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CENTRO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO

INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DE SAÚDE

Lelandra Afonso Xinavane

Análise das Estratégias Existentes para Melhoria da Qualidade de Dados – O Caso do Centro
de Saúde de Marracuene no Programa de Saúde Materno Infantil - Primeiro Semestre de 2022

Maputo, Novembro de 2022


CENTRO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO
INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DE SAÚDE

Lelandra Afonso Xinavane

Análise das Estratégias Existentes para Melhoria da Qualidade de Dados – O Caso do Centro
de Saúde de Marracuene no Programa de Saúde Materno Infantil - Primeiro Semestre de 2022

Relatório de final do curso apresentado ao


Centro Regional de Desenvolvimento
Sanitário e Instituto Médio Politécnico de
Saúde como requisito para a obtenção do
Grau de Nível Médio em Estatística Sanitária,
sob a supervisão do Formador Carlos Júlio
Macuácua

Maputo, Novembro de 2022


Dedicatória
Dedico este relatório à minha família, em especial a minha mãe e meu noivo que
apesar de sentirem as limitações da minha presença, sempre reconheceram o esforço suplementar
para atingir esta meta.
Agradecimentos

Agradeço, a Deus pelo dom da vida e pela sabedoria, que tem me concedido a
cada dia. A minha mãe, por servir de inspiração e pelo apoio e incentivo para a minha
formação. Ao meu noivo pela compreensão e apoio incondicional neste percurso. Ao
formador Carlos Júlio Macuácua pela disponibilidade, atenção e paciência para a
efetivação deste trabalho. Á equipe do Centro de Saúde de Marracuene, e todos os
formadores do Centro Regional de Desenvolvimento Sanitário de Maputo, que
contribuíram de forma eficaz no meu processo de aprendizagem, no decorrer do curso.
Agradeço ainda o contributo de Colegas que me ajudaram a atingir esta meta. Agradeço
aos meus irmãos e sobrinhos, que sempre estiveram presentes e me apoiaram em todos os
momentos. A todos, que directa ou indirectamente contribuíram para a materialização
deste trabalho.

Muito Obrigada!

i
RESUMO

Introdução: Para a efectiva utilização dos dados do Sistemas de Informação de Saúde (SIS) nos processos
decisórios é essencial assegurar sua confiabilidade, porque informação é essencial nos processos de planeamento e
de tomada de decisão da gestão, auxiliando na análise da situação de saúde, monitoria e avaliação de acções,
serviços e programas, o que é fundamental para estabelecer prioridades, alocar e gerir recursos de forma a melhorar
as condições de vida e saúde da população. Justificativa: Apesar do contínuo progresso dos Sistemas de Informação
de saúde (SIS), existem evidências de problemas na qualidade dos dados e há pouco conhecimento sobre seus
factores determinantes. Além disso, o SIS não é um sistema eficaz, de qualidade e eficiente. Problema: No intuito
de querer perceber as estratégias implementadas no Centro de Saúde de Marracuene no programa de Saúde
Materno-Infantil, para melhoria da qualidade de dados, de modo que estes possam providenciar de forma fidedigna,
informação para tomada de decisão. Objectivo: Esse cenário motivou a concepção desta pesquisa que teve como
objectivo geral de analisar as práticas e os mecanismos em vigor para melhoria da qualidade de dados.
Metodologia: Foi conduzido um estudo de abordagem qualitativa, onde participaram do mesmo, 10 Enfermeiras de
Saúde Materno-Infantil, sendo que foi administrado um questionário e guião de observação. A análise dos dados foi
feita com recurso à SPSS e Excel e os resultados foram expressos por tabelas e gráficos. Resultados: Os principais
resultados do estudo revelam uma adequação das práticas ou estratégias usadas para melhoria da qualidade de dados
dos pacientes para obtenção de informação credível, sendo que as formações em serviço, reuniões de balanço do
programa e visitas de apoio técnico no âmbito de monitoria dos indicadores e preenchimento dos instrumentos do
programa são as mais frequentes. Sobre os problemas que afectam a qualidade de dados no programa, as
Enfermeiras estão cientes dos mesmos. Um facto importante nisso, é que são feitas formações em serviço e visitas
de apoio técnico complementadas instrumentos que visam melhorar a qualidade de dados, visto que a maioria dos
livros de registo traz consigo instruções para preenchimento. Conclusão: No cômputo geral, no Centro de Saúde de
Marracuene especificamente no programa de Saúde Materna e Infantil são implementadas boas práticas ou
estratégias para melhorar a qualidade de dados, de modo que estes possam providenciar de forma fidedigna,
informação para tomada de decisão. Considerações: Ainda há a necessidade reforçar com as capacitações aos
profissionais envolvidos nas actividades, fazendo-os reconhecer a extrema importância dos dados e o quão
prejudicam quando não são de boa qualidade, para minimizar os problemas atravessados pelo SIS de modo a
contribuir com mudanças positivas nas condições de saúde da população. Outo aspecto que deve ser levado em
consideração é o cruzamento de dados diariamente para facilitar a análise e elaboração dos resumos mensais, com
vista a reduzir a sobrecarga no final do mês e erros nos relatórios.

Palavras-chave: análise, sistemas de informação de saúde, qualidade dos dados, estratégias,


saúde materno-infantil.

ii
ABSTRACT

Introduction: For the effective use of Health Information Systems (SIS) data in decision-making processes, it is
essential to ensure its reliability, because information is essential in the planning and decision-making processes of
management, helping in the analysis of the health situation, monitoring and evaluation of actions, services and
programs, which is essential to establish priorities, allocate and manage resources in order to improve the
population's living and health conditions. Rationale: Despite the continuous progress of Health Information
Systems (SIS), there is evidence of problems in the quality of data and there is little knowledge about their
determining factors. Furthermore, the SIS is not an effective, quality and efficient system. Problem: In order to
understand the strategies implemented at the Marracuene Health Center in the Maternal and Child Health program,
to improve the quality of data, so that they can reliably provide information for decision making. Objective: This
scenario motivated the design of this research, which had the general objective of analyzing the practices and
mechanisms in place to improve data quality. Methodology: A qualitative study was conducted, in which 10
Maternal and Child Health Nurses participated, and a questionnaire and observation guide were administered. Data
analysis was performed using SPSS and Excel and the results were expressed in tables and graphs.
Results: The main results of the study reveal an adequacy of practices or strategies used to improve the quality of
patient data to obtain credible information, with in-service training, program balance meetings and technical support
visits in the context of monitoring of indicators and completion of program instruments are the most frequent. About
the problems that affect the quality of data in the program, the Nurses are aware of them. An important fact in this is
that in-service training and technical support visits are carried out, complemented by instruments aimed at
improving the quality of data, since most logbooks carry instructions for completion. Conclusion: Overall, in the
Marracuene Health Center, specifically in the Maternal and Child Health program, good practices or strategies are
implemented to improve the quality of data, so that they can reliably provide information for decision making.
Considerations: There is still a need to reinforce the training of professionals involved in the activities, making
them recognize the extreme importance of data and how harmful they are when they are not of good quality, to
minimize the problems faced by the SIS in order to contribute to positive changes in the health conditions of the
population. Another aspect that must be taken into account is the daily cross-referencing of data to facilitate the
analysis and preparation of monthly summaries, in order to reduce the overhead at the end of the month and errors in
the reports.

Keywords: analysis, health information systems, data quality, strategies, maternal and child health.

iii
Lista de Abreviaturas e Acrónimos

AMETRAMO - Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique


APE - Agente Polivalente Elementar
ARO - Alto Risco Obstétrico
CAI -Centro de Atendimento Integrado
CPF - Consultas de Planeamento Familiar
CPN - Consultas Pré-Natal
CPP - Consultas Pós-Parto
CRDS - Centro Regional de Desenvolvimento Sanitário
ESMI – Enfermeira de Saúde Materno-Infantil
MISAU – Ministério da Saúde
PAV – Programa Alargado de Vacinação
PNCT – Programa Nacional de Combate à Tuberculose
PQD - Problemas de Qualidade nos Dados
PTV - Prevenção de Transmissão Vertical
QA – Qualidade de Dados
QVT- Qualidade de vida no trabalho
SAAJ – Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens
SIS - Sistema de informação para saúde
SIS-M&A – Sistema de Informação de Saúde para Monitoria e Avaliação
SMI – Saúde Materno-Infantil
SNS – Serviço Nacional de Saúde
TARV – Tratamento Antirretroviral
US – Unidade Sanitária

iv
Índice
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. i
RESUMO .................................................................................................................................... ii
ABSTRACT ............................................................................................................................... iii
Lista de Abreviaturas e Acrónomos ........................................................................................... iv
Índice de Tabelas e Gráficos ...................................................................................................... iv
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
1.1. Problema de Pesquisa ........................................................................................................... 2
1.2. Justificativa da Escolha do Tema ......................................................................................... 3
1.3. Objectivos de Pesquisa ......................................................................................................... 4
1.3.1. Geral .................................................................................................................................. 4
1.3.2. Específicos ........................................................................................................................ 4
1.4. Hipóteses da Pesquisa .......................................................................................................... 4
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 5
2.1. Quadro Conceptual ............................................................................................................... 5
2.2. Revisão Teórica .................................................................................................................. 11
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................ 12
3.1. Classificação da Pesquisa Quanto ao Objectivo ................................................................ 12
3.2. Classificação da Pesquisa Quanto à Abordagem ............................................................... 12
3.3. Classificação da Pesquisa Quanto à Natureza .................................................................... 13
3.4. Procedimento/ Técnica de Recolha de Dados .................................................................... 13
3.5. Instrumentos e Recolha de Dados ...................................................................................... 13
3.6. Análise e Interpretação de Dados ....................................................................................... 14
3.7. Variáveis............................................................................................................................. 14
3.8. População e Amostra .......................................................................................................... 14
3.9. Critérios de Inclusão e Exclusão dos Participantes ............................................................ 15
3.10. Descrição do Local de Estudo .......................................................................................... 16
3.11. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES DE PESQUISA ................................................ 18
3.12. ORÇAMENTO DE PESQUISA ...................................................................................... 19
3.13. Considerações éticas ........................................................................................................ 20
ii
CAPÍTULO IV: ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 21
CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................... 28
CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 28
CONSTATAÇÕES ................................................................................................................... 29
SUGESTÕES ............................................................................................................................ 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 30
APÊNDICES ............................................................................................................................. 32
ANEXOS ................................................................................................................................... 39

iii
Índice de Tabelas e Gráficos

Tabela 1: Cronograma de actividades ....................................................................................... 18


Tabela 2: Previsão do Orçamento ............................................................................................. 19
Tabela 3: Cruzamento de idade (anos) e nível académico das ESMI’s .................................... 21
Tabela 4: Cruzamento de idade (anos) e tempo de serviço das ESMI’s ................................... 22
Grafico 1:Periodicidade de cruzamento versus envio de dados ................................................ 23
Gráfico 2: Problemas relacionados com a qualidade de dados ................................................. 24
Gráfico 3: Conhecimento sobre a existência de instrumentos que orientam a qualidade de
dados.......................................................................................................................................... 25
Tabela 5: Guião de Observação ................................................................................................ 25
Gráfico 4: Cascata de Prevenção de Transmissão Vertical (PTV)............................................ 27
Figura 1 : Mapa do Distrito de Marracuene .............................................................................. 39

iv
CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO
O presente relatório de final do curso foi elaborado com o objectivo de atender ao
requisito da conclusão do curso de Técnicos Médios em Estatística Sanitária, no CRDS, e tem
como título: Análise das estratégias existentes para a melhoria da qualidade de dados. Assim
como demonstrar a importância significativa do valor dos dados na vida das instituições, pois os
mesmos são imprescindíveis para processos de tomada de decisão.
De acordo com Oliveira (2008), qualidade de dados manifesta-se em contextos onde seja
necessária a detenção e correcção de Problemas de Qualidade nos Dados (PQD). Exemplos
desses contextos podem ter origem numa fonte de dados única como base de dados operacional
ou ficheiro.
Pretende-se estudar o presente tema pois é importante que os dados sejam o mais exatos
possíveis e que transmitam a realidade da unidade sanitária, além disso essa qualidade vai
influenciar diretamente em resultados mais precisos, visto que as informações colhidas serão
filtradas.
A nível metodológico fez-se menção aos seguintes aspectos: a amostra, que é um dos
suportes para a análise de dados, instrumento a ser usado e, por fim, a colecta de dados feita
através da aplicação do questionário.
O presente relatório está dividido em 5 partes, nomeadamente:
A primeira parte é destinada a introdução e referência a problemática que nos leva a fazer
a presente pesquisa, bem como aos objetivos geral e específicos e a justificativa. A segunda parte
busca trazer a revisão da literatura, que fornecerão suporte para a realização do trabalho,
abordando conceitos sobre, qualidade de dados. A terceira parte esta relacionada com os
procedimentos metodológicos realizados nesta pesquisa, definindo o tipo de pesquisa, o método
científico, procedimentos e instrumentos, amostra e tamanho de dados, analise e interpretação
dos dados e as considerações éticas. A quarta parte apresenta o cronograma das actividades, que
comporta a planificação e controlo minucioso e detalhado das actividades a serem executadas
durante o período estimado. Na quinta parte, apresenta-se o orçamento de pesquisa, que
comporta a relação dos recursos e os respectivos valores monetários necessários para o
desenvolvimento das actividades para a execução do trabalho de pesquisa.
1
1.1. Problema da Pesquisa

Conforme Marconi e Lakatos (2009, p.127), o problema de pesquisa consiste em dizer de


maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos
defrontamos e que pretendemos resolver limitando o seu campo e apresentando suas
características.

De maneira geral, os problemas de qualidade nos dados são vistos como erros ou
inconsistências nos dados registados ou armazenados causando prejuízos muito significativos nas
organizações/instituições. É muito provável que se encontrem problemas de qualidade em dados
(PQD) tais como: a falta de corretude, completude, consistência, credibilidade, acessibilidade,
conformidade, precisão, compreensibilidade, disponibilidade, problemas de dados duplicados,
erros ortográficos, entre outros. “A falta de dados completos, relevantes, atualizados e precisos
pode constituir um obstáculo à definição de uma estratégia sólida”. As dimensões de corretude,
consistência e completude destacam-se como as mais relevantes ao contexto deste relatório, visto
que, estas dimensões apresentam características que possibilitam a detecção automática de
problemas de qualidade. Além das classificações dos Problemas de Qualidade dos Dados, é
importante elencar os principais motivos que geram tais problemas. Os principais fatores para
geração de dados de baixa qualidade podem ser divididos em três: 1) Erros humanos no
momento da entrada dos dados, que podem estar associados, principalmente, a erro de digitação,
uso incorreto de abreviaturas e omissão de valores em atributos obrigatórios. e 2) Falhas de
sistema, que podem ocorrer no momento da transmissão, processamento, transformação ou
integração dos dados. 3) Problemas inerentes à organização, que podem ocorrer devido a
processos falhos, baixa capacitação e conscientização dos funcionários, ou estrutura insuficiente
(Oliveira, 2009), por essa razão coloca-se a questão:

Pergunta de partida
Quais são as estratégias em vigor no Centro de Saúde de Marracuene para melhoria da qualidade
de dados, para que estes possam providenciar de forma efectiva, informação para tomada de
decisão?

2
1.2. Justificativa da Escolha do Tema

Segundo Marconi e Lakatos (2008), a justificativa consiste numa exposição sucinta,


porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que impulsionaram
o autor a realizar a pesquisa.

Uma das prioridades do Ministério da Saúde (MISAU) em Moçambique é a diminuição


da mortalidade materna e infantojuvenil, tendo sido definidas para alcançar estes objectivos, as
seguintes estratégias: o atendimento na gravidez e no parto, o planeamento familiar, a
imunização e o tratamento precoce e correcto das doenças frequentes na infância.
O principal objectivo do atendimento pré-natal é a monitorização da gravidez, de modo a
reduzir os riscos que contribuem para a morbi-mortalidade materna e perinatal. No
atendimento/assistência ao parto, a qualidade do atendimento é essencial para a diminuição da
mortalidade materna e perinatal. Deste modo, uma das estratégias prioritárias é a realização dos
partos nas Unidades Sanitárias (US’s), priorizando os partos de Alto Risco Obstétrico (ARO) e a
realização de partos higiénicos em casa, através da capacitação das Parteiras Tradicionais
existentes nas comunidades.
A qualidade de dados constitui um dos activos mais valiosos para os Órgãos de Gestão do
Sector de Saúde, pois, os dados representam os alicerces para o desenho das políticas de saúde
públicas consistentes, programar e gerir programas e serviços de saúde, alocação eficiente e
eficaz de recursos e sustentam o processo de monitoria e avaliação das actividades preventivas,
promotivas e curativas. Não obstante, a qualidade de dados estatísticos sanitários constitui uma
prioridade para todos os níveis ou Órgãos de Gestão do Sector de Saúde, é neste contexto que a
sua melhoria figura-se de extrema importância para o Sistema de Informação de Saúde para
Monitoria e Avaliação (SIS-M&A) das políticas deste sector.

Nesta perspectiva, houve a necessidade de fazer-se o presente estudo no Centro de Saúde de


Marracuene, com enfoque no programa de Saúde Materno-Infantil (SMI) para avaliar-se as
estratégias implementadas para melhoria de qualidade de dados, de tal forma a se produzir
informação com a qualidade exigida, visando melhorar a qualidade dos serviços de saúde
prestados a população.

3
1.2.1. No âmbito Académico
O estudo sobre a qualidade de dados beneficiará aos formandos ou estudantes de cursos
de saúde como instrumento de pesquisa, assim como aos académicos para que se faça um estudo
profundo para a melhoria da qualidade de dados nas unidades sanitárias para melhor tomada de
decisão.

1.2.2. No âmbito Social


A qualidade de dados ajudará na potencialização dos serviços de saúde permitindo a
flexibilidade na produção de informação gerada possibilitando a melhor tomada de decisão e na
busca contínua da satisfação dos utentes que se beneficiam desses serviços.

1.3. Objectivos de Pesquisa

Para Cervo e Bervian (2002), os objectivos definem a natureza do trabalho, o tipo de


problema, o material a colectar, etc.
1.3.1. Geral

 Analisar as estratégias em uso para melhoria da qualidade de dados no programa de


Saúde Materno Infantil no Centro de Saúde de Marracuene.
1.3.2. Específicos
 Identificar as práticas usadas para melhoria da qualidade de dados dos pacientes para
obtenção de informação credível.
 Descrever os mecanismos usados para familiarizar o profissional na melhoria da
qualidade de dados
 Propor algumas estratégias para melhoria da qualidade de dados no programa

1.4. Hipóteses de Pesquisa


Segundo (Cervo et all, 2007), hipótese é uma suposição, uma resposta ou explicação
provisória.
H0: No programa de SMI são implementadas boas práticas para melhoria da qualidade de dados.

H1: No programa de SMI não são implementadas boas práticas para melhoria da qualidade de
dados.
4
CAPÍTULO II

2. REVISÃO DA LITERATURA

Moresi (2003), pontua que a revisão da literatura irá contribuir para a obtenção de
informações sobre o real estado do tema estudado; conhecer os aspectos que já foram abordadas
em outros estudos e discorrer sobre opiniões similares a diferentes e diferentes sobre o problema
de pesquisa. Para o relatório de final do curso obteve-se as seguintes partes:

2.1. Quadro Conceptual

De acordo com Bingre (2005), denomina-se a compilação, sistematização e apresentação


dos conceitos fundamentais para o desenvolvimento de uma investigação, quer na área científica
quer na área humanista.

Qualidade

Para Juran & Godfrey (1999), obter qualidade significa obter uma conformidade com
especificações, tendo em conta os produtos questão em conformidade com as especificações vão
de encontro às necessidades dos clientes.
De acordo com Singh & Singh (2010), consegue-se obter qualidade nos dados quando os
mesmos são relevantes, precisos, compreensíveis, abrangentes e adequados. Considera-se que se
utilizam os dados de forma eficaz e eficiente, quando os mesmos obedecem a um conjunto de
critérios de qualidade nos dados.

Gestão Total da Qualidade de Dados


De acordo com Shankaranarayanan & Cai (2006), apresenta uma framework que faz a
analogia da informação como um produto e desta forma trata da gestão de qualidade dos dados
como um processo análogo à Gestão Total de qualidade (“Total Quality Management- TQM”) de
um produto. Existem quatro fases de Gestão total de qualidade nos dados - (“Total Data Quality
Management”-TDQM): A definição de requisito de qualidade e métricas a adoptar para medir a
qualidade nos dados; Medição da qualidade dos dados em todas as fases de extracção de
informação a partir dos dados; análise da possibilidade de existência de PQD e identificar os

5
respectivos factores de falta de qualidade; Processo incremental de melhorar a garantia de
qualidade nos dados. Com a TDQM, existe um processo de melhoria continua para entregar
sistemas de informação cada vez com mais qualidade nos dados, e por consequência obter
informação e conhecimento com mais eficácia e precisão.
Dimensões de Qualidade de Dados
De acordo com Akoka et all (2007), a qualidade nos dados é considerado um conceito
multidimensional, complexo e orientado aos objectivos. Na literatura encontram-se identificados
várias dimensões de qualidade nos dados.

Para Manjunath et all (2010), a qualidade dos dados (QA) verifica-se quando a
informação contida nos dados tiver as seguintes dimensões: Conformidade de significado, dados
completos ou completude, validade das regras de negócio, eficiência, precisão, não duplicação,
integridade, acessibilidade e disponibilidade.

Informação

O conceito de informação muda de acordo com o contexto e com a sua finalidade,


identificada através de leituras e observações acerca da teoria. Na definição descrita no
Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa diz que, informação é ato ou efeito de informar-se,
ou ainda como transmissão de conhecimento. (Dicionário brasileiro da língua portuguesa, 1990,
p.968).
Dentro das concepções de Mcgee e Prusak (1994), os indivíduos possuem informações
únicas, ou seja, mesmo que diferentes indivíduos tenham acesso a um mesmo grupo de dados,
cada um vai compreendê-los de maneira diferenciada, provocando diferentes comportamentos.
Acrescentam nesta perspectiva que as pessoas não recebem informações, de fato elas a criam a
partir da obtenção de dados (derivados de conversas, documentos, relatórios etc.) da leitura
realizada e do contexto em que estão inseridas.

No contexto organizacional, a informação é designada como instrução, ensinamento ou


treinamento que se dá ao funcionário para o exercício de suas actividades, tornando-as mais
eficientes e eficazes quanto às suas finalidades.

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Valor da Informação

Na fala de Davenport e Prusak (2002) dentro do espaço organizacional a informação


constitui um elemento de poder, no campo do processo decisório, quanto mais confidencial for
uma informação, maior é o seu valor.

Para Stair (1998, p. 5), o valor da informação está relacionado ao seu uso na tomada de
decisão e ao aumento que ela trará para os lucros da organização. Para o autor ainda, uma boa
informação precisa ser: completa, económica, flexível, confiável, relevante, simples e
verificável.

Qualidade da Informação

Marchand (1990), propõe desagregar o conceito de qualidade da informação em oito


dimensões inter-relacionadas:
• Valor real - menciona à variabilidade da percepção do valor do produto (informação ou
serviço), dependente de estilos individuais de tomada de decisão;
• Características suplementares - à utilidade básica de um produto ou serviço de informação,
alertam sobre os diferentes pesos que as características da informação podem ter em contextos
diversos de tomadas de decisão;

• Confiança- lembra a existência de atitudes contraditórias de confiança em relação a fontes;


• Significado no tempo - faz alusão à variabilidade da actualidade da informação em diferentes
contextos de tomadas de decisão;
• Relevância – chama a atenção para as diferentes percepções quanto à relevância da informação
entre projectistas de sistemas e agentes da tomada de decisão;
• Validade- aborda sobre a variação da percepção da validade da informação, dependente de
quem a fornece e de como é apresentada.
• Estética - menciona a subjectividade do aspecto estético da informação.
• Valor percebido diz respeito à irracionalidade da atribuição de reputação pelo usuário a
sistemas de informação.

7
Tomada de Decisão
A tomada de decisão pode ser entendida como um processo, um conjunto de passos
parcialmente ordenados, através do qual são escolhidas alternativas para as acções a serem
realizadas.
Essas acções demandam decisões, que podem ser definidas como escolhas realizada com
base em possibilidades, alternativas, propósitos ou probabilidades, orientadas para determinado
objectivo, e o alcance deste objectivo determina a eficiência de todo o processo. Todo esse
processo de tomada de decisão deve ser cuidadosamente elaborado, sendo necessário prever os
efeitos futuros da escolha, considerando todos os reflexos possíveis que ela pode causar. O
processo decisório não é actual, e a todo o momento os seres humanos têm que fazer escolhas.
Tomar decisões faz parte de um fluxo de pensamento iniciado nos tempos em que o homem,
diante da incerteza, buscava orientação nos astros.

Um dos principais estudos sobre a tomada de decisão é o de Simon (1947) ganhador do


Prémio Nobel de Economia em 1978 por sua Teoria da “Racionalidade Limitada”, o autor
defende que o decisor não almeja a decisão óptima, mas uma decisão satisfatória.
No entender de Simon (1947), após ter investigado a natureza da resolução de problemas e
tomada de decisão, afirma que a organização é uma “máquina de processamento de
informações”. A partir destas afirmações ele desenvolveu uma teoria tendo como pressuposto,
que a capacidade cognitiva humana é essencialmente limitada, chamando de “racionalidade
limitada”.

Qualidade e Tipos das Decisões

A melhoria do processo, dos meios de comunicação e do trabalho em equipa desempenha papéis


relevantes para resolver algumas das dificuldades essenciais do processo de tomada de decisão.
“Nas organizações tradicionais as decisões são tomadas por uma elite decisória provocando
distanciamento dos macros-objectivos e perda de informação”. (Gutierrez, 1999).
Para que o processo decisório aconteça, é necessário que seja feita análise de dados e
informações. A transformação dos dados em informações e consequentemente em conhecimento
é um trabalho de Inteligência, e pode ter suporte através da análise de mercados, consumidores,
competidores, entre outros factores, fazendo a diferença nesse processo todo.
8
Modelos de Tomada de Decisão
De acordo com o modelo de Simon (1965), os seres humanos agem como sistemas de
processamento de informações que extraem “estruturas de significado” a partir da entrada de
dados pelos órgãos sensoriais, armazenando-os sob a forma de novos conhecimentos ou usando-
os para decidir sobre rumos a serem tomados, compostos das seguintes etapas:
a) Fase de inteligência – é a etapa cujo ambiente é explorado, ocorre o processamento dos dados
em busca de indícios, a fim de identificar os problemas e oportunidades;
b) Fase da concepção e projecto – nesta fase ocorre a criação, o desenvolvimento e a análise
dos possíveis caminhos e acções;
c) Fase da escolha – acontece neste momento a selecção da alternativa ou do caminho a ser
seguido;
d) Fase de feedback – nesta etapa, pela avaliação, o decisor pode retornar a etapa anterior, para
buscar uma melhor alternativa ou curso de acção para superar dificuldades ou problemas.

Gestão para a Qualidade Total


De acordo com Cortada e Quintela (1994), é preciso se pensar na qualidade voltada para
dois tipos de clientes: o cliente com “C”, que é a pessoa que selecciona e paga pelos seus bens e
serviços e o cliente com “c” minúsculo, que é todo o funcionário de cujo trabalho a organização
depende dos resultados e de seus esforços. E, finalmente, a qualidade incentiva os colaboradores
a reconhecerem que todos são responsáveis pelo trabalho, e não só o departamento de qualidade
ou o responsável por verificá-la posteriormente.
Ferramentas da Qualidade
A qualidade não pode ser separada das ferramentas estatísticas e logísticas básicas usadas
no controle, melhoria e planeamento da excelência. Estas ferramentas foram largamente
difundidas porque demonstram por meio de dados os problemas, sua razão e a indicação de uma
solução. Entre as ferramentas básicas do CQT, Campos (1992), apresenta algumas de controlo,
verificação e solução, como as folhas de verificação, que são formulários planejados de acordo
com os processos da organização, onde são colectados os dados a serem verificados e
comparados; o Diagrama de Pareto que são eixos traçados na vertical e horizontal que permitem
a visualização dos problemas em diferentes categorias e a frequência em que estão ocorrendo.
Muito utilizado para se perceber a causa de um problema. O Diagrama de causa e efeito: criado
9
por Ishikawa, em 1943, é também conhecido como diagrama espinha de peixe. Mostra as causas
e sub-causas de um mesmo problema.

Problemas de Qualidade nos Dados


Segundo (Oliveira 2008), os problemas de qualidade nos dados causam prejuízos muito
significativos nas organizações. É muito provável que se encontrem problemas de qualidade em
dados (PQD), sendo que podem-se encontrar vários tipos de problemas de qualidade de dados
como: violações de restrições de integridade, violações de domínio, problemas de dados
duplicados, sinónimos e violações à restrição de integridade, erros ortográficos, entre outros. “A
falta de dados completos, relevantes, actualizados e precisos acerca de clientes, concorrentes e
tecnologias pode constituir um obstáculo à definição de uma estratégia sólida”.
Segundo (Singh & Singh, 2010), os PQD mais comuns ocorrem em situações de:
Procedimentos e processos de tratamento de dados deficientes; falha na introdução e manutenção
dos dados; PQD na migração de dados entre sistemas; Dados de terceiros que não estão
adequados aos padrões de determinada organização, ou em níveis de qualidade não aceitáveis.

Factores de Falta de Qualidade


Segundo (Manjunath et all, 2010) uma das principais razões para o fracasso de projectos
de Business Inteligence é a má qualidade dos dados nos armazéns. Um armazém de dados tem
diversas proveniências ou fontes. As fontes contêm dados transacionais, por vezes não
estruturados, os quais são transformados e carregados para os armazéns de dados. Existem
inúmeros factores que afectam a qualidade dos dados, estes factores podem ter origem na fonte
dos dados individuais, mas grande parte deve-se ao facto de se ter de combinar dados
provenientes de diversas fontes de dados.
As boas práticas existentes para melhoria da qualidade de dados, consistem no
cumprimento da regra dos 3C’T (dados: completos, correctos, consistentes e atempados).

Dados
Segundo Ferreira (1999, p.3), os são a base para gerar informações. Os dados que
escolhemos e o modo como os combinamos refletem o referencial explicativo (os pressupostos
valores) que orienta a nossa visão do mundo, ou seja, o nosso modo de ver ou conhecer uma
determinada situação.
10
2.2. Revisão Teórica

Segundo Boff (2006), o referencial teórico deve abordar um breve histórico sobre como
evolui o assunto, citando grandes autores e obras relacionadas ao assunto.

Kotler e Keller (2006), ressaltam que qualidade, é o segredo para criar valor e satisfazer
ao cliente. A busca pela qualidade nos serviços e, acima de tudo, um atendimento com qualidade
devem ser constantes, pois será a partir desse contacto que a organização conquistará a confiança
e a fidelidade junto aos seus usuários.
De acordo com Shiba et all (1997), definem a qualidade como sendo quatro adequações
do produto ou serviço.
A primeira delas é a "adequação ao padrão", ou seja, o produto deve funcionar como o
planejado pelos projectistas, atendendo às normas e padrões preestabelecidos. A segunda, a
"adequação ao uso", verifica se o produto ou serviço está suprindo as exigências do cliente e do
mercado. A terceira, a " adequação ao custo", exige grande inspecção durante o processo de
produção para que todas as unidades fiquem dentro dos padrões e nenhuma precise ser
descartada, desperdiçada. E a última adequação indicada é a " adequação à necessidade latente",
que significa a satisfação das necessidades do cliente antes que ele esteja consciente dela. Esta
pode representar o sucesso de uma empresa e seu domínio no mercado.
Para Crosby (1999), define qualidade como a palavra usada no sentido do valor relativo
das coisas, ex.: boa qualidade, má qualidade.
E dentro deste contexto, afirma a necessidade de definir qualidade como "conformidade
com os requisitos" e neste caso, os requisitos devem ser claramente expostos e facilmente
compreendidos por todos para evitar confusão e sua mensuração deve ser feita continuamente, a
fim de determinar a adaptação aos requisitos.
O autor destaca que a qualidade não custa dinheiro. O que custa dinheiro são as coisas
desprovidas de qualidade. Sem ser um dom, a qualidade é gratuita, e também muito lucrativa.

11
CAPÍTULO III

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Lakatos e Marconi (2007), afirmam que a utilização de métodos científicos não é


exclusivo da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do cotidiano.
Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Para o
presente relatório de final do curso obteve-se as seguintes fases:

3.1. Classificação da Pesquisa Quanto ao Objectivo


 Pesquisa Exploratória
A pesquisa exploratória tem por objetivo aprimorar hipóteses, validar instrumentos e
proporcionar familiaridade com o campo de estudo. Constitui a primeira etapa de um estudo
mais amplo, e é muito utilizada em pesquisas cujo tema foi pouco explorado, podendo ser
aplicada em estudos iniciais para se obter uma visão geral acerca de determinados fatos.
(Gil,2002). Para o presente relatório usou-se a pesquisa exploratória, pois nos permitiu ter uma
visão generalizada no que tange a qualidade de dados dos pacientes a nível do Centro de Saúde
de Marracuene.

3.2. Classificação da Pesquisa Quanto à Abordagem


 Pesquisa qualitativa
Segundo Marconi e Lakatos (2011), a pesquisa qualitativa busca explicar o porquê das coisas,
que são passados por meio de relatórios. Ela se preocupa em analisar e produzir aspetos mais
profundos e ilustrativos, fornecendo análise mais detalhada.
Para o presente relatório usou-se a pesquisa qualitativa, pois ajudou a entender os
fenómenos de acordo com a perspectiva dos participantes do estudo e permitiu estudar as
questões em profundidade e mais detalhe.

12
3.3. Classificação da Pesquisa Quanto à Natureza
 Pesquisa Aplicada
Gil (2019), Pesquisa aplicada abrange estudos elaborados com a finalidade de resolver
problemas identificados no âmbito das sociedades em que os pesquisadores vivem.
Para o presente relatório usou-se a pesquisa aplicada, pois ela ajudou a responder a
perguntas dos objectivos específicos e a dar ênfase na resolução prática de problemas.

3.4. Procedimento/ Técnica de Recolha de Dados


 Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa bibliográfica de acordo com Bornstein e Stotz (2008), geralmente é o
primeiro passo de qualquer pesquisa científica. Ela procura explicar um problema a partir de
referências já publicadas. Para o relatório usou-se a pesquisa bibliográfica que ajudou a explicar
o problema a partir de referências já publicadas.
 Pesquisa Documental
A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento
analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas,
filmes, fotografias, pinturas, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc.
(Fonseca, 2002, p. 32). Para o relatório usou-se a pesquisa documental, pois, permitiu fazer o
exame de documentos de naturezas diversos.

3.5. Instrumentos e Recolha de Dados


Segundo Fonseca (2002), o pesquisador procura obter informações da realidade
recorrendo a instrumentos de pesquisa. Os instrumentos de pesquisa devem ser selecionados
levando em consideração o que se pretende colectar e verificar, neste caso para o presente
relatório de pesquisa usou-se como instrumentos de coleta de dados o questionário e guião de
observação pois foi de extrema relevância o uso desses instrumentos por que permitiram obter
informações com precisão.
 Questionário
Para Gil (2009), é uma técnica de investigação com questões que possuem o propósito de
obter informações. No presente relatório usou-se o questionário pois possibilitou uma maior

13
sistematização dos resultados fornecidos, uma maior facilidade de análise e na redução de tempo
que seria necessário para recolher e analisar os dados.

 Observação
Marconi e Lakatos (2003), é uma técnica de colecta de dados para obter informações; utiliza
os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. O importante dessa técnica não é
apenas ver e ouvir, mas também examinar factos ou fenómenos que se pretende estudar. As
formas de observação podem ser assim descritas. Para a pesquisa usou-se a observação por ser
um procedimento didático que relata todos os detalhes da experiência realizada.

3.6. Análise e Interpretação de Dados


As técnicas de análise de dados são determinadas conforme a abordagem atribuída a
pesquisa. Os dados de uma pesquisa podem ser analisados quantitativamente quando o
pesquisador fará uso dos procedimentos estatísticos para efetuar a análise. No caso da abordagem
qualitativa, as técnicas buscarão apresentar os dados de modo codificado, estruturado e
analisado. (Vergara, 2010 p.57).
As técnicas para análise de dados aplicadas para o estudos foram: SPSS (v.25) e Microsoft Office
Excel 13.

3.7. Variáveis
3.7.1. Variáveis Sóciodemográficas:
 Faixa etária;
 Nível de escolaridade
 Tempo de serviço na instituição.
3.7.2. Variáveis do estudo:
 Práticas ou estratégias para melhoria da qualidade de dados;
 Mecanismos para integração do profissional com os instrumentos de registo.

3.8. População e Amostra


Pestana e Velosa (2010), população é uma colecção de unidades observacionais, que
podem ser pessoas, animais, objectos ou resultados experimentais, com uma ou mais
características em comum que se pretendem analisar.
14
De acordo com Marconi e Lakatos (2011), amostra é a porção ou parcela escolhida de
acordo com uma população.
Segundo Malhotra et al (2005), na amostragem por conveniência o pesquisador escolhe
os elementos de acordo com a sua conveniência. Para a presente pesquisa usou-se a amostra por
conveniência, pois permitiu fazer a seleção dos membros da população mais acessíveis e ajudou
a obter informação de maneira rápida e barata.

3.8.1. População de estudo


O universo populacional foi constituído por 16 Enfermeiras do Centro de Saúde de
Marracuene. Este universo foi obtido a partir dos dados estatísticos levantados pela Direcção da
Unidade Sanitária.

3.8.2. Cálculo do tamanho amostral e amostragem


A amostra foi de 16 ESMI’s, sendo que para o estudo foram inquiridas 10, as que se
encontravam no regime laboral. Este tamanho amostral foi calculado considerando-se um nível
de confiança de 95% e uma de margem de erro de 5% tendo-se aplicado da seguinte fórmula:

Onde:
= Tamanho da amostra;
= Tamanho do universo;
= Percentagem com qual o fenómeno se verifica;
= Percentagem complementar;
= Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado;
= Margem de erro ou erro máximo de estimativa.

Aplicou-se uma amostragem não probabilística por conveniência, onde participaram


Enfermeiras que na altura de recolha de dados fizeram-se presentes.

3.9. Critérios de Inclusão e Exclusão dos Participantes

De acordo com Patino e Ferreira (2018), critério de inclusão são as características-chave


da população-alvo que os investigadores utilizarão para responder à pergunta do estudo.
15
Segundo Patino e Ferreira (2018), critério de exclusão são aspetos dos potenciais
participantes que preenchem os critérios de inclusão, mas apresentam características adicionais,
que poderiam interferir no sucesso do estudo ou aumentar o risco de um desfecho desfavorável
para esses participantes.
Para a participação no estudo os critérios de inclusão foram: (1) ser Enfermeira que
trabalha num período igual ou superior à 3 três meses na instituição. E foram considerados
critérios de exclusão: (1) não estar apto a fazer parte do estudo e, (2) Enfermeira que trabalha
num período inferior à 3 meses na instituição.

3.10. Descrição do Local de Estudo


O Centro de Saúde de Marracuene situa-se no Distrito de Marracuene, Localidade de
Marracuene-Sede, Bairro de Massinga, e serve uma população estimada em 54.822 habitantes,
segundo os resultados da projecção do Censo Geral da População e Habitação de 2017.
A Unidade Sanitária conta com colaboradores comunitários a saber: 5 APE’s, 1 Comité de
Saúde, 13 Matronas e 59 membros de AMETRAMO.
A Unidade Sanitária (US) é do tipo I, com um efectivo de 134 funcionários até 31 de Setembro
de 2022, e presta os seguintes serviços:
 Saúde Materno Infantil (Consultas Pré-Natais, Maternidade, Consultas Pós-Parto,
Consultas de Planeamento Familiar, Consulta da Criança em Risco, Consultas de
Ginecologia);
 SAAJ;
 PAV;
 Nutrição;
 Banco de Socorros;
 Internamentos de Medicina, Pediatria e Tisiologia;
 Triagem e pediatria;
 Circuncisão (serviço sazonal);
 Fisioterapia;
 Oftalmologia;
 Terapia de fala

16
 PNCT;
 TARV (Sector de buscas);
 Laboratório;
 Sector de tuberculose;
 Sector de busca (TARV)
 Farmácia;
 Psiquiatria;
 Centro de Atendimento Integrado (CAI).

17
3.11. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES DE PESQUISA

Tabela 1: Cronograma de actividades

Meses ( 2022 )
Etapas/ Meses Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro
Fase exploratória

Elaboração do projeto de pesquisa

Revisão da literatura

Elaboração do questionário e guião de


entrevista
Entrega do projeto de pesquisa ao CRDS
no Curso de Estatística Sanitária
Pré-teste da administração do
questionário e guião de entrevista
Recolha de dados
Análise e interpretação dos dados
Redação do relatório final
Apresentação e defesa do Relatório Final
Fonte: Autora do projecto de pesquisa (2022)

18
3.12. ORÇAMENTO DE PESQUISA
Tabela 2: Previsão do Orçamento
Designação Quantidade Preço Unitário Preço Total
Alimentação
Pequeno-almoço 22 50,00 1.100,00
Almoço 22 100,00 2.200,00
Transporte
Semi Coletivo 40 55,00 2.200,00
Comunicações
Crédito da Vodacom 1 1000,00 1000,00
Equipamento
Computador 1 8.000,00 8.000,00
Impressora 1 5.000,00 5.000,00
Material de Escritório
Flash driver 1 600,00 600,00
CD 2 25,00 50,00
Resma de papel A4 1 280,00 280,00
Esferográficas 4 10,00 40,00
Bloco de notas A4 1 150,00 150,00
Pasta de arquivo A4 1 150,00 150,00
Impressão do projecto de pesquisa 2 85,00 170,00
Impressão de guiões de entrevista, 20 3,00 60,00
questionários, observações
Total 119 15.580,00 21.000,00
Fonte: Autora do projecto de pesquisa (2022)
O presente orçamento no projecto de pesquisa no valor de 21.000,00 (Vinte e Um Mil
Meticais), para financiar despesas tais como: alimentação, transporte, comunicações,
equipamentos e materiais de escritório, ajudaou a definir gastos ou recursos necessários para a
elaboração do relatório e por sua vez a estimar custos depois de se identificar os recursos
necessários para a elaboração do mesmo.
19
3.13. Considerações éticas
De acordo com Belmont (2002), é a classificação de emoções através de dados
biométricos. Os princípios básicos da ética perante investigações que envolvam seres humanos
assentam em três pilares básicos, o respeito pelas pessoas, a beneficência e ajuda mutua.

Uma vez que os dados colectados foram relativos à profissionais de saúde onde desenvolvem as
suas respectivas actividades e da saúde da mulher, os aspectos éticos relativos a pesquisa
garantiram que não houvesse discriminação na selecção de indivíduos nem exposição destes à
riscos desnecessários, à garantia da preservação da privacidade das informações assegurando a
preservação dos dados, a confidencialidade e o anonimato dos indivíduos pesquisados,
mantendo-os informados dos objectivos do estudo e os procedimentos a que serão submetidos.
O trabalho em pesquisa foi antes submetido a direcção do CRDS para a verificação dos aspectos
morais a considerar na pesquisa e depois de ser aprovado submeteu-se à autorização da Direcção
do SDSMAS - Marracuene e do Centro de Saúde Sede Marracuene para sua realização.
A finalidade deste estudo procura aferir até que ponto as práticas vigentes no programa de SMI
são eficazes para a melhoria da qualidade de dados.

20
CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com intuito de fazer uma melhor apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos no
presente estudo, optou-se em organizá-los em tabelas e gráficos de forma sequenciada, os dados
relativos ao perfil sóciodemográfico da população estudada, e, seguidamente as variáveis do
estudo referentes aos mecanismos usados para familiarizar o profissional no preenchimento dos
instrumentos e práticas usadas para melhoria da qualidade de dados.
O Centro de Saúde de Marracuene conta com 16 ESMI’s, sendo que para o estudo foram
inquiridas 10, as que se encontravam no regime laboral.

4.1. Variáveis Sociodemográficas


Tabela 3: Cruzamento de idade (anos) e nível académico das ESMI’s

Idade * Nível_académico
Nível_académico Básico Médio Superior Total
26-36 0 (3%) 3 (24%) 0 (3%) 3 (30%)
Idade 37-45 0 (4%) 4 (32%) 0 (4%) 4 (40%)
46-65 1 (3%) 1 (24%) 1 (3%) 3 (30%)
Total 1 (10%) 8 (80%) 1 (10%) 10 (100%)
Fonte: Autora do relatório

Conforme os resultados, há um predomínio de ESMI’s do nível médio (80%) no seio da amostra


em relação aos níveis básico e superior com 10% para cada.
Em relação à faixa etária, os resultados do estudo mostram que as ESMI’s estão distribuídas de
forma simétrica, isto é, nos extremos (30% são enfermeiras na faixa etária dos 26 à 36 e igual
percentagem para 46 à 65 anos), e 40% (no eixo de simetria) estão entre 37 à 45 anos.
Por outro lado, a maioria das ESMI’s (32%) tem idade compreendida entre 37 aos 45 anos com o
nível médio de escolaridade, pelo contrário, para faixa etária dos 46 à 65 anos, 3% das ESMI’s
tem o nível básico e a mesma percentagem para o nível superior.

21
Tabela 4: Cruzamento de idade (anos) e tempo de serviço das ESMI’s
Idade * Tempo_de_Serviço
Total
Tempo_de_Serviço 4-10 11-20 21-35
26-36 2 (18%) 1 (6%) 0 (6%) 3 (30%)
Idade 37-45 4 (24%) 0 (8%) 0 (8%) 4 (40%)
46-65 0 (18%) 1 (6%) 2 (6%) 3 (30%)
Total 6 (60%) 2 (20%) 2 (20%) 10 (100%)
Fonte: Autora do relatório

As inquiridas apresentam uma desigualdade no que diz respeito ao tempo de serviço (em anos),
no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o tempo com que se lidam com a manipulação dos
instrumentos de registo, onde a maior parte destas 6 (60.0%) lida-se com os registos a mais de 3
anos, o que pode significa que as funcionárias estão abalizadas suficientemente às normas que
regem o registo, recolha e armazenamentos dos dados e em contrapartida, os demais que
corresponde a 40.0% está a trabalhar no SNS entre 11 à 35 anos.

4.2. Variáveis do estudo

Os resultados apresentados neste ponto correspondem aos objectivos específicos, os mesmos


foram obtidos a partir de um questionário semiestruturado direccionado às ESMI’s com
finalidade de identificar as práticas usadas para melhoria da qualidade de dados dos pacientes
para obtenção de informação credível, eis os resultados.

Práticas usadas para melhoria da qualidade de dados


Em relação a questão 1 da secção II (vide o questionário), virada às práticas usadas na melhoria
da qualidade de dados dos pacientes para obtenção de informação credível, 40% das agentes
afirmaram que no programa de SMI são frequentes múltiplas práticas (formações em serviço,
reuniões de balanco do programa e visitas de apoio técnico no âmbito de monitoria dos
indicadores do programa) como forma de refrescar as provedoras em matéria de preenchimento
de partogramas, contra 20% que justificaram ser frequente formações continuas, igual
percentagem para visitas de apoio e o mesmo para reuniões de balanço do programa.

Como se pode perceber, as agentes foram unânimes em afirmar as práticas usadas para melhoria
da qualidade de dados dos pacientes para obtenção de informação credível, em linhas gerais
22
essas práticas são implementadas regularmente aos profissionais envolvidos no desenvolvimento
das actividades do registo, recolha, envio e recepção dos dados, fazendo-os reconhecer a extrema
importância dos dados e o quão prejudicam quando não são de boa qualidade, para minimizar os
problemas atravessados pelo SIS.

Mecanismos usados para familiarizar o profissional com os instrumentos de registo


Em relação a questão 2 da secção II (vide o questionário), voltada aos mecanismos usados para
assimilar as ESMI’s no preenchimento dos instrumentos de registo, 70% das agentes
responderam que as capacitações ou formações contínuas são os mecanismos mais aplicados
para a integração das agentes a nível do programa, seguido de 20% que confirmaram o uso de
práticas combinadas (capacitações e uso de manuais) e 10% apenas o uso de manuais e outros
textos de apoio.
Comparando os pensamentos citados pelas ESMI’s nota-se que, de certa forma estes convergem,
pese embora, a maioria das ESMI’s foram unânimes em afirmar que tem sido frequentes a
prática de formações contínuas como estratégias mais eficazes para integrar as profissionais com
as fontes de registo e ao mesmo tempo refrescar em matéria de preenchimento dos instrumentos,
de tal maneira como e recomendado pelo MISAU.

Gráfico 1: Periodicidade de cruzamento versus envio de dados

Fonte: Autora do relatório

No que diz respeito a questão sobre a periodicidade de cruzamento e envio de dados, a boa parte
das Enfermeiras (70%) respondeu em unanimidade que o cruzamento é feito semanalmente e a
23
recolha e o respectivo envio mensalmente, sobretudo, essa lógica converge com a orientação do
MISAU, isto é, a entidade orienta que o cruzamento de dados seja feita regularmente (diária ou
semanalmente) e com antecedência à recolha ou agregação de dados, para garantir-se a qualidade
dos mesmos (exactidão, precisão e integridade de dados), para ao mesmo tempo garantir que os
dados sejam disponibilizados tempestivamente.

Gráfico 2: Problemas relacionados com a qualidade de dados

Fonte: Autora do relatório

Relativamente a que procura saber dos problemas que afectam a qualidade de dados no
programa, 80% das enfermeiras apontou o mau preenchimento dos instrumentos contra 20% que
indicou outros problemas (má recolha e discrepância de dados em diferentes fontes).
Na perspectiva do pesquisador, observa-se que as ESMI’s estão cientes dos problemas
atravessados pelo SIS, neste contexto, é importante reforçar as formações em serviço, reuniões
de balanço sobre o desempenho dos indicadores do programa e complementadas com visitas de
supervisão e pequenos inquéritos que permitem estudar com maior profundidade os problemas
identificados fazendo-as reconhecer que os dados representam os alicerces para o desenho das
políticas de saúde públicas consistentes para a programação e gestão de programas e serviços de
saúde, alocação eficiente e eficaz de recursos e sustentam o processo de monitoria e avaliação
das actividades preventivas, promotivas e curativas.

24
Gráfico 3: Conhecimento sobre a existência de instrumentos que orientam a qualidade de
dados

Fonte: Autora do relatório

Como se pode perceber, a maior parte (80%) das agentes foram unânimes em afirmar que têm
conhecimento dos instrumentos que visam melhorar a qualidade de dados (sendo livros de
registo e resumos mensais), em detrimento das que desconhecem (20%), este facto pode ser
justificado pela fraca integração e capacitação contínua das Enfermeiras, visto que os livros de
registo de Consultas Pré-Natal, da Maternidade, de Consultas Pós-Parto e de Consultas de
Planeamento Familiar, entre outros instrumentos do programa apresentam instruções de
preenchimento para engajar as profissionais no domínio de preenchimento dos mesmos.

Tabela 5: Aspectos observados nos livros de registo do programa de Saúde Materno Infantil
(Guião de Observação)

No de Ord. Pergunta Sim Não


1 Caligrafias legíveis? X
Os livros de registo foram correctamente
2 X
preenchidos?
Os livros de registo foram preenchidos
3 X
completamente?
Evidências de documentos de capacitação
4 X
continua?
Existência de manuais e outros textos de apoio
5 X
para melhoria de qualidade de dados
25
Os funcionários preenchem devidamente os
6 X
livros de registo (consistência)?
7 Disponibilidade de todos os livros? X

Importa referir que os aspectos observados no guiao, foram utilizados os livros de registo dos
seguintes serviços:
 Livro de Admissão da Maternidade;
 Livro de Registo de Consultas Pré-Natal (CPN);
 Livro de Registo da Maternidade (PI);
 Livro de Registo de Consultas Pós-Parto (CPP);
 Livro de Registo de Consultas de Planeamento Familiar (CPF);
 Livro de Registo de Ginecologia.

Em relação à disponibilidade dos instrumentos, constatou-se que estes são de fácil localização,
visto que são guardados em cacifos para fácil localização dos mesmos por ordem de uso do livro
de registo e pela data de início de registo.
Relativamente à existência de rasuras, caligrafias legíveis, preenchimento correcto e completo
dos livros, são seguidos todos os protocolos de manuseamento dos instrumentos, pese embora
tenha-se constatado a existência de rasuras em algumas páginas de todos os livros observados e
assinatura não legível em algumas páginas de alguns instrumentos.

Outro aspecto observado, é a existência de documentos que evidenciam a realização de


capacitações contínuas e de manuais de apoio para melhoria de qualidade de dados. Em relação
ao primeiro ponto, confirmou-se a existência de livro de supervisões em caso de visitas recebidas
a nível distrital ou provincial e matrizes de monitoria acompanhados dos respectivos planos de
acção. Sobre o segundo aspecto, verificou-se que apesar de não haver manuais específicos do
programa que visam melhorar a qualidade de dados, todos os livros de registo trazem instruções
de preenchimento dos mesmos para em casos de dificuldades no preenchimento sirva de
consulta.

26
Consistência de dados nos instrumentos de registo
Gráfico 4: Cascata de Prevenção de Transmissão Vertical (PTV) nas Consultas Pré-Natasis

Das 230 mulheres grávidas observadas no livro de registo de Consultas Pré-Natais, todas (100%)
saíram com redes mosquiteiras, das quais 80% deu entrada com seroestado desconhecido para
HIV e o igual número foi submetido para o teste, onde 6.52% tiveram resultado positivo e o
mesmo numero (12) iniciaram o Tratamento Antirretroviral.

Como pode se perceber, do universo de mulheres que deu entrada nas CPN existe uma coerência
a respeito do seu seguimento até o seu desfecho, e com base na evidência, assume-se que as
Enfermeiras fazem o preenchimento correcto (consistência de dados) dos livros de registo.

27
CAPÍTULO V

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. CONCLUSÕES

Os principais resultados do estudo apontam uma adequação das práticas usadas para melhoria da
qualidade de dados dos pacientes para obtenção de informação credível, sendo que as formações
em serviço, reuniões de balanço do programa e visitas de apoio técnico no âmbito de monitoria
dos indicadores e preenchimento dos instrumentos do programa são as mais frequentes.

Em relação aos mecanismos usados para integrar as Enfermeiras no preenchimento dos


instrumentos, de facto as capacitações ou formações contínuas são estratégias mais eficazes para
refrescar as profissionais que lidam com o preenchimento das fontes de registo, como é
recomendado pelo MISAU.

No que diz respeito ao armazenamento dos instrumentos de registo, é importante frisar que nos
sectores existem cacifos, onde os livros de registo, relatórios e formulários/fichas de resumo
mensais são armazenados e facilmente podem ser localizados, cujos mesmos são organizados em
pastas de arquivos por ordem de data.

No que concerne à periodicidade de cruzamento e envio de dados, conclui-se que o cruzamento é


feito em períodos que antecedem a recolha, sobretudo, essa lógica converge com a orientação do
MISAU, no sentido de garantir-se dados de qualidade e o seu envio atempado para a tomada de
decisão oportunamente.

Sobre os problemas que afectam a qualidade de dados no programa, as Enfermeiras estão cientes
dos mesmos. Um facto importante nisso, é que são feitas formações em serviço e visitas de apoio
técnico complementadas instrumentos que visam melhorar a qualidade de dados, visto que a
maioria dos livros de registo traz consigo instruções para preenchimento.

No cômputo geral, no Centro de Saúde de Marracuene especificamente no programa de Saúde


Materna e Infantil são implementadas boas práticas ou estratégias para melhorar a qualidade de
dados, de modo que estes possam providenciar de forma fidedigna, informação para tomada de
decisão.
28
5.2. CONSTATAÇÕES

Foram identificadas boas práticas que podem ser expandidas para melhorar a qualidade dos
dados a destacar:
 Uso de instrumentos padronizados;
 Boa conservação dos instrumentos de registo de dados;
 Bom registo nos instrumentos de registo e com caligrafias legíveis;
 Realização de auditoria de dados e monitoria do preenchimento dos instrumentos
trimestralmente;
 Fecho livro no fim de cada mês estatístico;
 Reuniões de balanço do programa de SMI;
 Apoio técnico no preenchimento de partogramas e livros de registo do programa.

5.3. SUGESTÕES

 Intensificar as capacitações regularmente aos profissionais envolvidos no


desenvolvimento das actividades do registo, recolha, envio e recepção dos dados,
fazendo-os reconhecer a extrema importância dos dados e o quão prejudicam quando
não são de boa qualidade, para minimizar os problemas atravessados pelo SIS.

 Realizar o cruzamento de dados diariamente para facilitar a análise e elaboração dos


resumos mensais, tendo em conta que as Enfermeiras trabalham em regime de escala,
com vista a reduzir a sobrecarga no final do mês;

 Evitar borrões e pautar pelo uso de caligrafias elegíveis principalmente no campo de


assinatura do profissional.

29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo. Atlas.

 Belmont, J. (2002). Pesquisa sobre considerações éticas. Brasília.

 Boff, R. J. (2006). Processos e Métodos de Pesquisa em Saúde Pública do Estado de


Mato Grosso. Programa de pós-graduação. Curso de Auditoria em Sistemas Públicos de
Saúde Campos. Rio de Janeiro: Bloch.

 Campenhoudt, L. Van & Quivy, Raymond (2005). Manual de Investigação em

 Cervo, A. L; Bervian, P. A. (2002). Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice


Hall.
 Ciências Sociais. Gradiva. Lisboa.
 Ciribelli, M. C. (2003). Como elaborar uma dissertação de mestrado através da pesquisa
científica. Rio de Janeiro: 7 Letras.
 Cortada, J. W. e Quintella, H. L. M. M. (1994). TQM: gerência da qualidade total
tradução Eliane Kanner. – São Paulo: Makron Books.

 Davenport, T. H. (2002). Ecologia da informação: porque só a tecnologia não basta para


o sucesso da informação: Tradução Bernadete Siqueira Abrão. São Paulo. Futura.

 Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (1990). Informação. São Paulo: Enciclopédia


Britânica do Brasil, v.02, p. 968.

 Fachin, O. (2003). Fundamentos de metodologia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva.


 Fonseca, J. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza. UEC.

 Gil, A. C. (2002). Como elaborar projeto de pesquisa. Brasília. Atlas.

 Gutierrez, G. L. (1999). Gestão comunicativa: maximizando criatividade e racionalidade.


Rio de Janeiro: Qualitymark

 Juran, J. M., & Godfrey, A. B. (1999). Juran’s quality handbook 5ª ed. New York:
McGraw Hill.

 Keller, K. L.( 2006). Administração de Marketing.12a ed. São Paulo: Personagens


Prentice Hall,

 Lakatos, E. Maria. Marconi, M. A. (2007). Técnicas de pesquisa. 6 ed. – São Paulo:


Atlas.
 Lakatos, E. Maria. Marconi, M. A. (2011). Fundamentos de metodologia científica.
 Malhotra et al (2005). Introdução a Pesquisa de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice
Hall.

30
 Manjunath et all, (2010). Analysis of Data Quality Aspects in Data Warehouse Systems.
International Journal of Computer Science and Information Technologies.

 Marchand, D. (1990). Managing information quality. In: Wormell, I. (Ed.) Information


quality: definitions and dimensions. London: Taylor Graham, p. 7-17.

 Mcgee, J. V. e Prusak, L. (1994) Gerenciamento estratégico da informação: aumente a


competitividade e a eficiência de sua empresa utilizando a informação como uma
ferramenta estratégica. Rio de Janeiro: Campus.

 Minayo, M. C. S. (2009). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28. ed.


Petrópolis: Vozes.

 MISAU. Relatório da revisão do sector de saúde. (2012, p.126).


 Moresi, E. (2003). Metodologia de Pesquisa. Série didáctica, UCB.

 Oliveira, P. (2008). Detecção e Correcção de Problemas de Qualidade dos Dados:


Modelo, Sintaxe e Semântica (Tese). Universidade do Minho.

 Patino, C. M. Ferreira, J. C. (2018). Critérios de inclusão e exclusão em estudos de


pesquisa: deinições e porque eles importam. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São
Paulo.

 Penicela(2013), Qualidade de vida no trabalho e sua relação com prestação de serviços


públicos. Maputo.

 Pestana, D. Velosa, S. (2010). Introdução à Probabilidade e à Estatística. Volume I, 4ª


edição, Fundação Calouste Gulbenkian.
 Shankaranarayanan, G., & Cai, Y. (2006). Supporting data quality management in
decisionmaking.

 Shoji et all. (1997). TQM: Quatro Revoluções na Gestão da Qualidade. Porto Alegre:
Artes

 Silva, M. (2004). Metáforas e entrelinhas da profissão docente. São Paulo: Pioneira.


Técnicas de pesquisa. 7 ed. – São Paulo: Atlas.

 Simon, H. (1947). Administrative behavior, New York:Doubleday

 Simon, H. A. (1965). Comportamento administrativo: estudo dos processos decisórios


nas organizações administrativas. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.

 Singh, R., & Singh, D. K. (2010). A Descriptive Classification of Causes of Data Quality
Problems in Data Warehousing. International Journal of Computer Science, p. 10.

 Stair, R.M. (1998). Princípios de Sistemas de Informação: uma abordagem gerencial. 2


ed. Rio de Janeiro: LTC.

31
APÊNDICES

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Viemos, por meio deste instrumento, solicitar sua colaboração na coleta de dados para a
pesquisa intitulada: Análise das Estratégias Existentes para Avaliar a Melhoria da Qualidade de
dados. Assim como demonstrar a importância para a reunião de fichas com informações
detalhadas dos pacientes, bem como a consulta de fatores importantes como idade, peso,
diagnóstico de doenças e os resultados relacionados aos exames médicos.
Neste instrumento, deixamos assegurada a liberdade de colaborar com o estudo ou de desistir da
colaboração, a qualquer momento, sem que sua decisão incorra prejuízos de qualquer natureza.
Reiteramos nosso compromisso com o seu anonimato, assim como ressaltamos que sua
colaboração não acarretará ónus de qualquer natureza.

Autorização

__________________________

32
CARTA PARA ASSINATURA DO PARTICIPANTE

Eu, (_______________________________), após a leitura (ou a escuta da leitura) deste


documento e ter tido a oportunidade de conversar com a pesquisadora responsável, para
esclarecer todas as minhas dúvidas, acredito estar suficientemente informado, ficando claro para
mim que minha participação é voluntária e que posso retirar este consentimento a qualquer
momento sem penalidades ou perda de qualquer benefício.

Estou ciente também dos objetivos da pesquisa, dos procedimentos aos quais serão submetidos,
dos possíveis danos ou riscos deles provenientes e da garantia de confidencialidade e
esclarecimentos sempre que desejar. Diante do exposto, expresso minha concordância de
espontânea vontade em participar deste estudo.

Assinatura do voluntário ou de seu representante legal

____________________________

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre e esclarecido deste
voluntário (ou de seu representante legal) para a participação neste estudo.

Dados da pesquisadora: Nome completo: Lelandra Afonso Xinavane; Bairro Cote, quarteirão
122, casa número 38.

Telefone: 845181408; Correio electrónico: lelandraalfredom@gmail.com

Assinatura do responsável pela obtenção de informação

________________________________

33
APÊNDICE B – Questionário para as Enfermeiras de Saúde Materno Infantil

Caro (a) Funcionário (a), solicita-se, encarecidamente, a sua opinião para a resposta ao seguinte
questionário. Asseguramos que o mesmo tem objetivos meramente académicos, sendo que será
garantida a confidencialidade da informação que irá prestar. Contamos com a sua colaboração. Assinale
com ʺXʺ apenas uma (1) resposta que achar conveniente e correcta.

I. Dados Pessoais

1.1. Idade: 18 a 25 anos ( ) 26 a 36 anos ( ) 37 a 45 anos ( ) 46 a 65 anos ( ) +65 ( )

1.2. Nivel academico: Elementar ( ) Basico ( ) Médio ( ) Superior ( )


1.3. Tempo de serviço na instituição: 0 a 3 meses ( ) 1 a 3 anos ( ) 4 a 10 anos ( ) 11 a 20
anos ( ) 21 a 35 anos ( )

II. Melhoria de Qualidade de Dados


1. Quais são as estratégias usadas para melhoria da qualidade de dados dos pacientes?
a) Reuniões de balanco do programa de SMI ( )
b) Formação em serviço em matéria de preenchimento de instrumentos de SMI ( )
c) Visitas de apoio técnico no âmbito de Monit. & Avaliação dos indicadores de SMI ( )
d) Reunião de balanco de discussão de dados estatísticos ( )
e) Outras práticas ( )
Se for outra, menciona?
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2. A informação de qualidade é fundamental em todo o processo de decisão de uma instituição.


Qual é a prática usada para melhoria de qualidade dados?
a) Integração ( )
b) Capacitação contínua ( )
c) Distribuição de manuais e outros textos de apoio
d) Outras ( )
34
Caso existirem outras práticas mencione-as.
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

3. O controlo de qualidade é uma actividade que deve ser realizada por rotina pelos trabalhadores
que registam, recolhem, enviam e recebem os dados. Qual é a periodicidade de cruzamento de
dados antes do seu envio para o nível superior

a) Diário ( ) Semanal ( ) Mensal ( ) Trimestral ( )

Periodicidade de envio de dados para o nível superior


b) Diário ( ) Semanal ( ) Mensal ( ) Trimestral ( )

4. Os problemas de qualidade de dados causam prejuízos significativos na tomada de decisão.


Quais são os problemas relacionados com a qualidade de dados?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

5. Existem manuais de orientação que visam melhorar a fiabilidade dos dados?


a) SIM ( )

b) NÃO ( )

5.1. Se sim, mencione-os?


_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

Muito obrigado pela sua colaboração!

35
ANEXO II: GUIÃO DE OBSERVAÇÃO

Tabela 6: Guião de observação

No de Ord. Pergunta Sim Não


1 Caligrafias legíveis?
Os livros de registo foram correctamente
2
preenchidos?
Os livros de registo foram preenchidos
3
completamente?
Evidências de documentos de capacitação
4
continua?
Existência de manuais e outros textos de apoio
5
para melhoria de qualidade de dados
Os funcionários preenchem devidamente os
6
livros de registo?
Existência de manual de instrções para o
7 preenchimento do livro de registo?

Disponibilidade de todos os livros?


8

Muito obrigado pela sua colaboração!

36
Instrumentos de Registo do Programa de SMI

Figura 1: Livro de registos de CPN Figura 2: Livro de registos de CPP

Figura 3: Livro de registos de CPF Figura 4: Livro de registos de Admissão

37
Figura 5: Livro de registo de Ginecologia

38
ANEXOS

Figura 6: Mapa do Distrito de Marracuene

39

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