhum direito real sobre o bem, mas tem
um direito de poder instalar.se no espaço e usá-lo que resulta de um contrato que celebra com
o proprietário.

O proprietário tem o seu direito real pleno, portanto, ele não está a onerar ou a dispor do
seu bem quando celebra um contrato de arrendamento, ele esta a administrar e essa
administração tem um efeito limiar o seu exercício do seu direito de propriedade.

O António entra na propriedade de Bento, sem ter um fundamento jurídico obrigacional para
esse uso de propriedade. Em direitos reais, essa ação traduz-se num efeito jurídico que é a
POSSE.

Para efeitos dos direitos reais, o direito da propriedade é um direito, o proprietário tem a
possa do bem de que é proprietário tem a posse pela circunstancia de ser titular de um
direito real.

Quando Bento constitui o direito de propriedade sobre o bem, compreende o poder de facto
sobre a coisa, uso e fruição compreende o animus (intenção) de ser proprietário. Todo o titular
do direito de propriedade, tem uma posse titulada para efeitos do artigo 1259º CC, portanto,

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o Bento quando adquiriu o bem, adquiriu a propriedade do bem e adquiriu no momento


desse titulo a posse da propriedade do bem. A propriedade compreende a posse do bem.
Bento é possuidor e proprietário.

A ausência da relação com a coisa, não quebra a posse da propriedade, porque qualquer
proprietário tem a sempre, a qualquer momento, a possibilidade de atuar sobre a coisa.

Problema: O António a instalar-se no prédio passa a exercer sobre o prédio um PODER DE


FACTO.

O António sabia que o Bento estava fora, ocupa aquele espaço e instala-se nele a usar esse
espaço correspondente à fruição e ao uso do direito da propriedade, ele teve um ato de
APOSSAMENTO daquele bem, esse ato de apossamento manifesta-se pelo poder que passa a
exercer sobre o bem, então temos uma POSSE - artigo 1251º e seguintes.

Como então, a Posse de António que não é proprietário e a posse de Bento que é proprietário,
posse esta que na realidade o Bento não está a exercer de forma efetiva porque esta fora de
Portugal, mas essa posse é por inerência um direito que ele tem dentro do quadro do direito
da propriedade. não se fala da posse do bento porque a posse é consumida pelo direito de
propriedade que ele tem.

Um proprietário compreende no seu exercício de direito de propriedade a atuação efetiva


sobre o bem de que é proprietário, o que corresponde à posse.

Quando atuamos sobre um bem, sabendo que estamos a atuar mas que a nossa relação com
aquele bem não e uma relação que assente num direito real, somos meros detentores do
bem e essa detenção é autónoma da possa prevista no artigo 1253º.

O António instala-se com um animus claramente proprietário, ele instalou-se para viver no
prédio como se fosse o proprietário do prédio. A atuação de António é uma atuação do
apossamento do bem e esta posse entra imediatamente em conflito com o titular do bem o
Bento.

Características da posse do António? A posse do António é uma posse que não é titulada, nos
termos do artigo 1259º, é uma posse, em que não há fundamento formal da atribuição do
bem, quer dizer, o António não tem um justo titulo para a aquisição do bem.

Nós adquirimos a posse independentemente da base jurídico ou contrato jurídico que


sustentou aquela transmissão ser valida, não quanto à forma do negocio mas quanto à
substancia desse negocio.

No caso da hipótese, o António não adquire esta posse por negocio jurídico, ele adquire por
apossamento e o apossamento é uma posse não titulada. Não tem tiulo, não tem
fundamento jurídico formal, para além daquilo que é apenas o exercício material da posse
por parte do titular da posse. Quer dizer que, o António não celebrou nenhum negocio
jurídico com o bento para adquirir o imóvel.

Podia ser uma posse titulada, imaginemos a seguinte situação para ilustrar o artigo 1259º
parte final do nº1 cc:

- o António em vez de se ter instalado na casa tinha comprado a casa ao bento e tinha
celebrado com este um negocio jurídico de compra e venda valido, tinha comprado a casa ao
bento por escritura pública. Passado 3 meses de escritura publica ter sido realizada, havia um

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problema jurídico o bento no dia em que tinha celebrado a escritura publica, estava com uma
circunstância qualquer que o impedia de formar validamente a consciência daquela declaração
negocio, por exemplo, os familiares de bento querem provar que no dia em q celebrou a
escritura publica, a venda do imóvel de B ao A, o B não se encontrava em condições
psicológicas de compreender verdadeiramente a declaração negocial que estava a produzir,
esta situação pode redundar-se numa situação de incapacidade.

A validade substantiva, artigo 1259º parte final 1, é a validade do negocio que tem a ver com a
capacidade dos sujeitos, portanto, são os vícios de capacidades e os vícios relacionados com o
cumprimento de regras relativas à natureza do bem que é transmitida, ou à natureza daquele
negocio e não quanto à forma daquele negocio. Há sempre posse titulada quando se adquire
com um modo formalmente legitimo independentemente da validade substancial desse
negocio.

Para o direito, é posse titulada todas as posses que assentem numa forma de transmissão de
direitos, que respeita a forma exigida para essa transmissão legalmente, estabelecida para
aquele ato jurídico, se celebro um contrato de compra e venda por escritura publica de um
bem imóvel, adquiro imediatamente uma posse titulada, mesmo que mais tarde esse direito
de propriedade venha a ser discutido, por invalidade substancial do negocio que foi
celebrado.

No caso da hipótese, não é uma questão de posse titulada, porque o A não adquiriu o bem
por nenhum negocio jurídico formalmente valido, ele apossou-se do bem. Esta posse é uma
posse não titulada e claramente de má-fé porque o artigo 1260º nº2, estabelece uma
PRESUNÇÃO e essa presunção é importante porque atribui à posse titulada um efeito
jurídico, e esse efeito é o possuidor ser considerado de boa-fé para o exercício da posse.

Se a posse não for titulada, há uma presunção que pode ser ilidida que prova em contrario,
mas como REGRA GERAL presuntiva a posse não titulada é sempre de má-fé.

CUIDADO COM ARTIGO 1260 Nº3, que estabelece que a posse quando é adquirida por
violência, ou seja, quando há uma ação material de força sobre o sujeito que é o titular do
direito real, relativamente ao exercício daquele direito real, então a posse é sempre
considerada de má-fé, porque há um ESBULHO, isso quer dizer que não pode haver prova em
contrario, isto é uma PRESUNÇAO INILIDÍVEL, não é suscetível de prova em contrario.

No caso pratico não indica como é que o A se instalou na casa, à partida, não há dados para
considerar que foi uma posse violenta. Podemos considerar que é uma posse não titulada,
não é um esbulho e é uma posse não titulada com os efeitos do artigo 1260º CC, que é uma
posse de má-fé, depois tem relevância para o momento da usucapião.

A usucapião esta previstas, no artigo 1287º CC, quando exercemos a posse, quando temos os
elementos animus e o corpus esse exercício durante certo período de tempo, vai ter como
origem a aquisição por parte do titular da posse do direito correspondente.

Todos os direitos reais de gozo permitem o correspondente exercício da posse associado a


esse direito. A posse sendo um direito real, é um caminho para a aquisição do direito real
correspondente, posso começar a exercer a posse relativamente a um bem e fim de
determinado tempo, posso adquirir o direito correspondente ao exercício dessa posse.

Em 2013, o A começou a exercer o apossamento o direito de posse correspondente ao direito


de propriedade. O direito de posse que ele exerceu, é uma posse de má-fé porque é não

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titulada. E uma posse publica e uma posse pacifica, porque não nos refere que tenha se
envolvido em ações materiais violentas relativamente ao exercício da sua posse.

Esse tempo é relevante para a eventual aquisição do direito correspondente, a posse projeta-
se na usucapião.

Na usucapião de imoveis temos o regime do artigo 1293º e seguintes. As servidões prediais é


a utilização de um direito de acesso. Há uma servidão quando se utiliza a propriedade de
outrem para aceder a um espaço publico.

Há um direito real que é o direito de uso e de habitação que e um direito especifica para uma
determinada finalidade, não é muito usado, e um direito que as pessoas usam um bem imóvel
para a sua habitação e necessidades da sua família e esse direito real está limitado. Esse direito
de uso e de habitação e as servidões aparentes, não há posse exercidas sobre elas que
permitam a usucapião desses direitos, portanto, são dois direitos que estão excluídos da posse
para a sua aquisição, artigo 1293º.

Todos os outros direitos reais de gozo são abrangidos pela usucapião.

Servidões prediais previstas no artigo 1543º CC, o exercício das servidões no artigo 1554º.

Artigo 1543º, uma servidão é quando se utiliza um prédio, por exemplo, os pátios em lisboa, as
pessoas para terem acesso à via pública precisa-se de uma servidão que tem a ver com o
acesso possível, necessário que tenha relativamente àquele espaço pulico e esse acesso é
definido pelo regime de servidão.

Quanto ao uso e habitação, previsto no artigo 1484, é um direito real que esta muito
restringido: permite usar uma coisa, constituir um direito real sobre um bem, mas é com o
mero intuito de servir-me dessa coisa na medida das necessidades do titular e da sua família.
Acontece muito na atribuição de entidades publicas, por exemplo, alguns bares sociais, as
pessoas quando tem acesso a uma habitação não tem acesso ao direito de propriedade nos
termos gerais, tem acesso à constituição de um direito real de uso e de habitação, quer dizer,
que as pessoas passam a ter um direito real sobre o bem e utilizam esse bem imóvel de acordo
com as suas necessidades e da sua família, ficando la a viver o tempo definido nesse contrato
com a Camara Municipal. Não se constitui um direito de usufrutuo, constitui-se um direito de
uso e habitação, esse direito nunca permite o exercício da posse porque nunca vai dar
possibilidade a nenhum dos sujeitos que tem esse direito de vir a invocar mais tarde a
usucapião, pela exclusão do artigo 1293.

Relativamente aos PRAZOS DA USUCAPIAO PARA BENS IMOVEIS – artigos 1294, 1295, 1296 e
artigo 1297 CC.

Relativamente aos PRAZOS DA USUCAPIAO PARA BENS MOVEIS – artigos 1298, 1299 e 1300

O prazo que o António poderia alegar ter um direito correspondente ao direito de propriedade.
O justo titulo de aquisição esta relacionado com a posse titulada com o artigo 1259. O António
não tem uma posse titulada, não fez nenhum negocio jurídico formalmente valido com Bento,
então não se aplica o artigo 1294.

O Artigo 1295º pressupõe o registo da posse porque a posse de facto pode ser registada,
quando se exerce a posse à mais de um ano posso ir registar a posse. A posse não do nenhum
direito real correspondente à posse que estou a exercer, mas tenho uma vantagem quando
registo a posse – posso ter o efeito de encurtar os prazos da usucapião.

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O artigo 1294º estabelece que se a posse for de boa—fé ao fim de 10 anos posso registar o
direito correspondente fazendo escritura da aquisição do direito de propriedade com base na
posse exercida durante 10 anos, se tive um contrato celebrado e verificar se houve vícios no
negocio jurídico que levaram à invalidade do negocio. Mas, se continuar a exercer a posse
sobre o bem e se passarem 10 anos, posso fazer um registo do direito real correspondente,
fazendo a prova dessa utilização e não ter contra si uma ação de revindicação do titular do
direito real de propriedade.

Quando a posse for titulada, mas de má-fé, o tempo de exercício do direito da posse para o
registo do direito correspondente são de 15 anos, contados no momento da celebração do
titulo.

Artigo 1295º, quando é uma posse não titulada, tem que registar a posse, provar que esta de
boa-fé e depois tem de continuar mais 5 anos para conseguir fazer o correspondente registo
do direito real. Posso fazer o registo de mera posse quando já possuo há 5 anos e essa posse
é reconhecida por sentença por prova e pondo uma ação em tribunal para reconhecimento
da posse.

Feito o reconhecimento por sentença, vai-se ao conservador do registo predial e regista a


posse relativamente àquele bem, então tem de esperar mais 5 anos se estiver de boa-fé, ou
seja, 10 anos ao todo. Se estiver de má fé, tem de esperar mais 10 anos, o que são 15 anos ao
todo e ao fi desse tempo adquire.se o bem nos termos do direito real correspondente.

Se não houver registo que é o caso da hipótese, sabemos só que o António se instalou no
prédio em janeiro de 2013, artigo 1296º, porque não há titulo nem há registo de mera posse.
So em 2033 é que o António pode provar que tem o direito real sobre o bem e fazer
corresponder a posse ao direito real correspondente, mas também seria se estivesse de boa-
fé porque não passou o prazo do artigo 1296º.

Se fosse uma posse através do direito real correspondente por uma escritura de aquisição,
são os 15 anos , se for uma posse de má-fé são 20 anos.

Nos termos do artigo do 1267º, a posse de António perante o Bento como se mantém durante
um subsequente à sua ação e como Bento não faz nada como não está em Portugal vai ter um
efeito jurídico que é o bento perdeu a sua posse. O Bento continua proprietário, mas perdeu a
sua posse. O bento continua a ser proprietário por causa do efeito do artigo 1267 nº1, deixa
de ser possuidor, porque um terceiro que é António criou um direito conflituante com o seu
quanto à natureza da posse.

As consequências deste artigo, é que bento já não pode ir deitar mão para recuperar o bem
das ações de defesa da posse, as ações de defesa da posse estão previstas no artigo 1276º e
seguintes.

A ação natural se não tivesse passado ainda um ano, era a ação prevista no artigo 1278º, que
é a ação de manutenção e restituição da posse, mas essa ação só pode ser intentada quando
há posse antes de um ano, o titular do direito real não deve deixar passar um ano desse
exercício, deve antes de passar um ano, intentar uma ação que é um pedido ao tribunal
apara que este declare que o outro possuidor não tem um direito de posse sobre o bem,
porque quem tem é o legitimo possuidor que é o titular do bem.

Esta ação é mais fácil que a ação de reivindicação, porque a ação de reivindicação que esta
prevista no artigo 1311º, é uma ação que todos os proprietários têm, mas há uma diferença

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quanto aos meios para desenvolver essa ação que é o artigo 1311º, exige no processo que
haja um reconhecimento do direito de propriedade, nº2 1311 e parte final do nº1 artigo
1301, esse reconhecimento do direito de propriedade implica que o proprietário tem de fazer
PROVA DE QUE É PROPRIETÁRIO.

Num bem imóvel geralmente as pessoas tem acesso ao titular da aquisição do bem, tem a
escritura publica e a herança.

IMAGINEMOS QUE: A vai a casa de B e coloca um anel que é de B no dedo. A anda durante um
ano com o anel, ao fim de um anos e dois dias B procura o anel e não encontra. B vem saber
que A usa o seu anel e faz queixa de furto, mas existe aqui um problema de posse. A alega que
já usa aquele anel há mais de um ano e que é seu. B já não pode reivindicar o anel, artigo
1278º, B perdeu a posse pelo artigo 1267 nº1 d) porque JÁ PASSOU UM ANO.

B é proprietário, mas já não é possuidor. Se B quiser recuperar o anel e ter um litigio


relativamente a este assunto, deve fazer e defender o seu direito de propriedade e instala uma
ação de reivindicação provando que é proprietário do anel e não A.

PORBLEMA: é que esta ação tem pressupostos mais difíceis do que o artigo 1278º, como já
deixou passar um ano tem de cumprir o que esta no artigo 1311º.

VOLTANDO AO CASO PRATICO:

Estivemos a analisar as características da situação do direito de António face ao bem, a posição


de Bento face ao bem e os meios de defesa. Chegamos à conclusão de que Bento pode reaver
o prédio, mas tendo apenas ao seu dispor a ação de reivindicação.

Na segunda parte do caso, temos um elemento novo. António no exercício da posse convence
a todos de que era proprietário do e que acaba por vender o bem a um terceiro, Carlos,
contrato este celebrado verbalmente.

- Aqui temos uma compra e venda que é nula, por um lado, por falta de legitimidade de
António pois não é proprietário, esta a vender um bem-alheio e ele é só possuidor. Por outro
lado, por vicio de falta de forma, porque não pode haver um contrato de compra e venda de
um imóvel por mero acordo verbal, pelo que consequências dos direitos reais o direito de
propriedade vai manter-se na esfera jurídica de BENTO, porque é o único titular do direito
real de propriedade

No entanto, Carlos em consequência do acordo verbal feito com A, não vai adquirir o direito
real, mas vai adquirir a posse porque o A tinha posse (titular da posse), teve uma atuação
material que corresponde a um direito real, aquisição da posse nos termos do artigo 1263.

Bento perdeu a posse nos termos do artigo 1267º d) nº1, A vai transmitir a posse a C, não vai
transmitir o direito de propriedade porque A não tem e o contrato é nulo por vícios de
forma, não há transmissão de direito de propriedade de bens imoveis por acordo verbal.

O C vai adquirir a posse do A pelo artigo 1263º b). A sua posse e uma posse não titulada
porque ele não tem nenhuma escritura publica, e uma posse de boa-fé e pacifica porque esta
convencido que esta a comprar ao legitimo proprietário.

PORTANTO, o antigo possuidor que não e proprietário A transmite a posse entregando a coisa
ao novo possuidor que é C.

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O Bento para reaver o prédio, tem ao seu dispor uma ação de reivindicação contra o C
estando este há 5 anos a fazer uso da casa convencido que era sua. Bento em fase desta
situação, como não pode intentar uma ação de restituição da posse, vai intentar uma ação
do artigo 1311. As condições de precedência da ação, têm a ver com a prova por parte do
BENTO na titularidade do direito real, sobre o imóvel à partida o Bento tem um titulo
habilitante uma escritura publica. Bento ganhando a ação, C vai ter de sair do imóvel, a sua
posse cessa perante o reconhecimento da propriedade, porque a propriedade comporta a
posse.

PORTANTO, o Bento ao reconhecer o direito de propriedade, nos termos do artigo 1311º,


tem como consequência imediatamente a recuperação da sua posse de proprietário, volta a
ser proprietário e possuidor.

CASO 2

Em 17 de Julho de 2010, António comprou, por escritura publica, o ultimo andar de um prédio
na Avenida da Liberdade, em Lisboa, destinado a habitação tendo registado a sua aquisição na
respetiva conservatória do registo predial.

No inicio de setembro daquele ano, depois de ter concluído o estagio de


advocacia e pretendendo iniciar a sua vida profissional no centro de Lisboa, decidiu aproveitar
a ótima localização do seu andar e, sem mais, transformou-o em escritório de advogados. Por
outro lado, sabendo que por cima do seu andar existia um sótão no prédio com a mesma área
e que ninguém usava, fez uma ligação entre os dois espaços, através de umas escadas
interiores e ali passou a residir. Analise a posição de António face ao imóvel e identifique os
direitos reais em presença. Quid Juris?

Resolução: Trata-se de uma relação jurídica do António com a coisa (art.º 202) imóvel (art.º
204, nº1, al.a)), um apartamento, à luz do direito real. No nº2 do mesmo artigo, um prédio
urbano pode ser classificado. A relação jurídica foi um contrato de compra e venda de um
direito real de propriedade (art.º 874) + escritura publica (art.º 875) + o artigo 408º, nº1,
visto que a escritura é obrigatória na compra de um bem imóvel.

No artigo 1302º do CC, vamos avaliar os poderes e obrigações que o António possui nesse
bem. No artigo 1305º, temos o efeito jurídico e o conteúdo do direito, António adquire os
poderes que estão inerentes ao bem (uso, usufruto e disposição do bem.

No âmbito dos direitos reais, temos o modo de adquisição da propriedade (arts.º 1316 e
1317º) definem os termos de aquisição do bem. O artigo 1316º explana o que o direito de
propriedade pode ser adquirido por contrato e o artigo 1317º explica o momento da
celebração do contrato. Para alem dos direitos que o proprietário possui em relação ao bem,
ainda temos o numerus clausus (art.º 1306), não sendo permitido pelo direito de acordo com o
principio de autonomia privada não se pode alterar os seus conteúdos, quando se adquire a
propriedade não há limitação de cláusulas, não podendo as partes estabelecer direitos
inexistentes nem criar direitos.

António registou o bem, analisando outra dimensão dos direitos reais. A obrigação de se
realizar o registo do bem imóvel, o código do registo predial estabelece o regime geral do
registo predial. Ao abrigo do Código do Registo Predial, estão sujeitos a registo (art.º 2)
incluindo o direito de propriedade ex novo, tendo de ser registado obrigatoriamente, de

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acordo com o artigo 6º que o direito inscrito em 1º lugar prevalece, é criada uma presunção
que esse registo corresponde ao direito substantivo.

O registo não sendo um ato automático, é necessário que os interessados queiram


registar o bem. De acordo com o principio da instancia (art.º 41), é necessário ter
legitimidade para registar o bem tanto o adquirente como o registo do bem a favor de um
terceiro. Houve publicidade do registo de aquisição do bem (art.º 5), tendo cumprido o
principio de trato sucessivo (art.º 34).Sendo este bem a propriedade de António, um
apartamento num prédio urbano, o mesmo está inserido num conjunto de apartamentos,
estando inserido numa propriedade horizontal (arts.º 1414 e ss).

Ele ao transformar a sua habitação em escritório, o mesmo vai apropriar-se de um piso


superior que tem condições de habitabilidade passando a residir no mesmo. A forma como
ele vai instalar-se e usar direitos em relação a esse espaço, António instala-se no sótão
sabendo que o espaço não lhe pertence, ele atua por sua livre e espontânea vontade, ele
pretende apreender materialmente da coisa (corpus) com a intenção de ser o proprietário
legitimo do bem nos termos do art.º 1251. Esta conduta para o direito real é relevante,
António adquire o bem com a criação de um novo direito.

A posse (artigosº 1258 e ss) é a juncão de dois elementos essenciais, só há posse se se atuar
sobre a coisa e é necessário ter a intenção subjetiva do agente face ao bem. O animus
corresponde ao art.º 1305 e o corpus é a apreensão do bem material.

A posse do António é não titulada (art.º 1259), quando se instala no sótão não existindo
nenhum ato formal para a sua aquisição sendo uma posse de má fé (art.º 1260), estando ele
a ignorar os direitos de copropriedade dos outros proprietários. É uma posse pacifica e
pública(art.º 1261), não esconde a sua habitação no espaço adjacente ao seu bem principal.

Quanto ao apartamento, a posse cumpre todos os requisitos legais. A posse da casa adquiriu-
a no momento da celebração do contrato. A posse do escritório adquiriu-a com a prática
reiterada e publica dos atos materiais (art.º 1263). Para tal é necessária uma ação de
reivindicação para provar que se é proprietário do bem

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