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MEDICINA NUCLEAR

A medicina nuclear é uma especialidade médica multifacetada e repleta de


casos de sucesso ao longo de sua história.

Ela tem potencial de diagnosticar e tratar doenças com taxas cada vez maiores
de eficiência.

Aliás, algumas doenças já têm como tratamento-padrão o uso de radioisótopos.

Apesar de ainda incipiente e com concentração geográfica nos grandes centros


urbanos, esta especialidade cresce rapidamente em todo Brasil.

Assim, prometendo tratamento de primeira linha a um número cada vez maior


de pessoas.

A medicina nuclear se baseia na administração, ao paciente, de pequeníssimas


quantidades de materiais radioativos.

Isto é, eles são unidos a moléculas carreadoras específicas para a região do


corpo a ser analisada.

Dessa forma, estes materiais são metabolizados e


emitem radiação (geralmente na forma de raios gama), detectada por
equipamentos especiais.

Por isso o método permite o imageamento funcional dos órgãos e tecidos


humanos, muitas vezes possibilitando a detecção de alterações não
necessariamente associadas a achados anatômicos estruturais.

Mais do que uma técnica diagnóstica de alta qualidade, a medicina nuclear é,


também, a base para importantes métodos terapêuticos, utilizados há várias
décadas em tratamentos para câncer e outras doenças.

Além disso, a cada ano novas pesquisas abrem caminhos inovadores para o
uso de radioisótopos no tratamento de um rol crescente de problemas de
saúde, demonstrando que a medicina nuclear ainda está longe de seu
potencial máximo de aplicação médica.

O que é medicina nuclear?


Medicina nuclear é uma especialidade da medicina que utiliza pequenas
quantidades de radioisótopos para examinar a função de órgãos e tecidos.

Essas substâncias são administradas ao paciente por injeção, aspiração ou


deglutição, de acordo com a área do corpo a ser observada.
Depois disso, elas emitem energia na forma de fótons ou de pósitrons que são
detectados por equipamentos específicos e processados por computadores.

Assim, gerando imagens estáticas e/ou dinâmicas que ilustram o


funcionamento do órgão estudado.

Os radioisótopos são ligados a moléculas carreadoras, as quais variam de


acordo com a região a ser observada e o objetivo do escaneamento.

Dessa forma, formando os radiofármacos, que serão administrados ao


paciente.

Pode-se usar, por exemplo, moléculas carreadoras que são metabolizadas


como açúcares ou proteínas específicas, ou que sejam absorvidas apenas em
determinada região do corpo, o que torna o imageamento preciso.

Além disso, pode-se escolher “marcar” moléculas com radioisótopos e avaliar


sua distribuição pelo corpo.

Como é o caso da marcação de leucócitos para identificar focos de inflamação


/ infecção, e de hemácias para avaliar sangramentos.

A tecnologia, em constante aperfeiçoamento, é utilizada há mais de 50 anos


como método diagnóstico na radiologia.

É uma técnica extremamente segura, uma vez que as doses de radiação são
pequenas para tais fins e casos de alergia aos tracers são raros.

Em diagnósticos, a medicina nuclear gera praticamente a mesma quantidade


de radiação no paciente do que um raio X comum.

ONDE A MEDICINA NUCLEAR É UTILIZADA?

A medicina nuclear pode ser aplicada na detecção de doenças em seus


estágios mais iniciais.

Como por exemplo, antes que causem alterações estruturais detectáveis por
exames anatômicos.

A técnica é muito utilizada no diagnóstico e seguimento de diversos tipos de


câncer, avaliação de doenças cardíacas, endócrinas, neurológicas e
gastrointestinais.

Os tipos de escaneamento mais comuns da medicina nuclear são:

• coração, com possibilidade de avaliar o fluxo arterial sanguíneo em


situações de repouso e estresse, função cardíaca, danos ao músculo
cardíaco após um infarto, avaliação funcional após procedimentos de
revascularização, rejeição de transplantes cardíacos, entre outros.
• renais, para avaliar a função diferencial entre os rins, identificação de
possíveis obstruções no sistema coletor, cicatrizes decorrentes de
infecções.
• tireoide, para avaliar a função da glândula e nódulos.
• cérebro, para avaliar focos epileptogênicos em pacientes com
convulsão, avaliação de déficit cognitivo, perfusão sanguínea.
• mama, para auxílio na localização de nódulos malignos.
• ossos, para avaliação de processos osteodegenerativos articulares,
doenças ósseas benignas e malignas (tumores).

O QUE A MEDICINA NUCLEAR PODE DIAGNOSTICAR?

Para fins diagnósticos, os radioisótopos mais comumente empregados na


medicina nuclear são:

• tecnécio-99 (marcação de diversas moléculas carreadoras);

• iodo-131 (avaliação de doenças na tireoide e tratamento de câncer na


tireoide);

• gálio-67 (atualmente mais utilizado para avaliação de possíveis focos


infecciosos);

• tálio-201 (doenças cardíacas).

O exame diagnóstico mais antigo da medicina nuclear é a cintilografia.

Nela, o radiofármaco é administrado ao paciente geralmente por injeção, e este


é “lido” pelo equipamento gama câmara.

Cintilografia óssea, do miocárdio, renais e da tireoide são exemplos comuns.

O exame PET-CT consiste numa tecnologia diferente e mais atual no Brasil.

Ao invés de se ler raios gama, são lidos pósitrons, que são emitidos por
radiofármacos diferentes aos que são empregados nas cintilografias.

O mais comum e mais utilizado no Brasil é o 18-FDG, ou fluorodesoxiglicose,


que ilustra o metabolismo glicolítico no corpo.

É utilizado para a detecção e monitoramento de diversos tipos de câncer, como


avaliação de resposta a tratamentos e método de averiguação de possíveis
metástases.
O 18-FDG consiste em moléculas análogas da glicose, e uma vez que este
metabolismo nas células cancerosas é geralmente altíssimo, há aumento da
sua captação.

QUAIS OS TRATAMENTOS FEITOS POR MEDICINA NUCLEAR?

A mesma técnica de unir um isótopo radioativo a alguma molécula, usada no


imageamento diagnóstico da medicina nuclear, pode ser também utilizada para
auxiliar tratamentos a determinadas regiões do corpo.

Um dos exemplos mais clássicos de radiofármacos é o tratamento com o iodo-


131, usado há mais de 50 anos no tratamento de hipertireoidismo e de câncer
na tireoide.

Trata-se de um isótopo radioativo do iodo que é ingerido pelo paciente, em


formato líquido ou em cápsulas, em uma única dosagem.

Ao ser absorvido nas regiões tireoidianas em metástase, emite a energia


radioativa, eliminando as células nocivas.

Outros exemplos de radiofármacos utilizados em tratamentos médicos são o


samário-153, para tratamento paliativo de tumores ósseos.

E o 177Lutécio- DOTATATO, para tratamento de tumores neuroendócrinos


bem diferenciados.

A cada ano, novos radioisótopos são identificados e liberados para uso em


tratamentos médicos.

Um dos mais recentes, aprovado pela Food and Drug Administration norte-
americana em 2013, é o Rádio-223, utilizado em terapias contra câncer nos
ossos de origem prostática.

Ele é especialmente interessante por emitir partículas alfa (os exemplos acima
emitem partículas beta), capazes de liberar uma quantidade maior de energia
em um raio menor de atuação, sugerindo uma terapia mais eficiente.

QUAL O CENÁRIO DA MEDICINA NUCLEAR NO BRASIL?

Dada a sensibilidade e especificidade dos materiais utilizados, é de se esperar


que a medicina nuclear no Brasil seja polarizada nos grandes centros
econômicos e populacionais.

Todavia, é gritante a diferença entre regiões do país em termos de


disponibilidade de clínicas e de profissionais habilitados.
Para funcionar, uma clínica com serviços de medicina nuclear deve requisitar
aprovação da autoridade sanitária local e da CNEN (Comissão Nacional de
Energia Nuclear).

Além disso, deve ter um aparato logístico sofisticado, tanto para proteção de
equipe e de estruturas ao material radioativo quanto para a obtenção dos
materiais em si.

No Brasil, há apenas 14 centros produtores de radioisótopos, 64% nas regiões


Sul e Sudeste, e nenhum na região Norte.

De acordo com dados da CNEN, em 2010 havia 342 clínicas de medicina


nuclear no país. Médicos especializados na área somavam 353, e havia 187
supervisores.

A distribuição de médicos e supervisores acompanha a de clínicas,


superconcentradas nas regiões Sul e Sudeste, que abrigavam quase 80% dos
centros especializados no país.

Havia apenas 06 clínicas na região Norte, 22 na Centro-Oeste e 50 na


Nordeste.

Todavia, as projeções de crescimento são otimistas.

Em 2020, um levantamento da Sociedade Brasileira de Medicina


Nuclear apontava 430 clínicas habilitadas a fornecer serviços de medicina
nuclear no país – um crescimento de 20% em uma década.

A entidade, ainda, estimou em 5% o crescimento anual do mercado a partir de


2018.

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