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COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

INSTITUTO DE RADIOPROTEÇÃO E DOSIMETRIA


CENTRO REGIONAL DE ENSINO E TREINAMENTO PROF. LUIZ TAUHATA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA


E SEGURANÇA DE FONTES RADIOATIVAS

MÓDULO: 8. EXPOSIÇÕES MÉDICAS

TÍTULO: 8.7. OTIMIZAÇÃO DA DOSE PARA O PACIENTE EM MEDICINA NUCLEAR -


RADIOTERAPIA

AUTOR: Lidia Vasconcellos de Sá

ESTUDO DE CASO

Introdução

Na medicina nuclear, fontes radioativas não seladas são utilizadas em


diagnóstico e terapia. O risco envolvido na administração de material radioativo em
procedimentos de medicina nuclear é ponderado em relação às vantagens
provavelmente adquiridas em termos de saúde e bem-estar do paciente. Mantendo
esse ponto de vista, a ICRP-73 recomendou níveis de referência de diagnóstico para
os pacientes em procedimentos de medicina nuclear. Estes níveis são recomendações
quanto à quantidade de radionuclídeo administrado ao paciente para um teste em
particular. Os níveis são alcançados usando um processo genérico de otimização da
proteção, escolhendo como valor inicial um ponto de maior percentual na distribuição
de doses observada para pacientes e otimizando os procedimentos de medicina
nuclear. No entanto, estes níveis são selecionados por organizações de profissionais
médicos e revistos em intervalos que representam um compromisso entre a
estabilidade necessária e mudanças de longo prazo na distribuição da dose
observada. Estes níveis são aplicados para exposição médica e não para exposição
ocupacional e do público. Portanto, estes níveis não são utilizados para fins
regulamentares ou comerciais, não têm qualquer ligação com limites ou restrições de
dose. Os valores selecionados dos níveis são especificados para um país ou região.

Os níveis de referência não se aplicam aos procedimentos terapêuticos. Ainda


assim, de acordo com as diretrizes de radioproteção da ICRP, qualquer aplicação de
radionuclídeos na medicina é regido pelos princípios de Justificação e Otimização.
Existem vários tipos de procedimentos de tratamento em medicina nuclear onde
radionuclídeos emissores beta e gama-beta são usados. Alguns dos procedimentos de
terapia em medicina nuclear, com radionuclídeos específicos e via de administração,
são listados na Tabela 1.

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Tabela - 1: Procedimentos terapêuticos utilizando radionuclídeos mais comuns em


medicina nuclear

T½ Energia (MeV) Dose e modo de


Radionuclídeo Aplicações
(dias) Emax EAVG administração
.Tireotoxicose 0,1-1 GBq, oral
131
I 8,0 0,60,... 0,162 .Câncer de tireóide 1-20 GBq,oral
.Tumor neural 10 GBq, iv
32
P 14 1,71 0,695 .Policitemia vera 200 MBq, iv ou oral
89
Sr 50 1,46 0,58 .Metástase óssea 150 MBq, iv
90 .Derrame, maligno 5 MBq, ic
Y 2,7 2,27 0,935
.Radiosinovite 250 MBq, ia
153 18,5-74 MBq/kg
Sm 1,9 0,71,.. 0,229 .Metástase óssea
Peso corporal, i.v
186 .Metástase óssea
Re 3,8 1,07,... 0,362 150 MBq, ia
.Radiosinovite
169
Er 9,5 0,34 .Radiosinovite 150 MBq, ia
*iv: intravenoso; ia: intra-artéria.

Em geral, tentativas são feitas para determinar se o procedimento em particular foi


adequadamente otimizado e visam não exceder o nível de radiação clinicamente
necessário. Práticas são introduzidas de forma a reduzir a exposição indevida, por
exemplo, exposição aos órgãos-alvo devida ao órgão fonte, exposição devida à
contaminação, etc., para o paciente. Tais exposições podem ser minimizadas através
da prática regular de uso dos procedimentos.

A atividade deve ser administrada ao paciente com estômago vazio,


dessa forma, a atividade é rápidamente absorvida e distribuída, e reduz a
probabilidade de vômitos do material radioativo. Isso irá evitar a chance de
necessidade de repetição do tratamento.

Um estudo funcional do órgão a ser estudado deve ser feito antes de decidir a
dose a ser administrada.

1. A radioatividade a ser administrada ao paciente deve ser calculada com base na


dose de radiação prescrita.

2. A atividade deve ser medida antes da administração ao paciente para garantir que
somente a quantidade necessária de radionuclídeo seja administrada.

3. Os níveis de radiação devem ser medidos a 1 metro de distância do estômago, a


fim de confirmar a administração da atividade correta ao paciente.

4. Após a administração de uma dose oral, ações devem ser tomadas para aumentar a
excreção de saliva, a fim de reduzir a dose nas glândulas salivares.

5. Deve ser solicitado ao paciente que esvazie a bexiga com freqüência, a fim de
reduzir a exposição na bexiga e nas gônadas.

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6. Deve ser solicitado às mães lactantes que retirem o leite com freqüência, de forma a
reduzir a exposição na mama.

7. Peças de vestuário devem ser trocadas frequentemente, a fim de evitar a exposição


desnecessária devido à roupa contaminada.

Precauções extremas são necessárias em casos de tratamento de doenças da


tireóide. Considerando os tratamentos realizados com radionuclídeos emissores beta
puro, a exposição à radiação para o paciente é otimizada pelas precauções
referenciadas acima.

Objetivo

Em medicina nuclear, as medidas visam manter a dose efetiva, resultante da


administração de radionuclídeos, no mais baixo nível consistente com a obtenção do
efeito terapêutico desejado. Para tanto, é necessário conhecer a dose absorvida a ser
entregue e a correta dose equivalente para o(s) órgão(s) em uma aplicação
terapêutica. Isso pode ser precisamente avaliado se o tamanho, a forma e a função do
órgão e, ainda, detalhes biocinéticos dos rádiofarmármacos são bem conhecidos. A
dose de radiação para o paciente é otimizada em relação ao risco envolvido devido ao
procedimento de medicina nuclear. O risco é avaliado a partir da dose em órgãos
específicos e da dose nas gônadas. Em geral, a exposição do paciente pode ser
otimizada se os seguintes pontos são colocados em prática.

1. Ter em conta exames anteriores para evitar a exposição ou tratamento com


radiofármacos desnecessários;
2. Selecionar o rádiofármaco e o protocolo de tratamento apropriado;
3. Estudar o comportamento funcional do(s) órgão(s);
4. Administrar a atividade correta para obtenção do benefício requerido;
5. Reduzir as chances de administração incorreta do rádiofármaco;
6. Realizar os testes de garantia da qualidade dos equipamentos periodicamente;
7. Registrar e documentar o resultado do tratamento no prontuário do paciente.

A prática de otimização da dose de radiação para o paciente, no diagnóstico


e em diferentes procedimentos terapêuticos em medicina nuclear, são discutidos
abaixo, um a um.

Caso A: Otimização da dose para o paciente em procedimentos de medicina


nuclear diagnóstica.

Materiais

Calibrador de dose para Isótopos: Este instrumento é utilizado para medir cada
atividade radioativa antes da administração ao paciente. O teste de CQ do
equipamento deve, necessariamente, ser realizado periodicamente e o seu
desempenho deve ser testado todos os dias com uma fonte de verificação.

Medidor de área: Este instrumento é usado para medir os níveis de radiação a 1m do


paciente para assegurar a correta administração da dose de radiação.

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Procedimento

Seguir o procedimento abaixo:

a) Identificar o paciente;
b) Levantar o histórico anterior, se o paciente passou por um teste similar em outro
local anteriormente;
c) Anotar os medicamentos regularmente tomados pelo paciente, por exemplo,
medicamento contendo iodeto, em caso de teste de captação da tireóide;
d) No caso de paciente do sexo feminino, certificar-se que a paciente não esteja
grávida e esclarecer se a paciente está amamentando ou não;
e) Em caso do paciente ser uma criança, o teste de diagnóstico em medicina nuclear
deve ser realizado somente se for absolutamente necessário;
f) Consultar o médico para decidir qual a dose radioativa a ser administrada ao
paciente. Certificar-se que a quantidade de radioatividade está dentro do nível de
referência de diagnóstico prescrito pelo órgão regulador;
g) Estabelecer a via de administração do material radioativo ao paciente;
h) Medir a atividade no frasco antes de administrar ao paciente com o ajuda do
calibrador de dose de radiofármacos;
i) Calcular o erro percentual da medida de atividade com relação ao valor prescrito a
ser administrado ao paciente. Este deve estar dentro de 50%;
j) Após a administração da atividade, tomar precauções para que o paciente não
vomite o material radioativo;
k) Preparar instruções relacionadas com a segurança do paciente e de seus familiares,
e pedir ao paciente para segui-las, rigorosamente.

Observações:

Nome do paciente:_____________________________________________________

Identidade: ___________________________________________________________

Idade: __________ anos

Sexo: Masculino / Feminino

Paciente do sexo feminino:

Lactação: Sim / Não

Grávida: Sim / Não

Precauções

a) Enquanto estiver injetando, pode acontecer que o radiofármaco vaze através do


acoplamento da agulha e da seringa e, consequentemente, a radioatividade injetada
no paciente não esteja correta. Esta situação pode levar a uma qualidade ruim da
imagem da varredura e o teste pode ter que ser repetido. Esta situação pode ser
evitada se todo cuidado é tomado na administração da atividade.

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b) Quando o radiofármaco é administrado por via oral, algumas vezes os pacientes


vomitam a atividade. Esta situação pode ser evitada se o paciente estiver de estômago
vazio e/ou tomar um medicamento para esse controle.

c) É preciso ter muito cuidado com o paciente infantil. As chances de erro na


administração de uma dose são muito altas.

d) Se o teste de CQ ou estudo funcional de um equipamento não é feito


periodicamente, a dose administrada ao paciente não será correta e acabará por levar
a uma exposição indevida.

e) Administração inadequada de radioatividade em pacientes tem probabilidade


máxima de ocorrer. Isto pode ser evitado através de esforços coletivos na adoção de
um procedimento de prática na instituição.

f) Em caso de má-administração, consultar um médico para bloquear o órgão crítico


para que a radioatividade não se acumule no mesmo.

Pergunta:

Calcular a dose média para o fígado, ovários, testículos e medula óssea


resultantes da administração intravenosa de 5mCi de 99mTc-composto marcado que se
aloja uniformemente no fígado, assumindo captação instantânea da atividade e meia-
vida biológica infinita no fígado.

Solução:

D (T S) = AS x S (T S)

e , sendo

AS = 1,443 x f x A0 x Teff

AS = 1,443 x 1 x 5 x 103(µCi) x 6 (h)

AS = 43,2 x 103 (µCi.h)

a) Dose no fígado (Fi)

D (Fi Fi ) = 43,2 x S (Fi Fi)

= 43,2 x 4,6 x 10-5 Rad

= 198,72 x 10-5 Rad

= 198,72 x 10-4 mSv

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b) Dose nos ovários (Ov)

D (Ov Fi) = 43,2 x S (Ov Fi)

= 43,2 x 4,5 x 10-7 Rad

= 194,4 x 10-7 Rad

= 194,4 x 10-6 mSv

c) Dose nos testículos (Ts)

D (Ts Fi) = 43,2 x S (Ts Fi)

= 43,2 x 6,2 x 10-8 Rad

= 267,84 x 10-8 Rad

= 267,84 x 10-7 mSv

d) Dose na medula óssea (MO)

D (MO Fi) = 43,2 x S (MO Fi)

= 43,2 x 1,6 x 10-6 Rad

= 69,12 x 10-6 Rad

= 69,12 x 10-5 mSv.

Caso B: Optimização da dose para pacientes em tratamento de doenças da


tireóide em medicina nuclear

Materiais

Equipamento de medição de Captação na Tireóide: Esta unidade é utilizada para


medir a absorção de iodo pela tireóide, deve ser testada e verificada pelo programa de
garantia de qualidade.

Calibrador de dose: Este instrumento é utilizado para medir cada atividade antes da
administração ao paciente. O teste de CQ do equipamento deve ser feito
periodicamente e o seu desempenho deve ser testado a cada dia com uma fonte de
verificação.

Medidor de radiação: Este instrumento é utilizado para a medição da exposição à


radiação a uma distância específica do paciente ao qual foi administrada uma alta
dose de iodo radioativo.

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Procedimento

Seguir o procedimento apresentado abaixo:

1. Identificar o paciente
2. Verificar o histórico anterior, se o paciente passou por um teste similar em outro
lugar anteriomente.
3. Anotar os medicamentos regularmente tomados pelo paciente, especialmente
medicamentos baseados em iodeto.
4. Em caso de paciente do sexo feminino, certificar-se que a paciente não esteja
grávida e esclarecer se está amamentando ou não.
5. Se a captação da tireóide não é conhecida, realizar o estudo de captação.
Determinar o tamanho, massa, forma e função da tireóide.
6. Solicitar ajuda do médico para verificar a dose de radiação a ser entregue ao
paciente.
7. Calcular a atividade a ser administrada utilizando o programa MIRD/OLINDA.
8. Estabelecer a via de administração da atividade ao paciente.
9. Medir a atividade no frasco antes de administrar a dose ao paciente com o ajuda do
calibrador de dose.
10. Estimar a percentagem de erro na atividade medida em relação à atividade a ser
administrada. Deve estar dentro de 10%.
11. Após a administração da dose, medir o nível de radiação a 1 m da superfície do
estômago para assegurar que a devida dose foi administrada.
12. Registrar a massa da glândula, a captação de 131I, a dose a ser entregue, a
atividade administrada, o nível de radiação a 1 m da superfície do estômago do
paciente, etc., no prontuário do paciente.
13. Após a administração da atividade, tomar as precauções para que o paciente não
vomite o material radioativo.
14. Preparar instruções relacionadas com a segurança do paciente e seus familiares, e
pedir que o paciente as siga, rigorosamente.

Observação

Nome do paciente:_____________________________________________________

Identificação: _________________________________________________________

Idade: ____________ anos

Sexo: Masculino / Feminino

Paciente do sexo feminino:

Lactação: Sim / Não

Grávida: Sim / Não

1. Medida de Captação da Tireóide do paciente

Sensibilidade da unidade de captação: ________ kBq / cpm

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Quantidade de 131I administrada: _____________ kBq em ________

Meia-vida efetiva de 131I: __________ dias

Massa da glândula tireóide: _________ kg

2. Cálculo da dose

Dose de radiação a ser entregue:____________ Sv

Atividade a ser administrada (A):_____________ MBq

(Ver Anexo I)

3. Atividade administrada

Atividade no frasco antes da administração (A): __________ MBq

Atividade no frasco após a administração (B): ____________ MBq

% Erro na dispensa de atividade [(AB) / A] x 100:___________ %

Exposição à radiação a 1 m da superfície do estômago: ______ mSv/h

4. Instruções para o paciente, relacionadas com a segurança pessoal (Anexo II)

Precauções

As precauções a serem tomadas neste caso também são semelhantes ao


discutido no caso A, acima.

Perguntas

1. Calcule a quantidade de 131I para entregar uma dose na tireóide de 15Gy em 3 dias
a uma paciente com captação tireoidiana de 50% e meia-vida efetiva de 7,6 dias.

Solução

Consulte Anexo I, a dose da tireóide (Ti) pode ser representada como:

D (Ti Ti) = ATi. S (Ti Ti)

ATi = 1,443 x Ao x f x Teff {1 – e-µt}

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S (Ti Ti) = 2,2 x 10-2 [rad/mCi-h]

= 142,56 x 10-9 [Gy/Bq-d]

ATi = D (Ti Ti) / S (Ti Ti)

= 15 /142,56 x 10-9 [Bq-d]

= 10,52 x 107 [Bq-d]

A0 = 10,52 x 107 [Bq-dia] x 7,76 dias

Ao ~ 81 MBq

2. Qual será a taxa de exposição a 1 m da superfície do estômago quando este


contem 370 MBq de 131I no órgão? Assumindo que não há atenuação no tecido
corporal.

Solução

A taxa constante de kerma no ar para 131I é de 5,5 [mGy-m/100MBq-h]

Taxa de exposição à de 1 m de estômago = 5,5 x 370 ... [mGy/h]

~ 20 mGy/h

Caso C. Otimização da dose para o paciente a partir de radionuclídeos beta


emissores usados na terapia em medicina nuclear.

Introdução

No tratamento da Policitemia Vera, metástase óssea, derrame maligno


etc., radionuclídeos emissores beta puros são usados e são difíceis de detectar.
Portanto, a otimização da dose de radiação para o paciente ocorre, tendo cuidado
com:

a) A avaliação correta da atividade para conseguir o benefício terapêutico necessário


para o paciente;
b) Assegurar a correta administração;
c) A seleção adequada do radionuclídeo e a via de administração;
d) Evitar a repetição de administração de doses para o paciente para um mesmo
procedimento de medicina nuclear terapêutica;
e) Instruir o paciente para que siga rigorosamente as instruções de segurança.

Materiais

Calibrador de dose para isótopos: Este instrumento é utilizado para medir cada
atividade radioativa antes da administração ao paciente. O teste de CQ do

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equipamento deve ser feito periodicamente e o seu desempenho deve ser testado a
cada dia com uma fonte de verificação.

Procedimento

Seguir o procedimento abaixo.

1. Identificar o paciente.
2. Verificar o histórico anterior, se o paciente passou por um teste similar em outro
lugar anteriomente.
3. Anotar os medicamentos regularmente tomados pelo paciente, especialmente
medicamentos baseados em iodeto.
4. Em caso de paciente do sexo feminino, certificar-se que a paciente não esteja
grávida e esclarecer se está amamentando ou não.
5. Solicitar ajuda do médico para verificar a dose de radiação a ser entregue ao
paciente.
6. Calcular a quantidade de radioatividade a ser administrada utilizando o programa
MIRD.
7. Estabelecer a via de administração de atividade ao paciente.
8. Medir a atividade no frasco antes de administrar ao paciente com o ajuda do
calibrador de dose.
9. Estimar a percentagem de erro na atividade medida em relação à atividade a ser
administrada. Deve estar em torno de 10%.
10. Após a administração, medir o que resta no frasco para assegurar que a dose
necessária foi administrada.
11. Registrar a massa da glândula, a captação de 131I, a dose a ser entregue, a
atividade administrada, o nível de radiação a 1 m da superfície do estômago do
paciente, etc., e anotar no prontuário do paciente.
12. Após a administração da atividade, tomar as precauções para que o paciente não
vomite o material radioativo.
13. Registrar a dose a ser entregue e a atividade nos registros do paciente.
14. Preparar instruções relacionadas com a segurança do paciente e de sua família e
pedir que o paciente as siga rigorosamente.

Observação

Nome do paciente:______________________________________________________

Identificação: __________________________________________________________

Idade: ________ anos

Sexo: Masculino / Feminino

Paciente do sexo feminino:

Lactação: Sim / Não

Grávida: Sim / Não

1. Meia-vida efetiva do radionuclídeo: __________ dias

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Massa do corpo: ___________ kg

2. Cálculo da dose

Dose de radiação a ser entregue: ________ Sv

Atividade a ser administrada (A): _________ MBq

(Ver Anexo I)

3. Atividade administrada

Atividade no frasco antes da administração (A): ________ MBq

Atividade no frasco após a administração (B): ________ MBq

% Erro na medida de atividade [(AB) / B] x 100:______ %

4. Instruções para o paciente relacionadas com a segurança pessoal (Anexo II)

Precauções

Os problemas enfrentados neste caso também são semelhantes aos discutidos na


caso A acima.

Pergunta

1. Calcule a quantidade de 32P a ser entregue para uma dose comprometida de 22 Gy


na medula óssea de um paciente que tem 70% de captação nos ossos e 1.155 dias de
meia-vida efetiva.

Solução

D (MO O) = AB. S (MO O)

AB = 1,443 x Ao x f x Teff

S(MO O) = 8,7 x 10-5 [Rad/mCi-h]

= 5,64 x 10-10 [Gy/Bq-d]

AB = D (MO O) / S (MO O)

= 22 / 5,64 x 10-10 [Bq-d] = 3,9 x 1010 [Bq-d]

A0 = 3,9 x 1010 [Bq-dia] /( 1,443 x 0,7 x 1155 dias)

Ao ~ 33,4 MBq

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Caso D: Otimização da dose para o paciente no tratamento de


radiosinovite em medicina nuclear.

Introdução

No tratamento da radiosinovite, radionuclídeos emissores de radiação beta são


injetados localmente. Neste caso, a otimização da dose de radiação para o paciente é
realizada por cuidados como:

a) Avaliação correta da dose de radiação para atingir o benefício terapêutico


necessário para o paciente;
b) Assegurar a administração da dose correta de material radioativo para o paciente;
c) Seleção adequada do radionuclídeo;
d) Evitar a administração de doses repetidas para o paciente para o mesmo
procedimento terapêutico;
e) Imobilização do local (junta) onde a atividade é injetada, de forma que a
radioatividade não migre para outro local ou órgão.
f) Assegurar a administração intra-articular adequada da radioatividade.

Materiais

Calibrador de dose para isótopos: Este instrumento é utilizado para medir cada
atividade radioativa antes da administração ao paciente. O teste de CQ do
equipamento deve ser feito periodicamente e o seu desempenho deve ser testado a
cada dia com uma fonte de verificação.

Procedimento

Seguir o procedimento abaixo.

1. Identificar o paciente
2. Verificar o histórico anterior, se o paciente passou por um teste ou tratamento
similar em outro lugar anteriomente.
3. Anotar os medicamentos regularmente tomados pelo paciente, especialmente
medicamentos baseados em iodeto.
4. Em caso de paciente do sexo feminino, certificar-se que a paciente não esteja
grávida e esclarecer se está amamentando ou não.
5. Solicitar ajuda do médico para verificar a dose de radiação a ser entregue ao
paciente.
6. Calcular a quantidade de radioatividade a ser administrada utilizando o programa
MIRD.
7. Medir a atividade na seringa antes de administrar ao paciente com o ajuda do
calibrador de dose.
8. Após a administração da dose, medir a atividade que restou na seringa para
assegurar que a dose necessária foi administrada.
9. Registrar a dose a ser entregue e a atividade no prontuário do paciente.
10. Após a injeção, assegurar-se de que a atividade permanece localizada na área de
interesse.
11. Preparar instruções relacionadas com a segurança do paciente e seus familiares e
pedir que o paciente as siga, rigorosamente.

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Observação

Nome do paciente: _____________________________________________________

Identificação: __________________________________________________________

Idade: _________ anos

Sexo: Masculino / Feminino

Paciente do sexo feminino:

Lactação: Sim / Não

Grávidez: Sim / Não

1. Cálculo da dose

Dose de radiação a ser entregue: __________ Sv

Atividade a ser administrada (A): ___________ MBq

2. Atividade administrada

Atividade na seringa antes da administração (A): ________ MBq

Atividade na seringa após a administração (B): __________ MBq

% Erro na dispensa de actividade [(AB) / B] x 100:________ %

3. Instruções para o paciente relacionadas com a segurança pessoal (Anexo II)

Referências

1. ICRP-73, Radiological protection & safety in medicine (1996).


2. ICRP-52, Protection of patient in nuclear medicine (1987)
3. Instrumentation in Nuclear medicine - H.J.Hine and G.J.Brownell.
4. Textbook of Nuclear Medicine: Basic Science - A.F.G.Rocha & J.C.Harbert. Second
Edition.

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ANEXO I

Para entregar em uma dose correta na aplicação terapêutica, ou para avaliar o


risco devido a um exame de medicina nuclear, é necessário determinar a dose
absorvida para os diferentes órgãos e a dose efetiva para o paciente. Mas é difícil
avaliar doses devido à incerteza do comportamento metabólico do radiofármaco no
corpo. No entanto, para chegar à quantidade ideal de radiofármacos, é necessário ter
conhecimento dos tipos de radiações emitidas a partir do radionuclídeo a ser
administrado e ter dados referentes ao tamanho, forma e acúmulo de atividade em
órgão(s).

A Dose a um órgão para todos os tipos de radiação emitida é expressa como:

D (T S) = AS. ∑i ∆i. Φi (T S) [Gy] Equação 1

Onde AS - atividade acumulada no órgão fonte em [MBq-h]

∆i - é a constante de equilíbrio de dose para o tipo i de radiação em [Gy-Kg] /MBq-h

Φi (T S) - é fração específica absorvida para o tipo i de radiação em um órgão

Φi (T S) = ϕi (T S) / M

Onde

ϕi(T S) - fração absorvida para o tipo i de radiação

M - Massa do órgão de origem em kg

D (T S) = AS. S (T S)

S (T S) = Si ∆i. Φi (T S)

S (T S) - é conhecida como dose absorvida por unidade de atividade acumulada

O MIRD publicou valores - S para os diferentes órgãos e radionuclídeos em


unidades antigas (rad/mCi-h). Estes devem ser convertidos para unidades SI.

Por exemplo, S (Ti Ti) de 131I é de 2,2 x 10-2 rad/mCi-h

Na unidade SI: S (Ti Ti) = 142,56 x 10-9 [Gy/Bq-d]

Da mesma forma, a constante de equilíbrio de dose para i tipos de radiação


emitidas por desintegração, é expresso como:

∆i = ki. ni. Ei [Gy-Kg/MBq-h]

Onde:

ki - é uma constante, valor numérico que depende da unidade escolhida

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ni - é o número de partículas por desintegração

Ei - é a energia média das partículas por desintegração

Os valores de ∆i podem ser encontrados no manual do MIRD. O MIRD trabalha


em unidades antigas [rad-g/mCi-h]. Portanto, os valores devem ser calculados em
unidades SI.

Por exemplo:
131
∆i para fótons de 0,365 MeV de Ié

∆i = 0,833 x 0,365 = 0,304 [MeV/desintegração]

∆i = 0,304 x 106 x 1,602 x 10-19 [J/desintegração]

∆i = 0,487 x 10-13 [J/desintegração]

Se assumirmos uma atividade de 1 MBq, então:

∆i = 0,487 x 10-13 x 106 [J/s-MBq]

∆i = 0,487 x 10-7 x 3600 [J/MBq-h]


-4
∆i = 1,753 x 10 [J/MBq-h]

∆i = 1,753 x 10-4 [Gy-Kg/MBq-h]

Atividade acumulada

Através da equação 1, pode-se calcular a quantidade necessária de atividade


para entregar a exposição especificada ao paciente ou órgão.

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COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR
INSTITUTO DE RADIOPROTEÇÃO E DOSIMETRIA
CENTRO REGIONAL DE ENSINO E TREINAMENTO PROF. LUIZ TAUHATA

ANEXO II

Instruções ao paciente

1. O paciente deve consumir mais e mais líquido, a fim de aumentar a micção.

2. O paciente deve esvaziar a bexiga com frequência e lavar os órgãos após micção.

3. O paciente deve mudar sua roupa pessoal frequentemente.

4. A lactante deve retirar (bombear) o leite materno frequentemente.

5. O paciente deve lavar o corpo completamente, regularmente.

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