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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE - UNIJUAZEIRO

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

SABRINA MONTEIRO FEITOSA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE


AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO

JUAZEIRO DO NORTE – CE
2021
SABRINA MONTEIRO FEITOSA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE


AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO

Artigo apresentado ao curso de Graduação em


Enfermagem do Centro Universitário de
Juazeiro do Norte – UNIJUAZEIRO, como
requisito final para nota na disciplina de TCC
II.

Orientadora: Prof.ª Esp. Crystianne Samara


Barbosa Araújo

JUAZEIRO DO NORTE – CE
2021
SABRINA MONTEIRO FEITOSA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE


AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO

Artigo apresentado ao curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário de


Juazeiro do Norte – UNIJUAZEIRO, como requisito final para nota na disciplina de TCC II.

Data de aprovação: 08/12/2021

BANCA EXAMINADORA

________Prof.ª Esp. Crystianne Samara Barbosa Araújo______


Centro Universitário de Juazeiro do Norte - UNIJUAZEIRO
(Orientadora)

_________________Nathalie Peixoto Ratts_________________


Centro Universitário de Juazeiro do Norte - UNIJUAZEIRO
(Examinador I)

______________Thiago Adolfo Sobreira Miranda____________


Centro Universitário de Juazeiro do Norte - UNIJUAZEIRO
(Examinador II)
RESUMO

As consultas pré-natais são imprescindíveis durante a gestação, sendo ofertadas medidas para
melhoria dos desfechos materno-fetais. Objetiva-se compreender se o pré-natal na atenção
básica vem sendo desenvolvido como é estabelecido pelo Ministério da Saúde. Trata-se de
estudo de campo, descritivo, exploratório com abordagem qualitativa que foi realizada com
enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde localizadas no município de Juazeiro do Norte-
CE. Utilizou-se para a coleta de dados uma entrevista semiestruturada, respeitando a
Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Para analisar os dados utilizou-se da
análise de conteúdo de Bardin. A partir dos resultados, conclui-se que a execução das ações
é relativamente boa, embora subentenda-se que os profissionais desempenham padrões
diferentes de acompanhamento. Notou-se, através disso, que as consultas podem não ser
realizadas de maneira completa, haja visto que a cada resposta houve alguma
incompatibilidade com o que é estabelecido pelo MS. Dessa forma, para que haja um melhor
desempenho da assistência existe a necessidade de investimentos em relação a estrutura física
e recursos materiais, tendo em vista que esses são pontos dificultam o atendimento e
implicam na redução da qualidade do serviço prestado.

Palavras-chave: Pré-natal. Enfermagem. Assistência à saúde Cuidado pré-natal. Saúde


maternal.

ABSTRACT

Prenatal consultations are essential during pregnancy, and measures are offered to improve
maternal-fetal outcomes. The objective is to understand whether prenatal care in primary care
has been developed as established by the Ministry of Health. This is a field, descriptive,
exploratory study with a qualitative approach, carried out with nurses from Basic Health
Units located in the city. of Juazeiro do Norte-CE. A semi-structured interview was used for
data collection, respecting Resolution 466/12 of the National Health Council. To analyze the
data, Bardin's content analysis was used. From the results, it is concluded that the execution
of actions is relatively good, although it is understood that professionals perform different
standards of monitoring. It was noted, through this, that the consultations may not be carried
out in a complete way, given that each answer had some incompatibility with what is
established by the MS. Thus, for a better care performance, there is a need for investments in
terms of physical structure and material resources, considering that these are points that make
care difficult and imply a reduction in the quality of the service provided.

Keywords: Prenatal. Nursing. Health care. Prenatal care. Maternal health.


INTRODUÇÃO
Durante a gestação ocorrem uma série de alterações fisiológicas que são necessárias
para garantir que ela perdure normalmente durante todo o seu curso. Essas alterações são
processos adaptativos do organismo que possuem o objetivo de preparar a mulher para a
gestação e o parto¹.
O pré-natal, componente da Rede Cegonha, assegura que sejam ofertadas medidas
que promovam a formação ideal do feto, minimizem o risco de desfechos indesejáveis e de
alterações, bem como o diagnóstico precoce destas. Através disso também é possível garantir
que a gestante tenha o atendimento adequado de acordo com o seu grau de risco². Além disso,
objetiva-se que através da assistência de qualidade e com o cumprimento dos protocolos
estabelecidos para este fim, o parto e nascimento ocorram da maneira esperada, isto é, sem
intercorrências³.
Na Atenção Primária à Saúde, através da assistência pré-natal, os enfermeiros
desempenham papéis de fundamental importância, dentre eles o desenvolvimento de
intervenções que permitam a maior vinculação e adesão da gestante ou do casal aos serviços
e aos profissionais de saúde através da confiança e do respeito obtidos na assistência4.
Pesquisas realizadas mostram que no Brasil há uma boa cobertura da assistência pré-
natal, porém, é válido ressaltar que alguns critérios de qualidade dessa assistência deixam a
desejar, sendo os grupos menos favorecidos os mais prejudicados5. A assistência prestada de
maneira inadequada está intimamente relacionada com os resultados negativos para a mãe e
o feto6.
Dessa forma, questiona-se: na assistência ao pré-natal, o enfermeiro executa as ações
padronizadas pelo ministério da saúde para o pré-natal de baixo risco?
Estudos mostram que para uma assistência de qualidade é necessário que os
profissionais sejam qualificados, bem como que haja investimento na sua qualificação. Além
do investimento nos recursos humanos, é de extrema importância que sejam aplicados
também investimentos nos recursos materiais.
Tendo em vista a necessidade de prestar uma assistência ampla e de qualidade para
as mulheres no seu ciclo gravídico puerperal, viu-se a importância de investigar como são
realizadas as ações que são impostas para o alcance dos objetivos da assistência pré-natal.
A pesquisa teve como objetivo principal compreender se o acompanhamento pré-
natal na Atenção Básica está sendo desenvolvido de acordo com o estabelecido pelo
Ministério da Saúde.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de campo, descritivo e de caráter exploratório, com abordagem
qualitativa.
Os participantes desta pesquisa foram os enfermeiros que atuam nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS) do município de Juazeiro do Norte no estado do Ceará. Esta cidade
está localizada na Região Metropolitana do Cariri, no sul do estado, a qual possui 82 equipes
de Estratégia Saúde da Família. Foram selecionadas 15% dessas equipes, totalizando dezoito
enfermeiros. Devido a saturação observada nos dados obtidos, realizou-se a entrevista com
quinze profissionais, sendo utilizada as falas mais representativas no estudo.
Utilizou-se como critérios de inclusão os profissionais enfermeiros que são
concursados e que atuam nas UBS da zona urbana há no mínimo seis meses; como critério
de exclusão, os enfermeiros que não realizaram pré-natal em sua Unidade há mais três meses.
Foi enviada à Secretaria Municipal de Saúde uma solicitação para utilização do
campo de estudo e após a obtenção da carta de anuência assinada para a realização da
pesquisa deu-se o cadastrado no Plataforma Brasil para ser apreciado pelo Comitê de Ética e
Pesquisa (CEP) com seres humanos e somente após a sua aprovação, iniciaram-se as coletas.
A entrevista foi realizada após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) pelos participantes. Essa realização da coleta de dados ocorreu nos
meses de outubro e novembro através de um questionário desenvolvido pelo próprio
pesquisador e baseado no que é preconizado pelo Caderno de Atenção Básica – Atenção ao
pré-natal de baixo risco (CAB 32), do Ministério da Saúde. A análise de dados deu-se através
da análise de conteúdo por meio da utilização do método de Bardin.
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário de
Juazeiro do Norte- UNIJUAZEIRO, respeitou os princípios éticos e legais estabelecidos na
Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012 e foi aprovado sob número de parecer 5.013.103.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Por motivos de saturação de dados, foram entrevistados quinze profissionais
enfermeiros da Atenção Básica que obedeciam aos critérios de inclusão. Para obter o perfil
dessa população utilizou-se as seguintes características: faixa etária, sexo, tempo de
formação, tempo em que trabalha na unidade saúde de saúde e se tem ou não especialização
em Estratégia Saúde da Família (tabela 1).
Tabela 1: Perfil socioprofissional dos enfermeiros atuantes nas unidades Estratégia Saúde da
Família- ESF. Outubro e novembro de 2021. Juazeiro do Norte -Ce

Características Total(%) Total (N)

Faixa etária
18 a 28 33,3 5
28 a 38 46,7 7
38 a 48 20,0 3

Sexo
Feminino 73,3 11
Masculino 26,7 4

Tempo de formação
01 a 03 anos 13,3 2
04 a 05 anos 33,3 5
06 a 10 anos 33,3 5
> 10 anos 20,0 3

Tempo de trabalho
Seis meses a 01 ano 26,7 4
01 a 03 anos 13,3 2
03 a 05 anos 20,0 3
> 05 anos 40,0 6

Especialização
Sim 73,3 11
Não 26,7 4
Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

Categoria 1: Realização das ações estabelecidas pelo Ministério da Saúde de acordo


com o caderno de atenção básica nº 32 que trata sobre o pré-natal de baixo risco

A partir do questionamento acerca das ações que são realizadas pelo enfermeiro no
pré-natal do âmbito da atenção básica, obteve-se os seguintes resultados:

P1 “Em nossa unidade realizamos o acolhimento da gestante, vinculação


com a equipe do território, os testes rápidos, prescrição de medicamentos
e os exames da rotina pré-natal. Realizamos avaliação do risco a cada
consulta, encaminhamos quando necessário e no último trimestre é
trabalhado informações sobre maternidade de referência, aleitamento,
trabalho de parto verdadeiro e outras informações pertinentes”.

P2 “Procuro atender de forma humanizada. Se a mulher busca


orientação sobre uma possível gravidez, costumo perguntar sobre sua
saúde, alimentação, se tem IST’s. Quando já me procura estando grávida,
inicio sem perder tempo o pré-natal, solicito exames laboratoriais,
verifico a caderneta de vacinação, se está em dias com o exame preventivo
de câncer e colo de útero”.

P3 “Realizo exame físico de forma minuciosa, faço exame das mamas,


procuro edemas, verifico a altura do fundo uterino a depender das
semanas, verifico os BCF’s. Me atendo aos exames laboratoriais, se for
a primeira consulta solicito, oriento sobre o esquema vacinal. Gosto de
preparar a mulher para o parto, converso sobre de que maneira ela
pretende ter o bebê, se cesariana ou normal e ainda faço orientações
sobre a importância do aleitamento materno”.

É de extrema importância a participação da equipe multiprofissional e suas devidas


contribuições para a obtenção do êxito nessa assistência. Nesse contexto, é atribuído ao
enfermeiro: orientações acerca do pré-natal, amamentação e vacinação; cadastramento da
gestante no Sisprenatal e fornecimento do cartão da gestante; realizar consultas intercaladas
com o médico; solicitar exames complementares; realizar testes rápidos; prescrever
medicamentos padronizados; identificar gestantes com sinal de alarme e encaminhá-las para
pré-natal de alto risco; realizar exame clínico das mamas e coleta para exame citopatológico
de colo de útero; desenvolver atividades educativas; orientar sobre fatores de risco e
vulnerabilidade; orientar periodicidade de consultas e realizar busca ativa; realizar visitas
domiciliares no período gestacional e puerperal7.

A partir desses resultados, observou-se que a execução das ações é relativamente boa,
embora subentenda-se que os profissionais desempenham padrões diferentes de
acompanhamento. Notou-se, através disso, que as consultas podem não ser realizadas de
maneira completa, haja visto que a cada resposta houve alguma incompatibilidade com o que
é estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Um ponto de extrema importância observado foi o fato de poucos profissionais


citarem a realização de exame clínico das mamas e de coleta para exame citopatológico de
colo de útero, sendo que o período gestacional é uma ótima oportunidade para realizá-los,
principalmente quando a gestante nunca fez esses exames ou tem uma frágil vinculação à
unidade de saúde.

Essa condição pode ser um reflexo da falta de informação das gestantes quanto à
finalidade do exame, assim como a importância da sua realização no período gestacional8.
Além disso, estudos citam que os sentimentos de vergonha, medo, questões culturais, bem
como o desconhecimento dos profissionais sobre essa prática na gestação são fatores que
implicam na não realização do exame citopatológico9.

A avaliação pré-concepcional foi uma situação pouco observado no estudo, sendo


esse um ponto considerável e que possibilita desenvolver estratégias para o cuidado, reduzir
riscos e promover melhores resultados antes mesmo da gestação. Para isso, entende-se que é
necessário um maior envolvimento da equipe multidisciplinar e a disseminação de
informações sobre o assunto, pois este pode ser pouco conhecido pelas usuárias.
A falta de orientação é um fator que implica na não busca da usuária pelo serviço.
Sendo assim, é importante haja a implementação dessa ação em um contexto de escolha livre
e informada visando o aumento do conhecimento acerca dessa temática10.

Categoria 2: Motivações que levam o início tardio para o acompanhamento do pré-


natal de baixo risco

Questionou-se a respeito da realização das consultas fora do período adequado, ou


seja, após a décima segunda semana de gestação. A partir daí foram alcançadas as seguintes
respostas:

P4 “Sim! Menores de idade que tem pouca instrução, baixa escolaridade


e pouco apoio da família”.

P5 “Com pouca frequência, pois na maioria das vezes são mulheres que
trabalham e relatam pouco tempo para procurar o posto e ainda
reclamam da distância e horários incompatíveis com o do trabalho.
Gostariam que o posto funcionasse a noite.”.

P6 “Vez ou outa acontece isso na unidade, normalmente elas alegam que


não desconfiavam que estavam gestantes ou que não sabia qual o
fluxograma da ESF e não veio antes por isso, ou por negação e tentativas
de aceitação da nova condição. Mas normalmente elas já comparecem
logo no início”.

O início tardio do acompanhamento também é um fator que merece atenção enfática,


pois é uma condição que interfere no processo do cuidar e na sua qualidade, podendo as
questões de aceitação da gestante, do parceiro e dos familiares a respeito da confirmação da
gravidez, bem como as condições socioeconômicas dessa gestante estarem ligados a não
procura precoce ao serviço pré-natal11.

Observou-se que os resultados mostram grande semelhança com a literatura a respeito


dos fatores que interferem para o início tardio. A maioria dos profissionais relataram essa
dificuldade em realizar o pré-natal precocemente, sendo que os fatores encontrados que
influenciam para tal situação foram não só referentes a própria gestante, mas também
relacionados a fragilidades do serviço e/ou equipe de saúde:

P7 “... é importante conscientizar os profissionais da unidade e os ACS’s


quanto a importância da informação a respeito do cronograma da UBS”.

Em um estudo realizado, viu-se que a falta de rede de apoio é um fator ligado a esse
acompanhamento tardio, tendo em vista que na maioria das vezes as gestantes só dão início
às consultas quando recebem os resultados dos exames. O mesmo enfatiza a necessidade da
captação precoce por meio dos ACS’s12.
Categoria 3: Adesão das gestantes à assistência pré-natal nas Unidades Básica de Saúde

Mediante o questionamento a fim de obter informações a respeito da adesão das


gestantes ao acompanhamento pré-natal, emergiram os seguintes dados.

P7 “Sim! É muito relevante, mas a presença sempre corresponde a


quantidade. Porém necessita sempre fazer busca ativa”.

P8 “Aqui existe pouca adesão. A minha área de abrangência é composta


na maioria por pessoas de classe média-alta e realizam o pré-natal no
setor privado”.

P9 “Não! Tem muita irregularidade na vinda delas às consultas de rotina


com a enfermagem. Infelizmente elas vêm com mais regularidade quando
a consulta é com o profissional médico”.

Estudos apontam que entre as dificuldades encontradas para a realização da


assistência é a falta de adesão das gestantes ao serviço. Alguns fatores que podem ser
contribuintes para esta situação são a falta de informações e a insatisfação com o atendimento
ofertado9. Outros fatores que interferem na adesão podem ser inerentes a gestante: idade
inferior a 20 anos, baixa escolaridade, estado civil solteira, o número de gestações, onde as
mulheres com mais gestações tendem a ter menor adesão principalmente quando
anteriormente houveram desfechos negativos, a não aceitação da gestação e tradições
familiares; e fatores extrínsecos: desigualdade regional e social, acessibilidade, falta de
apoio, acolhimento e aceitabilidade, experiências negativas e atuação do profissional
enfermeiro13.

Neste quesito observou-se muitas variações nos resultados obtidos. Porém, assim
como relata a maioria dos autores, foi visto através desse estudo que esse é um ponto bastante
preocupante. Um importante achado que foi possível observar é o fato de que tanto a baixa
condição socioeconômica quanto condições de vida mais favoráveis podem influenciar na
adesão ao pré-natal no âmbito da atenção básica.

No entanto, assim como a baixa condição socioeconômica pode afetar esse processo,
o estudo evidenciou que também é um fator que influencia na maior adesão, tendo em vista
a indisponibilidade da usuária em buscar um serviço privado.

P10 “Nessa área costumam vir bastantes pois é periferia, população


carente e procuram com frequência a ESF”.

Verificou-se através da literatura que as orientações ofertadas de maneira adequada


no início da gestação influenciam na maior adesão das gestantes às consultas posteriores,
bem como às intervenções prescritas14.

Categoria 4: Dificuldades encontradas pelos enfermeiros (as) para a realização


da assistência ao pré-natal de baixo risco

Questionou-se também a respeito das dificuldades percebidas pelos profissionais na


execução do pré-natal. Diante disso verificou-se as seguintes situações:
P11 “Existem dificuldades quanto a infraestrutura da unidade. Tanto os
espaços pequenos quanto a falta dele. Há situações em que um
enfermeiro cede sua sala para a utilização por outro enfermeiro,
enquanto espera no corredor”.

P12 “O vínculo da UBS com a maternidade não existe! A realidade não


é como está escrito no papel. Esse fato leva mais inseguranças para as
gestantes a respeito do parto e as leva a recorrer por um serviço privado”.

P13 “Tecnologia dura insuficiente, a ambiência da unidade, a falta de


um bom suporte para realização de exames e a baixa adesão das
gestantes”.

Em um estudo realizado sobre a qualidade da atenção pré-natal no Brasil, foi


evidenciado a existência de inadequações estruturais e unidades básicas que não atendiam as
necessidades das usuárias em vários aspectos 15. Ainda como pontos de fragilidade, autores
citam a dificuldade de acesso na realização de exames, bem como da ultrassonografia e o
vínculo da gestante com a maternidade de escolha para o parto16.

Esse foi um ponto bastante comum no relato dos profissionais. Em concordância com
o que a literatura bastante cita, foram encontradas dificuldades em relação a estrutura física
e equipamentos inadequados ou insuficientes, bem como a demora em obter os resultados
dos exames. Fato este que resulta em atrasos significantes para a oferta de uma boa
assistência, bem como para o decorrer da gestação.

É válido salientar que a assistência fornecida contendo todos os recursos é um dos


requisitos básicos da assistência17. Entretanto, nota-se que a ausência ou insuficiência deles
pode ser decorrente de políticas públicas não as disponibilizar adequadamente18.

Porém, em relação aos recursos físicos e materiais, observou-se grande variação nos
resultados. Embora tenha-se encontrado muitas irregularidades, viu-se também situações
promissoras.

P14 “Sim! O consultório de enfermagem é amplo e ventilado e dispomos


de todos os materiais necessários para realizar o pré-natal de baixo
risco”.

A proposta Rede Cegonha, que visa a estruturação da atenção materno-infantil, cita a


importância da não peregrinação da gestante. Para isso, no decorrer do pré-natal deve ser
desenvolvido o plano de parto bem como a vinculação da gestante a maternidade de
referência. De acordo com o P15, “...é um fator de que deve ser melhorado no serviço no qual a
gestante é referenciada: “eu faço o encaminhamento, mas lá não tem quem atenda elas e apresente
o hospital. Mas quando é uma urgência com a gestação eles atendem”. Esse também foi um ponto
citado pelo P12: “...há baixa interlocução na rede”. Através disso observou-se a dificuldade
que os serviços possuem em relação ao apoio matricial.

Em um estudo realizado a nível nacional, essa falha na articulação dos serviços é


resultante da deficiência nos sistemas de referência e contrarreferência, sendo necessário que
sejam ofertadas melhorias que evitem a peregrinação das gestantes, situação esta que ainda
pode ser frequente19.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que a assistência de enfermagem no pré-natal de baixo risco é realizada


de maneira incompleta, tendo em vista que não são todas as ações estabelecidas pelo
Ministério da Saúde que são executadas com a frequência desejada. Vê-se a importância de
que haja maior investimento na capacitação profissional para que seja estabelecido um
padrão no acompanhamento abrangendo todos os pontos determinados pelo Ministério da
Saúde.

Sugere-se também que sejam desenvolvidas ações que visem o encorajamento e a


facilitação das gestantes em buscar o serviço precocemente e mantenha a adesão ao mesmo,
bem como o treinamento da equipe, em especial dos ACS’s, pois possuem maior vínculo
com as pacientes, para que as mantenham informadas acerca do acompanhamento e
cronograma da unidade de saúde. Para que haja um bom desempenho da assistência há a
necessidade de investimentos em relação a estrutura física e recursos materiais, tendo em
vista que esses são pontos dificultam o atendimento e implicam na redução da qualidade do
mesmo. É cabível também o desenvolvimento de medidas que promovam um melhor apoio
e a resolutividade adequada por meio de outros serviços que complementam a assistência
pré-natal.

REFERÊNCIAS

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https://doi.org/10.1590/0102-311X00126013.
ESTADO DO CEARÁ
PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO DO NORTE
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
_____________________________________________________________________

Declaração de Anuência

Eu, Ana Kaline Mendes Figueiredo, CPF 01107519306. Coordenadora de Educação Permanente
da Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte– CE, CNPJ 11.422.073/000198, declaro ter lido o
projeto intitulado AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
FRENTE AO PRÉ-NATAL DE BAIXO
RISCO, de responsabilidade da pesquisadora, Sabrina Monteiro Feitosa, CPF 86559176304,
autorizarei a realização da respectiva pesquisa mediante apresentação do parecer de aprovação
por um CEP vinculado ao sistema da Plataforma Brasil, tendo em vista conhecer e fazer cumprir as
Resoluções Éticas Brasileiras, em especial as Resoluções 466/12 e 510/16 do CNS/CONEP.
Declaramos ainda que esta instituição está ciente de suas co-responsabilidades como instituição
co-participante do presente projeto de pesquisa, destacando o comprometimento da pesquisadora
em resguardar a segurança e bem-estar dos sujeitos de pesquisa nela recrutados.

Juazeiro do Norte-CE, 02 de agosto de 2021.

________________________________________________
Ana Kaline Mendes Figueiredo
(Coordenadora Municipal da Educação Permanente em saúde)

Rua José Marrocos, s/nº, Santa Tereza - Juazeiro do Norte, CE


sesau@juazeiro.ce.gov.br
www.juazeirodonorte.ce.gov.br
APENDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1.DADOS DO PARTICIPANTE

Idade:
( ) 18 a 28 anos ( ) 28 até 38 anos
( ) 38 a 48 anos ( ) Acima de 48 anos

Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino

Tempo de formação:
( ) De 01 até 03 anos ( ) De 04 a 05 anos
( ) De 06 até 10 anos ( ) Acima de 10 anos

Tempo que trabalha na Unidade de Saúde:


( ) De seis meses até 01 ano ( ) De 01 ano até 03 anos
( ) De 03 anos até 05 anos ( ) Acima de 05 anos

Tem especialização em Estratégia Saúde da Família?


( ) Sim ( ) Não

2. PERGUNTAS NORTEADORAS DA PESQUISA


1. Quais são as ações estabelecidas pelo caderno de Atenção Básica (Cab 32) do MS,
que trata sobre a atenção ao pré-natal de baixo risco, que você realiza?

2. Existem casos em que o início do acompanhamento ocorre de maneira tardia? O que


você acha que influencia para que isso aconteça?

3. A quantidade de gestantes que comparecem regularmente às consultas pré-natais


corresponde a quantidade total de gestantes da área?

4. Na sua opinião, existem fatores que impedem a realização eficaz da assistência pré-
natal? Caso sua resposta seja afirmativa, exemplifique.

5. Quais pontos você acha que precisa ser melhorado no acompanhamento?

6. Quais são as dificuldades encontradas na execução do pré-natal?

7. A UBS em que você atende dispõe de recursos físicos e materiais necessários para a
assistência à gestante?

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