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COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

INSTITUTO DE RADIOPROTEÇÃO E DOSIMETRIA


CENTRO REGIONAL DE ENSINO E TREINAMENTO PROF. LUIZ TAUHATA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA


E SEGURANÇA DE FONTES RADIOATIVAS

MÓDULO: 8. EXPOSIÇÕES MÉDICAS

TÍTULO: 8.5. VISITA TÉCNICA A UM DEPARTAMENTO DE RADIOTERAPIA

AUTOR (es): Delano Batista, Luiz Antonio R. Rosa, Lidia Vasconcellos de Sá.

INTRODUÇÃO

Local: Departamento de Radiologia do Instituto Nacional do Câncer (INCA):


demonstração de procedimentos e especificações das informações a serem
registradas.

Um hospital que utiliza técnicas radiológicas, tanto para diagnóstico como para a
terapia, tem uma série de departamentos bem definidos, e especialistas em áreas
específicas. O hospital tem um departamento de ambulatório, onde um paciente é
inicialmente examinado por um especialista e então é encaminhado ao departamento
específico, por exemplo, radioterapia, dependendo da ação a ser tomada. Nesta visita
técnica, os detalhes desse departamento, procedimentos realizados e precauções de
segurança tomadas, relacionadas ao paciente e aos trabalhadores, serão discutidos.

Objetivo

O objetivo desta visita é entender o funcionamento de um departamento de


radioterapia de um hospital, em relação aos procedimentos, os sistemas utilizados e
precauções de segurança.

VISITA

A radioterapia utiliza a radiação de uma fonte. Essa fonte pode ser colocada em
uma máquina, ou a máquina pode fornecer a radiação através de aceleração de
elétrons. O tratamento, ou seja, a exposição do tumor é realizada a partir de uma
distância (denominada teleterapia ou terapia externa) ou uma pequena fonte é
colocada muito próxima ao tumor (denominada braquiterapia). Em ambas as técnicas
tecidos saudáveis correm o risco de exposição desnecessária, sendo mais crítico em
teleterapia, pois o feixe de radiação deve atravessar um volume para atingir um tecido
mais profundo. Já em braquiterapia, devido à proximidade da fonte, as doses em
tecidos saudáveis podem ser minimizadas. Porém, há tratamentos de braquiterapia
que exigem um planejamento muito bem feito para evitar sobre-dosagem de órgãos
sadios extremamente radiosensíveis. É o caso, por exemplo, do tratamento do útero,
que pode gerar doses consideráveis no reto na bexiga, doses essas que necessitam
ser mnimizadas ao máximo através de um planejamento cuidadoso do tratamento.

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Materiais

Equipamento de Teleterapia ou acelerador linear, aplicadores vazios, máquina de


carregamento remoto da fonte, sala de operação, etc.

Procedimento

TERAPIA EXTERNA

A radiação externa é o método mais utilizado de tratamento. Uma terapia externa


típica pode utilizar um irradiador de cobalto-60 ou um Acelerador Linear. No
equipamento de cobalto-60, a radiação gama a partir de uma fonte de 60Co é
direcionada ao tecido tumoral para o tratamento. Aceleradores lineares produzem
feixes de raios-X e de elétrons, com alcance variável no tecido. O tratamento externo
ou teleterapia é aplicável, normalmente, a tumores profundos, que necessitam de
fótons de alta energia capazes de atingir os tecidos mais profundos no corpo (Figura
1).

Figura 1: Profundidade no tecido e dose entregue ao tumor para diferentes tipos de


Aceleradores Lineares.

Se a dose total necessária é entregue ao tumor de uma só vez, os tecidos por


onde passa a radiação e, ainda, tecidos próximos ao tumor podem receber doses
elevadas e, portanto, tal procedimento não é aconselhável. Isto é evitado, quer através
do uso de frações da dose total ao longo de um período de poucas semanas,
chamado fracionamento da dose ou pela utilização de uma máquina de teleterapia
com feixes múltiplos, todos centrados no tumor (Figura 2), porém entrando no tumor
por diferentes locais do corpo. Em ambos os casos, o objetivo é evitar alta dose para
os tecidos saudáveis circundantes ou permitir-lhes a recuperação após a exposição a
doses relativamente pequenas, antes de serem expostos novamente.

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Figura 2: Esquema de feixes múltiplos em um tumor

Braquiterapia

Para câncer de útero e de colo do útero, a terapia de radiação é realizada


internamente. Aplicadores adequados são inseridos na vagina e no útero da paciente,
com anestesia. Estes são, então, com segurança, carregados com fontes radioativas
de 137Cs usando um equipamento de carregamento remoto, de forma a evitar riscos
para os médicos e para a equipe de enfermagem. Para cânceres de cabeça e
pescoço, mama ou extremidades, tubos plásticos são inseridos sob anestesia e,
depois, carregado com fontes de 192Ir em forma de fios. A fonte radioativa é colocada
na área a ser tratada manualmente, ou por uma máquina, dentro de tubos aplicadores
de aço inoxidável ou de plástico. Após a inserção da fonte, o paciente é isolado por 1-
4 dias, dependendo do protocolo de tratamento individual. Durante o período de
isolamento, os parentes podem fazer visitas, porém por períodos breves, mas as
visitas por crianças e mulheres grávidas devem ser rigorosamente evitadas. O
paciente recebe alta do hospital após a remoção da fonte de radiação.

A equipe de terapia com radiação em geral é composta por:

· Radioterapeuta

Ele ou ela é um médico com qualificação e especialização em radioterapia.

· Físico Médico

Um especialista que planeja a dose terapêutica desejada e a forma de entrega da


dose de radiação.

· Técnico em Radioterapia

Uma equipe especialmente qualificada e treinada para realizar um tratamento com


radiação utilizando um irradiador ou um acelerador.

· Enfermagem

Para estender o cuidado ao paciente no hospital, especialmente durante a


braquiterapia.

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Programação e planejamento:

O radioterapeuta irá avaliar se o tratamento trará benefício para o paciente ou


não. Em caso afirmativo, a terapia é agendada. A área exata a ser tratada é
determinada de modo a proteger, tanto quanto possível, os tecidos normais saudáveis,
e destruir o tecido cancerígeno. O procedimento é extremamente complexo e às vezes
pode exigir mais de uma visita por parte do paciente. Após a determinação da área
exata a ser tratada em um simulador, a pele é marcada com um corante ou tinta. Isso
ajuda no tratamento que deve ser reproduzido exatamente em cada sessão. Em caso
de radiações produzidas por acelerador, onde as doses não estão bem distribuídas ao
longo do tempo, a dose total prevista é controlada através de monitor de radiação do
feixe que pode desligar o acelerador após atingir a dose acumulada pré-planejada. O
planejamento do tratamento é feito em computador. Isso permite que ao terapeuta
decidir a partir de qual direção a radiação deverá ser entregue ao tumor e como o
paciente deve ser posicionado. Moldes especiais são utilizados para deixar o paciente
imóvel durante o tempo de irradiação.

Registros

Nome do paciente:________________________________________________

Sr. Nº Local do Tamanho do campo Dose por Fração Nº da Fração


Tumor

Relato após Visita

Um hospital com práticas de diagnóstico e tratamento de várias doenças que


utilize radiação possui medicina nuclear, radioterapia e radiologia como os três
principais departamentos. Cada departamento utiliza equipamentos especiais e uma
série de fontes de radiação que podem ser abertas (não seladas) ou fechadas
(seladas) em gabinetes blindados. As equipes responsáveis pelos diversos
procedimentos e acompanhamento após os procedimentos e, também, a enfermagem,
é bem qualificada e está ciente dos perigos da radiação, tanto para o paciente e para
si mesmos. Mesmo assim, devem ser treinados em equipamentos mais novos e nos
procedimentos a intervalos regulares. O hospital, invariavelmente, tem uma SPR ou
um físico médico para auxiliar os médicos na busca de informações referentes aos
procedimentos como duração da exposição, dose a ser administrada, fracionamento,
etc. O hospital deve sempre ter um plano bem definido para lidar com situações de
emergência, relacionadas com a máquina, o paciente ou membros da equipe.

Resultados

A familiaridade com os diferentes departamentos de um hospital e conhecimento


dos vários procedimentos realizados com radiações para fins de diagnóstico e terapia
foi alcançado.

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Perguntas

1. Qual a diferença entre teleterapia e braquiterapia?


2. Como a dose nos tecidos saudáveis é reduzida em teleterapia?
3. Qual técnica especial é adotada em braquiterapia para reduzir a dose
no médico e na equipe de enfermagem?

Referências:

1. International Basic Safety Standards, BSS-115, IAEA, Vienna, 1996.


2. Summary of the current ICRP principles for protection of patient in diagnostic
radiology. A report by committee 3 of the ICRP, 1982.
3. ICRP publication No. 60 (1990).
4. Radionuclides in medicine and research, in radiation safety for unsealed sources, N.
Ramamoorthy and P. Saraswathy, Himalaya Publishing House(1999)
5. Summary of the current ICRP principles for protection of patient in nuclear medicine
(1993).
6. Text book of nuclear medicine-basic science, A.F.G. Rocha, J.C.Harbert, (1978).
7. Quality assurance in diagnostic imaging, M.M.Rehani, Jaypee medical publisher,
New Delhi, pp. 268 (1995).

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