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DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 7
2. MATERIAL E MÉTODOS 8
3. RESULTADOS 10
3.3 METANÁLISE 12
5. CONCLUSÃO 20
REFERÊNCIAS 20
LISTA DE FIGURAS
Figura 2. Gráfico tipo forest plot da análise global da cura dos pacientes submetidos ao
tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Figura 3. Gráfico tipo forest plot da análise por frequência ultrassônica adotada na cura dos
pacientes submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Figura 4. Gráfico tipo forest plot da análise por intensidade ultrassônica adotada na cura dos
pacientes submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Figura 5. Gráfico tipo forest plot da análise por tempo de aplicação de ultrassom adotado na
cura dos pacientes submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Figura 6. Gráfico tipo forest plot da análise por tempo de tratamento na cura dos pacientes
submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Figura 7. Gráfico tipo forest plot da análise por tipo de intervenção adotada na cura dos
pacientes submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
LISTA DE TABELAS
O uso do ultrassom terapêutico tem sido empregado no tratamento de numerosas doenças nos
tecidos biológicos, dentre elas as úlceras venosas de perna. Autores pregressos levantaram a
hipótese de que as ondas ultrassônicas podem agir no leito das feridas, melhorando a
regeneração do tecido biológico. A presente revisão sistemática teve como objetivo avaliar a
eficácia das ondas de ultrassom no tratamento das úlceras venosas. Para isso, foram realizadas
buscas bibliográficas sistemáticas nas bases de dados PubMed, Web of Science, Cochrane
Central Register of Controlled Trials e LILACS em julho de 2020, utilizando descritores e
termos livres. O protocolo de revisão foi aprovado pela base de dados PROSPERO e os
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses foram seguidos ao
longo da presente metanálise. Os artigos recuperados das bases de dados foram analisados por
um mínimo de dois revisores. Além disso, a extração de dados e a análise do risco de viés
(performada através da escala de Jadad) também foram realizadas de maneira pareada. Os
artigos selecionados tiveram seus dados extraídos e agrupados numa metanálise de associação
na qual a medida de efeito odds ratio (OR) foi adotada para análise estatística, usando o
modelo de efeitos aleatórios e variância inversa, usando o software R. Um total de oito
estudos, com uma amostra útil de 332 pacientes analisados, reportaram dados a respeito do
tópico desta revisão. Na análise global, o uso de ultrassom mostrou-se efetivo para o
tratamento das úlceras venosas da perna (OR = 1.53, I2 = 0%, P = 0.96). As análises de
subgrupos encontraram diferenças entre os subgrupos analisados: frequência (melhores
resultados para baixa frequência), intensidade (melhores resultados para baixa intensidade),
tempo de aplicação (melhores resultados para 15 minutos de aplicação), duração do
tratamento (melhores resultados para 8 semanas de tratamento) e tipo de intervenção utilizada
(melhores resultados para associação entre ultrassom e tratamento padrão). Em suma, o uso de
ultrassom demonstra potencial clínico para o tratamento de úlceras venosas de perna, assim
como para criação de diretrizes clínicas para o sistema de saúde.
ABSTRACT
The use of therapeutic ultrasound has been used to treat numerous biological tissue diseases,
among them venous leg ulcers. Previous authors have hypothesized that ultrasound waves
may act on the wound bed, improving regeneration of biological tissue. The present
systematic review aimed to evaluate the efficacy of ultrasound waves in the treatment of
venous leg ulcers. Systematic literature searches of PubMed, Web of Science, Cochrane
Central Register of Controlled Trials, and LILACS databases were conducted in July 2020,
using descriptors and free terms. A review protocol was approved by the PROSPERO
database and the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses were
followed throughout the present meta-analysis. Articles retrieved from the databases were
screened by at least two reviewers. Further, data extraction and risk of bias analysis
(performed using the Jadad scale) were also performed in a paired manner. The selected
articles had their data extracted and pooled in an association meta-analysis in which the odds
ratio (OR) effect measure was adopted for statistical analysis, using the random effects and
inverse variance model, using the R software. A total of eight studies, with a useful sample of
332 patients analyzed, reported data with respect to the topic of this review. In the overall
analysis, ultrasound use was shown to be effective for treating venous leg ulcers (OR = 1.53,
I2 = 0%, P = 0.96). Subgroup analyses found differences among the subgroups analyzed:
frequency (better results for low frequency), intensity (better results for low intensity), time of
application (better results for 15 minutes of application), duration of treatment (better results
for 8 weeks of treatment), and type of intervention used (better results for association between
ultrasound and standard treatment). In summary, ultrasound use demonstrates clinical
potential for the treatment of venous leg ulcers, as well as for the development of clinical
guidelines for the health care system.
1. INTRODUÇÃO
As úlceras venosas (UVs) de perna são feridas caracterizadas por lesão cutânea em
membro inferior com hipertensão venosa sustentada. Elas ocorrem principalmente superior ao
maléolo medial (até 40% dos casos) próximo à veia safena magna e geralmente apresentam
hiperpigmentação, edema, eczema, varizes ou lipodermatoesclerose (ABBADE; LASTÓRIA;
ROLLO, 2011; GREY; ENOCH; HARDING, 2006; HESS, 2020).
As UVs foram classificadas, devido à sua gravidade, como o estágio mais avançado da
doença venosa pelo sistema de classificação Clinical, Etiological, Anatomy, and
Pathophysiology (CEAP) para doenças venosas (DAVIES, 2019; LURIE et al., 2020).
Antes falar do tratamento seria interessante falar um pouco sobre o ultrassom, quando ele
começou a ser utilizado no tratamento de UVs e seus efeitos.
Assim, Oos tratamentos para UVs são tipicamente focados no controle da infecção e
na melhora do retorno do sangue venoso dos membros inferiores. Embora os tratamentos
padrão sejam geralmente eficazes, em alguns casos eles não fornecem os resultados
esperados. Assim, uma série de estudos têm sido realizados para avaliar formas alternativas de
tratamento dessas feridas. O uso de ultrassom sem contato junto ao tratamento padrão resulta
em melhores resultados de cicatrização para UVs quando comparado ao uso exclusivo do
tratamento padrão (OLYAIE et al., 2013). Estudos anteriores sugeriram que o ultrassom
também pode induzir a cicatrização do leito da ferida, reduzindo a carga biológica e
aumentando a angiogênese, o que auxilia no desbridamento de tecidos necróticos e
desvitalizados e estimula a atividade celular (BEHESHTI et al., 2014).
Não há consenso em relação ao uso do ultrassom no tratamento de UVs, embora
alguns ensaios clínicos randomizados (ECRs) tenham sido publicados sobre esse tema.
Portanto, a presente metanálise objetiva avaliar a eficácia das ondas de ultrassom para o
tratamento dessas feridas cutâneas. Adicionalmente, espera-se contribuir ao conhecimento das
ciências da saúde quanto ao tema, especialmente nas áreas manejo de feridas e dermatologia,
fortalecendo o corpo de evidências para implementação de diretrizes clínicas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Quatro bases de dados foram usadas para procurar artigos que atendiam aos critérios
do estudo: PubMed, Web of Science, Cochrane Central Register of Controlled Trials e
LILACS em julho de 2022. A estratégia de busca completa utilizada em todas as bases de
dados adotadas foi a seguinte: (therapy OR treatment OR healing OR debridement) AND
(venous leg ulcer OR varicose ulcer OR venous ulcer OR foot ulcer OR leg ulcer) AND
(ultrasonic therapy OR ultrasonography OR ultrasound). O idioma, o desenho do estudo e o
ano de publicação não foram restritos.
Dois revisores extraíram os dados dos estudos incluídos. Foram extraídos dados
referentes ao sobrenome do primeiro autor, tempo de intervenção, país onde o estudo foi
realizado, ano de publicação, amostra (de curados e total, para ambos os grupos intervenção e
controle pré- e pós-intervenção), frequência, intensidade, tipos de controle utilizado, tipos de
intervenções utilizadas, tempo de aplicação do ultrassom e tempo total de condução dos
estudos primários.
A avaliação do risco de viés dos estudos selecionados foi realizada através da escala
de Jadad (CLARK et al., 1999). Essa escala avalia viés em cinco domínios: randomização,
adequação da randomização, comparação e resultados, descrição das comparações e
resultados e perdas e exclusões. Cada item foi avaliado com nota entre 0 (para resposta
negativa) e 1 (para resposta positiva), sendo somado o escore total do risco de viés do estudo.
A avaliação do risco de viés foi realizada por um mínimo de 2 revisores.
Foram extraídos dados binários de cura dos estudos incluídos na presente metanálise.
Após isso, os dados foram agrupados em tabelas de extração de dados e analisados com
auxílio do pacote “meta” do software R (BALDUZZI; RÜCKER; SCHWARZER, 2019).
Gráficos tipo forest plot foram gerados para análise visual da metanálise. A razão de chances
(odds ratio [OR]) foi usada como medida de efeito para as análises quantitativas.
3. RESULTADOS
Tamanho da
Estudo (autor e ano) Intervenções usadas Controles usados
amostra
Bawiec 2015 25 sujeitos Ultrassom Cuidados padrão
Ultrassom de alta-frequência (HFU)
Beheshti 2014 90 sujeitos Cuidados padrão
e terapia de ultrassom MIST
Ultrassom com densidade de
Dolibog 2018 51 sujeitos Cuidados padrão
potência de 0,5 W/cm²
Dolibog 2008 70 sujeitos Ultrassom terapêutico Cuidados padrão
Eriksson 1991* 38 sujeitos Ultrassom pulsado com 1 W/cm² Cuidados padrão
Ultrassom com intensidade de 1
Franek 2004 65 sujeitos Cuidados padrão
W/cm2 e 0,5 W/cm²
Lundeberg 1990* 32 sujeitos Ultrassom pulsado com 0,5 W/cm² Cuidados padrão
Ultrassom Pulsado de Baixa
Santana 2013 10 sujeitos Cuidados padrão
Intensidade
Taradaj 2008 81 sujeitos Cirurgia e ultrassom Cuidados padrão
Terapia convencional mais
Weichenthal 1997 38 sujeitos tratamento com ultrassom de 30 kHz Cuidados padrão
adicional.
Fonte: dados da pesquisa
Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos, em conformidade com as diretrizes PRISMA.
3.3 METANÁLISE
Um total de oito estudos (n = 332 pacientes) reportaram dados a respeito da cura dos
pacientes submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Na análise global, o ultrassom
terapêutico mostrou-se efetivo na cura dos pacientes com UVs (OR = 1.53, I2 = 0%, P = 0.96)
(Figura 2).
Figura 2. Gráfico tipo forest plot da análise global da cura dos pacientes submetidos ao tratamento com
ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Na análise por frequência, notou-se uma efetividade ligeiramente maior nos grupos
submetidos ao tratamento com ondas ultrassônicas de baixa frequência (OR = 2.25, I2 = 0%,
P = .85) do que no grupos tratadosnos grupos tratados com ondas ultrassônicas de alta
frequência (OR = 1.43, I2 = 0%, P = .82 para ondas a 1.0 MHz; OR = 1.43, I2 e P não
aplicáveis para ondas a 1.5 MHz). Entretanto, a diferença entre os subgrupos não foi
estatisticamente significativa (P = .85) (Figura 3).
Figura 3. Gráfico tipo forest plot da análise por frequência ultrassônica adotada na cura dos pacientes submetidos
ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
3.3.3 Pacientes totalmente curados através do tratamento com ultrassom terapêutico –
análise por intensidade ultrassônica
Figura 4. Gráfico tipo forest plot da análise por intensidade ultrassônica adotada na cura dos pacientes
submetidos ao tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
Na análise por tipo de intervenção, notou-se uma efetividade ligeiramente maior nos
grupos submetidos ao tratamento que utilizou tanto o ultrassom quanto o cuidado padrão (OR
= 1.83, I² = 0%, P = .79 ) em relação aos grupos de tratamento com o uso apenas do ultrassom
(OR = 1.36, I² = 0%, P = .88); Entretanto, a diferença entre os subgrupos não foi
estatisticamente significativa (P = .26) (Figura 7).
Figura 7. Gráfico tipo forest plot da análise por tipo de intervenção adotada na cura dos pacientes submetidos ao
tratamento com ultrassom terapêutico. Fonte: autores.
A Tabela 2 traz os resultados das análises de risco de viés dos estudos incluídos na
presente revisão sistemática de literatura.
O estudo foi
descrito como 1 1 1 1 0 1 1 1
randomizado?
A
randomização
1 1 1 1 0 1 1 1
foi descrita e é
adequada?
Houve
comparações e 1 1 1 1 1 1 1 1
resultados?
As 1 1 1 1 1 1 1 1
comparações e
resultados
foram
descritos e são
adequados?
Foram
descritas as
0 1 0 1 0 0 0 1
perdas e
exclusões?
TOTAL 4 5 4 5 2 4 4 5
4. DISCUSSÃO
O estudo encontrou resultados analisáveis para úlceras curadas nas áreas de frequência
ultrassônica, intensidade ultrassônica, tempo de aplicação do ultrassom e tempo de duração do
estudo. Os resultados mais eficazes foram encontrados nos grupos correspondentes ao
tratamento com ondas ultrassônicas de baixa frequência; ao tratamento com ondas de
ultrassom por tempo de aplicação de 15 minutos por aplicação; ao tratamento com duração de
8 semanas; ao tratamento que utilizou tanto o ultrassom quanto o cuidado padrão. Entretanto
nenhum dos subgrupos encontrou diferenças estatisticamente significativas. Ainda aAssim
pode-se perceber que o uso do ultrassom é um auxílio vantajoso aos pacientes com úlceras
venosas em membros inferiores.
Os melhores resultados de cura foram obtidos nos grupos que utilizaram 15 minutos
de tempo de aplicação das ondas ultrassônicas, contra os estudos que usaram 10 minutos e
quatro trabalhos que não especificaram o tempo de aplicação. Os autores da presente revisão
elencam suas possíveis hipóteses para explicar esse fenômeno: primeiro, é possível que as
ondas ultrassônicas atinjam seu potencial máximo (pico de atuação) de estimulação celular no
leito da ferida a 15 minutos de aplicação sobre a ferida; segundo, é possível que o pico de
atuação ainda não ocorra aos 15 minutos, mas que este tempo promova uma terapia melhor do
que períodos de aplicação menores. Neste caso, possíveis estudos devem ser feitos para
dirimir essas dúvidas.
Percebe-se que o uso de ondas de ultrassom promove maior eficácia na cura de úlceras
venosas de perna em menos tempo se comparado ao tratamento convencional, como é
relatado por Weichenthal e colaboradores que evidencia a melhora substancial apresentada
por pacientes tratados com ultrassom após 8 semanas, sendo 87% de melhora para 57% em
pacientes submetidos a terapia padrão (WEICHENTHAL et al., 1997). Porém, a cura
completa foi observada apenas em um paciente. Resultados semelhantes foram obtidos por
outros autores (TARADAJ et al., 2008).
Em relação ao uso de alta intensidade, os nossos resultados da análise de subgrupos
revelam que não há significativas mudanças para o tratamento com ultrassom, diferente do
trabalho feito por Whiteley, que destacou o uso de ultrassom focado de alta intensidade como
um meio de maiores curas para feridas venosas (WHITELEY, 2020). Entretanto, a despeito
da falta de significância estatística, melhores resultados foram obtidos nos grupos tratados
com ultrassom de baixa intensidade, como ratificado por outros autores (BAWIEC et al.,
2015; WEICHENTHAL et al., 1997).
Além disso, nos artigos analisados, nota-se que não são todos que afirmam a
efetividade do tratamento com ultrassom para a cura de úlceras venosas, como é percebido no
trabalho de Eriksson, Lundeberg e Malm, que considera o mesmo nível de recuperação para
pacientes que foram submetidos ao uso do ultrassom e pacientes do grupo controle, e Franek e
colaboradores, que não encontraram diferenças consideráveis entre os grupos controle e
experimental (ERIKSSON; LUNDEBERG; MALM, 1991; FRANEK et al., 2004).
Entretanto, cumpre ressaltar que ambos os trabalhos utilizaram ondas ultrassônicas de alta
frequência no tratamento das úlceras venosas, e, conforme demonstrado na análise de
subgrupos da metanálise da presente revisão sistemática de literatura, as ondas de baixa
frequência são mais efetivas nesse tratamento, trazendo melhores resultados de cura e
diminuição de área (DOLIBOG et al., 2018).
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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