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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS PROFº ANTÔNIO GARCIA FIHO


DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

NATALIA DE JESUS LEAL

ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL: DEPOIMENTO DE ENFERMEIROS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Lagarto
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CAMPUS PROFº ANTÔNIO GARCIA FIHO
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL: DEPOIMENTO DE ENFERMEIROS

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao departamento de
enfermagem da Universidade Federal de
Sergipe como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem.

Orientadora: Profª Me. Maria do Socorro Claudino Barreiro

Lagarto
2016
NATALIA DE JESUS LEAL

ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL: DEPOIMENTO DE ENFERMEIROS

Esse documento foi julgado adequado como requisito final do trabalho de conclusão de curso em
Enfermagem e aprovado em sua versão final.

Lagarto, ___ de _________________ de _______

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________________________

Maria do Socorro Claudino Barreiro, Mestrado

_______________________________________________________________________

Rosemar Barbosa Mendes, Mestrado

_______________________________________________________________________

Carla Kalline Alves Cartaxo, Mestrado


LEAL, N.J; BARREIRO, M.S.C. Assistência pré-natal: depoimento de enfermeiros
[Trabalho de Conclusão de Curso]. Sergipe, Universidade Federal de Sergipe, Departamento
de Enfermagem, Campus Professor Antônio Garcia Filho, 2016.

RESUMO

Objetivo: Avaliar a assistência ao pré-natal de baixo risco realizada pelo enfermeiro no


município de Lagarto. Método: estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado com
onze enfermeiras que fazem a consulta pré-natal. Os dados foram coletados no período de
dezembro de 2015 a janeiro de 2016, após aprovação pelo comitê de ética e pesquisa CAAE:
50547715.8.0000.5546. O instrumento de coleta de dados contempla informações acerca do
perfil das profissionais, as estratégias que as mesmas utilizam para atingir os indicadores de
qualidade da assistência pré-natal e sua atuação frente às gestantes. Os dados foram
analisados por estatística descritiva, através de números absolutos e porcentagens no software
Microsoft Excel® for Windows, enquanto os dados qualitativos foram categorizados e
analisados de acordo com Bardin. Resultados: Através da análise dos dados obtidos, tornou-
se evidente que o pré-natal de baixo risco, no município de Lagarto, realizado pelos
enfermeiros é feito de forma satisfatória, sendo necessárias estratégias para a melhoria do
atendimento a gestantes. Diante disso, pode-se observar a necessidade de qualificação
profissional e educação permanente, a fim de preparar os profissionais para atuarem como
agentes modificadores do cuidar, com uma assistência acolhedora, humanizada e qualificada.
A partir dos depoimentos, emergiram três categorias analíticas: qualificação profissional e a
assistência ao pré-natal, satisfação versus dificuldades na prática do pré-natal, ações de
enfermagem e os indicadores de assistência. Conclusões: são necessárias qualificações
profissionais e educação permanente para enfermeiros voltados à atuação do pré-natal, com o
principal objetivo de melhorar prognósticos, reduzir riscos e prestar o melhor cuidado à
gestante.

Palavras-chave: Cuidado pré-natal; Enfermagem; Saúde da Mulher; Estratégia de Saúde da


Família.
LEAL, N.J.; BARREIRO, M.S.C. Prenatal care: evidence of nurses [Work Completion of
course]. Sergipe, Sergipe Federal University, Department of Nursing, Campus Professor
Antônio Garcia Filho, 2016.

ABSTRACT

Objective: To evaluate the care prenatal low risk carried out by nurses in the municipality of
lizard. Method: a descriptive study with a qualitative approach, carried out with eleven nurses
who make a prenatal appointment. Data were collected from December 2015 to January 2016,
after approval by the Ethics and Research Committee CAAE: 50547715.8.0000.5546. The
data collection instrument includes information about the professional profile of the strategies
that they use to achieve the quality indicators of prenatal care and its operations in the face of
pregnant women. Data were analyzed using descriptive statistics, using absolute numbers and
percentages in Microsoft Excel for Windows software, while qualitative data were
categorized and analyzed according to Bardin. Results: By analyzing the data, it became
apparent that the prenatal low risk in the city of Lizard, performed by nurses is done
satisfactorily, and strategies needed to improve care for pregnant women. Thus, one can see
the need for professional training and continuing education in order to prepare professionals
to act as modifiers of care, with a warm, humane and qualified assistance. From the testimony
revealed three analytical categories: professional qualifications and assistance to prenatal care,
satisfaction versus difficulties in prenatal practice, nursing actions and care indicators.
Conclusions: professional qualifications are necessary and continuing education for nurses
focused on prenatal performance, with the main objective to improve prognosis, reduce risk
and provide the best care to pregnant women.

Keywords: Prenatal Care; Obstetric Nursing; Women's Health; Family Health Strategy.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................8

2 OBJETIVOS......................................................................................................................10
2.1 Objetivo geral.............................................................................................................10
2.2 Objetivo específico.....................................................................................................10
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................11
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................................14
4.1 Tipo de estudo............................................................................................................14
4.2 Critérios de inclusão...................................................................................................14
4.3 Critérios de exclusão..................................................................................................14
4.4 Local do estudo..........................................................................................................14
4.5 Amostra......................................................................................................................14
4.6 Aspectos éticos...........................................................................................................14
4.7 Instrumentos do estudo...............................................................................................15
4.8 Procedimento de coleta de dados...............................................................................15
4.9 Tratamento e análise dos dados..................................................................................15
REFERÊNCIAS........................................................................................................................16
APÊNDICE A: Artigo cientifico nas normas da REUOL........................................................19
APÊNDICE B: Instrumento de coleta de dados.......................................................................51
APÊNDICE C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................................54
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1 INTRODUÇÃO
Os direitos da mulher na saúde sexual e reprodutiva vêm sendo muito discutidos
atualmente, por meio do enfoque da saúde pública. Nesse universo de discussão, a atenção à
saúde materno-infantil é considerada um grande desafio para os serviços de saúde, por
apresentar indicadores com impacto negativo para essa população e para a sociedade de modo
geral como, por exemplo, a mortalidade materna, considerada o melhor indicador de saúde
voltado à atenção às mulheres, uma vez que reflete na avaliação das condições de vida e na
qualidade da atenção a saúde dessa população (VIANA, NOVAES, CALDERON, 2011;
BRASIL, 2014).
Nesse contexto, vários esforços e estratégias vêm sendo implementados, a fim de
assegurar uma adequada atenção pré-natal a essa população, visto que existe uma relação
entre uma assistência qualificada e os índices de morte materna e fetal. Essa assistência
proporciona à mulher uma avaliação de fatores de risco para a gestante e o bebê, o diagnóstico
de possíveis patologias e o seu tratamento oportuno, com o intuito de assegurar à mulher uma
gestação saudável e um bom desenvolvimento fetal e infantil (MARTINELLI et al., 2014).
Estudos são unânimes ao afirmar que a adesão da gestante ao serviço de saúde e a
qualidade da assistência prestada evitam 98% das mortes maternas. Fatores políticos,
econômicos, sociais e culturais podem determinar uma adequada assistência de saúde,
dependendo da adesão das mulheres ao pré-natal, porém, são os profissionais de saúde que
podem melhorar efetivamente a realidade, uma vez que as causas de mortalidade materna são
evitadas por medidas simples de efetivação da qualidade da assistência de saúde e pela
garantia do acesso a esses serviços (ALVES et al., 2015; GAIOSO et al., 2014;
MARTINELLI et al., 2014).
O Programa de Humanização no Parto e Nascimento (PHPN), implantado pelo
Ministério da Saúde através da Portaria /GM n°569 de 01 de junho de 2000, foi instituído com
o intuito de ampliar o acesso e a cobertura dos serviços de atenção ao pré-natal, bem como à
assistência ao parto, puerpério e ao recém-nascido, reforçando a ideia de melhorar os serviços
prestados à gestante (BRASIL, 2014).
Toda gestação é motivo de cuidados que devem ser oferecidos com uma atenção pré-
natal qualificada. A mulher deve ser provida de uma escuta ativa, ações de prevenção e
promoção da saúde, além de haver uma identificação precoce dos fatores de risco através do
olhar crítico e do conhecimento científico do profissional de saúde e, posteriormente, um
diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que ocorrerem neste período. Sendo assim,
9

uma melhor qualidade de vida seria levada à mãe e ao bebê, e as grandes incidências de óbitos
seriam diminuídas (GAIOSO et al., 2014; SILVA, ANDRADE, 2014).
O pré-natal tem por objetivo acolher a mulher desde o início da gravidez, com
qualidade e humanização, até seu parto e puerpério, para que o bem-estar materno e do recém-
nascido sejam assegurados. Em vista disso, mais uma estratégia foi normatizada pelo
Ministério da Saúde, a Portaria N° 1.459, de 24 de junho de 2011, que instituiu a Rede
Cegonha, com o intuito de reduzir as taxas de morte materna que ainda permaneciam
elevadas, ampliando o acesso aos serviços e buscando melhorias na qualidade da atenção do
pré-natal, parto, puerpério e atenção à criança de até 24 meses de vida. Essa estratégia tem
como princípio proporcionar à mulher o vínculo com a maternidade de referência, a fim de
prepará-la para o trabalho de parto, por meio de um transporte seguro, além do direito a um
acompanhante no trans e pós-parto (BRASIL, 2011; BRASIL, 2012).
Nesse contexto, o enfermeiro vem se destacando como profissional competente para
efetivar as ações propostas pelo Ministério da Saúde, no tocante a atenção integral,
humanizada, resolutiva e de qualidade na assistência a gestantes, parturientes e puérperas,
além de desempenhar papel importante no tocante à prevenção e promoção como agente
educador em saúde. Todas as suas ações seguem o que propõe a Lei do Exercício Profissional
da Enfermagem, no Decreto n° 94406/87, na qual estão especificadas as competências e
atribuições legais da profissão (GAIOSO et al., 2014; MARTINS et al., 2015).
Dentre as suas competências, está realizar a consulta de enfermagem, com vistas a
proporcionar um atendimento adequado, individualizado e humanizado. Nesse cenário, o
enfermeiro qualificado destaca-se como um dos profissionais capazes de programar e aplicar
estratégias que fortaleçam a atenção à gestante de forma adequada (CUNHA et al., 2009;
MARTINS et al., 2015).
Assim, justifica-se a importância da realização deste estudo, que tem por objetivo
avaliar a assistência ao pré-natal de baixo risco realizada pelo enfermeiro no município de
Lagarto. Espera-se que, uma vez cumpridos tais objetivos, estejamos contribuindo para a
qualidade dos serviços de atenção à mulher no município.
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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral


Avaliar a assistência ao pré-natal de baixo risco realizada pelo enfermeiro no
município de Lagarto - SE.

2.2 Objetivo específico


 Analisar as ações desenvolvidas na consulta de enfermagem a gestante de baixo risco;
 Verificar a qualificação e satisfação dos enfermeiros para atenção ao pré-natal de
baixo risco;
 Relacionar os indicadores propostos pela rede cegonha e a prática relatada pelas
enfermeiras.
11

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A gestação é um período de grandes transformações na vida da mulher. Corresponde a
um processo fisiológico, durante o qual a mulher deve ser respeitada em suas necessidades,
devendo ser acolhida da melhor forma (GRANGEIRO, DIÓGENES, MOURA, 2008).
É durante esse ciclo que a mulher deve receber assistência de pré-natal, que tem o
objetivo de acompanhar a gestação, identificar agravos e minimizar riscos, além de fortalecer
a educação em saúde, proporcionando à mulher orientações sobre o parto e sobre o recém-
nascido e qualidade no atendimento (GRANGEIRO, DIÓGENES, MOURA, 2008; NETO,
2008).
Vários estudos, dentre eles os realizados por Caldeiron, Cecatti, Vega (2006); Silva et
al., (2009); Brasil (2012); Duarte; Villela (2013); Valente et al., (2014); Uchimura et al.,
(2014), mostram a relação entre a qualidade da assistência pré-natal e seu reflexo nos altos
índices de mortalidade materna. Essa relação é demonstrada através das ações desenvolvidas
durante o pré-natal, as quais devem garantir qualidade e resolutividade às gestantes.
Todas essas ações são preconizadas pelo Ministério da Saúde através do Programa de
Humanização Parto e Nascimento (PHPN) e a Rede Cegonha. Dentre os critérios
estabelecidos, que asseguram uma melhor assistência, estão as rotinas, como a garantia de
acesso aos serviços de saúde e aos exames básicos, como ABO-Rh, sorologia para sífilis
(VDRL), HIV, Hepatite B, sumário de urina, glicemia de jejum, hemograma, sorologia para
toxoplasmose (IgM), imunização antitetânica, dupla tipo adulto, hepatite B e DTPa, entre
outros (BRASIL, 2011; BRASIL, 2012; BRASIL, 2014).
Além disso, são necessárias ações educativas, detecção precoce de fatores de risco
para a gestação e, a partir disso, se houver necessidade encaminhá-la para uma assistência de
alto risco. Também são rotinas preconizadas a promoção de vínculos entre profissional,
família e gestante, referência para maternidade onde será realizado o parto, garantia do direito
de estar com acompanhante da sua preferência, encaminhamento para o serviço de
odontologia, captação precoce das gestantes com realização da primeira consulta de pré-natal
até 12° semana de gestação, realização de, no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo,
preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro
trimestre da gestação, avaliação do estado nutricional, prevenção ou diagnóstico precoce do
câncer de colo uterino e de mama (BRASIL, 2011; BRASIL, 2012; BRASIL, 2014;
VIELLAS et al., 2014).
12

Esses critérios constituem os indicadores básicos de uma qualificada assistência de


pré-natal, a qual é composta de procedimentos simples, porém valiosos para conseguir estimar
a qualidade da assistência, além de permitir avaliar os sistemas de saúde e nortear os gestores
e profissionais a identificar possíveis problemas que podem ser resolvidos (NETO, 2008;
ANVERSA et al., 2012)
Entretanto, Neto (2008), Narchi, Cruz, Gonçalves (2013), em seus estudos dizem que
o despreparo ou negligência dos profissionais, quanto aos passos do acompanhamento pré-
natal ou durante o trabalho de parto, influenciam nos desfechos maternos e perinatais.
Cerca de 800 mulheres em todo o mundo morrem a cada dia por causas evitáveis
relacionadas com a gravidez e o parto. No Brasil, no ano de 2011, o número de óbitos por 100
mil nascidos foi de 55,3, mas devido às subnotificações estaria próximo de 64,8 óbitos a cada
100 mil nascidos vivos, segundo estimativa da Rede Interagencial de Informações para a
Saúde – RIPSA (BRASIL, 2014).
O número de mortes maternas reflete vários quesitos da realidade social, dentre eles, a
desigualdade socioeconômica, iniquidades de gênero, qualidade dos serviços ofertados e,
principalmente, a qualidade de vida das pessoas (BARBASTEFANO; VARGENS, 2009).
Apesar do crescente aumento da assistência pré-natal no Brasil, Viellas (2014) traz
que apenas um quinto das gestantes recebe atendimento adequado no pré-natal. Esse estudo
mostra a deficiência da assistência de pré-natal, evidenciada por início tardio das consultas,
dificuldade de acesso aos serviços de saúde, pouca quantidade de consultas e a não realização
de forma completa dos procedimentos mínimos exigidos pelo Ministério da Saúde para
garantir a qualidade da assistência.
Orientar quanto à importância do pré-natal, desenvolver ações de promoção e
prevenção de riscos à saúde e estabelecer tratamento quando necessário durante a gestação de
forma mais precoce possível compõe o papel do profissional de saúde, como o enfermeiro, o
qual deve estar sensibilizado a desenvolver uma atenção humanizada, a fim de obter maior
adesão das mulheres ao pré-natal, garantindo qualidade da assistência e evitando mortes
maternas e neonatais (BARBOSA, 2011; MARTINS et al., 2012).
Por fim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) traz como princípios e
recomendações para um cuidado efetivo para as gestantes a não utilização de intervenções e
tecnologias desnecessárias; a referência e contra referência a todos os níveis de assistência;
obtenção de uma atenção multidisciplinar, com parteiras tradicionais, obstetras,
neonatologistas, enfermeiros, educadores para parto e maternidade e cientistas sociais; busca
13

do entendimento e respeito às gestantes, ao recém-nascido e às famílias, baseada em suas


especificidades, tendo em vista um cuidado holístico (BRASIL, 2012).
14

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Tipo de estudo


Trata-se de um estudo descritivo e de abordagem quantitativa e qualitativa. Segundo
Polit; Beck (2011), o método qualitativo de estudo mostra a realidade através de descrições
narrativas, ou seja, das relações humanas, expressa em fala, opiniões ou observações.

4.2 Critérios de inclusão


O estudo teve como critério de inclusão ser enfermeiro da estratégia de saúde da
família no município de Lagarto, realizar acompanhamento a gestante de baixo risco e aceitar
participar voluntariamente da pesquisa mediante assinatura do TCLE (Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido).

4.3 Critérios de exclusão


A pesquisa teve como critério de exclusão os sujeitos que estavam em processo de
demissão do município e os que se encontravam em período de férias.

4.4 Local do estudo


O presente estudo foi realizado no Município de Lagarto, localizado na região
nordeste do país, no estado de Sergipe, com população estimada de 102.257 habitantes
(IBGE, 2015). Utilizou como cenário o sistema de saúde municipal da Atenção Básica,
composto por 15 unidades físicas, com 21 equipes, para a cobertura em áreas urbanas e rurais.

4.5 Amostra
O número de enfermeiros do município eram 29, sendo que 11 se encontravam em
processo de rescisão de contrato, dois em período de férias e cinco não aceitaram participar da
pesquisa. Portanto, a amostra foi do tipo intencional composta por 11 enfermeiras que
desempenham suas atividades na estratégia de saúde da família do município, na prática do
pré-natal.

4.6 Aspectos éticos


Este estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade
Federal de Sergipe, com o número do protocolo CAAE: 50547715.8.0000.5546, obedecendo
às normas da resolução n° 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que normatiza a
pesquisa envolvendo seres humanos.
15

4.7 Instrumentos do estudo


O instrumento de coleta de dados foi elaborado pela pesquisadora e é composto por
questões diretas e subjetivas para entrevista às enfermeiras, em busca de avaliar a assistência
ao pré-natal de baixo risco realizada por estes profissionais (APÊNDICE B).
Dentre os questionamentos que abordaram o perfil dos profissionais, estavam
variáveis como gênero, idade, renda familiar, renda na instituição, estado civil, número de
filhos, tempo de conclusão do curso, tempo de atuação na instituição e emprego em mais de
uma instituição.
As questões subjetivas buscaram responder os objetivos específicos do estudo e
abordaram temas como qualificação profissional, percepção da própria prática de pré-natal,
dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na assistência pré-natal. Também abordaram as
ações de enfermagem e sua relação com os indicadores da rede cegonha, tais como o mínimo
de seis consultas de pré-natal, educação em saúde, referência para maternidade com o intuito
de a gestante conhecer seu local de parto e para o atendimento de alto risco, as medicações na
gestação e orientação quanto a automedicação, solicitação e avaliação de exames, referência
para o odontólogo, ações de anamnese e exame físico e captação precoce das gestantes.

4.8 Procedimento de coleta de dados


Os dados foram coletados através de uma entrevista com as enfermeiras que compõem
a estratégia de saúde da família, em busca dos depoimentos acerca de suas ações
desenvolvidas durante a consulta de pré-natal, envolvendo os indicadores da qualidade da
assistência preconizados pelo Ministério da Saúde. A coleta de dados deu-se no período de
dezembro de 2015 e janeiro de 2016, após aprovação em comitê de ética e pesquisa. O
processo de coleta de dados foi realizado mediante entrevista diretamente com a enfermeira
de forma oral e escrita, através das respostas escritas no questionário.

4.9 Tratamento e análise dos dados


Os dados de caracterização da amostra foram analisados por estatística descritiva,
através de números absolutos e porcentagens no software Microsoft Excel® for Windows.
Enquanto os dados qualitativos que se caracterizam pelos depoimentos das enfermeiras, foram
categorizados e analisados de acordo com Bardin (2009). Segundo esse autor, a análise dos
dados passa pela codificação, classificação e categorização, o que facilita a interpretação dos
mesmos.
16

Para criar as categorias, as respostas das participantes foram analisadas a partir de


repetidas leituras, a fim de extrair a essência de seus depoimentos e representá-las
adequadamente. .

REFERÊNCIAS
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19

APÊNDICE A- ARTIGO CIENTÍFICO COMPLETO NAS NOMAS DA REVISTA DE

ENFERMAGEM UFPE ONLINE (REUOL)

ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL: DEPOIMENTO DE ENFERMEIRAS

PRENATAL CARE: NURSES TESTIMONIAL

EL CUIDADO PRENATAL: ENFERMERAS TESTIMONIO

Natalia de Jesus Leal1: Acadêmica de enfermagem da Universidade Federal de

Sergipe. Endereço: Rua Presidente Getúlio Vargas, 299, Simão-Dias/Sergipe.

Cep:49480-000 Telefone: (79) 99998-4565 E-mail: natalialeal.enf@gmail.com. Maria

do Socorro Claudino Barreiro2: Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela

Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professora Assistente da Universidade

Federal de Sergipe – Campus Professor Antônio Garcia Filho (UFS), Sergipe (SE),

Brasil. E-mail: socorro_claudino@hotmail.com.

RESUMO

Objetivo: Avaliar a assistência ao pré-natal de baixo risco realizada pelo

enfermeiro no município de Lagarto. Método: estudo descritivo, com abordagem

qualitativa, realizado com 11 enfermeiras que fazem a consulta pré-natal. Os dados

foram coletados no período de dezembro de 2015 a janeiro de 2016, após

aprovação pelo comitê de ética e pesquisa CAAE: 50547715.8.0000.5546. O

instrumento de coleta de dados contempla informações acerca do perfil das

profissionais, as estratégias que as mesmas utilizam para atingir os indicadores de

qualidade da assistência pré-natal e sua atuação frente às gestantes. Os dados

foram analisados por estatística descritiva, através de números absolutos e

porcentagens no software Microsoft Excel® for Windows, enquanto os dados

qualitativos foram categorizados e analisados de acordo com Bardin. Resultados:


20

Através da análise dos dados obtidos, tornou-se evidente que o pré-natal de baixo

risco no município de Lagarto realizado pelos enfermeiros é feito de forma

satisfatória, sendo necessárias estratégias para a melhoria do atendimento a

gestantes. Diante disso, pode-se observar a necessidade de qualificação profissional

e educação permanente, a fim de preparar os profissionais para atuarem como

agentes modificadores do cuidar com uma assistência acolhedora, humanizada e

qualificada. A partir dos depoimentos emergiram três categorias analíticas:

qualificação profissional e a assistência ao pré-natal, satisfação versus dificuldades

na prática do pré-natal, ações de enfermagem e os indicadores de assistência.

Conclusões: são necessárias qualificações profissionais e educação permanente

para enfermeiros voltados a atuação do pré-natal, com o principal objetivo de

melhorar prognósticos, reduzir riscos e prestar o melhor cuidado a gestante.

Descritores: Cuidado pré-natal; Enfermagem obstétrica; Saúde da Mulher;

Estratégia de Saúde da Família.

ABSTRACT

Objective: To evaluate the care prenatal low risk carried out by nurses in the

municipality of lizard. Method: a descriptive study with a qualitative approach,

carried out with eleven nurses who make a prenatal appointment. Data were

collected from December 2015 to January 2016, after approval by the Ethics and

Research Committee CAAE: 50547715.8.0000.5546. The data collection instrument

includes information about the professional profile of the strategies that they use

to achieve the quality indicators of prenatal care and its operations in the face of

pregnant women. Data were analyzed using descriptive statistics, using absolute

numbers and percentages in Microsoft Excel for Windows software, while

qualitative data were categorized and analyzed according to Bardin. Results: By


21

analyzing the data, it became apparent that the prenatal low risk in the city of

Lizard, performed by nurses is done satisfactorily, and strategies needed to

improve care for pregnant women. Thus, one can see the need for professional

training and continuing education in order to prepare professionals to act as

modifiers of care, with a warm, humane and qualified assistance. From the

testimony revealed three analytical categories: professional qualifications and

assistance to prenatal care, satisfaction versus difficulties in prenatal practice,

nursing actions and care indicators. Conclusions: professional qualifications are

necessary and continuing education for nurses focused on prenatal performance,

with the main objective to improve prognosis, reduce risk and provide the best

care to pregnant women. Descriptors: Prenatal Care; Obstetric Nursing; Women's

Health; Family Health Strategy.

RESUMEN

Objetivo: Evaluar la atención prenatal de bajo riesgo que realizan las enfermeras

en el municipio de lagarto. Método: Estudio descriptivo con un enfoque cualitativo,

realizado con once enfermeras que hacen una cita prenatal. Los datos fueron

recolectados a partir de diciembre 2015-enero 2016, después de la aprobación por

el Comité de Ética y de Investigación CAAE: 50547715.8.0000.5546. El instrumento

de recolección de datos incluye información sobre el perfil profesional de las

estrategias que utilizan para alcanzar los indicadores de calidad de la atención

prenatal y sus operaciones en la cara de las mujeres embarazadas. Los datos fueron

analizados utilizando estadística descriptiva, utilizando números absolutos y

porcentajes en Microsoft Excel para Windows, mientras que los datos cualitativos

fueron clasificados y analizados según Bardin. Resultados: Al analizar los datos, se

hizo evidente que el bajo riesgo prenatal en la ciudad de lagarto, realizada por los
22

enfermeros se realiza de forma satisfactoria, y estrategias necesarias para mejorar

la atención a las mujeres embarazadas. Por lo tanto, uno puede ver la necesidad

de la formación profesional y la formación continua con el fin de preparar a los

profesionales para actuar como modificadores de la atención, con una asistencia

cálido, humano y cualificado. Del testimonio de manifiesto tres categorías de

análisis: las cualificaciones profesionales y de asistencia a la atención prenatal, la

satisfacción frente a dificultades en la práctica prenatal, las acciones de

enfermería y el cuidado de los indicadores. Conclusiones: las cualificaciones

profesionales son necesarias y educación continua para las enfermeras se centraron

en el rendimiento prenatal, con el objetivo principal de mejorar el pronóstico,

reducir el riesgo y proporcionar la mejor atención a las mujeres embarazadas.

Descriptores: Atención Prenatal; Enfermería Obstétrica; Salud de la Mujer;

Estrategia de Salud Familiar.

INTRODUÇÃO

Os direitos da mulher na saúde sexual e reprodutiva vêm sendo muito

discutidos atualmente, por meio do enfoque da saúde pública. Nesse universo de

discussão, a atenção à saúde materno-infantil é considerada um grande desafio

para os serviços de saúde, por apresentar indicadores com impacto negativo para

essa população e para a sociedade de modo geral, como, por exemplo, a

mortalidade materna, considerada o melhor indicador de saúde voltado à atenção

às mulheres, uma vez que reflete a avaliação das condições de vida e na qualidade

da atenção à saúde dessa população.1,2

Nesse contexto, vários esforços e estratégias vêm sendo implementadas, a

fim de assegurar uma adequada atenção pré-natal a essa população, visto que

existe uma relação entre uma assistência qualificada e os índices de morte materna
23

e fetal. Essa assistência proporciona a mulher uma avaliação de fatores de risco

para a gestante e bebê, o diagnóstico de possíveis patologias e o seu tratamento

oportuno, com o intuito de assegurar à mulher uma gestação saudável e um bom

desenvolvimento fetal e infantil.3

Estudos são unânimes em afirmar que a adesão da gestante ao serviço de

saúde e a qualidade da assistência prestada evitam 98% das mortes maternas.

Fatores políticos, econômicos, sociais e culturais podem determinar uma adequada

assistência de saúde, dependendo da adesão das mulheres ao pré-natal, porém, são

os profissionais de saúde que podem melhorar efetivamente a realidade, uma vez

que as causas de mortalidade materna são evitadas por medidas simples de

efetivação da qualidade da assistência de saúde e pela garantia do acesso a esses

serviços.3-5

O Programa de Humanização no Parto e Nascimento (PHPN), implantado

pelo Ministério da Saúde através da Portaria /GM n°569 de 01 de junho de 2000, foi

instituído com o intuito de ampliar o acesso e a cobertura dos serviços de atenção

ao pré-natal, bem como a assistência ao parto, puerpério e ao recém-nascido,

reforçando a ideia de melhorar os serviços prestados a gestante.6

Toda gestação é motivo de cuidados e requer uma atenção pré-natal

qualificada; a mulher deve ser provida de uma escuta ativa, ações de prevenção e

promoção da saúde, além da identificação precoce dos fatores de risco, por meio

do olhar crítico e do conhecimento científico do profissional de saúde e,

posteriormente, um diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que

ocorrem neste período. Sendo assim, uma melhor qualidade de vida seria levada à

mãe e ao bebê, e as grandes incidências de óbitos seriam diminuídas. 5-7


24

O pré-natal tem por objetivo acolher a mulher desde o início da gravidez,

com qualidade e humanização, até seu parto e puerpério, para que o bem-estar

materno e do recém-nascido seja assegurado. Em vista disso, mais uma estratégia

foi normatizada pelo Ministério da Saúde, a Portaria N° 1.459, de 24 de junho de

2011, que institui a Rede Cegonha, com o intuito de reduzir as taxas de morte

materna que ainda permaneciam elevadas, ampliando o acesso aos serviços e

buscando melhorias na qualidade da atenção do pré-natal, parto, puerpério e

atenção à criança de até 24 meses de vida. Essa estratégia tem como princípio

proporcionar à mulher o vínculo com a maternidade de referência, a fim de

prepará-la para o trabalho de parto, por meio de um transporte seguro, além do

direito a um acompanhante no trans e pós-parto.8,9

Nesse contexto o enfermeiro vem se destacando como profissional

competente para efetivar as ações propostas pelo Ministério da Saúde, no tocante a

atenção integral, humanizada, resolutiva e de qualidade na assistência a gestantes,

parturientes e puérperas, além de desempenhar papel importante no tocante à

prevenção e promoção como agente educador em saúde. Todas as suas ações

seguem o que propõe a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem,

regulamentada pelo Decreto n° 94406/87, na qual estão especificadas as

competências e atribuições legais da profissão.5-10

Dentre as suas competências estão a realizar a consulta de enfermagem,

com vistas a proporcionar um atendimento adequado, individualizado e

humanizado. Nesse cenário, o enfermeiro qualificado destaca-se como um dos

profissionais capazes de implementar estratégias que fortaleçam a atenção a

gestante de forma adequada.10,11


25

Assim, justifica-se a importância da realização deste estudo, que tem por

objetivo avaliar a assistência ao pré-natal de baixo risco realizada pelo enfermeiro

no município de Lagarto. Espera-se que, uma vez cumpridos tais objetivos,

estejamos contribuindo para a qualidade dos serviços de atenção à mulher no

município.

Este estudo teve como objetivo avaliar a assistência ao pré-natal de baixo

risco realizada pelo enfermeiro no município de Lagarto.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo e de abordagem qualitativa. Segundo Polit;

Beck 201112, o método qualitativo de estudo mostra a realidade através de

descrições narrativas, ou seja, das relações humanas, expressa em fala, opiniões ou

observações.

O estudo teve como critério de inclusão ser enfermeiro da estratégia de

saúde da família no município de Lagarto, realizar acompanhamento a gestante de

baixo risco e aceitar participar voluntariamente da pesquisa mediante assinatura

do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). O critério de exclusão diz

respeito aos sujeitos que estavam em processo de demissão do município e os que

se encontravam em período de férias.

Foi realizado no Município de Lagarto, localizado na região nordeste do país,

no estado de Sergipe, com população estimada de 102.257 habitantes (IBGE, 2015).

Utilizou como cenário o sistema de saúde municipal da Atenção Básica, composto

por 15 unidades físicas, com 21 equipes, para a cobertura em áreas urbanas e

rurais.

O número de enfermeiros do município eram 29, sendo que 11 se

encontravam em processo de rescisão de contrato, dois em período de férias e


26

cinco não aceitaram participar da pesquisa. Portanto, a amostra foi do tipo

intencional composta por 11 enfermeiras que desempenham suas atividades na

estratégia de saúde da família do município, na prática do pré-natal.

A referida pesquisa foi submetida e aprovada pelo comitê de ética e

pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, com o número do protocolo

CAAE: 50547715.8.0000.5546, obedecendo às normas da resolução n° 466/12, do

Conselho Nacional de Saúde (CNS) que normatiza a pesquisa envolvendo seres

humanos.

Quanto ao instrumento de coleta de dados este foi elaborado pela

pesquisadora, composto por questões diretas e subjetivas para entrevista às

enfermeiras, em busca de avaliar a assistência ao pré-natal de baixo risco realizada

por estes profissionais.

Dentre os questionamentos que abordaram o perfil dos profissionais estavam

questões objetivas, como gênero, idade, renda familiar, renda na instituição,

estado civil, número de filhos, tempo de conclusão do curso de graduação, tempo

de atuação na instituição e emprego em mais de uma instituição.

As questões subjetivas buscaram responder os objetivos específicos do

estudo que abordaram temas como qualificação profissional, percepção da própria

prática de pré-natal, dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na assistência pré-

natal. Além disso, aborda as ações de enfermagem e sua relação com os

indicadores da rede cegonha, tais como o mínimo de seis consultas de pré-natal,

educação em saúde, referência para maternidade com o intuito de a gestante

conhecer seu local de parto e para o atendimento de alto risco, as medicações na

gestação e orientação quanto a automedicação, solicitação e avaliação de exames,


27

referência para o odontólogo, ações de anamnese e exame físico e captação

precoce das gestantes.

O procedimento de coleta de dados deu-se através de uma entrevista com as

enfermeiras que compõe a estratégia de saúde da família, em busca dos

depoimentos acerca de suas ações desenvolvidas durante a consulta de pré-natal,

envolvendo os indicadores de qualidade da assistência preconizados pelo Ministério

da Saúde. Essa atividade aconteceu no período de dezembro de 2015 e janeiro de

2016, após aprovação em comitê de ética e pesquisa. O processo de coleta de

dados foi realizado mediante entrevista diretamente com a enfermeira de forma

oral, e o pesquisador transcrevia de forma escrita em um questionário e através

das próprias respostas escritas no questionário.

Os dados de caracterização foram analisados por estatística descritiva,

através de números absolutos e porcentagens no software Microsoft Excel® for

Windows. Enquanto os dados qualitativos que se caracterizam pelos depoimentos

das enfermeiras, foram categorizados e analisados de acordo com Bardin 2009. 13

Segundo esse autor, a análise dos dados passa pela codificação, classificação e

categorização, o que facilita a interpretação dos mesmos.

Para criar as categorias, as respostas das participantes foram analisadas a

partir de repetidas leituras, a fim de extrair a essência de seus depoimentos e

representá-la adequadamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo avaliou 11 questionários de enfermeiras que compõem a Estratégia

de Saúde da Família do município de Lagarto e que realizam a assistência ao pré-

natal.
28

Os sujeitos participantes da pesquisa são todos do gênero feminino,

resultado que reforça a predominância de mulheres constituindo a classe dos

trabalhadores de enfermagem. A faixa etária é variada, dos 26 aos 52 anos de

idade. Quanto ao estado civil das entrevistadas três estão solteiras, quatro

casadas, duas em união estável e duas divorciadas. A quantidade de filhos destas

profissionais varia de zero a dois filhos. A renda familiar das participantes,

considerando o valor do salário mínimo atual no país de R$ 880,00, varia de R$

3.400,00 a R$ 9.000 reais, com média de R$ 5.133,33 e a remuneração na

instituição na qual atuam, variam de R$ 2.800,00 a R$ 3.500,00 reais, com média

de R$ 3. 053,38 reais. O valor da renda familiar não foi informado por cinco

enfermeiras e o valor da remuneração na instituição não foi informado por três

participantes.

Quanto à formação profissional podemos observar que o maior percentual

das entrevistadas, 63,6%, possui entre três a cinco anos de formação e 27,2%

possuem tempo de formado que varia de 14 a 26 anos; quanto ao tempo de atuação

na estratégia de saúde da família, as respostas variam de um a oito anos; 27,2%

afirma ter mais de um emprego, um ou dois empregos, e 72,7% disseram que não

possuem outro emprego.

A análise qualitativa dos dados foi realizada mediante a análise de conteúdo

proposta por Bardin 200913, a partir da qual emergiram três categorias temáticas:

qualificação profissional e a assistência ao pré-natal; satisfação versus dificuldades

na prática do pré-natal e ações de enfermagem e os indicadores de assistência.

Categoria A- Qualificação profissional e a assistência ao pré-natal

Segundo Pedreira 2009,14 o que fundamenta a prática de enfermagem com

qualidade é realizar os cuidados certos, da maneira certa, no momento certo, para


29

a pessoa certa, com a maior informação científica disponível. Dessa maneira,

destaca-se a importância de o profissional dedicar-se baseado na tríade do ensino,

pesquisa e assistência e se qualificar com o principal objetivo de prestar o melhor

cuidado, como explicitado no depoimento a seguir:

Percebo que minha prática no pré-natal é boa, atendo a

gestante como o todo, não somente voltado à gestação. Estou

realizando especialização em obstetrícia, onde isso esta

ajudando muito no dia a dia para realização da minha

consulta pré-natal. (Enf. 08)

A fala acima reflete uma importante temática para a atuação da

enfermagem, a prática baseada em evidências, que reforça a importância da

qualificação profissional na área de atuação para uma assistência eficaz e segura, a

qual estimula a mudar o conceito de consertar as falhas do sistema e passar a

centrar seus esforços em ações pautadas em informações disponíveis e atualizadas,

com base em pesquisas que tornam o cuidado mais qualificado e seguro, 14 como

relatado abaixo:

Percebo que com a especialização voltada ao assunto facilitou

bastante, visto que pré-natal é um dos programas que realizo

com satisfação. (Enf. 02)

A pesquisa entre os enfermeiros participantes mostrou que todos possuem

curso de pós-graduação; uma enfermeira informou ter especialização em

ginecologia e obstetrícia, três em enfermagem obstétrica e neonatologia, uma em

saúde da família e gestão comunitária e duas em urgência e emergência e UTI,

entre outras pós-graduações citadas: administração hospitalar, gestão das clínicas,


30

regulação, pedagogia da enfermagem, enfermagem do trabalho, preceptoria e

educação profissional na área da saúde.

O aperfeiçoamento através de cursos de pós-graduação tem sido buscado por

muitos enfermeiros, visto que atualmente este é um diferencial na contratação de

profissionais qualificados para o mercado de trabalho. Além de aprofundar os

conhecimentos adquiridos na graduação, utilizando as inovações tecnológicas com

o propósito de atender melhor o paciente e fazer a diferença na enfermagem do

Brasil, onde crescem os números de escolas de formação acadêmica de

enfermagem sem controle rigoroso de qualidade.15,16

A maioria dos profissionais deste estudo n=8 (72,7%) diz ter recebido alguma

capacitação ou atualização voltada ao pré-natal, após a graduação, com os

seguintes temas: Programa Integral a Saúde da Mulher e gestação de alto risco,

teste rápido de HIV e VDRL, aleitamento materno, atualização em Manual de pré-

natal de baixo e alto risco do Ministério da Saúde, atualização de cartão vacinal e

sífilis congênita e treinamento de teste Beta HCG. Dentre os profissionais n= 2

(18,1%) disseram que não tiveram capacitações, cursos ou atualizações referentes

ao pré-natal e apenas um não se recorda no momento. Assim, percebe-se que ainda

é necessária a oferta de capacitações voltada a atuação do enfermeiro no pré-natal

para que este profissional possa realizar condutas adequadas. Esse fato reforça a

importância de especializações para a prática do enfermeiro durante suas

condutas, pois trazem atualidades, tornando o profissional competente para tal,

como mostra a afirmativa a seguir, de Cavalcanti 2010, p. 11:16

A especialização tem efetivamente contribuído para a prática

do enfermeiro à medida que possibilita a sua formação em

diferentes áreas do conhecimento. No que tange à assistência,


31

sem sombra de dúvida a sua contribuição é imensurável, pois

possibilita que as pessoas sejam assistidas com competência.

Portanto, disponibiliza à sociedade enfermeiros interessados,

experientes e habilitados às necessidades humanas segundo a

realidade e capazes de superar as dificuldades práticas de

saúde junto à população com conhecimento e sensibilidade.

Para melhoria da qualidade da assistência de Enfermagem

prestada nos serviços de saúde.

De acordo com Carotta 2009,17 uma das alternativas para capacitar os

profissionais em serviço é a educação permanente considerada uma estratégia que

busca refletir sobre as práticas cotidianas dos serviços de saúde, com o objetivo de

realizar ações que qualifiquem a atenção à saúde, de modo que tragam

atualizações importantes para os profissionais aplicarem no trabalho. É função os

gestores municipais disponibilizarem essa atividade no campo de trabalho visando o

melhor atendimento no cotidiano.17

Este estudo investigou a disponibilidade de educação permanente pelo

município voltado ao pré-natal, entre os participantes quatro sujeitos informaram

que não há educação permanente relacionado a este tema, duas relatam não

lembrar, uma relatou que o município já disponibilizou, mas ultimamente não se

tem educação permanente com regularidade e quatro disseram que o município

disponibiliza educação permanente para os enfermeiros, Dentre os temas relatados

estão: semana da criança, aleitamento materno, importância do pré-natal, citado

por dois sujeitos, sífilis, esquema vacinal e o mais recente microcefalia.

Já realizou, mas ultimamente não temos educação

permanente com regularidade. (Enf. 03)


32

Sim. Acontece várias capacitações: sífilis, esquema vacinal e o

mais recente foi sobre microcefalia. (Enf. 07)

Diante disso, a educação permanente assume um papel importante no que

concerne a atualização dos profissionais de enfermagem para desenvolverem uma

consulta de pré-natal com qualidade e melhores atitudes em busca de uma

assistência eficaz e segura, assegurando qualidade de vida as gestantes e refletindo

na redução da morbimortalidade materna e neonatal. 9

A atuação do enfermeiro no pré-natal tem assumido papel de destaque como

preconizado no programa de assistência ao pré-natal de baixo risco do Ministério da

Saúde. Segundo o protocolo ministerial cabe ao enfermeiro, entre outras

atribuições, “realizar consulta de enfermagem, solicitar exames de rotina, realizar

anamnese e exame físico, fazer busca ativa das gestantes faltosas, realizar

captação precoce ate 120 dias de gestação e avaliar cartão de vacinas e desenvolve

um papel importante na área educativa e de humanização”. 9,18 Evidenciado na fala

a seguir:

O pré-natal oferecido pela rede pública no município tem boa

aceitação pelas gestantes, as quais comparecem as consultas

tanto para consulta de enfermagem como médica, sendo

assim considero boa. (Enf. 09)

Sendo assim, uma assistência pré-natal de qualidade reflete na adesão das

mulheres as consultas e a partir disso trazendo os benefícios e melhores

prognósticos de saúde para as gestantes. A exemplo, Silva e colaboradores 7 dizem

em seu estudo que o acolhimento e humanização da gestante nas consultas,

contribui para que esta mantenha um vínculo com os serviços de saúde e tenha um

desfecho perinatal favorável, reduzindo os riscos de intercorrências.


33

Categoria B- Satisfação versus dificuldades na prática do pré-natal

O cuidar é o alicerce da profissão de enfermagem, é importante observar

quando o profissional exerce suas obrigações por que gosta, sente-se bem, respeita

o paciente e não apenas exerce sua profissão pelo fator remuneração. Nesta

pesquisa é notório observar a satisfação dos enfermeiros ao prestarem a assistência

de pré-natal:

A consulta do pré-natal é complexa, porém procuro assistir

estas mulheres o melhor que posso, examinando, orientando e

ouvindo suas dúvidas, queixas e apoiando-as e as famílias.

(Enf.01)

Percebo que evoluo e enriqueço a cada ano, com a vivência de

cada história das gestantes, com a disposição pra aprender e

enfrentar as dificuldades na prestação dessa assistência, além

da pesquisa nos Manuais do Ministério, e da minha

experiência como mãe. (Enf11)

As falas acima ressaltam a necessidade de a prática do cuidar em saúde ser

pautada na humanização e acolhimento, para que as gestantes se sintam singulares

no atendimento, fato que favorece o vínculo com os serviços de saúde durante todo

o ciclo gravídico e puerperal. Pequenas atitudes, como sorrir, ouvir, dialogar,

manter respeito com seu modo de viver e sua cultura e compreender a gestante

como um todo, constituem um grande passo para o parto humanizado e para que a

gestante e profissional estejam satisfeitas com o cuidado prestado. O diálogo entre

profissional de saúde e gestante é de extrema importância para facilitar a

avaliação diagnóstica e sanar possíveis riscos a mãe e o bebê.7


34

Nesse sentido, o cuidado de enfermagem na assistência pré-natal ganha

importante destaque à medida que a atenção oferecida apresenta resolutividade e

o profissional demonstra competência. A escuta qualificada do enfermeiro durante

a atenção à gestante e seus familiares refletem o compromisso e empatia

necessários ao fortalecimento do vínculo e da confiança entre ambos. Tal atitude

resulta em humanização e disposição para preparar a futura mãe para o nascimento

do seu bebê, mediante a implementação de um plano de cuidados voltado as

necessidades específicas de cada uma.19 A fala abaixo exemplifica estas ações:

Acredito que realizo um atendimento humanizado, fazendo

uso da técnica durante as consultas, orientando a paciente,

procuro sempre analisar e observar detalhadamente exames e

qualquer sinal que a gestante venha apresentar. (Enf. 03)

Tento me doar o máximo que posso para todas as minhas

gestantes serem assistidas de acordo com que o serviço

oferece. (Enf. 04)

Segundo o Ministério da Saúde 2006,20 a humanização é fundamental para

uma atenção qualificada ao binômio mãe e filho. A humanização e acolhimento são

ações que refletem na relação profissional/usuário assumindo uma postura ética e

solidária em todos os serviços e níveis de atenção a saúde. Atitudes como chamar o

paciente pelo nome e se apresentar para o paciente, informar qual o procedimento

será realizado, garantir a privacidade e confidencialidade, entre outras, são ações

de um bom acolhimento e humanização.

“Um SUS humanizado é aquele que reconhece o outro como legítimo cidadão

de direitos, valorizando os diferentes sujeitos implicados no processo de produção

de saúde.”20:5
35

Esse conceito revela a importância de transcender o tecnicismo tão evidente

na prática de muitos profissionais, ainda hoje, como é possível observar em uma

das falas descritas acima. Outro aspecto que chama a atenção diz respeito às

condições de trabalho dos profissionais de saúde, principalmente aquelas

relacionadas a estrutura física dos serviços, aos equipamentos disponíveis para

investigação clínica e apoio dos gestores. Relatado na fala a seguir:

Consultório muito quente, Sonar pouco sensível, enfermeira

não solicita ultrassonografia e a não contra referência do

gineco-obstetra. (Enf. 01)

Nesse contexto, destaca-se a inexistência de protocolos municipais que

definam claramente a atuação do enfermeiro na consulta de enfermagem como,

por exemplo, a solicitação de exames como a ultrassonografia. Os protocolos

municipais têm a finalidade de determinar as atribuições profissionais do

enfermeiro, utilizando como base o protocolo ministerial e a lei do exercício

profissional da enfermagem regulamentada pelo decreto 94.406/87. A ausência

desse instrumento legal restringe a atuação do enfermeiro, no que tange a ações

como as solicitações de exames.

Outro aspecto importante refere-se à organização da demanda para o

atendimento das gestantes, como revela a fala a seguir:

Tenho uma demanda muito grande de gestantes e às vezes

não tenho tempo de realizar as consultas com exame físico

detalhado, dessa maneira realizo o exame dos sistemas

específicos. (Enf. 03)

Diante desse depoimento, ressalta-se a importância de organizar os serviços

para que o fluxo de atendimento flua de modo a atender as gestantes de forma


36

universal, integral, sem que ninguém fique sem assistência. Como sugestão para

minimizar esse impasse da demanda de gestantes, pode-se, através de uma

organização de fluxo, incluir mais um turno ou um dia para atender a todas essas

mulheres sem prejuízo algum. Além disso, de acordo com o protocolo de atenção

ao pré–natal de baixo risco a realização do exame físico completo se faz obrigatória

na primeira consulta, nas consultas subsequentes a recomendação é a avaliação

gineco-obstétrica.9

A grande quantidade de gestantes na área, refletindo

diretamente no tempo de duração da consulta, o que me traz

a necessidade de reduzir o número de atendimentos de pré-

natal no dia, por se tratar de uma consulta longa e complexa.

E, em especial, a quantidade exagerada de impressos para

preencher. (Enf. 11)

A fala acima reforça a necessidade de organizar o fluxo de atendimento as

gestantes e acrescenta o aspecto burocrático dessa atividade. A exemplo disso,

tem-se o prontuário, as fichas dos sistemas de saúde como e-SUS, SIS-PRÉ-NATAL,

SINAN (Sistema de notificação de doenças e agravos), entre outros.

Nesse sentido, Ricaldoni e colaboradores 21 informam em seu estudo que o

enfermeiro exerce mais funções administrativas, o que reflete no papel principal

do enfermeiro, que é o cuidar. Faz-se, portanto, a relação com a realidade

vivenciada em que os enfermeiros se preocupam em administrar bem o tempo pela

demanda, os vários impressos que permeiam a atenção básica, a equipe e os vários

pontos de apoio referentes à determinada unidade básica de saúde, como foi

relatado acima.
37

Outra dificuldade citada diz respeito a não adesão das gestantes ao pré-

natal, que pode ser reflexo da falta de informação ou insatisfação com o

atendimento. Porém, acredita-se que com ações de educação em saúde de

qualidade, reforçando a importância de um acompanhamento de pré-natal e

através da busca ativa destas gestantes haja uma melhoria da referida questão:

Algumas mulheres, multíparas que por experiência, não

valorizam a consulta. E a captação precoce, que algumas

primíparas e solteiras escondem por muito tempo a gestação.

(Enf. 06)

A maior dificuldade ultimamente é o inicio tardio do pré-

natal, muitas gestantes demoram a comparecer no inicio do

1º trimestre, o que dificulta na identificação precoce das

doenças, inicio do esquema vacinal. (Enf. 09)

Outro fator avaliado nesta pesquisa, de suma importância, é a captação

precoce das gestantes que deve ocorrer até 120 dias de gestação. Esta pesquisa

mostrou que ainda é necessário sensibilizar os profissionais para que aconteça a

captação precoce das gestantes, visto que na realidade pesquisada as enfermeiras

tem dificuldade para que isto aconteça. Seguem os depoimentos que sinalizam este

fator:

Cada ACS é orientado e sabe da importância de captar a

gestante no 1º trimestre, a maioria das gestantes são

captadas antes das 12 semanas, quando não conseguimos

realizamos busca ativa. (Enf. 03)


38

Ainda sinto dificuldade, porém cobrando bastante dos ACS,

esse tempo hábil e importante de captação, podendo adquirir

melhor as informações. (Enf. 06)

O principal intuito da captação precoce das gestantes é assegurar à mulher a

adesão ao acompanhamento de pré-natal, identificar alterações patológicas no

organismo materno e fetal que possam ser descobertas o mais breve possível e

intervenções sejam realizadas de imediato e a garantir o mínimo de seis consultas

como preconizado. Além disso, a gestante será educada desde cedo quanto às

informações necessárias para o curso da gestação e puerpério, de preferência que

estas já venham realizando o planejamento familiar 9. Diante disso, destaca-se a

importância da equipe multiprofissional como responsáveis por essa captação.

Categoria C- Ações de enfermagem e os indicadores de assistência

É durante a consulta de enfermagem na assistência ao pré-natal que é

possível identificar precocemente alterações no ciclo gravídico, prevenir possíveis

doenças, atendendo as necessidades de cada paciente, diminuindo assim os índices

de mortalidade materna e neonatal por causas evitáveis, considerado um problema

de saúde pública.22

É por meio das ações realizadas na consulta de enfermagem que é possível

atingir os indicadores de qualidade da assistência, preconizados pelo Ministério da

Saúde, seguindo protocolos, como o mínimo de seis consultas de pré-natal,

captação precoce das mulheres até 120 dias de gestação, atividades educativas,

anamnese e exame clínico-obstétrico da gestante, exames laboratoriais,

imunizações, avaliação de estado nutricional e referência para a maternidade.9

Quando questionadas a respeito das ações para alcance dos indicadores de

qualidade da assistência pré-natal, observam-se os seguintes relatos: Quanto ao


39

mínimo de seis consultas no atendimento a gestantes, pode-se perceber que este

indicador é atingido por todas as enfermeiras, com o apoio dos agentes

comunitários de saúde na busca ativa destas gestantes faltosas e para que o início

do pré-natal seja o mais precoce possível.

Comunico aos ACS, faço busca ativa, intercalo com a médica

da equipe as consultas e oriento quanto a importância de

voltar. (Enf.04)

Porém algumas enfermeiras do município de Lagarto, preconizam o número

de 07 consultas:

Preconizamos 07 consultas, as consultas são mensais e após a

38º semana gestacional passa a ser quinzenalmente (Enf. 01).

O ministério da saúde preconiza o mínimo de seis consultas, distribuídas em

uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre.

Essas consultas são distribuídas conforme o risco materno e fetal. No primeiro

trimestre, quando deve acontecer de forma precoce, acontece as avaliações de

risco gestacional, solicitações de exames e a burocracia de impressos dos sistemas

de informação em saúde. O segundo trimestre está relacionado ao

acompanhamento de exames, avaliação da gestação e crescimento fetal. Já no

terceiro trimestre, em que são dedicados os maiores números de consultas está

relacionado a fase gestacional que visa à avaliação de possíveis intercorrências e

riscos fetais no final da gestação.9-23

É através desse mínimo de seis consultas que se tenta assegurar à mulher

uma assistência de qualidade, com um acompanhamento adequado, avaliando seu

estado físico e emocional e os exames em busca de possíveis alterações

patológicas. Esse é o mínimo necessário para que se busque o melhor


40

atendimento.9 Além do mínimo de consultas preconizado, existe também um

empenho em assegurar a captação precoce das gestantes, como relatado a seguir:

A busca precoce pelo agente de saúde na comunidade das

mulheres em idade fértil com atraso menstrual, a busca ativa

das faltosas, através disso consigo atingir a media das seis

consultas. (Enf. 09)

Além da preocupação exposta acima no pré-natal, a educação em saúde é de

extrema importância para propor informações pertinentes às gestantes, sanando

suas dúvidas e devendo ser com uma linguagem clara e objetiva. Acredita-se que

ações de educação em saúde trazem melhorias na qualidade da atenção primária e,

consequentemente, refletem nos índices de morte materna e neonatal. 24 É

evidenciado através dos depoimentos que neste município são realizadas atividades

educativas com as gestantes:

Realizo grupos de gestantes em parceria com o CRAS, onde os

encontros são mensais com diversos temas e durante as

consultas procuro orientar as gestantes, além de sanar suas

dúvidas. (Enf. 03)

A educação em saúde deve ser realizada, seja ela de forma individual ou em

grupo, na sala de espera, durante a consulta ou em grupos de gestantes em

parceria com outros órgãos da saúde. O importante é ser realizado e de forma que

as gestantes possam aprender e reproduzir. É válido ressaltar que atividades

educativas são realizadas pelas enfermeiras do município, porém algumas delas

encaminham as participantes para a maternidade, onde lá é realizado o grupo de

gestantes, com atividades de educação em saúde, e outras fazem esta educação

em saúde de forma individual durante as consultas ou nas salas de espera.


41

Promovo educação em saúde mensalmente e durante as

consultas faço algumas orientações. (Enf. 05)

Além dessas atividades de educação em saúde realizadas na maternidade de

referência do município, as gestantes conhecem seu local provável do parto e as

mulheres de alto risco também são encaminhadas para terem atendimento com

obstetra específico, sendo referenciadas pela enfermeira ou médicos da equipe da

estratégia de saúde da família.

As gestantes sabem que a maternidade de referência do

município é a Zacarias Júnior, oriento elas para procurar o

estabelecimento em caso de algum sinal de risco e as

encaminho para o grupo de gestante da maternidade, cujos

encontros são mensais e durante os encontros as gestantes

conhecem o espaço da maternidade e tem orientações (Enf.

03)

A referência para a maternidade foi uma iniciativa oferecida pela estratégia

da Rede Cegonha em 2011, compondo uma de suas diretrizes com o objetivo de

proporcionar vínculos entre os serviços oferecidos para o parto, os profissionais, as

gestantes e os familiares. Diante disso, a mulher conhece seu local de parto e em

alguma intercorrência sabe para onde deve ser encaminhada.8

Agendo as gestantes para um encontro na maternidade

Zacarias Junior, mensalmente, onde conhecem o seu lugar do

parto e tem atividade de educação em saúde. (Enf. 04)

Na consulta de pré-natal, o enfermeiro deve atentar para os procedimentos

e rotinas protocoladas pelo Ministério da Saúde; entre eles, uma anamnese

completa com história clínica da gestante, familiar, ginecológico e obstétrico,


42

levantamento sobre dados da sexualidade, as doenças sexualmente transmissíveis e

informações sobre a gestação atual.

Além de verificar questão vacinal, realizar exame físico geral e específico

com cálculo da idade gestacional (IG) e data provável do parto (DPP), índice de

massa corpórea (IMC), pressão arterial, peso e altura, palpação obstétrica com as

manobras de Leopold, medição de altura uterina, batimentos cardiofetais, pesquisa

de edemas, solicitação e avaliação de exames laboratoriais e ultrassonografia

(USG) e prescrever as suplementações necessárias, a exemplo o ácido fólico e o

sulfato ferroso.9

Na anamnese e no exame físico realizados pelas enfermeiras, estas, em sua

maioria, reclamam do tempo dedicado às gestantes, referindo-se à grande

demanda e à quantidade de impressos que refletem o desempenho dessas ações.

Afirmam não realizarem uma anamnese e exame físico de forma completa, apenas

com o foco ginecológico e obstétrico, como é observado na fala a seguir:

Realizo em todas as consultas ou sempre que seja necessário,

tudo que diz respeito a avaliação da gestante, não completa

por que não dá tempo. (Enf. 08)

Não realizo o exame físico completo devido a grande

demanda, mas sempre que possível realizo, dou maior ênfase

nos detalhes da gestação. (Enf. 03)

Além disso, durante a gestação a mulher deve receber a suplementação de

sulfato ferroso e ácido fólico e deve ser orientada quanto à automedicação. Toda

gestante deve utilizar apenas medicações com prescrição médica.

Prescrevemos ácido fólico e sulfato ferroso ou polivitamínico,

orientamos quanto a importância do uso correto e só fazer o


43

uso da medicação com prescrição médica ou da enfermeira.

(Enf. 04)

Entre outras atividades, é de responsabilidade da enfermeira prescrever

essas suplementações, de acordo com o protocolo ministerial, e orientar quanto a

sua ingestão. É notório observar que, de acordo com as falas, as enfermeiras não

costumam orientar suas gestantes quanto à automedicação e os riscos que esta

podem trazer:

No ato do cadastro prescrevemos o ácido fólico 5 mg 01

comprimido às 10 horas e sulfato ferroso 01 comprimido após

o almoço até avaliação médica. Em muitas consultas não me

lembro de orientar quanto a automedicação. (Enf. 02)

O Ministério da Saúde recomenda a suplementação de ferro de 40mg/dia,

uma hora antes das refeições, prevenindo baixos níveis de hemoglobina e deve ser

mantida no pós-parto e no pós-aborto por três meses. Enquanto o ácido fólico ou

folato peri-concepcional evitam defeitos no tubo neural no bebê, ele deve ser

ingerido por dois meses antes da concepção e nos dois primeiros meses após. 2

Há suplemento nutricional com acido fólico até 3 meses

gestacional e sulfato ferroso até 3 meses pós-parto. Oriento a

não automedicação ou indicado por outros sem prescrição

médica. (Enf. 01)

Em relação aos exames complementares e de rotina no pré-natal indicados

pelo Ministério da Saúde, é necessário que as gestantes realize-os, pois são

necessários para avaliação de seu processo saúde-doença. O município em questão

disponibiliza todos os exames preconizados e em tempo oportuno, notado na fala a

seguir:
44

No cadastro é solicitado os exames de 1º trimestre e USG,

conforme protocolo e no 3º trimestre, caso seja de baixo

risco, caso seja de alto risco ou alguma anormalidade durante

a gestação solicito com mais frequência. Os exames na

primeira consulta já entrego agendado facilitando para as

gestantes e fazendo com que receba mais precoce. (Enf.02)

Os exames preconizados pelo Ministério da Saúde para o atendimento de

baixo risco são: hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh, coombs indireto (se for

Rh negativo), glicemia de jejum, teste rápido de triagem para sífilis, anti-HIV,

toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para hepatite B, exame de urina e urocultura,

ultrassonografia obstétrica, citopatológico de colo de útero, parasitológico de

fezes, eletroforese de hemoglobina. E com a estratégia da Rede Cegonha foram

acrescentados mais alguns exames como: teste rápido de gravidez, teste rápido de

sífilis, teste rápido de HIV, acréscimo de mais um exame de hematócrito,

hemoglobina, ampliação do ultrassom obstétrico para 100% das gestantes,

proteinúria (teste rápido), teste indireto de antiglobulina humana (TIA) para

gestantes que apresentarem RH negativo. Esses exames diagnosticam

precocemente possíveis agravos à saúde da gestante, podendo tratá-la e assegurar

um parto seguro.8,9

Os exames são solicitados em trimestres distintos de acordo com a idade

gestacional, sendo que no primeiro trimestre ou primeira consulta são solicitados

todos os exames preconizados, no segundo trimestre pede-se apenas coombs

indireto, caso o Rh da mãe for negativo e o teste de tolerância a glicose 75 % e no

terceiro trimestre repete-se alguns exames do primeiro trimestre. Há também a

referência para o odontólogo, preconizado pelo Ministério da Saúde 2, em que as


45

gestantes tem sua saúde bucal avaliada. Na realidade da pesquisa, as gestantes são

referenciadas pela enfermeira da equipe de saúde da família, para o dentista da

mesma equipe ou encaminhadas para o Centro de Especialidades Odontológicas

(CEO), evidenciado na fala a seguir:

Na primeira consulta já encaminha a gestante para avaliação

odontológica, observando casos de gengivites, muito comum

na gestação. (Enf. 09)

A referência para o atendimento com o dentista é necessário para se avaliar

fatores de risco que possam impedir o desenvolvimento da gravidez. 9

Por fim, para a realização desta pesquisa foram encontradas dificuldades,

dentre elas o fato de o período de coleta após aprovação em comitê de ética e

pesquisa coincidir com as férias de algumas enfermeiras. Outras dificuldades foram

as demissões de enfermeiras do município, limitando o número da amostra que era

composta por todas as enfermeiras atuantes na cidade de Lagarto, além das

enfermeiras que não mostraram interesse em participar.

CONCLUSÃO

Conclui-se com esta pesquisa que a enfermagem desempenha um importante

papel às gestantes no pré-natal de baixo risco. Sabe-se que no pré-natal é possível

acompanhar a gestação, sanar as dúvidas, anseios, minimizar a ansiedade e as

angústias da mulher, além de fazer avaliações que possam detectar precocemente

alterações na gestação, evitando assim a mortalidade materna e neonatal.

Com análise dos resultados obtidos nesta pesquisa, fica claro que o pré-natal

deve ser realizado de forma humanizada, acolhedora e qualificada. Diante disso, o

enfermeiro é o profissional de maior destaque no pré-natal. São suas ações

preconizadas pelo Ministério da Saúde que tornam o pré-natal satisfatório,


46

minimizando os riscos para as gestantes, além de ser fator de avaliação da

qualidade da assistência voltada às mulheres grávidas.

De acordo com os depoimentos coletados, tornou-se evidente que o pré-

natal de baixo risco no município de Lagarto realizado pelos enfermeiros é feito de

forma satisfatória, sendo necessárias estratégias para a melhoria do atendimento a

gestantes. No entanto, apesar dos grandes impasses citados por elas, como a

grande demanda, espaço físico inadequado, materiais de baixa qualidade, entre

outros, ficou evidente a satisfação das enfermeiras na realização do pré-natal.

Uma assistência pré-natal de qualidade dá-se através do seguimento de

normas e protocolos e de um profissional qualificado. Neste estudo, destacou-se a

importância da qualificação profissional e da educação permanente para os

profissionais que atuam juntamente com a gestante e parturiente. É necessário que

os gestores deste município e discentes da Universidade sediada na mesma cidade

unam-se e desenvolvam ações de educação permanente para os profissionais que

atuam na atenção básica local, com ênfase na atenção às mulheres da região,

principalmente em seu ciclo gravídico-puerperal, pois é nesta fase que as mulheres

precisam de mais atenção.

Ao final deste estudo, percebe-se que as ações de enfermagem consideradas

importantes indicadores da qualidade da assistência, como anamnese e exame

físico, são realizadas de maneira superficial devido à grande demanda citada pelas

enfermeiras, além de não haver captação precoce das gestantes de forma

satisfatória por depositarem toda a responsabilidade aos agentes comunitários de

saúde, sendo que existe uma equipe multiprofissional atuando na estratégia de

saúde da família.
47

Ficou evidenciado a pouca valorização da realização da educação em saúde e

de promoção e prevenção no âmbito da assistência ao pré-natal, para a qual ficou

evidenciada a pouca valorização dessa prática. Diante disso, é necessário

incentivar a enfermagem a ter um olhar crítico em relação a este tema e mostrar o

quanto é valioso cada informação que é passada ao paciente e/ou gestante, bem

como incentivar a realizarem atividades de educação em saúde com as gestantes,

pois esse é o principal objetivo da atenção primária em saúde.

Porém, apesar de toda a dificuldade encontrada, os objetivos propostos pelo

estudo foram atingidos, avaliando as ações da enfermagem na assistência pré-natal

no município em questão. E espera-se que este estudo possibilite uma reflexão

crítica para os enfermeiros e gestores do município para a melhoria da assistência

pré-natal e aos futuros enfermeiros como agentes modificadores da realidade.

REFERÊNCIAS

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atualizada. Com. Ciências Saúde. 2011; 22(1): 141-152.

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assistência pré-natal segundo os critérios do Programa de Humanização do Pré-

natal e Nascimento e Rede Cegonha. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2014, 36(2):56-64.

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48

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8. Brasil MS. Portaria n. 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui, no âmbito do

Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Diário Oficial da União: Brasília.

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9. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de

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10. Martins QPM, Ferreira GSM, Aragão AEA, Gomes FMA, Araújo LM, Ferreira FIS.

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enfermagem. Rev. SANARE, 2015, 14(02):65-71.

11.Cunha MA, Mamede MV, Dotto LMG, Mamede FV. Assistência pré-natal:

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12.Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de

evidências para a prática da enfermagem. 2011,7ª ed. Porto Alegre: Artmed.

13.Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.

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49

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20. Brasil MS. Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 3. ed.

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21. Ricaldoni CAC, Sena RR. Educação permanente: uma ferramenta para pensar e

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22. Fontanella APS, Wisniewski D. Pré-natal de baixo risco: dificuldades

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clinical Research. 2014, 7(3).

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Assistência ao pré-natal: perfil de atuação dos enfermeiros da estratégia de saúde

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50

24. Souza ES, Nazareth IV, Gonçalves APO, Santos IMM. O olhar das mulheres-mães

sobre a assistência ao pré-natal. Rev enferm UFPE on line, 2013, 7(8):5135-42, ago.

Recife.
51

APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. ANTONIO GARCIA FILHO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO/TCC

QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA COM OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

NÚMERO:________

IDENTIFICAÇÃO

Idade:_____________ Gênero: F ( ) M( ) Titulação:____________________

Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) união estável

( ) divorciado ( ) viúva

Número de filhos: _____________________

Renda familiar: ___________________ Remuneração nesta instituição:______________

Tempo de formado: _________________ Tempo de atuação na ESF:__________________

Tem mais de um emprego? Se sim, quantos? ____________________________________

 Responda a seguir as seguintes questões:

1. Possui curso de pós-graduação, especialização, mestrado ou doutorado? Em qual área?

___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2. Você recebeu alguma capacitação, curso, atualização ou treinamento na área de assistência


ao pré-natal depois da formação profissional? Se sim, qual?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3. A secretaria de saúde do município realiza atividades de educação permanente voltadas ao


pré-natal? Quais ?
52

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

4. Como você percebe sua prática de pré-natal?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5. Quais as dificuldades que você identifica para realizar o pré-natal?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

6. Quais as estratégias que você utiliza para implementar os indicadores de qualidade do pré-
natal, proposto pelo Ministério da Saúde em sua consulta?

a) Mínimo de 6 consultas:______________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

b) Educação em saúde: _______________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

c) Referência para a maternidade: _______________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

d) Medicação na gestação: _____________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

e) Exames: __________________________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
53

f) Referência para o dentista:____________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

g) Anamnese: _______________________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

h) Exame físico: _____________________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

i) Encaminhamento para atendimento de alto risco?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

j) Vacinação:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

7. Está satisfeito (a) com sua atuação profissional na assistência de pré-natal?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________ Obrigada pela participação!
54

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. ANTONIO GARCIA FILHO
 

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, da pesquisa
“Qualidade da assistência pré-natal no interior de Sergipe”. A pesquisa será realizada pela
aluna de graduação em enfermagem, Natália de Jesus Leal, sob a orientação da Prof.ª Me.ª
Maria do Socorro Claudino Barreiro.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte
do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias, uma delas é sua e a outra é
do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não terá nenhum prejuízo.
 O objetivo deste estudo é verificar a qualidade da assistência de pré-natal no
município de Lagarto-SE. Será analisado os indicadores de assistência de pré-natal proposto
pelo Ministério da Saúde, dentro do município e a atuação do enfermeiro nesta consulta. A
pesquisa poderá estimular a elaboração de estratégias de melhorias da assistência voltada as
gestantes do município e contribuir para o crescimento de pesquisas científicas na
enfermagem.
Os dados referentes ao senhor (a) serão confidenciais e será garantido o sigilo durante
toda pesquisa, inclusive na divulgação da mesma. A participação é voluntária e a não
participação NÃO acarretará em qualquer tipo de penalidade.
Considerando os dados acima, CONFIRMO estar sendo informado por escrito e
verbalmente dos objetivos desta pesquisa e AUTORIZO a publicação.
Pesquisadora assistente: Natalia de Jesus Leal
Contatos: (79) 99998 – 4565
e-mail: natalialeal.enf@gmail.com
 Assinatura do participante: .................................................................................................

_______________________________________________________________________________
NATALIA DE JESUS LEAL
PESQUISADORA ASSISTENTE

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