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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

FERNANDO DE LIMA JOHANN

CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS: ESTADO DA ARTE DAS


NOVAS REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Ijuí
2021
FERNANDO DE LIMA JOHANN

CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS: ESTADO DA ARTE DAS


NOVAS REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso de


Engenharia Civil apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Eder Claro Pedrozo

Ijuí /RS
2021
FERNANDO DE LIMA JOHANN

CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS: ESTADO DA ARTE DAS


NOVAS REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo
membro da banca examinadora.

Ijuí, 30 de julho de 2021.

Prof. Eder Claro Pedrozo

Mestre em Engenharia Civil pela UFSM - Orientador

Profa. Lia Geovana Sala

Coordenadora do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Profa. Cristina Eliza Pozzobon (UNIJUÍ)

Mestre em Engenharia Civil pela UFSC


Dedico este trabalho aos meus pais.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Jaime e Lorenes agradeço infinitamente aos meus pais por terem sido
os pilares na minha vida, por sempre me apoiarem e torcerem por mim, a realização do meu
sonho não seria possível sem vocês. Obrigada por nunca terem medido esforços pra me verem
feliz, vocês tornaram isso real.

Ao meu orientador, Eder, agradeço pelo apoio na elaboração desta pesquisa,


conselhos, auxílios e ensinamentos.

A minha namorada Carol pelo apoio nessa etapa tão desafiadora.

Aos meus colegas de curso pela companhia durante a graduação.

A todos vocês, muito obrigado.


However difficult life may seem, there is always
something you can do and succeed at.

Stephen Hawking
RESUMO

JOHANN, Fernando. L. Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas
Referências Normativas. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia
Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí,
2021.

O concreto convencional quando submetido a esforços de tração apresenta


comportamento frágil, perdendo a capacidade resistente após a fissuração da matriz. Como
possibilidade para superar essas limitações adiciona-se fibras no concreto, gerando um
compósito com características aprimoradas, como a capacidade de absorção de energia,
ductilidade e controle de fissuração. quando se compara ao concreto convencional. As fibras
mais utilizadas no concreto reforçado com fibras são as de aço, vidro e poliméricas. Com o
surgimento do concreto reforçado com fibras esperava-se que este aumentaria as resistências
à compressão e tração, porém, as fibras atuam na resistência pós fissuração, acarretando em
maiores resistências residuais e tenacidade. A utilização de concreto reforçado com fibras em
solo brasileiro acontece desde 1990, porém, somente em 2021, são publicadas as referências
normativas brasileiras. Pelo fato da recente publicação das normas, ainda há um grande
caminho a ser percorrido para a plena utilização do concreto reforçado com fibras, um dos
motivos é a dificuldade de execução dos métodos de ensaio propostos pelas normas. Porém,
um dos métodos de ensaio citados pela norma apresenta grande possibilidade de ser utilizado
corriqueiramente no controle do concreto reforçado com fibras.

Palavras-chave: CRF. Fibras. Normas.


ABSTRACT

JOHANN, F. L. Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências
Normativas. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2021.

The plain concrete when submitted to tensile stress presents fragile behavior, losing
its strength after the matrix cracking. As a way to overcome these limitations fibers are added
to the concrete, generating a composite with improved characteristics, such as energy
absorption capacity, ductility and cracking control, when compared to the plain concrete. The
most commonly used fibers in fiber-reinforced concrete are the steel, glass and Polymeric
fibers. With the rise of fiber-reinforced concrete, it was expected that it would increase the
compressive and tensile strength, however, fibers act on the post cracking strength, resulting
in better residual strength and toughness. The use of fiber-reinforced concrete in Brazilian
soil has been occurring since 1990, but only in 2021, national normative references were
published. By the fact of the recent publication of these standards, there is still a long way to
get thru for the fully use of fiber-reinforced concrete, one reason is the difficulty to executing
the test methods proposed by the standards. However, one of the test methods cited by the
standard presents a great possibility of being used routinely in the control of the fiber-
reinforced concrete.

Keywords: FRC. Fibers. Standards.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Delineamento da pesquisa ....................................................................... 21


Figura 2 – Microfibras de polipropileno monofiladas (a) e fibriladas (b). ............... 27
Figura 3 – Macrofibras de polipropileno (a) e (b) .................................................... 28
Figura 4 – Diagrama de tensão versus deformação de matriz e fibras ..................... 32
Figura 5 – Comportamento softening (a) e comportamento hardening (b). ............. 33
Figura 6 – Concentração de fissuras em concreto sem fibras (a) e em CRF (b) ...... 34
Figura 7 – Esquema dos efeitos das fibras no concreto ............................................ 35
Figura 8 – Volume crítico de fibras .......................................................................... 36
Figura 9 – Comportamento do CRF em tração direta (a), tração na flexão (b) e punção
de placas (c) .............................................................................................................. 37
Figura 10 – Distribuição de tensão em fibras ........................................................... 38
Figura 11 – CRF com compatibilidade (a) e CRF sem compatibilidade (b) ............ 39
Figura 12 – Comportamento strain-softening e strain-hardening do concreto. ....... 48
Figura 13 – Curvas carga versus deslocamento vertical referente CRFA com teores
de 0,5% (a) e 1,0% em volume (b) ........................................................................... 51
Figura 14 – Curvas carga versus deslocamento vertical referente CRFP com teores de
0,5% (a) e 1,0% em volume (b) ................................................................................ 52
Figura 15 – Distribuição de esforços para ensaios de três (a) e quatro apoios (b) ... 55
Figura 16 – Fluxograma do sistema open-loop (a) e closed-loop (b) ....................... 56
Figura 17 – Curvas carga versus deslocamento com sistemas open-loop e closed-loop
.................................................................................................................................. 57
Figura 18 – Equipamentos com sistemas open-loop (a) e closed-loop (b) ............... 58
Figura 19 – Esquema de ensaio de tenacidade segundo a JSCE-SF4:1984 ............. 59
Figura 20 – Curva carga versus deslocamento da norma JSCE-SF4:1984 .............. 60
Figura 21 – Disposição do ensaio ASTM C1609:2019 ............................................ 62
Figura 22 – Curva de carga versus deslocamento característica da ASTM C1609:2019
.................................................................................................................................. 63
Figura 23 – Moldagem de corpo de prova prismático .............................................. 65
Figura 24 – Detalhamento de entalhe ....................................................................... 65
Figura 25 – Esquema de ensaio com controle de CMOD ........................................ 65
Figura 26 – Montagem do CMOD ........................................................................... 66
Figura 27 – Esquema de ensaio com controle de deslocamento vertical ................. 66
Figura 28 – Curva típica de força versus CMOD ..................................................... 68
Figura 29 – Variações da localização da carga correspondente ao LOP .................. 69
Figura 30 – Esquema de montagem ensaio Barcelona ............................................. 71
Figura 31 – Esquema de montagem com extensômetro (a) fissuras e cunha formadas
no ensaio (b) ............................................................................................................. 72
Figura 32 – Diagrama de carga versus deslocamento vertical ................................. 73
Figura 33 – Curvas de carga versus deslocamento vertical (azul) e curva de energia
(tenacidade) versus deslocamento vertical (vermelha) ............................................. 74
Figura 34 – Estágios propostos por Pujadas et al. (2013) ........................................ 75
Figura 35 – Fluxograma para correlação entre TCOD e deslocamento vertical ...... 76
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipos de fibras e suas propriedades mecânicas ...................................... 23


Tabela 2 – Tipo de fibras de aço e geometria correspondente ................................. 25
Tabela 3 – Resultados de abatimento por Salvador e Figueiredo (2013) ................. 42
Tabela 4 – Resultados de abatimento por Leite (2018) ............................................ 43
Tabela 5 – Resultados de resistência à compressão por Salvador e Figueiredo (2013)
.................................................................................................................................. 45
Tabela 6 – Resultados de resistência à compressão por Salvador, Fernandes e
Figueiredo (2015) ..................................................................................................... 46
Tabela 7 – Resultados de resistência à compressão por Leite (2018) ...................... 47
Tabela 8 – Resultados de resistência à tração por Leite (2018) ............................... 49
Tabela 9 – Resultados de resistência residual à tração por Leite (2018) .................. 51
Tabela 10 – Incremento de velocidade de carregamento ......................................... 62
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI American Concrete Institute

AENOR Associación Española de Normalización y Certificación

ASTM American Society for Testing and Materials

CEN Comité Européen de Normalisation

CMOD Crack Mouth Opening Displacement

CRF Concreto Reforçado com Fibras

CRFA Concreto Reforçado com Fibras de Aço

CRFP Concreto Reforçado com Fibras de Propileno

ELU Estado Limite Último

ELS Estado Limite de Serviço

FIB Fédération Internationale du Béton

JSCE Japonese Society of Civil Engineers

LVDT Linear Variable Differential Tranformers


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15

1.1 CONTEXTO ........................................................................................................ 17

1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 17

Questões de pesquisa.......................................................................................... 17

Objetivos de pesquisa ........................................................................................ 17

Delimitação do trabalho .................................................................................... 18

2 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................ 19

2.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA .......................................................................... 19

Contextualização do CRF e das fibras ............................................................. 19

Comportamento mecânico do CRF .................................................................. 20

Métodos de avaliação mecânica do CRF ......................................................... 20

2.2 DELINEAMENTO .............................................................................................. 20

3 FIBRAS UTILIZADAS NO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS . 22

3.1 Normas vigentes ................................................................................................... 23

3.2 Fibra de aço .......................................................................................................... 23

3.3 Fibra de vidro álcali-resistentes (AR) .................................................................. 25

3.4 Fibras poliméricas ................................................................................................ 26

4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS ................................................. 29

4.1 Comportamento das fibras no concreto ............................................................... 31

4.2 Interação fibra-matriz ........................................................................................... 33

Influência do volume de fibras.......................................................................... 35

Influência da geometria das fibras ................................................................... 37

5 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CONCRETO REFORÇADO COM


FIBRAS 40

5.1 Trabalhabilidade................................................................................................... 40
5.2 Resistência à compressão ..................................................................................... 43

5.3 Resistência à tração .............................................................................................. 47

5.4 Tenacidade e resistência residual ......................................................................... 50

6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO MECÂNICA DO CRF ................................. 54

6.1 Ensaios de tenacidade em prismas ....................................................................... 54

Ensaio JSCE-SF4:1984 ...................................................................................... 58

Ensaio ASTM C1609:2019 ................................................................................ 61

Ensaios CEN EN 14651:2007 e ABNT NBR 16940:2021 ............................... 64

6.2 Ensaios UNE 83515:2010 (Barcelona) e NBR 16939:2021 ................................ 70

Simplificações para o ensaio Barcelona ........................................................... 74

6.3 Compressão .......................................................................................................... 78

6.4 Estado fresco ........................................................................................................ 78

7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 80
15

1 INTRODUÇÃO

Desde a criação do cimento Portland em 1824, por Joseph Aspadin, e a primeira


utilização de ferro para a construção de um barco em 1855, por J. L. Lambot, houve inúmeros
avanços na tecnologia do cimento e nas técnicas construtivas na construção. (CARVALHO
e FILHO, 2020). De acordo com o Relatório Anual de 2019, do Sindicato Nacional da
Indústria do Cimento, houve uma produção de 56,6 milhões de toneladas no brasil, com um
consumo per capita de 261 kg/hab. Globalmente, as emissões de gás carbônico das indústrias
de cimento representam cerca de 7% das emissões totais. (SNIC, 2019).

O concreto apresenta comportamento frágil e baixa capacidade de deformação antes


de sua ruptura quando submetido a esforços de tração. Uma vez fissurado, o concreto perde
completamente a capacidade de resistir aos esforços de tração. De acordo com Carvalho e
Filho (2020), para utilização estrutural, o concreto sozinho não é adequado como elemento
resistente, pois, enquanto tem uma boa resistência à compressão, pouco resiste à tração, cerca
de 10% da resistência à compressão. Entretanto, usualmente há esforços de tração e
compressão em uma mesma seção do elemento. (FIGUEIREDO, 2011).

A partir dessas limitações surgem alternativas, como por exemplo, o concreto


armado, no qual, há acréscimo de barras de aço nas regiões tracionadas. Seguindo o mesmo
conceito, cria-se o concreto reforçado com fibras. Deste modo, algumas fragilidades do
concreto podem ser eliminadas, originando um compósito com características melhoradas e
no caso do concreto reforçado com fibras (CRF), obtém-se melhores características no
comportamento pós-fissuração. (FIGUEIREDO, 2011). O compósito também apresenta
outras características, como por exemplo, a absorção de energia, a ductilidade, o controle de
fissuração, a resistência às ações dinâmicas, a fadiga e ao impacto. (CARNIO, 2017).

Entretanto, utilização de fibras em elementos de construção remete-se desde o Antigo


Egito, onde se utilizava palha para a fabricação de pastas de argila. Contudo, somente após
metade do século XX iniciou-se a utilização das fibras no concreto, pela indústria da
construção, com a utilização das fibras de amianto em telhas. O emprego do concreto
reforçado com fibras de aço no Brasil inicia-se em São Paulo, nos meados da década de 1990,
com aplicação em piso industrial, sendo um marco para a popularização do concreto
reforçado com fibras, em território brasileiro. (CARNIO, 2017).

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Segundo Naaman (2007), concretos reforçados com fibras podem ser utilizados em
diversas aplicações, como elementos independentes, em forma hibrida combinado com
concreto armado ou concreto protendido e em reparo e reabilitação de estruturas. Segundo
Di Prisco, Colombo e Dozio (2013), a propriedade mecânica que é mais influenciada pelas
fibras é a resistência residual pós-fissuração e representa um parâmetro importante no projeto
de estruturas de concreto reforçado com fibras.

Atualmente, há diversos tipos de fibras no mercado, de diferentes composições,


tamanhos e formas, as mais utilizadas como reforço são as fibras de aço e fibras de
polipropileno. De acordo com Leite e Castro (2020), as fibras de aço são aplicadas desde a
década de 1970, sendo mais difundida no mercado e possuindo propriedades vantajosas,
como maior módulo de elasticidade e resistência à tração. Já as fibras de polipropileno são
de aplicação mais recente, na década de 2000. Devido a essa recente aplicação, estas fibras
são alvo de estudos que buscam compreender suas características, desempenhos e interação
com a matriz cimentícia.

A falta de conhecimento e informação sobre CRF, somado com a maior demanda


técnica para projeto, controle de qualidade e aplicação, faz com que em maioria dos casos
onde há aplicação de CRF, não ocorra controle tecnológico suficiente para entender seu
comportamento. Segundo Nogueira (2020), “Os constantes avanços no uso de concretos
reforçados com fibras trazem à tona a necessidade de desenvolvimento de ensaios de controle
da qualidade práticos.”

[...] Atualmente, a prática de utilização do CRF no Brasil pode ser descrita


como uma atividade basicamente empírica, pois é muito frequente a
utilização de teores fixos de fibras e a total ausência de procedimentos de
controle da qualidade do compósito [...] (FIGUEIREDO, 2011, p. 13).

Segundo Carnio (2017), as mobilizações para elaboração de referências normativas


no Brasil iniciaram-se em 2011 com um comitê de estudos da Associação Brasileira de
Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), em 2015 ampliou-se com a parceria do Instituto
Brasileiro do Concreto (Ibracon), resultando no início de práticas recomendadas em 2016. A
partir dos esforços deste comitê, ocorreu a publicação das novas referências normativas
brasileiras sobre o concreto reforçado com fibras em 2021.

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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1.1 CONTEXTO

Este trabalho pretende analisar pesquisas, dissertações, teses, normas brasileiras e


internacionais sobre concreto reforçado com fibras, tendo em vista que CRF é um compósito
de desenvolvimento recente e crescente utilização. O CRF já é normatizado há mais de 10
anos em diversos países, com normas de dimensionamento e controle tecnológico. No Brasil,
sua normatização se inicia em 2016, com a publicação das práticas recomendadas pelo
Comitê 303, parceria entre o Ibracon e Abece. Estas práticas são baseadas em normas
internacionais consagradas, adaptando-as para as condições brasileiras. Como consequência
destes estudos elaborados pelo comitê, posteriormente, em 2021 foram publicadas as
seguintes normas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre o CRF:
ABNT NBR 16935:2021, ABNT NBR 16938:2021, ABNT NBR 16939, ABNT NBR 16940,
ABNT NBR 16941 e ABNT NBR 16942:2021.

1.2 PROBLEMA

Tendo em vista a recente publicação das normas, a falta de controle tecnológico e


mão de obra desqualificada para aplicação, ainda há incertezas a respeito da utilização de
concreto reforçado com fibras. A dificuldade imposta para execução dos ensaios de controle
tecnológico é apontada por pesquisadores brasileiros como a principal causa da baixa
disseminação do concreto reforçado com fibras. Por estes motivos a presente pesquisa
pretende reunir e analisar informações já conhecidas, de bibliografias e normas disponíveis,
assim divulgando estes conhecimentos, de forma clara, para contribuir com a disseminação
do CRF. Resultando em obras mais seguras, econômicas e sustentáveis.

Questões de pesquisa

Esta pesquisa tem como questão principal analisar a possibilidade de vencer as


limitações impostas pela alta complexidade do controle tecnológico do CRF com
metodologia de ensaio mais simplificado?

Objetivos de pesquisa

• Objetivo Geral: Esta pesquisa tem como objetivo geral avaliar se os ensaios
previstos pelas referencias normativas brasileiras são adequados para o controle
em condições de uso corriqueiro do CRF.
• Objetivos Específicos:
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✓ Avaliar as referências normativas sobre CRF;


✓ Avaliar as propriedades das fibras e do CRF;
✓ Avaliar e comparar os ensaios propostos pelas normas;

Delimitação do trabalho

O trabalho delimita-se na revisão bibliográfica de concreto reforçado com fibras, com


conteúdo disponível pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul, por meio do portal periódicos da Capes, em língua portuguesa, inglesa e espanhola.

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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2 MÉTODO DE PESQUISA

Este capitulo é dedicado a apresentação dos métodos de pesquisa utilizados durante


a realização deste trabalho.

2.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

O presente trabalho caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica. Segundo


Severino (2013), a pesquisa bibliográfica é um método de pesquisa realizada a partir de
referências teóricas já disponíveis, podendo ser decorrentes de pesquisas anteriores, livros,
artigos, dissertações e teses, etc. Estes textos se tornam fontes dos temas a serem pesquisados.
Procura-se explicar um problema a partir destas referências, buscando conhecimento e
análise das contribuições culturais ou cientificas do passado sobre determinado tema.
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).

Este trabalho realiza a pesquisa sobre o concreto reforçado com fibras, com interesse
nas propriedades apresentadas por compósitos de CRF, nas fibras utilizadas no CRF,
comportamentos das fibras e influência das mesmas no CRF, as propriedades mecânicas dos
compósitos de CRF e os métodos de ensaios utilizados. Para isto, se faz necessário pesquisa
a respeito destes assuntos, com objetivo de reunir as informações necessárias para o
desenvolvimento da pesquisa.

Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007), a fase de levantamento bibliográfico é


realizada a partir da identificação de toda bibliografia necessária para o trabalho, sendo que
a bibliografia deve estar relacionada com o assunto. Fazendo a seleção deste material de
acordo com o tema ou aspecto necessário. Nesse sentido, pode-se dividir o presente trabalho
em três grandes tópicos de assunto, a contextualização do CRF e das fibras, o comportamento
mecânico do CRF e os métodos de avaliação mecânica do CRF.

Contextualização do CRF e das fibras

Para o levantamento bibliográfico deste tópico, realizou-se pesquisa em livros,


revistas, artigos, teses, dissertações e normas técnicas, das quais, os assuntos são importantes
para o desenvolvimento da pesquisa em contextualização do CRF e das fibras, abordando
suas principais características e comportamentos.

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Alguns dos autores presentes neste tópico destacam-se por serem grandes referências
de pesquisas no concreto reforçado com fibras no Basil, consequentemente, apresentando
grande importância para disseminação do CRF. Dentre eles, cita-se as dissertações realizadas
por Figueiredo (2011), Carnio (2009), assim como, publicações em revistas de Figueiredo
(2017) e Carnio (2017). Também, se pesquisou as principais bibliografias internacionais
sobre concreto, Mehta e Monteiro (2006) e sobre CRF, Bentur e Mindess (2007). A pesquisa
nas normas brasileiras NBR 15530:2021, NBR 16941:2021 e NBR 16942:2021 foram de
grande relevância para a caracterização das fibras utilizadas no CRF.

Comportamento mecânico do CRF

Neste item realizou-se o levantamento bibliográfico a partir de artigos, livros,


dissertações e teses de autores brasileiros e estrangeiros. Destacam-se as pesquisas
experimentais elaboradas por Medeiros (2012); Leite (2018); Salvador e Figueiredo (2013);
Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015), onde, analisou-se o comportamento mecânico do
CRF. Também, de suma importância, utilizou-se a dissertação de Löfgren (2005), o qual
aborda a mecânica da fratura do CRF.

Métodos de avaliação mecânica do CRF

Para o levantamento bibliográfico deste item utilizou-se amplamente as referências


normativas disponíveis para desratização dos ensaios de cada tema abordado, destacam-se as
normas JSCE-SF4:1984; ASTM C1609:2019; CEN EN 14651:2007; AENOR UNE
83515:2010; ABNT NBR 16939:2021; ABNT NBR 16940:202 e fib Model Code (2010).
Também, destacam-se as pesquisas elaboradas por Gopalaratnam e Gettu (1995); Monte e
Barboza (2017); Salvador (2013); di Prisco, Colombo e Dozio (2013) e Pujadas et al. (2013),
que auxiliaram a entender os fenômenos observados nos ensaios.

2.2 DELINEAMENTO

A seguir será abordado o delineamento do trabalho. Ou seja, como ocorreu o


desenvolvimento do trabalho, este processo pode ser observado no fluxograma das etapas
apresentado na Figura 1. E em sequência serão comentadas cada uma das etapas.

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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Figura 1 – Delineamento da pesquisa

Fonte: Autoria Própria (2021)

• Fibras: Na etapa pesquisa sobre as fibras, procurou-se contextualizar o uso de


fibras pelo ser humano com um contexto histórico e também na natureza. Além
disso, apresentou-se conceitos sobre fibras utilizadas no concreto, juntamente
com as referências normativas brasileiras, que especificam a utilização das fibras
para o concreto reforçado com fibras.
• Concreto reforçado com fibras: Na etapa de pesquisa sobre o concreto reforçado
com fibras, buscou-se mostrar as principais aplicações no Brasil, definiu-se o que
é concreto reforçado com fibras. Assim como, abordou-se o comportamento das
fibras no contexto de interação fibra-matriz e a influência que sua adição promove
no concreto.
• Comportamento mecânico do CRF: Na etapa de pesquisa sobre o comportamento
mecânico do concreto reforçado com fibras, estudou-se e conceituou-se as
principais propriedades mecânicas do concreto reforçado com fibras, ademais,
mostrou-se como a adição de fibras afetam estas propriedades
• Métodos de avaliação do CRF: Na etapa de pesquisa sobre os métodos de
avaliação do concreto reforçado com fibras, analisou-se as referências normativas
de ensaios disponíveis nacionalmente e internacionalmente, abordando as
características particulares de cada um destes, por fim, mostrou-se alternativas de
ensaios para a avaliação do concreto reforçado com fibras.
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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3 FIBRAS UTILIZADAS NO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

A utilização de fibras para reforçar materiais advém da antiguidade, onde costumava-


se usar palhas e fibras para reforço de adobe e outros materiais construtivos. Há um registro
que sua utilização já acontecia no Antigo Egito de acordo com registros bíblicos. “Naquele
mesmo dia o Faraó deu esta ordem aos inspetores do povo e aos capatazes: não continueis
a fornecer palha ao povo, como antes, para o fabrico dos tijolos” (Êxodo 5, 6-7).
(FIGUEIREDO, 2017). Também se observa a utilização de fibras na natureza, como é o caso
do “João de Barro”, pássaro nativo sul-americano que constrói ninhos nos topos das arvores
utilizando barro e palhas. (CARNIO, 2009).

De um ponto vista industrializada, a primeira aplicação de fibras na construção


brasileira surge no começo do Século XX com utilização da fibra de amianto em telhas de
fibrocimento, mais tarde veio-se a descobrir que o amianto é prejudicial para a saúde,
entrando em desuso e posteriormente em proibição. (FIGUEIREDO, 2017). Em 1950 a
Portland Cement Association iniciou pesquisas com a utilização de fibras de aço, plásticas e
de vidro em matrizes cimentícias. (CARNIO, 2009).

Uma grande variedade de fibras com diferentes propriedades mecânicas, físicas e


químicas tem sido utilizada como reforço de matrizes cimentícias. (BENTUR e MINDESS,
2007). De acordo com Carnio (2017) cada fibra possui suas próprias características, se
diferenciando pelo processo de fabricação, composição química e física, forma, etc. Podendo
ser divididas segundo seu material de origem: metais, cerâmicos, polímeros sintéticos ou
naturais. Pode-se observar na Tabela 1, alguns tipos de fibras e propriedades mecânicas das
mesmas.

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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Tabela 1 – Tipos de fibras e suas propriedades mecânicas

Material Diâmetro Densidade Módulo de Resistência à Deformação


(µm) (g/cm³) elasticidade tração (Gpa) na ruptura
(Gpa) (%)
Aço 5-500 7,84 190-210 0,50-2,0 0,50-3,50
Vidro 9-15 2,60 70-80 2,0-4,0 2-3,50
Amianto 0,02-0,4 2,60 160-200 3-3,50 2,0-3,0
Polipropileno 20-200 0,90 1-7,70 0,50-0,75 8,0
Kevlar 10 1,45 65-133 3,60 1,10-4,00
Carbono 9 1,90 230 2,60 1,00
Nylon - 1,10 4,00 0,90 13-15
Celulose - 1,20 10 0,30-0,50 -
Acrílico 18 1,18 14-19,50 0,40-1,0 3
Polietileno - 0,95 0,30 0,70x10-3 10
Madeira - 1,50 71 0,90 -
Sisal 10-50 1-50 - 0,80 3,0
Matriz cimentícia - 2,50 10-45 3,7x10-3 0,02
Fonte: Adaptado de Bentur e Mindess (1990 apud FIGUEIREDO, 2011)

Segundo Leite (2018), as primeiras fibras utilizadas para reforço de concreto, foram
as fibras de aço e, em sequência, surge-se as fibras de polipropileno, que apresentam
utilização semelhante as fibras de aço.

3.1 NORMAS VIGENTES

De acordo com NBR 16938 (ABNT, 2021b), atualmente são normatizados três tipos
de fibras para serem utilizadas como reforço estrutural, estas devem ser previamente
qualificadas em suas respectivas normas.

• NBR 15530: Fibras de aço (ABNT, 2019);


• NBR 16941: Fibras de vidro álcali-resistentes (AR) (ABNT, 2021e);
• NBR 16942: Fibras poliméricas (ABNT, 2021f).

3.2 FIBRA DE AÇO

Segundo The Concrete Society (2007, apud LEITE, 2018), as fibras mais utilizadas
como elementos de reforço no concreto estrutural são as fibras de aço. Sua comercialização
começou na década de 1970 e com o passar do tempo tornou-se uma alternativa ao uso de
telas metálicas em aplicações, como: lajes, concreto projetado, e revestimento de tuneis.

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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De acordo com Carnio (2017), maioria das fibras de aço propicia algum tipo de
reforço ao concreto. Com comprimentos variando de 30mm a 60mm, as fibras que
apresentam ondulações no corpo ou ancoragem nas extremidades têm finalidade de melhorar
o comportamento da fibra com relação à aderência, por meio da ancoragem mecânica. A
resistências à tração dessas fibras varia de 500 MPa a 1150 MPa com módulo de elasticidade
de 210 GPa. As fibras podem ser adicionadas a concretos de resistência normal ou de alta
resistência.

A norma em vigor para fibras de aço é a ABNT NBR 15530:2019 – Fibras de aço
para concreto – requisitos e métodos de ensaio. A qual trata da especificação de fibras de aço
destinadas ao uso em concreto reforçado com fibras e outros compósitos cimentícios, tendo
aplicação por bombeamento, ou utilizados em pavimentação, pré-moldados, preparação in-
situ ou reparo. (ABNT, 2019).

Segundo a norma NBR 15530:2019 (ABNT, 2019), a definição de fibras de aço é:

[...] arames de aço trefilados a frio, retos ou em outras conformações, de chapas;


fibras produzidas por fusão (melted-extracted); fibra de arame trefilados a frio
refilado (shaved) e fibras usinadas a partir de blocos de aço adequados para formar
misturas homogêneas com concreto[...] são adequadas ao uso como material de
reforço para concreto por possuírem coeficiente de dilatação térmica igual ao do
concreto, módulo de Young (módulo de elasticidade) no mínimo cinco vezes maior
que o do concreto [...]. (ANBT, 2019).

A NBR 15530 (ABNT, 2019) apresenta os critérios de classificação para as fibras de


aço. As fibras podem ser classificadas de acordo com a sua forma geométrica, sendo elas:
fibras tipo A (com ancoragem nas extremidades); fibras tipo C (com ondulações no corpo –
corrugada); fibras tipo R (reta sem ancoragens). Em relação ao processo de fabricação,
podem ser classificadas de acordo como: Grupo I: arames trefilados a frio; Grupo II: chapas
cortadas; Grupo III: arames trefilados a frio e escarificados (shaved); Grupo IV: fibras
produzidas por fusão (melt extracted); Grupo V: usinadas a partir de blocos de aço. A Tabela
2 apresenta os tipos de fibras de aço e sua geometria correspondente.

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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Tabela 2 – Tipo de fibras de aço e geometria correspondente

Tipo Grupo da fibra Geometria da fibra

II

II
C

III

I
R

II

Fonte: Adaptado de NBR 15530 (ABNT, 2019)

Segundo Carnio (2009) o fator de forma das fibras de aço é a relação entre o
comprimento da fibra e seu diâmetro, caso a fibra não apresente seção circular, utiliza-se o
diâmetro equivalente. A NBR 15530 (ABNT, 2019) estabelece as equações necessárias para
cálculo do diâmetro equivalente.

3.3 FIBRA DE VIDRO ÁLCALI-RESISTENTES (AR)

Segundo Carnio (2009) as fibras de vidro fazem parte do grupo de fibras cerâmicas
ou minerais, também pertencem a este grupo as fibras de carbono e asbesto, entretanto a mais
utilizada é a fibra de vidro álcali-resistente (AR). Esta fibra é normatizada de acordo com a

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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NBR 16941 (ABNT, 2021). As fibras de vidro AR apresentam resistência em meio alcalino,
característica essencial para utilização em matrizes cimentícias. (CARNIO, 2017)

Segundo NBR 16941 (ABNT, 2021e), as fibras de vidro AR podem ser classificadas
como microfibras ou macrofibras, as microfibras devem apresentar diâmetro menor que 0,30
mm, podendo ser monofiladas ou integrais. Já as macrofibras apresentam diâmetro maior ou
igual a 0,30 mm. As microfibras apresentam comprimento inferiores a 30 mm e as
macrofibras comprimento varia de 35 mm a 40 mm. (CARNIO, 2017)

Segundo Carnio (2017) as microfibras de vidro AR são utilizadas exclusivamente


para controle de retração do concreto no estado fresco e endurecido, não apresentando
capacidade de reforço estrutural. Já as macrofibras de vidro AR atuam no concreto no estado
endurecido, com capacidade de reforço estrutural, com atuação similar as macrofibras
sintéticas e as de aço.

3.4 FIBRAS POLIMÉRICAS

As fibras poliméricas podem ser divididas em sintéticas ou naturais. As fibras


sintéticas mais conhecidas são as fibras de polipropileno, poliéster, polietileno e poliamida.
As fibras naturais ou vegetais não são utilizadas como reforço do concreto. (CARNIO, 2009).

As fibras poliméricas mais empregadas são as sintéticas, em especial a fibra de


polipropileno (CARNIO, 2009). Cuja a produção é realizada a partir da resina homopolímero
polipropileno em vários formatos e tamanhos, com diferentes propriedades. As principais
vantagens desse tipo de fibra são a álcali resistência, alto ponto de fusão 165º C e baixo preço
do material. As desvantagens da fibra de polipropileno são seu baixo módulo de elasticidade
e má ligação com a matriz cimentícia. Embora, apresente estas desvantagens, as propriedades
mecânicas, especialmente o módulo de elasticidade e a ligação podem ser melhorados de
acordo com o fabricante da fibra. (BENTUR E MINDESS, 2007). As fibras de polipropileno
são resistentes em meio alcalino, não estando sujeita a oxidação como ocorre com a fibra de
aço. Sendo um material atrativo em termos de maior durabilidade e vida útil da estrutura.
(FIGUEIREDO, 2017).

São fornecidas em duas formas: microfibras e macrofibras. As microfibras possuem


dois tipos, as de monofilamento e as fibriladas. (FIGUEIREDO, 2011). As monofiladas são
produzidas pelo processo de extrusão com seção transversal circular e cortado em
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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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comprimentos padrões. Fibras fibriladas também são produzidas pelo processo de extrusão,
mas com seção transversal retangular contado com mais adesão entre a fibra e a matriz.
(BENTUR e MINDESS, 2007).

Segundo Ibracon e Abece (2017b) as fibras de polipropileno são material de formato


linear, com comprimento muito maior que a maior dimensão da seção transversal, obtidas
por extrusão de polímero de modo a orientar as cadeias poliméricas que são adequados para
serem misturados homogeneamente no concreto apresentando capacidade de reforço pós-
fissuração.

A norma que define as fibras de polipropileno é a ABNT NBR 16942:2021 – Fibras


poliméricas para concreto – Requisitos e métodos de ensaio. Esta norma especifica os
requisitos e métodos de ensaio para fibras poliméricas para uso estrutural e não estrutural. A
única classificação das fibras na norma é quanto ao seu diâmetro, as fibras para uso não
estrutural classificadas como Classe I: microfibras: diâmetro <0,30 mm. E as fibras para uso
estrutural, as de Classe II: macrofibras: diâmetro ≥ 0,30 mm. (ABNT, 2021f). As microfibras
podem ser observadas na Figura 2 e as macrofibras na Figura 3.

Algumas generalidades apresentadas na NBR 16942 (ABNT, 2021f) são que o


polímero-base ou misturas de polímero são definidos pelo fabricante e obrigatoriamente
serem resistentes a meios alcalinos. As fibras podem ser retas, lisas ou apresentar
conformações, sendo fornecidas soltas ou agrupadas em feixe. O tratamento superficial das
fibras químico ou físico é permitido. Este acabamento é utilizado para ajudar a dispersão das
fibras no concreto, assim, evitando o embolamento das fibras.

Figura 2 – Microfibras de polipropileno monofiladas (a) e fibriladas (b).

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Figura 3 – Macrofibras de polipropileno (a) e (b)

a b

Fonte: Autoria própria (2020)

As microfibras sintéticas, que em geral apresentam comprimentos menores de 30 mm


são utilizadas exclusivamente para contribuir no controle de retração do concreto no estado
fresco, sendo assim, incapaz de incorporar tenacidade ao concreto. Já as macrofibras, ao
contrário das microfibras, apresentam comprimentos maiores de 30 mm, são produzidas com
a finalidade de gerar reforço estrutural, melhorando características do concreto no estado
endurecido, atuando após a fissuração da matriz no controle da abertura e propagação de
fissuras. Incorporando tenacidade ao concreto, semelhante as fibras de aço. (FIGUEIREDO,
2011; CARNIO, 2009).

[...] a adição de fibras de polipropileno interfere pouco na resistência do concreto


à tração. A resistência do polipropileno à tração é maior que a da matriz, mas seu
módulo de elasticidade é menor, portanto, alonga-se mais que a matriz. Os
concretos reforçados com fibras de polipropileno podem fissurar muito antes de se
romperem, pois, a matriz fissura bem antes que a deformação da fibra possa
introduzir altas tensões sobre ela. [...] as estruturas de CRFP tem maior resistência
ao impacto que as de concreto comum [...]. De maior importância é seu
comportamento pós fissuração e sua capacidade de continuar absorvendo energia
enquanto as fibras são arrancadas (tenacidade) [...]. (ACCETTI e PINHEIRO, 2000
apud CARNIO, 2009).

As macrofibras de polipropileno apresentam características mecânicas como a


resistência à tração entre 100 e 650 MPa e módulo de elasticidade entre 5 e 7 GPa. (CARNIO,
2009). Observa-se características como resistência mecânica, módulo de elasticidade,
ductilidade, tenacidade e comportamento pós-fissuração mais apropriadas, quando
comparadas às propriedades dos materiais isoladamente. (LUCENA, 2017).

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DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

Conforme Carnio (2017), no Brasil, a utilização de CRF inicia-se em São Paulo, nos
meados da década de 1990 com a aplicação de 135.000 m² do concreto reforçado com fibras
de aço em piso industrial de um centro de distribuição, sendo um marco para a popularização
de CRF em território brasileiro. Na sequência foram realizados diversos outros pisos
industriais, principalmente em obras de infraestrutura e em empreendimentos de empresas
multinacionais. Desde a época até os dias atuais, a aplicação em pisos industriais é a principal
aplicação para o CRF.

Antes da utilização de CRF em pisos industriais utilizava-se principalmente telas de


aço soldadas, sendo uma solução usual e barata, porém, com desvantagem de ter montagem
complexa, perda da agilidade de lançamento do concreto e dificuldade durante o processo de
execução do piso devido a necessidade de manter a tela na corretamente na posição
especificada da seção transversal. O CRF se tornou uma solução estrutural atrativa para pisos
industriais, visto que é um material disperso aletoriamente em toda a seção transversal do
elemento concretado, eliminando os problemas citados e, principalmente aumentando a
produtividade e agilidade no momento da concretagem. (CARNIO, 2017).

Segundo Naaman (2007) concretos reforçados com fibras podem ser utilizados em
diversas aplicações, como elementos independentes, em forma hibrida combinado com
concreto armado ou concreto protendido e em reparo e reabilitação de estruturas. As
aplicações independentes são em elementos estruturais leves, como por exemplo, placas
cimentícias, tubos de concreto e elementos pré fabricados. As aplicações hibridas com
concreto armado, concreto protendido ou estruturas de aço, ocorrem em estruturas resistentes
a abalos sísmicos, construções off-shore e pontes. Já as aplicações hibridas em zonas onde
necessita-se melhoramento das propriedades, ocorre em articulações viga-pilar, zonas de
ancoragem de vigas protendidas e zonas de puncionamento de lajes. A aplicação em reparo
e reabilitação ocorre em revestimento de tuneis e proteção contra incêndio.

Segundo Mehta e Monteiro (2006) as fibras utilizadas em baixos teores (<1%)


apresentam vantagem de serem distribuídas uniformemente em três dimensões, fazendo com
que as cargas sejam distribuídas eficientemente, as fibras são menos propícias à corrosão que
vergalhões de aço e com adição de fibras, pode-se reduzir o custo da mão de obra de armação.

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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O concreto reforçado com fibras (CRF) é a mistura de cimento Portland, água,


agregado miúdo e graúdo e fibras discretas descontínuas. Esta mistura de materiais resulta
em um compósito. Os componentes de um compósito são geralmente dispostos para que uma
ou mais fases descontinuas sejam incorporadas em uma fase continua. A fase descontínua é
chamada de reforço e a fase contínua de matriz. As fibras são adicionadas para melhorar as
propriedades e comportamento do material como um todo. (LÖFGREN, 2005).

A matriz cimentícia, sem adições de fibra apresenta comportamento frágil, com baixa
capacidade de deformações na ruptura quando submetido a esforços de tração e não
apresentando deformação plástica a esforços de tração. Entretanto, com a adição de fibras, o
compósito começa a apresentar características como a capacidade de absorção de energia, a
ductilidade, controle de fissuração, resistência a ações dinâmicas, fadiga e ao impacto.
(CARNIO, 2017; ABNT, 2021a).

[...] A princípio, praticamente todos os concretos, sejam eles plásticos, fluídos ou


secos, de baixa ou alta resistência pode ser reforçados com fibras. No entanto, o
ganho de desempenho não é atingido sem que princípios tecnológicos básicos
sejam observados. As fibras terão sempre uma ação de aumento no custo unitário,
poderão dificultar a mobilidade das partículas maiores, reduzindo assim a fluidez
do material, e também proporcionar uma resistência à propagação das fissuras que
possam vir a surgir na matriz [...] (FIGUEIREDO, 2011).

Como as fibras são adicionadas no momento da mistura do concreto, elas apresentam


comportamento de dispersão aleatoriamente no compósito, ou seja, ela é distribuída em toda
a seção transversal e comprimento da peça, originando reforço em toda a peça, não como
armaduras convencionais que se encontram em somente uma posição. (FIGUEIREDO,
2011).

[...] As propriedades mecânicas do concreto podem ser melhoradas por fibras


curtas discretas aleatoriamente orientadas, que previnem ou controlam a formação
e a propagação de fissuras. A fibra induz uma distribuição homogênea das tensões
no concreto, o que provoca uma melhor exploração da matriz [...] (GENCEL et al.,
2011, apud LUCENA, 2017).

As fibras atuam melhor em estruturas em que os esforços de tração não são


localizados e fixos, como num pavimento de concreto apoiado em meio plástico, podendo
haver variação de momentos positivos e negativos ao longo do seu uso, dependendo da
posição do carregamento, por exemplo, o deslocamento de um veículo e a variação de
temperatura ao longo do dia, gerando esforços de tração nas duas faces do pavimento.
Comparando uma estrutura de CRF com uma de concreto armado, em uma viga bi apoiada
de um pórtico, onde praticamente todos os esforços de tração estão localizados na parte
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inferior da viga, reforça-se exatamente essa parte com vergalhões de aço. Tornando difícil
que as fibras sejam competitivas para este tipo de estrutura. (FIGUEIREDO, 2017).

No passado, com o surgimento da adição de fibras ao concreto esperava-se que


haveria aumento considerável na integridade da matriz e nas resistências à compressão e à
tração do concreto. Estas propriedades são alcançadas somente quando há altos teores de
fibras, maiores que 1% em volume, ocasionando perda de fluidez no concreto.
Posteriormente, observou-se que a utilização de fibras em teores menores que 1% em volume,
acarreta em aumento significativo da tenacidade do concreto. (CARNIO, 2017).

4.1 COMPORTAMENTO DAS FIBRAS NO CONCRETO

De acordo com Figueiredo (2011), as propriedades mais importantes que irão


influenciar o desempenho das fibras no concreto são sua resistência mecânica e seu modulo
de elasticidade. Para exemplificar a importância dessas características utiliza-se o diagrama
da Figura 4. Neste esquema, utiliza-se uma matriz hipotética de concreto reforçada com três
tipos de fibras, uma com baixo modulo de elasticidade e duas de alto módulo de elasticidade,
sendo uma de baixa e outra de alta resistência mecânica, considera-se comportamento
elástico perfeito.

Sintetiza-se que, após a ruptura da matriz, a fibra de baixo módulo de elasticidade


apresenta tensão mais baixa que a matriz para esse nível de deformação, logo, para que a
fibra de baixo módulo de elasticidade apresente capacidade de reforço, deverá estar presente
em elevado teor. Fibras de alto módulo de elasticidade e alta resistência apresentam um
elevado nível de tensão no momento que o compósito atinge sua deformação crítica,
momento antes de sua ruptura. Assim, essa fibra proporciona elevado nível de reforço da
matriz quando esta romper, aumentando a capacidade de reforço pós-fissuração, mesmo com
consumos baixos de fibras. Fibras com alto módulo de elasticidade e baixa resistência
correspondem a um material frágil com baixa capacidade de deformação, sendo sua
capacidade de reforço pós-fissuração reduzida ou até mesmo inexistente. Assim, fibras com
estas características serão inviabilizadas para reforçar a matriz. (FIGUEIREDO, 2011).

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Figura 4 – Diagrama de tensão versus deformação de matriz e fibras

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)

Segundo Figueiredo (2011) as fibras que possuem módulo de elasticidade inferior ao


do concreto endurecido, como as de polipropileno e náilon, são tradicionalmente chamadas
de fibras de baixo módulo. As fibras que possuem módulo de elasticidade superior ao do
concreto são conhecidas como fibras de alto módulo.

De acordo com Bentur e Mindess (2007) para aumentar a resistência dos compósitos,
as fibras devem ter módulo de elasticidade maior que o da matriz. Para compóstos
cimentícios o módulo de elasticidade vária de 15 à 40 GPa, esta condição é difícil de ser
encontrada com fibras sintéticas. Contudo, algumas fibras de alta tenacidade foram
desenvolvidas para o reforço do concreto, estas apresentam alto módulo de elasticidade
acompanhada de alta resistência. Entretanto, pesquisas mostraram que, mesmo com fibras de
baixo módulo, melhorias consideráveis podem ser obtidas em realação à capacidade de
deformação, dureza, tenacidade, resistência ao impacto e controle de fissura dos compósitos.
Em muitas aplicações o aprimoramento dessas propriedades é de maior interessse que um
modesto aumento na resistência à tração ou à flexão.

Segundo NBR 16935 (ABNT, 2021a), o CRF quando submetido à tração direta pode
apresentar dois comportamentos distintos, estes comportamentos podem ser observados na
Figura 5. Observa-se que após a carga de fissuração da matriz (Fcr), a curva de carga versus
deslocamento pode assumir dois comportamentos, o softening 1 ocorre devido a redução dos

1
Softening, pode ser traduzido com amaciamento, porém é usual a utilização do termo em Inglês.
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valores de força abaixo de Fcr e o hardening 2 que ocorre devido ao aumento dos valores de
força com o aparecimento de múltiplas fissuras antes de atingir o valor de força máxima
(Fmax).

Figura 5 – Comportamento softening (a) e comportamento hardening (b).

Fonte: Adaptado de NBR 16935 (ABNT, 2021a)

4.2 INTERAÇÃO FIBRA-MATRIZ

Segundo Medeiros (2012) caso as fibras apresentando pouca aderência à matriz, elas
podem escorregar sob efeito de carregamentos baixos, portanto, não contribuindo com a
tenacidade do compósito. Porém, se a aderência à matriz for muito alta, as fibras podem se
romper antes de dissipar a energia escorregando, proporcionando apenas melhoria periférica
das propriedades mecânicas.

[...] A interação fibra-matriz depende de vários fatores, tais como: atrito fibra-
matriz, ancoragem mecânica da fibra na matriz e adesão físico-química entre os
materiais. Esses fatores são influenciados pelas características das fibras (volume,
módulo de elasticidade, resistência, geometria e orientação) e características da
própria matriz (composição, condição de fissuração e propriedades físicas e
mecânicas) [...] (MEDEIROS, 2012).

No concreto convencional, uma fissura irá proporcionar uma barreira à propagação


das tensões de tração, Figura 6(a). Este desvio irá ocasionar uma concentração de tensões nas
extremidades da fissura, no momento em que esta tensão superar a tensão crítica, ocorrerá a
ruptura do concreto, caracterizando um comportamento tipicamente frágil. Ou seja, a partir
deste momento não haverá mais capacidade resistente residual à tração do concreto fissurado.
Quando se adiciona fibras com modulo de elasticidade, resistência adequados e em teor

2
Hardening, pode ser traduzido com endurecimento, porém é usual a utilização do termo em Inglês.
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satisfatório, o concreto deixa de apresentar comportamento frágil. Isso ocorre devido ao fato
de a fibra servir como ponte de transferência de tensões pelas fissuras, demonstrado na Figura
6(b), portanto diminuindo a concentração de tensões nas extremidades. (FIGUEIREDO,
2011). A adição de fibras tem como expectativa o controle da abertura e a propagação de
fissuras no concreto, modificando seu comportamento mecânico após a ruptura da matriz,
melhorando a capacidade de absorção da energia do concreto e consequentemente
diminuindo sua fragilidade. (CARNIO, 2009; ABNT, 2021a).

Figura 6 – Concentração de fissuras em concreto sem fibras (a) e em CRF (b)

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)

Segundo Löfgren (2005) em compósitos de CRF há uma combinação de efeitos na


ligação entre agregados e as fibras, onde a ligação do agregado tem pouca eficiência
comparado com as fibras. Conforme a Figura 7, em um esquema dos efeitos da fibra na
fratura do CRF sob tração direta, tem-se três zonas de fratura, (a) zona livre de tração: ocorre
quando não há mais resistência à tração, devido à grande abertura de fissura (ponto E); (b)
zona de ligação: onde a tensão é transferida pela fibra e pelo agregado (pontos D-E); (c) zona
de microfissura e aumento de fissuras (pontos A-D).

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Figura 7 – Esquema dos efeitos das fibras no concreto

Fonte: Adaptado de Löfgren (2005)

Influência do volume de fibras

De acordo com Figueiredo (2011), a eficiência da fibra está relacionada com seu
comportamento como ponte de transferência de tensão, assim, a capacidade de reforço que
as fibras apresentam no CRF depende diretamente do teor de fibra utilizado. Portanto, quanto
maior o teor, maior será o número de fibras atuando nessa ponte de transferência, que
aumenta o reforço pós fissuração.

O volume critico de fibras corresponde ao teor de fibras que proporciona ao


compósito mesma capacidade resistente de carga após a ruptura da matriz. Na Figura 8, é
apresentado três curvas de carga versus deslocamento em ensaios de tração na flexão de
CRFA. A curva (a) apresenta volume de fibras menor que o volume crítico (VF<Vcrítico),
sendo assim, a resistência pós fissuração do material é inferior à resistência da matriz, em
consequência, a capacidade de resistência diminui com a abertura de uma única fissura, este
comportamento é denominado de strain-softening3. Outro possível comportamento é
observado na curva (b) da Figura 8, apresentando volume de fibras maior que o volume
crítico (VF>Vcritico), o compósito continua a receber níveis de carregamentos crescentes,
mesmo após a múltipla fissuração da matriz, apresentando resistência residual superior à da
matriz, este comportamento é denominado de strain-hardening4. (FIGUEIREDO, 2011;
FIGUEIREDO 2014).

3
Strain-softening pode ser traduzido como amaciamento da tensão, porém o autor optou por utilizar o
termo em inglês.
4
Strain-hardening pode ser traduzido como amaciamento da tensão, porém o autor optou por utilizar
o termo em inglês.
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Figura 8 – Volume crítico de fibras

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)

Segundo di Prisco, Colombo e Dozio (2013), pelo fato de que ensaios de tração direta
sejam difíceis de serem realizados, são utilizados métodos de ensaios convencionais,
geralmente baseados em ensaios de tração na flexão. O comportamento à flexão do CRF é
marcadamente diferente que em tração direta, pode ocorrer que materiais com
comportamento strain-softening em tração direta apesentem comportamento strain-
hardening sob flexão. Diferentes respostas do CRF em strain-softening e strain-hardening
sob tração direta (a), tração na flexão (b) e punção de placas (c) são apresentados na Figura
9. (Di PRISCO; COLOMBO; DOZIO, 2013). Ou seja, poderá haver mudança no
comportamento de strain-softening para strain-hardening se o tipo de ensaio for alterado.
(FIGUEIREDO, 2014).

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Figura 9 – Comportamento do CRF em tração direta (a), tração na flexão (b) e punção de placas (c)

Fonte: Adaptado de Di Prisco, Colombo e Dozio (2013)

Influência da geometria das fibras

Além dos fatores de volume de fibras, outro fator que afeta o desempenho do CRF é
a geometria das fibras utilizadas. Figueiredo (2011) cita que o comprimento crítico é um fator
essencial para o compósito de CRF, definindo o comprimento crítico (Lc) é baseado em um
modelo prevendo que a tensão entre a matriz e a fibra aumentam linearmente partindo da
extremidade para o centro da fibra, sendo atingida a tensão máxima quando à tensão
submetida na fibra se iguala à tensão de cisalhamento entre a fibra e a matriz, ou seja, o
comprimento crítico de uma fibra é definido como o comprimento que a fibra deve ter para
que a ancoragem entre a fibra e a matriz seja mantida.

[...] Quando a fibra tem um comprimento menor que o crítico, a carga de


arrancamento proporcionada pelo comprimento embutido na matriz não é
suficiente para produzir uma tensão que supere a resistência da fibra. Nesta
situação, com o aumento da deformação e consequentemente da abertura da fissura,
a fibra que está atuando como ponte de transferência de tensões pela fissura será
arrancada do lado que possuir menor comprimento embutido. Este é o caso
normalmente encontrado para as fibras de aço no concreto de baixa e moderada
resistência mecânica. Quando se tem um concreto de elevada resistência mecânica
ou se utiliza uma fibra de menor resistência, melhora-se a condição de aderência
relativa entre a fibra e a matriz e, nestes casos, é possível ultrapassar o valor do
comprimento crítico causando ruptura de algumas fibras [...] (FIGUEIREDO,
2011).

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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A Figura 10 demonstra os casos de distribuição de tensão na fibra em relação ao


comprimento crítico. (L=Lc; L>Lc e L<Lc, L= comprimento da fibra e Lc= comprimento
crítico).

Figura 10 – Distribuição de tensão em fibras

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)

Sintetiza-se que quanto maior o comprimento da fibra, maior será seu embutimento,
por consequência, maior a capacidade resistente do compósito pós-fissuração, porém, a
utilização de fibras com comprimentos excessivos gera problemas ao CRF, um deles é a
diminuição da mobilidade da mistura, tendo efeito no seu abatimento. O outro é o modo de
falha da fibra no compósito, fibras com comprimento maiores tendem a romper no momento
em que surge a fissura no CRF, diminuindo sua resistência pós-fissuração. Por estes motivos
as fibras normalmente comercializadas têm comprimentos menores que o comprimento
crítico, sendo o mecanismo de reforço pelo processo de arrancamento da fibra.
(FIGUEIREDO, 2011).

Segundo Malatesta e Contreras (2009, apud LEITE, 2018), falhas originadas por
ruptura da fibra são mais rápidas e catastróficas do que falhas devido ao arrancamento da
fibra, que ocorrem de modo gradual, aumentando a ductilidade do material.

Recomenda-se a utilização de fibras cujo o comprimento seja maior ou igual ao dobro


da dimensão máxima característica do agregado utilizado no concreto, sendo essa condição
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essencial para que haja compatibilidade dimensional entre os agregados graúdos e as fibras,
fazendo com que as fibras atuem como reforço do concreto e não reforço da argamassa. A
Figura 11(a) demonstra um CRF com compatibilidade dimensional e a Figura 11(b) um CRF
sem compatibilidade dimensional. (FIGUEIREDO, 2011).

Figura 11 – CRF com compatibilidade (a) e CRF sem compatibilidade (b)

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)

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5 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

Abordou-se nos itens anteriores algumas das principais características e


comportamentos do CRF. Nos próximos itens serão explanadas as principais propriedades
mecânicas do concreto reforçado com fibras e como algumas dessas propriedades podem
afetadas pela adição de fibras.

Segundo Di Prisco, Colombo e Dozio (2013), a propriedade mecânica que é mais


influenciada pelas fibras é a resistência residual pós-fissuração e representa um parâmetro
importante no projeto de estruturas de concreto reforçado com fibras. Segundo Leite (2018)
as principais propriedades do concreto consideradas em projetos estruturais são sua
resistência mecânica e módulo de elasticidade, com a adição de fibras a resistência residual
do concreto também passa a ser avaliada. Como as fibras atuam dificultando a propagação
de fissuras espera-se além dos ganhos mecânicos, o aumento da durabilidade e resistência à
abrasão.

5.1 TRABALHABILIDADE

Apesar de melhorias nas propriedades mecânicas do concreto no estado endurecido,


a adição de fibras no CRF altera suas características no estado fresco, como por exemplo, a
trabalhabilidade, isso acontece devido a dois principais fatores. O primeiro é a restrição da
mobilidade relativa das partículas dentro do concreto, pelo fato de se utilizar fibras com
comprimento de no mínimo duas vezes o tamanho a máxima dimensão do agregado ocorre
um bloqueio à mobilidade, diminuindo a fluidez da mistura. O segundo está relacionado com
a grande área superficial das fibras, então, com a adição de fibras a água necessária para
molhagem de todas partículas será maior, ocasionando aumento de coesão e perda de
mobilidade do compósito. Outros fatores como, o tipo de misturador utilizado na mistura
também pode influenciar na trabalhabilidade. (FIGUEIREDO, 2011).

Segundo Figueiredo e Ceccato (2015) as fibras podem causar dificuldades para


mistura do concreto fresco, manipulação, lançamento e acabamento. Estas dificuldades
geram maior custo de mão de obra, principalmente em concretos bombeados e projetados.
As mesmas características que fornecem sua capacidade mecânica, são aquelas que trazem
dificuldade na trabalhabilidade.

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Um dos problemas que pode ocorrer em conjunto com a falta de trabalhabilidade é o


surgimento de ouriços (embolamentos), que são bolas formadas por fibras aglomeradas,
ocorrem devido à mistura inadequada do material. Fibras com maior fator de forma tem mais
risco de ocasionarem ouriços. No caso de ocorrência de ouriços, o CRF apresenta uma
redução no teor de fibras distribuídas ao total e também um ponto muito poroso e sem
resistência no local onde o ouriço se alojar. (FIGUEIREDO, 2011). De acordo com Leite
(2018) é possível modificar a trabalhabilidade da mistura com adição de aditivo
superplastificante.

Segundo Medeiros (2012) os três principais métodos para avaliação da


trabalhabilidade do CRF em estado fresco são: abatimento do tronco de cone (slump test),
tronco de cone invertido e ensaio Ve-Be. Entretanto, a norma que estabelecia o ensaio de
tronco de cone invertido ASTM C995 foi revogada.

Figueiredo e Ceccato (2015) avaliaram a trabalhabilidade de concreto reforçado com


fibras de aço utilizando o abatimento de tronco de cone e ensaio Ve-Be. Suas principais
conclusões acerca dos métodos foram:

• A perda de mobilidade ocorre principalmente pelo bloqueio do movimento


relativo das fibras nos agregados;
• O ensaio Ve-Be não é aplicável em condições no qual o concreto é mais fluído
e seu slump ultrapasse 100mm;
• O ensaio Ve-Be é mais adequado para avaliação da consistência de concretos
mais rígidos, não sendo possível distinguir o comportamento plástico do
concreto, como ocorre no slump test.

Porém, o ensaio Ve-Be não é citado na norma ABNT NBR 16938:2021 como método
de controle tecnológico do CRF. A norma em seu item 6.1 define que a avaliação do CRF no
estado fresco compreende a verificação da consistência pelo abatimento do tronco de cone,
sendo feita conforme a ABNT NBR 16889:2020: – Concreto – Determinação da consistência
pelo abatimento do tronco de cone, em concretos normais. Ou pela norma ABNT NBR
15823-2: Determinação do espalhamento, do tempo de escoamento e do índice de
estabilidade visual - Método do cone de Abrams, em concretos autoadensáveis. (ABNT,
2021b).

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A seguir serão apresentados dados experimentais obtidos por Salvador e Figueiredo


(2013) e Leite (2018) avaliando as propriedades do concreto no estado fresco.

Segundo Salvador e Figueiredo (2013) é especificado para concreto de resistência à


compressão aos 28 dias de 35 MPa, um traço unitário de (1,00 : 2,50 : 3,10 : 0,60), com
cimento CP-V ARI e aditivo polifuncional. Utilizou-se para determinação da
trabalhabilidade o ensaio de abatimento de tronco de cone (slump test) pela norma NM
67:1998. Determinou-se um abatimento inicial de 120 mm para o concreto simples de
referência, sem adição de fibras. Após adicionou-se as fibras nos teores estabelecidos, para a
análise não se corrigiu o abatimento do concreto. A Tabela 3 apresenta os resultados
experimentais obtidos.

Tabela 3 – Resultados de abatimento por Salvador e Figueiredo (2013)

Dosagem (% Abatimento
Fibra em volume) (slump) mm
Referência 0 120
0,22 75
0,33 65
Macrofibra 0,5 50
Polimérica 0,66 30
0,82 25
1 35
0,19 55
Fibra de
0,32 80
Aço
0,45 50
Fonte: Adaptado de Salvador e Figueiredo (2013)

Analisou-se os dados obtidos e conclui-se que, em comparação com o concreto de


referência, a adição de fibra em teores baixos tem influência no abatimento do CRF,
diminuindo seu slump. Observou-se a maior perda de abatimento no concreto reforçado com
macrofibras de polipropileno em teor de 0,82%, com perda total de 95mm. Os autores
dissertam que a trabalhabilidade baixa não prejudicou a capacidade de compactação do
concreto, devido à utilização de mesa vibratória pra adensamento dos corpos de prova.
(SALVADOR e FIGUEIREDO, 2013).

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Leite (2018) especifica para concreto de resistência à compressão aos 28 dias de 40


MPa um traço unitário de (1,00 : 2,30 : 2,70 : 0,47), com cimento CP-II Z e aditivo
superplastificante. Utilizou-se para determinação da trabalhabilidade o ensaio de abatimento
de tronco de cone (slump test) pela norma NM 67:1998.

Determinou-se um abatimento inicial de 120 mm para o concreto simples de


referência, sem adição de fibras. Após adicionou-se as fibras nos teores estabelecidos,
prosseguindo para o ensaio de tronco de cone, se o valor de abatimento estivesse fora do
intervalo estabelecido, corrigia-se o abatimento com adição de aditivo superplastificante.

Tabela 4 – Resultados de abatimento por Leite (2018)

Tipo de Concreto % de aditivo Abatimento


(slump) mm
Referência 0,4 130
0,5% Fibra de Aço 0,6 110
1,0% Fibra de Aço 0,6 180
0,5% Fibra de
0,6 70
Polipropileno
1,0% Fibra de
0,7 10
Polipropileno
Fonte: Adaptado de Leite (2018)

O autor concluiu que se observou perda do abatimento do concreto, reduzindo a


mobilidade e diminuindo a trabalhabilidade. Observa-se que no CRF com 1,0% de fibra de
polipropileno não foi possível obter o abatimento desejado, mesmo com adição de
superpastificante. No CRF com 1,0% de fibra de aço obteve-se um abatimento de 180 mm,
com ruptura da mistura divergindo dos outros resultados, de acordo com o autor o ensaio Ve-
Be seria mais adequado. (LEITE, 2018).

5.2 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

A adição de fibras ao CRF não tem como objetivo alterar sua resistência à
compressão. (MEDEIROS, 2012). Em projetos e controle de qualidade de concretos, a
resistência à compressão é geralmente especificada e o concreto classificado a partir dela.
Isso ocorre pelo fato de que comparando-se com outras propriedades, o ensaio de resistência
à compressão é relativamente fácil. (LÖFGREN, 2005).

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A resistência à compressão é considerada uma das propriedades mais importantes do


concreto, que demonstra seu nível de garantia de qualidade. (BEHFARNIA e KHADEMI,
2017, apud SILVA, 2018). Segundo Di Prisco, Colombo e Dozio (2013), a resistência à
compressão do CRF não é influenciada pela presença de fibras até 1% em volume, podendo
ser utilizadas as mesmas classes do concreto convencional.

Segundo Medeiros (2012), para volume de fibras menores que 2%, os


comportamentos de resistência à compressão, módulo de elasticidade e deformação
específica não são alterados quanto o comportamento à tração e à flexão.

[...] Maiores volumes de fibras podem resultar tanto em acréscimo quanto em


decréscimo na resistência e no módulo de elasticidade. Os decréscimos são
observados quando os aspectos negativos, como o aumento do teor de ar,
acarretados pela adição de fibras na matriz são preponderantes. Porém, quando
ocorre a otimização da matriz com relação ao empacotamento da mistura granular
seca e a utilização de misturador e vibração apropriados, o aumento da resistência
e de módulo pode ser observado mesmo para maiores volumes de fibras[...]
(MEDEIROS, 2012).

Este mesmo fenômeno é abordado por MIAO, CHERN e YANG (2003, apud
MENDOZA, AIRE e DÁVILA, 2011; LEITE, 2018), no qual disserta que, há tendencia de
redução da resistência à compressão com a adição de fibra, por haver redução do abatimento
e da compactação do compósito. Além do mais, o teor de ar incorporado na mistura devido
à perda de abatimento ou durante a incorporação pode interferir na menor resistência à
compressão.

De acordo com Silva (2018), alguns fatores apresentam influencia na resistência à


compressão do concreto, pode-se citar, o fator de forma mais elevado tende a apresentar
resultados melhores, fibras mais longas aumentam a resistência em relação a fibras menores,
a orientação das fibras no compósito.

A seguir são apresentados e analisados resultados experimentais obtidos por:

A pesquisa experimental realizada por Salvador e Figueiredo (2013), demonstrada na


Tabela 04, utiliza uma matriz com resistência média à compressão aos 28 dias de 35 MPa,
com abatimento de 120 mm, e adição de dois tipos de fibras, as macrofibras sintéticas de
polipropileno com comprimento de 54mm e as fibras de aço tipo A-1 com comprimento de
60mm. Segundo os autores foram moldados 6 corpos-de-prova cilíndricos de (150mm de
diâmetro x 300mm de altura) para cada traço especificado, conforme a NBR 5739:2007.

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Tabela 5 – Resultados de resistência à compressão por Salvador e Figueiredo (2013)

Dosagem (%
Fibra em volume) Fcm (MPa)
0,22 38,32 ± 0,94
0,33 37,68 ± 0,50
Macrofibra 0,5 34,33 ± 0,18
Polimérica 0,66 34,80 ± 0,24
0,82 36,77 ± 0,44
1 36,57 ± 0,36
0,19 38,78 ± 0,60
Fibra de
0,32 36,12 ± 0,98
Aço
0,45 36,54 ± 1,34
Fonte: Adaptado de Salvador e Figueiredo (2013)

Os autores concluem que houve baixa variação dos resultados, sendo a resistência à
compressão independente do teor de fibras. A resistência média foi de 36,7 MPa com
coeficiente de variação de 4,0%. Deste modo, atingiu-se a resistência média prevista para o
experimento, que já era confirmado em literaturas. As fibras de aço apresentaram maior
desvio padrão, devido à maior dificuldade de moldagem dos corpos-de-prova pelo fato da
fibra ser rígida. (SALVADOR e FIGUEIREDO, 2013).

A pesquisa experimental realizada por Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015),


demonstrada na Tabela 05, utiliza uma matriz com resistência média à compressão aos 28
dias de 35 MPa, com abatimento de 120 mm, e adição de três tipos de fibras, as macrofibras
sintéticas de polipropileno com comprimento de 54mm (A), as macrofibras sintéticas de
olefina modificada com comprimento de 54mm (B) e as fibras de aço tipo A-1 com
comprimento de 60mm. Segundo os autores foram moldados 4 corpos-de-prova cilíndricos
de (150mm de diâmetro x 300mm de altura) para cada traço especificado, conforme a NBR
5739:2007.

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Tabela 6 – Resultados de resistência à compressão por Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015)

Dosagem (%
Fibra em volume) Fcm (MPa)
0,33 33,4 ± 0,3
Macrofibra
0,50 34,1 ± 0,7
Polimérica A
0,66 33,3 ± 0,1
0,19 34,5 ± 0,9
Macrofibra
0,32 33,1 ± 0,2
Polimérica B
0,45 35,9 ± 0,7
0,19 35,5 ± 0,2
Fibra de Aço 0,32 32,1 ± 0,5
0,45 32,9 ± 0,3
Fonte: Adaptado de Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015)

Os autores concluem que houve baixa variação dos resultados, sendo a resistência à
compressão independente do teor de fibras. A resistência média foi de 33,9 MPa com
coeficiente de variação de 3,7%. Apesar dos valores terem ficado abaixo do valor estipulado
atingiu-se a resistência média prevista para o experimento. (SALVADOR, FERNANDES e
FIGUEIREDO, 2015).

A pesquisa experimental realizada por Leite (2018), demonstrada na Tabela 06,


utiliza uma matriz com resistência média à compressão aos 28 dias de 40 MPa, com
abatimento de 120 mm, e adição de dois tipos de fibras, fibras de aço tipo A-1 com
comprimento de 50mm e macrofibras de polipropileno com comprimento de 50mm. Segundo
o autor foram moldados 5 corpos-de-prova cilíndricos (100mm de diâmetro x 200mm de
altura) para cada traço especificado abaixo, segundo a NBR 5739:2007.

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Tabela 7 – Resultados de resistência à compressão por Leite (2018)

Fibra Fcm (MPa) CV


Referência 41,66 1,42
0,5% Fibra de Aço 46,17 0,94
1,0% Fibra de Aço 42,63 4,65
0,5% Fibra de
46,61 2,69
Polipropileno
1,0% Fibra de
44,08 3,73
Polipropileno
Fonte: Adaptado de Leite (2018)

Leite (2018) conclui que houve variação significativa no valor da resistência à


compressão dos concretos analisados. A adição ocasionou um aumento na resistência à
compressão, a maior variação registrada foi no concreto com 0,5% de fibra de polipropileno,
aumento de 11,9% comparado com o concreto referência e a menor variação foi no concreto
com 1,0% de fibra de aço, que obteve aumento de 2,3% em relação ao concreto referência.
Segundo o autor o tipo de fibra não influenciou os resultados, sendo o teor de fibras o
principal responsável pela variação dos resultados.

De acordo com Mehta e Monteiro (2014 apud LEITE, 2018), a adição de baixos tores
de fibras exerce pequena influência na resistência à compressão. No entanto, observa-se
aumento de resistência principalmente em baixos teores de fibras.

5.3 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

De acordo com LÖFGREN (2005) os materiais cimentícios quando submetido à


tração direta podem exibir dois comportamentos distintos, como discutiu-se no item 4.1 e
4.2.1, este comportamento pode ser classificado como strain-softening ou strain-hardening:

a) strain-softening: uma única fissura localizada determina o comportamento após a


ruptura da matriz e há perda progressiva da capacidade resistente, sendo comum
em concreto reforçado com fibras;
b) strain-hardening: comportamento observado quando há múltipla fissuração do
compósito, entretanto, o compósito apresenta ganho da capacidade resistente após
a fissuração da matriz até apresentar tensão máxima resistente, após, apresenta
comportamento strain-softening, este comportamento é comum em concretos de

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alta resistência e concretos reforçados com volumes acima do crítico.

Figura 12 – Comportamento strain-softening e strain-hardening do concreto.

Fonte: Adaptado de Löfgren (2005)

O comportamento strain-softening do concreto reforçado com fibras pode ser


observado na Figura 12 pela linha azul no gráfico de tensão-deformação. O Concreto
convencional também apresenta este comportamento, como pode-se observar na linha
vermelha. Já o comportamento strain-hardening de concreto de alto desempenho reforçado
com fibras é demostrado pela linha verde, observa-se que após a fissura, o mesmo apresenta
comportamento strain-softening.

De acordo com Medeiros (2012) as resistências à tração no concreto geralmente são


obtidas por meio de três ensaios, o ensaio de tração direta (uniaxial), o ensaio de tração na
flexão em prismas e o ensaio de tração por compressão diametral. Porém, para cada ensaio
se obtém resultados diferentes, isso devido ao fato que outros fatores podem influenciar a
resistência à tração do CRF, como por exemplo, comprimento, orientação, tipo e volume de
fibras utilizadas. (SILVA, 2018).

Segundo Medeiros (2012) na análise de ensaios à tração direta, tração indireta e tração
por flexão. Algumas de suas conclusões acerca serão abordadas a seguir. Em ensaios de
tração direta para teores de fibras menores que 2% o aumento da resistência direta não
ultrapassa 20%, sendo maiores aumentos quando se utiliza fibras de maior esbeltez. Adição
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de 1,5% de fibras leva aumento de 30 a 40% na resistência a tração direta. A resistência à


tração indireta por compressão diametral apresenta aumento com adição de fibras, porém,
resultados de ensaios de tração por compressão diametral são difíceis de interpretar após o
aparecimento da primeira fissura, pois a distribuição de tensões não é conhecida. O aumento
da resistência depende da compatibilidade dimensional.

[...] Araújo (2002) relata aumentos entre 87 e 130% da resistência à tração direta
adicionando 1,5% de fibras com 30 mm de comprimento e esbeltez 45. Nunes
(2006) obteve aumento de 67 a 104% adicionando 2,0% de fibras com 35 mm
comprimento e esbeltez 65, e ainda verificou que a resistência à tração diminuiu
com o aumento da dimensão máxima do agregado de 12,5 para 19 mm. Ao
adicionar 1,25% de fibras com 60 mm de comprimento com esbeltez 60, Oliveira
(2007) obteve 83% de aumento na resistência à tração [...] (MEDEIROS, 2012).

Medeiros (2012) aponta que, a adição de fibras em 1,5% pode haver aumento da
resistência à tração até de 100%. Os principais fatores que influenciam na melhora da
resistência à tração por flexão no CRF são o volume e esbeltez das fibras.

A resistência à tração do CRF é abordada na NBR 16940:2021 como limite de


proporcionalidade que define como: a tensão na extremidade superior do entalhe, calculada
a partir de uma carga máxima aplicada no meio do vão, para um valor de CMOD contido no
intervalo de 0 a 0,05mm, de uma seção não fissurada. (ABNT, 2021d).

Leite (2018) realizou ensaios para determinação da tenacidade em prismas, conforme


a norma JSCE-SF4 (1984), sendo possível também obter a resistência à tração neste ensaio.
Os corpos de prova moldados pelo autor apresentavam dimensões de 150 mm x 150 mm x
500 mm (largura x altura x comprimento). A Tabela 08 apresenta os resultados obtidos para
a resistência à tração na flexão (fct,f).

Tabela 8 – Resultados de resistência à tração por Leite (2018)

Fibra fct,f (MPa) CV


Referência 5,07 1,34
0,5% Fibra de Aço 5,37 8,35
1,0% Fibra de Aço 6,89 6,05
0,5% Fibra de Polipropileno 5,10 5,58
1,0% Fibra de Polipropileno 4,37 8,66
Fonte: Adaptado de Leite (2018)

O autor conclui que houve variação significativa nos valores de resistência à tração
com a adição de fibras. A maior variação comparando-se com a matriz de referência foi no
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compósito com adição de 1,0% Fibra de Aço, com aumento de 35,9% em sua resistência à
tração, este aumento está relacionado com a utilização do volume de fibras superior ao
volume crítico, apresentando comportamento hardening. Os outros compósitos demonstram
valor de resistência à tração próximo ao concreto de referência, apresentando comportamento
softening. (LEITE, 2018).

5.4 TENACIDADE E RESISTÊNCIA RESIDUAL

De acordo com Prisco, Colombo e Dozio (2013), a propriedade mais influenciada


pelas fibras é resistência à tração residual pós-fissuração do CRF. Segundo Mehta e Monteiro
(2014, apud LEITE, 2018), em comparação com o concreto convencional, que rompe após o
início da primeira fissura, o concreto reforçado com fibras apresenta resistência pós-
fissuração e tenacidades superiores.

Segundo Figueiredo (2011) o conceito clássico de tenacidade é a energia absorvida


por um material dúctil até sua ruptura, porém, para concretos reforçados com fibras, a
definição usualmente adotada é que tenacidade do CRF, é a energia absorvida pelo compósito
quando carregado, abrangendo a energia absorvida antes e após a fissuração da matriz,
quando realmente as fibras atuam de maneira definitiva. O CRF apresenta ruptura quando as
fibras começam a trabalhar, por já apresentar fissuração da matriz, podendo ser classificado
como um material pseudo-dúctil ou não frágil, pois já não apresenta as características do
concreto convencional, mas também não é perfeitamente um material dúctil. Por este motivo,
a tenacidade do CRF é a área sob a curva de carga versus deslocamento vertical,
representando o trabalho dissipado no material. Já a resistência residual é calculada a partir
da carga suportada pelo compósito em determinados deslocamentos, sendo este valor
inserido nas equações de módulo de ruptura. (FIGUEIREDO, 2011 apud SALVADOR,
2013).

De acordo com ASTM (2019) tenacidade não é uma tensão real, mas uma tensão de
engenharia calculada utilizando a teoria da flexão para materiais elástico lineares de seção
bruta, não fissurada. Segundo Figueiredo (2014), “a utilização da medida de tenacidade está
entrando em desuso, em função do aprimoramento da avaliação da resistência residual pós
fissuração”.

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Segundo Medeiros (2012), a falha no concreto reforçado com fibras acontece


principalmente pelo arrancamento ou escorregamento das fibras, por estas razões um corpo
de prova de CRF não rompe imediatamente após o início da primeira fissura, consumindo
mais energia até a ruptura.

Segundo Silva (2018) a medida da tenacidade pode ser influenciada por alguns fatores
como: a máquina, o método de ensaio, dimensões do corpo de prova, teor e espaçamento das
fibras, resistência das fibras e resistência da matriz utilizada.

Leite (2018) realizou ensaios para determinação da tenacidade em prismas, conforme


a norma JSCE-SF4 (1984), sendo possível também obter as resistências residuais neste
ensaio. Os corpos de prova moldados pelo autor eram de dimensões de 150mm x 150mm x
500mm (largura x altura x comprimento). A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos para
tenacidade (σb), resistência residual no deslocamento de 0,75mm (σd 600) e resistência residual
no deslocamento de 3,00mm (σd 150). A Figuras 13 e 14 demonstram as curvas carga versus
deslocamento vertical dos compósitos analisados.

Tabela 9 – Resultados de resistência residual à tração por Leite (2018)

Fibra σb (MPa) σd 600 (MPa) σd 150 (MPa)


0,5% Fibra de Aço 3,37 3,92 2,50
1,0% Fibra de Aço 5,01 5,97 2,64
0,5% Fibra de
3,03 2,66 3,00
Polipropileno
1,0% Fibra de
2,87 2,57 2,82
Polipropileno
Fonte: Adaptado de Leite (2018)

Na análise do fator de tenacidade σb, com a adição de fibras houve mudança no valor
do fator de tenacidade do CRF, verificou-se para o concreto reforçado com fibras de aço, que
ao dobrar o volume de fibras de 0,5% para 1,0%, há aumento de 48,7% no fator de tenacidade.
O mesmo não ocorre com o concreto reforçado com fibras de polipropileno, onde observou-
se redução de 5,3% ao dobrar o volume de fibras de 0,5% para 1,0%, indicando que maiores
teores de macrofibra polimérica não resultam em melhora da tenacidade. (LEITE, 2018).

Figura 13 – Curvas carga versus deslocamento vertical referente CRFA com teores de 0,5% (a) e 1,0% em
volume (b)

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Fonte: Adaptado de Leite (2018)

Figura 14 – Curvas carga versus deslocamento vertical referente CRFP com teores de 0,5% (a) e 1,0% em
volume (b)

Fonte: Adaptado de Leite (2018)

Para a avaliação do ELS, que acontece no deslocamento vertical de 0,75mm (σd 600).
Obteve-se aumento na resistência residual de 52,3% para o concreto reforçado com fibras de
aço e redução de 2,6% na resistência residual no concreto reforçado com fibras poliméricas
quando se dobrou o teor de fibras de 0,5% para 1,0%. Indicando que as fibras poliméricas e
de aço tem desempenhos próximos quando utilizadas em baixos teores. (LEITE, 2018).

Para a avaliação do ELU, que acontece no deslocamento vertical de 3,00mm (σd 150).
Obteve-se aumento na resistência residual de 45,6% para o concreto reforçado com fibras de
aço e redução de 6,0% na resistência residual no concreto reforçado com fibras poliméricas.
O autor conclui que as fibras poliméricas apresentaram comportamento slip-hardening, com
sua resistência residual em grandes deslocamentos próxima a resistência oferecida pelas
fibras de aço, principalmente em baixos teores. (LEITE, 2018).

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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Há diferentes métodos de ensaio para obtenção da tenacidade em concretos reforçado


com fibras, podendo ser realizados em corpos de prova cilíndricos, prismáticos e em placas,
tendo em vista que a principal propriedade avaliada para o CRF é a resistência pós-fissuração,
alguns destes ensaios serão abordados na sequência.

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO MECÂNICA DO CRF

Um dos principais gargalos para popularização e adoção de concretos reforçados com


fibras está no controle tecnológico, sendo um aspecto necessário para obras de engenharia
que requerem qualidade e segurança. (MONTE; BARBOZA, 2017). Segundo Bentur e
Mindess (2007), alguns ensaios do CRF podem ser realizados com os mesmos procedimentos
do concreto convencional, como é o caso da resistência à compressão, que é uma propriedade
altamente dependente da matriz cimentícia. Porém, outras propriedades que, dependem da
presença de fibras e na interação fibra-matriz devem ser avaliadas utilizando métodos
específicos para o CRF. Isso levou ao surgimento de ensaios que visam analisar a interação
fibra-matriz, com principal foco avaliar a tenacidade e resistência residual do compósito.
(FIGUEIREDO, 2011).

Segundo Leite (2018), tem-se diversas normas internacionais regulamentando os


ensaios de tenacidade em prismas, as mais utilizadas, são: JSCE-SF4 (JSCE, 1984), ASTM
C1609 (ASTM, 2019), ASTM C1399 (ASTM, 2015) e EN 14651 (CEN, 2007). As principais
diferenças entre os ensaios são os números de apoios, o sistema de ensaio, podendo ser open-
loop ou closed-loop, a presença ou não de entalhe e ao tipo de curva gerada. (LEITE, 2018;
SALVADOR, 2013)

Ensaios de tenacidade também podem ser realizados com configuração mais simples,
como é o caso do ensaio de duplo puncionamento (Barcelona), realizado de acordo com a
UNE 83515 (AENOR, 2010). Esta possibilidade de ensaios alternativos está prevista no fib
Model Code 2010 (FIB, 2010), desde que haja correlação com o ensaio de referência EN
14651 (CEN, 2007). (MONTE e BARBOZA, 2017).

6.1 ENSAIOS DE TENACIDADE EM PRISMAS

Os ensaios de flexão em prismas são os mais populares para avaliação do CRF, pelo
fato de simular condições mais realistas que ensaios de compressão e tração e também pela
facilidade de execução. Porém, os resultados são afetados pela dimensão e geometria do
prisma. (GOPALARATNAM; GETTU, 1995).

Ensaios realizados em corpos de prova sem entalhe e com sistema de aplicação de


carga com quatro apoios são mais comuns. Neste sistema se obtém uma curva da carga versus
deslocamento do corpo de prova, medido na metade do vão, utilizando um yoke com
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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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deflectômetros para a medida do deslocamento vertical. O corpo de prova se rompe em seu


terço central, onde o momento é máximo e a força cortante é igual a zero, pode se observar
na Figura 15(b). (BARR, et al, 1996, apud SALVADOR, 2013).

Corpos de prova com entalhe na face inferior são utilizados em ensaios de tenacidade
de prismas por apresentarem garantia de estabilidade durante o teste, fácil execução e
reprodutibilidade. Apresentando sistema de aplicação da carga em três apoios, Figura 15(a),
as deformações são sempre localizadas no plano do entalhe e o resto do corpo de prova não
é submetido a deformações inelásticas. Assim, ocorrendo a diminuição da energia dissipada
no corpo de prova, e por consequência a energia absorvida, pode ser atribuída diretamente à
fratura no entalhe. Estes ensaios devem ser realizados em sistema closed-loop, controlando-
se o CMOD, isso significa que, pode-se relacionar o CMOD com os limites de abertura de
fissura para níveis de serviço específicos. (GOPALARATNAM; GETTU, 1995).

Figura 15 – Distribuição de esforços para ensaios de três (a) e quatro apoios (b)

(a) (b)

Fonte: Adaptado de Salvador (2013)

Nos ensaios de flexão de prismas pode ocorrer uma instabilidade pós-pico, ocorrendo
devido há grande diferença entre a resistência matriz e da fibra. Esta instabilidade representa
uma superestimação da carga suportada pelo corpo de prova imediatamente após a ruptura
da matriz. Deste modo, ocorre a transferência abrupta das tensões da matriz para a fibra e
como consequência disso, o aumento no deslocamento é registrado pelos LVDT, podendo
atingir até 0,5mm de deslocamento. (FIGUEIREDO, 2011). A instabilidade pós-pico é mais
significativa em compósitos com matriz de alta resistência e com teor de fibra abaixo do
volume crítico. (VILLARES, 2001, apud LEITE, 2018).

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Segundo Silva (2018) o sistema operacional da máquina utilizada nos ensaios de


tenacidade do CRF influência consideravelmente os resultados obtidos. Os sistemas podem
ser open-loop ou closed-loop, em português: sistema aberto e sistema fechado,
respectivamente. A diferenciação entre os sistemas é na utilização da variável de saída do
sistema como retorno pelo controlador. (GETTU et al. 1996).

De acordo com Silva (2018) as variáveis de entrada são dependentes das


características geométricas do corpo de prova e da velocidade de aplicação da carga e as
variáveis de saída podem ser a curva de carga por deslocamento ou a curva de carga por
abertura da boca da fissura (CMOD).

Os sistemas open-loop estão disponíveis geralmente em laboratórios de controle


tecnológico e em universidades. A variável de saída do sistema open-loop não é usada pelo
controlador e o sistema depende somente da variável de entrada no sistema, Figura 16(a). As
variáveis controladas neste sistema são geralmente o deslocamento do pistão e a carga
aplicada. (GETTU et al 1996; SALVADOR, 2013). Para resultados confiáveis no sistema
open-loop o equipamento deve apresentar elevada rigidez para evitar que a energia dissipada
no momento da ruptura do corpo de prova seja absorvida pelo mesmo, evitando a
instabilidade pós-pico. (SILVA, 2018).

Figura 16 – Fluxograma do sistema open-loop (a) e closed-loop (b)

Fonte: Adaptado de Gettu et al. (1996)

Para evitar a instabilidade pós-pico utiliza-se equipamentos com sistemas closed-


loop. Cuja a variável de saída é diretamente monitorada pelo controlador por um sinal de
retorno, fazendo com que a aplicação da carga varie proporcionalmente com a necessidade
do corpo de prova, Figura 16(b). Esta variável é mantida constante durante o ensaio, podendo
ser, o deslocamento vertical do corpo de prova ou a abertura de fissura. O sistema closed-

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DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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loop é considerado melhor que o open-loop pela quantidade de variáveis monitoradas é


maior, tem-se resultados mais precisos e com maior reprodutibilidade. (GETTU et al 1996;
SALVADOR, 2013).

A Figura 17 apresenta as diferenças das curvas de carga versus deslocamento vertical


obtidas por sistema open-loop e closed-loop enfatizando a instabilidade gerada pelo sistema
open-loop. (BANTHIA; DUBEY, 1999 apud SALVADOR, 2013).

[...] Com sistemas closed-loop, a instabilidade que ocorre após a ruptura da matriz
cimentícia é praticamente reduzida a zero. Os pontos de leitura que definem esse
intervalo são equidistantes, ou seja, a curva carga-deslocamento vertical é bem
caracterizada. Com isso, há menores desvios nos resultados obtidos [...]. Em
sistemas open-loop, o intervalo entre o ponto de carga máxima e o ponto em que
as fibras passam a atuar não é bem caracterizado, mesmo com elevada frequência
de aquisição de dados. Essa região é representada por uma reta com poucos pontos,
pois esse fenômeno ocorre em uma fração de segundo. Verifica-se que a área
abaixo da curva nesse intervalo fica superestimada, e, além disso, a porção final da
curva não representa a resposta real do material, levando a grandes desvios na
análise de resultados. [...] (BANTHIA e DUBEY, 1999; GETTU et al, 1996 apud
SALVADOR, 2013).

Figura 17 – Curvas carga versus deslocamento com sistemas open-loop e closed-loop

Fonte: Adaptado de Salvador (2013)

A Figura 18 apresenta as diferenças entre os equipamentos de sistema open-loop e


closed-loop. (BERNARD, 2009 apud SALVADOR, 2013).

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Figura 18 – Equipamentos com sistemas open-loop (a) e closed-loop (b)

Fonte: Adaptado de Salvador (2013)

Ensaio JSCE-SF4:1984

Segundo Figueiredo (2011) o método de ensaio para determinação da tenacidade mais


empregado no brasil e com concepção mais simples é o da norma japonesa JSCE-SF4:1984.
Sendo um dos primeiros métodos a prescrever ensaios de flexão de corpos de prova
prismáticos para avaliação da tenacidade de CRF. (SALVADOR, 2013).

Este ensaio é baseado na flexão de corpos de prova prismáticos sem entalhe, por meio
de quatro apoios, com rotação livre, dois na face inferior do corpo de prova, representando
os apoios e dois na face superior a uma distância L/3 dos apoios, para aplicação de carga. Os
corpos de prova podem ser moldados ou extraídos de estruturas, com dimensões de 100mm
x 100mm x 350mm (largura x altura x comprimento) ou 150mm x 150mm x 500mm (largura
x altura x comprimento), com vãos de 300mm ou 450mm, respectivamente. (LEITE, 2018;
JSCE, 1984). As dimensões do corpo de prova estão relacionadas com o tamanho da fibra,

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sendo que, a menor dimensão do corpo de prova deve ter três vezes o maior comprimento da
fibra. (FIGUEIREDO, 2011).

O ensaio tem como exigência a utilização de prensa com capacidade de controle da


velocidade de deslocamento, ou seja, sistema open-loop. (SILVA, 2018). Para a obtenção da
curva de carga versus deslocamento deve ser utilizados dois transdutores eletrônicos
(LVDT), centralizados em cada face lateral do prisma, estes devem estar acoplados em um
suporte, denominado yoke. (SALVADOR, 2013; JSCE, 1984). O esquema de ensaio pode
ser observado na Figura 19.

Figura 19 – Esquema de ensaio de tenacidade segundo a JSCE-SF4:1984

Fonte: Adaptado de Silva (2018)

De acordo com a norma JSCE (1984), pode-se fazer a leitura do deslocamento vertical
nos pontos de carregamento, porém, a norma também permite a leitura do deslocamento
vertical no meio do vão, como mostrado na Figura 19. A carga deve ser aplicada no corpo de
prova de maneira continua e sem impactos, o carregamento deve ser realizado para manter a
deflexão constante, com valores entre 0,10mm/min e 0,20mm/min para corpos de prova com
vão de 300mm e 0,15mm/min e 0,30mm/min para corpos de prova com vão de 450mm, o
carregamento é realizado até que o deslocamento vertical mínimo seja de L/150 (mm). Em
caso de ruptura do corpo de prova ocorrer fora do terço central, os resultados devem ser
descartados. Ao total são necessários no mínimo quatro corpos de prova para obtenção dos
resultados médios.

A norma possibilita o cálculo da resistência à flexão e o fator de tenacidade do CFR.


Com a análise da curva carga versus deslocamento, Figura 20, define-se a resistência à flexão
a partir da Equação 01. (JSCE, 1984; LEITE, 2018).
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𝑃. 𝐿
𝜎b = (01)
𝑏 . ℎ2

Onde:

𝜎b : Resistência à flexão (Módulo de ruptura); [N/mm²]


P: Carga máxima obtida no ensaio; [N]
L: Vão de ensaio; [mm]
B: Largura da seção transversal; [mm]
h: Altura da seção transversal. [mm]

A tenacidade é obtida através da área abaixo da curva carga versus deslocamento, até
o deslocamento L/150 do vão (δtb), conforme a Figura 20. Esta área (Tb) é obtida através da
integração da curva carga versus deslocamento entre os pontos 0 e δtb. O fator de tenacidade
à flexão é calculado a partir da Equação 02. (JSCE, 1984; LEITE, 2018).

Figura 20 – Curva carga versus deslocamento da norma JSCE-SF4:1984

Fonte: Adaptado de Figueiredo (2011)


𝑇𝑏 𝐿
𝜎b = . (02)
𝛿𝑡𝑏 𝑏×ℎ2

Onde:

𝜎b : Fator de tenacidade; [N/mm²]


Tb: Tenacidade à flexão (área abaixo da curva gerada pela carga versus
deslocamento, no intervalo de 0 a δtb; [N]

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δtb: Deslocamento vertical no ponto L/150 do vão, (2,00mm para vãos de 300m e
3,00mm para vãos de 450mm); [mm]
L: Vão de ensaio; [mm]
b: Largura da seção transversal; [mm]
h: Altura da seção transversal. [mm]

Pelo fato de o ensaio ser realizado em sistema open-loop, o mesmo está sujeito a
instabilidade pós-pico (SILVA, 2018), porém, apresenta pouco efeito nos valores calculados.
(BENTUR e MINDESS, 2007). Este comportamento é apresentado por Villares (2001, apud
LEITE, 2018), a utilização de deflexões elevadas para o cálculo da tenacidade possibilita que
haja pouca interferência de instabilidade pós-pico no resultado.

Segundo Bentur e Mindess (2007) o ensaio apresenta algumas limitações. Os


parâmetros de tenacidade dependem das dimensões do corpo de prova, do tempo de cura (60
dias), o ensaio não distingue o comportamento entre pré-pico e pós-pico, e também pelo
ensaio apresentar limite de deslocamento L/150, não é possível adaptar o ensaio para
condições de serviço. Este limite do ensaio é maior do que o as deflexões aceitáveis em
serviço, não sendo compatível com o comportamento de uma peça em serviço.
(SIVAKUMAR e SOUNTHARARAJAN, 2013 apud LEITE, 2018).

Ensaio ASTM C1609:2019

Segundo Leite (2018), a norma americana ASTM C1609:2019 é uma variação da


norma japonesa JSCE-SF4:1984. Utiliza-se configuração de ensaio similares e as mesmas
dimensões de corpo de prova, obtendo-se a mesma curva de carga versus deslocamento
vertical. Entretanto, ao contrário da JSCE-SF4:1984 que utiliza sistema open-loop, a ASTM
C1609:2019 utiliza máquina com sistema closed-loop, onde o carregamento do corpo de
prova é controlado de acordo com a medida de deslocamento vertical no centro do mesmo.
(ASTM, 2019). Por este motivo, os resultados obtidos através deste método tendem a ser
mais confiáveis que os obtidos pela norma japonesa. (BERNARD, 2009 apud SALVADOR,
2013). O esquema de montagem do ensaio é observado na Figura 21.

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Figura 21 – Disposição do ensaio ASTM C1609:2019

Fonte: Adaptado de ASTM (2019)

Segundo ASTM (2019), a máquina de teste deve ser operada para que a deslocamento
vertical do corpo de prova aumente em taxa constante, para deslocamento de até L/900 a
velocidade de aumento deve ser de acordo com a segunda coluna da Tabela 10. Para
deslocamento a partir de L/900 até L/150 utiliza-se a velocidade de aumento da terceira
coluna da Tabela 10. O ensaio conclui-se no ponto de deslocamento vertical L/150.

Tabela 10 – Incremento de velocidade de carregamento

Dimensão do corpo de prova Velocidade até Velocidade a partir de


(L/900) (L/900 – L/150)
100x100x350 0,025 a 0,075 mm/min 0,05 a 0,20 mm/min

150x150x500 0,035 a 0,10 mm/min 0,05 a 0,30 mm/min


Fonte: Adaptado de ASTM C1609 (2019)

Os valores utilizados para determinação da tenacidade e resistência residual são


obtidos a partir da análise da curva carga versus deformação do ensaio, conforme a Figura
22. Para o cálculo das resistências residuais, primeiramente define-se as cargas residuais (PD
600) e (PD 150), correspondentes aos valores de deslocamento vertical de (L/600) e (L/150),
respectivamente. Após, calcula-se as resistências residuais (f D 600) por meio da Equação 03 e
D
(f 150) por meio da Equação 04. (ASTM, 2019). A resistência residual referente ao
deslocamento vertical de L/600 está relacionada com o estado limite ultimo e a resistência
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residual do deslocamento vertical L/150 relacionada com o estado limite de serviço. (SILVA,
2018). A resistência de pico pode ser calculada utilizando a carga máxima suportada pelo
corpo de prova (P1), por meio da Equação 05. (ASTM, 2019).

Figura 22 – Curva de carga versus deslocamento característica da ASTM C1609:2019

Fonte: Adaptado de ASTM C1609 (2019)

𝐷 𝐷 𝐿
𝑓600 = 𝑃600 . 𝑏.𝑑2 (03)

𝐷 𝐷 𝐿
𝑓150 = 𝑃150 . 𝑏.𝑑2 (04)

𝑃. 𝐿
𝑓 = 𝑏.𝑑2 (05)

Onde:

𝐷
𝑃600 : Carga residual em deslocamento (L/600); [N]
𝐷
𝑃150 : Carga residual em deslocamento (L/150); [N]
𝑃: Carga máxima (P1); [N]
𝐷
𝑓600 : Resistência residual em deslocamento (L/600); [MPa]
𝐷
𝑓150 : Resistência residual em deslocamento (L/150); [MPa]
𝑓: Resistência de pico; [MPa]
L: Vão de ensaio; [mm]
B: Largura da seção transversal; [mm]
D: Altura da seção transversal. [mm]

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Para determinação da tenacidade é necessário o cálculo da área abaixo da curva carga


versus deslocamento até o deslocamento vertical de (L/150), o valor de tenacidade é expresso
em Joules [J]. (ASTM, 2019).

Ensaios CEN EN 14651:2007 e ABNT NBR 16940:2021

Segundo Fib (2010), a norma especificada para avaliação das propriedades básicas
do CRF é estabelecida na EN 14651:2007 (CEN, 2007), por meio de ensaio de flexão em
corpos de prova prismáticos com entalhe. O ensaio é realizado em esquema de três apoios e
com sistema de ensaio closed-loop. A partir do ensaio, produz-se a curva de força versus
CMOD, Figura 31. a metodologia encontrada na EN 14651:2007 é eficaz na análise das
propriedades do CRF e das fibras, pois, proporciona mensurar a tenacidade do CRF,
caracterizar as fibras utilizadas e definir a resistência a fratura. DATTATREYA; HARUSH;
NEELAMEGAN (2007, apud SILVA, 2018),

De acordo com Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015), as práticas recomendadas


pela Ibracon e Abece (2017) são fortemente baseadas no fib Model Code (FIB, 2010). Estas
recomendações resultaram nas publicações das referências normativas brasileiras para o
CRF. Portanto. a NBR 16940:2021 (ABNT, 2021d) apresenta muitas semelhanças com a EN
14651:2007 (CEN, 2007).

As dimensões de corpo de prova prismáticos utilizados neste ensaio variam conforme


o comprimento da fibra e diâmetro máximo do agregado. Portanto, para agregados com
diâmetro máximo de 25 mm e fibras de comprimento máximo de 60 mm, utiliza-se corpos
de prova com dimensões de 150 mm de altura, 150 mm de largura e comprimento entre 550
mm e 700 mm, com vão de 500mm. Já para agregados com diâmetro máximo de 12,5 mm e
fibras com comprimento máximo de 40 mm, utiliza-se corpos de prova menores, com 100
mm de altura, 100 mm de largura e 400mm de comprimento, com vão de 333 mm. (ABNT,
2021d).

A moldagem dos corpos de prova é realizada como indicado na Figura 23. Onde, o
incremento 1 deve ter duas vezes o tamanho do incremento 2, devendo ser preenchido 90%
do volume do corpo de prova, completando-se o restante e nivelando-se enquanto realiza-se
o adensamento. O adensamento deve ser executado por vibrações externas, podendo ser mesa
vibratória ou vibrador de parede. No caso de concreto autoadensável não se fez necessário o
adensamento. (ABNT, 2021d).
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Figura 23 – Moldagem de corpo de prova prismático

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16940 (2021d)

A execução do entalhe no corpo de prova é realizada com auxílio de disco de corte.


O entalhe deve ser de no máximo 5 mm de espessura, localizado no meio do vão. Para corpos
de prova com 150 mm de altura, a distância entre o topo do corpo de prova e o topo do entalhe
(hsp), deve ser de 125 mm ± 1 mm. Já para corpos de prova com 100 mm de altura, esta
distância deve ser de 83 mm ± 1 mm (ABNT, 2021d). A localização do entalhe pode ser
observada na Figura 24.

Figura 24 – Detalhamento de entalhe

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16940 (2021d)

Para este método de ensaio pode-se utilizar duas configurações de controle distintas,
por meio da medida da abertura do entalhe ou pelo deslocamento vertical do corpo de prova.
No primeiro método realiza-se a medida da abertura do entalhe (CMOD), por meio de um
transdutor de deslocamento, fixado ao longo do eixo longitudinal e no meio da largura do
corpo de prova, no local do entalhe. (ABNT, 2021d). O esquema de montagem deste ensaio
pode ser observado nas Figura 25 e 26.

Figura 25 – Esquema de ensaio com controle de CMOD


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Fonte: Adaptado de CEN EN 14651 (2007)

Figura 26 – Montagem do CMOD

Fonte: Adaptado de Controls (2021)

Para o método da medida do deslocamento vertical do corpo de prova (δ), utiliza-se


um transdutor (LVDT) para a obtenção dos valores de deslocamento vertical, este LVDT é
posicionado no entalhe do corpo de prova por uma placa de alumínio e acoplado a um yoke,
este fixado à meia altura do corpo de prova, uma extremidade do yoke é fixada no corpo de
prova com um apoio deslizante e a outra extremidade fixada com um apoio rotativo. (ABNT,
2021d). O esquema de montagem deste ensaio pode ser observado na Figura 27.

Figura 27 – Esquema de ensaio com controle de deslocamento vertical


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Fonte: Adaptado de CEN EN 14651 (2007)

Quando se utiliza o controle a partir do CMOD, o equipamento de ensaio deve ser


operado de modo que o CMOD aumente com taxa constante de 0,05mm/min até a abertura
do entalhe atingir 0,1 mm, após, utiliza-se taxa constante de 0,2mm/min até finalização do
ensaio, que ocorre com um valor de CMOD não menor que 4,0 mm. Para o ensaio onde se
utiliza como controle o deslocamento vertical do corpo de prova, permite-se utilização do
mesmo procedimento do CMOD, porém, é necessário haver conversão entre os valores de
CMOD e deslocamento vertical, por meio da Equação 06. (ABNT, 2021d).

δ = 0,85 . CMOD + 0,04 (06)

Onde:

δ: é o deslocamento vertical do corpo de prova; [mm]


CMOD: abertura do entalhe quando y=0. [mm]

Caso a linha de medição estiver a uma distância y>0 abaixo da parte inferior do corpo
de prova, determina-se o CMOD a partir da Equação 07. (ABNT, 2021d).

h
CMOD = CMODy . h+y (07)

A partir da obtenção da curva de força versus CMOD, pode-se analisar o limite de


proporcionalidade (LOP) e as resistências residuais do CRF. A Figura 31 apresenta uma
curva de carga versus CMOD típica da EN 14651:2007 e NBR 16940:2021, onde pode-se
identificar as cargas F1, F2, F3 e F4 correspondentes aos valores de CMOD iguais a 0,5 mm,

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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1,5 mm, 2,5 mm e 3,5 mm, respectivamente. Também se identifica na Figura 28, a força FL,
que corresponde ao limite de proporcionalidade. (ABNT, 2021d; MONTE e BARBOZA,
2017).

Figura 28 – Curva típica de força versus CMOD

Fonte: Adaptado de CEN EN 14651 (2007)

As resistências residuais à tração na flexão fR1, fR2, fR3 e fR4, correspondentes as cargas
F1, F2, F3 e F4 são calculadas a partir da Equação 08. (ABNT, 2021d; MONTE e BARBOZA,
2017).

3.𝐹𝑖 .𝐿
𝑓𝑅,𝑖 = 2 (08)
2.𝑏.ℎ𝑠𝑝

Onde:

𝑓𝑅,𝑖 : resistência residual à tração na flexão correspondente a CMOD=CMODj e


j=1, 2, 3 e 4; [N/mm²]
𝐹𝑖 : carga correspondente a abertura de fissura específica CMOD1= 0,5 mm,
CMOD2= 1,5 mm, CMOD3= 2,5 mm e CMOD4= 3,5 mm; [N]
𝐿: comprimento do vão do corpo de prova; [mm]
𝑏: largura do corpo de prova; [mm]
ℎ𝑠𝑝 : distância entre o topo do corpo de prova e o topo do entalhe. [mm]

Segundo di Prisco, Colombo e Dozio (2013), para critérios de classificação e


dimensionamento, a abertura de fissura em CMOD1= 0,5 mm corresponde ao estado limite
de serviço e a abertura de fissura em CMOD3= 2,5 mm corresponde ao estado limite último.

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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De acordo com di Prisco, Colombo e Dozio (2013), o limite de proporcionalidade é


o valor de carga máxima obtida no intervalo entre 0 mm e 0,05 mm de CMOD, variações da
posição da carga FL podem ser observadas na Figura 29. Também pode ser definido como
valor da força de tração considerada como limite de proporcionalidade entre a tensão e a
deformação do CRF. (ABNT, 2021a).

Figura 29 – Variações da localização da carga correspondente ao LOP

Fonte: Adaptado de CEN EN 14651 (2007)

Conforme Gopalaratnam e Gettu (1995), quando se utiliza entalhe na face inferior do


corpo de prova, aliando-se à aplicação de carga em três apoios, obtém-se a formação da
fissura no plano do entalhe e o resto do corpo de prova não apresenta deformações inelásticas,
podendo assim, atribuir-se a energia absorvida pelo corpo de prova diretamente à fratura no
entalhe. A caracterização do CRF pela curva carga versus CMOD é o método mais confiável,
pelo fato da abertura da fissura ser menos suscetível a erros de deslocamento e estar
relacionada as propriedades fundamentais da mecânica da fratura. (SHAH; KUDER; MU,
2004 apud SALVADOR, 2013).

Entretanto, a aplicação deste método apresenta algumas dificuldades de execução,


cita-se, a utilização de equipamentos com sistema closed-loop não é comum em laboratórios
de controle tecnológico brasileiros, sendo mais comum em universidades e centros de
pesquisa, pelo motivo de ser um equipamento com alto custo e operação complexa. Pelo fato
das normas EN 14651:2007 e NBR 16940:2021 exigirem a utilização de sistema de ensaio

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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closed-loop e a realização de entalhe no corpo de prova, este ensaio apresenta nível de


dificuldade elevado para execução quando se compara com os ensaios apresentados pela
JSCE-FS4:1984 e ASTM C1609:2019. (MONTE e BARBOZA, 2017; SALVADOR,
FERNANDES e FIGUEIREDO, 2015).

6.2 ENSAIOS UNE 83515:2010 (BARCELONA) E NBR 16939:2021

Segundo Galobardes e Figueiredo (2015), embora alguns ensaios em corpos de prova


prismáticos sejam de execução relativamente simples, estes métodos apresentam necessidade
de mão de obra elevada, ocasionada pelo volume dos corpos de prova, com peso médio dos
corpos de prova entorno de 30 kg cada, sendo assim difícil o manuseio dos mesmos. O ensaio
proposto pelo fib Model Code (2010) como referência para parametrização e
dimensionamento de estruturas de CRF, EN 14651 (CEN, 2007), utiliza sistema de controle
closed-loop e necessidade de entalhe, fazendo com que o ensaio seja de alta complexidade,
gerando dificuldades de execução, pois, maquinas com este tipo de sistema de controle são
difíceis de serem encontradas no Brasil. (SIMÃO et al, 2017). Além de que os ensaios com
corpos de provas prismáticos apresentam dispersão de resultados acima de 20%. (PUJADAS
et al. 2013).

De acordo com Monte e Barboza (2017), o fib Model Code (2010) ciente destas
limitações estabelecidas pelo ensaio da EN 14651:2007, cita-se a possibilidade de utilização
de ensaios alternativos para o controle tecnológico, desde que seja provada a correlação com
a EN 14651:2007. (FIB, 2010).

Conforme citado anteriormente, as normas brasileiras apresentam similaridade com


as normas internacionais, neste contexto, a norma brasileira ABNT NBR 16939:2021
compartilha semelhanças com o ensaio Barcelona proposto pela AENOR UNE 83515:2010.
Da mesma forma, segundo a NBR 16938 (ABNT, 2021b), o ensaio de duplo puncionamento
proposto pela NBR 16939:2021, pode ser utilizado para determinação das resistências à
tração e das resistências residuais do CRF, entretanto, deve ser estabelecida a
correspondência das resistências conforme a NBR 16940:2021.

Na intenção de criar um ensaio alternativo aos ensaios de flexão, com configuração


mais simples, porém, ainda sendo confiável para o controle tecnológico do CRF. (MONTE
e BARBOZA, 2017). Os pesquisadores da Universidade Politécnica da Cataluña

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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2021.
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desenvolveram em um ensaio de tração indireta, baseado no ensaio de duplo puncionamento


proposto por Chen (1970), a fim de determinar a tração indireta do concreto e quantificar sua
tenacidade. (MALATESTA; de CEA; BORRELL, 2009). Este ensaio passou a ser conhecido
como Barcelona e é normatizado de acordo com a AENOR UNE 83515:2010.
(GALOBARDES e FIGUEIREDO, 2015).

O ensaio pode ser realizado com corpos de provas moldados ou testemunhos de


estruturas. Em corpos de prova moldados, utiliza-se corpos de prova cilíndricos com
diâmetro (d) de 150 mm e altura (h) de 150 mm, respeitando-se a relação de h/d=1. Já em
corpos de prova testemunhos, permite-se menor dimensão, não podendo ser inferior a 100
mm e respeitando-se a relação de h/d=1. A força de compressão é aplicada ao corpo de prova
por meio de dois discos de aço, posicionados na base e no topo do mesmo. Os discos devem
ter diâmetro (a) igual a 1/4 do diâmetro do corpo de prova e altura igual a 1/5 do corpo de
prova, como pode-se observar na Figura 30. A aplicação da carga ocorre com velocidade de
deslocamento de 0,50 mm ± 0,05 mm, até que o deslocamento vertical mínimo seja de 4,0
mm após a carga de fissuração (Pf). (ABNT, 2021c).

Figura 30 – Esquema de montagem ensaio Barcelona

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16939 (2021c)

Na versão original da norma UNE 83515:2010, faz-se necessário a medida simultânea


da carga aplicada e do aumento do perímetro circunferencial, TCOD. Entretanto, para a
aferição do aumento de TCOD, faz-se necessário a utilização de um extensômetro de
circunferência, dado que este equipamento é de alto custo de aquisição. Com o conceito de
tornar o método mais acessível para o controle tecnológico do CRF. (MONTE e BARBOZA,
2017). Uma simplificação desse procedimento foi apresentada por Pujadas et al (2013), por
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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meio da correlação do TCOD com o deslocamento vertical da máquina de ensaio, assim,


eliminando a utilização do extensômetro de circunferência e consequentemente,
simplificando o ensaio. O sistema de ensaio pode ser adaptado para open-loop ou closed-
loop. (SIMÃO et al. 2017).

Figura 31 – Esquema de montagem com extensômetro (a) fissuras e cunha formadas no ensaio (b)

Fonte: Adaptado de Pujdas et al. (2013)

Este tipo de configuração, onde a infraestrutura laboratorial é reduzida para somente


uma máquina de ensaio capaz de controlar o deslocamento vertical, obtenção simultânea da
carga aplicada e do deslocamento vertical. Faz com que este tipo de configuração seja de
custo menor e haja maior disponibilidade nos laboratórios de controle tecnológico. (MONTE
e BARBOZA, 2017).

De acordo com a Ibracon e Abece (2017a), estudos recentes propuseram a


simplificação do ensaio Barcelona, sem a necessidade da utilização de extensômetro de
circunferência. Na pratica recomendada publicada utilizou-se o método simplificado, com a
medida do deslocamento vertical da máquina de ensaio. Verifica-se que a pratica
recomendada por Ibracon e Abece (2017a), resulta na publicação da norma ABNT NBR
16939:2021.

Segundo Montes e Barboza (2013), pode-se avaliar o comportamento residual do


CRF por dois métodos, o primeiro consiste em comparar as cargas residuais para
determinados níveis de deslocamento vertical, observa-se que este método é utilizado na
NBR 16939:2021. Já o segundo método é apresentado por Pujadas et al. (2013) e consiste na
conversão da curva de carga versus deslocamento vertical na curva de carga versus CMOD.

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De acordo com a NBR 16939:2021 (ABNT, 2021c), a partir do diagrama de carga


versus deslocamento vertical, pode-se calcular a resistência à tração por duplo
puncionamento, as resistências residuais e a tenacidade.

Figura 32 – Diagrama de carga versus deslocamento vertical

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16939 (2021c)

O cálculo da resistência à tração por duplo puncionamento (ft) faz-se por meio da
Equação 09 e utiliza-se como parâmetro a carga de fissuração (Pf), conforme observa-se na
Figura 33. Para o cálculo das resistências residuais, Equação 10, utiliza-se cargas residuais
correspondentes a diferentes níveis de deslocamento vertical, contados a partir da carga de
fissuração, conforme observa-se na Figura 32. Tem-se a carga correspondente ao
deslocamento de 0,5 mm, 1,5 mm, 2,5mm, 3,5mm; após a carga de fissuração (Pf), estas
cagas denominam-se P0,5, P1,5, P2,5, P3,5, respectivamente. (ABNT, 2021c).

4 .𝑃𝑓
𝑓𝑡 = (09)
9.𝜋.𝑎.𝐻

4 .𝑃𝛿𝑝
𝑓𝑟,𝛿𝑝 = (10)
9.𝜋.𝑎.𝐻

Onde:

𝑓𝑡 : Resistência à tração por duplo puncionamento (fissuração); [MPa]


𝑓𝑟,𝛿𝑝 : Resistência residual correspondente a um deslocamento (δp); [MPa]
𝑃𝑓 : Carga na qual produz-se a fissuração; [N]
𝑃𝛿𝑝 : Carga residual correspondente a um deslocamento (δp), (0,5 mm, 1,5 mm, 2,5
mm, 3,5 mm); [N]
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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a: Diâmetro do disco de aplicação de carga; [mm]


H: Altura do corpo de prova. [mm]

Segundo a NBR 16939:2021 (ABNT, 2021c), o cálculo de tenacidade realiza-se a


partir da área abaixo da curva de carga versus deslocamento vertical, após a carga de
fissuração (Pf). Conforme observa-se na Figura 33, onde tem-se em azul a curva de carga
versus deslocamento vertical e em vermelho curva de energia (tenacidade) versus
deslocamento vertical.

Figura 33 – Curvas de carga versus deslocamento vertical (azul) e curva de energia (tenacidade) versus
deslocamento vertical (vermelha)

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16939 (2021c)

Simplificações para o ensaio Barcelona

O estudo publicado por Pujadas et al. (2013), baseia-se na análise da mecânica da


fratura do ensaio Barcelona e como resultado, propõe-se um novo modelo analítico para este
ensaio. O autor identifica que o corpo de prova, quando ensaiado por Barcelona, é submetido
a três diferentes estágios de comportamento.

O primeiro estágio é observado no início da aplicação da carga, onde as tensões


internas são resistidas pela matriz do concreto e não ocorre fissuras. Neste estágio, o aumento
de TCOD dá-se principalmente ao efeito Poisson e a micro fissuração do concreto, por estes
motivos, assume-se que o TCOD neste estágio é igual a zero, Equação 11. (PUJADAS et al.
2013). A Figura 34(a) ilustra o comportamento neste estágio.

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Figura 34 – Estágios propostos por Pujadas et al. (2013)

Fonte: Adaptado de Pujadas et al. (2013)

O segundo estágio inicia-se quando as tensões superam a resistência à tração do CRF,


observa-se a formação de cunhas cônicas na face inferior e superior do corpo de prova, com
diâmetro igual ao dos discos de aço utilizados, pode-se observar na Figura 34(b). Neste
estágio ocorre a fissuração do corpo de prova, no qual aparecem grandes fissuras radiais,
dividindo o corpo de prova em partes, que são mantidas juntas pelas fibras. A Equação 12
corresponde a este estágio. (PUJADAS et al. 2013).

Com a estabilização das fissuras, inicia-se o estágio três, correspondente ao início da


resistência residual. Os fragmentos formados a partir da fissuração radial comportam-se
como corpos rígidos conectados entre si pelas fibras, que trabalham como ponte de
transferência de tensões, como pode-se observar na Figura 34(c). O deslocamento dos discos
de aço faz com que as cunhas cônicas penetrem no corpo de prova, causando deslocamento
lateral do mesmo. A equação para este comportamento é obtida através da relação cinemática
entre a geometria da cunha e o deslocamento vertical, Equação 13. (PUJADAS et al. 2013).

𝑇𝐶𝑂𝐷 = 0 (11)

𝑎𝛿𝑅,0 𝜋 𝐹𝑅,0
𝑇𝐶𝑂𝐷 = 𝑛 𝑠𝑒𝑛 𝑛 (1 − ) (12)
2𝑙 𝐹𝑐𝑟

𝑎 𝜋 𝐹𝑅,0
𝑇𝐶𝑂𝐷 = 𝑛 2𝑙 𝑠𝑒𝑛 𝑛 (𝛿 − 𝛿𝑅,0 ) (13)
𝐹𝑐𝑟

Onde:

TCOD: Aumento do perímetro do corpo de prova; [mm]


n: Número de fissuras visíveis;
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a: Diâmetro da cunha; [mm]


l: Comprimento da cunha; [mm]
𝛿𝑅,0: Deslocamento correspondente ao início da resistência residual; [mm]
𝐹𝑅,0 : Carga correspondente ao início da resistência residual; [kN]
𝛿: Deslocamento em determinado ponto do estágio 3; [mm]
𝐹𝑐𝑟 : Carga de ruptura. [kN]

Baseando-se nas Equações 12, 13 e 14, pode-se fazer a correlação entre TCOD e
deslocamento vertical (δ), assim, convertendo cada valor de deslocamento vertical em
TCOD, resultando na curva de carga versus TCOD a partir de ensaio Barcelona simplificado.
O fluxograma para aplicação deste método pode ser observado na Figura 35. (PUJADAS et
al. 2013).

Figura 35 – Fluxograma para correlação entre TCOD e deslocamento vertical

Fonte: Adaptado de Pujadas et al. (2013)

Embora o ensaio Barcelona seja de fácil execução, observa-se algumas limitações no


mesmo, principalmente no âmbito do controle tecnológico, repetibilidade e
reprodutibilidade. A necessidade da correlação com o ensaio de tração na flexão proposto
pela EN 14651:2007 e NBR 16940:2021, restringe a aplicação deste ensaio para o controle
tecnológico do CRF. Desta maneira, faz-se necessário um programa experimental piloto para
correlações empíricas para dosagem em cada aplicação. (MONTE e BARBOZA, 2017).

Um estudo pioneiro na avaliação de repetibilidade e reprodutibilidade do ensaio de


duplo puncionamento foi elaborado por Nogueira et al. (2020). Este estudo consiste no
desenvolvimento de um programa experimental para avaliar se o ensaio de duplo
puncionamento é robusto suficiente para repetir e reproduzir valores médios e variâncias.
(NOGUEIRA et al. 2020).
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Segundo ASTM E691 (2016 apud NOGUEIRA et al. 2020), repetibilidade é a


habilidade de repetir um único resultado na mesma amostra, testada no mesmo local e
utilizando a mesma máquina. Já a reprodutibilidade é a habilidade de reproduzir um único
resultado na mesma amostra, testado em diferentes localizações e máquinas.

Deste modo, o programa utilizou somente uma matriz de concreto e dois consumos
de fibras de aço distintos, 30 kg/m³ e 55 kg/m. Para análise dos resultados o programa dividiu-
se em duas partes. A primeira se refere a repetibilidade, na qual, produziu-se três lotes de
CRF para cada consumo de fibras em diferentes datas e ensaiados na idade de 21 dias no
mesmo laboratório. A segunda parte consiste na análise comparativa interlaboratorial da
reprodutibilidade do CRF, com considerações da primeira parte. Produziu-se um lote de CRF
para cada consumo de fibra, os ensaios ocorreram em idades maiores de 180 dias, os quais
foram executados em seis laboratórios diferentes, com máquinas, capacidades de carga e
frequência de aquisição de dados diferentes. (NOGUEIRA et al. 2020).

Segundo Nogueira et al. (2020) na análise estatística da repetibilidade conclui que,


mesmo com problemas de mistura observados durante a moldagem, o ensaio de duplo
puncionamento foi capaz de repetir valores médios de resistência residual. Os valores de
força de fissuração também considerados repetíveis quando se isola o consumo de fibras na
análise. Para valores de pós fissuração, o ensaio de duplo puncionamento foi considerado
parcialmente repetível, somente com valores médios. Podendo se tornar totalmente repetível
em médias e variações se uma boa homogeneização da mistura seja garantida. Na análise
estatística da reprodutibilidade, embora a execução do programa ocorreu em uma situação
crítica, com diferentes locais, operadores e máquinas diferente, o ensaio de duplo
puncionamento foi capaz de reproduzir valores médios e de desvio em regime de pós
fissuração, já para valores de força de fissuração não foi capaz de produzir valores médios e
de desvio em diferentes máquinas.

Os autores concluíram que o ensaio de duplo puncionamento é sensível a variações


na resistência residual do CRF, que é um parâmetro importante para aplicação estrutural.
Sendo que o processo de mistura é essencial para garantir uma boa homogeneidade do CRF,
o ensaio de duplo puncionamento apresentou-se apropriado para detectar incoerência pelo
aumento da dispersão de resultados. Então, o ensaio de duplo puncionamento pode ser
considerado robusto suficiente para ser usado com um ensaio regular de controle de qualidade
em termos de comportamento pós fissuração. (NOGUEIRA et al. 2020).
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Um estudo experimental para comparação de resultados obtidos através do ensaio


Barcelona em sistema de controle open-loop e closed-loop foi realizado por Simão et al.
(2017). O procedimento simplificado proposto por Pujadas et al. (2013) foi utilizado para o
estudo do sistema de controle open-loop. Já para o sistema de ensaio closed-loop os autores
utilizaram um procedimento diferente do preconizado pela UNE 83515:2010, pois utilizou-
se a cinta extensométrica como parâmetro de controle da velocidade, diferentemente da
norma que preconiza a utilização da cinta extensométrica somente como um dispositivo de
medida da variação do perímetro. Esta escolha foi exigida devido ao estudo envolver a
comparação entre os sistemas de controle.

Segundo Simão et al. (2017), o sistema closed-loop apresentou redução da


instabilidade pós-pico, entretanto, com análise estatística, observou-se que não se resultou
cargas estatisticamente diferentes das obtidas pelo sistema open-loop. Diante disso, concluiu-
se que apesar do sistema de controle open-loop apresentar maior instabilidade pós-fissuração,
não apresentou diferença para determinação precisa das cargas residuais e cargas pré-ruptura.
Mostrando que, o método simplificado proposto por Pujadas et al. (2013) apresenta certa
robustez para o ensaio. Entretanto, este estudo somente é valido para as condições
apresentadas no estudo.

6.3 COMPRESSÃO

Segundo Bentur e Mindess (2007), pelo motivo das fibras terem pouco efeito na
resistência à compressão no CRF, não há métodos específicos de ensaio para esta
propriedade, podendo ser utilizado os mesmos testes do concreto convencional.

A NBR 16938 (2021b) corrobora com a afirmação de Bentur e Mindess (2007). Em


seu item 6.2 cita que os ensaios de resistência à compressão do CRF devem ser de acordo
com a ABNT NBR 5739:2018 - Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova
cilíndricos.

6.4 ESTADO FRESCO

Conforme abordado no item 5.1 anteriormente, a avaliação do concreto fresco realiza-


se por meio do abatimento do tronco de cone conforme a NBR 16889:2020 para concretos
convencionais e conforme a NBR 15823-2:2017 para concretos autoadensáveis. (ABNT,
2021b).
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Para a determinação do teor de fibra no concreto fresco é realizada por meio do


método de lavagem do CRF, podendo ser aplicado em CRF com fibras de aço, poliméricas
ou de vidro. O procedimento é realizado por coleta de amostra de no mínimo 1,5 vezes o
volume de concreto para duas determinações, a amostra provém do caminhão betoneira e
deve ser coletada entre 15% e 85% da descarga do volume total do caminhão betoneira. O
recipiente de medida de volume não deve ser inferior a 6 litros e ter superfície lisa, o
adensamento deve ocorrer exclusivamente com mesa vibratória ou vibrador de parede. A
lavagem da amostra acontece sobre duas peneiras, a superior com abertura de malha de 4,8
mm e a inferior com abertura de malha de 0,6 mm. Para as fibras de aço pode-se utilizar um
imã para a coleta. Após a coleta, as fibras são encaminhadas para secagem até massa
constante e consequentemente o cálculo do teor de fibras, por meio da Equação 14. (ABNT,
2021b).

𝑀𝑓
𝑉𝑓 = (14)
𝑉

Onde:

𝑉𝑓 : Volume de fibras; [kg/m³]


𝑀𝑓 : Massa de fibras coletada após a secagem e resfriamento; [kg]
V: Volume do recipiente. [m³]

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7 CONCLUSÕES

O objetivo que norteou este trabalho originou-se da falta de controle tecnológico


corriqueiro do concreto reforçado com fibras, que ocorre pela falta de conhecimento do seu
comportamento, aliado aos métodos de ensaios utilizados para o mesmo.

A utilização de concreto reforçado com fibras é uma realidade na construção civil


brasileira, principalmente na utilização em pavimentos e pisos, entretanto, havia uma grande
lacuna no quesito de referências normativas, tanto para projetos, quanto para controle
tecnológico. Esta lacuna preencheu-se com a publicações de novas referências normativas
em 2021. As normas abordam quatro grandes áreas, requisitos das fibras, avaliação do
comportamento do concreto reforçado com fibras, projeto de estruturas de concreto com
fibras e o controle de qualidade. Colocando o Brasil no mesmo nível de normatização
internacional no tema de concreto reforçado com fibras.

Conforme abordado, as fibras alteram o comportamento do concreto no estado fresco


e no estado endurecido. Atuando majoritariamente na resistência pós-fissuração do
compósito, proporcionando ao concreto reforçado com fibras aumento nas resistências
residuais e na tenacidade.

O método que melhor representa o comportamento mecânico do concreto reforçado


com fibras é encontrado na NBR 16940:2021, ensaio de tração na flexão, que utiliza corpos
de prova prismáticos com entalhe. Entretanto, trata-se de um ensaio de alta complexidade e
difícil execução, principalmente pela exigência de um sistema de controle closed-loop.
Segundo os autores pesquisados, este tipo de sistema é encontrado somente em
universidades, por esta razão poucos laboratórios são dotados de infraestrutura capaz de
avaliar o concreto reforçado com fibras.

Por estes motivos, é comum a utilização de ensaios de compressão ou de tração


indireta para o controle do concreto reforçado com fibras, devido a sua facilidade de
execução. Entretanto, estes tipos de ensaios não são capazes de avaliar o comportamento e
resistências residuais pós-fissuração do concreto reforçado com fibras.

Os critérios de projeto de estruturas de fibras estão relacionados diretamente com as


resistências residuais do compósito, onde analisa-se as resistências em um deslocamento pré
estabelecido do corpo de prova, este deslocamento está atrelado aos estados limites de
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utilização e serviço. O método utilizado para determinação destas resistências é o


preconizado na NBR 16940:2021. Entretanto, a NBR 16938:2021 permite a utilização da
NBR 16939:2021 (ensaio de duplo puncionamento) como alternativa, desde que haja
correlação com as resistências residuais no ensaio de tração na flexão.

O ensaio de duplo puncionamento preconizado na NBR 16939:2021 é derivado da


norma espanhola UNE 83515:2010. O ensaio de duplo puncionamento é baseado na
simplificação proposta por Pujadas et al. (2013), onde elimina-se o uso de cinta
extensométrica e utiliza-se somente o deslocamento vertical registrado pela máquina de
ensaio. Esta simplificação reduz a complexidade do ensaio, tornando-o mais acessível e de
fácil execução.

Pesquisas elaboradas por Simão et al. (2017) e Nogueira et al. (2020), embora
apresentem variações, validam a possibilidade de utilização de ensaio de duplo
puncionamento simplificado como um ensaio regular de controle de qualidade em termos de
comportamento pós fissuração do concreto reforçado com fibras. Podendo também ser
utilizado para detectar incoerências na mistura do compósito.

Outras pesquisas podem surgir a partir deste trabalho, algumas propostas são: a
correlação entre o ensaio de duplo puncionamento e o ensaio de flexão e a influência da
correção do abatimento com água nas resistências.

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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5739:2018:


Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2018.

______. ABNT NBR 6118:2014: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio


de Janeiro, 2014.

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fibras – Procedimento. Rio de Janeiro, 2021a.

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______. ABNT NBR 16939:2021: Concreto reforçado com fibras – Determinação das
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