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Ijuí
2021
FERNANDO DE LIMA JOHANN
Ijuí /RS
2021
FERNANDO DE LIMA JOHANN
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo
membro da banca examinadora.
BANCA EXAMINADORA
Aos meus pais Jaime e Lorenes agradeço infinitamente aos meus pais por terem sido
os pilares na minha vida, por sempre me apoiarem e torcerem por mim, a realização do meu
sonho não seria possível sem vocês. Obrigada por nunca terem medido esforços pra me verem
feliz, vocês tornaram isso real.
Stephen Hawking
RESUMO
JOHANN, Fernando. L. Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas
Referências Normativas. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia
Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí,
2021.
JOHANN, F. L. Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências
Normativas. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2021.
The plain concrete when submitted to tensile stress presents fragile behavior, losing
its strength after the matrix cracking. As a way to overcome these limitations fibers are added
to the concrete, generating a composite with improved characteristics, such as energy
absorption capacity, ductility and cracking control, when compared to the plain concrete. The
most commonly used fibers in fiber-reinforced concrete are the steel, glass and Polymeric
fibers. With the rise of fiber-reinforced concrete, it was expected that it would increase the
compressive and tensile strength, however, fibers act on the post cracking strength, resulting
in better residual strength and toughness. The use of fiber-reinforced concrete in Brazilian
soil has been occurring since 1990, but only in 2021, national normative references were
published. By the fact of the recent publication of these standards, there is still a long way to
get thru for the fully use of fiber-reinforced concrete, one reason is the difficulty to executing
the test methods proposed by the standards. However, one of the test methods cited by the
standard presents a great possibility of being used routinely in the control of the fiber-
reinforced concrete.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15
Questões de pesquisa.......................................................................................... 17
5.1 Trabalhabilidade................................................................................................... 40
5.2 Resistência à compressão ..................................................................................... 43
7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 80
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1 INTRODUÇÃO
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Segundo Naaman (2007), concretos reforçados com fibras podem ser utilizados em
diversas aplicações, como elementos independentes, em forma hibrida combinado com
concreto armado ou concreto protendido e em reparo e reabilitação de estruturas. Segundo
Di Prisco, Colombo e Dozio (2013), a propriedade mecânica que é mais influenciada pelas
fibras é a resistência residual pós-fissuração e representa um parâmetro importante no projeto
de estruturas de concreto reforçado com fibras.
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Fernando de Lima Johann (fernandodelima0@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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1.1 CONTEXTO
1.2 PROBLEMA
Questões de pesquisa
Objetivos de pesquisa
• Objetivo Geral: Esta pesquisa tem como objetivo geral avaliar se os ensaios
previstos pelas referencias normativas brasileiras são adequados para o controle
em condições de uso corriqueiro do CRF.
• Objetivos Específicos:
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Delimitação do trabalho
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2 MÉTODO DE PESQUISA
Este trabalho realiza a pesquisa sobre o concreto reforçado com fibras, com interesse
nas propriedades apresentadas por compósitos de CRF, nas fibras utilizadas no CRF,
comportamentos das fibras e influência das mesmas no CRF, as propriedades mecânicas dos
compósitos de CRF e os métodos de ensaios utilizados. Para isto, se faz necessário pesquisa
a respeito destes assuntos, com objetivo de reunir as informações necessárias para o
desenvolvimento da pesquisa.
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Alguns dos autores presentes neste tópico destacam-se por serem grandes referências
de pesquisas no concreto reforçado com fibras no Basil, consequentemente, apresentando
grande importância para disseminação do CRF. Dentre eles, cita-se as dissertações realizadas
por Figueiredo (2011), Carnio (2009), assim como, publicações em revistas de Figueiredo
(2017) e Carnio (2017). Também, se pesquisou as principais bibliografias internacionais
sobre concreto, Mehta e Monteiro (2006) e sobre CRF, Bentur e Mindess (2007). A pesquisa
nas normas brasileiras NBR 15530:2021, NBR 16941:2021 e NBR 16942:2021 foram de
grande relevância para a caracterização das fibras utilizadas no CRF.
2.2 DELINEAMENTO
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Segundo Leite (2018), as primeiras fibras utilizadas para reforço de concreto, foram
as fibras de aço e, em sequência, surge-se as fibras de polipropileno, que apresentam
utilização semelhante as fibras de aço.
De acordo com NBR 16938 (ABNT, 2021b), atualmente são normatizados três tipos
de fibras para serem utilizadas como reforço estrutural, estas devem ser previamente
qualificadas em suas respectivas normas.
Segundo The Concrete Society (2007, apud LEITE, 2018), as fibras mais utilizadas
como elementos de reforço no concreto estrutural são as fibras de aço. Sua comercialização
começou na década de 1970 e com o passar do tempo tornou-se uma alternativa ao uso de
telas metálicas em aplicações, como: lajes, concreto projetado, e revestimento de tuneis.
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De acordo com Carnio (2017), maioria das fibras de aço propicia algum tipo de
reforço ao concreto. Com comprimentos variando de 30mm a 60mm, as fibras que
apresentam ondulações no corpo ou ancoragem nas extremidades têm finalidade de melhorar
o comportamento da fibra com relação à aderência, por meio da ancoragem mecânica. A
resistências à tração dessas fibras varia de 500 MPa a 1150 MPa com módulo de elasticidade
de 210 GPa. As fibras podem ser adicionadas a concretos de resistência normal ou de alta
resistência.
A norma em vigor para fibras de aço é a ABNT NBR 15530:2019 – Fibras de aço
para concreto – requisitos e métodos de ensaio. A qual trata da especificação de fibras de aço
destinadas ao uso em concreto reforçado com fibras e outros compósitos cimentícios, tendo
aplicação por bombeamento, ou utilizados em pavimentação, pré-moldados, preparação in-
situ ou reparo. (ABNT, 2019).
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II
II
C
III
I
R
II
Segundo Carnio (2009) o fator de forma das fibras de aço é a relação entre o
comprimento da fibra e seu diâmetro, caso a fibra não apresente seção circular, utiliza-se o
diâmetro equivalente. A NBR 15530 (ABNT, 2019) estabelece as equações necessárias para
cálculo do diâmetro equivalente.
Segundo Carnio (2009) as fibras de vidro fazem parte do grupo de fibras cerâmicas
ou minerais, também pertencem a este grupo as fibras de carbono e asbesto, entretanto a mais
utilizada é a fibra de vidro álcali-resistente (AR). Esta fibra é normatizada de acordo com a
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NBR 16941 (ABNT, 2021). As fibras de vidro AR apresentam resistência em meio alcalino,
característica essencial para utilização em matrizes cimentícias. (CARNIO, 2017)
Segundo NBR 16941 (ABNT, 2021e), as fibras de vidro AR podem ser classificadas
como microfibras ou macrofibras, as microfibras devem apresentar diâmetro menor que 0,30
mm, podendo ser monofiladas ou integrais. Já as macrofibras apresentam diâmetro maior ou
igual a 0,30 mm. As microfibras apresentam comprimento inferiores a 30 mm e as
macrofibras comprimento varia de 35 mm a 40 mm. (CARNIO, 2017)
comprimentos padrões. Fibras fibriladas também são produzidas pelo processo de extrusão,
mas com seção transversal retangular contado com mais adesão entre a fibra e a matriz.
(BENTUR e MINDESS, 2007).
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a b
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Conforme Carnio (2017), no Brasil, a utilização de CRF inicia-se em São Paulo, nos
meados da década de 1990 com a aplicação de 135.000 m² do concreto reforçado com fibras
de aço em piso industrial de um centro de distribuição, sendo um marco para a popularização
de CRF em território brasileiro. Na sequência foram realizados diversos outros pisos
industriais, principalmente em obras de infraestrutura e em empreendimentos de empresas
multinacionais. Desde a época até os dias atuais, a aplicação em pisos industriais é a principal
aplicação para o CRF.
Segundo Naaman (2007) concretos reforçados com fibras podem ser utilizados em
diversas aplicações, como elementos independentes, em forma hibrida combinado com
concreto armado ou concreto protendido e em reparo e reabilitação de estruturas. As
aplicações independentes são em elementos estruturais leves, como por exemplo, placas
cimentícias, tubos de concreto e elementos pré fabricados. As aplicações hibridas com
concreto armado, concreto protendido ou estruturas de aço, ocorrem em estruturas resistentes
a abalos sísmicos, construções off-shore e pontes. Já as aplicações hibridas em zonas onde
necessita-se melhoramento das propriedades, ocorre em articulações viga-pilar, zonas de
ancoragem de vigas protendidas e zonas de puncionamento de lajes. A aplicação em reparo
e reabilitação ocorre em revestimento de tuneis e proteção contra incêndio.
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A matriz cimentícia, sem adições de fibra apresenta comportamento frágil, com baixa
capacidade de deformações na ruptura quando submetido a esforços de tração e não
apresentando deformação plástica a esforços de tração. Entretanto, com a adição de fibras, o
compósito começa a apresentar características como a capacidade de absorção de energia, a
ductilidade, controle de fissuração, resistência a ações dinâmicas, fadiga e ao impacto.
(CARNIO, 2017; ABNT, 2021a).
inferior da viga, reforça-se exatamente essa parte com vergalhões de aço. Tornando difícil
que as fibras sejam competitivas para este tipo de estrutura. (FIGUEIREDO, 2017).
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De acordo com Bentur e Mindess (2007) para aumentar a resistência dos compósitos,
as fibras devem ter módulo de elasticidade maior que o da matriz. Para compóstos
cimentícios o módulo de elasticidade vária de 15 à 40 GPa, esta condição é difícil de ser
encontrada com fibras sintéticas. Contudo, algumas fibras de alta tenacidade foram
desenvolvidas para o reforço do concreto, estas apresentam alto módulo de elasticidade
acompanhada de alta resistência. Entretanto, pesquisas mostraram que, mesmo com fibras de
baixo módulo, melhorias consideráveis podem ser obtidas em realação à capacidade de
deformação, dureza, tenacidade, resistência ao impacto e controle de fissura dos compósitos.
Em muitas aplicações o aprimoramento dessas propriedades é de maior interessse que um
modesto aumento na resistência à tração ou à flexão.
Segundo NBR 16935 (ABNT, 2021a), o CRF quando submetido à tração direta pode
apresentar dois comportamentos distintos, estes comportamentos podem ser observados na
Figura 5. Observa-se que após a carga de fissuração da matriz (Fcr), a curva de carga versus
deslocamento pode assumir dois comportamentos, o softening 1 ocorre devido a redução dos
1
Softening, pode ser traduzido com amaciamento, porém é usual a utilização do termo em Inglês.
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valores de força abaixo de Fcr e o hardening 2 que ocorre devido ao aumento dos valores de
força com o aparecimento de múltiplas fissuras antes de atingir o valor de força máxima
(Fmax).
Segundo Medeiros (2012) caso as fibras apresentando pouca aderência à matriz, elas
podem escorregar sob efeito de carregamentos baixos, portanto, não contribuindo com a
tenacidade do compósito. Porém, se a aderência à matriz for muito alta, as fibras podem se
romper antes de dissipar a energia escorregando, proporcionando apenas melhoria periférica
das propriedades mecânicas.
[...] A interação fibra-matriz depende de vários fatores, tais como: atrito fibra-
matriz, ancoragem mecânica da fibra na matriz e adesão físico-química entre os
materiais. Esses fatores são influenciados pelas características das fibras (volume,
módulo de elasticidade, resistência, geometria e orientação) e características da
própria matriz (composição, condição de fissuração e propriedades físicas e
mecânicas) [...] (MEDEIROS, 2012).
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Hardening, pode ser traduzido com endurecimento, porém é usual a utilização do termo em Inglês.
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satisfatório, o concreto deixa de apresentar comportamento frágil. Isso ocorre devido ao fato
de a fibra servir como ponte de transferência de tensões pelas fissuras, demonstrado na Figura
6(b), portanto diminuindo a concentração de tensões nas extremidades. (FIGUEIREDO,
2011). A adição de fibras tem como expectativa o controle da abertura e a propagação de
fissuras no concreto, modificando seu comportamento mecânico após a ruptura da matriz,
melhorando a capacidade de absorção da energia do concreto e consequentemente
diminuindo sua fragilidade. (CARNIO, 2009; ABNT, 2021a).
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De acordo com Figueiredo (2011), a eficiência da fibra está relacionada com seu
comportamento como ponte de transferência de tensão, assim, a capacidade de reforço que
as fibras apresentam no CRF depende diretamente do teor de fibra utilizado. Portanto, quanto
maior o teor, maior será o número de fibras atuando nessa ponte de transferência, que
aumenta o reforço pós fissuração.
3
Strain-softening pode ser traduzido como amaciamento da tensão, porém o autor optou por utilizar o
termo em inglês.
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Strain-hardening pode ser traduzido como amaciamento da tensão, porém o autor optou por utilizar
o termo em inglês.
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Segundo di Prisco, Colombo e Dozio (2013), pelo fato de que ensaios de tração direta
sejam difíceis de serem realizados, são utilizados métodos de ensaios convencionais,
geralmente baseados em ensaios de tração na flexão. O comportamento à flexão do CRF é
marcadamente diferente que em tração direta, pode ocorrer que materiais com
comportamento strain-softening em tração direta apesentem comportamento strain-
hardening sob flexão. Diferentes respostas do CRF em strain-softening e strain-hardening
sob tração direta (a), tração na flexão (b) e punção de placas (c) são apresentados na Figura
9. (Di PRISCO; COLOMBO; DOZIO, 2013). Ou seja, poderá haver mudança no
comportamento de strain-softening para strain-hardening se o tipo de ensaio for alterado.
(FIGUEIREDO, 2014).
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Figura 9 – Comportamento do CRF em tração direta (a), tração na flexão (b) e punção de placas (c)
Além dos fatores de volume de fibras, outro fator que afeta o desempenho do CRF é
a geometria das fibras utilizadas. Figueiredo (2011) cita que o comprimento crítico é um fator
essencial para o compósito de CRF, definindo o comprimento crítico (Lc) é baseado em um
modelo prevendo que a tensão entre a matriz e a fibra aumentam linearmente partindo da
extremidade para o centro da fibra, sendo atingida a tensão máxima quando à tensão
submetida na fibra se iguala à tensão de cisalhamento entre a fibra e a matriz, ou seja, o
comprimento crítico de uma fibra é definido como o comprimento que a fibra deve ter para
que a ancoragem entre a fibra e a matriz seja mantida.
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Sintetiza-se que quanto maior o comprimento da fibra, maior será seu embutimento,
por consequência, maior a capacidade resistente do compósito pós-fissuração, porém, a
utilização de fibras com comprimentos excessivos gera problemas ao CRF, um deles é a
diminuição da mobilidade da mistura, tendo efeito no seu abatimento. O outro é o modo de
falha da fibra no compósito, fibras com comprimento maiores tendem a romper no momento
em que surge a fissura no CRF, diminuindo sua resistência pós-fissuração. Por estes motivos
as fibras normalmente comercializadas têm comprimentos menores que o comprimento
crítico, sendo o mecanismo de reforço pelo processo de arrancamento da fibra.
(FIGUEIREDO, 2011).
Segundo Malatesta e Contreras (2009, apud LEITE, 2018), falhas originadas por
ruptura da fibra são mais rápidas e catastróficas do que falhas devido ao arrancamento da
fibra, que ocorrem de modo gradual, aumentando a ductilidade do material.
essencial para que haja compatibilidade dimensional entre os agregados graúdos e as fibras,
fazendo com que as fibras atuem como reforço do concreto e não reforço da argamassa. A
Figura 11(a) demonstra um CRF com compatibilidade dimensional e a Figura 11(b) um CRF
sem compatibilidade dimensional. (FIGUEIREDO, 2011).
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5.1 TRABALHABILIDADE
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Porém, o ensaio Ve-Be não é citado na norma ABNT NBR 16938:2021 como método
de controle tecnológico do CRF. A norma em seu item 6.1 define que a avaliação do CRF no
estado fresco compreende a verificação da consistência pelo abatimento do tronco de cone,
sendo feita conforme a ABNT NBR 16889:2020: – Concreto – Determinação da consistência
pelo abatimento do tronco de cone, em concretos normais. Ou pela norma ABNT NBR
15823-2: Determinação do espalhamento, do tempo de escoamento e do índice de
estabilidade visual - Método do cone de Abrams, em concretos autoadensáveis. (ABNT,
2021b).
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Dosagem (% Abatimento
Fibra em volume) (slump) mm
Referência 0 120
0,22 75
0,33 65
Macrofibra 0,5 50
Polimérica 0,66 30
0,82 25
1 35
0,19 55
Fibra de
0,32 80
Aço
0,45 50
Fonte: Adaptado de Salvador e Figueiredo (2013)
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A adição de fibras ao CRF não tem como objetivo alterar sua resistência à
compressão. (MEDEIROS, 2012). Em projetos e controle de qualidade de concretos, a
resistência à compressão é geralmente especificada e o concreto classificado a partir dela.
Isso ocorre pelo fato de que comparando-se com outras propriedades, o ensaio de resistência
à compressão é relativamente fácil. (LÖFGREN, 2005).
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Este mesmo fenômeno é abordado por MIAO, CHERN e YANG (2003, apud
MENDOZA, AIRE e DÁVILA, 2011; LEITE, 2018), no qual disserta que, há tendencia de
redução da resistência à compressão com a adição de fibra, por haver redução do abatimento
e da compactação do compósito. Além do mais, o teor de ar incorporado na mistura devido
à perda de abatimento ou durante a incorporação pode interferir na menor resistência à
compressão.
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Dosagem (%
Fibra em volume) Fcm (MPa)
0,22 38,32 ± 0,94
0,33 37,68 ± 0,50
Macrofibra 0,5 34,33 ± 0,18
Polimérica 0,66 34,80 ± 0,24
0,82 36,77 ± 0,44
1 36,57 ± 0,36
0,19 38,78 ± 0,60
Fibra de
0,32 36,12 ± 0,98
Aço
0,45 36,54 ± 1,34
Fonte: Adaptado de Salvador e Figueiredo (2013)
Os autores concluem que houve baixa variação dos resultados, sendo a resistência à
compressão independente do teor de fibras. A resistência média foi de 36,7 MPa com
coeficiente de variação de 4,0%. Deste modo, atingiu-se a resistência média prevista para o
experimento, que já era confirmado em literaturas. As fibras de aço apresentaram maior
desvio padrão, devido à maior dificuldade de moldagem dos corpos-de-prova pelo fato da
fibra ser rígida. (SALVADOR e FIGUEIREDO, 2013).
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Dosagem (%
Fibra em volume) Fcm (MPa)
0,33 33,4 ± 0,3
Macrofibra
0,50 34,1 ± 0,7
Polimérica A
0,66 33,3 ± 0,1
0,19 34,5 ± 0,9
Macrofibra
0,32 33,1 ± 0,2
Polimérica B
0,45 35,9 ± 0,7
0,19 35,5 ± 0,2
Fibra de Aço 0,32 32,1 ± 0,5
0,45 32,9 ± 0,3
Fonte: Adaptado de Salvador, Fernandes e Figueiredo (2015)
Os autores concluem que houve baixa variação dos resultados, sendo a resistência à
compressão independente do teor de fibras. A resistência média foi de 33,9 MPa com
coeficiente de variação de 3,7%. Apesar dos valores terem ficado abaixo do valor estipulado
atingiu-se a resistência média prevista para o experimento. (SALVADOR, FERNANDES e
FIGUEIREDO, 2015).
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De acordo com Mehta e Monteiro (2014 apud LEITE, 2018), a adição de baixos tores
de fibras exerce pequena influência na resistência à compressão. No entanto, observa-se
aumento de resistência principalmente em baixos teores de fibras.
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Segundo Medeiros (2012) na análise de ensaios à tração direta, tração indireta e tração
por flexão. Algumas de suas conclusões acerca serão abordadas a seguir. Em ensaios de
tração direta para teores de fibras menores que 2% o aumento da resistência direta não
ultrapassa 20%, sendo maiores aumentos quando se utiliza fibras de maior esbeltez. Adição
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[...] Araújo (2002) relata aumentos entre 87 e 130% da resistência à tração direta
adicionando 1,5% de fibras com 30 mm de comprimento e esbeltez 45. Nunes
(2006) obteve aumento de 67 a 104% adicionando 2,0% de fibras com 35 mm
comprimento e esbeltez 65, e ainda verificou que a resistência à tração diminuiu
com o aumento da dimensão máxima do agregado de 12,5 para 19 mm. Ao
adicionar 1,25% de fibras com 60 mm de comprimento com esbeltez 60, Oliveira
(2007) obteve 83% de aumento na resistência à tração [...] (MEDEIROS, 2012).
Medeiros (2012) aponta que, a adição de fibras em 1,5% pode haver aumento da
resistência à tração até de 100%. Os principais fatores que influenciam na melhora da
resistência à tração por flexão no CRF são o volume e esbeltez das fibras.
O autor conclui que houve variação significativa nos valores de resistência à tração
com a adição de fibras. A maior variação comparando-se com a matriz de referência foi no
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compósito com adição de 1,0% Fibra de Aço, com aumento de 35,9% em sua resistência à
tração, este aumento está relacionado com a utilização do volume de fibras superior ao
volume crítico, apresentando comportamento hardening. Os outros compósitos demonstram
valor de resistência à tração próximo ao concreto de referência, apresentando comportamento
softening. (LEITE, 2018).
De acordo com ASTM (2019) tenacidade não é uma tensão real, mas uma tensão de
engenharia calculada utilizando a teoria da flexão para materiais elástico lineares de seção
bruta, não fissurada. Segundo Figueiredo (2014), “a utilização da medida de tenacidade está
entrando em desuso, em função do aprimoramento da avaliação da resistência residual pós
fissuração”.
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Segundo Silva (2018) a medida da tenacidade pode ser influenciada por alguns fatores
como: a máquina, o método de ensaio, dimensões do corpo de prova, teor e espaçamento das
fibras, resistência das fibras e resistência da matriz utilizada.
Na análise do fator de tenacidade σb, com a adição de fibras houve mudança no valor
do fator de tenacidade do CRF, verificou-se para o concreto reforçado com fibras de aço, que
ao dobrar o volume de fibras de 0,5% para 1,0%, há aumento de 48,7% no fator de tenacidade.
O mesmo não ocorre com o concreto reforçado com fibras de polipropileno, onde observou-
se redução de 5,3% ao dobrar o volume de fibras de 0,5% para 1,0%, indicando que maiores
teores de macrofibra polimérica não resultam em melhora da tenacidade. (LEITE, 2018).
Figura 13 – Curvas carga versus deslocamento vertical referente CRFA com teores de 0,5% (a) e 1,0% em
volume (b)
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Figura 14 – Curvas carga versus deslocamento vertical referente CRFP com teores de 0,5% (a) e 1,0% em
volume (b)
Para a avaliação do ELS, que acontece no deslocamento vertical de 0,75mm (σd 600).
Obteve-se aumento na resistência residual de 52,3% para o concreto reforçado com fibras de
aço e redução de 2,6% na resistência residual no concreto reforçado com fibras poliméricas
quando se dobrou o teor de fibras de 0,5% para 1,0%. Indicando que as fibras poliméricas e
de aço tem desempenhos próximos quando utilizadas em baixos teores. (LEITE, 2018).
Para a avaliação do ELU, que acontece no deslocamento vertical de 3,00mm (σd 150).
Obteve-se aumento na resistência residual de 45,6% para o concreto reforçado com fibras de
aço e redução de 6,0% na resistência residual no concreto reforçado com fibras poliméricas.
O autor conclui que as fibras poliméricas apresentaram comportamento slip-hardening, com
sua resistência residual em grandes deslocamentos próxima a resistência oferecida pelas
fibras de aço, principalmente em baixos teores. (LEITE, 2018).
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Ensaios de tenacidade também podem ser realizados com configuração mais simples,
como é o caso do ensaio de duplo puncionamento (Barcelona), realizado de acordo com a
UNE 83515 (AENOR, 2010). Esta possibilidade de ensaios alternativos está prevista no fib
Model Code 2010 (FIB, 2010), desde que haja correlação com o ensaio de referência EN
14651 (CEN, 2007). (MONTE e BARBOZA, 2017).
Os ensaios de flexão em prismas são os mais populares para avaliação do CRF, pelo
fato de simular condições mais realistas que ensaios de compressão e tração e também pela
facilidade de execução. Porém, os resultados são afetados pela dimensão e geometria do
prisma. (GOPALARATNAM; GETTU, 1995).
Corpos de prova com entalhe na face inferior são utilizados em ensaios de tenacidade
de prismas por apresentarem garantia de estabilidade durante o teste, fácil execução e
reprodutibilidade. Apresentando sistema de aplicação da carga em três apoios, Figura 15(a),
as deformações são sempre localizadas no plano do entalhe e o resto do corpo de prova não
é submetido a deformações inelásticas. Assim, ocorrendo a diminuição da energia dissipada
no corpo de prova, e por consequência a energia absorvida, pode ser atribuída diretamente à
fratura no entalhe. Estes ensaios devem ser realizados em sistema closed-loop, controlando-
se o CMOD, isso significa que, pode-se relacionar o CMOD com os limites de abertura de
fissura para níveis de serviço específicos. (GOPALARATNAM; GETTU, 1995).
Figura 15 – Distribuição de esforços para ensaios de três (a) e quatro apoios (b)
(a) (b)
Nos ensaios de flexão de prismas pode ocorrer uma instabilidade pós-pico, ocorrendo
devido há grande diferença entre a resistência matriz e da fibra. Esta instabilidade representa
uma superestimação da carga suportada pelo corpo de prova imediatamente após a ruptura
da matriz. Deste modo, ocorre a transferência abrupta das tensões da matriz para a fibra e
como consequência disso, o aumento no deslocamento é registrado pelos LVDT, podendo
atingir até 0,5mm de deslocamento. (FIGUEIREDO, 2011). A instabilidade pós-pico é mais
significativa em compósitos com matriz de alta resistência e com teor de fibra abaixo do
volume crítico. (VILLARES, 2001, apud LEITE, 2018).
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[...] Com sistemas closed-loop, a instabilidade que ocorre após a ruptura da matriz
cimentícia é praticamente reduzida a zero. Os pontos de leitura que definem esse
intervalo são equidistantes, ou seja, a curva carga-deslocamento vertical é bem
caracterizada. Com isso, há menores desvios nos resultados obtidos [...]. Em
sistemas open-loop, o intervalo entre o ponto de carga máxima e o ponto em que
as fibras passam a atuar não é bem caracterizado, mesmo com elevada frequência
de aquisição de dados. Essa região é representada por uma reta com poucos pontos,
pois esse fenômeno ocorre em uma fração de segundo. Verifica-se que a área
abaixo da curva nesse intervalo fica superestimada, e, além disso, a porção final da
curva não representa a resposta real do material, levando a grandes desvios na
análise de resultados. [...] (BANTHIA e DUBEY, 1999; GETTU et al, 1996 apud
SALVADOR, 2013).
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Ensaio JSCE-SF4:1984
Este ensaio é baseado na flexão de corpos de prova prismáticos sem entalhe, por meio
de quatro apoios, com rotação livre, dois na face inferior do corpo de prova, representando
os apoios e dois na face superior a uma distância L/3 dos apoios, para aplicação de carga. Os
corpos de prova podem ser moldados ou extraídos de estruturas, com dimensões de 100mm
x 100mm x 350mm (largura x altura x comprimento) ou 150mm x 150mm x 500mm (largura
x altura x comprimento), com vãos de 300mm ou 450mm, respectivamente. (LEITE, 2018;
JSCE, 1984). As dimensões do corpo de prova estão relacionadas com o tamanho da fibra,
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sendo que, a menor dimensão do corpo de prova deve ter três vezes o maior comprimento da
fibra. (FIGUEIREDO, 2011).
De acordo com a norma JSCE (1984), pode-se fazer a leitura do deslocamento vertical
nos pontos de carregamento, porém, a norma também permite a leitura do deslocamento
vertical no meio do vão, como mostrado na Figura 19. A carga deve ser aplicada no corpo de
prova de maneira continua e sem impactos, o carregamento deve ser realizado para manter a
deflexão constante, com valores entre 0,10mm/min e 0,20mm/min para corpos de prova com
vão de 300mm e 0,15mm/min e 0,30mm/min para corpos de prova com vão de 450mm, o
carregamento é realizado até que o deslocamento vertical mínimo seja de L/150 (mm). Em
caso de ruptura do corpo de prova ocorrer fora do terço central, os resultados devem ser
descartados. Ao total são necessários no mínimo quatro corpos de prova para obtenção dos
resultados médios.
𝑃. 𝐿
𝜎b = (01)
𝑏 . ℎ2
Onde:
A tenacidade é obtida através da área abaixo da curva carga versus deslocamento, até
o deslocamento L/150 do vão (δtb), conforme a Figura 20. Esta área (Tb) é obtida através da
integração da curva carga versus deslocamento entre os pontos 0 e δtb. O fator de tenacidade
à flexão é calculado a partir da Equação 02. (JSCE, 1984; LEITE, 2018).
Onde:
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δtb: Deslocamento vertical no ponto L/150 do vão, (2,00mm para vãos de 300m e
3,00mm para vãos de 450mm); [mm]
L: Vão de ensaio; [mm]
b: Largura da seção transversal; [mm]
h: Altura da seção transversal. [mm]
Pelo fato de o ensaio ser realizado em sistema open-loop, o mesmo está sujeito a
instabilidade pós-pico (SILVA, 2018), porém, apresenta pouco efeito nos valores calculados.
(BENTUR e MINDESS, 2007). Este comportamento é apresentado por Villares (2001, apud
LEITE, 2018), a utilização de deflexões elevadas para o cálculo da tenacidade possibilita que
haja pouca interferência de instabilidade pós-pico no resultado.
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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Segundo ASTM (2019), a máquina de teste deve ser operada para que a deslocamento
vertical do corpo de prova aumente em taxa constante, para deslocamento de até L/900 a
velocidade de aumento deve ser de acordo com a segunda coluna da Tabela 10. Para
deslocamento a partir de L/900 até L/150 utiliza-se a velocidade de aumento da terceira
coluna da Tabela 10. O ensaio conclui-se no ponto de deslocamento vertical L/150.
residual do deslocamento vertical L/150 relacionada com o estado limite de serviço. (SILVA,
2018). A resistência de pico pode ser calculada utilizando a carga máxima suportada pelo
corpo de prova (P1), por meio da Equação 05. (ASTM, 2019).
𝐷 𝐷 𝐿
𝑓600 = 𝑃600 . 𝑏.𝑑2 (03)
𝐷 𝐷 𝐿
𝑓150 = 𝑃150 . 𝑏.𝑑2 (04)
𝑃. 𝐿
𝑓 = 𝑏.𝑑2 (05)
Onde:
𝐷
𝑃600 : Carga residual em deslocamento (L/600); [N]
𝐷
𝑃150 : Carga residual em deslocamento (L/150); [N]
𝑃: Carga máxima (P1); [N]
𝐷
𝑓600 : Resistência residual em deslocamento (L/600); [MPa]
𝐷
𝑓150 : Resistência residual em deslocamento (L/150); [MPa]
𝑓: Resistência de pico; [MPa]
L: Vão de ensaio; [mm]
B: Largura da seção transversal; [mm]
D: Altura da seção transversal. [mm]
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Segundo Fib (2010), a norma especificada para avaliação das propriedades básicas
do CRF é estabelecida na EN 14651:2007 (CEN, 2007), por meio de ensaio de flexão em
corpos de prova prismáticos com entalhe. O ensaio é realizado em esquema de três apoios e
com sistema de ensaio closed-loop. A partir do ensaio, produz-se a curva de força versus
CMOD, Figura 31. a metodologia encontrada na EN 14651:2007 é eficaz na análise das
propriedades do CRF e das fibras, pois, proporciona mensurar a tenacidade do CRF,
caracterizar as fibras utilizadas e definir a resistência a fratura. DATTATREYA; HARUSH;
NEELAMEGAN (2007, apud SILVA, 2018),
A moldagem dos corpos de prova é realizada como indicado na Figura 23. Onde, o
incremento 1 deve ter duas vezes o tamanho do incremento 2, devendo ser preenchido 90%
do volume do corpo de prova, completando-se o restante e nivelando-se enquanto realiza-se
o adensamento. O adensamento deve ser executado por vibrações externas, podendo ser mesa
vibratória ou vibrador de parede. No caso de concreto autoadensável não se fez necessário o
adensamento. (ABNT, 2021d).
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Para este método de ensaio pode-se utilizar duas configurações de controle distintas,
por meio da medida da abertura do entalhe ou pelo deslocamento vertical do corpo de prova.
No primeiro método realiza-se a medida da abertura do entalhe (CMOD), por meio de um
transdutor de deslocamento, fixado ao longo do eixo longitudinal e no meio da largura do
corpo de prova, no local do entalhe. (ABNT, 2021d). O esquema de montagem deste ensaio
pode ser observado nas Figura 25 e 26.
Onde:
Caso a linha de medição estiver a uma distância y>0 abaixo da parte inferior do corpo
de prova, determina-se o CMOD a partir da Equação 07. (ABNT, 2021d).
h
CMOD = CMODy . h+y (07)
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1,5 mm, 2,5 mm e 3,5 mm, respectivamente. Também se identifica na Figura 28, a força FL,
que corresponde ao limite de proporcionalidade. (ABNT, 2021d; MONTE e BARBOZA,
2017).
As resistências residuais à tração na flexão fR1, fR2, fR3 e fR4, correspondentes as cargas
F1, F2, F3 e F4 são calculadas a partir da Equação 08. (ABNT, 2021d; MONTE e BARBOZA,
2017).
3.𝐹𝑖 .𝐿
𝑓𝑅,𝑖 = 2 (08)
2.𝑏.ℎ𝑠𝑝
Onde:
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De acordo com Monte e Barboza (2017), o fib Model Code (2010) ciente destas
limitações estabelecidas pelo ensaio da EN 14651:2007, cita-se a possibilidade de utilização
de ensaios alternativos para o controle tecnológico, desde que seja provada a correlação com
a EN 14651:2007. (FIB, 2010).
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Figura 31 – Esquema de montagem com extensômetro (a) fissuras e cunha formadas no ensaio (b)
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O cálculo da resistência à tração por duplo puncionamento (ft) faz-se por meio da
Equação 09 e utiliza-se como parâmetro a carga de fissuração (Pf), conforme observa-se na
Figura 33. Para o cálculo das resistências residuais, Equação 10, utiliza-se cargas residuais
correspondentes a diferentes níveis de deslocamento vertical, contados a partir da carga de
fissuração, conforme observa-se na Figura 32. Tem-se a carga correspondente ao
deslocamento de 0,5 mm, 1,5 mm, 2,5mm, 3,5mm; após a carga de fissuração (Pf), estas
cagas denominam-se P0,5, P1,5, P2,5, P3,5, respectivamente. (ABNT, 2021c).
4 .𝑃𝑓
𝑓𝑡 = (09)
9.𝜋.𝑎.𝐻
4 .𝑃𝛿𝑝
𝑓𝑟,𝛿𝑝 = (10)
9.𝜋.𝑎.𝐻
Onde:
Figura 33 – Curvas de carga versus deslocamento vertical (azul) e curva de energia (tenacidade) versus
deslocamento vertical (vermelha)
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𝑇𝐶𝑂𝐷 = 0 (11)
𝑎𝛿𝑅,0 𝜋 𝐹𝑅,0
𝑇𝐶𝑂𝐷 = 𝑛 𝑠𝑒𝑛 𝑛 (1 − ) (12)
2𝑙 𝐹𝑐𝑟
𝑎 𝜋 𝐹𝑅,0
𝑇𝐶𝑂𝐷 = 𝑛 2𝑙 𝑠𝑒𝑛 𝑛 (𝛿 − 𝛿𝑅,0 ) (13)
𝐹𝑐𝑟
Onde:
Baseando-se nas Equações 12, 13 e 14, pode-se fazer a correlação entre TCOD e
deslocamento vertical (δ), assim, convertendo cada valor de deslocamento vertical em
TCOD, resultando na curva de carga versus TCOD a partir de ensaio Barcelona simplificado.
O fluxograma para aplicação deste método pode ser observado na Figura 35. (PUJADAS et
al. 2013).
Deste modo, o programa utilizou somente uma matriz de concreto e dois consumos
de fibras de aço distintos, 30 kg/m³ e 55 kg/m. Para análise dos resultados o programa dividiu-
se em duas partes. A primeira se refere a repetibilidade, na qual, produziu-se três lotes de
CRF para cada consumo de fibras em diferentes datas e ensaiados na idade de 21 dias no
mesmo laboratório. A segunda parte consiste na análise comparativa interlaboratorial da
reprodutibilidade do CRF, com considerações da primeira parte. Produziu-se um lote de CRF
para cada consumo de fibra, os ensaios ocorreram em idades maiores de 180 dias, os quais
foram executados em seis laboratórios diferentes, com máquinas, capacidades de carga e
frequência de aquisição de dados diferentes. (NOGUEIRA et al. 2020).
6.3 COMPRESSÃO
Segundo Bentur e Mindess (2007), pelo motivo das fibras terem pouco efeito na
resistência à compressão no CRF, não há métodos específicos de ensaio para esta
propriedade, podendo ser utilizado os mesmos testes do concreto convencional.
𝑀𝑓
𝑉𝑓 = (14)
𝑉
Onde:
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7 CONCLUSÕES
Pesquisas elaboradas por Simão et al. (2017) e Nogueira et al. (2020), embora
apresentem variações, validam a possibilidade de utilização de ensaio de duplo
puncionamento simplificado como um ensaio regular de controle de qualidade em termos de
comportamento pós fissuração do concreto reforçado com fibras. Podendo também ser
utilizado para detectar incoerências na mistura do compósito.
Outras pesquisas podem surgir a partir deste trabalho, algumas propostas são: a
correlação entre o ensaio de duplo puncionamento e o ensaio de flexão e a influência da
correção do abatimento com água nas resistências.
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Concreto Reforçado com Fibras: Estado da Arte das Novas Referências Normativas
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REFERÊNCIAS
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Concrete (Using Beam With Third-Point Loading). Pennsylvania, 2019.
______. ABNT NBR 8953:2015: Concreto para fins estruturais - Classificação pela massa
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______. ABNT NBR 15530:2019: Fibras de aço para concreto – Requisitos e métodos de
ensaio. Rio de Janeiro, 2019.
______. ABNT NBR 16939:2021: Concreto reforçado com fibras – Determinação das
resistências à fissuração e residuais à tração por duplo puncionamento – Método de ensaio.
Rio de Janeiro, 2021c.
______. ABNT NBR 16940:2021: Concreto reforçado com fibras – Determinação das
resistências à tração na flexão (limite de proporcionalidade e resistências residuais) – Método
de ensaio. Rio de Janeiro, 2021d.
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______. ABNT NBR 16941:2021: Fibras de vidro álcali-resistentes (AR) para concreto
e argamassa – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2021e.
CARNIO, Marco A. Aspectos gerais sobre o uso do concreto reforçado com fibras no
Brasil: produção, projeto, tecnologia, normalização. Revista Concreto e Construções, São
Paulo, Ano XLV, n. 87, p. 26-32, 2017.
CARNIO, Marco A. Propagação de trinca por fadiga do concreto reforçado com baixos
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Engenharia Mecânica. Campinas, 2009.
fib Bulletin 55. Model Code 2010: First complete draft. v.1. International Federation for
Structural Concrete (fib): Lausanne, Switzerland; 2010.
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fib Bulletin 56. Model Code 2010: First complete draft. v.2. International Federation for
Structural Concrete (fib): Lausanne, Switzerland; 2010.
FIGUEIREDO, Antonio. D. Concreto com fibras de aço. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo - Departamento de Engenharia de Construção Civil. 69 p. Boletim
Técnico. 2000.
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THE JAPAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS. (JSCE) JSCE-SF4: Method of tests for
flexural strength and flexural toughness of steel fiber reinforced concrete. Concrete
library of JSCE. Part III-2 Method of tests for steel fiber reinforced concrete. Tokyo, 1984.
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