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Exames Diagnósticos e

Laboratoriais em Oncologia
Enf Ddo. Leonardo Bigolin Jantsch

Abril, 2018
Onde inicia o diagnóstico?
Exames Imagem
• Tomografias
Computadorizadas;
• Ressonância Magnética;
Exames Diagnósticos e • Radiografias;
• Mamografia;
de Estadiamento • Medicina Nuclear;
• Ultrassom;
Exames Laboratoriais
• Hematologia;
• Hemograma;
Quando falamos em • Leucograma;
• Coagulograma.
exames laboratoriais • Bioquímica;
temos: • Bioquímica do Sangue;
• Urinálise.
Imunologia;
Marcadores Tumorais;
Tomografia computadorizada
✓A tomografia computadorizada é muito utilizada como método de estadiamento,
para avaliar a extensão do tumor primário e confirmar ou afastar a presença de
metástases.

✓É um bom método de imagem para o diagnóstico de tumores de pulmão, pleura,


mediastino (a região que fica entre os dois pulmões), cérebro, ossos, fígado, vias
biliares, pâncreas, rim, útero e ovários.
Tomografia Computadorizada por Emissão de
Pósitrons (PET-TC)
✓Os radiofármacos, ou moléculas marcadas por um isótopo radioativo;
✓Alta produção de ATP e circulação de glicose celular tumorais ( ↑ metabolismo);
✓Afinidade dos isótopos à moléculas de glicose e ATP;
✓Alguns minutos depois da ingestão da glicose é possível fazer um mapeamento do
organismo do paciente detectando concentração do radiofármaco no organismo.

O “PET scan” permite detectar, principalmente estadiamento metastáticos dos


tumores se o câncer se disseminou para os linfonodos.
Ressonância Magnética
✓Assim como na tomografia computadorizada, na ressonância magnética (RM) ou
ressonância magnética nuclear (RMN) são criadas imagens transversais dos órgãos
internos.
✓Uma ressonância magnética pode ter cortes transversais que podem ser vistos de
vários ângulos, por exemplo, de frente, de lado ou de cima.
✓A ressonância magnética cria imagens de partes moles do corpo, que são, difíceis
de serem observadas utilizando outros exames de imagem.
Radiografias

✓Os raios X, uma forma de radiação ionizante, passam através da parte do corpo
que pretendemos examinar e permitem a gravação de uma imagem;
✓Geralmente primeira opção diagnóstica;
✓Ossos (primário ou metastático);
✓Pulmões;
✓Contrastados (TGI);
Mamografia

✓Permite detectar a existência de nódulos, assimetrias mamárias,


microcalcificações, entre outras alterações e lesões que ainda não são perceptíveis
e palpáveis;
✓Recomendação 1 ou 2 anos, mulheres acima dos 40 anos;
✓Radiografia com intensidade menor porém com capacidade > para tecidos densos
(mama);
Medicina Nuclear

✓Cintilografias:
✓radionuclídeos incorporados a compostos específicos, avalia a fisiologia e o
metabolismo do corpo, mediante o registro da radioatividade detectada em curvas
de atividade em função do tempo, tanto para fins de diagnóstico como para fins
terapêuticos.
✓Os radionuclídeos mais comumente usados são:

✓· Gálio 67 - Utilizado para detectar câncer em certos órgãos. Também pode ser usado para
uma varredura do corpo inteiro.
✓· Tecnécio 99 - É usado em exames de corpo inteiro, especialmente na cintilografia óssea,
um exame para detectar a disseminação do câncer.
✓· Tálio 201 - Frequentemente utilizado no estudo de doenças cardíacas. Pode ser utilizado
para detectar alguns tipos de câncer.
✓· Iodo 123 ou Iodo 131 - São utilizados no diagnóstico e no tratamento do câncer de
tireoide.
Ultrassom

✓O ultrassom é muito bom para mostrar imagens de algumas doenças de tecidos


moles que não aparecem de forma adequada numa radiografia.
✓O ultrassom também pode distinguir cistos cheios de líquido e tumores sólidos,
porque eles produzem diferentes padrões de eco.
✓ A sua utilização está limitada a algumas partes do corpo, porque as ondas
sonoras não podem atravessar o osso e nem cavidades ocas.
✓Utilizado muito para posicionamento de punções/biopsias.
Marcadores Tumorais

✓Marcadores Tumorais são macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em


outros líquidos biológicos, cujo aparecimento ou alteração de concentração estão
relacionados a gênese ou crescimento de células neoplásicas.
✓Reduzem durante a intervenção terapêutica por isso podem ser utilizados não
comente como fator diagnóstico mas também avaliativo;

Almeida et al., 2007


Análise Histológica: Diagnóstico
Confirmatório
A principal ferramenta para esta caracterização é a
imuno-histoquímica (IHQ), método que utiliza reagentes
altamente específicos para a demonstração de vários
antígenos tissulares ou celulares.
Diversos fatores, como a fixação do espécime, a escolha
dos anticorpos e a interpretação das lâminas, são
extremamente importantes, evidenciando a importância
da experiência do laboratório de patologia como parte
integrante fundamental da excelência no diagnóstico
oncológico.
Qualquer tipo de material biológico!
Eritrócitos
Leucócitos 40 – 45 % do
Trombócitos volume sanguíneo
SANGUE
7-10% do peso do corpo
5 a 6 litros

Brunner e Suddarth,
2012
Hematopoese
(formação de células sanguíneas)
MEDULA ÓSSEA – Possuem células- tronco que tem capacidade de autorreplicação ,
característica que assegura o suprimento de células-tronco durante toda a vida. Quando
estimuladas se diferenciam em:
Célula-tronco mieloide
Eritrócitos, leucócitos e plaquetas
Célula- tronco linfoide
Linfócitos T ou B

FÍGADO E BAÇO (hematopoese


extramedular- doenças na medula)
Brunner e Suddarth,
2012
Hematologia
Células Sanguíneas
Hematologia - Hemograma
• Valores analisados:
• Valores Hemantimétricos:
• VCM → volume de cada hemácia (volume);

• HCM → hemoglobina por hemácia (cor);

• CHCM →% de cada hemácia que é composta por hemoglobina.

• RDW → variação de tamanho (anisocitose)

Brunner e Suddarth,
2012
HEMOGRAMA
VALORES REFERENCIAIS PARA ADULTOS
• ERITROGRAMA
• Eritrócitos
• 4,00 - 5,00 milhões/mm3 Mulher
4,50 - 6,00 milhões/mm3 Homem

• Hemoglobina
• 12,0 - 16,0 g/dL Mulher
• 18,0 g/dL Homem

• Hematócrito
• 36,0 - 45,0 % Mulher
• 41,0 - 50,0 % Homem
Brunner e Suddarth,
• VCM 80,0 - 100,0 fL 2012
• HCM 26,0 - 34,0 pg
• CHCM 31,0 - 36,0 %
Hematologia - Hemograma
• Anomalia das Hemácias:
• Presença de Reticulócitos → são células
nucleadas precursoras das hemácias;
• Quanto possuímos elevados
reticulócitos temos indicativo de que??
• > que 2%
• Normal de 0,5 a 2% de reticulócitos;

Brunner e Suddarth,
2012
Alterações nas Hemácias
Drogas que causam: Anemia
Redução na Produção
• Antineoplásicas
• A anemia pode variar de leve a grave e, ocasionalmente, tem se constituído em risco de
vida.
• O tempo médio para se observar a queda na concentração de hemoglobina até valores
inferiores a 8,0 g/dL pode variar de 8 a 21 dias após a administração da quimioterapia,
com a normalização ocorrendo por volta do 36º dia.
• Adicionalmente, a anemia pode ser progressiva, tornando-se mais grave após repetidos
ciclos de quimioterapia; Castello et al., 1990
Os mecanismos através dos quais os quimioterápicos provocam anemia
podem ser diretos ou indiretos:

Toxicidade direta compromete a medula, como o 5-fluorouracil, que


elimina preferencialmente as células proliferativas das séries eritróide e mielóide
(AÇÃO MEDULAR!!!).
A toxicidade indireta se deve a vários mecanismos: a- dano às células
produtoras de eritropoetina (por nefrotoxicidade); b- hemólise (exemplo:
anticorpos que reagem à hemoglobina, causando lise)
Castello et al., 1990
Quimioterapia e Transfusões Sanguíneas
• Aproximadamente 20% dos pacientes tratados com quimioterapia requerem
transfusões sanguíneas para correção da anemia, apresentando concentração de
hemoglobina que varia de 7,9 a 9,3 g/dL.
• Entretanto, a transfusão sanguínea nunca será completamente segura.
• Reações agudas constituem preocupação real, adicionalmente ao risco de
contração de doenças infecciosas.
Castello et al., 1990
Hematologia - Leucograma
• Série Branca: Defesa do organismo
contra infecção e lesão celular
• Leucócitos → céls incolores do
sangue, responsáveis pelo sistema
imune
• VR: 4000-11000 cél/mm³

Brunner e Suddarth,
2012
Hematologia - Leucograma
• Elementos Mielóides
• Granulócitos ou Polimorfonucleares ( 60-80%)- Possuem grânulos nos citoplasmas da
célula
• Neutrófilos (mais numerosos) → participam da reação inflamatória e podem indicar uma
infecção bacteriana; VR: 50-70
• Eosinófilos → grande indicador de infecção parasitária e também estão muito presentes em
reações alérgicas do organismo; VR: 1-5
• Basófilos → Participam de reações alérgicas e liberam os mediadores para a circulação. VR:0-1
OBS: Células em bastão- Presença de granulócitos imaturos normalmente em baixa porcentagem e,
aumentado em infecções, caracterizando desvio a esquerda. VR: 1-5
Brunner e Suddarth,
2012
Hematologia - Leucograma
• Elementos Linfóides (20-40% do total)
• Linfócitos → do tipo B (produção de anticorpos contra um determinado
agressor) e T(extrema importância para o sistema imune, como mediados e
liberados de citocinas); VR: 20-40

• Monócitos → dão origem aos Macrófagos nos tecidos. VR: 3-8

Brunner e Suddarth,
2012
FUNÇÕES BÁSICAS DOS NEUTRÓFILOS

• QUIMIOTAXIA TECIDUAL
• FAGOCITOSE DE BACTÉRIAS
• DESTRUIÇÃO DE BACTÉRIAS

Brunner e Suddarth,
2012
FAGOSSOMA
FUNÇÕES BÁSICAS DOS EOSINÓFILOS

• QUIMIOTAXIA PARA EXUDATOS


• RESPOSTA ALÉRGICA
• DEFESA (FAGOCITOSE) CONTRA
PARASITAS
• REMOÇÃO DE FIBRINA FORMADA
DURANTE INFLAMAÇÃO

Brunner e Suddarth,
ATACANDO LARVA DE
2012
ESQUISTOSSOMA
FUNÇÕES BÁSICAS DOS BASÓFILOS

LIBERAM HISTAMINA

VASODILATAÇÃO

Brunner e Suddarth,
2012
FUNÇÕES BÁSICAS DOS LINFÓCITOS

LINFÓCITOS T – responsáveis por reações alérgicas


tardias, rejeição de tecidos estranhos e destruição de células
tumorais.
• AÇÃO CITOTÓXICA (T-CD8)
• AÇÃO AUXILIAR (T-CD4)

LINFÓCITO B – produção de anticorpos e


células de mémória (B ATIVADO)

Brunner e Suddarth,
2012
Hematologia - Leucograma

• Valores analisados:
• Leucócitos totais;
• Metamielócitos, Mielócitos e Bastonetes;
• Neutrófilos;
• Basófilos;
• Eosinófilos;
• Linfócitos;
• Monócitos.
Brunner e Suddarth,
2012
Hematologia - Leucograma
• Análise:
• Número aumentado;

• Número reduzido;

• Desvio a esquerda → aparecimento de células imaturas.

Brunner e Suddarth,
2012
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DOS LEUCÓCITOS

LEUCOCITOSES:

➢11.000 a 15.000/mm3  Discreta

15.000 a 20.000/mm3  Moderada

20.000 a 30.000/mm3  Acentuada

30.000 a 45.000/mm3  Reação Leucemóide

> 45.000  Maioria dos processos leucêmicos


O que atentar no LEUCOGRAMA de
paciente em tratamento:
• PRINCIPALMENTE:

• NEUTROPENIAS
• < 1.500/mm³
• Quais cuidados??

Schwenkglenks et al.,
2011
• A neutropenia é o evento que mais interfere no limite da
dosagem do quimioterápico e na programação dos ciclos
durante o tratamento.

• Pacientes que apresentam neutropenia induzida por quimioterapia


têm risco de infecções potencialmente fatais.

Schwenkglenks et al.,
2011
• Embora a redução da dose de quimioterapia ou o atraso do ciclo de
tratamento subsequente e, consequentemente, a redução da
intensidade da dose relativa possam limitar a mielotoxicidade,
essas ações também podem impactar negativamente o resultado do
tratamento e devem ser evitadas.

Schwenkglenks et al.,
2011
Hematologia - Coagulograma
• Plaquetas → é um fragmento discóide
anucleado do citoplasma do megacariócito;
produção regulada pela trombopoentina;

• Coagulação → processo fisiológico que


leva à formação de rede de filamentos de
fibrina.

Brunner e Suddarth,
2012
LEUCEMIAS
A leucemia é uma proliferação neoplásica de um tipo celular especifico.
O defeito origina-se na célula- tronco hematopoiética, na célula-tronco
mieloide ou linfoide.
• Nível aumentado de leucócitos na circulação
• Normalmente apenas um tipo celular está aumentado
• Característica das leucemias é a proliferação desregulada dos leucócitos na
medula- óssea.

Brunner e Suddarth,
2012
Classificação da leucemias
Célula- tronco mieloide
❖Linhagem de células- tronco
envolvidas Célula- tronco linfoide

Brunner e Suddarth,
2012
Classificação da leucemias
❖Com base no tempo levado para a evolução dos sintomas e
a fase do desenvolvimento celular que é interrompida

AGUDA: inicio dos sintomas abrupto; presença na maioria de células


indiferenciadas ou em blastos; progride com rapidez; morte rápida sem
tratamento

CRÔNICA: os sintomas evoluem em meses a anos, leucócitos na maioria


são maduros; progride lentamente; evolução pode estender-se por anos.
Brunner e Suddarth,
2012
LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA
✓Resulta de um defeito na célula- tronco hematopoética, que se diferencia em todas
as células mieloides
✓Embora a contagem total dos leucócitos possa estar baixa, normal ou elevada, o
% de células normais está acentuadamente baixa
✓Medula óssea mostra excesso de células blásticas (mais de 20%)
✓Hemograma com diminuição de eritrócitos e plaquetas
✓LMA é a leucemia não linfocítica mais comum; incidência aumenta com a idade
✓Prognóstico sombrio

Manifestações clínicas:
Febre e infecção devido a neutropenia
✓Fraqueza e fadiga devido a anemia
✓Tendência hemorrágica devido trombocitopenia
Brunner e Suddarth,
✓Equimoses e petéquias devido a baixa plaqueta 2012
LEUCEMIA MIELOIDE CRONICA
✓Origina-se de uma mutação na célula-tronco mieloide; as células normais
continuam sendo produzidas porém ocorre um aumento nas blásticas; Incomum em
pacientes com menos de 20; incidência aumenta com a idade
✓Expectativa global mais de 5 anos; apresentam poucos sintomas e complicações
✓Pode se transformar em fase aguda (crise blástica)

Manifestações clínicas:

✓Muitos são assintomáticos (diagnóstico por outro motivo)


✓Discreta falta de ar
✓Pode apresentar hepatoesplenomegalia Brunner e Suddarth,
✓Pode apresentar mal-estar, anorexia e perda de peso 2012
LEUCEMIA LINFOCITICA AGUDA
✓Proliferação descontrolada de células imaturas (linfoblastos) derivados da células-
tronco linfoide
✓75% do casos a célula de origem é o precursor do linfócito B
✓É mais comum em crianças pequenas; meninos

Manifestações clínicas:

✓Dor devido ao aumento de tamanho do fígado ou do baço e dor óssea


✓Cefaleia e vômitos
Brunner e Suddarth,
2012
LEUCEMIA LINFOCITICA CRÔNICA
✓Ao contrário das outras, na LLC as células são em sua maioria totalmente maduras
✓Comum em idosos
✓Sobrevida de 15 anos (início)
✓Linfodenopatia; hepatomegalia; esplenomegalia; anemia; trombocitopenia e
complicações imunes
✓Contagem elevada de linfócitos
✓Eritrócitos e plaquetas podem estar normais ou diminuidas

Manifestações clínicas:
✓Assintomáticos, diagnóstico acidental
✓Dor devido ao aumento dos linfonodos e baço
✓Febre, sudorese, perda de peso
✓Apresentam defeitos no sistema humoral e celular, as infecções são comuns Brunner e Suddarth,
(herpes-zoster, cândida, etc) 2012
Vamos Exercitar!
Referências
• Castello MA, Clerico A, Deb G, et al: High -dose carboplatin in combination
with etoposide (JET regimen) for childhood brain tumors. American J pediatric
Hematology/Oncology 12: 297-300,1990.
• SMELTZER; S.C; BARE, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de
Enfermagem Médico-Cirúrgica. 12ª Ed. Rio de Janeiro, 2012.
• Schwenkglenks M, Pettengell R, Jackisch C, Paridaens R, Constenla M, Bosly
A, et al. Risk factors for chemotherapy-induced neutropenia occurrence in
breast cancer patients: data from the INC-EU Prospective Observational
European Neutropenia Study. Support Care Cancer. 2011;19(4):483-90.

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