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RADIOTERAPIA

BÁSICA
- Conceitos -
Dra. Letícia Lamas
CRM-MG 80982

2023
FUNDAMENTOS DA
RADIOTERAPIA
O QUE É A RADIOTERAPIA
A radioterapia é um tratamento médico que utiliza radiações ionizantes para destruir células
tumorais ou inibir seu crescimento. Ela desempenha um papel fundamental no tratamento
do câncer, muitas vezes como parte integrante ou complementar a outras modalidades
terapêuticas.

SUA HISTÓRIA
A radioterapia tem raízes que remontam ao final do século XIX, com os pioneiros Wilhelm
Conrad Roentgen (descobridor dos raios-X) e Marie Curie (pesquisadora em radiatividade).
O uso clínico da radioterapia começou no século XX, evoluindo de técnicas rudimentares
para as avançadas abordagens atuais.

RADIOBIOLOGIA: AÇÃO DA RADIOTERAPIA NOS


TECIDOS
A radioterapia danifica o DNA das células, prejudicando sua capacidade de se dividir e
crescer.
As células tumorais são mais sensíveis à radiação do que as células normais, devido a
diferenças em taxas de divisão e reparo do DNA.

FRACIONAMENTOS DA RADIOTERAPIA
Fracionamento refere-se à divisão da dose total de radiação em várias sessões menores. Isso
permite danificar as células tumorais enquanto minimiza o dano aos tecidos normais
circundantes. O fracionamento também permite que as células normais tenham tempo para
se recuperar entre as sessões.

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TIPOS DE RADIOTERAPIA –
TECNOLOGIAS (SITT
EN
FELD
])
etal.,[sd

TELETERAOPIA OU EBRT (External Beam Radiation


Therapy)
A teleterapia envolve a administração de radiação externa a partir de uma máquina fora do
corpo.
Exemplos de tecnologia incluem a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e
radioterapia conformacional tridimensional (3D-CRT) que são formas de “entrega” do
tratamento com planejamento tridimensional (baseado em imagens tomográficas). Em
tempos mais antigos era mais comum o planejamento através de imagens bidimensionais
(raios-x).
A SBRT (Stereotactic Body Radiation Therapy), a Radioterapia estereotáxica fracionada
(para SNC) e a radiocirurgia também são consideradas tipos teleterapia, no entanto, são
técnicas de tratamento que entregam dose suficiente para tratar o tumor com menores
fracionamentos (às vezes, até 1 fração!)

BRAQUITERAPIA
Brachy , do grego, a curta distância
Fontes radioativas muito próximas/contato do tecido alvo.
Na braquiterapia, fontes de radiação são colocadas dentro ou próximas ao tumor.
É frequentemente usada em cânceres ginecológicos, próstata, pele e mama.

RADIOCIRURGIA
A radiocirurgia é uma técnica de alta precisão que entrega uma dose elevada de radiação em
um único tratamento.
Usada para tratar tumores cerebrais benignos, malignos e metástases cerebrais.

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RADIOTERAPIA ESTEREOTÁXICA CORPORAL
(SBRT)
A SBRT é semelhante à radiocirurgia, mas pode ser usada para tratar tumores fora do
cérebro e da cabeça. Tem papel importante em manejo de metástases de pequeno volume
em ossos, fígado, pulmão e rins.

O PAPEL DA RADIOTERAPIA NO TRATAMENTO


ONCOLÓGICO
• Neoadjuvância: Administração de radioterapia antes da cirurgia para encolher
tumores e melhorar a possibilidade de remoção completa.
• Adjuvância: Após a cirurgia para eliminar células tumorais remanescentes.
• Tratamento Radical: Termo para quando é utilizado como principal modalidade
curativa (com ou sem tratamento sistêmico como quimioterapia ou
hormonioterapia)
• Paliativa: Alivia sintomas e melhora a qualidade de vida em casos avançados.

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TOXICIDADES RELACIONADAS AO
TRATAMENTO
CONCEITOS GERAIS
Os efeitos adversos dependerão do SÍTIO tratado, o VOLUME de tratamento da
radioterapia a DOSE recebida pelo paciente e o TEMPO após o início do tratamento.

PRINCIPAIS SÍTIOS E TOXICIDADES


• Mama: Pode causar hiperemia, hipercromia, descamação seca ou úmida e
hipersensibilidade. Há risco de fibrose de parênquima mais tardiamente. Em técnicas
mais antigas, há também o risco de pneumonite actínica.
• Próstata: Pode afetar a bexiga e o reto. A depender do volume de tratamento, pode
causar diarréia e alterações do hábito intestinal. A longo prazo, há risco de
incontinência urinária e impotência sexual.
• Ginecológicos: Assim como a próstata, os principais órgãos de risco são bexiga e
reto. Efeitos nestas estruturas tendem a ser menores em relação à próstata devido à
doses um pouco mais baixas de radiação. ATENÇÃO: As doses de tolerância dos
ovários são muito baixas e, à priori, as pacientes entrarão em menopausa.
• Esôfago: Pode causar dificuldade ao engolir. Efeitos são dependentes da topografia e
serão diferentes se tumor de esôfago cervical, torácico médio ou inferior.
• Cabeça e Pescoço: mucosite, xerostomia, ageusia ou disgeusia, linfedema e
hipotireoidismo são toxicidades comuns.

MANEJO DAS TOXICIDADES


A Classificação de Toxicidade do Câncer (CTCAE) é usada para avaliar e categorizar a
gravidade das toxicidades.
O manejo das toxicidades envolve tratamento sintomático, mudanças na programação da
radioterapia ou ajustes na dose.

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ACOMPANHAMENTO PÓS-
TRATAMENTO

O acompanhamento após a radioterapia é crucial para monitorar a resposta ao tratamento


e detectar recorrências.
Exames de imagem (tomografias, RM), exames físicos e marcadores tumorais são usados
para avaliar a resposta.

CÂNCER DE PRÓSTATA: É INTERESSANTE O


GENERALISTA SABER!
Em geral, o seguimento é realizado com exame de PSA total de 3/3 meses no primeiro ano
após o tratamento, 4/4 meses no segundo ano, 6/6 meses no terceiro ano e anualmente até
o quinto ano.
- PSA total
Se tratamento radical com RT ou RT+HT:
- PSA ideal: seguindo os Critérios de Phoenix
< Nadir (menor valor de PSA durante o seguimento) + 2 (ROACH et al., 2006)
Se tratamento com prostatectomia: deve estar ZERADO (< 0,1 ou <0,2*) – A
referência dos Guidelines da American Urological Association (AUA) é a recomendação
mais clássica (<0,2), porém novos estudos têm sugerido avaliar tratamento de resgate se
PSA >0,1 com duas medidas repetidas ou aumento progressivo do PSA durante o
seguimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Perez & Brady's Principles and Practice of Radiation Oncology. Perez, 7 th ed.
• Radiobiology for the Radiologist. Eric J. Hall.8th ed.
• Radiation Therapy Treatment Effects: An Evidence-based Guide to Managing Toxicity.
Bridget F. Koontz, MD. 2018
• ROACH, M. et al. Defining biochemical failure following radiotherapy with or
without hormonal therapy in men with clinically localized prostate cancer:
Recommendations of the RTOG-ASTRO Phoenix Consensus Conference.
International Journal of Radiation Oncology Biology Physics, v. 65, n. 4, p. 965–974,
15 jul. 2006.

• Uptodate (2023):
- Rising or persistently elevated serum PSA following radical prostatectomy for prostate
cancer: Management
- Rising serum PSA following local therapy for prostate cancer: Diagnostic evaluation

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