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Empreendedorismo

Dênio Magno da Cunha


Erika Rúbia de Souza
Igor Augusto de Melo Dias
Wander Moreira da Costa
Dênio Magno da Cunha
Erika Rúbia de Souza
Igor Augusto de Melo Dias
Wander Moreira da Costa

EMPREENDEDORISMO

Belo Horizonte
Novembro de 2015
COPYRIGHT © 2015
GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO
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Grupo Ănima Educação

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Edição
Grupo Ănima Educação

Vice Presidência
Arthur Sperandeo de Macedo

Coordenação de Produção
Gislene Garcia Nora de Oliveira

Ilustração e Capa
Alexandre de Souza Paz Monsserrate
Leonardo Antonio Aguiar

Equipe EaD
Conheça
a Autora
Erika Rúbia de Souza é Mestre em
Administração, especialista em Marketing e
Comunicação e graduada em Comunicação
Social. É professora dos Cursos Superiores de
Marketing, Processos Gerenciais e Recursos
Humanos do Centro Universitário UNA. Possui
experiência em empresas de diversos portes e
segmentos, tais como automotivo, tecnológico
e comunicacional, que proporcionaram
vivência em setores administrativos e de
marketing. Vencedora dos prêmios: “Jovem
empreendedor/2009” e “Prêmio Nacional
de Criatividade no Combate à Pirataria”,
promovido pela Câmara de Comércio dos
Estados Unidos.
Conheça
o Autor
Dênio Magno da Cunha é Professor do Centro
Universitário Una. Doutorando em Educação
pela Universidade de Sorocaba-SP. Mestre em
Gestão da Inovação pela Faculdade de Pedro
Leopoldo/MG. Pós-graduado em Educação
Tecnológica pelo Centro Universitário Una-
MG. Especialista em Gestão Estratégica pela
Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.
Graduado em Comunicações, ênfase em
Relações Públicas pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais – PUCMG.
Conheça
o Autor
Igor Augusto de Melo Dias leciona, desde
2009, as disciplinas Teorias da Administração,
Gestão de Pessoas e Gestão de Processos. Ele
é graduado em Administração de Empresas
pelo Centro Universitário UNA, especialista
em Gestão Estratégica de Negócios (UNA)
e em Gestão Pública (UEMG) e mestre em
Administração Pública pela Fundação João
Pinheiro. Atuou, durante oito anos, no setor
privado, em empresas como Vale, Oi e Unimed-
BH. Atualmente, além da docência, ele exerce
o cargo de Analista em Planejamento e Gestão
no governo federal.
Conheça
o Autor
Wander Moreira da Costa é Graduado
em Filosoia, com ênfase em Ética, Pós
Graduação em Gestão Empresaria, Mestre
em Antropologia e Doutorado em Ciências da
Educação. É professor dos Cursos Superiores
de Processos Gerenciais e Recursos
Humanos do Centro Universitário UNA.
Desenvolve projetos de extensão na área de
responsabilidade social e empreendedorismo
social. Possui experiência em áreas de Ética
nos negócios, Responsabilidade Social e
empreendedorismo. Leciona no Curso de
Pós Graduação em Ciências da Educação da
Universidade San Carlos, em Assunção.
Apresentação
da disciplina
A disciplina Empreendedorismo compõe a área de gestão e convida a uma
reflexão sobre o processo empreendedor. A reflexão parte do princípio de
que o ato de empreender não se limita à criação de uma empresa. Todas
as vezes que criamos algo novo, inusitado ou provocamos uma inovação
em algo já existente, estamos empreendendo. Portanto, o processo
empreendedor requer do indivíduo um comportamento diferenciado, que
ultrapassa as técnicas gerenciais. Pensando neste aspecto, a disciplina
propõe uma reflexão sobre o desaio deste século que é conciliar
capacidade produtiva e lucrativa com a gestão ambiental e social.
Aponta-se que o mercado não é mais complacente com empresas que
não preveem em suas práticas organizacionais uma gestão responsável.
Refletindo, desta maneira, sobre um futuro que já bate à nossa porta.

A disciplina também discute que o ato de empreender depende da


capacidade do indivíduo em reconhecer oportunidades e, partir disso, se
empenhar em concretizá-las por meio de metodologias que permitem
organizar as ideias, tais como o modelo de negócios Canvas e o plano
de negócio.

Em seguida, são abordados aspectos relacionados à economia criativa


e à inovação, passando por conceitos como desing thinking e gestão da
inovação. Assim, procura-se apontar os setores da economia criativa e
suas diferenças em relação a economia tradicional.

A economia criativa prima pela inovação. A inovação é matéria prima


do empreendedor, entretanto, para concretizá-la, é preciso angariar
recursos inanceiros e uma certa assessoria. Então, a disciplina também
aborda aspectos relacionados à aquisição de recursos inanceiros, bem
como tipos de assessoria as quais o empreendedor pode buscar auxílio
durante a árdua tarefa de sobreviver no mercado.
Por im, a disciplina discute os arranjos empresariais e o
empreendedorismo do futuro, apontando perspectivas e desaios
empreendedores. Espera-se que o leitor aproveite esse material,
compreendendo os preceitos do empreendedorismo e sua aplicação, de
forma que possa, a partir daí, desenvolver habilidades empreendedoras.
Bons estudos!
UNIDADE 1 003
Introdução ao empreendedorismo 004
Inspiração empreendedora 005
Empreendedorismo: conceitos básicos 010
A importância do empreendedorismo para o desenvolvimento econômico 015
Peril empreendedor 020
Revisão 028

UNIDADE 2 030
Os desaios da inovação 031
Princípios da inovação 033
O que é inovação? 035
As diferenças entre imitação, inovação e invenção 039
Características e tipos de inovação 042
As vantagens competitivas da inovação 047
Revisão 051

UNIDADE 3 053
Mapeando oportunidades 054
Oportunidades pessoais – descobrindo a si mesmo 055
Ideia x oportunidade 059
Critérios para análise de oportunidades 064
Revisão 071

UNIDADE 4 073
Metodologias empreendedoras 074
Design thinking 078
Modelo de negócio canvas 082
Estrutura do plano de negócio 092
Análise de mercado 096
Revisão 105
UNIDADE 5 107
Economia criativa e múltiplas faces do empreendedorismo 108
Economia criativa 110
Economia criativa e economia tradicional 113
Empreendedorismo social 115
Empreendedorismo sustentável 123
Revisão 129

UNIDADE 6 131
Formas de assessoria e inanciamento para novos empreendimentos 132
Fontes de assessoria para o empreendimento 134
Como inanciar seus empreendimentos 142
Programas do governo brasileiro 160
Revisão 163

UNIDADE 7 164
Arranjos empresariais e startups 165
Clusters de inovação e arranjos produtivos locais 167
Empresas de base tecnológica 174
Startup: desenvolvimento e características 176
Revisão 189

UNIDADE 8 191
Construindo o futuro 192
Características do empreendedor do futuro 195
Revisão 211

REFERÊNCIAS 213
Introdução ao
empreendedorismo
Introdução

Oque é ser empreendedor? O que signiica empreendedorismo?


Qual sua relação com o desenvolvimento econômico? Esta
unidade tem a inalidade de responder às essas questões. Para
isso, o conceito de empreendedorismo é apresentado como
sendo algo muito mais relacionado ao comportamento do
que propriamente atrelado à abertura de negócio. Além disso,
procura-se demonstrar a importância do empreendedorismo
para o desenvolvimento econômico. Neste sentido, apresenta-
se o empreendedor como um agente de transformação que
carrega consigo um peril especíico, com características como
criatividade, inovação, persistência, dentre outras. Assim, essa • Inspiração
empreendedora
unidade apresenta o peril do empreendedor e procura ressaltar as
• Empreendedorismo:
diferenças entre ele e o administrador. Dessa forma, discute-se o
conceitos básicos
administrador como alguém detentor de conhecimentos técnicos,
• A importância do
mas que não apresenta diferenciais que possam deini-lo como um empreendedorismo
empreendedor. Em meio às discussões propostas, são introduzidos para o
dois conceitos, um relacionado às motivações empreendedoras:
desenvolvimento
econômico
empreendedorismo por necessidade (executado em função de
• Perfil
uma necessidade pessoal) x empreendedorismo por oportunidade
empreendedor
(executado em função de uma oportunidade vislumbrada) e outro
• Revisão
relacionado ao intraempreendedorismo (funcionários com espírito
empreendedor). Esses dois conceitos são apresentados para
aguçar a sua curiosidade, caro aluno, de forma que, a partir de
outras partes do material, você possa saber mais a respeito desses
aspectos. Bons estudos!
EMPREENDEDORISMO

Inspiração
empreendedora
A revelação do comportamento empreendedor exige de nós
uma reflexão inicial: quem somos? De onde vem a inspiração
empreendedora? Em algum momento nos vemos como um modelo
de negócio? Ou será que estamos no mundo como um barco à
deriva?

Pesce (2013) e Clark [et al] (2013) tratam a questão empreendedora


de uma forma abrangente, para além da abertura de um negócio.
Esses autores convidam-nos a conhecermo-nos e encontrarmos,
em nossas competências e habilidades, uma forma de inovar. De
acordo com eles, podemos, a partir de autoconhecimento e do
planejamento, construir o nosso próprio modelo de negócios.

Para tanto, temos que estar preparados para nos reinventar e


desenvolver o comportamento empreendedor. Pesce (2013),
em seu livro Procuram-se super-heróis, esclarece que pessoas
empreendedoras carregam grandes habilidades. Ela deine essas
pessoas como:

[...]pessoas que têm superpoderes e mais


superpoderes, e muitas vezes nem sabem disso.
Pessoas que fazem os outros se sentirem queridos,
úteis e importantes. Pessoas que dão bons exemplos.
Pessoas que escutam e falam com entusiasmo.
Pessoas que sabem criar ambientes de trabalho que
permitem a outros fazerem o melhor trabalho de suas
vidas. Pessoas que pedem desculpas e perdoam.
Pessoas que fazem boas perguntas. Pessoas que não
julgam nem têm inveja ou preconceito. Pessoas que
veem as coisas pelo lado positivo. Pessoas que criam
situações em que todo mundo ganha. Pessoas que
querem se conhecer melhor. (PESCE, 2013, p. 10).

Conforme apregoado por Pesce (2013), conhecer-se melhor


é um bom caminho para um comportamento empreendedor.
Nessa unidade falaremos, entre outros, sobre o comportamento
empreendedor e a importância do autoconhecimento.

005
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

A relação entre comportamento empreendedor e autoconhecimento


não é assunto novo na psicologia. Skinner, pai do behaviorismo
radical, na década de 70, já apontava o signiicado do
autoconhecimento para o indivíduo:

[...] o autoconhecimento tem um valor especial para


o próprio indivíduo. Uma pessoa que se ‘tornou
consciente de si mesma’ por meio de perguntas que
lhe foram feitas está em melhor posição de prever
e controlar seu próprio comportamento. (SKINNER,
1974, p. 31).

A novidade está, portanto, em usar o autoconhecimento como


forma de identiicar aquilo que te faz feliz e, ao mesmo tempo, faz
de você uma pessoa inovadora.

De acordo com Barbieri (1997), a inovação é a capacidade de


colocar soluções criativas para os problemas e as oportunidades,
A atitude
como o objetivo de melhorar e enriquecer a vida das pessoas. Não empreendedora
basta ter novas ideias, é preciso transformá-las em um produto leva o indivíduo
tangível, torná-la empreendimento, serviço ou negócio. a providenciar
soluções
viáveis para as
O empreendedor tem um papel fundamental dentro desse prisma: necessidades das
reformar ou revolucionar o padrão de produção, explorando pessoas.
uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não
experimentado para produzir um novo bem, ou um bem antigo
de maneira nova. A atitude empreendedora leva o indivíduo a
providenciar soluções viáveis para as necessidades das pessoas.

Esse processo de tradução de uma ideia ou invenção em um bem


ou serviço é que cria valor aos anseios, e atende as expectativas dos
consumidores que, certamente, pagarão por aquilo que necessitam.

Na unidade 2, veremos como o processo de inovação ocorre a partir


de um conjunto de ideias. Essas ideias passam por uma seleção
com o objetivo de chegar a um modelo que esteja em sintonia com
o investimento e com o tempo para o seu desenvolvimento, e que,
ao mesmo tempo seja inovadora.

006
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

A atualidade nos apresenta vários exemplos de pessoas que


resolveram inovar dando uma guinada em sua vida a partir da
identiicação das suas competências e habilidades, e se tornaram
grandes inspirações empreendedoras.

Exemplo disso é o de Durval Sampaio. Esse brasileiro tinha uma


empresa de sucata industrial que lhe dava o suiciente para viver
dignamente e com certo conforto. Mas isso não o fazia feliz. Ele
queria mesmo era fazer chapéus. Isso mesmo, o grande projeto de
Durval era confeccionar chapéus de todo tipo, de toda forma. Durval
relata que sempre gostou de chapéu, mas tinha diiculdades de
encontrar chapéu para a sua cabeça, que é grande para os padrões
brasileiros. Foi então que ele decidiu fabricar o seu próprio chapéu
para uma festa que foi convidado e, segundo ele, esse foi um “click
de vida”:

Um dia bordei do jeito que dava uma touca para uma


festa não lembro bem... Mas, enim, esse “click” foi de
vida. Descobri que eu podia fazer. Isso se tornou minha
vida, minha paixão, meu amor... Na época vendia
equipamentos caros, mas o prazer estava começando
a ser vender essas toucas por R$ 20,00 em um site de
vendas online e para amigos. Pronto! Descobri minha
vida. Não foi difícil largar tudo. Sou passional demais
em tudo e jamais me arrependi um segundo disso.
Minha relação hoje com o trabalho é de oportunismo.
Não sou um artista, sou um oportunista do acaso...
Chapéu é minha desculpa para conhecer pessoas e
histórias especiais. (...)O dinheiro vem da consequência
na verdade das coisas... (SAMPAIO, Durval. In: Site
“e-holic”).

Hoje, Durval vive disso, viaja e, nos lugares que vai, vende seus
chapéus que são conhecidos nos quatro cantos do mundo. E airma
que esse trabalho “não é um plano de carreira, mas um plano de vida”.
(SAMPAIO, Durval. In: Site “e-holic”).

A história de Durval mostra que ser um empreendedor de sucesso


exige postura positiva diante das diiculdades, criatividade na sua
superação e persistência em relação aos objetivos, dentre outras
importantes características. Para dar suporte ao desenvolvimento
empreendedor existem instrumentos que podem e devem ser

007
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

utilizados.

De acordo com Degen (2009), há duas frases conhecidas para


ilustrar os motivos para que o empreendedor utilize essas
ferramentas. A primeira é do ilosofo e professor chinês Confúcio
(c. 551-479 a.C.): “os cautelosos raramente erram”. E a segunda
do fabulista grego Esopo (c. 620-560 a.C.): “pense antes de agir”.
As duas remetem à ideia de não ser aventureiro sem mapa e sem
objetivo. Os instrumentos empreendedores são necessários na
redução dos riscos no empreendedorismo. Assim, na unidade 4
abordaremos esses instrumentos: o Design Thinking, o modelo de
negócio CANVAS e o Plano de Negócio. Os dois primeiros auxiliam o
empreendedor na criação e na validação de suas ideias. O Plano de
Negócio apoia na hora de captar recursos e, nos momentos iniciais,
quando a ideia está sendo implantada.

O Plano de
É importante salientar que você pode criar seu próprio plano, Negócio apoia na
mesmo que sua intenção não seja abrir um negócio. Você pode, por hora de captar
recursos e, nos
exemplo, desejar atuar na comunidade em que vive ou implementar
momentos iniciais,
suas habilidades em prol da sociedade. Uma das formas de fazer quando a ideia está
isso é através do empreendedorismo social e sustentável. Segundo sendo implantada.
Melo e Froes (2002), o empreendedorismo social é uma das formas
mais tangíveis de inovação dentre os tipos de empreendedorismo.
O empreendedor social não produz bens e serviços para vender,
mas para solucionar problemas sociais. Não é direcionado para
mercados, mas para segmentos populacionais em situações de
risco social (exclusão social, pobreza, miséria, risco de vida).

Um exemplo de empreendedor social é Dona Geralda, fundadora


da ASMARE – Associação dos Catadores de Papel, Papelão e
Outros –. A ASMARE é conhecida por gerar emprego e renda para
dezenas de pessoas na grande Belo Horizonte, além de contribuir
de forma deinitiva para conscientização da população sobre o
reaproveitamento de materiais. Você poderá aprofundar seus
conhecimentos sobre a ASMARE no vídeo da estrutura didática da
unidade 5, em que aprofundaremos a discussão a esse respeito.

008
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Uma das formas de fomentar o empreendedorismo social é as


incubadoras voltadas para a área social, como a Ashoka, por
exemplo, cuja missão é:

Dar suporte a empreendedores sociais que estão


apoiando e colaborando com a nossa visão, com
uma equipe multidisciplinar e integrada (Team of
Teams), que entende a fluidez de uma sociedade em
rápida evolução. A Ashoka acredita que todas as
pessoas podem aprender e aplicar as habilidades de
empatia, trabalho em equipe, liderança colaborativa e
postura ativa de transformação. Dessa forma, serão
cidadãos bem-sucedidos no mundo moderno, capazes
de promover mudanças em seu entorno. (ASHOKA
BRASIL. Missão)

Já na área de desenvolvimento de empresas, temos as incubadoras


de base tecnológica que, segundo Dornelas (2008, p. 14), tem
como objetivo: “a produção de empresas de sucesso, em constante
desenvolvimento, inanceiramente viáveis e competitivas, em seu
mercado, mesmo após deixarem a incubadora, geralmente em um
prazo de 2 a 4 anos.”

Além das incubadoras, os parques tecnológicos também são


bastante úteis ao empreendedorismo. Exemplo disso é o vale do
Sílício, que contribuiu para o surgimento de uma grande variedade
de startup de tecnologia (empresas jovens e extremamente
inovadoras em qualquer área ou ramo de atividade, que procuram
desenvolver um modelo de negócio escalável e repetível), muitas em
mercado de alto potencial (Pesce, 2012). Além de pensar a respeito
das formas de assessoria para um negócio, como as incubadoras,
o empreendedor também deve se preocupar com as fontes de
inanciamento. Veremos mais a esse respeito nas unidades 6 e 7
desse livro.

Como vimos nesse texto, o caminho do empreendedor é uma


jornada de construção do futuro. No início, aquela inquietação para
criar algo novo, produtivo, que transforma a realidade, uma ideia.
O inal, aparentemente, é ver a ideia concretizada através de uma
empresa, de uma ação social, de uma mudança na organização

009
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

de atuação do empreendedor. No entanto, não é bem assim, pois,


parodiando um dito popular, “uma vez empreendedor, sempre
empreendedor”. Isto é, quando começamos a desenvolver ideias e
a realizá-las não paramos mais, queremos sempre fazer, construir e
realizar mais. O mundo é sempre dinâmico, vivemos no meio de uma
rede empreendedora e, por isso, é necessário um desenvolvimento
constante de novas características e comportamentos
empreendedores. Nesse momento, em que você está iniciando
esse curso, está acontecendo mudanças que afetarão o seu futuro
como empreendedor.

Ao inal de nossa jornada, na Unidade 8, apresentaremos as


habilidades que o empreendedor deve desenvolver para enfrentar o
futuro desconhecido, inspirando você a caminhar por essa jornada,
ainal:

A personalidade empreendedora transforma a


condição mais insigniicante numa excepcional
oportunidade. O empreendedor é o visionário dentro
de nós. O sonhador. A energia por trás de todas as
atividades humanas. A imaginação que acende o fogo
do futuro. O catalizador das mudanças (GERBER, 1996,
p. 31).

Empreendedorismo:
conceitos básicos
Até quando você vai icar preso a sua vaquinha? Parece um tanto
quanto inusitada esta pergunta, mas logo você entenderá que todos
nós temos uma vaquinha que precisamos abandonar para alçar
novos voos.

Conta a história que dois monges, um sábio e um aprendiz, foram visitar

um sítio onde morava uma família muito pobre. Rapidamente notaram que

a única fonte de renda da família era uma vaca magra que, de acordo com

010
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

o pai, era suiciente para lhes dar o sustento. Ao terminar a visita, os dois

monges iam se retirando do sítio quando o monge sábio pediu ao aprendiz

que jogasse a vaca no precipício. O aprendiz icou muito incomodado com

o pedido, mas resolveu atendê-lo.

Tempos depois, o monge aprendiz, inconformado com o que tinha feito, resolveu

voltar ao sítio. Chegando lá, o aprendiz viu um cenário muito diferente do que

encontrara na vez anterior. Agora o sítio estava cheio de plantação e de animais,

inclusive de várias vaquinhas. O aprendiz, então, perguntou ao proprietário o que

havia acontecido. Então, ele lhe respondeu: - algum tempo atrás, logo que vocês

nos visitaram a nossa velha vaquinha caiu no precipício, achamos que seria o

im do mundo. Entretanto, isso nos deu coragem para mudar, desenvolver em

nós habilidades e competências para descobrir novas oportunidades que antes

não víamos por estarmos acomodados com a vaquinha.

Essa história mostra que também temos que nos desvincular da


Embora tenha
nossa “vaquinha”, de ideias ultrapassadas e abrirmos a mente para ganhado vigor
novos comportamentos. É esse o convite que o empreendedorismo somente a partir
nos faz. Certamente, nos últimos tempos, de alguma forma, você da década de
90, o termo
já ouviu sobre este termo, ‘empreendedorismo’, certo? Seja na
empreendedorismo
TV, no rádio e em programas do governo, essa palavra tem sido existe há mais de
bastante veiculada e, quase sempre, ligada à inovação. Embora 800 anos.
tenha ganhado vigor somente a partir da década de 90, o termo
empreendedorismo existe há mais de 800 anos. Segundo Dolabela
(2006, p. 29) “Empreendedorismo não é um tema novo ou modismo:
existe desde sempre, desde a primeira ação humana inovadora,
com o objetivo de melhorar as relações do homem com os outros e
com a natureza”.

O Empreendedorismo é uma palavra derivada do verbo francês entreprende

(empreender) que é usada para designar o ato de “fazer algo”.

• Quem é que nunca “fez algo” novo? Quem é que nunca criou,
reinventou ou inovou? Todo ser humano, em algum momento

011
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

da vida, já utilizou dessas habilidades, ainal, a criatividade é


aspecto inerente à condição humana. Desde a criação da roda
até os mais modernos aparelhos eletrônicos da atualidade,
deparamo-nos com uma série de invenções que transformaram
a vida humana.

• Um dos mais marcantes empreendedores da história foi Marco


Polo, que foi um homem de muitas facetas, atuando como
explorador, embaixador e mercador. Como explorador, Marco
Polo tentou estabelecer uma rota comercial para o oriente e,
como empreendedor, assinou um contrato com um homem
rico na promessa de vender suas mercadorias. Na estrutura
didática da unidade 1, no texto “As fantásticas (e verdadeiras)
aventuras de Marco Polo”, de Jacques Brosse, você poderá
saber mais a respeito desse grande empreendedor.

FIGURA 1 - Marco Polo: o empreendedor

Fonte: MOSAICO DE MARCO POLO. [1271].

Dornelas (2008) explica que o termo Empreendedorismo, durante


a história, foi utilizado de várias maneiras para designar indivíduos
que se diferenciaram dos demais devido as suas características,
tais como: criatividade, coragem e poder de transformação.

012
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Na Idade Média, o termo era usado para identiicar indivíduos que


assumiam grandes riscos ao gerenciar projetos de produção cujos
recursos eram oriundos dos governos dos países. Já no século XVII,
Dornelas (2008) explica que eram considerados empreendedores
aqueles que irmavam contratos com o governo a im de fornecer
algum produto ou serviço.

FIGURA 2 - Thomas Edison: o valor das ideias1

Fonte: Site “Startup Quote” Thomas Edison.

No século XVIII, a palavra ganhou um outro viés, vindo a ser usada


para identiicar pesquisadores como Thomas Edison e outros
estudiosos da eletricidade e da química. Ao inal do século XIX e
início do século XX, Dornelas (2008) airma que os empreendedores
passaram a ser frequentemente confundidos com administradores.
Foi somente em 1945 que o termo Empreendedorismo ganhou
contornos próprios. Um dos mais importantes economistas,
Joseph Schumpeter, debruçou-se sobre esse tema, tornando-
se um dos grandes responsáveis pelos estudos a respeito do
Empreendedorismo.

Schumpeter (1982), ao desenvolver sua Teoria da Destruição

1
Tradução: O valor de uma ideia reside na utilização da mesma.

013
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Criativa, dissertou sobre o impacto da criação de novos produtos


que trazem como consequência a destruição de empresas e
modelos de negócios que não inserem a inovação em suas
práticas organizacionais. Nesse contexto, o autor apresenta
o Empreendedorismo como o principal elemento para o
desenvolvimento da economia e aponta o empreendedor como um
agente de mudança, responsável pela inovação. Esta, por sua vez,
como a grande responsável pelo constante progresso econômico.
Assim, Schumpter deine o empreendedor como:

[...] uma pessoa que deseja e é capaz de converter uma nova ideia ou

invenção em uma inovação bem sucedida e sua principal tarefa é a

“destruição criativa”, a qual se dá através da mudança, ou seja, através da

introdução de novos produtos ou serviços em substituição aos que eram

utilizados (SCHUMPETER, 1982, p. 26).


O autor apresenta o
Empreendedorismo
como o principal
A partir da concepção trazida por Schumpter (1982), elemento para o
vários estudiosos deram sua contribuição na deinição de desenvolvimento
da economia.
Empreendedorismo. De acordo com Wildauer (2010, p. 25),
Empreendedorismo é a “capacidade que uma pessoa possui de
formular uma ideia sobre um determinado produto ou serviço em
um mercado, seja essa ideia nova ou não.”

Já Birley e Muzika (2005) defendem que, independente dos


recursos que o empreendedor possui, a capacidade empreendedora
está ligada às oportunidades vislumbradas por ele. Dornelas
também traz sua contribuição nessa discussão, ao airmar que: “o
empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo,
de valor. [...] requer a devoção, o comprometimento de tempo e o
esforço necessário para fazer a empresa crescer” (2008, p. 23).

Por meio da contribuição trazida pelos autores, ica fácil


compreender que o empreendedorismo está ligado a um
comportamento inovador, que pode ou não se concretizar por meio

014
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

da abertura de uma empresa. Em outras palavras, empreender não


se limita a criar uma empresa. O comportamento empreendedor vai
além desse aspecto e anda de mãos dadas com qualquer tipo de
inovação.

E você? Será que você possui um comportamento empreendedor? Faça o

teste disponível no tópico “aplicação na prática” dessa unidade e tire suas

conclusões.

Apesar das várias deinições existentes para o termo


Empreendedorismo, os autores concordam com a premissa
desenvolvida por Schumpeter (1982), de que o Empreendedorismo,
por meio da inovação, propulsiona o desenvolvimento econômico.

Devido à importância que o empreendedorismo tem para o


desenvolvimento econômico, o tópico a seguir convida você
para discutir esse aspecto, apresentando os benefícios do
Empreendedorismo, para as economias de países que o adotam,
como um caminho para obter vantagem competitiva nesse
mercado globalizado.

A importância do
Empreendedorismo
para o desenvolvimento
econômico
Parabéns! Você está empregado! Esta era a frase que milhares de
graduados costumavam ouvir assim que se formavam até a década
de 70. Grandes empresas nacionais e multinacionais, ou órgãos
públicos absorviam grande parte da mão de obra que se formava

015
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

naquela época. Os salários eram convidativos nas empresas


privadas e a estabilidade oferecida pelas repartições públicas era
o sonho de muita gente. Frente a essa realidade, o ensino superior
era voltado para os aspectos especíicos da proissão, não havia
o interesse em discutir sobre empreendedorismo. Até mesmo
os cursos de administração ou de gestão tinham como foco a
gerência de uma empresa, deixando de lado aspectos relacionados
ao comportamento empreendedor.

Contudo, esse cenário mudou. Na década de 90 pôde-se observar o


aumento do número de desempregados (GRÁFICO 1). A mudança
foi movida pelo contexto econômico e pela aceleração de abertura
de instituições de ensino superior no Brasil. Melhor explicando, o
aumento do número de instituições de ensino superior provocou,
por consequência, um número cada vez maior de proissionais
no mercado, intensiicando a concorrência entre eles. Com um
mercado proissional extremamente competitivo, foi preciso que o
indivíduo revisse suas alternativas de renda. O caminho encontrado
para isso foi o Empreendedorismo.

GRÁFICO 1 - Porcentagem de desocupados na PEA (População Economicamente Ativa)

Fonte: ECONOMIA e SOCIEDADE, 2003, p. 115.

Então, na década de 90, o Brasil voltou o seu olhar para o que estava
acontecendo no mundo e percebeu que essa necessidade de
adequação, frente às transformações que estavam ocorrendo, não

016
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

era exclusividade sua. O Empreendedorismo estava se apresentando


para o mundo todo como a alternativa mais promissora diante
dos problemas econômicos. Os seus benefícios eram evidentes
em países como os Estados Unidos, que viu na década de 90 a
redução da inflação e das taxas de desemprego ocasionados
pelas políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento do
Empreendedorismo. Dornelas (2008) exempliica algumas dessas
políticas públicas, como: programas de incubação de empresas e
parques tecnológicos; programas de incentivos governamentais
para a promoção da inovação; subsídios governamentais para a
criação de novas empresas, entre outros.

Além dessas ações de estímulo ao Empreendedorismo, pôde-se ver


todo um movimento mundial voltado para educação empreendedora.
Notou-se o desenvolvimento de currículos integrados às práticas
empreendedoras em todos os níveis, da educação fundamental até
o ensino superior. Dornelas (2008) aborda alguns deses programas
desenvolvidos no mundo, tais como:

• Cap’tem (Bélgica): inserção de práticas empreendedoras


no currículo da educação infantil, com a inalidade de
desenvolver nas crianças, desde cedo, as habilidades da
criação e da inovação.

• Bouleand Bill Createna Enterprise (Luxemburgo): programa


voltado para as crianças. O programa baseia-se em
histórias em quadrinhos que estimula mais crianças a
agirem de forma empreendedora.

• NetWork For Training Entrepreneursip: programa que teve


origem nos Estados Unidos e foi replicado em outras
regiões do mundo. Consiste em ensinar Empreendedorismo
para jovens em situação de risco social.

Todo esse esforço realizado no mundo, em prol do


Empreendedorismo, deve-se, segundo Dornelas (2008), a um
consenso geral a respeito dos benefícios das ações empreendedoras

017
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

para o desenvolvimento econômico. Para Dornelas (2008, p.9),


“o Empreendedorismo é o combustível para o crescimento
econômico, criando emprego e prosperidade”. David (2004) reforça
os argumentos de Dornelas (2008) ao explicar a razão pela qual o
Empreendedorismo ganhou espaço nas escolas de gestão:

[...] qual a razão de tanto interesse no


Empreendedorismo? Simples: o empreendedor é
identiicado como um dos fatores de crescimento e
desenvolvimento econômico da sociedade, pois é ele
quem gera riquezas, implementando inovações de
todos os tipos nas organizações contemporâneas
(DAVID, 2004, p. 15).

Para estudar todo esse movimento e seus benefícios, em 1997 um


grupo de pesquisadores organizou o Global Entrepreneurship Monitor
(GEM), cujo objetivo é mensurar a capacidade empreendedora de
um país e sua relação com o crescimento econômico. O programa
GEM, de acordo com o IBQP – Instituto Brasileiro de Qualidade O programa
e Produtividade - é o maior estudo anual sobre a dinâmica
GEM é o maior
estudo anual
empreendedora e conta com a participação de mais de 60 países. sobre a dinâmica
No Brasil, o órgão responsável pela pesquisa é o IBPQ e o seu empreendedora
parceiro SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas e conta com a
participação de
Empresas), que fornece apoio técnico e inanceiro para a pesquisa.
mais de 60 países.

Os resultados do GEM 2012 são animadores para o país. A


pesquisa apontou que o número de empreendedores no Brasil,
passou de 20,9% em 2002, para 30,2% em 2012, o que indica que
cerca de 36 milhões de brasileiros estão envolvidos com atividades
empreendedoras. E, mais do que isso, o resultado do PIB do Brasil,
nesse mesmo período, cresceu, indicando uma relação entre
a atividade empreendedora e o desenvolvimento da economia
brasileira. De acordo com o SEBRAE:

[...] a evolução da taxa de Empreendedorismo é


compatível com o desenvolvimento da economia,
cujo Produto Interno Bruto, PIB, cresceu em média 4%
no período. Existe ainda uma tendência de expansão
dessa taxa devido ao ambiente de negócios (Lei Geral,
Super Simples e Empreendedor Individual); ao aumento
da escolaridade e da renda da população. (SEBRAE,
2013).

018
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Acredita-se que essa evolução deve-se, dentre outros fatores,


aos programas desenvolvidos pelo Brasil para o incentivo ao
Empreendedorismo. São exemplos disso os programas Softex
(Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro)
e Genesis (Geração de Novas Empresas de Software, Informação
e Serviço); Programa Empretec (Metodologia da Organização das
Nações Unidas – ONU), desenvolvido pelo SEBRAE. O Empretec é
um programa voltado para o desenvolvimento de características
de comportamento empreendedor e para a identiicação de
novas oportunidades de negócios; cursos e programas sobre
Empreendedorismo oferecidos por universidades brasileiras em
todo o país, dentre outros.

Apesar de todas as previsões otimistas e das evidências de


que o Empreendedorismo é uma força motriz para a economia,
vale ressaltar que a criação de uma empresa, por si só, não gera
desenvolvimento econômico. Em outras palavras, não basta
simplesmente criar uma empresa. Esse empreendimento tem que
estar baseado em uma oportunidade real e deve ser bem planejado
para que sobreviva aos primeiros anos e, dessa forma, gere os
benefícios sociais e econômicos esperados.

Assim, é necessário evitar as práticas empreendedoras


desorganizadas e intempestivas, realizadas por uma necessidade
de sobrevivência do empreendedor, e otimizar o Empreendedorismo
por oportunidade, que é o que, de fato, um país precisa para crescer
saudável.

O empreendedorismo por oportunidade é um tipo de motivação


empreendedora que se defronta com o empreendedorismo por
necessidade. Você pode saber mais a respeito dessas duas
motivações empreendedoras no texto temático da estrutura
didática dessa unidade.

019
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Perfil
empreendedor
O que caracteriza um empreendedor? Para responder a essa
questão, é necessário compreendermos que um empreendedor
possui os atributos de um administrador. Então, poderíamos dizer
que os termos empreendedor e administrador são sinônimos?
Não, certamente que não. O indivíduo pode ser um administrador,
mas não carregar consigo as características de um empreendedor.
Dornelas (2008) explica essa diferença ao airmar que “o
empreendedor de sucesso possui características extras, além
dos atributos do administrador, e alguns atributos pessoais que,
somados a características sociológicas e ambientais, permitem o
nascimento de uma nova empresa”, (DORNLEAS, 2008, p. 17). Um
dos fatores que mais marca a diferença entre o empreendedor e o
administrador é que os empreendedores são visionários e planejam Um empreendedor
com base na visão de futuro. Além disso, os empreendedores é uma pessoa
que imagina,
conhecem muito bem o negócio onde atuam, ou, pelo menos,
desenvolve e
cercam-se de pessoas experientes que possam lhes transferir realiza visões.
conhecimento. O empreendedor também busca por soluções
novas, é ousado, corre riscos calculados, é criativo e inovador.

Filion (1999) resume as características principais do empreendedor


ao dizer que este é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade
de estabelecer e atingir objetivos. Além de manter um alto nível
de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar
oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a
aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e
a tomar decisões, moderadamente arriscadas, que objetivam a
inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor.
Resumindo nos aspectos essenciais: “um empreendedor é uma
pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1999,
p.19).

020
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Dolabela (1999) também traz sua contribuição nessa discussão,


ao apontar as características que, segundo ele, são próprias do
empreendedor (QUADRO 1):

QUADRO 1 – Peril empreendedor

Tem um “modelo”, uma pessoa que o inluencia;


Tem iniciativa, autonomia, otimismo, necessidade de realização;
Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos;
Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os próprios erros;
É capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e concentra esforços para alcançar resultados;
Sabe ixar metas e alcançá-las, luta contra padrões impostos; diferencia-se;
Tem a capacidade de descobrir nichos;
Tem forte intuição;
Tem sempre alto comprometimento;
Cria situações para obter feedback sobre seu comportamento e sabe utilizar tais informações para seu
aprimoramento;
Sebe buscar, utilizar e controlar recursos;
É um sonhador realista;
Cria um sistema próprio de relações com empregados;
É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo;
Aceita o dinheiro com uma das medidas de seu desempenho;
Tece “rede de relações” (contatos, amizades) internas e/ou externas modernas;
Conhece muito bem o ramo em que atua;
Cultiva a imaginação e aprende a deinir visões;
Traduz seus pensamentos em ações;
Cria método próprio de aprendizagem, aprende indeinidamente;
Mantêm um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidade de
negócios

Fonte: DOLABELA, 1999, p. 142.

Já Dornelas (2008) chama a atenção para alguns erros que são


comumente cometidos quando o assunto são as características
dos empreendedores. De acordo com esse autor, há mitos que
devem ser vencidos, tais como: considerar que os empreendedores
são natos, que assumem riscos altíssimos e que possuem
diiculdade com o trabalho em equipe. O autor airma ainda que a
realidade mostra justamente o contrário. Se considerarmos que
empreendedores são natos, de que adiantariam tantos programas
de educação empreendedora? É certo que não se pode negar

021
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

que algumas pessoas nascem com um conjunto de habilidades


que favorecem um comportamento empreendedor, mas isso
não signiica que o Empreendedorismo não possa ser aprendido
por meio do desenvolvimento de algumas características. Quem
acredita nesse mito ica imobilizado, fadado ao insucesso. Os
empreendedores natos existem e vão continuar nascendo, mas isso
não invalida, de forma alguma, o processo de ensino das habilidades
empreendedoras. Dornelas concorda com essa airmação ao dizer
que:

A essência do Empreendedorismo hoje em dia é a


busca de oportunidades inovadoras. Para isso, as
pessoas não precisam ter um dom especial, como se
pensava no passado. Pelo contrário, qualquer pessoa
pode aprender o que é ser um empreendedor de
sucesso (DORNELAS, 2005, p. 20).

Acreditar que os empreendedores correm riscos altíssimos,


como loucos, também é um mito grave. Os empreendedores
correm riscos, porém, estes são cuidadosamente calculados e
Os empreendedores
planejados. Os empreendedores evitam riscos desnecessários. evitam riscos
Outro aspecto importante a considerar é que os empreendedores desnecessários.
são excelentes líderes, possuem um ótimo relacionamento com
sua equipe. Delegam atividades, valorizam quem está ao seu lado,
integram pessoas e conhecimentos. Atuam como facilitadores,
conciliando diversas partes: fornecedores, funcionários, clientes, etc
(DOLABELA, 1999). No objeto de aprendizagem “Notícia”, cujo título
é “8 mitos e verdades sobre o empreendedorismo no Brasil”, da
estrutura didática da unidade 1, voltaremos a falar sobre os mitos
que cercam os empreendedores e o próprio empreendedorismo de
forma pormenorizada.

Enim, pode-se airmar que o que torna o indivíduo empreendedor


é o fato de ele ser visionário, de saber tomar decisões, de fazer a
diferença. O empreendedor é alguém que explora ao máximo as
oportunidades. De acordo com Dornelas (2008) os empreendedores
são determinados e dinâmicos, dedicados, são otimistas e
apaixonados pelo que fazem. São indivíduos que constroem o

022
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

próprio destino, são independentes, organizados, bem relacionados,


possuem conhecimento, planejam, criam valor para a sociedade e
normalmente icam ricos.

Dolabella (1999, p. 12) completa Dornelas (2008), ao airmar que o


comportamento empreendedor inclui “aprender a pensar e agir por
conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para
inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse
ato também em prazer e emoção”. Filion (1999) também contribui
para essa discussão ao mencionar que o indivíduo precisa de visão,
energia, liderança e relações para se tornar um empreendedor.

É importante ressaltar que, embora a maioria das deinições


considere o empreendedor como alguém que cria um novo negócio
ou produto, ele pode ser também alguém que inova em negócios
já existentes ou em produtos e/ou serviços que já existem.
Indivíduos com esse tipo de comportamento é conhecido como
o empreendedor
intraempreendedor. pode ser também
alguém que inova
O intraempreendedor é uma pessoa que empreende em empresas em negócios.
já existentes, por meio de um comportamento inovador. Em
outras palavras, é um funcionário diferenciado. A globalização e a
crescente competitividade das empresas izeram o mundo voltar
os olhos para esse tipo de indivíduo que agrega muito valor às
empresas e as faz mais competitivas no mercado. Esse indivíduo
é um tipo de empreendedor que não tem como objetivo a criação
de empresas. Há indivíduos que possuem todas as características
empreendedoras, mas que preferem desenvolvê-las nas empresas
onde trabalham. De acordo com Filion:

Intraempreendedores são pessoas que desempenham


um papel empreendedor dentro das organizações. São
semelhantes aos empreendedores, salvo que o risco
que enfrentam é muito mais baixo, porque estão usando
o dinheiro e os recursos da empresa, ao invés dos seus.
Se forem bem sucedidos, serão beneiciados pelo seu
sucesso. Trabalham em sistemas organizacionais
nos quais têm menos poder que os empreendedores
porque, como eles não são proprietários,

023
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

tem que seguir regras e diretrizes


sobre as quais não tem controle
(FILION, 2004, p. 74).

Não é difícil compreender que o estudo do intraempreendedorismo


tem ganhado espaço nas discussões sobre gestão. Ainal, ter um
empreendedor dentro das organizações confere a elas vantagens
competitivas. As organizações estão inseridas em um ambiente
efervescente de tecnologias, contingências e competidores. Se não
criarem um ambiente propício para o aparecimento de inovações,
elas perderão espaço no mercado. Voltaremos a discutir sobre
esse assunto no vídeo “Intraempreendedorismo: empreendendo em
empresas existentes” da estrutura didática, unidade 1. E também na
unidade 2, quando o intraempreendedor é apresentado como uma
das faces da inovação.

TESTE: VOCÊ POSSUI PERFIL EMPREENDEDOR?

Será que você tem o peril empreendedor? Faça o teste elaborado pela

ACEB e descubra se você possui características empreendedoras

1 – Ao realizar trabalhos em grupo, você:

a. Sempre dá ideias e gosta de participar do processo de elaboração

do trabalho;

b. Nunca participa efetivamente e gosta que os outros façam tudo

por você;

c. Dá boas ideias e colabora, mas só quando pedem sua ajuda.

2 – Ao terminar os estudos, qual foi a sua reação?

a. Ficou extremamente inseguro, porque não tinha noção do que

faria dali pra frente e por isso demorou a decidir que carreira

seguir;

b. Apesar do medo, decidiu ir à luta e traçar metas proissionais;

024
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

c. Sentiu-se contente e coniante em enfrentar os desaios que a

vida iria lhe proporcionar.

3 – No início de sua carreira proissional, você:

a. Tentava adquirir conhecimentos e experiência com os demais

funcionários, mas nunca acreditou que isto o levaria a crescer

proissionalmente;

b. Sempre observava os proissionais à sua volta, principalmente

os mais experientes, a im de acumular conhecimentos que o

izessem crescer;

c. Não dava a mínima para o que os outros estavam fazendo, o

importante era cumprir as suas tarefas.

4 – Em sua vida proissional, quando surgem outras oportunidades de

emprego você:

a. Nunca as aceita, por mais positivas que elas sejam. A ideia de

encarar um novo desaio o deixa muito inseguro;

b. Fica extremamente contente por ter surgido a oportunidade

de ascender proissionalmente em um ambiente novo e na

companhia de outros proissionais;

c. Analisa durante dias se esta será a melhor escolha e, se chegar à

conclusão de que não tem nada a perder, aceita o desaio.

5 – Em qual dos peris abaixo você melhor se encaixa?

a. O líder;

b. O observador;

c. O flexível.

6 – Com que frequência você se informa sobre economia e o mundo dos

negócios?

a. Pelo menos três vezes por semana;

b. Todos os dias, de preferência de manhã e à noite;

025
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

c. Nunca. Fica sabendo das novidades somente quando alguém o

informa.

7 – Como você toma decisões importantes na sua vida proissional ou

pessoal?

a. Consulta a opinião de amigos e parentes, mas a decisão inal

sempre é sua;

b. Sempre coloca a opinião das pessoas próximas a você em

primeiro lugar, ainal, elas gostam de você e só querem o seu

bem;

c. Não escuta a opinião de terceiros. Você é a pessoa mais indicada

para tomar suas próprias decisões e traçar o seu caminho.

8 – Se algo der errado em algum projeto proissional, você:

a. Não se deixa abalar, ainal, para que as coisas sejam resolvidas é

necessário manter a calma;

b. Acredita que tudo irá se resolver da melhor maneira, mas que é

preciso trabalhar para que a melhora aconteça;

c. Acha que o mundo está desabando e que, por mais que você se

esforce, nada poderá ajudá-lo a resolver o problema.

9 – Você se considera criativo?

a. Sim. Sempre procuro transformar ideias simples em negócios

efetivos;

b. Não. Por mais que eu me esforce para ter ideias, nada me vem à

cabeça;

c. Às vezes. Em dias de muita inspiração consigo ter ideias.

10 – Como você projeta sua vida para daqui 5 anos?

a. Procuro não pensar no futuro, pois meu sucesso depende muito

da oportunidade dada por outras pessoas;

b. Tenho vários planos, entre eles o de montar meu próprio negócio.

026
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Porém, não tenho muita certeza de que dará certo, pois muitas

empresas fecham logo no início de sua existência;

c. Imagino-me um empreendedor de sucesso, com meu próprio

negócio concretizado e bastante competitivo no mercado. Tenho

este anseio e só depende de mim alcançá-lo.

Agora, veja os pontos correspondentes às suas respostas, conforme a

tabela abaixo, e some para ver o resultado.

Questões A B C

1° 2 0 1

2° 0 1 2

3° 1 2 0

4° 0 2 1

5° 2 1 0

6° 1 2 0

7° 1 0 2

8° 1 2 0

9° 2 0 1

10° 0 1 2

De 0 a 6 pontos: você não possui o peril empreendedor. Se o seu grande

objetivo proissional é constituir seu próprio negócio, é necessário que

você mude diversas características se quiser obter sucesso. Comece

se informando mais sobre o ramo em que quer atuar, procure ser mais

otimista, ativo e mais seguro no momento de tomar decisões. Porém, não

é interessante forçar a barra. Se você não nasceu para ser empresário,

com certeza encontrará sua aptidão e obterá sucesso no que se propor a

fazer.

De 7 a 14 pontos: se sua intenção é investir em um empreendimento,

ainda faltam alguns passos importantes para que você consiga êxito.

027
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

Você pode ser criativo, mas tem diiculdades em administrar uma equipe.

Ou gosta de enfrentar desaios, mas sente-se inseguro no momento de

tomar decisões importantes... Administrar uma empresa é uma tarefa

difícil e requer bastante preparação. Portanto, você precisa se aperfeiçoar,

e somente após se sentir seguro deve aceitar este desaio.

De 15 a 21 pontos: você nasceu para o empreendedorismo, pois possui

as principais características que um empresário necessita ter: é otimista,

criativo, independente e tem espírito de liderança. Você sente-se à vontade

para tomar decisões difíceis, adora encarar desaios e sabe aproveitar as

oportunidades. Portanto, se você sempre objetivou ter seu próprio negócio,

agora mais que nunca você sabe que tem grandes chances de montá-lo,

administrá-lo com excelência e caminhar rumo ao sucesso!

Para ajudá-lo a desenvolver o seu peril empreendedor, recorra às

associações comerciais e empresariais, que oferecem cursos e palestras,

além de consultoria jurídica e contábil, tudo para auxiliá-lo a desenvolver

seu talento e tomar as decisões corretas.


Fonte: FAÇA o teste: Você possui peril empreendedor? Disponível em: <http://
www.administradores.com.br/noticias/negocios/faca-o-teste-voce-possui-peril-
empreendedor/16260/>. Acesso em: 08 abr. 2015.

Revisão
Nessa unidade, discutimos o conceito de Empreendedorismo e
como sua deinição foi mudando no decorrer da história, sem
perder a sua essência: a inovação. Também vimos a importância
do Empreendedorismo para o desenvolvimento econômico,
ressaltando que o ato de empreender de forma estruturada, o
chamado empreendedorismo por oportunidade, pode contribuir
para o crescimento de um país.

Também foi traçado o peril do empreendedor e as diferenças entre


ele e um simples administrador. Basicamente, um administrador
conhece as técnicas de gerir um negócio, mas faltam-lhe
características que são próprias do empreendedor, tais como:

028
unidade 1
EMPREENDEDORISMO

criatividade, ousadia, capacidade de correr riscos calculados,


entre outras. Por im, salientamos a existência de um tipo de
empreendedor: o intraempreendedor, indivíduo que empreende
em organizações já consolidadas, mencionando que essa
discussão será retomada em outras partes do nosso material.
Espera-se, portanto, que essa unidade possa ter inspirado você,
aluno, a conhecer mais a respeito dos aspectos que norteiam o
empreendedorismo.

Você pode refletir a respeito dos conceitos aprendidos nessa unidade

assistindo ao ilme “Tucker - Um Homem e Seu Sonho”. Esse ilme

conta a história verídica de Preston Tucker, um homem que conta

com características empreendedoras e que fez inovações na indústria

automobilística dos anos 40.

Há também artigos interessantes que falam a respeito do comportamento

empreendedor e da sua importância pra a economia, tais como:

SCHMIDT, Serje; BOHNENBERGER, Maria Cristina. Peril empreendedor e

desempenho organizacional. ANPAD. RAC, Curitiba, v. 13, n. 3, art. 6, p. 450-

467, jul./ago. 2009.

FONTENELE, Raimundo Eduardo Silveira; et al. Empreendedorismo,

Crescimento Econômico e Competividade dos BRICS: Uma Análise Empírica

a partir dos Dados do GEM e GCI. ENANPAD. Rio de Janeiro. 4 a 7 de

setembro de 2011. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/

ESO2080.pdf> Acesso em 08 abr. 2015.

PEDROSO, José Pedro Penteado; MASSUKADO, Marcia S. A relação

entre o jeitinho brasileiro e o peril empreendedor: interfaces no contexto da

atividade empreendedora no Brasil. V EGEPE. Encontro de estudos sobre

empreendedorismo e gestão de pequenas empresas. Disponível em: http://

www.anegepe.org.br/edicoesanteriores/saopaulo/87_trabalho.pdf Acesso

em 08 abr. 2015.

029
unidade 1
Os Desafios da
Inovação
Introdução

O que é inovação? Quais são as suas faces? O que signiica de


fato inovar e criar novos produtos e serviços? Quais são os tipos
de inovação? O que signiica inovação aberta? Esta unidade tem a
inalidade de responder aos questionamentos acima. Além disso,
caro aluno, esteja certo de que, após uma leitura dessa unidade,
você se tornará capaz de compreender o que é inovação e conhecer
as suas diversas faces, saber conceituar o que é inovação disruptiva,
inovação incremental e inovação aberta. Ressalta-se, entretanto,
que o importante é que você tome consciência de que “a inovação é
um divisor de águas entre um líder e um seguidor”.
• Princípios da
inovação
A inovação é chave para ajudar você a compreender que a sua
• O que é
empresa pode expandir muito mais em um mundo em constante
inovação?
mudança. Qualquer empresa, organização ou pessoa, a título
• As diferenças
particular, pode ser inovadora. Ela não está ligada só diretamente entre imitação,
às grandes organizações ou às grandes empresas industriais do inovação e
planeta ou do Brasil, que oferecem grandes tecnologias para o
invenção

mundo, mas também a qualquer pequeno negócio. Quaisquer • Características


e tipos de
empresas ou pessoas podem e devem ser inovadoras. A inovação
inovação
não é exclusividade das grandes organizações.
• As vantagens
competitivas da
O objetivo principal da unidade é conduzi-lo a conhecer os quatro inovação
tipos de inovação: produto, processo, posição e paradigma, • Revisão
destacando, principalmente, a inovação de produto e processo. A
inovação de processo consiste na implementação de métodos
de produção inovadores, novos ou com melhorias. Portanto, a
inovação é um processo contínuo, no qual uma nova ideia é criada
e transformada em um conceito para implantar um produto ou
serviço novo, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas.

Em destaque está o esforço para conhecer os quatro tipos de


inovação estratégica: a incremental, disruptiva, radical e aberta.
Pense um pouco que a inovação é uma exigência dos tempos
modernos e que somos terreno fértil de inovação continuada,
chamados para produzir produtos e serviços renovadores a todo
instante.

Bons estudos!
EMPREENDEDORISMO

Princípios da
inovação
Agora que você já conhece os princípios do empreendedorismo
e suas vertentes, vamos debater um tema imprescindível para os
tempos modernos e que demanda que as pessoas, as organizações
e o mundo de forma geral se movimentem: a inovação. Hoje todo
mundo fala nisso. É uma questão fundamental para as organizações
modernas e influencia sobremaneira no progresso de sua carreira,
conforme foi explanado na Unidade 1 desse livro. As novas ideias
e a criatividade podem gerar oportunidades e dezenas de novos
empregos. O tema inovação está em todas as rodas de discussões
dos executivos, na sala de reunião das grandes empresas, na roda
de amigos e alunos de uma faculdade.
A inovação é
a chave para
Caro aluno, esteja certo de que, após uma leitura minuciosa ajudar a sua
deste conteúdo, você se tornará capaz de compreender melhor empresa a
crescer e a
o signiicado do termo inovação. Existem várias vertentes para
expandir em
explicar qual o seu signiicado, mas, dentro dos objetivos traçados um mundo
nessa unidade, vamos procurar uma linguagem que torne mais de acelerada
compreensível e que seja de grande importância, e de grande valia mudança.
em seu avanço acadêmico e proissional.

A inovação é a chave para ajudar a sua empresa a crescer e a


expandir em um mundo de acelerada mudança. Está intimamente
relacionada ao desempenho inanceiro, já que uma inovação
bem sucedida pode reduzir os custos de produção de artefatos
ou serviços, criar nichos de mercado, introduzir novos artigos ou
serviços que, por sua vez, é claro, farão com que sua empresa torne-
se cada vez mais rentável e atraente.

Porém, é importante ressaltar que qualquer organização ou


pessoa, a título individual, pode ser inovadora. Inovar não
signiica o condicionamento aos grandes negócios com emprego
de recursos exorbitantes, com a contratação de um gestor de

033
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

inovação ou outro proissional altamente treinado e qualiicado,


com pós-graduação na área. As microempresas, por exemplo,
com pequenas ideias empreendedoras, constituem terreno fértil
para inovar.

Muitas necessidades do consumidor nasceram de pessoas


criativas, com espírito inovador, que tiveram a ousadia de montar
seu próprio negócio, ainda que pequeno, utilizando estratégias
que pudessem atrair os diversos desejos dos clientes, exigentes e
minuciosos.

Convido-o a assistir o vídeo “Pipoca do Valdir”, que é um exemplo


de pequeno negócio inovador. Acesse: <https://www.youtube.com/
watch?v=ma8BHdAyieM>

FIGURA 3 – Pipoca do Valdir

Fonte: Site “Pipoca do Valdir”.

Creio que é possível perceber que a inovação é uma mudança


que cria uma moderna dimensão de performance. É a capacidade
profética de antecipar ao seu tempo. Concorda?

Para o pipoqueiro Valdir, viver a atitude de ser um empreendedor


de sucesso é investigar, descobrir, apontar caminhos e, sobretudo,
confrontar as várias faces da inovação utilizando recursos
metodológicos para aproximar e descobrir a riqueza de uma visão
diferenciada. É viver a ação transformadora. É surpreender e sentir
uma mudança na mente diante das possibilidades de oferecer uma
diferente realidade, mais criativa e cheia de novidades.

034
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

Lembre-se, portanto, de que a inovação é de importância vital para


as pequenas empresas. É o sangue, poder-se-á assim dizer, de
qualquer pequena empresa próspera, ajudando-a a florescer e a ter
sucesso.

O que é
inovação?
Não raro, ouve-se uma pergunta muito comum: “Por que a inovação
exige tanta atenção em nossos dias? ” A resposta é simples e
imediata: porque o ritmo de mudança é muito rápido. Vejam os
celulares, os computadores, as câmeras fotográicas e tantos
outros equipamentos oferecidos pela moderna tecnologia. As
alterações ocorrem em uma velocidade incrível. Porém, é necessário
observar que as mudanças atendem às exigências de um mundo
Todas as
contemporâneo. Isso é a dinâmica da própria história. Estamos empresas
passando da era industrial para a era do conhecimento. Alguns precisam ser
estudiosos têm insistido em airmar que quanto mais conhecimento inovadoras.
agregado, maior será a nossa oportunidade de empregabilidade.

Numa atmosfera global de inovação contínua, a vantagem


estratégica pode apenas advir daqueles que são líderes e não
apenas de meros seguidores da mudança. A única forma de se
tornar um verdadeiro líder da mudança pode ser alcançada através
da inovação.

Todas as empresas precisam ser inovadoras. A realidade, contudo,


é que a maior parte delas, particularmente as pequenas e médias,
encontram diiculdades em compreender o conceito de inovação.
Não sabem bem como usar os seus conceitos, imaginando que ela
só se aplica às indústrias de alta tecnologia.

É importante ressaltar que existem muitas teorias acerca


da inovação. Qual a sua deinição, quais as suas principais

035
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

características e seus diversos tipos, como implementá-la? A


sociedade, até hoje, não alcançou consenso (e possivelmente
nunca alcançará) sobre uma teoria única de inovação. A partir de
então, será possível conhecer alguns conceitos acerca do assunto.
Vamos adiante

No dia a dia, a inovação é compreendida como criar algo que culmine


no resultado desejado (Sakar, 2007). A partir dessa airmativa, há
uma pluralidade de compreensão sobre esse procedimento. Para
melhor compreensão, veja:

a palavra “inovar” deriva do latim in+novare, que


signiica “fazer novo”, renovar ou alterar. De forma
simples, inovação signiica ter uma nova ideia ou,
por vezes, aplicar as ideias de outras pessoas em
novidades ou de forma nova. (SAKAR, 2007, p. 115)

Dito isso, podemos esclarecer melhor que inovação signiica o


envolvimento da criatividade, de adaptação, de ideias novas com
possibilidade de implementação e que gerem impacto.

Na visão de Bessant e Tidd, no primeiro capítulo do livro “Inovação


e Empreendedorismo” há o registro da fala de proissionais da GE,
Microsoft e Apple sobre inovação. Veja:

Estamos avaliando as lideranças da GE em relação a


sua capacidade de Criação. Líderes criativos são os
que têm coragem de inanciar novas ideias Liderar
equipes para encontrar as melhores ideias e pessoas
para assumir Ricos com maior preparo e método (J.
Immelt, presidente e Diretor-executivo da General
Eletric). (...) Sempre dizemos a nós mesmos: temos
que inovar. Precisamos ser os Primeiros a nos superar
(Bill Gates, Microsoft). (...) A inovação é o divisor de
águas entre um líder e um seguidor (Steve Jobs,
Apple). (BESSANT e TIDD, 2009, p. 20)

Para o Manual Oslo (OCDE, 2005, p. 14), “inovação é uma


implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
signiicativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método

036
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de


trabalho ou nas relações externas”.

Se você observar e ler com atenção essa deinição, perceberá que


ela é bem vasta e abrange o bem ou serviço que a empresa faz, sua
forma de fazer (processo), sua forma de planejar e organizar o seu
mercado, e até mesmo sua forma de cuidar da gestão.

Outro ponto importante a observar na deinição do Manual Oslo é


que a inovação é uma implementação de algo novo ou melhorado.
Isto é, não importa se é bem, serviço, processo ou método. Se ele não
for novo e signiicativamente melhorado, e não for implementado,
não é inovação. Signiicativamente melhorado quer dizer que a
mudança deixou o produto melhor. Como exemplos, podemos citar
bicicletas feitas de alumínio e celulares cada vez menores.

Outra questão importante a destacar na referida deinição é que


estamos falando de implementação, não só a deinição teórica
no papel, mas a sua realização de fato. A ideia que você teve foi
implementada e está funcionado, ou seja, dando certo. Portanto,
inovação é uma ideia que deu certo. O aparelho de DVD foi uma ideia
que deu certo e gerou resultado, pois encontramos esses aparelhos
nas residências nos dias de hoje.

Na visão de Simantob e Lipp (2003), existem vários conceitos


de inovação, segundo várias personalidades. Sublinhamos dois
teóricos muito conhecidos que podem ser muito úteis em nossa
tarefa. O primeiro, Peter Drucker, da Universidade de Claremont,
em seu livro, “Inovação e Espírito Empreendedor”, está escrito
que inovação é: “o ato que contempla os recursos com a nova
capacidade de criar riquezas, sendo que não existe algo chamado
de recurso até que o homem encontre uso para alguma coisa na
natureza, e assim o dote de valor econômico” (DRUCKER, 1987, p.
39).

Na visão de Giovanni Dosi (Universidade de Pisa), inovação é a

037
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

busca, a descoberta, a experimentação, o desenvolvimento, a


imitação e a adoção de novos produtos, novos processos e novas
técnicas organizacionais.

Entretanto, nota-se que, depois de Joseph Schumpeter, que foi


o primeiro economista a falar de inovação na última década do
século XX, conforme discutimos na Unidade 1, a inovação passou
a ser reconhecida como um fator essencial para a competitividade
das empresas.

Segundo Schumpeter,

A inovação está relacionada ao desenvolvimento


econômico, sendo impulsionada pela criatividade
quando há uma perturbação do equilíbrio, que
altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio
previamente existente. Isso se chama destruição
criativa (SCHUMPETER, 1984, p. 54. Citado por
BARBIEIRI, 2005, p. 14).
A “destruição
A “destruição criativa” gera movimento e crescimento na economia, e criativa” gera
movimento e
altera o estado de ânimo do empreendedor criativo e inovador.
crescimento na
economia.
Poderíamos, então, dizer que a inovação surgiu de um processo,
evoluiu dos meios econômicos, sendo Joseph Schumpeter
considerado o pai da inovação. Os investimentos das combinações
de produtos e processos produtivos de uma organização influenciam
diretamente no desempenho inanceiro, de modo que o moderno
empresário deve ocupar, simultaneamente, dois papéis de liderança:
econômica e tecnológica.

Quantos produtos você conhece que poderiam ser considerados inovação?

Quer saber mais sobre isso? O Manual de Oslo é uma fonte muito rica de

informações referentes ao nosso tema alvo e recomendo a sua consulta. Ele

está disponível para download em: http://download.inep.gov.br/imprensa/

manual_de_oslo.pdf. Pense nisso!

038
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

As diferenças entre
imitação, inovação
e invenção
Como se pode perceber, a inovação consiste em colocar as ideias
em prática, gerando novos produtos ou serviços. Melhorando
processos ou criando novos modelos de negócio que levem à
ofertas de valor ao mercado com sucesso.

Porém, não podemos confundir o conceito de inovação de


Schumpeter com invenção. São dois conceitos complementares e
diferentes, ao mesmo tempo. Há uma relação entre eles, distinções
e desaios. Nem toda invenção transforma-se em inovação e nem
toda inovação é proveniente de uma invenção. A inovação refere-se
a uma ideia, método ou objeto que é criado, que pouco se parece
Não podemos
confundir o
com padrões anteriores. Há uma ruptura, pois algo novo surgirá e conceito de
modiicará antigos padrões. inovação de
Schumpeter
com invenção.
Na visão de Cerqueira (1989), temos a melhor deinição de invenção.

a invenção, de modo geral, consiste na criação de uma


coisa até então inexistente, a descoberta é a revelação
de uma coisa existente na natureza. Descobrir é o
ato de anunciar ou revelar um princípio cientíico
desconhecido, mas preexistente na ordem natural, e
inventar é dar aplicação prática ou técnica ao princípio
cientíico, no sentido de criar algo novo, aplicável no
aperfeiçoamento ou na criação industrial (CERQUEIRA,
2007, p. 9. Citado por REQUIÃO, 1989, p. 223).

A invenção é um ato de criar uma nova tecnologia, processo ou


objeto. Está muito ligada ao protótipo, modelos, fórmulas e outros
meios de registrar ideias. O ato de inventar, necessariamente, não
responde ao conceito de inovar.

Na visão de Dosi (1988) “Inovação refere-se essencialmente à

039
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

procura, à descoberta, à experimentação, ao desenvolvimento, à


imitação e à adoção de novos produtos, aos novos processos de
produção e às novas formas de organizações” (DOSI, 1988, p. 222).
Observamos que, segundo Dosi, a inovação deve estar revestida
de requisito de novidade e envolve a concepção de uma ideia
direcionada para economia.

Como já mencionado anteriormente, a ação de inovar deve


proporcionar um resultado concreto e aplicado. A inovação em
qualquer situação cria novos valores, modiica comportamentos,
interfere na economia, gera resultados e demanda aceitação de
uma sociedade.

Podemos dizer que o processo de inovação demanda um elevado


comprometimento e envolvimento das pessoas que estão
envolvidas com o processo de mudanças, e busca contextos que
proporcionam novas realidades, resultados e experiências.

Observe a igura seguinte na qual pode-se identiicar a diferenciação


entre inovação e invenção

FIGURA 4 - Os Traços da Inovação

A ideia que se
inovação tornou um
criatividade ideia
sucesso

A ideia que
invenção ainda não se
tornou sucesso

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como você pode perceber, a diferença entre invenção e inovação


vem justamente do fato de que, se a ideia implementada resulta em
um negócio que dará retorno ao seu idealizador, ela é uma inovação.

Michael Porter, uma das maiores referências no estudo da


competitividade, cita que a inovação pode ocorrer a partir do
momento em que a invenção chega ao mercado, passando a gerar
lucro e dividendos no momento em que o novo conhecimento é

040
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

colocado em prática, criando novos produtos, serviços e processos,


permitindo que a empresa cresça e se expanda.

Segundo o dicionário Michaelis (2012), imitação vem do latim e


signiica o ato ou efeito de imitar. Representação ou reprodução
de uma coisa, fazendo-a semelhante a outra. Na igura a seguir
temos um exemplo de imitação que gera, sem dúvida, prejuízos ao
idealizador, no caso da Apple.

a) HiPhone (imitação de iPhone) e o iPhone da Apple

FIGURA 5 – Hiphone e Iphone

Fonte: [Hiphone e Iphone].

b)
FIGURA 6 – Hiphone e Iphone tela inicial

Fonte: [Hiphone e Iphone tela inicial].

041
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

Então pergunto-lhe: olhando rapidamente para a primeira igura,


qual é o verdadeiro? E se você olhar para a segunda igura, será que
conseguiria ver com clareza a distinção entre ambos?

Criatividade, ideia, imitação, invenção e inovação não são as


mesmas coisas, mas sim etapas diferentes de um processo. A
criatividade promoverá o desenvolvimento de várias ideias. É um
ato no qual o ser humano promove a descoberta de novas ideias
e conceitos. Muitas delas serão descartadas, sejam por motivos
técnicos, econômicos e/ou inanceiros. Caso uma dessas ideias
seja implementada, ela poderá se tornar uma inovação, se obtiver
sucesso. Caso isso não aconteça, essa ideia terá se tornado uma
boa invenção.

Um exemplo disso é o telefone móvel celular. Quando apareceu, era A criatividade


grande, pesado, sendo até necessário uma maleta para carregar a
promoverá o
desenvolvimento
bateria de energia. Tratava-se de uma boa invenção, apesar de não
de várias ideias.
ter sido um sucesso logo no início. Com o andar da carruagem, os

avanços tecnológicos, ele tornou-se um dos produtos mais inovadores

e em constante inovação, sempre entregando ao usuário uma nova

possibilidade, cada vez mais imprescindível.

Características e
tipos de inovação
Bessant e, Tidd e Pavvit (2008) classiicam a inovação em quatro
grupos:

1. Inovação de produto: representada pela mudança


de produtos e serviços que a empresa oferece aos
consumidores.

042
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

2. Inovação em processo: mudanças na forma em que


os produtos/serviços são criados e entregues; inclui
mudanças signiicativas nas tecnologias, equipamentos e
logística.

3. Inovação de posição: constituída por mudanças no


contexto em que produtos e serviços são introduzidos.

4. Inovação de paradigma: deriva de mudanças nos modelos


mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz.

Na ilustração a seguir, é possível observar as relações entre as


classiicações de inovação apresentada por Besssant, Tidd e Pavitt:

FIGURA 7 - A inovação e sua classiicação


Produto Processo

INOVAÇÃO

Posição Paradigma

Fonte: Elaborado pelo autor.

Um exemplo de inovação de produto é a introdução de travagem ABS,

expressão alemã “Anti blockeir-bremssystem”, que é um dispositivo

de segurança que não permite que as rodas travem em frenagens de

emergência e o sistema de navegação nos carros de GPS (Sistema de

Posicionamento Global), e outros sistemas melhorados. Outro exemplo

é um restaurante que vai até a sua residência e faz todo o cardápio

para servir aos seus convidados. É um serviço novo que atende aos

consumidores independente da sede da empresa. Assim como uma

empresa que compra uma máquina para preencher um cheque com mais

rapidez, facilitando a vida do cliente. Ou incorpora uma balança eletrônica

que facilita a visualização do seu cliente.

043
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

Já na inovação de posição, que outros autores chamam de mercadológica,

agrega-se valor ao produto por meio de uma embalagem totalmente nova.

Um exemplo é uma embalagem que não suja as mãos ao carregar uma

pizza. A elaboração de um cadastro eletrônico e digital dos consumidores

também pode facilitar a identiicação e a empatia, gerando valor e lucro

para o negócio.

No quarto tipo de inovação, Paradigma ou Inovação Organizacional, trata-

se uma técnica nova. É sempre a primeira vez. Um exemplo é as nossas

ginásticas laborais. A primeira vez que ela é implementada provoca

qualidade de vida e melhoria no local de trabalho dos funcionários.

Segundo o professor Clayton Christensem (2011), da Harvard


Business School, existem quatro tipos de inovação por estratégia.
Porém, antes de conhecermos melhor sobre cada uma delas,
gostaria de convidá-lo a assistir ao vídeo explicativo sobre inovação
disruptiva. O vídeo tem como objetivo mostrar e explicar como
um produto ou serviço atende com simplicidade, a baixo custo,
às necessidades essenciais dos clientes. Também vai ajudá-lo
a perceber o processo para desenvolver inovações disruptivas,
um processo para criar produtos e serviços para novas fronteiras
de mercado. Acesse o vídeo “Processo para desenvolver
inovações disruptivas” no link <https://www.youtube.com/
watch?v=psS0SzeZzL8>.

Veja agora a ilustração que pode facilitar a compreensão dos quatro


tipos de inovação por estratégia. Vamos explicar e citar exemplos
para que ique clara a compreensão:

FIGURA 8 - Tipos de inovação por estratégia

Incremental Aberta

INOVAÇÃO

Radical Disruptiva

Fonte: Elaborado pelo autor.

044
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

A inovação incremental é a que predomina na maioria das


empresas. São pequenas, mas importantes mudanças que podem
ser aplicadas em modelos de negócios, produtos e/ou serviços.
Tem como objetivo modernizar um produto já existente e que já
tem aceitação do mercado. O seu propósito é garantir o consumo
já existente do produto, atrair novos consumidores, gerar lucro
e garantir aos clientes, que já são consumidores do produto,
conveniência e idelização.

Podemos citar como exemplo de inovação incremental as indústrias

de carros, que mantêm por anos uma marca no mercado. Entretanto,

atualizam anualmente o produto com as tendências do momento.

Para os pesquisadores Davila, Epstein, Shelton (2007, p. 61), a


inovações incrementais “são uma maneira de extrair o máximo valor
A inovação
possível de serviços e produtos existentes sem a necessidade de
incremental é a
fazer mudanças radicais e grandes investimentos inanceiros”. Visa, que predomina
pois, atender, através de melhorias, as necessidades dos clientes e na maioria das
aprimorar os processos e produtos atuais.
empresas.

A inovação disruptiva tem como objetivo substituir o produto


existente por outro mais moderno e atualizado. As empresas
que ditam as tendências de diversos segmentos são exemplo de
inovação disruptiva.

Um exemplo clássico de inovação disruptiva é a GOL. Entrou no

mercado de transporte aéreo oferecendo serviços mais simples do

que seus concorrentes, poucas rotas, baixa flexibilidade de alterações,

barras de cereais, mas com uma contrapartida de preço que permitia

a diversos consumidores o conforto de viajar de avião. Isso gerou até

uma possibilidade de concorrência com as empresas de ônibus. Nesse

caso, a GOL representa algo de inédito, um serviço inteiramente novo ao

consumidor.

045
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

A inovação radical visa criar um novo conceito, com novos


mercados e paradigmas. Segundo Davila, Epstein, Sheltpn (2007,
p. 71), “inovações radicais são, pela própria natureza, investimentos
de pouca probabilidade de retorno”. Porém, é primordial uma
avaliação detalhada e bem planejada de um investimento nesse
tipo de inovação, pois os riscos são maiores do que na inovação
incremental.

Um exemplo típico de inovação radical são os bancos − organizações

inanceiras. Eles têm passado por uma metamorfose ao longo dos anos

utilizando máquinas de multibanco, fundos acessíveis em qualquer parte

do mundo com a utilização do cartão de plástico apropriado.

A inovação aberta está ligada àquelas empresas que compram ou


licenciam processos de inovação (patentes) no lugar de criar seus É preciso cultivar
próprios produtos inovadores. Aqui, é preciso cultivar uma rede de uma rede de
inovação, além
inovação, além dos limites da organização.
dos limites da
organização.
Esse tipo de inovação busca encontrar as pessoas certas e procura
integrar descobertas cientíicas de forma inovadora. O seu papel
fundamental é fomentar o trabalho colaborativo entre todas as
partes envolvidas no processo.

Um exemplo de inovação aberta colaborativa é a Brasil Foods, maior

exportadora de carne de frango, que se preocupa com a gestão do

conhecimento para fazer funcionar toda cadeia de desenvolvimento e

tecnologia da empresa. As parcerias com a academia e programas de

computador, ou de atividades gerenciais que permitem identiicar possíveis

nichos de pesquisa é uma constante na Brasil Foods. Todas as áreas

trabalham juntas com um único objetivo: competitividade do produto

046
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

Na visão de Chesbrough (2003), o modelo de inovação aberta,


citado anteriormente,

consiste no conjunto de estratégias pelas quais as


empresas podem adquirir tecnologia que necessitam
de outras empresas assim como adquirir as patentes
de tecnologia que tenham desenvolvido, mas que
não pretendam utilizar. Numa inovação aberta, as
empresas obtêm a sua tecnologia de múltiplas
fontes. As estratégias abertas de inovação procuram
a eiciência através de parcerias de negócio efetivas.
(CHESBROUGH, 2003, p. 237)

A inovação aberta é altamente colaborativa, pressupondo-se que o


conhecimento para inovar encontra-se em qualquer lugar da rede
de colaboradores de empresas e no mundo globalizado. Aqui, tem-
se um diálogo de escuta e atenção com todos os “stakeholders”, isto
é, os públicos interessados no negócio da organização. Existe um
intercâmbio, um trabalho participativo em redes para a deinição
dos próximos passos e dos negócios das empresas. Empregados
capacitados são considerados um recurso-chave de uma empresa
inovadora aberta, com uma equipe de gestão eiciente, aumentando
a capacidade de atendimento das necessidades dos clientes.

As vantagens
competitivas da
inovação
É possível perceber que, depois que você fez uma viagem
pelos conceitos de inovação com todas as suas características
abordadas, para que inovação torne-se vantagem competitiva, é
fundamental equilibrar os modelos de inovação estudados. Far-se-á
necessário, igualmente, avaliar o retorno, de modo que cada um
possa oportunizar os negócios e as suas necessidades.

Davila, Tidd e Bessant airmam que a única forma de uma empresa


garantir seu futuro e perenidade é inovar, e ser mais adaptável

047
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

ao ambiente por meio da mudança. Veja a airmativa de Davila,


Epsteins e Shelton, que corroboram com a ideia de Bessant e Tidd:

o processo de inovação deve ser contínuo uma vez


que a tendência diante de um feito de sucesso é que
a concorrência tente a imitação. Desta forma, um
feito inovador deve ser constantemente aprimorado
ou ampliado ou mesmo arriscar novas abordagens
(BESSANT; TIDD, 2008, p. 26).

O que você pode perceber na citação anterior é que, embora as


empresas possam adotar formas semelhantes de inovação ou
imitação de produtos, o resultado inal dessa estratégia poderá
ser diferente, pois os processos e conhecimentos fazem parte de
uma cultura e são diferentes, muito peculiares a cada empresa e
a pessoas. Portanto, a competitividade será diferente para cada
organização:
Pare e pense
como cada organização tem uma combinação um pouco sobre
exclusiva e especíica de estratégia da inovação, eles e retorne
organização, processos, cultura, indicadores de à igura “Tipos
desempenho e recompensas, os produtos de inovação
de cada uma delas serão igualmente diferentes. Aquilo
de inovação por
que a Apple desenvolve nunca sairia das linhas de estratégias”,
produção da Dell ou da IBM. Cada empresa cria seu estabelecendo
próprio tipo de inovação mediante o acrescimento de os conceitos.
toques especiais (por exemplo, cultura, conhecimento
especíico recompensas diferenciadas). (DAVILA,
EPSTEIN, SHELTON, 2007, p. 27)

Percebe-se que não há como separar a inovação do conhecimento,


pois inovar é “criar novas possibilidades por meio de combinações
de diferentes conjuntos de conhecimentos” (TIDD, BESSANT,
PAVITT, 2008, p. 35).

Agora, convido-o a lembrar dos pontos-chave de nosso estudo. A


inovação é um processo contínuo, no qual uma nova ideia é criada e
transformada em um conceito para implantar um produto ou serviço
novo, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. Voltemos aos
quatro tipos principais de inovação: produto, processo, posição e
paradigma. Pare e pense um pouco sobre eles e retorne à igura
“Tipos de inovação por estratégias”, estabelecendo os conceitos.

048
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

Em seguida, faça o esforço para relembrar-se dos quatro tipos de


inovação estratégica: a incremental, disruptiva, radical e aberta.
Pense um pouco que a inovação não se encontra somente nas
grandes empresas industriais do planeta ou do Brasil, em que
oferecem grandes tecnologias para o mundo. Quaisquer empresas
ou pessoas podem ser inovadoras. A inovação não é exclusividade
das grandes organizações. Você é um terreno fértil para a inovação!

AS COMPETÊNCIAS DOS INOVADORES

Será que nascemos inovadores ou essas competências podem ser

desenvolvidas?

Por mais de oito anos de pesquisas e entrevistas com quase 1000

executivos e empreendedores de sucesso, Jeff Dyer, Hal Gregersen e

Clayton M. Christensen chegaram à conclusão de que existe um conjunto

de características que distingue os proissionais inovadores. Para eles,

a habilidade de gerar novas ideias não é mera função da capacidade

cerebral, mas também fruto do desenvolvimento de comportamentos.

Segundo os autores, o DNA dos inovadores é complementado por

competências de descoberta e execução. As cinco competências de

descoberta cumprem um papel importante nas fases iniciais do processo

de inovação, o que chamamos do “front end” do processo de inovação.

Resumidamente elas são:

• Questionar: fazer perguntas que desaiem o senso comum e as

ortodoxias dos setores. Inovadores fazem mais perguntas. O que

é isso? Por que é assim? E se fosse assim? Por que não fazer

diferente? São perguntas comuns utilizadas pelos inovadores.

• Observar: através da observação do comportamento dos

consumidores, fornecedores, competidores e outros agentes,

estabelece-se novas formas de fazer as coisas. Buscar o job to

be done que está por trás do comportamento dos consumidores.

049
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

• Trabalhar em rede: lidar com pessoas de diferentes gerações,

formações, áreas de atuação que possam trazer novas ideias e

perspectivas. Combinar suas ideias com outras pessoas de áreas

distintas para aprender coisas novas.

• Experimentar: construir experimentos para testar incertezas,

hipóteses e fazer emergir rapidamente insights e aprendizados

sobre as ideias inovadoras. Questionar, observar e trabalhar em

rede fornece insights e dados sobre o passado e o presente.

Experimentar permite coletar dados sobre o comportamento

esperado no futuro.

• Associar: trata-se de conectar as diferentes perspectivas,

questões, problemas e ideias, gerando uma nova solução que

ainda não havia sido proposta. Pensar nos problemas como um

conjunto de peças que podem ser recombinadas e em novas

conigurações.

As competências de descoberta devem ser complementadas com as

competências de execução. São as competências necessárias para

transformar as novas ideias em realidade.

As 4 competências podem ser deinidas como:

• Analisar – capacidade de organizar e coletar dados concretos

para tomar as decisões corretas.

• Planejamento – está ligada com a capacidade de estabelecer

planos, metas e um conjunto de atividades que precisam

acontecer para o projeto inovador chegar ao objetivo esperado.

• Orientação aos detalhes – garante que os pequenos detalhes

aconteçam conforme planejado, sem esquecer nenhum detalhe.

• Auto disciplina – supera os obstáculos e mantém o cronograma

deinido para garantir os resultados dos projetos.

O vídeo abaixo traz um resumo das diferentes competências:

Assista ao vídeo “O DNA dos Inovadores – as competências para inovar”

no link <https://www.youtube.com/watch?v=JI_Bpr9wQwY>

050
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

A prática constante dessas habilidades aumenta a capacidade de gerar

novas ideias e executá-las na prática.

Felipe Scherer
Fonte: SCHERER, Felipe. As competências dos inovadores. 02 set. 2014. In:
Exame.com. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/inovacao-
na-pratica/2014/09/02/as-competencias-dos-inovadores>. Acesso em: 14 abr.
2015.

Revisão
Nessa unidade discutimos o conceito de inovação, a sua importância
nas empresas e na vida pessoal. Também aprofundamos os
quatro tipos de inovação: produto, processo, posição e paradigma.
Conhecer os quatro tipos de inovação é de importância vital para as
pequenas empresas serem mais prósperas e terem sucesso.

A inovação incremental é a que predomina na maioria das


empresas. São pequenas, mas importantes mudanças que podem
ser aplicadas em modelos de negócios, produtos e/ou serviços.
O seu objetivo é melhorar o já existente, sendo voltado para o
mercado concorrente.

A inovação disruptiva refere-se às empresas iniciantes no mercado,


com um custo menor, com mais simplicidade e com performance
em produtos estabelecidos.

A inovação radical visa a criar um novo conceito, com novos


mercados e paradigmas.

A inovação aberta, em que é preciso cultivar uma rede de inovação,


além dos limites da organização. Esse tipo de inovação busca
encontrar as pessoas certas e procura integrar descobertas
cientíicas de forma inovadora. O seu papel fundamental é fomentar
o trabalho colaborativo entre todas as partes envolvidas no
processo.

051
unidade 2
EMPREENDEDORISMO

Também foi traçado o caminho para você começar a ser inovador.


Basicamente, gerir um negócio inovador é colocar em prática
algumas características que são próprias do empreendedor, tais
como: criatividade, ousadia, capacidade de correr riscos calculados,
entre outras. Espera-se, portanto, que essa unidade, possa ter
inspirado você, aluno, a fazer a diferença na sua vida pessoal e na
sua empresa.

Você pode refletir a respeito dos conceitos aprendidos nessa unidade,

assistindo aos vídeos da HSM Educação Coorporativa. Conira no site:

https://www.youtube.com/user/HSMEducacao/videos

Ler o Livro: “A nova era da Inovação” de C.K. Prahalad e M.S. Krishnan. O

livro traz uma visão moderna e aberta sobre o processo de inovação nas

grandes corporações do mundo moderno.

052
unidade 2
Mapeando
oportunidades
Introdução

Prezado(a) aluno(a), tão importante quanto discutir a inovação é


identiicar quais ideias podem ser transformadas em oportunidade.
Ainal, a inovação sem direção é como um barco sem leme. Assim,
pretendemos nesta unidade fazer um convite a você para uma
autorreflexão a respeito das oportunidades pessoais, discursando
acerca de como o indivíduo pode recuperar seus sonhos e encontrar
em suas vontades uma nova oportunidade de carreira.

Em seguida, esta unidade apresenta a diferença entre ideia


e oportunidade. É a partir de uma ideia que surgem grandes
oportunidades de negócio. Portanto, discutiremos os critérios • Oportunidades
pessoais –
para a análise de uma oportunidade, tais como: qual mercado ela descobrindo a si
atende? Qual sua vantagem competitiva? Qual retorno econômico mesmo
ela trará? Dentre outras. • Ideia x
oportunidade
Além disso, nesta unidade você terá a chance de conhecer duas • Critérios
técnicas muito usadas no meio organizacional para a geração de
para análise de
oportunidades
ideias: a técnica de visualização e o brainstorming.
• Revisão

Ao término da unidade, espera-se que você seja capaz de diferenciar


uma simples ideia de uma verdadeira oportunidade e que possa abrir
seus horizontes para uma conduta mais criativa, sendo capaz de se
comportar de forma proativa frente às possíveis oportunidades de
mercado e/ou de carreira. Boa leitura!
EMPREENDEDORISMO

Oportunidades
pessoais –
descobrindo a
si mesmo
Caro aluno, na unidade anterior, vimos que a inovação não
é exclusividade de grandes organizações. Nesta unidade,
expandiremos ainda mais essa questão, aplicando o conceito de
inovação à descoberta de oportunidades.

Assim, a unidade se inicia com uma reflexão sobre as oportunidades


pessoais. Isso mesmo! Você já parou para pensar sobre você,
sua carreira e as oportunidades que o cercam? Para iniciar essa
reflexão, vou repetir uma pergunta que certamente você já ouviu
na infância: o que você quer ser quando crescer? Para muitos, essa
pergunta ainda não tem resposta, e se tem ela ecoa internamente
incomodada com a realidade do dia a dia que não a representa.
E, para você? O que essa pergunta signiica? Ela é um incômodo
ou um orgulho pelo fato de você ter conseguido concretizar o seu
sonho infantil?

Essas questões são para você dar início à nossa reflexão. Ainal,
o que difere as pessoas que conseguem realizar seus sonhos
daquelas que se afundaram na frustração de ter que trabalhar em
algo que não lhes traz prazer? Bolles (2011), autor de “What color
is your parachute” (Que cor é seu paraquedas?), dá uma explicação
sobre isso. De acordo com ele, “a maior parte das pessoas que
falham ao procurar seu emprego dos sonhos não é por falta
de informação sobre o mercado de trabalho, mas por falta de
informação sobre eles mesmos” (BOLLES, 2011. Citado por CLARK
et al, 2013, p. 85).

055
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

Ao airmar isso, Bolles (2011) aponta a autorreflexão como um caminho

para que o indivíduo encontre novas oportunidades para sua vida. Clark et

al (2013) exempliica o aspecto apontado por Bolles contando a história

de Andrea Wellman, uma fotógrafa comercial. Andrea foi dispensada do

seu emprego e tomou uma decisão: ao invés de correr para a agência

de empregos e aceitar o primeiro emprego que aparecesse, ela resolveu

preencher seu dia com compromissos com ela mesma, isto é, com

atividades que lhe traziam prazer e que ela tinha deixado de lado em

função da correria do dia a dia.

Assim, Andrea juntou duas de suas paixões: corrida e cachorro. Ela tinha

uma cadelinha chamada Molly e começou a correr em sua companhia

e, ocasionalmente, corria também com cachorros dos seus amigos.

De acordo com ela, isso a mantinha feliz. Certo dia, Andrea leu uma

reportagem sobre mudança de carreira e se deparou com a história de

um homem em Chicago que corria com os cachorros em tempo integral,

fazendo disso sua proissão. Andrea, então, percebeu que estava diante de

uma oportunidade, isto é, assim como aquele homem, ela poderia ser uma

corredora de cachorros proissional!

Andrea descobriu sua paixão e isso foi importante para identiicar

uma nova oportunidade. Bel Pesce, a famosa menina do vale, chama a

atenção para isso ao airmar que “quando você está apaixonado pelo que

faz, de repente tem uma energia ininita para trabalhar dia e noite. É um

sentimento um tanto quanto mágico” (PESCE, 2013, p. 57).

Movida por essa paixão, Andrea, embora estivesse um pouco incrédula de

que pudesse ganhar dinheiro com essa atividade, resolveu ligar para seus

amigos e perguntá-los se eles estariam dispostos a pagá-la para que ela

continuasse a correr com os seus cachorros. Para sua surpresa, a resposta

foi sim, pois essas pessoas notaram os benefícios que a corrida trouxe

para seus animais. Então, Andrea transformou seu hobbie em proissão

e, de repente, a partir de indicações de amigos, ela foi aumentando sua

cartela de clientes, o que permitiu pagar todas as suas contas e fazê-la

pensar que poderia proissionalizar ainda mais aquela atividade. Para

056
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

tanto, ela adicionou aos seus serviços o seguro de animais e criou um site.

Hoje, Andrea tem mais de 50 clientes e teve que contratar novos corredores

para ajudá-la. Ela resume sua experiência airmando que seu trabalho,

além de ter permitido que ela vivenciasse seu sonho, criou uma forma de

outros corredores viverem os seus.

A história da Andrea nos mostra que às vezes uma crise nos


empurra para algo melhor, se izermos desse momento um período
para refletirmos com cuidado sobre nossas carreiras. Mas, como
podemos refletir a esse respeito sem ter que, necessariamente,
passar por uma crise?

Clark et al (2013), autor do livro “O modelo de negócios pessoal – business

model you”, nos dá uma dica sobre isso. De acordo com ele, parar para

pensar em determinadas questões pode ajudá-lo a mergulhar em uma

autorreflexão signiicativa. Para isso, é importante pensar sobre:

Quem sou eu? O que você ama fazer? De quais atividades (jogos, hobbies,

esportes, etc.) você gosta? Quais tarefas fazem seu tempo voar? Além

disso, pensar a respeito de interesses internos e externos é importante. E,

por que não, voltar-se para os seus sonhos infantis pode apontar caminhos

interessantes para sua carreira. George Kinder, reconhecido como o pai

do movimento de planejamento de vida e fundador do Instituto Kinder do

Planejamento de Vida, valida essa airmação ao dizer que:

cada um de nós carrega dentro de si uma ânsia secreta


– que, com o passar o tempo, ao longo da vida, torna-
se com frequência um arrependimento secreto. Esta
ânsia será diferente para cada um de nós, já que é
um traço muito pessoal de autoexpressão. Somente
na medida em que cada um de nós formos capazes
de trazer à tona as vontades reais do nosso coração,
nossas vidas serão plenas, verdadeiramente válidas.
(KINDER e GALVAN, 2006. Citado por CLARK et al,
2013, p.91).

057
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

Entretanto, às vezes nossas vontades foram tão sufocadas que não as

reconhecemos mais. Pesce (2012, p.20) alerta sobre isso ao dizer que: “se

você não tomar cuidado, corre o risco de se prender demais aos projetos

do dia a dia e se esquecer de quais são seus planos a longo prazo”.

Essas intempéries cotidianas aparecem como obstáculos para


os nossos sonhos, obscurecendo nossas vontades. Maslow,
um psicólogo americano, já dizia que “não é normal saber o que
queremos. É uma realização psicológica rara e difícil” (MASLOW,
1970. Citado por CLARK et al, 2013, p. 127). Então, como fazer
para reencontrar nossas vontades? Qual o papel que o trabalho
desempenha na sua vida hoje? O que ele representa para você?
Ele corresponde às suas convicções sobre o verdadeiro signiicado
de sua vida? Perguntas como essas podem fazê-lo encontrar suas
vontades escondidas.

De acordo com Clark et al (2013), especialistas no assunto airmam


que o trabalho pode ter quatro signiicados diferentes para a
pessoas, quais sejam: trabalho como emprego, trabalho como
carreira, trabalho como vocação e trabalho como realização. Vamos
compreender cada um desses signiicados?

Clark et al (2013) explica que o trabalho como emprego é o


trabalho realizado em troca de algo, que, no caso, é o salário. Esse
tipo de signiicado laboral não prevê muito envolvimento pessoal
ou satisfação. O trabalho como carreira, ao contrário do anterior,
é motivado pelo desejo de sucesso, realização e status. Esse tipo
de signiicado dado ao trabalho, de acordo com Clark et al (2013),
pode ser uma importante fonte de sentido para a vida. O autor
continua explicando que o trabalho como vocação é encarado
como uma missão, um chamado divino. Por im, o trabalho como
realização é tratado como “uma abordagem orientada por uma
fonte de interesse (ou até mesmo passional) pelo trabalho - mas
sem a esmagadora, abrangente natureza de uma vocação” (CLARK
et al, 2013, p. 125). Esse tipo de signiicado também pode dar
sentido à vida do indivíduo, pessoas que dão esse signiicado às

058
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

suas proissões geralmente privilegiam interesses pessoais sobre a


recompensa inanceira, explica Clark et al (2013).

Vislumbrar o trabalho como fonte de signiicado e não apenas


como um meio de geração de renda pode fazê-lo encontrar novas
oportunidades de carreira. Então, ique incomodado, pergunte para
a criança que está dentro de você onde estão os seus sonhos?
Encontre-os e abrace-os com dedicação e siga o conselho de Pesce:

o potencial humano é absolutamente incrível. Com


paixão, determinação e iniciativa, é possível fazer
qualquer sonho acontecer. Mas, infelizmente, muitas
pessoas pensam de maneira diferente. Não deixe que
essas pessoas o desencorajem (PESCE, 2012, p.71).

Então, procure se conhecer, encontre novas oportunidades para a


sua vida, seja empreendedor dos seus sonhos, mude o rumo da sua
proissão, torne-se o capitão do seu barco e navegue nas águas da
satisfação.

Ideia x
oportunidade
FIGURA 9 - Síndrome da jaula pequena

Fonte: Grupo Anima Educação, (NEaD), 2015.

059
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

Você sofre da síndrome da jaula pequena? Não sabe o que é isso?


Conta-se a história de que um gorila vivia em um zoológico em uma
jaula de 6x6 metros e um dia ele foi colocado em um ambiente
maior. Um visitante observou que o animal, embora agora contasse
com um espaço maior, usufruía apenas de parte desse espaço,
vagando de um lado para o outro em um quadrado imaginário de
6 metros por 6 metros, como se continuasse na jaula pequena. O
gorila da nossa história ilustra bem o comportamento de algumas
pessoas que repetem sempre a mesma coisa mesmo diante de
desaios diferentes. Elas criam jaulas, obstáculos imaginários que
as impedem de criar. E aí? Agora você consegue responder se sofre
da síndrome da jaula pequena? Se a resposta for positiva, não se
desespere! Sempre é tempo de se desvincular das amarras que o
impedem de encontrar a criatividade.

A criatividade nos permite ter ideias. Quanto mais a desenvolvemos,


maior é a chance de criarmos. Muita gente se sente insegura
Dornelas
sugere que a
quando são solicitadas a terem ideias. O receio está em encontrar informação
um ponto de partida. Em resposta a esse temor, Dornelas sugere pode contribuir
que a informação pode contribuir para o processo criativo. Segundo para o processo
criativo.
ele:

novas ideias só surgem quando a mente da pessoa


está aberta para que isso ocorra, ou seja, quando está
preparada para experiências novas. Assim, qualquer
fonte de informação pode ser um ponto de partida
para novas ideias e identiicação de oportunidades de
mercado (DORNELAS, 2008, p. 41).

A atualidade nos fornece um leque de possibilidades quando o


assunto é informação. O empreendedor pode usar como fonte de
pesquisa: TV, internet, jornais, livros, revistas, participar de palestras,
feiras de negócio, congressos, conversas com especialistas da área
em que se pretende abrir um negócio, estar atento à mudança de
hábito da população, etc.

Saunders (1997) citado por Birley e Muzyca (2005, p.25) também


fornece sua contribuição, sugerindo três fontes de oportunidades:

060
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

“anúncios; agentes e busca de oportunidades; ou, aguardar


atentamente o surgimento de um negócio que você considere
adequado aos seus objetivos”. O autor também explica que as ideias
podem surgir das necessidades e desejos das pessoas, que podem
ser satisfeitas de diversas maneiras. David (2004, p. 31) concorda
com Saunders ao airmar que “o impulso para a ação que possibilita
aos empreendedores a busca do desenvolvimento, conhecimento
e inovação, constitui as necessidades humanas individuais, que
podem ser chamadas de desejos, aspirações, objetivos individuais
ou motivos”. Por isso, é imprescindível icar atento às necessidades
e desejos da sociedade, deles podem surgir boas ideias.

Outro aspecto a ser considerado, de acordo com Saunders (1997),


é um nicho de mercado não explorado pela empresa do seu chefe.
Você como empregado pode melhorar o que seu empregador
realiza, abordando o mesmo mercado sob uma outra vertente.
Em meio a
esse processo
De acordo com o mesmo autor, algumas técnicas podem ser úteis mental, podem
surgir ideias
como fonte de ideias: visualização e brainstorming. A técnica de
interessantes
visualização é explicada como um processo de sonhar acordado, para o
no qual o indivíduo deve procurar sonhar com seu próprio futuro, empreendedor.
visualizando o negócio que deseja. Em meio a esse processo
mental, podem surgir ideias interessantes para o empreendedor.

O brainstorming, muito usado no processo de gestão, também pode


ser uma fonte de ideias. Dornelas (2008) explica que o brainstorming,
cuja tradução literal é tempestade cerebral, é um método
desenvolvido em grupo. Nesse grupo, as pessoas são estimuladas
a falarem livremente a respeito de um tema, uma necessidade ou
qualquer outra questão. Ao falarem livremente, uma série de ideias
surge. Nesse momento, a criatividade não deve ser tolhida, isto é,
não se deve avaliar se a ideia é factível, real ou viável. Em seguida,
devem-se registrar aquelas ideias que pareceram mais coerentes,
para que possam ser analisadas. O brainstorming tem algumas
regras que devem ser obedecidas para que os resultados sejam
satisfatórios. Dornelas esclarece essas regras:

061
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

1. Ninguém pode criticar outras pessoas do grupo e todos


estão livres para expor as ideias que vierem à cabeça,
mesmo que aparentemente pareçam absurdas.

2. Quanto mais rodadas entre os participantes melhor, pois


serão geradas mais ideias. Sempre, em cada rodada, todos
os participantes devem dar uma ideia a respeito do tópico
em discussão.

3. Podem dar ideias baseadas em ideias anteriores de outras


pessoas. Essas combinações são bem-vindas e podem
gerar bons resultados.

4. A sessão deve ser divertida, sem que haja uma ou outra


pessoa dominando. Apenas deve ser garantido que todos
participem, sem restrições. (DORNELAS, 2008, p.42).

As fontes de informação, aliadas à técnica de brainstorming, podem ser

um bom caminho para aqueles que não se sentem tão inspirados a criar.

Mas, pergunto a você, caro aluno, no processo empreendedor basta ter

uma ideia? Quando o intuito é gerar um negócio, a resposta é não! Assim,

passada a fase divertida do brainstorming, a avaliação de uma ideia se

deve dar por um viés mais racional.

É necessário avaliar se a ideia pode se transformar em uma


oportunidade, que, por sua vez, é uma ideia com potencial lucrativo.

Portanto, a oportunidade, em termos práticos, pode ser deinida como “um

conceito negocial que, se transformado em um produto ou serviço tangível

oferecido por uma empresa, resultará em um lucro inanceiro” (BIRLEY;

MUZYKA, 2005, p.22).

062
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

De acordo com estudiosos como Timmons (1994) e Hisrich (1998),


citados por Dornelas (2008), o processo empreendedor tem seu
início a partir da identiicação de uma oportunidade. Em seguida, ela
deve ser planejada por meio de um plano de negócio. A terceira fase
é a determinação e busca por recursos que coloquem a empresa
no mercado e, por im, a última fase é o gerenciamento da empresa
criada. A igura a seguir, demonstra, resumidamente, o processo
empreendedor:

FIGURA 10 - O processo empreendedor

1
IDENTIFICAR E AVALIAR A OPORTUNIDADE DETERMINAR E CAPTAR OS
RECURSOS NECESSÁRIOS

3
• Criação e abrangência da oportunidade
• Valores percebidos e reais da oportunidade Recursos pessoais

• Oportunidade x habilidades e metas Recursos de amigos e parentes


pessoais Angels
• Situação dos competidores Capitalistas de risco
Bancos
Governo
DESENVOLVER O PLANO DE NEGÓCIOS
Incubadoras

2
1. Sumário executivo
2. O conceito de negócio
3. Equipe de gestão GERENCIAR A EMPRESA CRIADA

4
4. Mercado e competidores Estilo de gestão
5. Marketing e vendas Fatores críticos de sucesso
6. Estrutura e operação Identiicar problemas atuais e potenciais
7. Análise estratégica Implementar um sistema de controle
8. Plano inanceiro Proissionalizar a gestão
9. Anexos Entrar em novos mercados

Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014 Adaptado de DORNELAS, 2008, p.27.
Adaptado de Hisrich, 1998.

Ao observar a igura anterior, não é difícil concluir que a parte mais


difícil do processo empreendedor é a identiicação da oportunidade,
pois, se a avaliação da oportunidade não for bem realizada, todo
o restante do processo icará comprometido. De acordo com os
pesquisadores do relatório GEM (2012):

quando indivíduos são capazes de reconhecer


oportunidades de negócios e de perceber que
possuem capacidade para explorá-las, pode-se airmar
que se encontram presentes elementos fundamentais
para o florescimento de novos negócios, que irão

063
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

contribuir para o benefício de toda sociedade através


do desenvolvimento econômico e social do país, seja
com a criação de empregos, seja com o aumento da
riqueza e sua distribuição (GEM, 2012, p. 25).

A essa altura, você já compreendeu a importância de identiicar


oportunidades, mas deve estar se perguntando: como reconhecer
essas oportunidades? No intuito de responder a essa questão, o
tópico a seguir discute alguns critérios e métodos de avaliação de
oportunidade.

Critérios para análise


de oportunidades
Quando o assunto é avaliar uma oportunidade, não se pode
generalizar as condições ou tampouco fornecer uma receita pronta.
Contudo, alguns critérios devem ser levados em consideração.
Birley e Muzyca (2005) apontam alguns desses critérios. De acordo
com eles, uma boa oportunidade não está ligada necessariamente a
um baixo custo do produto e sim à criação de valor. Nesse contexto,
entende-se por criação de valor algo originado de um produto ou
serviço capaz de fortalecer a marca e a reputação da empresa, por
meio do seu diferencial.

Outro aspecto que deve ser considerado é que não basta vislumbrar
uma oportunidade, deve-se colocá-la em prática e nem todos fazem
isso. Segundo esses mesmos autores:

o lucro ica para aqueles que desejam mostrar


iniciativa e realmente exploram e não para aqueles que
somente pensam sobre uma oportunidade de negócio.
O pensamento criativo é maravilhoso, mas se não leva
à ação é somente um desperdício de energia (BIRLEY;
MUZYKA, 2005, p.23).

Também é comum que quanto mais complexa uma oportunidade,


maior a chance de falhas. Isso acontece porque, quando a
oportunidade é complexa, normalmente, ela ica dependente de uma

064
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

série de pessoas e processos que possam colocá-la em prática. Em


meio a tudo isso, o empreendedor se perde e desiste da oportunidade.

Birley e Muzyca (2005) também destacam que nem sempre as


oportunidades são encontradas em mercados emergentes ou muito
“badalados”, pois o excesso de empreendimentos nesses mercados
pode causar sua saturação. Muitas vezes é mais coerente encontrar
um nicho de mercado que ninguém percebeu. Por im, esses
autores comentam que as oportunidades não são necessariamente
resultado de invenções feitas pelo próprio empreendedor.

O empreendedor precisa buscar mão de obra especializada, centros


tecnológicos, parceiros e pessoas capacitadas que coloquem em
prática a sua ideia. Os empreendedores não precisam, portanto,
investir tempo e esforço como inventores.

Além dos critérios levantados por Birley e Muzyca (2005), Dornelas


(2005) argumenta que uma oportunidade deve ser avaliada a partir
dos seguintes questionamentos:

FIGURA 11 - Avaliação de Oportunidades

Qual mercado Qual retorno


Que equipe será necessária
ela atende? econômico ela trará?
para transformar a
oportunidade em negócio?
Quais são as vantagens
competitivas que ela
O empreendedor está
dará ao negócio?
realmente disposto e
comprometido com o negócio?

Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014.

Uma das primeiras reflexões diz respeito ao mercado que a


oportunidade virá a atender. É preciso veriicar se esse mercado

065
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

tem potencial de crescimento. É preciso também averiguar a força


dos competidores nesse mercado e a estrutura desse mercado.
Dornelas (2008) explica que a avaliação da estrutura de mercado
diz respeito à análise das seguintes características:

o número de competidores; o alcance (capilaridade)


dos canais de distribuição desses mesmos
competidores; os tipos de produtos e serviços que se
encontram no mercado; o potencial de compradores
(número de clientes potenciais e quanto consomem,
com que periodicidade, onde costumam comprar,
quando e como); as políticas de preços concorrentes,
etc. (DORNELAS, 2008, p.46).

No que diz respeito à análise econômica e inanceira, é necessário


avaliar o retorno inanceiro que essa oportunidade pode trazer. Para
fazer essa análise, Dornelas (2008) comenta que é útil usar como
referência o retorno oferecido pelo mercado inanceiro. Então, é
O ponto de
importante perguntar se o retorno inanceiro que a oportunidade equilíbrio indica
trará será superior ao retorno do mercado inanceiro e se vale o momento em
que a empresa
a pena correr o risco por ela. Nesse sentido, conceitos como
não está tendo
ponto de equilíbrio, fluxo de caixa e payback são importantes para lucro e nem
tomadas de decisão. O ponto de equilíbrio indica o momento em prejuízo.
que a empresa não está tendo lucro e nem prejuízo. Já o fluxo de
caixa, de acordo com Wildauer, “relaciona entradas, saídas e saldo
assinalados de acordo com a linha de tempo (cronograma) de um
projeto, com início no instante de tempo igual a zero” (WILDAUER,
2010, p.26). Quanto ao payback, ele indica para o empreendedor o
prazo de retorno do investimento.

Em relação às vantagens competitivas, o empreendedor deve


avaliar se a oportunidade traz consigo realmente um diferencial
ainda não trabalhado no mercado e, mais do que isso, deve-se
avaliar se esse diferencial é difícil de ser copiado.

A análise da equipe que vai gerir o negócio também é um critério


importante na análise de oportunidade. A esse respeito, o autor
explica que:

066
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

de nada adianta identiicar uma oportunidade, criar um


protótipo de um produto, o mercado ser espetacular e
promissor, o empreendedor ter desenvolvido um bom
plano de negócios, se ele e sua equipe não estiverem à
altura do negócio que está sendo criado. A experiência
prévia no ramo conta muito, pois pode evitar muitos
erros e gastos desnecessários, bem como agregar um
conhecimento singular ao negócio (DORNELAS, 2008,
p.49).

Por im, é preciso averiguar se você realmente está disposto a


empreender e arcar com todas as diiculdades inerentes a essa
prática. Faça uma autoavaliação, veja se você tem todas as
características necessárias para empreender. Se não as tiver,
procure desenvolvê-las antes de se aventurar a abrir um negócio.
Além disso, veja se você tem conhecimento e identiicação com
o negócio com o qual pretende atuar. Dornelas (2008) chama a
atenção para essa reflexão e ressalta que o empreendedor deve
estar disposto a abandonar o emprego atual e todos os direitos
trabalhistas, assim como icar sem receber uma remuneração
adequada por um período, e ser capaz de dispor de bens pessoais
em função do negócio. É preciso também veriicar se a família o
apoia e se está disposto a trabalhar mais do que 10 horas. Enim, é
preciso que o empreendedor esteja consciente de todos os riscos e
obstáculos que terá que enfrentar.

Além da avaliação dos critérios anteriores, Dornelas (2008)


indica o uso de um roteiro denominado 3Ms para seleção de
boas oportunidades. Esse roteiro parte de um checklist que visa
responder algumas questões críticas. Essas questões, se bem
respondidas, podem ser úteis na escolha de ideias com potencial
de oportunidade. As questões desse método são agrupadas em
três aspectos relacionados a: demanda de mercado, tamanho e
estrutura do mercado e análise de margem. A igura a seguir ilustra
os 3Ms envolvidos nessa técnica.

067
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

FIGURA 12 – 3Ms

Demanda do Tamanho da
Mercado estrutura do
Mercado

Análise de
Margem

Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD),


Ănima, 2014. Adaptado de DORNELAS, 2009, p.93.

Na análise do primeiro aspecto, demanda de mercado, o


empreendedor deve se preocupar em identiicar: o público-alvo; o
ciclo de vida do produto; os canais de acesso aos clientes; o valor
agregado da empresa; o potencial de crescimento do mercado
onde a empresa estará inserida; e o tempo de recuperação do
investimento realizado para captação do cliente. No que diz respeito
ao tamanho e estrutura do mercado, a preocupação deve estar
relacionada a saber: se o mercado é emergente e/ou fragmentado;
se há barreiras de entrada e se está preparado para transpô-las; se o
número de concorrentes no mercado é elevado e se eles controlam
a propriedade intelectual; em que fase do ciclo de vida o produto se
encontra. É importante também identiicar o tamanho do mercado
em termos monetários e conhecer a estruturação do setor no que
se refere a fornecedores, compradores, competidores e substitutos.
Quanto à análise de margem, deve-se, de acordo com Dornelas
(2008), identiicar as forças do negócio, as possibilidades de lucro, o
ponto de equilíbrio, os custos e a cadeia de valor do negócio.

Por im, cabe ressaltar que é importante o empreendedor ter


ciência de que existem diversos tipos de oportunidades. É lugar
comum acreditar que as oportunidades são frutos de invenções

068
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

tecnológicas. Birley e Muzyca (2005) destacam que, na verdade,


esse tipo de oportunidade costuma ser exceção e não a regra. Ao
refletir sobre isso, podemos dizer que a maioria das oportunidades
são oriundas de ideias simples, em outras palavras, você não precisa
ser um grande inventor para encontrar uma boa oportunidade.

Birley e Muzyca citam os tipos de oportunidades mais comuns.


Segundo eles, há oportunidades de risco, cujo potencial é elevado;
há também o contrário, isto é, oportunidades com riscos e retornos
menores. Os autores destacam que as melhores oportunidades
não se limitam a essa relação de risco/retorno.

Os empreendedores quando trabalham a oportunidade focam


em seus próprios objetivos, o retorno se torna um fruto do seu
sucesso. Assim, Birley e Muzyca (2005) destacam um outro tipo de
oportunidade, chamada por eles de oportunidades de estilo de vida.
Os autores
Nesse tipo de negócio, o empreendedor está muito mais interessado destacam que
na qualidade de vida que terá com o desenvolvimento do negócio as melhores
oportunidades
do que propriamente com o lucro que ele trará. Em outras palavras,
não se limitam a
o empreendedor ao buscar esse tipo de oportunidade abre mão de essa relação de
um lucro maior, para, por exemplo, ter mais tempo para usufruir risco/retorno.
com a família.

Seja qual for o tipo de oportunidade que o empreendedor esteja


buscando, é importante que ele saiba mapeá-la dentre as várias
ideias obtidas. Todos os recursos aqui apresentados podem ajudar
o empreendedor a selecionar as melhores oportunidades. No
entanto, cabe ainda uma discussão a respeito das possibilidades
de oportunidades existentes em outro cenário: o ambiente virtual.
No texto temático denominado “Oportunidades.com” que se
encontra na estrutura didática desta Unidade 3, você poderá ter
conhecimento a respeito dos principais tipos de oportunidades de
negócios realizados na internet.

069
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

NOVOS EMPREENDEDORES DEVEM AVALIAR OPORTUNIDADE DE TER O

PRÓPRIO NEGÓCIO

Cerca de 53% dos brasileiros com até 30 anos têm o sonho de abandonar a

vida de empregado e montar o próprio negócio. No Brasil são criados mais

de 1,2 milhão de empreendimentos formais a cada ano e por pessoas de

todas as idades. Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas

e empreendedores individuais (MEI). No entanto, não é nada fácil tomar

coragem e abandonar a segurança do emprego formal.

Em Porto Alegre, a gerente de loja, Patrícia Pilger começou em uma loja de

móveis como caixa. Depois de cinco anos, já cansada da função, ela pediu

ao chefe uma nova oportunidade. Foi para área de logística. Passaram-

se dois anos e mais uma vez teve coragem de lutar por uma promoção.

Agora é gerente de quatro lojas. “Eu faço um trabalho de coaching, que é

para aprender a aprofundar mais o trabalho de gerenciamento de lojas e de

pessoas. Eu sugeri esse cargo, que até então não existia”, conta Patrícia.

Ter atitude e propor mudanças pode ser a solução para melhorar um

problema que incomoda a maioria dos trabalhadores. Segundo um estudo

feito este ano com mais de três mil funcionários de 31 países, 57% das

mulheres e 59% dos homens estavam insatisfeitos com o trabalho. Os

principais motivos eram falta de oportunidade de crescimento e falta de

um plano de carreira.

Quando o proissional decide sair do emprego, 31% dos homens e 12% das

mulheres querem virar empreendedores. Foi o que aconteceu com a Lis

Nunes, uma jornalista de Maceió.

A rotina era em uma redação de jornal... Horário ixo, reportagens... Mas

a jornalista resolveu mudar radicalmente e abriu uma loja de esmaltes. O

investimento não foi pequeno, cerca de R$ 100 mil. Mas a Lis pesquisou

bastante e não se arrepende. Inclusive o negócio está se expandindo para

outros estados! “É. E a coragem de empreender que em oito meses de

loja, nós já tomamos uma proporção muito maior. E daqui a dois meses,

teremos duas franquias no país: uma em Sergipe e outra no Rio de

070
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

Janeiro”, conta Lis.

Segundo a consultora do Sebrae, Mônica Arruda, “é muito importante que

o empreendedor invista sempre em conhecimento, porque a partir do

conhecimento você tem informações sobre o seu mercado, você consegue

entender o ramo de atividade, entender melhor o funcionamento do próprio

negócio... E principalmente, conhecer internamente seus números e as

suas necessidades internas para o mercado”.


Fonte: NOVOS empreendedores devem avaliar oportunidade de ter o próprio
negócio. 29 out. 2012. In: Site “Jornal Hoje”. Disponível em: <g1.globo.com/jornal-
hoje/noticia/2012/10/novos-empreendedores-devem-avaliar-oportunidade-de-ter-
o-proprio-negocio.html>. Acesso em: 24 nov. 2014.

Revisão
Nesta unidade, começamos refletindo sobre vontades e
sonhos, mencionando exemplos de pessoas que a partir do
autoconhecimento identiicaram novas oportunidades, associando
o prazer e o trabalho. Em seguida, procuramos traçar a diferença
entre ideia e oportunidade. Vimos que as ideias atuam no campo
livre do pensamento, isto é, podemos ter uma série delas, sem
muito compromisso com sua validade. Já a oportunidade, é uma
ideia que tem potencial de retorno inanceiro e que, por isso, sua
viabilidade deve ser testada. Assim, os critérios para teste também
foram investigados. Ao avaliar uma oportunidade, o empreendedor
deve se questionar: qual mercado ela atende? Qual retorno
econômico ela trará? Quais são as vantagens competitivas que ela
dará ao negócio? Dentre outras reflexões. A unidade também deixa
uma pergunta para você: os modelos de negócio via WEB podem se
constituir como grandes oportunidades para o empreendedor? Esse
é o convite para que você leia o texto temático “Oportunidades.com”
da estrutura didática, onde discutimos esse aspecto, de modo que
você possa tirar suas próprias conclusões.

071
unidade 3
EMPREENDEDORISMO

Livro:

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito

empreendedor. Empreendedorismo e viabilização de novas empresas - Um

guia eiciente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 3 ed. São Paulo:

Saraiva, 2009.

Este livro tem um foco mais técnico, destinado para aqueles cujo desejo é

abrir um negócio. Ele traz exemplos de empresas e de soluções criativas.

Site:

Site do Instituto Endeavor: www.endeavor.org.br. Endeavor é

uma organização internacional e representa um grande apoio a

empreendedorismo e empreendedores. Neste site, você poderá ter acesso

a uma biblioteca digital com obras que vão de conteúdo inspirador a

conteúdo técnico.

E-book:

ENDEAVOR. 5 conselhos para se tornar um empreendedor de alto impacto.

Disponível em: <http://info.endeavor.org.br/ebook-conselhos-empreendedor-

alto-impacto>. Este e-book discute as características comuns entre grandes

casos de sucesso e dá dicas essenciais encontradas no estudo feito com 55

empreendedores em 11 países para quem quer criar seu próprio negócio de

alto crescimento.

072
unidade 3
Metodologias
empreendedoras
Introdução

Vocês puderam ver nas unidades anteriores as deinições de


empreendedorismo e as características dos empreendedores.
Estudaram também sobre inovação, bem como as formas de
aproveitar as oportunidades. Agora é o momento de aplicar esse
conhecimento utilizando os instrumentos que o empreendedor tem
à sua disposição para desenvolver uma ideia, validá-la nos vários
aspectos do ambiente de negócio e planejá-la de forma a possibilitar
a sua realização.

Atualmente, falar em inovação virou “lugar comum”, isto é, todos nós


buscamos por novidades, procuramos gerar inovações em nossas • Design thinking
vidas. Isso acontece desde a busca de um novo aparelho de celular • Modelo de
negócio canvas
para nos comunicarmos e ter acesso às informações, até na busca
por novos processos de trabalho – “novos jeitos de fazer as coisas”. • Estrutura do
plano de negócio
E, porque não, buscamos continuamente melhorar as nossas vidas,
• Análise de
nosso jeito de ser, aprendendo com os erros e evoluindo, inovando-
mercado
nos. Estamos invadidos por uma onda de inovação.
• Revisão

Mas nem sempre conseguimos alcançar nossos objetivos de


inovação, não é mesmo? Qual foi a última grande novidade na sua
vida? Ou simplesmente, quando é que aconteceu alguma coisa
nova na sua vida

Bem, nas organizações empresariais pode acontecer o mesmo. Até


em maior proporção. Muito mais que as pessoas, as organizações
precisam inovar, renovar, criar novas maneiras de ser e fazer “as
coisas”.
Mas e o empreendedor? Pois é, imagine o empreendedor que deseja
implantar um novo negócio. Ele, então, precisa mesmo ser inovador.
No mercado dinâmico, sobrevive aquele que sabe se refazer a cada
instante e aquele que desenvolve um produto, ou serviço que seja
diferente do já existente. Essa é uma das características do novo
empreendedor (observe como estamos utilizando as expressões
“novo” e inovador a todo instante).

É curioso como não observamos coisas simples da vida. O


tempo é uma delas, constituído de três momentos que convivem
eternamente. Temos sempre o que era, o que é, e o que será:
passado, presente e futuro. E entre os tempos, a transição, o período
de mudança. O que signiica que nada é deinitivo.

É sobre isso que trata esse módulo. Vamos falar de tecnologias que
apoiam os empreendedores nesse movimento de criação. Vamos
tratar do Design Thinking, do Business Model Generation - Canvas – e
do Plano de Negócio. Essas são as principais tecnologias utilizadas
por empreendedores para pensar e colocar “no papel” suas ideias,
seus sonhos, seus planos para o futuro.

O nome Design Thinking surgiu a partir da empresa IDEO (pronuncia-


se “eye-dee-oh”) – www.ideo.com -, fundada em 1991 pelo americano
Tim Brown. Nas palavras do fundador:

Eu fui treinado como um design industrial, mas por


muito tempo iquei tentando compreender a diferença
entre ser um design e pensar como um design [...] Um
dia eu estava num chat com meu amigo David Kelley,
professor em Stanford e fundador da IDEO, e ele me
contava que toda vez que alguém perguntava a ele
sobre design, ele inseria por conta própria a palavra
“thinking” para explicar o que os designers fazem. O
termo “design thinking” pegou. Eu agora uso esse termo
como forma de descrição dos princípios de solução de
problemas. (BROWN, 2009, p. 4). (tradução nossa)

Como diz Tim Brown, ao contar a origem da expressão, Design


Thinking é um conjunto de princípios para solução de problemas.
Isto através da geração de soluções e, consequentemente, geração
de ideias.

Essa metodologia é constituída por quatro etapas: Imersão, Análise


e Síntese, Ideação e Prototipação. Falaremos dessa metodologia
em profundidade um pouco mais à frente.

O Business Model Generation – CANVAS – na tradução para o


português, quer dizer um modelo de análise da geração de um
negócio. Ele é muito utilizado na fase de criação, geração ou
validação de uma ideia de negócio. Só de imaginar que há um
modelo para pensar o negócio já é uma grande inovação na área
do empreendedorismo. Mas ele não é só um modelo, é também
um novo jeito de pensar o negócio. Normalmente, o negócio,
quando pensado por um empreendedor, é pensado isoladamente,
solitariamente, guardado a sete chaves. Já no CANVAS, busca-se o
pensamento de forma coletiva, isto é, entre várias pessoas. É uma
atividade coletiva e, sinceramente, não estamos acostumados
a pensar dessa forma. Por isso, você vai perceber isso, ele é uma
grande inovação na área do empreendedorismo.

O Plano de Negócio, como vamos ver aqui, é muito utilizado para


tornar as ideias tangíveis. Sua origem não pode ser precisada,
isto é, deinida exatamente. Sabe-se que começou a ser utilizado
nos Estados Unidos como um conjunto de informações exigidas
por organizações inanciadoras de negócios. A intenção era ter
mais certeza sobre a aplicação que fariam de seus recursos. De
certa forma, é essa a maior aplicação do Plano de Negócio até os
nossos dias. Isto signiica que as ideias icarão compreensíveis,
serão entendidas com facilidade por investidores ou por qualquer
pessoa que tenha contato com o plano. Podemos dizer que todos
os negócios precisam ser pensados, planejados, tangíveis e viáveis.
Isso tudo está presente no Plano de Negócio. Nessa unidade vamos
ver como isso acontece.
Para facilitar nossos estudos, iremos trabalhar em subtópicos,
abordando três metodologias utilizadas por empreendedores.
Cada uma delas com um propósito, não excludentes, mas
complementares.

A primeira tratará do Design Thinking, utilizada no empreendedorismo


para a geração de soluções de problemas ou geração de ideias.

A segunda é o Modelo Canvas, utilizada no empreendedorismo para


criar e avaliar uma ideia, mapeando seus caminhos críticos.

A terceira é o Plano de Negócio, metodologia utilizada para


apresentar as ideias aos investidores ou à base sobre a qual será
construída a ideia empreendedora.

Como você pode observar, aquele que deseja tornar realidade uma
ideia não está sozinho, e sim amparado por métodos de trabalho.
Esses métodos objetivam reduzir a margem de erro e aumentar
as chances de uma ideia ter sucesso quando deixar de ser
planejamento, transformando-se em realidade.

Bom proveito em sua aprendizagem!


EMPREENDEDORISMO

Design
Thinking
Como mencionado na introdução, o método do Design Thinking
é utilizado para gerar ideias que solucionem problemas – gerar
soluções que são ideias. Podemos dizer que é uma evolução de uma
outra metodologia para geração de ideias, chamada brainstorming,
só que com uma grande evolução.

As duas metodologias são realizadas em grupo. No brainstorming,


cada membro do grupo, uma vez deinido o problema, dá a sua ideia
que vai sendo anotada por um outro participante. Ao inal, eliminam-
se as ideias que não parecem ser factíveis (realizáveis) e escolhe-se
uma das outras. Essa técnica é muito utilizada no meio publicitário
para escolha de nome de produtos ou ideias de campanha.

Já no Design Thinking, dado o problema, o grupo procura estudar


as possibilidades de solução. Dependendo da situação, há o
envolvimento do cliente ou usuário inal, numa aproximação da
empresa com seu público. O fato é que há um estudo sobre o
problema e seu contexto. Essa fase é denominada IMERSÃO.

A Imersão está dividida em duas etapas: Preliminar e em


Profundidade. A primeira tem como objetivo o reenquadramento e
o entendimento inicial do problema, enquanto a segunda destina-se
à identiicação de necessidades e oportunidades que irão nortear
a geração de soluções na fase seguinte do projeto, a de Ideação.
(VIANNA, 2012, p. 22)

A imersão preliminar tem o objetivo de deinir as várias faces do


projeto e seus limites – o escopo do projeto – e identiicar os “peris
dos usuários e atores-chave que deverão ser abordados”. (VIANNA,
2012, p. 22). A etapa de Imersão em Profundidade “inicia-se com
a elaboração de um Plano de Pesquisa, incluindo protocolos de
pesquisa primária, listagem de peris de usuários e atores-chave

078
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

para recrutamento e mapeamento dos contextos que serão


estudados” (VIANNA, 2012, p. 23).

Ao inal dessas duas fases, pretende-se alcançar informações


seguras sobre as tendências de mercado sobre as quais a empresa
atua ou atuará. Essas informações estarão contidas em cartões ou
documentos que serão utilizados na fase seguinte.

Chamo a atenção que todo esse processo é realizado de forma


coletiva e participativa. O empreendedor deve convidar pessoas de
sua coniança para participar junto com ele desses levantamentos
a respeito do seu problema.

Depois de passar pelas fases anteriores de nosso curso, você descobre


Chamo a
que tem uma habilidade enorme para lidar com pessoas, para fazer atenção que
negociações, para vender produtos/serviços/ideias. Fica claro que todo esse
processo é
você é muito bom nessas duas habilidades. Entretanto, você não sabe
realizado de
exatamente qual o negócio que melhor lhe atenderia nessa sua habilidade. forma coletiva
Ainal, são tantas as possibilidades. Então o seu “grupo de trabalho” irá e participativa.
ajudá-lo a pesquisar sobre as possibilidades de aproveitamento dessas

suas habilidades, conhecendo a fundo como funcionam as características

de negócios e atividades, as várias formas de atuação possíveis e tudo o

mais que utilize essa sua habilidade. Alguns irão entrevistar comerciantes

(que naturalmente fazem isso no dia a dia), outros irão buscar informações

na internet, e assim por diante. A próxima etapa é a ANÁLISE E SÍNTESE.

Terminada a IMERSÃO, é hora de fazer a análise dos dados e a síntese,

isto é, organizar o material pesquisado para que ele possa ser utilizado por

todos. Você poderá organizar em ichas, por exemplo. Aqui já se analisa

com mais profundidade os dados coletados, veriicando se não falta

informações, se está completa a pesquisa realizada pelo grupo.

Ao inal, o grupo deve sentir que dá para seguir com segurança para
a próxima etapa.

079
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

A próxima etapa é a IDEAÇÃO.

Essa fase tem início com um brainstorming – como dissemos, uma


das técnicas mais utilizadas para a geração de ideias.

Brainstorming é uma técnica para estimular a geração


de um grande número de ideias em um curto espaço de
tempo. Geralmente realizado em grupo, é um processo
conduzido por um moderador, responsável por deixar
os participantes à vontade e estimular a criatividade
sem deixar que o grupo perca o foco. (VIANNA, 2012,
p. 101)

Essas ideias podem ser colocadas num quadro e vão sendo


observadas e analisadas por cada um dos participantes do grupo.
As discussões são permitidas e o grupo irá, naturalmente, iltrando
as ideias, selecionando aquelas que têm mais possibilidade de A seguir vem a
acontecer. etapa inal do
Design Thinking,
denominada
Chamo a atenção para um fato importante. Existem grupos que, PROTOTIPAÇÃO.
para diferenciarem as ideias, decidem que, ao inal, deverá existir
um certo número de ideias possíveis. Estas deverão ter níveis
diferentes de possibilidades de acontecerem. Por exemplo, haverá
uma ou duas ideias bem possíveis de acontecer – chamadas de
“essenciais”; uma ou duas ideias mais improváveis – chamadas de
“desejáveis”; e uma ou duas ideias improváveis de acontecerem –
chamadas de “fora da caixa”. Essas ideias devem ser soluções para
o problema proposto. No nosso exemplo devem aproveitar a sua
habilidade de relacionamento e negociação.

A seguir vem a etapa inal do Design Thinking, denominada


PROTOTIPAÇÃO.

Na prototipação, segundo Vianna (2012) é realizada a “tangibilização


de uma ideia, a passagem do abstrato para o físico de forma a
representar a realidade – mesmo que simpliicada – e propiciar

080
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

validações. É um instrumento de aprendizagem”. Essa etapa dá


forma à ideia. É a hora de colocar a “mão na massa”, literalmente.

Vianna explica o motivo da prototipação:

Há várias maneiras de prototipar: utilizando papel, isopor, jogos de


Lego, encenação, papelão. O importante é que o grupo veja a ideia.

Protótipos reduzem as incertezas do projeto, pois são


uma forma ágil de abandonar alternativas que não são
bem recebidas e, portanto, auxiliam na identiicação
de uma solução inal mais assertiva. O processo de
Prototipação inicia-se com a formulação de questões
que precisam ser respondidas a respeito das soluções
idealizadas. A partir disso, então, são criados modelos
que representem o aspecto em aberto e que viabilizem
o teste. (VIANNA, 2012, p. 124)

No nosso exemplo, o seu grupo fará a prototipagem da ideia que


permitiria melhor a aplicação de suas habilidades (negociação e
vendas de produto/serviço/ideias); aquela que fez você se sentir
bem. Agora é hora de ver essa ideia funcionando e analisar se
você estará feliz e satisfeito com o resultado. Se isso acontecer,
termina aqui a utilização do Design Thinking e você terá uma
ideia para ser trabalhada pelos nossos próximos instrumentos, o
CANVAS e o PLANO DE NEGÓCIO. Se isso não acontecer, o grupo
continua trabalhando nas outras ideias, até encontrar aquela que
mais chance tem de fazer você se sentir bem. Veja a seguir a visão
gráica das etapas do Design Thinking.

FIGURA 13 – Etapas do Design Thinking

Fonte: http://www.uniempre.org.br/user-iles/images/
designthinking_640x571.jpg. Acesso em: 17/06/2015.

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unidade 4
EMPREENDEDORISMO

FIGURA 14 – Evolução do Processo de Design Thinking

Fonte: http://engenhariacotidiana.com/?attachment_id=1954. Acesso em: 17/06/2015.

Modelo de
negócio Canvas
Um grande mistério da atividade empreendedora é sobre como
surgem as ideias e quando elas se tornam realidade. Há ideias
que levam anos para serem pensadas e percebemos isso quando
dizemos: “por que não pensei nisso antes?” Não é assim que
acontece?

Para facilitar a geração de ideias existem diversas formas. Imagine


você querendo escrever um poema de amor. Como você faria?
Provavelmente, abriria a tela do seu celular e veria a foto da pessoa
que você ama, e se concentraria pensando nas qualidades que essa
pessoa tem, e o que ela signiica para você.

E se você estiver pensando em criar um negócio, como faria? Seria


diferente, claro. Bem, para criar um negócio, atualmente, utiliza-
se uma nova ferramenta: Business Model Generation – conhecida
como CANVAS. Traduzindo ao pé da letra: Modelo de Geração de
Negócios. Canvas é uma palavra em inglês que signiica tela. Então,
temos que esse modelo de geração de negócios utiliza uma tela ou
um quadro, se você preferir, como instrumento. E você verá na igura
do CANVAS, um pouco mais à frente, que é mesmo uma tela. Mas

082
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

não é só o desenho do modelo que é uma tela, você terá também de


construir uma. Vamos ver como construí-la logo a seguir, na hora de
praticar.

Qual a diferença entre o Design Thinking e o Canvas? Neste você já trabalha

uma ideia deinida por aqueles que já utilizaram o Design Thinking. Para

os que não utilizaram o Design Thinking, o Canvas também pode ajudar na

geração de novas ideias. Mas o seu objetivo é tornar as ideias mais visíveis

do ponto de vista da sua implementação. Sob esse aspecto, o CANVAS

aprofunda a validação da ideia. Vejamos o porquê.

Daqui para frente, vamos chamar esse modelo somente de CANVAS,


para que você possa guardar bem esse nome, se é que já não o
memorizou. O CANVAS foi criado por Alexander Osterwalder, em
2004, quando defendeu a sua tese de doutorado na Universidade
CANVAS é
de Lousanne, na Suíça. Em 2009, através de uma rede de 470 acessível
colaboradores e junto com Yver Pgneur, Ostewalder publicou o livro a qualquer
Business Model Generation. O livro virou um sucesso mundial e é empreendedor.
muito utilizado por empreendedores na área da internet, ganhando
espaço cada vez maior entre todos os tipos de empreendedores.
Dada a sua simplicidade, o CANVAS é acessível a qualquer
empreendedor e é uma ferramenta muito útil na fase de elaboração
da ideia de negócios. Vamos conhecê-lo agora.

Objetivos do Canvas
Na introdução de seu livro, Osterwalder diz que, quando estamos
falando de um novo modelo de negócio:

“precisamos de um conceito de Modelo de Negócios


que todos compreendam: de fácil descrição, que
facilite a discussão. Precisamos começar todos do
mesmo ponto e falar sobre a mesma coisa. O desaio
é que esse conceito deve ser simples, relevante e
intuitivamente compreensível, ao mesmo tempo
em que não simpliique demais a complexidade do
funcionamento de uma empresa” (OSTERWALDER,
2011, p. 15).

083
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Portanto, o objetivo do modelo é facilitar a descrição e a discussão


de um negócio. No nosso caso, entendemos negócio de forma
ampla, substituindo o seu conceito por empreendimento ou ideia a
ser empreendida, em qualquer campo, não somente no empresarial.
Então, utilizando o modelo, o empreendedor poderá, de modo fácil,
compreender o seu negócio, visualizá-lo. O CANVAS veio para facilitar
a inovação nos negócios, uma vez que o modelo permite e desaia
a inovação. O modelo foi criado para gerar ideias inovadoras, mas
também propiciar o amadurecimento delas através de uma ação
coletiva. Essa é a grande atualização que traz o modelo em relação
a outros, inclusive o Plano de Negócio (sobre o qual falaremos à
frente): ele é trabalhado de forma coletiva.

Estrutura do Canvas
A rede CANVAS funciona da seguinte forma: ela tem nove
componentes, como se fossem espaços que você deve preencher.
O CANVAS veio
Estes estão desenhados ou dispostos no Quadro em Branco do para facilitar a
Modelo de Negócios. inovação nos
negócios.
Para cada um desses componentes existem perguntas básicas que
você deve procurar responder.

Os nove componentes e as perguntas básicas estão a seguir:

1. Segmentos de clientes – um empreendimento nasce


para atender a um ou a diversos clientes. Que clientes
sua empresa quer atingir? Eles são diferentes ou têm a
mesma característica (renda, grau de instrução, local onde
moram, idade, gênero)? Quais são as necessidades deles?
O que eles estão procurando? Exemplo: a Fundação Sara
(www.fundacaosara.org.br) atende famílias carentes de
recursos inanceiros. Aquelas pessoas que usam seus
serviços formam um público especíico. Assim como uma
loja da Ferrari (www.saopaolo.ferraridealers.com) atende a
pessoas com alto poder aquisitivo.

084
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

2. Proposta de valor – as pessoas só dão valor àquilo que


resolvem seus problemas e satisfazem suas necessidades,
essa é a proposta de valor, uma solução. Quais benefícios
sua empresa oferecerá aos clientes? Será um serviço ou
um produto? Quais as características dessa solução?
Exemplo: um seguro de automóveis tem como principal
valor oferecer segurança a quem o adquire. Mas não é só
segurança, pode oferecer também comodidade, como
uma rede de assistência técnica para revisões periódicas a
preços mais econômicos.

3. Canais – você precisa levar a seus clientes o seu produto


ou serviço. Eles precisam acessá-lo, conhecê-lo. Como a
sua empresa fará a comunicação com os clientes? Como o
serviço ou produto será entregue ao cliente? Como o cliente
saberá da sua proposta de valor? Exemplo: seu serviço ou
produto poderá ser acessado pela internet, mas também
poderá ser encontrado em uma loja física, situada num
bairro ou dentro de um centro comercial.

4. Relacionamento com o cliente – será necessário


estabelecer relacionamentos com os clientes e também
mantê-los ao longo do tempo. Que tipo de relacionamentos
sua empresa estabelecerá? Quais meios utilizará para
manter esse relacionamento? Exemplo: para construir
um relacionamento, sempre a longo prazo, você precisará
de um programa de idelização, incentivando o cliente a
fazer mais compras ou utilizar seus serviços. “Se o cliente
almoçar dez vezes em seu restaurante, ganhará uma
refeição grátis” é uma prática comum.

5. Fonte de receitas – se você oferece uma proposta de valor


(veja a deinição no item 2), os clientes estarão dispostos a
remunerar por ela. Quais são as fontes de receitas? Como
o cliente remunerará o serviço ou produto? Quais serão as
condições de pagamento? Exemplo: seus clientes podem
necessitar pagar a prazo, dividir em parcelas, dependendo

085
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

do valor do seu serviço ou produto. Então suas receitas


virão ao longo do tempo e não toda de uma vez, o que
acontece quando o pagamento é feito à vista.

6. Recursos-chave – Existe sempre um recurso que não pode


faltar para que o seu empreendimento alcance o sucesso.
Quais são os recursos-chave de seu negócio? Quais são
os mais relevantes para que o negócio funcione bem?
Exemplo: os recursos inanceiros são sempre chave para
a maioria das organizações, mas para outras pode ser a
tecnologia, para outras, a estrutura de transporte. Mas
lembre-se de que estamos falando no plural, “recursos”.

7. Atividades-chave – são aquelas atividades que, se não


são realizadas, trarão prejuízos à operação ou à imagem
da empresa na “produção” ou entrega do valor. Quais as
atividades mais importantes da empresa? Quais devem ser
feitas para que o modelo de negócio dê certo? Um exemplo:
se você desejar criar uma atividade de ajuda humanitária,
a atividade de captação de recursos é uma das atividades-
chave. Assim como a tecnologia de vendas online não pode
faltar àqueles que atuam no comércio eletrônico.

8. Parcerias-chave – uma empresa não vive sozinha, precisa


de fornecedores, aliados, parceiros na realização de seus
objetivos e na entrega de valor. Quais são os fornecedores e
parceiros necessários à entrega de valor pela empresa? Em
que atividade da empresa eles estarão presentes? O que
fornecerão? Exemplos: voltando ao exemplo da Fundação
Sara, anteriormente citada. Ela precisa desenvolver
parcerias com hospitais, clínicas especializadas, governos
municipal, estadual e federal. Se assim não ocorrer, ela não
conseguirá realizar o atendimento a que se propõe.

9. Estrutura de custos – as empresas têm um custo


inanceiro para sua manutenção: a sua estrutura de custos.
Quais são os custos (despesas, investimentos, gastos)
que a empresa necessitará para entregar a proposta de

086
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

valor ao cliente/mercado? Como se divide/classiica essa


estrutura? Exemplo: há empreendimentos que trabalham
com matérias-primas ou recursos que são de custo mais
elevado, por seu caráter tecnológico ou por sua pouca
disponibilidade no mercado. É o caso da divisão de produtos
para a saúde da Philips (http://www.philips.com.br/
healthcare). Isso eleva a sua estrutura de custos em função
dos investimentos que deve fazer em pesquisa cientíica, e
também por atuar em um mercado especializado.

Agora que você já conhece a estrutura do CANVAS, de forma


conceitual, apresentamos o quadro CANVAS. Você pode ver a igura
do modelo CANVAS pronta para ser utilizada na elaboração de sua
ideia.

FIGURA 15 – Modelo CANVAS

Fonte: [MODELO Canvas].

087
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Como aplicar o Canvas

A grande “mágica” ou diferença do modelo CANVAS é que você vai


dando forma, desenhando o seu negócio à medida que o quadro vai
sendo preenchido e, assim, você visualiza o seu negócio. Isso pode
ser feito sozinho ou em grupo.

• Sozinho: você imprime o quadro e começa a responder às


perguntas de cada uma das partes. Quanto mais perguntas
você incluir e responder, mais claro o negócio vai icando.

• Em grupo: você convida outras pessoas para participarem


da montagem do quadro. Nesse caso, o quadro pode ser
desenhado em folhas grandes e cada pessoa, quando tiver
uma resposta, cola essa resposta no quadro (via post-it), ou
escreve a resposta no quadro. Dessa segunda forma você
consegue abordagens diferentes para o negócio.

Se decidir fazer em grupo, é necessário, então, que você identiique


pessoas que aceitem seu convite para participar de uma sessão
CANVAS e discutir com você a sua ideia, trazendo contribuições
no desenvolvimento de seu negócio. Procure encontrar pessoas
que compreendam seu objetivo e tenha a real intenção de ajudá-
lo. Não há um número mínimo de pessoas, mas seria bom limitar
o número máximo de pessoas a participarem dessa atividade. É
recomendável que não seja superior a sete pessoas.

Antes de iniciar a atividade do CANVAS, explique bem para as


pessoas o objetivo e o modo como será realizado o encontro.
Deixe as pessoas à vontade, faça em um ambiente agradável e
confortável.

Se você tiver recursos inanceiros disponíveis, pode ser que valha


a pena convidar alguém com experiência no método – outro
empresário que já executou a atividade, um consultor de empresas
especializado no design de negócios.

088
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Antes de irmos para a outra metodologia empreendedora, ica o


desaio de aplicação dessa metodologia. É muito importante praticá-
la. Para isso, estude a fundo o método CANVAS, pois ele será muito
útil, tanto para você que está empreendendo seu próprio negócio,
quanto para você que está trabalhando em outro empreendimento,
como funcionário ou liderança. Isso porque a metodologia CANVAS
pode ser utilizada a qualquer momento da vida da empresa como
método de revisão do negócio. É importante que você observe que
o aprendizado do CANVAS e sua forma de ser executado são úteis
em muitas circunstâncias na vida do gestor. E não se esqueça de,
sempre que precisar, utilizar nosso material de estudo e contar com
a ajuda do seu tutor.

Para que você possa ver como ica o quadro CANVAS após você
realizar a atividade com o método, segue um exemplo. Nesse caso,
a empresa é produtora de camisas. Veja:

FIGURA 16 – Exemplo de Canvas - Produção de camisas

Fonte: SOCIAL PET. In: Site “Modelos de Negócios”.

Bem, depois de desenhar o seu negócio no CANVAS, é hora de


construir o Plano de Negócio. Vamos a ele.

089
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Conceito e tipologias do plano de


negócio
Agora iremos falar sobre a outra tecnologia utilizada por
empreendedores para pensar e colocar “no papel” suas ideias, seus
sonhos, seus planos para o futuro.

Conforme começamos a explicar na introdução dessa unidade, que


trata das metodologias empreendedoras, o Plano de Negócio é mais
conhecido como um conjunto de informações que auxilia aquele
que precisa de recursos inanceiros a buscá-los entre investidores
(aqueles que inanciam os negócios).

Foi assim que teve início a construção do Plano de Negócio nos Estados
Unidos, possivelmente após a Segunda Grande Guerra, quando, de
fato, a economia tomou a forma como conhecemos hoje – de um lado
aqueles que têm recursos inanceiros – bancos, governos, investidores –
e de outro, aqueles que deles precisam – empreendedores, empresários,
pessoas físicas e organizações em geral.

Nos nossos estudos vamos trabalhar com a deinição utilizada


pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
– SEBRAE:

“Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os

objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses

objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um

plano de negócio permite identiicar e restringir seus erros no papel, ao

invés de cometê-los no mercado”. (SEBRAE, 2009, p. 8)

Dessa forma, ica claro para nós que há um negócio, seus objetivos
e a forma como esses objetivos serão alcançados. Então, um Plano
de Negócio contém basicamente as respostas às perguntas: O QUÊ,
PARA QUÊ e COMO?

090
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Antes de continuarmos na compreensão de como construir um Plano de

Negócio, é bom icar sabendo que ele não é aplicável ou utilizável apenas

por aqueles que irão implantar um negócio. Ele pode ser utilizado por

quem deseja ampliar, recuperar, comprar ou inanciar um negócio. Isto

é, tem inúmeras utilizações dentro da deinição que vimos. Em qualquer

dessas situações, no entanto, há a necessidade de recursos e um objetivo

deinido para eles.

O Plano de Negócio tem então inúmeras aplicações e um exemplo disso

são as organizações sem ins lucrativos, que também utilizam dele para

viabilizarem os seus objetivos. Elas têm objetivos (proteger a floresta

amazônica, por exemplo) e para isso precisam de recursos (inanceiros,

materiais, humanos).

Então, os tipos de plano variam de acordo com seus objetivos e


podem ter variações em seus conteúdos e formas. No nosso caso,
vamos trabalhar com o modelo de plano que tem como objetivo
estruturar um negócio, servindo como guia para seus criadores, os
empreendedores. Faremos assim porque é desse plano que origina
os demais.

Outro aspecto importante é que, na prática, você, como


empreendedor, deve pesquisar com antecedência aqueles a quem
apresentará seu Plano de Negócio, de modo que compreenda o
que ele deve conter com mais ênfase. Você entenderá essa prática
melhor ao inal de nossa explicação sobre o Plano de Negócio.

091
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Estrutura do
Plano de Negócio
O Plano de Negócio tem uma estrutura lógica, assim como são
todos os instrumentos utilizados na área de negócios. É importante
não só conhecer essa estrutura, guardando-a na memória, mas,
sobretudo, é importante entendê-la para facilitar a elaboração do
plano. Assim, vamos descrever as partes que compõem o plano e,
ao mesmo tempo, justiicá-la, destacando a relevância no alcance
dos seus objetivos.

Sumário executivo
como o nome sugere, o sumário é um resumo do que contém o
plano. Seu conteúdo é assim formado:

• Resumo dos principais pontos do plano de negócio - o que


é o negócio?; Quais os principais produtos e/ou serviços?;
Quem serão seus principais clientes?; Onde será localizada
a empresa?; Qual o montante de capital a ser investido?;
Qual será o faturamento mensal?; Que lucro espera obter do
negócio?; Em quanto tempo espera que o capital investido
retorne?

• Dados dos empreendedores, experiência proissional


e atribuições – uma breve descrição (curriculum) sua e
de seus sócios, caso existam (nome, endereço, dados
pessoais, experiências proissionais ou outras que sejam
relevantes para o negócio).

• Dados do empreendimento – nome que a empresa terá e,


se já for registrada, o CNPJ e endereço.

• Missão da empresa – a missão de uma empresa deve


traduzir a razão de sua existência, o “norte” ou a direção que
ela seguirá. Filosoicamente seria responder à pergunta:
por que essa empresa está/estará no mundo?

092
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

• Setores de atividades – como se classiica a empresa? É


indústria, comércio, prestadora de serviço?

• Forma jurídica – a que legislação ela pertence? É uma


Sociedade Limitada? Ou é uma MEI – Micro Empresa
Individual?

• Enquadramento tributário – será uma Micro Empresa ou


uma Empresa de Pequeno Porte? Essa deinição resulta na
forma como a empresa é tratada tributariamente, ou seja,
como será a carga de impostos a qual ela será submetida.

• Capital social – apresenta o capital que os sócios ou você


colocará na empresa, ou que formará a empresa; todos os
recursos necessários que a empresa necessitará na sua
montagem.

• Fonte de recursos – qual será a origem dos valores


necessários à implantação da empresa? Serão recursos
próprios ou utilizará recursos de outros (investidores)?

Qual a relevância do sumário? É ele que dá ao investidor a visão


geral do negócio, que causa a primeira impressão. Se for bem
escrito, ele garantirá que o investidor se interesse em prosseguir na
leitura. O contrário pode fazer com que o investidor se desinteresse
do negócio antes mesmo de uma leitura mais aprofundada. Seja
atrativo na hora de fazer o sumário. Leia-o e responda: você investiria
na empresa que está descrita ali? Se a resposta for não, refaça até
que ela seja airmativa. Você deve ser o primeiro a acreditar no seu
negócio.

093
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Exemplo de um Sumário Executivo da empresa FaroFino (ictícia):

“1. SUMÁRIO EXECUTIVO

O Conceito do Negócio

O site www.FaroFino.com.br surgiu da oportunidade identiicada em atuar

como intermediário no processo de comercialização de produtos e/ou

serviços de pequenas e médias empresas por meio da internet. O site

visa a facilitar a aproximação entre fornecedores e compradores por meio

da forma mais simples possível, via e-mail, proporcionando a qualquer

empresa que tenha este recurso efetuar o comércio eletrônico. O modelo

de negócios é dirigido pela demanda e não pela oferta, diferentemente dos

sites convencionais de comércio eletrônico. Os clientes do FaroFino são

classiicados em: fornecedores – que se cadastram no site mediante o

pagamento de uma taxa mensal; e consumidores – usuários que utilizarão

o site à procura de produtos e/ou serviços oferecidos pelos fornecedores

das suas várias categorias.

Equipe de Gestão

A equipe de gestão do FaroFino é um dos pontos fortes do negócio,

sendo composta por quatro proissionais que possuem sólida experiência

em negócios e tecnologia. Eles atuam há mais de três anos em vendas

de produtos via internet para pequenas e médias empresas brasileiras,

possuindo ótima formação e, sobretudo, motivação para enfrentar e

superar os desaios de administrar, gerar resultados positivos e conquistar

uma participação de mercado expressiva para o empreendimento.

Mercado e Competidores

O segmento de B2C da América Latina é altamente promissor. Apresenta

intenso crescimento, com potencial para alcançar US$2 bilhões em 2005,

estando aberto a negócios inovadores que promovam o encontro entre

consumidores e fornecedores de produtos e/ou serviços, experimentando

um crescimento anual médio de 95%. O mercado brasileiro corresponde

à aproximadamente 50% do mercado da América Latina. Cerca de 20%

094
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

da população brasileira são responsáveis por 65% dos gastos totais,

signiicando que mesmo com uma penetração próxima dos 4%, o país já

atingiu um patamar de consumo considerável na internet. As pequenas e

médias empresas no Brasil ainda estão em fase de absorção da cultura da

internet, e não estão prontas para dar grandes saltos na rede. A carência

de produtos simples e eicazes inibe a participação dessas empresas no

comércio eletrônico. A proposta do FaroFino é justamente ocupar esse

espaço e oferecer uma alternativa para a inserção desse público-alvo no

comércio eletrônico.

Marketing e Vendas

A estratégia de marketing do FaroFino visa a ganhar mercado de forma

rápida, focando primeiramente o estado de São Paulo e, de maneira

gradual, os demais estados brasileiros. Pretende ingressar também, a

partir do segundo ano, em três países latino-americanos. Os principais

fundamentos de marketing foram considerados em um plano que tem

a intenção de atingir tanto consumidores quanto fornecedores que se

associarão ao site. As estimativas da carteira de fornecedores indicam um

crescimento médio de 36% ao ano, passando dos 18.000, no primeiro ano,

para mais de 60.000 no quinto ano de operação.

Estrutura e Operação

A empresa possui uma estrutura funcional enxuta, com estilo de gestão

moderno e ágil, previsão de participação de funcionários nos resultados,

stock option e outros incentivos que atraem os melhores proissionais do

mercado. A empresa encontra-se atualmente instalada na Incubadora de

Empresas de São Carlos – SP, recebendo todo suporte tecnológico de

hardware e software para o funcionamento do site.

Estratégia de Crescimento

O lançamento do site será feito na Região Metropolitana de São Paulo e

expandirá para as demais localidades do país. A partir do segundo ano,

prevê-se o ingresso no México, Argentina e Chile. Parcerias com portais,

sites de leilão e empresas de telecomunicações serão priorizadas. Novas

funcionalidades do site também estão previstas para os próximos meses,

095
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

inclusive a adequação à tecnologia WAP, permitindo o seu acesso por meio

de aparelhos celulares.

Previsões dos Resultados Financeiros e Investimentos

A implantação do site, dentro dos planos e condições preestabelecidos,

resultará num empreendimento de alta rentabilidade e em retorno aos

acionistas, quando se comparam às diversas oportunidades inanceiras

existentes no mercado. A operação, quando adotada apenas no Brasil,

resultará num valor atual do Lucro Líquido, descontada a taxa de IGPM +

13% ao ano, equivalente a R$6,6 milhões e uma taxa interna de retorno de

86% ao ano. A ampliação para os três países latino-americanos fará o valor

atual do empreendimento alcançar a cifra dos R$17,6 milhões e a taxa

interna de retorno ser superior a 100% ao ano. O investimento previsto para

implantação desse plano de negócios, considerando-se apenas o mercado

brasileiro, é de R$1 milhão. Para tal investimento, a empresa disponibiliza

15% de suas ações.” (DORNELAS, 2008, p. 5).

Além do Sumário Executivo, você pode encontrar um modelo completo de

um Plano de Negócios em: http://www.josedornelas.com.br/wp-content/

uploads/2008/09/pn_faroino_ed1.pdf. Acessado em 16/05/2015.

Análise de
mercado
O estudo de mercado de uma empresa no plano de negócio é
formado por seus futuros clientes, concorrentes e fornecedores.

Sobre os clientes, é necessário saber suas características gerais e


ir aprofundando – quanto mais informações você tiver melhor. Seus
clientes são pessoa jurídica (outras empresas) ou pessoa física?

Se for pessoa jurídica, escreva no plano:

• ramo de atuação,

096
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

• serviços/produtos oferecidos;

• tempo de mercado;

• outras informações que formem suas características.

Se for pessoa física, você deve procurar retratá-las nos seguintes


aspectos:

• faixa etária;

• grau de escolaridade;

• estado civil;

• região em que residem;

• o quanto estão dispostas a pagar pelo seu produto;

• quando costumam comprar;

• outras informações que sejam relevantes para caracterizá-


las como consumidoras da sua empresa.

E os concorrentes? Aqui toda atenção é pouca. Procure levantar


informações sempre comparando com o que você oferecerá/
oferece ao mercado sobre:

• preço;

• qualidade de produto;

• motivos de insatisfação/satisfação dos clientes;

• capacidade inanceira,

• localização;

• estrutura;

• serviços/produtos que oferecem.

097
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Dos fornecedores você deve conhecer:

• qualidade dos produtos/serviços que oferecem;

• preços que praticam e condições de pagamento;

• conceito no mercado.

Essas descrições integram o plano para que você (e o investidor)


saiba as diiculdades/facilidades que o negócio terá pela frente.
Clientes, concorrentes e fornecedores fazem e farão o cotidiano
de uma empresa. Imagine uma empresa sem clientes ou sem
fornecedores opcionais, em caso de falta de produto? Imagine você
conversando com um investidor e ele perguntando: Quais serão
seus concorrentes? E você respondendo que não sabe.

Plano de marketing Estes são


os principais
Toda empresa tem um produto ou serviço a oferecer para o aspectos do
mercado, e espera ser remunerada por eles. Assim como deve Marketing: Produto,
Preço, Promoção e
estabelecer relacionamento com seus diversos públicos e ter canais
Praça, conhecido
ou lugares em que eles poderão acessar esses mesmos produtos como os quatro
ou serviços. Estes são os principais aspectos do Marketing: Produto, P’s.
Preço, Promoção e Praça, conhecido como os quatro P’s.

No Plano de Marketing você deve apresentar uma descrição desses


itens.

• Produto – descreva as características de seus produtos


e serviços; que necessidades atendem ou problemas
solucionem; quais as principais vantagens/qualidades que
eles possuem. Utilize fotos, se for possível e adequado.

• Preço – descreva o valor que o cliente está disposto a pagar


pelo seu produto; qual o preço praticado pela concorrência.
Responda qual a relação existente entre o seu preço e o
que o mercado pratica - se o preço estará acima, abaixo
ou igual. Considere nessa deinição que uma posição de

098
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

preço no mercado é algo estratégico, isto é, relevante para


o conceito que os clientes formarão sobre o negócio/
empresa.

• Praça – essa expressão tem o sentido de lugar e estrutura


de comercialização, ou seja, onde o cliente encontrará o seu
produto – localização, pontos de venda físicos ou virtuais
- e a forma desses lugares. Nas lojas físicas, considera-se
a decoração, a vitrine, os móveis, o conforto do ambiente.
Nas virtuais, o site e a capacidade que ele tem de “prender a
atenção do cliente”. Tem relação também com a logística –
como o produto chegará ao seu cliente.

• Promoção – não há como ter sucesso em um negócio se


os seus clientes não souberem que o negócio existe. É para
isso que existe a promoção. Promover, tornar conhecido,
informar, convencer o cliente são as principais funções do
4º P.

Observe que os quatro P’s ou mix de marketing, como é chamado,


deve ser equilibrado. Isso signiica que o empreendedor deve
procurar uma adequação entre eles.

Se você trabalha com um produto de luxo, o público deve ter recursos para

comprá-lo. A divulgação ou a promoção deve ser em lugares que esse

público frequenta, assim como o ponto de venda. O preço será diferente,

mais caro que outros produtos. Por isso é que as grandes empresas,

de produtos de alto consumo, têm marcas e produtos diferentes para

públicos diferentes. Isso é chamado de segmentação de mercado.

Uma boa segmentação de mercado ajuda muito no direcionamento e

posicionamento da empresa no mercado.

099
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Plano operacional
Na quarta parte do Plano de Negócio entramos na operação da
empresa. O que é necessário para a empresa operar, funcionar?
Como será o aspecto físico? Qual a capacidade de produção/
vendas/prestação de serviços? Quantos clientes atenderá? Como
serão os processos operacionais, os fluxos operacionais? Quantas
pessoas serão necessárias para fazê-la funcionar?

Quando é um Plano de Negócio para captar investimentos iniciais,


quando a empresa não existe ainda, é aqui que vamos ter a visão de
como a empresa funcionará.

Se for uma loja, devemos ter uma ideia da área que ocupará, quantos

funcionários nos diversos cargos da empresa (gerente, vendedor, pessoal

da limpeza, do estoque). Se for uma indústria, deverão icar deinidos o

processo produtivo desde a chegada da matéria-prima, a transformação,

a comercialização e a entrega. O investidor deve compreender exatamente

como será a futura empresa.

Plano financeiro
Até agora tivemos a concepção do negócio. Falamos do motivo de
sua existência, de sua adaptação ao mercado, de seus clientes, de
sua operação e de sua estrutura. Agora chegou a hora de responder
a uma pergunta chave para o investidor: quanto vai custar esse
empreendimento (essa empresa)?

Sem entrar na diferença que existe entre investimento e custos,


primeiro vem os investimentos que são divididos em investimentos
ixos, operacionais e capital de giro.

100
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Investimento ixo signiica todos os bens que serão adquiridos para que o

negócio possa funcionar (máquinas, móveis, ferramentas, equipamentos,

veículos) e estão relacionados diretamente à operação da empresa.

Os investimentos operacionais são aqueles realizados antes da empresa

funcionar, como por exemplo, uma reforma de imóvel ou o próprio

processo de registro da empresa nos órgãos competentes.

O capital de giro é a totalização dos recursos necessários para o

funcionamento da empresa (compra de matéria-prima e mercadorias,

pagamento das despesas e inanciamento da comercialização). O cálculo

do capital de giro deve ser feito com extremo cuidado, considerando todo

o fluxo inanceiro da empresa (entradas e saídas de recursos). Lembrando

que esses fluxos são realizados em tempos diferentes. O ideal é que o

tempo necessário para efetuar o pagamento a fornecedores seja mais

longo que o tempo de recebimento do pagamento de seus clientes, pois

isso fará com que você tenha recursos inanceiros, fruto das vendas, antes

de ter de repassá-los a seus fornecedores.

Ainda no plano inanceiro, você deverá estimar o faturamento


mensal da empresa, o custo de matéria-prima ou insumos, o
custo de comercialização (impostos sobre vendas e comissões de
vendedores), o custo de mercadoria vendida (comércio) ou custo
com materiais diretos, custos de depreciação e os custos ixos
operacionais mensais.

Após esses cálculos você fará o demonstrativo de resultados,


quando serão visualizados os resultados da empresa em forma de
previsão. No entanto, o seu plano inanceiro não estará terminado
ainda. Agora é hora de incluir os indicadores de viabilidade: Ponto
de Equilíbrio, Lucratividade, Rentabilidade e o Prazo de Retorno do
Investimento.

Caso em seu curso não haja foco em questões Contábeis e


Financeiras, sugiro aqui um pequeno Manual de Contabilidade,

101
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

editado pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade, que trata


das questões Contábeis e Financeiras da empresa. O endereço
de acesso é http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/01/ManuMicro.pdf. Nada impede que você já
comece estudando desde já sobre esses assuntos. Aproveite a sua
curiosidade.

Ainda existem duas etapas importantíssimas antes do fechamento


do Plano de Negócio: Cenários e Avaliação Estratégica.

Cenários
A intenção dessa fase do Plano de Negócio é mostrar que você se
preocupa e compreende o futuro do mercado, que afeta diretamente
o futuro da empresa. É comum que se pense em três cenários: um
provável, um pessimista e um otimista. Normalmente, a diferença Ainda existem
desses cenários é fundamentada nas expectativas do volume de duas etapas
vendas. importantíssimas
antes do fechamento
do Plano de Negócio:
Cenários e Avaliação
Estratégica.
Seguindo o exemplo de Plano de Negócio fornecido por Dornelas (2008),

mostrado no Cenário Executivo, poderíamos ter um cenário positivo

caracterizado pela expansão da oferta de acesso à internet maior do que

a esperada ou, um cenário negativo com a manutenção ou redução dos

índices de crescimento do acesso.

Quando olhamos ao longo do tempo, (o plano foi imaginado em 2005),

teríamos a concretização de um cenário positivo, o que teria levado a

empresa ictícia a obter resultados melhores do que aqueles previstos na

época.

Avaliação estratégica
A grande maioria das empresas inicia o processo de avaliação
estratégica utilizando a ferramenta Análise SWOT que signiica:

102
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

S – Strengths – Forças

W – Weaknesses – Fraquezas

O – Opportunities – Oportunidades

T – Threats – Ameaças

FIGURA 17 – Estrutura para Análise SWOT

Fonte: ANÁLISE SWOT. Disponível em: <http://www.


tecsoftware.com.br/index.php/blog/115-analise-swot-
uma-importante-ferramenta-de- gestao -para-a-sua-
empresa>. Acesso em: 27 fev. 2015.

As Forças e Fraquezas dizem respeito às características internas


à empresa (capacitação da equipe ou equipe sem capacitação, por
exemplo). Oportunidades e Ameaças dizem respeito ao ambiente
externo à empresa (demanda de produto em alta ou demanda de
produto em baixa, por exemplo). É uma ferramenta muito útil que
deve ser feita com cuidado para não apresentar desvios na análise.

Lembre-se, para compreender o plano de negócio em todas as suas

dimensões, você deverá aprofundar os seus estudos, praticando e

refletindo sobre a melhor forma de utilizá-lo no desenvolvimento de um

negócio. Para esses estudos, utilize todo o material que disponibilizamos e

conte com o apoio de seu tutor. Será muito importante que você pratique.

103
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Agora é hora de ver como funciona na prática a aplicação das ferramentas

que descrevemos aqui. Não é fácil encontrar descrições iéis ou reais

do processo de aplicação dessas ferramentas, porque as empresas não

contam seus segredos. No entanto, encontramos duas apresentações

muito ilustrativas da aplicação do Design Thinking. A primeira em uma loja

de varejo na cidade de Curitiba, PR. Os autores do caso dão como objetivo

da pesquisa a identiicação de oportunidades de um problema ambiental

relacionado ao descarte de resíduos sólidos quando da mudança da vitrine

da loja. A intenção era, então, usar recursos descartáveis e renováveis na

vitrine. Leia o caso completo “Reaproveitamento de materiais de decoração

de vitrina: estudo de caso de uma loja de varejo” em: http://www.abepro.

org.br/biblioteca/enegep2013_tn_sto_183_046_22985.pdf e veja como é

possível, de uma forma fácil, utilizar o conceito e a metodologia do Design

Thinking para criar algo novo. Note que os resultados dessa aplicação

para a loja foram signiicativos, com o aumento do fluxo de clientes. Note

também o quadro conceitual da prática, mostrando de forma clara o que

foi desenvolvido em cada etapa do Design Thinking – Imersão, Análise e

Síntese, Ideação e Prototipagem.

Depois de ler esse caso, você verá como podemos utilizar nossas as

metodologias empreendedoras de forma fácil e rotineira. O segundo

exemplo de aplicação do Design Thinking é também muito interessante.

Mas observe, não se fala diretamente de Design Thinking, mas o tempo

todo de sua apresentação, o empresário Luiz Vabo fala em prototipagem,

em inovação e em empreendedorismo. Ele e mais um sócio criaram uma

solução tecnológica para lojas do varejo monitorarem seus concorrentes

e deinirem adequadamente suas estratégias de preço. Veja o caso “Como

dois sócios estão alcançando o sonho de revolucionar o ecommerce

brasileiro” em: https://endeavor.org.br/sonho-grande-luiz-vabo-sieve/.

Aproveite esses dois casos para refletir sobre como as ferramentas do

empreendedorismo podem ajudá-lo a desenvolver novos negócios ou

ampliar negócios existentes.

104
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Revisão
Na Unidade 4 de nosso curso, você teve contato com metodologias
empreendedoras. Empreender, como você viu nas unidades
anteriores, é realizar algo. Não basta ter uma ideia, pois é preciso
torná-la realizada. Se você empreender um negócio, existem
métodos que o ajudarão a pensá-lo de forma prática e aplicada.
Esse é o sentido da metodologia CANVAS e do Plano de Negócio.

Na metodologia CANVAS, você desenvolve a ideia do negócio, de


forma individual ou coletiva, utilizando o Quadro do Modelo de
Negócios. Quadro que está dividido em nove partes: segmento de
clientes, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes,
fontes de receita, recursos principais, atividades-chave, parcerias
principais e estrutura de custos.

Na metodologia do Plano de Negócio você aprendeu que os


investidores necessitam de um mínimo de segurança antes de
decidirem aplicar recursos na sua futura empresa. O Plano de
Negócio é o instrumento que apresenta a empresa para esses
investidores. Assim como o CANVAS, ele é dividido em partes:
Sumário Executivo, Análise de Mercado, Plano de Marketing, Plano
Operacional, Plano Financeiro, Cenários e Avaliação Estratégica.

Antes de encerrarmos essa unidade, é importante que você


compreenda que essas duas metodologias não são excludentes,
isto é, uma não elimina a outra. O ideal é que você utilize o CANVAS
para construir o seu Plano de Negócio. A impressão é que eles
“foram feitos um para o outro”, como popularmente se diz quando
há um encaixe perfeito entre duas partes de um mesmo objeto.

105
unidade 4
EMPREENDEDORISMO

Livro:

OSTERWALDER, Alexander. Business Model Generation – Inovação

em Modelos de Negócios: um manual para visionários, inovadores e

revolucionários. Rio de Janeiro, RH: Alta Books, 2011. Osterwalder foi o

primeiro a pensar o modelo Canvas. O livro é agradável de ler, com muitas

ilustrações e exemplos.

Site:

Aprofunde seus conhecimentos acompanhando a evolução online do

Modelo Canvas em http://www.projectmodelcanvas.com/

Vídeo:

Um vídeo rápido “SEBRAE – Modelo de Negócios” que permite a você ter

uma visão sobre o modelo Canvas pode ser acessado em: https://www.

youtube.com/watch?v=WUAQBV52bNU.

Artigos

Para conhece mais sobre o modelo Canvas, sugiro que você leia esse

artigo BUSINESS MODEL GENERATION E AS CONTRIBUIÇÕES NA

ABERTURA DE STARTUPS. Acesse em: https://repositorio.uninove.br/

xmlui/handle/123456789/556.

106
unidade 4
Economia criativa
e múltiplas faces do
empreendedorismo
Introdução

O que é economia criativa? Qual a diferença entre a economia


tradicional e a economia criativa? Podemos chamar a economia
criativa de nova economia e a tradicional de velha economia? O
que é ser empreendedor social? O que signiica empreendedorismo
sustentável? Qual sua relação com o desenvolvimento econômico?
A Unidade 6 tem a inalidade de responder a estas questões sob o
prisma das novas vertentes do empreendedorismo. Trata-se de algo
inovador e, ao mesmo tempo, desaiador para a sociedade atual e
para você, caro estudante. • Economia criativa
• Economia criativa e
economia tradicional
Nas unidades anteriores você percebeu que o peril e as virtudes
empreendedoras são fundamentais nas competências das • Empreendedorismo
social
organizações. É importante lembrar que, na visão de Dolabela, o
• Empreendedorismo
empreendedor “é alguém que imagina, desenvolve e realiza uma
sustentável
visão. Em outras palavras, acredita que pode realizar seu próprio
• Revisão
sonho, julgando-se capaz de mudar o ambiente em que está
inserido” (DOLABELA, 1999, p. 60). Analisamos também que o
intraempreendedorismo está ligado direto ao “vestir a camisa” da
empresa, gerando ideias e projetos inovadores com lucratividade
para as organizações modernas.

Nesta unidade vamos trabalhar a economia criativa e as novas


vertentes do empreendedorismo: empreendedorismo social e
empreendedorismo sustentável ou ambiental. Tudo isso tem um
objetivo, despertar a veia empreendedora que corre dentro de cada
um de vocês e gerar uma atitude, um comportamento, já que o
empreendedor é reconhecido por seus atos pragmáticos. Na leitura
de Siqueira e Guimarães, hoje, são considerados “empreendedores
não só aqueles que abrem um grande negócio, mas, cada vez mais,
também os que iniciam um pequeno negócio, criando emprego e
renda e contribuindo para o desenvolvimento social” (SIQUEIRA;
GUIMARÃES, 2007, p. 3).

No empreendedorismo social é valorizado o trabalho coletivo,


sem excluir, é claro, os resultados possíveis de serem socializados
com um ajuntamento de pessoas, em que todos podem contribuir
e se beneiciar de uma ideia que gere benefícios sociais para a
comunidade. Uma atitude inovadora pode produzir frutos por
vários anos e, ao redor desse legado, o empreendedor social
deseja construir algo que aponte para a sustentabilidade não só do
negócio propriamente dito, mas também de seus colaboradores,
acionistas e comunidade que são parte integrante do sucesso do
empreendimento. Um exemplo disso foi o trabalho iniciado pela
médica sanitarista Zilda Arns, na Pastoral da Criança, que até hoje
é uma instituição dedicada a salvar vidas diminuindo a mortalidade
infantil no Brasil e no mundo inteiro. Assim, essa unidade quer
convidá-lo(a) para arregaçar as mangas. Chegou o momento de ir
um pouco mais além do plano dos sonhos e das ideias para tornar
o negócio crível, real, possível de ser realizado. Bons estudos!
EMPREENDEDORISMO

Economia
criativa
O objetivo dessa unidade é apresentar o conceito de economia
criativa e sua diferença da economia tradicional, bem como conhecer
as relações com duas das novas vertentes do empreendedorismo:
o social e o sustentável/ambiental. Em seguida, será apresentada
uma proposta inovadora, de estímulo à cidadania, com resultados
de impacto social positivo na transformação da sociedade.

Segundo DORNELLAS, empreender, na ótica da economia criativa, é


criar oportunidades para dar nova forma aos pensamentos. Veja o
que ele diz:

“A essência do empreendedorismo hoje em dia é a


busca de oportunidades inovadoras. Para isso, as
pessoas não precisam ter um dom especial, como se
pensava no passado. Pelo contrário, qualquer pessoa
pode apreender o que é ser um empreendedor de
sucesso.” (DORNELLAS, 2002, p. 20)

A economia criativa tem importante papel na medida em que coloca


o ser humano na condição de promotor direto do desenvolvimento,
pois ela reúne operações baseadas na criatividade, no talento e nas
habilidades individuais, com propriedade intelectual, abarcando as
cadeias produtivas das indústrias culturais e suas implicações.

Será possível notar, nas questões descritas nessa unidade,


que há um diálogo, de forma explícita e direta, com as atitudes
empreendedoras, que já foram relacionadas em unidades anteriores
de nosso livro.

Para MORIN (2001), uma educação para a cabeça bem feita, isto é,
consciente de seu papel, é aquela que rompe com a separação entre
as duas culturas: a cultura tradicional, mais ligada à agricultura e
ao comércio; e a cultura alternativa e moderna, ligada ao teatro e à
televisão, as quais dariam capacidade para responder aos desaios

110
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

da globalização e da complexidade na vida cotidiana, cultural, social


e política.

O autor inglês John Howking, no livro The Creative Economy,


publicado em 2001, descreve que economia criativa é o resultado
de indivíduos que exercem sua imaginação.

Bezerra et al. esclarece que a economia criativa:

“Contempla setores que têm sua origem na


criatividade, hoje considerada a economia do sec.
XXI, de demanda dinâmica de empreendedores que
usam o cérebro, buscam a lucratividade e economia
da genialidade de um Steve Jobs, que utiliza da
criatividade para gerar empregos melhores, produtos
inovadores e crescimento econômico incluindo
uma sustentabilidade para a população excluída do
crescimento econômico.” (BEZERRA et al., 2012, p. 3)

Podemos notar que são atividades assentadas na atitude


empreendedora, nas habilidades do empreendedor, como a
criatividade, no talento particular de montar pequenos negócios que
abraçam as complexas cadeias produtivas, tratando dos bens e dos
serviços, baseados em demandas dinâmicas de empreendedores
que usam o cérebro.

O escritor John Howkins airma que as pessoas da nova economia


criativa querem lucrar usando o cérebro. Não necessitam de capital
ou terra, uma vez que não há barreiras ou empecilhos para quem
deseja trabalhar com um leque maior de possibilidades, agregando
valor através do desenvolvimento criativo, com elementos
alternativos.

Na visão de Bezerra et al., no Brasil, as empresas de pequeno


porte são as mais criativas, pois têm uma força de trabalho jovem,
diferem da economia tradicional de manufatura, agricultura e
comércio. Nessa nova visão de negócios, a força de trabalho jovem
está surgindo através do cinema, da propaganda e da televisão.

111
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

Nota-se que as empresas com forte controle, individualizadas e de


grande ênfase na hierarquia, têm diiculdades de criar produtos e
serviços inovadores, pois não conseguem ampliar seus horizontes
além de suas especialidades.

Para entender melhor a nova visão da economia criativa, é


importante que se observe a igura a seguir. Nela há uma análise
detalhada contendo três palavras-chave: imaginação, criatividade
e inovação. São guias e inspiração para a nova economia criativa.

Prezado(a) aluno(a), você poderá pesquisar melhor a classiicação


formulada pela UNCTAD*, que divide a economia criativa em quatro
categorias amplas, a saber: patrimônio cultural, artes, mídia e
criações funcionais. Essas categorias estão subdivididas em nove
áreas, conforme mostra a igura a seguir:

FIGURA 18 - Classiicação da UNCTAD para as indústrias criativas

Fonte: Adaptado pelo autor, baseado em UNCTAD, 2012, p. 8.

*
Obs.: UNCTAD é a sigla em inglês para Conferência das Nações Unidas
para o Comércio e Desenvolvimento. Órgão do sistema das Nações Unidas
que busca discutir e promover o desenvolvimento econômico. Trata-se
de um foro intergovernamental para ajudar no incremento do comércio
mundial. Cf. www.unctad.org.

112
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

Você observou na igura anterior que a economia criativa perpassa


transversalmente todas as outras esferas da sociedade?

Economia criativa e
economia tradicional
Vivemos um momento fascinante, que se caracteriza pela
capacidade de utilizar novas vozes como instrumento de inclusão,
principalmente com as recentes experiências do terceiro setor, que
são as organizações não governamentais, de interesse público,
plantadas na sociedade civil.

Na compreensão de DEHIENZELIN, pesquisadora de estudos


interdisciplinares em cultura:

“É preciso ser criativo também na forma de gerenciar a


economia criativa. Criativo na hora de criar parâmetros
e métodos de pesquisa e mensuração capazes
de abarcar a multidimensionalidade da economia
criativa do sec. XXI, cuja estrutura de produção e
difusão não é uma forma de cadeia, mas sim de
rede: interdependente, multifacetada e transversal.”
(DEHAINZELIN, 2003, p. 5)

A economia criativa pode ajudar na geração de renda, criação


de empregos e no desenvolvimento humano, que são também
características empreendedoras. Para atuar em um mundo em
constante mudança e altamente complexo, são necessárias
algumas habilidades empreendedoras, tais como: cooperação,
adaptabilidade, ampliação do conceito de recursos para além do
inanceiro e novos modelos estratégicos de gestão.

Para fomentar ainda mais o nosso estudo, é fundamental que


iquem bem explícitas as diferenças e a colaboração entre a
economia tradicional e a economia criativa. Na economia tradicional
desenvolvia-se o produto, testava-se e ajustava-se o marketing ao
consumidor. Atualmente, na economia criativa, desenvolve-se o

113
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

produto junto com o consumidor, criando modelos de negócios


inovadores.

Conira e compare no quadro a seguir, em que a ilosoia da


descoberta do cliente é a base da adequação do problema e
solução.

FIGURA 19 – Economia Tradicional x Economia Criativa

Inove sem
Quem não
parar. A
muda não
estrada não
gerencia
tem im

ECONOMIA TRADICIONAL ECONOMIA CRIATIVA

Tangível Intangível

Bens, serviços e preços Valor agregado

Comoditização Tecnologia

Produção Criação

Patrimônio Memória

Padrões ixos Reinvenção contínua dos produtos

Distribuição Visibilidade

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014.

É possível observar no quadro anterior que quem possui ideias


pode, em alguns casos, tornar-se mais poderoso do que aquele que
possui máquinas. A capacidade de empreender está relacionada à
sua atitude, aos seus valores e ao seu modo de pensar e agir.

SCHUMPETER (1982) chama de empreendedor aquele ser


iluminado que é capaz de aproveitar as chances das mudanças
tecnológicas e introduzir processos inovadores nos mercados.

Vamos, pois, analisar juntos o quadro anterior. Na economia


tradicional ou clássica, a reserva de valor é tangível, como terra,
ouro e petróleo. Na criativa, a reserva de valor é intangível, como

114
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

criatividade, experiência, cultura, atributos de marca, qualidade de


vida.

Hoje, a economia criativa gera cerca de oito milhões de euros por


ano no mundo, representando de 8 a 10% do PIB (Produto Interno
Bruto) mundial. No Brasil, gera cerca de 104 bilhões de reais,
representando 2,84% do PIB em 2010.

Empreendedorismo
social
O empreendedor social pode ser caracterizado como aquele
indivíduo responsável por transformações sociais, sejam estas
realizadas no contexto local, regional, nacional ou global. Em
geral, os empreendedores sociais são agentes de mudança social,
gerando valor por meio de novas oportunidades inovadoras, com
uma visão moderna e arrojada, independentemente dos recursos
disponíveis.

FIGURA 20 - Juntos podemos mudar o mundo

Fonte: [Mundo social] Disponível em: <http://


bolsauniversitaria.com.br/blog/2012/05/16/jovens-
brasileiros-apostam-na-carreira-de-empreendedor-
social/>. Acesso em 17 jun. 2014.

Nesta oportunidade, apresento a vocês um tema muito importante:


o empreendedorismo social, representando uma das vertentes do

115
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

empreendedorismo inovador e criativo. A criatividade refere-se


ao ato de gerar ideias ao pensamento criativo como processo de
traduzir tais ideias em realidade, por meio da implementação de um
serviço ou de um produto. A inovação, por sua vez, é o resultado da
criatividade. Veja o quadro a seguir:

FIGURA 21 - Diferenças entre pessoas criativas e pessoas


inovadoras

PESSOAS CRIATIVAS PESSOAS INOVADORAS

Capacidade de novas ideias Reinvenção continuada

Gerar tempestade de ideias Materialização das ideias

Imaginação Produtos mais competitivos

Antecipar demandas de Transformar o que existe em algo


mercado melhor

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como podemos perceber, no quadro anterior, que as inovações só É preciso estimular


o processo
acontecem quando a criatividade é estimulada de forma deliberada.
criativo, adotando
Portanto, é preciso estimular o processo criativo, adotando a a criatividade
criatividade como estilo de vida, como atitude empreendedora. como estilo de
vida, como atitude
empreendedora.
Caro(a) aluno(a), continuando nosso estudo, creio que seja possível
observar que a maioria das invenções seja incremental: elas são
cópias de ofertas existentes para usuários atuais. Drucker (2008)
aponta algumas dicas para os proissionais tornarem-se inovadores,
como:

• Querer (é o primeiro passo);

• Ter convicção;

• Ter curiosidade;

• Mente aberta;

• Aceitar correr riscos;

• Ser persistente e flexível.

116
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

Hoje o empreendedorismo social agrega valor inanceiro e


social aos negócios e, consequentemente, gera maior vantagem
competitiva. Portanto, não basta ter boas ideias, elas precisam ser
implementadas e têm que representar algum valor positivo para
todos os stakeholders (que são as partes interessadas no negócio
da empresa, caracterizadas pelos acionistas, empregados, clientes,
consumidores, fornecedores, comunidade). O empreendedorismo
social, como se pode ver, é aquele que deve gerar valor, permear toda
a organização e tornar-se uma dimensão empresarial estratégica e
planejada.

Para ilustrar um pouco mais esse tema tão palpitante, julguei


por bem mostrar a você, caro(a) aluno(a), uma história que me
chamou atenção. Trata-se de Bill Drayton, um norte-americano,
morador de Nova Iorque. Quando criança, gostava muito de ler
sobre personagens que tinham influenciado o percurso da história
do mundo. Seu interesse maior era voltado não apenas pelo “o que”
izeram, mas também pelo “como”. Gandhi, um de seus ídolos, era
admirado pela maneira paciista de enfrentar o poder do Império
Britânico; Luther King, por usar táticas parecidas para enfrentar o
racismo na sociedade americana. Mas um dos ídolos se destacava
para Drayton: um imperador da Índia antiga, chamado Ashoka. Ele
admirava a maneira como esse homem pensava nas reformas
sociais necessárias para melhorar a vida das pessoas, e como as
aplicava, exercendo seu poder de uma forma justa e paciista.

No colégio, Bill criou a “Sociedade do Ashoka”, arrebanhando


estudantes para falar sobre justiça social. Na universidade, criou
uma organização estudantil com o mesmo nome, trazendo
líderes sociais para interagir e compartilhar suas ideias com a dos
estudantes. Ainda na universidade, Bill começou a viajar pela Ásia,
especiicamente na Índia, e percebeu que, como o Ashoka, existiam
pessoas empreendedoras e determinadas desenvolvendo ideias
inovadoras para solucionar grandes problemas que a sociedade
tanto exigia. De volta para sua terra, convence alguns amigos a
investirem recursos inanceiros em empresas que buscassem a

117
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

melhoria das condições sociais dos que mais necessitavam. E


dava certo. Uma frase muito pronunciada por ele sempre chamava
atenção: “não existe nada mais poderoso que uma ideia na mão de
um empreendedor social inovador”.

Segundo Oliveira, o empreendedorismo social:

“Antes de tudo, é uma ação inovadora voltada para o


campo social cujo processo se inicia com a observação
de determinada situação-problema local, para a qual
se procura, em seguida, elaborar uma alternativa de
enfrentamento” (OLIVEIRA, 2004, p. 15).

OLIVEIRA (2004) tinha algumas ideias que norteavam as ações


do empreendedor social. Elas são caracterizadas da seguinte
forma: deveriam ser inovadoras; possíveis de realização;
autossustentáveis; deveriam envolver várias pessoas e segmentos
da sociedade, principalmente a população atendida; e que devesse
provocar impacto social, permitindo que seus resultados pudessem
ser avaliados.

Apesar da particularidade citada, percebemos que há diferenças


signiicativas entre o empreendedorismo empresarial e o social.
Podemos assim dizer que existem diferenças signiicativas que
se complementam, que nos auxiliam a compreender melhor o
empreendedorismo social.

Esclarecendo ainda mais, ressalta-se que o empreendedorismo


social não deve ser entendido como responsabilidade social-
empresarial. Não é também proissão, porque não está
regulamentado por um código de ética proissional, não é também
uma organização sem ins lucrativos (ONG), preocupada com a
ilantropia ou caridade.

No quadro a seguir, os autores MELO NETO E FROES (2002) fazem


um esquema comparativo entre as diferenças e semelhanças do
empreendedorismo social e do empreendedorismo empresarial.

118
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

QUADRO 2 - Diferença entre empreendedorismo empresarial e empreendedorismo social

EMPREENDEDORISMO EMPRESARIAL EMPREENDEDORISMO SOCIAL

É individual É coletivo

Produz bens e serviços Produz bens e serviços à comunidade

Tem foco na busca de soluções para os


Tem foco no mercado
problemas sociais

Sua medida de desempenho é o lucro Sua medida de desempenho é o impacto social

Visa a satisfazer necessidades dos clientes e a Visa a respeitar pessoas da situação de risco
ampliar as potencialidades do negócio social e a promovê-las.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Note-se que as diferenças são pequenas, mas são importantes.


Algumas diferenças signiicativas são complementares e
saudáveis. Hoje ainda existem muitas organizações tradicionais
que não são empreendedoras. Vivem da ilantropia e de doações
da comunidade. Elas dependem de recursos do primeiro setor –
governo −, e doações de voluntários para fazer o bem. Seu controle é
muito centralizado. Já as organizações empreendedoras trabalham
em equipes ou times, agindo com ênfase nas competências e,
inanceiramente, são autossuicientes.

Observando bem o quadro comparativo, podemos airmar que o


empreendedorismo nem sempre requer inalidade de lucro. Os
empreendedores sociais são sonhadores e querem melhorar a
sociedade através das ações emergenciais e diminuir o abismo
social do século XXI, fruto de um capitalismo desumano e
selvagem. As organizações sem ins lucrativos correm contra o
tempo, de forma emergente nas soluções para os mais variados
problemas sociais. São vistos como responsáveis pela busca de
soluções dos problemas ligados à educação, à saúde, ao combate à
fome, ao lazer e à geração de renda, situações que deveriam ser de
responsabilidade do governo.

Crescem cada vez mais as organizações de interesse civil (Ong´s)


capazes de mobilizar a sociedade na criação de projetos de
responsabilidade social, principalmente no combate à pobreza e

119
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

ao analfabetismo, gerando redes de solidariedade na superação de


graves questões regionais.

O exemplo maior que dever ser citado, como paradigma, diz respeito à

criação do IBASE (Instituto Brasileiro das Análises Sociais e Econômicas),

por Betinho, sociólogo mineiro, de Bocaiuva. Após viver no exílio, no Chile,

na época da ditadura militar, voltou para o Brasil e fundou, de forma criativa

e inovadora, o movimento intitulado Ação da Cidadania contra a Fome, a

Miséria e pela Vida, incitando empresários e empreendedores, em geral, a

colaborar para a melhoria de vida da população brasileira, na década de

90.

Outro exemplo que merece destaque é o de Muhammad Yunus. Ele


é modelo e exemplo para todos os empreendedores que sonham
em fazer a diferença, criar novas oportunidades e transformar
a vida dos mais pobres, tornando o mundo menos desigual, com
oportunidades para todos.

Ele partiu de uma ideia legal e criou o Banco Grameen, em 1976,


em uma pequena aldeia de Bangladesh, onde o nível de pobreza
e as necessidades eram abaixo da média, atingindo patamares
assustadores. Seu objetivo era disseminar o crédito como um direito
de todos. A grande novidade foi a nova forma de emprestar dinheiro,
com juros baixos, sem garantias, oferecendo oportunidades de a
comunidade realizar o sonho de abrir seu próprio negócio e gerar
autoemprego e renda para toda a comunidade. Yunus formou-se em
Economia e começou a lecionar. Foi em uma dessas experiências
com os alunos, que, como conta o próprio YUNUS:

“Conheci uma jovem de 21 anos, analfabeta, que lutava


desesperadamente para sobreviver com seus ilhos.
Ela fazia tamboretes de bambu e vendia para a pessoa
que lhe emprestava dinheiro. Porém, essa pessoa
(agiota), cobrava altos juros e explorava ao máximo
a jovem, que sempre cumpria com sua dívida (ele lhe

120
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

cobrava 10% ao dia). O que sobrava para a jovem era


um lucro irrisório de aproximadamente dois centavos de
dólar. “(YUNUS, 2007, 54

Convido você a ler o restante da história desse grande empreendedor


social no site:

Cardoso, Enrico. A vida e a história de Muhammad Yunus. 31 jan.


2013. In: site “Jornal do empreendedor”. Disponível em: <http://www.
jornaldoempreendedor.com.br/colaborativo/a-vida-e-a-historia-de-
muhammad-yunus#.VIDEfzHF9fg>. Acesso em 17 jun. 2015.

Foi a partir da atitude empreendedora de Yunus, de abrir uma


instituição inanceira para os pobres, que lhe rendeu o Prêmio Nobel
da Paz em 2006.

Notamos que Yunus desenvolveu conhecimentos, habilidades, A postura é ser


competências e posturas de um grande empreendedor social, dando- inconformado e
nos a oportunidade de elencá-las: o seu peril de empreendedor social indignado com
as injustiças e
é aquele que sabe aproveitar as oportunidades, tem competência
desigualdades
gerencial. As habilidades estão relacionadas com a visão clara do sociais.
que se pretende fazer, ter iniciativa, saber trabalhar em equipe e ser
criativo. As competências de um líder são: ser visionário, ter senso de
responsabilidade, ser sensível aos problemas sociais e saber integrar
vários atores em torno dos mesmos objetivos. A postura é ser
inconformado e indignado com as injustiças e desigualdades sociais.

Portanto, empreendedores sociais signiicam proissionais abertos e


flexíveis para o novo, para o diferente e para o protagonismo social.
Além disso, é oportuno citar, também, a percepção das oportunidades
em meio às contradições, às disparidades sociais e ao caos social
reinantes em nossa sociedade hodierna. O empreendedor social é
um ser corajoso, capaz de remar contra as verdades absolutizadas
pela ordem social hegemônica, em que somente o vale-tudo e o lucro
pelo lucro são válidos, sem abrir possibilidade para um capitalismo
igualitário e bem distribuído entre as pessoas, que provoque as
pessoas a alcançar a meta da transformação social.

121
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

Na lógica do empreendedor social, a Universidade tem uma dupla


função muito importante. Ela pode tanto contribuir para o despertar
de uma cultura empreendedora, como pode, também, por meio
do ensino, da pesquisa e da extensão, gerar novas tecnologias
de inclusão social. Nesse sentido, professores e alunos têm a
responsabilidade de serem agentes instigadores, protagonistas de
uma nova história.

O espírito empreendedor é uma capacidade, um potencial presente


em qualquer ser humano, mas precisa de um ambiente instigador e
motivador para germinar e dar frutos.

Outro exemplo de empreendedorismo social é o “Projeto Biblos” da

UNATEC em Belo Horizonte (http://www.una.br/noticias/recursos-

humanos-e-processos-gerenciais-una-1941) que visa a “dar de ler a quem

tem fome de saber”, motivando crianças e adolescentes, através da leitura,

a fazer uma viagem criativa e inovadora. Essa oportunidade poderá, sem

dúvida, criar ideias de geração de renda por meio de futuras prototipagens

em suas comunidades, diminuindo a falta de bibliotecas e acervos de

literatura infanto-juvenil nas comunidades mais carentes da grande Belo

Horizonte.

Observa-se então:

“Uma ação inovadora de empreendedorismo social


voltada para o campo social cujo processo se inicia
com a observação de determinada situação-problema
local, para a qual se procura, em seguida, elaborar uma
alternativa de enfrentamento. Além disso, em seguida,
provoca impacto social na comunidade.” (http://www.
fae.edu/publicacoes/pdf/revista_da_fae/fae_v7_n2/
rev_fae_v7_n2_02.pdf. Acesso em 15/12/2014).

Como escrevem os autores MELO NETO E FROES:

“O processo de empreendedorismo social exige,


principalmente, o redesenho de relações entre
comunidade, governo e setor privado, que se baseia
no modelo de parcerias, tendo como principal objetivo

122
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

tirar pessoas da situação de risco social e buscando


propiciar-lhes plena inclusão social.” (MELO NETO e
FROES, 2001, p. 11-12).

Acredito que você tenha percebido que o empreendedorismo


tem novas vertentes: o intraempreendedorismo, aprofundado
na Unidade 1, e o empreendedorismo social, que acabamos de
desenvolver aqui, na Unidade 5. Porém, os desaios são enormes
nesse campo e não poderíamos deixar de aprofundar sobre o
empreendedorismo sustentável ou ambiental.

A ideia básica envolvida no empreendedorismo social é pensarmos


um novo conceito de desenvolvimento, em que o uso dos recursos
ambientais deve respeitar a manutenção dos processos vitais,
em benefício das gerações atuais e futuras, pressupondo uma
distribuição equitativa dos ganhos do crescimento econômico.

O empreendedorismo
ambiental ou
sustentável não é
Empreendedorismo mais um estado,

sustentável um modismo,
uma temática de
momento.
O empreendedorismo ambiental ou sustentável não é mais um
estado, um modismo, uma temática de momento, mas sim um
processo contínuo e dinâmico. Podemos airmar, sem medo
de errar, que as empresas que hoje já empreendem de forma
sustentável, com projetos ambientais arrojados, estão conseguindo
agregar valor aos seus produtos e serviços, e à sua própria marca.

Arcelor Mittal, Nestlé, Natura são exemplos de organizações


que ganharam vários prêmios como empresas socialmente
sustentáveis, demonstrando preocupação com projetos que
possam atingir as gerações futuras, melhorando sua qualidade
de vida, bem como da sociedade, em geral. Alguns desses valores
eram, há pouco tempo, considerados intangíveis. No entanto, as
novas exigências da sociedade, os investidores e, principalmente, os
consumidores já começam a perceber e, de certa forma, diferenciar

123
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

esses valores.

Alguns empreendedores já notaram essa tendência e começaram


a se mover na direção dessa nova economia, na qual se valorizam
os bens e serviços. Esses empreendedores podem ser divididos
em individuais ou comunitários. Essa distinção é importante, pois a
forma de trabalhar, em cada um dos casos, pode ser distinta, assim
como os desaios e oportunidades.

O empreendedor individual, por suas inúmeras ideias de negócios, é


inquieto. Já o empreendedor comunitário, muitas vezes, é deinido
como o indivíduo altruísta que está preocupado com o bem-estar de
uma determinada comunidade ou população local. Podemos dizer
que esse tipo de empreendedor trabalha os seus projetos de forma
mais localizada. Porém, mais do que preocupado com o bem-estar
dessa comunidade ou população, esse indivíduo está em busca de
alternativas econômicas para o desenvolvimento econômico, social
e ambiental.

Veja o quadro comparativo que elaboramos para elucidar um


pouco mais as diferenças e características do empreendedor
individual e do empreendedor social que estão estritamente ligadas
ao empreendedorismo sustentável e diretamente às alternativas
econômicas, socioambientais:

QUADRO 3 - Características do empreendedor privado e do empreendedor social e sustentável

EMPREENDEDORISMO PRIVADO EMPREENDEDORISMO SOCIAL


É inquieto É integrado e altruísta
Produz serviços para as necessidades do
Busca de soluções no bem-estar social da comunidade
mercado e consumo
Alternativas econômicas para o desenvolvimento
Sua medida de desempenho é o lucro
sócio econômico e ambiental
Visa ao resgate de pessoas da situação de risco social
Visa à satisfação das necessidades dos clientes
e à promoção humana
Seu único foco é o mercado O foco é as questões sociais da comunidade local

Fonte: Elaborado pelo autor.

124
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

Quando conseguimos “sair da caixa”, ou seja, criar ideias diferentes


do cotidiano e/ou do senso comum, percebemos que essas
alternativas são também negócios e devem ser tratadas quase da
mesma forma que o negócio-empresa do empreendedor individual,
e não como uma associação ilantrópica ou de caridade. O que
queremos dizer é que precisamos criar condições favoráveis para
que os dois tipos de empreendedorismo possam se desenvolver,
cada um com suas características, respeitando a diversidade entre
eles.

Os temas sociais emergentes ganharam destaque no mundo


corporativo, a partir da década de 90. Podemos considerar como
temas emergentes: a ecologia, o meio ambiente, o voluntariado,
a educação, a saúde, o bem-estar, o combate à fome e à pobreza,
a exclusão social, os direitos humanos e muitos outros. Trata-se
de temáticas institucionais de grande divulgação na mídia e de
presença cotidiana nos debates e discussões entre intelectuais,
empresários, líderes educacionais, políticos, líderes sociais, sendo
também objeto de artigos em revistas especializadas, espetáculos
musicais e teatros. Contudo, ganha-se fôlego, forma e status de
inclusão social nas comunidades, inclusive nas de baixa renda
e de alto risco social. A evolução foi visível. O meio ambiente
passa a ser pensado a partir do foco de ação sustentável. Novas
práticas empreendedoras surgiram, como também emergiu
uma nova “economia ambiental”, como a produção reciclada, a
venda e o reaproveitamento de resíduos, gerando novos negócios
empreendedores.

O objetivo inal do empreendedorismo ambiental ou sustentável


é inspirar novos empreendedores, assim como novos negócios
economicamente rentáveis, ambientalmente corretos e socialmente
justos.

Na visão de ROCHA, o conceito de sustentabilidade no negócio


fundamenta-se nos seguintes aspectos:

125
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

“As atividades humanas não comprometam as


futuras gerações; cada decisão deve ser baseada no
compromisso com o futuro de nossos ilhos e com o
bem-estar deles. 2. Os ecossistemas globais sejam
produtivos e protegidos e as condições climáticas,
estáveis e seguras. 3. A população humana esteja
dentro da capacidade de carga do planeta. 4. Todas
as regiões do mundo tenham garantia do alimento.”
(RICHA, 2005, p. 24-25).

Para alcançar essas situações desejadas, as sociedades contam


com:

1. o capital humano – sua criatividade, capacidade de


pensamento crítico e iniciativa para empreender novas
atividades e negócios.

2. o capital ecológico – são os recursos que o indivíduo tem à


sua disposição para a geração de seu desenvolvimento na
sociedade.

3. o capital inanceiro – o conjunto de recursos monetários


que se deve ter à disposição.

Acreditamos que a empresa, para ser diferente, deve buscar


sua distinção na sociedade e no mercado, a partir da adoção de
padrões socioambientais como um mérito em si e através da
divulgação consciente das atitudes e procedimentos relacionados à
preservação ambiental e sustentável.

Vivenciamos que, no contexto da atualidade, para o


desenvolvimento de uma empresa, é essencial estimular o
compromisso com a educação continuada, através do impulso para
uma cultura empreendedora, alicerçada nos princípios da gestão da
sustentabilidade, como forma de reter talentos e empreendedores.

No entanto, faz-se necessário compreender a importância de se


criar uma consciência mais aguçada, passando aos governantes,
aos empresários, aos inanciadores e aos empreendedores a ideia
de que um bom negócio não é aquele que apenas gera lucro, como o

126
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

único objetivo, mas sim o que contribui para o tão conhecido, porém,
pouco compreendido, desenvolvimento ambiental e sustentável.

A empresa, para se diferenciar no mercado, precisa aderir a padrões


socioambientais, principalmente na utilização de novas estratégias
metodológicas de reaproveitamento da água e embalagens
retornáveis, com o objetivo de fazer multiplicadores conscientes
das questões ambientais, que poderão agregar valor ao seu produto
diante do consumidor.

Vamos recapitular? Vimos, no decorrer desse trabalho, a importância


do empreendedorismo social e do empreendedorismo sustentável
ou ambiental como novas vertentes do empreendedorismo,
sob a ótica da inovação, como fatores preponderantes para a
transformação pessoal e proissional. Somente por meio de novos
direcionamentos poderemos mudar a sociedade e a nós mesmos.
Portanto, mãos à obra!

Os desaios dos seres criativos

Com a ajuda de exercícios lúdicos e originais, os alunos dos cursos de

Economia, Administração e Direito da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em

São Paulo, têm aprendido a aprimorar uma característica cada vez mais

valorizada no mercado de trabalho: a criatividade.

Criado há três anos pelo professor Samy Dana, pós-doutor em Negócios, o

Curso de Criatividade já é a mais procurada entre as disciplinas optativas

da FGV. De acordo com Dana, embora a importância da criatividade em

todas as áreas proissionais seja praticamente um consenso, pouca gente

sabe o que fazer para aprimorar essa característica.

“Vemos uma proliferação de livros, blogs e conferências que destacam

os benefícios da criatividade. Só que ninguém explica como ser criativo e

como aprimorar a capacidade criativa”, diz Dana.

127
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

O curso, segundo o professor, permite que os participantes ampliem

sua capacidade de mobilizar recursos para a solução de problemas. A

estratégia utilizada para isso consiste em propor exercícios que levem os

alunos a observar e compreender seu próprio processo criativo.

Nas atividades práticas, os estudantes são confrontados com desaios

que nem sempre podem ser superados com base em estratégicas lógicas.

A partir de situações concretas, com base em perspectivas teóricas

fornecidas por Dana, eles identiicam os gargalos e armadilhas de seu

processo criativo.

“Eu não quis trabalhar com situações diretamente ligadas ao universo

empresarial. A criatividade precisa ser estudada por si só”, airma.

Um dos exercícios que mais chamam a atenção é o Desaio do

Marshmallow. Nessa atividade, os participantes recebem um marshmallow,

20 espaguetes crus, uma tesoura, barbante e ita adesiva. A missão é

montar, utilizando apenas esses materiais, a estrutura de espaguete mais

alta possível, em até 18 minutos.

A tarefa não é fácil, porque o marshmallow é mais pesado que aparenta

e as estruturas não se sustentam. “A atividade é toda ilmada. Depois

que acontecem vários fracassos, nós comentamos tudo o que foi feito”,

declara. O exercício, segundo ele, permite analisar fatores cruciais para a

criatividade, como o funcionamento dos processos de tentativa e erro, ou

a capacidade de realizar protótipos.

Roteiro

Alguns exercícios contam com uma análise psicológica do desempenho

dos alunos. Um deles, por exemplo, consiste na criação de desenhos

simples, tendo como única restrição o tempo limite. Outra proposta

é a gravação de um vídeo de apresentações de cinco minutos dos

participantes, que posteriormente são avaliados pelo grupo, que destaca

suas virtudes e defeitos.

Em um dos exercícios, os alunos analisam ilmes e seriados de TV,

buscando compreender quais são os paradigmas presentes no cinema.

Depois, tentam encaixar um vídeo exibido nos modelos que identiicaram.

128
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

“No curso, a prática vem primeiro e a teoria entra na hora de refletir sobre

tudo que foi feito”, diz Dana.

Explorar as sensações e experiências da arte – cantando com uma

coralista, ou interagindo com um ator – também faz parte das atividades.

Dana, que é pianista de jazz, usa também a música em um exercício

com o objetivo especíico de trabalhar a capacidade de improvisação:

contando com softwares para criação musical, os alunos compõem

trechos musicais. “Quando estou improvisando, com o jazz, preciso tomar

decisões continuamente e não posso voltar atrás. É como no mundo

empresarial”, disse.
Fonte: Castro, Fábio de. Com exercícios práticos, alunos de economia, administração
e direito “aprendem” a ser criativos. 20 nov. 2011. In: site “Uol – Educação”.
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/20/com-exercicios-
praticos-alunos-da-fgv-aprendem-a-estimular-a-criatividade.htm>. Acesso em 17
jun. 2015.

Revisão
Nessa unidade conhecemos um pouco mais sobre economia criativa
e sua diferença da economia tradicional ou empresarial. Antes, na
economia tradicional, produzia-se bens e serviços e ajustava-se o
marketing ao consumidor de forma tangível. Na economia criativa os
valores estão ligados à intangibilidade dos produtos, desenvolvendo
produtos e serviços junto com o consumidor, criando modelos de
negócios inovadores.

Dentro do prisma da economia criativa, anotamos as duas


vertentes do empreendedorismo: o empreendedorismo social e o
empreendedorismo sustentável. O empreendedorismo social refere-
se à existência de pessoas ou indivíduos sonhadores, que combinam
pragmatismo, compromisso com resultados e visão de futuro para
realizar profundas mudanças sociais nas comunidades locais. As
soluções sociais são inovadoras e provocam geração de renda para
os indivíduos envolvidos. Possuem capacidade empreendedora e
criatividade para promover mudanças sociais de longo alcance em

129
unidade 5
EMPREENDEDORISMO

seus campos de atividade. São inovadores sociais que deixarão sua


marca na história. Como pudemos veriicar, o empreendedorismo
social é uma ação que requer, acima de tudo, a capacidade de
interagir com diversos segmentos e interesses dos diversos setores
da sociedade e, sobretudo, ser apaixonado pelo que faz.

Vimos também como o empreendedorismo ambiental ou sustentável


é ponto-chave para o futuro do mundo e gera oportunidades de
negócios. Hoje não basta o crescimento econômico. Urge um
desenvolvimento econômico, social e ambiental, criando valor de
sustentabilidade e preservação ambiental.

Faça um bom uso do material e boa sorte!

Assista ao vídeo Desaio do marshmallow:

DESAFIO do marshmallow ajuda a desenvolver empreendedores.

(02:55) Son.; Color. Disponível em: <http://tvuol.uol.com.br/video/

desafio-do-marshmallow-ajuda-a-desenvolver-empreendedores-

04020C1B3262E4C92326/>. Acesso em 17 jun. 2015.

O Desaio do marshmallow ajuda a desenvolver empreendedores. A tarefa

aparentemente simples de construir uma torre de espaguetes com

um marshmallow na ponta pode trazer ensinamentos essenciais para

empreendedores e empresários.

Você pode refletir a respeito dos conceitos aprendidos na Unidade

5 assistindo ao ilme “Quem se importa”. Da mesma diretora do ilme

“Doutores de Alegria”, de Mara Mourão. É mais que um ilme. Mais

que um documentário, um movimento que inspira pessoas a serem

transformadores. Convido você a levar esse ilme sobre empreendedorismo

social a sua escola, família, empresa e amigos, e qualquer pessoa

interessada em potencializar o seu próprio poder de transformação.

130
unidade 5
Formas de
assessoria
e financiamento
para novos
empreendimentos
Introdução

No decorrer do nosso curso você já estudou conceitos de


empreendedorismo e compreendeu os passos a serem dados para
transformar ideia em oportunidades. Na Unidade 4 apresentamos o
CANVAS e o Plano de Negócios, que são ferramentas que contribuem
com as chances de sucesso de um novo empreendimento. Já • Fontes de
assessoria para o
na Unidade 5 tivemos a oportunidade de conhecer importantes empreendimento
conceitos sobre economia criativa e empreendedorismo social
• Como
sustentável. financiar seus
empreendimentos
Contudo, estamos cientes de que dar início a um novo • Programas do
empreendimento não é um processo simples. Por isso, nesta
governo brasileiro

unidade mostraremos os trabalhos realizados por incubadoras • Revisão


de empresa, parques tecnológicos e aceleradoras. Em seguida
iremos abordar a importância do Sebrae para os empreendedores
brasileiros e o conceito de Franchising.

Essas instituições podem contribuir para que a suas ideias saiam


do papel, pois em todas elas você poderá receber aconselhamentos
e trocar informações sobre os seus empreendimentos.
Saiba que de nada adianta ter boas ideias, conhecer boas oportunidades e

ter aconselhamento adequado se você não possui recursos. Sendo assim,

na segunda parte dessa unidade iremos apontar diversos caminhos que

você pode utilizar para inanciar seus sonhos, dentre eles o inanciamento

coletivo (crowdfunding).

Por im, iremos apresentar alguns programas de políticas públicas


desenvolvidos pelo governo brasileiro que podem ser úteis para
pequenos empreendedores.
EMPREENDEDORISMO

Fontes de assessoria
para o empreendimento
Neste primeiro momento iremos falar sobre incubadoras, parques
tecnológicos, SEBRAE e sobre Franchising. Em todos os casos
caberá a você, como futuro empreendedor, pesquisar mais e decidir
qual delas pode ser mais útil para o seu negócio.

Incubadora
Muitos empreendedores desenvolvem produtos ou serviços
inovadores na área de gestão , contudo, vários desses projetos
são abandonados. As incubadoras têm um papel fundamental
no desenvolvimento de novos negócios, tendo em vista que elas
oferecem ambiente físico propício para inovação, interação das
empresas incubadas com universidades, assessorias para o
Como futuro
desenvolvimento de planos de negócios e para captação de recursos empreendedor,
junto a órgãos de fomento, e diversas formas de aconselhamento pesquisar mais e
com especialistas de diferentes áreas. decidir qual delas
pode ser mais útil
para o seu negócio.
Você terá a oportunidade de conhecer mais sobre o assunto em um
texto disponível na estrutura didática dessa unidade. Não deixe de
lê-lo, pois ele será essencial para o seu processo de aprendizado.

Parques tecnológicos
De acordo com Santos e Parejo (2003), os Parques Tecnológicos
têm sua origem durante a década de 1930, em Palo Alto, região de
São Francisco, no estado da Califórnia (EUA), junto à Universidade
de Standord. Essa experiência acabou resultando no surgimento do
Silicon Valley (Vale do Silício).

É importante ressaltar que, em 1951, o Professor Frederick Terman


fundou o Stanford Research Park, em uma área que pertencia
à universidade. Em um primeiro momento, as empresas que se

134
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

instalaram lá eram resultantes dos estímulos dados por Terman


aos alunos de Engenharia Elétrica. Anos depois, diversas empresas
de tecnologia instalaram-se naquela região (SANTOS, 2003).

Atualmente o Vale do Silício abriga empresas como Google,


Facebook, Intel, Hewllet-Packard (HP), eBay e Apple, e diversas
outras empresas de base tecnológica.

FIGURA 22 - Silicon Valley área (Vale do Silício)

Fonte: [Silicon Valley] Disponível em: <http://lukewalsh.co.uk/blog/uploaded_


images/Silicon-Valley-746836.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015.

FIGURA 23 - Apple Campus

Fonte: [Entrada Apple Campus] Disponível em: <http://canaltech.com.br/conteudo/


Adriano/Sede_da_Apple/Apple-Entrada-do-Ininity-Loop.jpg>. Acesso em 22 jul.
2015.

135
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

FIGURA 24 – Google

Fonte: [Entrada prédio Google] Disponível em: <http://canaltech.com.br/conteudo/


Adriano/Google/Google-Predio.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015.

FIGURA 25 – Intel

Fonte: [Entrada prédio Intel] Disponível em: <http://imagens.canaltech.com.


br/26102.41004-intel.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015.

FIGURA 26 – HP

Fonte: [Entrada prédio HP] Disponível em: <http://extras.mnginteractive.com/live/


media/site568/2015/0302/20150302__0303hp2~1.JPG>. Acesso em 22 jul. 2015.

136
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

O vultuoso crescimento do Vale do Silício é fruto de uma constante


troca de conhecimento entre as empresas que lá se instalaram e
das pesquisas desenvolvidas em Stanford e demais centros de
pesquisa da região (SANTOS e PAREJO, 2003).

Ocorreu na Rota 128, rodovia que está próxima à região metropolitana de

Boston, localizada no Estado de Massachusetts (EUA). Assim como no

Vale do Silício, diversas empresas de tecnologia instalaram-se na região

em virtude da mão de obra qualiicada oriundas de renomadas instituições

de ensino, como MIT (Massachusets Institute of Technology), A Harvard

University e a State University of Massachusets e Bonston University.

(SANTOS, 2003).

Os dois casos apresentados serviram como referência para que


outros países desenvolvessem estruturas físicas, de modo que
empresas de base tecnológicas pudessem se instalar próximas aos
grandes centros de pesquisas e universidades (SANTOS, 2003 e
FIGLIOLI, 2013).

Dessa forma, nota-se claramente o interesse dos governos


de diversos países em criar Parques Tecnológicos como uma
política pública capaz de promover a interação e aprendizado,
e fortalecimento das relações entre universidades, empresas e
sociedade (FIGLIOLI, 2013).

Agora que você teve uma ideia de onde surgiu o conceito de Parque
Tecnológico, gostaríamos de apresentar alguns conceitos básicos.
De acordo com a Aprontec, os Parques Tecnológicos são:

”(...) complexo produtivo industrial e de serviços de base


cientíico-tecnológica. Planejados, têm caráter formal,
concentrado e cooperativo, agregando empresas cuja
produção se baseia em Pesquisa e Desenvolvimento

137
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

(P&D). Assim, os parques atuam como promotores


da cultura da inovação, da competitividade e da
capacitação empresarial, fundamentados na
transferência de conhecimento e tecnologia, com o
objetivo de incrementar a produção de riqueza de uma
determinada região.” (Aprontec)

Já para Figlioli (2007):

“Os parques tecnológicos são empreendimentos


imobiliários planejados, com uma estrutura
administrativa institucionalizada, que visa a promoção
por meio de mecanismos de transferências de
conhecimento, localizados em uma área geográica
delimitada dentro, ou próxima, ao campus de
Universidades ou instituto de pesquisas, com os quais
mantém relações formais.” (FIGLIOLI, 2007, p 31)

Dessa forma, empresas que já tenham encontrado um modelo de


negócio que seja viável e atuem diretamente com inovação, e que se
beneiciam de parcerias com centros de pesquisas e universidades
devem ter atenção às possibilidades de se instalarem em Parques
Tecnológicos.

No Brasil, atualmente, existem mais de 30 Parques Tecnológicos.


Para que uma empresa se instale em um desses parques, é
necessário observar requisitos especiicados no edital, bem como
questões relacionadas ao valor do aluguel e benefícios que a
empresa terá.

Você terá a oportunidade de compreender um pouco melhor sobre


esse assunto por meio de um vídeo que gravamos com o presidente
da BHTec (Parque Tecnológico), Professor Ronaldo Pena.

Para saber mais acesse:

BH Tec. Parque Técnologico de Belo Horizonte. Disponível em:


<http://bhtec.org.br/>. Acesso em 22 jul. 2015.

138
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Aceleradoras
As aceleradoras são empresas que prestam assessoria completa
para startups que apresentam grande potencial de crescimento.
Na maioria dos casos, os programas de aceleração variam de seis
meses a um ano, e, durante este período, a empresa conta com uma
estrutura completa, desde um espaço físico na própria aceleradora,
até mesmo aconselhamento de experts em sua área de atuação.

A aceleração ainda permite que as empresas tenham seus custos


operacionais reduzidos e, na maioria dos casos, tornam-se
lucrativas e sustentáveis. Contudo, as aceleradoras passam a ter
uma fatia da empresa, ou seja, a startup passa a ter um novo sócio.

Os investimentos iniciais feitos pelas aceleradoras ocorrem em empresas

que possuem entre um e três anos, produtos comercializáveis e uma base

de clientes ativos. Os investimentos realizados variam entre R$50 mil e

R$350 mil. Embora não haja uma regra sobre o tema, normalmente as

aceleradoras passam a ter direito a uma parcela das empresas que pode

variar entre 5% e 20%.

Portanto, além de uma assessoria completa, as aceleradoras


contribuem com o capital necessário para que a empresa possa dar
grandes saltos de crescimento.

Tendo em vista que cada aceleradora tem sua própria forma de


trabalho, gostaríamos de sugerir que você visite alguns sites para
aprender mais sobre o assunto:

Tecmallsa. Aceleradora de startups e negócio de alto impacto.


Disponível em: <http://www.techmallsa.com.br/>. Acesso em 22 jul.
2015.

21212. Digital acelerador. Disponível em: <http://21212.com/>.


Acesso em 22 jul. 2015.

139
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Uma das aceleradoras mais famosas do mundo é a Y Combinator, que

desde 2005 já inanciou mais de 700 startups que atualmente valem mais

de U$30 bilhões.

Y Combinator. Financiador de startups em estágio inicia. Disponível


em: <https://www.ycombinator.com/>. Acesso em 22 jul. 2015.

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas


Empresas (Sebrae)
O Sebrae é uma entidade privada, sem ins lucrativos, que atua
como agente de promoção do desenvolvimento por meio de uma
estrutura de apoio a pequenos negócios espalhados pelo Brasil.

A instituição oferece cursos presenciais e em EAD que são voltados


não só para quem quer abrir o próprio negócio, mas também para
aqueles que querem aprender mais sobre gestão. Além disso, o
Sebrae presta consultorias para empreendedores em suas unidades
que estão espalhadas por todo o Brasil.

Uma das aceleradoras mais famosas do mundo é a Y Combinator, que

desde 2005 já inanciou mais de 700 startups que atualmente valem mais

de U$30 bilhões.

Franchising

De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), durante


o ano de 2013, as franquias movimentaram R$115 bilhões por meio
das suas 2703 redes de franquia e 114.409 unidades franquiadas
espalhadas no Brasil. Os números apresentados apontam um alto
crescimento das franquias e é por isso que gostaríamos de falar
mais um pouco sobre o assunto.

140
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Talvez, mais do que saber números, você deve estar se perguntando


como funciona esse modelo de negócios. Para que isso seja
possível, vamos contar uma pequena história sobre a rede de
franquia mais conhecida do mundo:

Ray Kroc era um vendedor de multimixers, que era um tipo de


máquina que despejava bebidas em vários copos ao mesmo tempo.
Na década de 1950, com mais de cinquenta anos, em um momento
em que a economia não ia nada bem, ele recebeu uma encomenda
de oito dessas máquinas de um restaurante localizado na cidade de
San Bernadino, na Califórnia (EUA) (PESCE, 2011).

A demanda chamou a atenção de Kroc, que fez questão de ir


conhecer o restaurante. Chegando lá, ele icou impressionado. Era
um estabelecimento relativamente simples em que os clientes
faziam os pedidos e os recebiam rapidamente em seus próprios
carros. Isso só era possível em virtude de uma linha de montagem
Como futuro
criada para a preparação da comida (PESCE, 2011). empreendedor,
pesquisar mais e
Um detalhe importante havíamos esquecido de comentar. O nome decidir qual delas
pode ser mais útil
do restaurante que Kroc havia visitado chamava-se Mc Donald´s.
para o seu negócio.

Após conhecer a forma de funcionamento do Mc Donald´s, já


com 52 anos de idade, Kroc conversou com os proprietários e se
encarregou de expandir as operações do negócio (PESCE, 2011).

De lá para cá a marca expandiu-se por todo o mundo e, no Brasil,


de acordo com informações retiradas do site da empresa, ela é
operada pela Arcos Dourados, que é uma máster franqueada da
marca McDonald´s em toda a América latina.

Quando falamos em Franchising, precisamos considerar sempre


duas partes: o franqueador, que é quem desenvolveu a marca e a
forma de funcionamento do negócio e o franquiado, que é quem
irá utilizá-la de acordo com determinados padrões previamente
estabelecidos.

141
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

O franquiado recebe diversas formas de apoio quando busca


abrir uma franquia. O Subway, por exemplo, oferece apoio a
inanciamento, ajuda a selecionar o ponto, oferece propaganda e
publicidade, apresenta projeto de operação e projeto inanceiro. Além
disso, o franqueador oferta diversos tipos de cursos, com o objetivo
de manter as operações de todos os negócios padronizadas.

De acordo com o Sebrae, existem diversas vantagens em abrir uma


franquia. Dentre elas gostaríamos de destacar:

• começar o negócio com uma marca que já possui


reconhecimento no mercado;

• apoio do franqueador;

• melhor planejamento dos custos de instalação, com base


na experiência do franqueado.

Contudo, ao abrir uma franquia, é necessário tomar alguns cuidados


com as possíveis desvantagens:

• pouca flexibilidade, tendo em vista que a busca pela


padronização do modelo de negócios faz com que os
controles sejam frequentes;

• caso haja algum problema na rede, o franquiado poderá ser


prejudicado.

Como financiar seus


empreendimentos
No decorrer da nossa disciplina tivemos a oportunidade de discutir
questões relacionadas à transformação de ideias em oportunidades,
trabalhamos com ferramentas como Plano de Negócios, CANVAS
e Design Thinking. Tudo isso é muito importante. Contudo, o início
de um novo empreendimento demanda um capital inicial. Algumas

142
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

pessoas elaboram planos e modelam seus negócios, mas icam


estáticas quando percebem que não possuem recursos suicientes
para começar um empreendimento.

Neste tópico iremos apresentar as principais fontes de


inanciamento para que você possa dar o seu primeiro passo.

Capital próprio
Muitos empreendedores dão inicio aos seus negócios com o seu
próprio capital. Nesse caso, a pessoas fazem reservas durante
algum tempo com esse propósito e esses recursos tornam-se
extremamente úteis para a fase inicial do empreendimento.

De acordo com Wolheim e Remus (2012), o capital próprio é uma


das formas de inanciamento mais utilizadas, tendo em vista que
ela evita que o empreendedor se endivide ou tenha que captar
recursos com investidores, que é um processo complexo e muitas
vezes lento.

É importante destacar que o capital a ser utilizado na abertura de um novo

negócio não pode estar vinculado a nenhum outro compromisso pessoal

do empresário, pois a abertura de uma empresa gera riscos. Sendo assim,

o empreendedor deve estar ciente de que ele pode ter ótimos retornos

inanceiros com seu empreendimento. Entretanto, também pode nunca

mais reaver esse recurso investido.

O empreendedor que utiliza o capital próprio também deve ter


capacidade fazer estimativas das despesas necessárias para
abertura do negócio de forma assertiva. Em alguns casos, o capital
acaba antes que o empreendimento tenha entrado em operação.
Tal situação é extremamente desconfortável, tendo em vista que
nesses casos torna-se difícil avançar ou retroceder com os planos
(WOLHEIM e REMUS, 2012).

143
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Em alguns casos, é possível observar empreendedores que utilizam


o seu patrimônio para inanciar novos negócios. Um bom exemplo
dessa situação seria a venda de um imóvel ou automóvel, com o
objetivo de converter o patrimônio em recursos inanceiros.

O patrimônio utilizado para inanciar o empreendimento não pode ser

essencial para a sobrevivência do futuro empresário, tendo em vista o

risco envolvido na abertura de um novo negócio, bem como a demora para

se obter os primeiros retornos.

Fs (friends, family e fools)

Outra importante fonte de recurso inanceiro pode ser obtida de


maneira informal por meio de amigos (friends) e familiares (family),
e tolo (fools). Esta última palavra é uma brincadeira que se faz com
aqueles que se propõem a emprestar recursos de maneira informal,
mais pela relação de amizade do que pelo negócio em si (SPINA,
2011).

Importantes negócios começaram assim, Sam Walton, fundador da

Walmart começou o seu negócio com US$20 mil dólares que ele pegou

emprestado com seu sogro. Já o fundador da Amazon.com, Jeff Bezos,

vendeu cotas da sua empresa no valor de US$ 100 mil. Alair Martins,

fundador do Grupo Martins, maior empresa atacadistas de alimento

do Brasil, também utilizou dinheiro do seu pai para criar a empresa

(NAKAGAWA, 2011).

Pegar dinheiro emprestado com amigos e parentes exige alguns


cuidados básicos, tendo em vista que as pessoas podem não saber
o risco que envolve um empreendimento em seu estágio inicial.
Sendo assim, é recomendável o máximo de transparência para que
essas pessoas não sejam surpreendidas no futuro. Mais do que

144
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

isso, é importante que o empreendedor se resguarde de problemas


de relacionamentos decorrentes de dívidas que ele não terá
capacidade de honrar, caso as coisas não saiam como esperado.

De acordo com Nakagawa (2011), a captação de recursos pode


ocorrer de duas formas:

TABELA 1 – Captação de recursos

SÓCIO
EMPRÉSTIMO
INVESTIDOR

Pode ser
Exerce função
formal: quando
administrativa.
há contrato
Conforme cláusula
entre as partes.
estabelecida no
contrato social.

Ou informal:
quando há apenas Não exerce função
um compromisso administrativa.
verbal. Conforme cláusula
estabelecida no
contrato social.
Fonte: Elaborado pelo autor.

É importante destacar que a documentação e formalização dos


empréstimos, além de vantagens, evita problemas no futuro.
Nakagawa (2011) menciona que determinados documentos
auxiliam no entendimento da obrigação entre as partes, taxa de
juros (de preferência abaixo do mercado) e formas de quitação.
Além disso, um contrato, mesmo que seja simples, pode ser
relevante para o empreendedor que pretenda captar recursos com
outros investidores.

Linhas de crédito bancário


Muitos empreendedores, após constatarem que o capital próprio ou
de familiares não será suiciente para iniciar o novo negócio, optam
por fazer empréstimos bancários. A obtenção desse tipo de recurso
ocorre por meio de endividamento da empresa, que nada mais é

145
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

do que a aquisição de capital de terceiros mediante pagamento de


juros.

Ao optar por fazer empréstimos bancários, ique atento! Quanto mais

incerto for seu negócio, mais difícil será a obtenção de taxas de juros mais

baixas.

De qualquer forma, em muitos casos, os empréstimos bancários


podem ser vantajosos para o empreendedor. De acordo com
Nakagawa (2011) esse tipo de captação não traz a perda do
patrimônio, ao contrário do que acontece quando o recurso é
levantado junto a investidores (neste caso o investidor passa a ser
dono de parte da empresa).

Quanto mais
Por outro lado, de acordo com Nakagawa (2011), o risco da empresa incerto for seu
aumenta à medida que o endividamento também aumenta. negócio, mais
difícil será a
Além disso, o empréstimo, na maioria das vezes, exige garantias
obtenção de
patrimoniais. taxas de juros
mais baixas.

Antes de fazer um empréstimo bancário, analise todas as ofertas de linha

de crédito disponíveis no mercado. Diversos especialistas recomendam

que a captação desses recursos ocorra antes que a empresa esteja

endividada, pois isso gera insegurança para os bancos. Dessa forma,

você corre o risco de pagar taxas de juros mais altas e ou até mesmo nem

conseguir o crédito de que você precisa.

Capital de risco

A utilização de capital de risco para inanciamento de empresas de


pequeno e médio porte é, na maioria das vezes, uma solução mais
atrativa e menos complexa do que a realização de empréstimos
bancários (PAVANI, 2003).

146
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Os bancos fazem suas análises de crédito com base no desempenho


passado das organizações, tendo em vista que isso permite avaliar
a capacidade de a empresa gerar caixa para pagamento dos
juros e amortizações dos empréstimos. Contudo, as empresas,
em seus estágios iniciais, diicilmente terão um histórico com
os documentos exigidos pelos bancos. Além disso, exigências
de garantias contratuais e altas taxas de juros muitas vezes
inviabilizam a tomada de empréstimo por pequenas empresas em
bancos comerciais (PAVANI, 2003).

Já o investidor de risco acredita no sucesso da empresa que vai


investir. A partir do momento que ele se torna sócio do negócio, ele
contribui não só com capital, mas também com o seu conhecimento
do negócio. Portanto, além de alto envolvimento com as empresas,
o investidor, em algumas situações, pode fazer interferências
diretas (de acordo com as cláusulas contratuais). (PAVANI, 2003).

Investidores anjos
Os investidores anjos são pessoas físicas que têm interesse em
aplicar recursos em empresas que estão em estágios iniciais.
Normalmente esses investidores possuem grande conhecimento
na área em que pretendem fazer seus investimentos e capacidade
de contribuir com o sucesso do negócio.

FIGURA 27 – Investidor anjo

Fonte: [Investidor anjo] Disponível em: <http://startupi.


com.br/wp-content/uploads/2014/08/business_angel_
investor_investidor_anjo.png>. Acesso em 22 jul. 2015.

147
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Investidor anjo: distancia-se da ideia dos 3 Fs (familiy, friends and fools),

tendo em vista que o investimento é realizado em um negócio cujo o

empreendedor não é seu amigo nem membro da sua família (SHANE,

2008).

Embora no Brasil o investimento-anjo ainda seja uma prática


pouco disseminada, o mesmo não ocorre em outros países. Nos
Estados Unidos essa é a principal forma das empresas emergentes
se capitalizarem e representa um valor de aproximadamente 50
bilhões investidos por ano (TORRES, 2008).

De acordo com Spina (2012) o investimento-anjo tem por objetivo


inanciar startups (empresas emergentes). Além dos recursos, o
investidor também agrega valor com conhecimento, experiência e
relacionamentos, o que, na maioria das vezes, aumenta as chances
de sucesso do negócio.

Os recursos oriundos do investidor anjo normalmente são utilizados


para a realização de gastos com a criação da empresa, pagamento
dos primeiros funcionários, desenvolvimento e lançamento dos
produtos ou serviços da empresa.

Um levantamento realizado pela associação Anjos do Brasil mostra


que é comum que este tipo de investimento seja realizado por um
grupo de dois a cinco investidores. Dessa forma o risco é diluído,
mas é imprescindível que seja deinido os investidores-líderes, com
o objetivo de tornar o processo de investimento mais célere. Nesse
caso, a média investida costuma variar entre R$200 mil e R$500 mil
reais.

Caso o investimento seja realizado por um único investidor, o


valor investido costuma icar entre R$20 mil e R$100 mil. Sendo
comum no mercado brasileiro que o anjo ique com 15% a 30%
do empreendimento, conforme negociações entre as partes

148
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

(CARDOSO, 2014).

Buscar um investidor anjo é uma excelente oportunidade para a


empresa, principalmente no seu estágio inicial, pois está dando
os seus primeiros passos. É importante destacar que esse tipo de
investimento apresenta grande risco. Caso a empresa não tenha
a evolução esperada, o investidor também perderá o dinheiro
aplicado. Portanto, é comum que o investidor faça diversas análises
com objetivo de veriicar o potencial do novo negócio (SPINA, 2012).

Antes de buscar um investidor anjo, é necessário que você saiba


que este tipo de inanciamento de recurso tem como principal
vantagem a ausência de juros que você teria que pagar, caso fosse
até um banco pegar algum tipo de empréstimo. O investidor passa
a ter uma parte do seu negócio, que normalmente varia entre 15%
e 30%. Após período estipulado em contrato, o investidor anjo irá
É importante
vender sua parte para o próprio empreendedor ou para terceiros.
destacar que
Trata-se de uma relação temporária, caso contrário o investidor não esse tipo de
conseguiria recuperar o capital investido. investimento
apresenta
grande risco.
Se você estiver certo de que este é o caminho mais adequado
para que o seu negócio possa alavancar, é necessário que você
busque saber muitas informações sobre o investimento-anjo.
Esses proissionais normalmente possuem vasta experiência como
empreendedor ou executivo de grandes empresas. Com isso, eles
têm capacidade de contribuir não só com recursos, mas também
com decisões estratégicas (SPINA, 2012).

Algumas dicas para captar recursos com investidores anjos.

• Não procure um investidor anjo apenas com uma ideia. O ideal

é que você já tenha desenvolvido o CANVAS ou seu Plano de

Negócios (conforme conceitos na Unidade 4), para que você

consiga mostrar o quanto a sua empresa pode crescer. Questões

149
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

básicas, como público alvo e tamanho do mercado, principais

concorrentes e seus principais pontos fortes, e pontos fracos são

informações iniciais que você deve ter antes de entrar em contato

com o investidor.

• Caso a sua empresa ainda não esteja em funcionamento, você

pode apresentar um protótipo de como seria sua operação.

Lembre-se: a prototipagem é uma fase essencial do Design

Thinking que você teve a oportunidade de estudar na Unidade 5.

• O investidor anjo não é a opção adequada quando você não tem

empresa e quer apenas lançar produtos. Nesse caso, recomenda-

se que, em um primeiro momento, seja realizada o registro de

patente, com o objetivo de proteger a propriedade intelectual. Em

um segundo momento é possível negociar a licença e o processo

de fabricação junto a uma empresa do setor.

Ao identiicar o potencial investidor, o empreendedor deve


encaminhar um sumário executivo da empresa. De acordo com
Nakagawa (2011), esse documento tem sido disponibilizado nos
sites das redes de anjos brasileiras. Cabe ao interessado preenchê-
lo de forma adequada com os dados da empresa para que ele possa
ser analisado por um comitê formado por investidores da rede.

Em outros casos, como é o caso da Floripa Angels, há um link no


próprio site que direciona o empreendedor para uma tela em que ele
deve preencher informações básicas sobre a empresa, como: nome,
e-mail e site, ou blog, e uma descrição sucinta do negócio que deve
conter no máximo 30 palavras (projetos promissores podem ser
apresentados em poucas palavras).

Além disso, no caso especíico da Floripa Angels, o empreendedor


deve enviar uma apresentação em PDF que seja concisa e contenha
as seguintes informações:

• Problema a ser resolvido;

• Solução da proposta;

150
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

• Apresentação da equipe;

• Tamanho do mercado;

• Necessidade de investimento;

• Informações que você julgar importante.


Fonte: http://www.floripaangels.org/envie-seu-projeto

A apresentação do negócio para futuros investidores é realizada


por meio de pitch. É a oportunidade que o empreendedor tem para
mostrar seu modelo de negócios e seus protótipos. Normalmente,
os pitch ou pitch elevator (discurso do elevador) é muito dinâmico
e pode durar entre três e cinco minutos. Isso signiica que a
apresentação deve ser capaz de atrair interessados com o conceito
do negócio. Caso o empreendedor convença o investidor de que o
negócio é inovador e escalável, e o processo de análise contínua
(SPINA, 2011).

O processo de avaliação dos negócios dura mais de 90 dias. Embora


esse tempo possa parecer longo, ele é essencial não só para que
os investidores compreendam as características dos negócios que
eles pretendem investir, tendo em vista o risco da aplicação, mas
também para que os empreendedores conheçam o investidor, que
terá um papel decisivo no futuro da empresa (SPINA, 2011).

Portanto, o empreendedor deve ter atenção, pois a busca deve ser


feita com antecedência. Isso demonstra capacidade de organização
e aumenta possibilidade de sucesso de uma boa avaliação.

De acordo com Nakagawa (2011), uma forma de encontrar um investidor

seria buscar em redes de investidores anjos. No Brasil, atualmente, há

uma associação chamada Anjos do Brasil, que possui muitas informações

sobre o tema.

151
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Após fazer uma listagem com o nome dos potencias investidores,


Nakagawa (2011) recomenda que o empreendedor comece o
contato com aqueles que ele já conhece pessoalmente. Contudo,
caso isso não seja viável, é possível usar a teoria dos seis graus de
separação, que parte da premissa que seis pessoas (no máximo)
separam uma pessoa da outra no mundo.

Sendo assim, o empreendedor pode começar do grau zero, mas caso


não consiga, ele pode partir para pessoas do grau 1. Certamente
acessar o investidor dessa forma aumenta a sua receptividade.

Para conhecer um pouco mais, acesse os sites abaixo:

Anjos do Brasil. Entidade de fomento ao investimento-anjo apoiando

o empreendedorismo de inovação. Disponível em: <http://www.

anjosdobrasil.net/para-empreendedores.html>. Acesso em 22 jul. 2015.

Curitiba Angels. Investimento anjo para empreendedores originais e

realizadores. Disponível em: <http://www.curitibaangels.com.br/>. Acesso

em 22 jul. 2015.

Vitoria Investidores Anjos. Associação privada com o objetivo de promover

o desenvolvimento de empresas do Espirito Santo. Disponível em: <http://

vitoriainvestidoresanjos.com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015.

Capital semente

O capital semente ou o Seed Capital é considerado algo recente no


Brasil.

Capital semente (Seed Capital): Trata-se de uma modalidade de capital de

risco realizado na fase pré-operacional do negócio.

152
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

O programa Inovar Semente, lançado pela FINEP (Fundação de


Inovação e Pesquisa – Empresa Pública Vinculada ao Ministério
de Ciência e Tecnologia) em dezembro de 2005, foi uma iniciativa
pioneira (NAKAGAWA, 2011).

FIGURA 28 – Capital semente

O capital semente é o tipo de investidor que investe na fase inicial da empresa ou


projeto, muitas vezes ainda na ideia e sem uma empresa estruturada, visando validar o
modelo de negócios e dar os primeiros passos da empresa (CRIATEC, 2009, p.10).

Fonte: Disponível em: <http://site.protec.org.br/uploads/noticias/imagens/shutterstock_58390957_2.jpg>. Acesso em


22 jul. 2015

Em 2007 o BNDS lançou o fundo Criatec I, que é um fundo de


investimento criado com objetivo de inanciar empresas inovadoras
de pequeno porte com faturamento de até R$1,5 milhões por ano.
Em 2013, o BNDS lançou o Criatec II, com características de política
de investimento um pouco diferente do primeiro, tendo em vista
que o foco são empresas inovadoras com faturamento até R$10
milhões por ano.

De acordo com Nakagawa (2011), os fundos de capital semente


possuem uma forma de operação muito parecida. Normalmente,
eles investem em empresas que estão geograicamente próximas
aos seus escritórios. Isso ocorre porque os fundos, além
contribuírem com capital, também buscam implantar boas práticas
de gestão e governança nas empresas que investem.

É interessante destacar que seed capital está ganhando força no Brasil,

porque os fundos de Venture Capital por aqui não funcionam nos mesmos

padrões dos fundos de Venture Capital Norte Americanos, ou seja,

investindo em empresas no seu estágio inicial. Nos EUA, os fundos de

Venture Capital fazem aporte de recursos em empresas que concluíram

a prototipação de produtos ou serviços. Facebook, Starbucks, Google e

153
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Apple são apenas alguns exemplos de empresas que receberam este tipo

de investimento (NAKAGAWA, 2011).

No Brasil, os fundos de Venture Capital investem mais em empresas


de pequeno porte e estáveis, que estão se tornando empresas de
médio porte. Com o seed capital, os investidores anjos passaram
a ocupar exatamente essa posição. Contudo, esses dois tipos de
capital de risco apresentam algumas diferenças básicas:

• Os investidores anjos, na maioria das vezes, são pessoas


físicas, mantém uma estrutura operacional básica e
não está sujeito ao controle da Comissão de Valores
Imobiliários.

• Os fundos de seed capital precisam de uma estrutura que


permita a prospecção de clientes, análise de investimentos,
recurso para realização de viagens e visitas, gastos com due Com o seed
diligence (tipo de auditoria que permite veriicar passivos da capital, os
organização antes dos investimentos). Normalmente, os investidores
anjos passaram
fundos têm uma duração de 10 anos.
a ocupar
exatamente
Venture capital essa posição.

O Venture Capital (VC) tem como objetivo o desenvolvimento de


empresas inovadoras. Nesse caso, o empreendedor cede uma parte
das ações da empresa ao investidor. Caso o negócio se valorize,
o investidor poderá vender a parte da empresa para recuperar o
capital aplicado. Se a valorização não ocorrer, o empreendedor não
terá uma dívida decorrente do inanciamento, ao contrário do que
ocorre quando se realiza um empréstimo no banco.

Investimento que ocorre em empresas de pequeno e médio porte com

grande potencial de crescimento, o Venture Capital inancia as primeiras

expansões, elevando a empresa a novos patamares do mercado (CRIATEC,

2009, p.10).

154
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Os fundos de Venture Capital, quando comparados aos de capital


semente, fazem investimentos mais altos, tendo em vista que
a empresa já possui e já superou a sua fase como startup. Além
disso, a empresa já terá validado seu modelo de negócio, portanto o
capital pode contribuir com a expansão da empresa.

Os investidores que aplicam recursos em fundo de VC têm como


objetivo obter retornos com a venda de sua parte da empresa. Esse
processo pode durar entre 4 e 10 anos (CRIATEC, 2009).

É importante destacar que os fundos podem gerar contribuições relevantes

para a boa gestão e contatos importantes. Em alguns casos, o auxilio não

inanceiro pode se tornar mais importante do que o investimento em si.

Crowdfunding
O Crowdfunding (inanciamento coletivo) é um processo no qual pede
para um público em geral doações para inanciar empreendimento
em estágios iniciais. Isso permite que empreendedores e
proprietários de pequenos negócios possam evitar o Venture Capital
e investidores anjos para apresentar seus produtos diretamente aos
usuários da internet, que irão prover retorno inanceiro caso gostem
do produto ofertado.

Figura 29 - Crowndfunding

Fonte: disponível em: http://www.quickenloans.com/


blog/wp- Acesso em 06/07/2015

155
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

A ideia básica do crowdfunding (inanciamento coletivo) é que


você pode obter capital para seus projetos por meio de projetos
e de recompensas de criativas. Portanto, essa é uma forma
extremamente interessante para que você possa dar vida aos seus
projetos, como gravar um disco, escrever um livro, montar uma
peça teatro ou fazer uma viagem muito especial. Segue abaixo
um exemplo para que você possa compreender como funciona o
inanciamento coletivo.

Exemplo

Veja as recompensas ofertadas:

Em junho de 2014, a banda Dead Fish optou por fazer o lançamento do

seu sétimo álbum de forma independente. Para tornar viável o projeto, eles

izeram uma campanha no Cartase (site de inanciamento coletivo).

A meta do Dead Fish era arrecadar R$60 mil. Em um mês e meio a

campanha arrecadou R$258.766 mil. A banda ofertou recompensas

de acordo com os valores doados pelos interessados, que variavam de

R$25,00 a R$1000,00.

De acordo com o Relatório da Indústria de Crowdfunding (The


Crowdfunding Industry Report), elaborado pela Massolution,
destacou-se que, em 2012, mais de dois milhões de projetos foram
inanciados via crowdfunding no mundo inteiro. Eles arrecadaram
U$2.7 bilhões de dólares, sendo que mais de trinta milhões de
pessoas contribuíram com isso.

Atualmente, o Kickstarte é o maior site de inanciamento coletivo do


mundo. Fundado em 2009, apoia projetos de diversas categorias,
como ilmes, games, música, artes, design e tecnologia. Até o
presente momento, mais de sete milhões de pessoas apoiaram pelo
menos um projeto, mais de dois milhões apoiaram dois projetos e
duzentos e setenta mil pessoas apoiaram dez projetos ou mais.

156
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Desde o início da sua operação, o site levantou mais de U$ 1 bilhão,


com setenta e seis mil projetos bem sucedidos (www.kickstarte.
com).

O Cartase é considerado a maior comunidade de inanciamento


coletivo brasileira. Mais de 180 mil pessoas já apoiaram pelo menos
um projeto e 1,5 projetos foram bem sucedidos. Além disso, o site
levantou mais de 25 milhões de reais para investir em ideias.

Embora os números de Cartase possam parecer tímidos, perto


da Kickstarte, é importante ressaltar que esse tipo de modelo de
negócio tem apresentando rápido crescimento no Brasil. Portanto,
ique atento, pois essa pode ser uma ótima forma de arrecadar
recursos para o seu inanciamento.

Fizemos um levantamento dos sites nacionais (Tabela 1) de


Crowdfunding. Identiicamos projetos dos mais variados tipos que
conseguiram ser inanciados dessa forma: jogos, livros, estudos no
exterior, ilmes, peças de teatro.

TABELA 2 - Sites de crowdfunding brasileiro


SITE CARACTERÍSTICAS DOS PROJETOS ACEITOS

Recebe projetos de diversas categorias: arquitetura e urbanismo, arte,


artes plásticas, ciência e tecnologia, cinema e vídeo, comunidade,
http://catarse.me/pt/projects
meio, dança, design, educação, esporte, eventos, gastronomia, humor,
jogos, literatura e meio ambiente, música, moda, teatro e web.

Recebe projetos de diversas categorias: causas (educação, meio


ambiente, crenças e religião, comunidade), criativo (vídeo, teatro,
http://www.kickante.com.br/
moda, humor), empreendedorismo (gastronomia, inovação, eventos,
esportes, pequenos negócios, tecnologia, startup, demo day).

O Pote está à procura de PROJETOS CRIATIVOS E BEM


ESTRUTURADOS. O mais importante é que sejam PROJETOS
http://www.opote.com.br/
CRIATIVOS, que inspirem pessoas que acreditam nele e que essas
pessoas queiram não só acompanhá-los, mas também inanciá-los.

A juntos.com.vc é uma organização sem ins lucrativos que possibilita


http://www.juntos.com.vc/
o inanciamento de projetos com impacto social.

Crowdfunding para projetos relacionados ao esporte. O único que


http://www.salvesport.com/ também recebe projetos incentivados para o doador possa usufruir
de renúncia iscal.

157
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

As propostas devem estar relacionadas à criação, ampliação ou


melhoria de roteiros de viagem, meios de hospedagem, passeios,
http://www.garupa.juntos.com.vc/
restaurantes comunitários, centros de visitantes e outros serviços
relacionados ao turismo, para citar alguns exemplos.

Todo projeto que tenha interesse coletivo, promova impacto positivo


e cuja proposta se beneicie (e seja viável) por essa dinâmica de
http://benfeitoria.com/
crowdfunding - o que vai depender da sua relevância, credibilidade e
força de divulgação.

As categorias não são ixas e, de modo geral, relacionam-se à


inovação e à cultura, por exemplo: Animação, Arte, Cinema e Vídeo,
Comunidade, Dança, Design, Educação, Esportes, Eventos, Fotograia,
https://www.startando.com.br
Gastronomia, Jogos, Literatura, Moda, Música, Quadrinhos, Social,
Teatro, Tecnologia, Web. Uma vez que seu projeto seja criativo, ele
será devidamente analisado.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Curiosidade

A campanha mais bem sucedida de crowdfunding no Brasil

A campanha da Bel Pesce, realizada pela Kickante, com o objetivo


de inanciar o tour do seu terceiro livro, O Legado A Menina do Vale 2,
que passou por todas as capitais do país, teve a maior arrecadação
oriunda de crowdfunding no Brasil.

A meta da campanha era levantar R$260.000,00, mas ela foi


encerrada com uma arrecadação recorde de R$889.410,37. Outro
número que chama atenção é que 5210 pessoas contribuíram
com a campanha em troca de recompensas que variavam de
agradecimentos por e-mails e link para livros online (R$10,00),
obrigado pelas mídias sociais, e direito a assistir à palestra+livro
autografado (R$35,00).

Agora que você já entendeu o que é o crowdfunding, é necessário


que você saiba algumas vantagens que você teria ao utilizar essa
forma de inanciamento coletivo (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH,
2012):

• Ao lançar uma campanha, você tem a oportunidade de


fazer uma validação inicial do produto ou serviço que você

158
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

está lançando. Vamos trabalhar com o seguinte exemplo


para facilitar o seu entendimento (STEINBERG, DeMARIA,
KIMMICH, 2012).

Suponha que você esteja desenvolvendo um game que contribui


para o aprendizado da Língua Portuguesa e optou por buscar
recursos no inanciamento coletivo. No encerramento da campanha
você arrecadou menos da metade do valor esperado.

Embora a campanha tenha fracassado, esse retorno pode colaborar


para que você reformule o produto. Tendo em vista que a sua
proposta inicial não foi validada pelo público.

• O fracasso em campanhas desse tipo não faz com que você


perca dinheiro, como acontece quando o empreendedor
faz um empréstimo bancário. Isso ocorre porque a maioria
das campanhas é do tipo tudo ou nada. Ou seja, caso o
empreendedor não alcance a meta, as doações voltam para
as pessoas e o empreendedor ica desobrigado a pagar as
recompensas (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012).

Ainda que algumas pessoas airmem que isso pode prejudicar


a imagem do empreendedor, isso só acontece em casos muitos
especíicos. O conhecimento gerado pelo erro pode ser essencial
para que empreendedores possam alcançar sucesso no futuro
(STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012).

• Ao fazer esse tipo de campanha, você deve entregar as


recompensas prometidas dentro dos prazos estipulados.
Embora haja uma série de cuidados nesta etapa, isso
pode ser mais interessante do que ceder uma parte da
empresa para investidores ou pagar juros decorrentes de
empréstimos (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012).

Sendo assim, gostaríamos de destacar que crowdfunding pode ser


uma ótima forma para inanciar seu empreendimento. No entanto,
é sempre importante analisar se você está preparado para fazer o

159
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

lançamento do seu produto e entregar as recompensas que forem


prometidas.

Programas do
governo brasileiro
O governo brasileiro, seja no âmbito federal ou estadual, tem
desenvolvido programas que apoiem o empreendedorismo no
país. A seguir iremos apresentar alguns deles para que você possa
aproveitar essas importantes oportunidades.

Programa Crescer:

FIGURA 30 – Programa Crescer

Fonte: [Crescer – Programa Nacional de Microcrédito] Disponível em: <http://


brazilplanet.com.br/wp-content/uploads/2013/10/O-Crescer-Programa-Nacional-
de-Microcr%C3%A9dito-Produtivo-e-Orientado.jpeg>. Acesso em 23 jul. 2015.

Trata-se de um programa do governo federal que oferece


microcrédito a micro e pequenos negócios, que tenham faturamento
anual de até R$120 mil reais ao ano ou R$10 mil reais ao mês.

As taxas de juros são mais baixas do que as normalmente


oferecidas em outros bancos comerciais. Esse tipo de empréstimo
pode ser realizado por meio dos seguintes bancos:

160
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

• Banco do Brasil S/A

• Caixa Econômica Federal

• Banco do Nordeste do Brasil S/A

• Banco da Amazônia. S/A

Programa Start- Up Brasil

FIGURA 31 – Programa Start – Up Brasil

Fonte: [Startup Brasil] Disponível em: <http://www.fumsoft.org.br/wp-content/


uploads/2013/03/fumsoft_acelera_mg_startup_brasil_marcas_programa_mcti_
governo_federal.jpg>. Acesso em 23 jul. 2015.

É o programa de aceleração de startups desenvolvido pelo Ministério


de Ciência Tecnologia e Inovação junto com aceleradoras e tem por
objetivo apoiar em empresas de base tecnológica em seus estágios
iniciais (StartUp Brasil. Plataforma que reúne mentores focados
em estruturar e desenvolver novos projetos. Disponível em: <www.
startupbrasil.org.br>. Acesso em 23 jul.2015.).

A diferença desse programa de aceleração para o que mencionamos


anteriormente é que durante o período de 12 meses em que as
empresas estão vinculadas aos programas, elas têm acesso ao
valor que pode chegar R$200 mil reais em bolsas de pesquisa e
desenvolvimento para os seus proissionais.

A FINEP (Fundação de Inovação e Pesquisa), vinculada ao MCTI, tem como

missão a promoção do desenvolvimento econômico e social por fomento

público à Ciência, Tecnologia e Inovação.

Sendo assim, ique atento aos programas e linhas de inanciamento

disponíveis no site da FINEP, que podem ser reembolsáveis e não

reembolsáveis.

161
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Captação de Recursos de Empresas Brasileiras

Depois de um inal de 2014 praticamente estagnado em investimentos de

startups no Brasil, duas empresas anunciaram aportes nesta semana.

Conheça:

• A Cuponeria recebeu 800 mil reais do Verus Group.

• A Sophie & Juliete anunciou 2,2 milhões de reais dos fundos

Astella e também do Verus Group.

A Cuponeria, que pertence ao grupo Buscapé Company, é uma plataforma

de distribuição de cupons de desconto. Este é o segundo aporte da startup,

que já foi acelerada pela Aceleratech.

Segundo a empresa, o investimento será usado para melhorar,

principalmente, a área de TI. Parte do investimento será aplicada em ações

de marketing e branding. Em 2015, a meta da empresa é alcançar escala no

negócio.

Especializada em venda direta online de bijuterias e acessórios, a Sophie

& Juliete foi criada em 2012 com aportes dos fundos IG Expansión e

Redpoint e.ventures. Os 2,2 milhões de reais desta nova rodada vieram da

Astella, que aportou 1,7 milhão de reais, do Verus Group, que colocou 1

milhão de reais, e também da Redpoint e.ventures.

O valor será usado na empresa para investir em tecnologia, melhorando as

ferramentas e funcionalidades do site. Até hoje, a empresa vendeu 130 mil

peças pelo site e através de cinco mil consultoras. Para 2015, a expectativa

é comercializar 300 mil peças.


CUPONERIA e Sophie & Juliete anunciam aportes. 27 jan. 2015. In: sote “Startupi”.
Disponível em: <http://startupi.com.br/2015/01/cuponeria-e-sophie-juliete-
anunciam-aportes/>. Acesso em 23 jul. 2015.

162
unidade 6
EMPREENDEDORISMO

Revisão
Nessa unidade tivemos a oportunidade de conhecer instituições
que podem ser de grande relevância para o empreendedor que está
dando os seus primeiros passos.

Você aprendeu os conceitos de incubadoras, aceleradoras e


vislumbrou até mesmo uma possibilidade de abrir uma franquia.

Certamente você deve ter percebido que não obstante os


empreendimentos tradicionais como comércio em lojas físicas e os
mais diversos tipos de serviços continuem sendo essenciais para
a nossa sobrevivência em sociedade, há uma grande tendência
para produtos e serviços voltados para inovação e tecnologia. Na
nossa próxima unidade iremos detalhar os conceitos de startups e
algumas tendências voltadas para empresas nessa área.

Isso não signiica que modelos de negócios tradicionais serão


instintos, estamos apenas fazendo um alerta para oportunidades
que têm surgido no mundo do empreendedorismo.

Sendo assim, ique atento às novas possibilidades que estão


aparecendo, bem como os mecanismos de captação de recursos
disponíveis no mercado atual.

Anjos do Brasil. Entidade de fomento ao investimento-anjo apoiando o

empreendedorismo de inovação.

Disponível em: <http://www.anjosdobrasil.net/>. Acesso em 23 jul. 2015.

Em busca de um investidor: o pitch ideal. Endeavor Brasil. (02:08) son.;

color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=soT4TCqe0SY>.

Acesso em 23 jul. 2015.

163
unidade 6
Arranjos
empresariais
e startups
Introdução

Olá, caros(as) alunos(as)! No decorrer do nosso curso tivemos


a oportunidade de estudar diversos temas relevantes dentro do
empreendedorismo. Agora é hora de dar um novo passo. Iremos
apresentar três temas de grande relevância:

• Clusters de inovação.

• Arranjos produtivos locais.

• Empresas de bases tecnológicas e startups.


• Clusters de
inovação e arranjos
produtivos locais
Em um primeiro momento iremos mostrar as forças que as
empresas podem ter ao atuar de forma regionalizada. Existem • Empresas de
base tecnológica
diversos tipos de sistemas e arranjos possíveis. Contudo, nessa
• Startup:
unidade iremos nos aprofundar nas ideias de clusters e arranjos
desenvolvimento
produtivos locais. e características
• Revisão
O objetivo é que você compreenda porque as empresas que estão
no mesmo setor e na mesma região geográica podem se beneiciar
ao atuarem de forma conjunta. Essas redes são consideradas uma
importante fonte de vantagem competitiva para as organizações.

Em seguida você terá a oportunidade de aprender o conceito de


empresa de base tecnológica (EBT) e porque os empreendedores
devem ter atenção para este tipo de negócio. Existem pesquisas
que evidenciam que as empresas que utilizam alta tecnologia têm
mais chances de sucesso que as demais.
Por im, falaremos sobre startups, apresentaremos os principais
conceitos e o caminho que você deve trilhar para desenvolver a sua.
Espero que vocês gostem!
EMPREENDEDORISMO

Clusters de inovação
e arranjos produtivos
locais
A globalização representa uma mudança de paradigmas em
diversas dimensões da nossa vida. Atualmente podemos fazer
compras pela internet de produtos que estejam em qualquer lugar
do planeta e recebê-lo em nossas casas em poucos dias. A abertura
dos mercados e as facilidades em processos de comunicação e
transporte poderiam, em tese, reduzir a relevância da localização
das organizações em termos de competitividade. Em um primeiro
momento, seria plausível pensar que não importa região de uma
empresa, ainal de contas ela receberá os insumos que precisar e
irá vender para qualquer lugar do mundo (PORTER, 1998).

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Contudo, você deve ter atenção para um detalhe importante. Algumas
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regiões do mundo são reconhecidas pelo potencial que possuem em

determinados setores. Imagine, por exemplo, que você queira tomar um

vinho brasileiro. Ele tem grandes chances de ter sido produzido nas Serras

Gaúchas (RS), já que dados do Ministério da Agricultura revelam que 90%

dos vinhos brasileiros têm origem naquela região.

Quando o assunto é desenvolvimento de novas tecnologias e


inovação, o Vale do Silício, região localizada no Estado da Califórnia,
nos EUA, é maior referência mundial. Diversas empresas, como
Google, Microsoft, Apple, Facebook, Intel e Yahoo estão instaladas
lá.

Uma boa estratégia de inovação é crucial para que os


empreendimentos possam se tornar bem sucedidos e alcançar boa
participação de mercado. Grandes empresas, via de regra, possuem
parte do seu orçamento destinado ao processo de desenvolvimento
de novos produtos. Já as empresas de pequeno porte (PMEs), que

167
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

estão nos seus estágios iniciais, vivem uma realidade diferente,


tendo em vista que elas atuam com poucos recursos e tecnologias
precárias.

De acordo com KACHBA e KAZUO (2013), a adoção de


desenvolvimento de produtos de forma coletiva é uma estratégia
de inovação que contribui para superar os desaios do processo
de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) enfrentado pelas PMEs.
Sendo assim, é possível identiicar regiões geográicas que se
desenvolveram em virtude da cooperação e troca de conhecimentos
entre as empresas em busca de inovações.

Os estudos que analisam as aglomerações de empresas não são


um fenômeno recente, prova disso é que o livro “Princípios da
Economia”, de Marshall, de 1920, sinalizava que o agrupamento
das indústrias aumentaria a competitividade das empresas,
principalmente as de pequeno porte (SCHIMITZ e NADVI, 1999). De
lá para cá, muitos conceitos têm surgido para deinir arranjos que
possam existir entre empresas que atuam em um mesmo local e
no mesmo setor, bem como as possíveis relações existentes entre
empresas e demais agentes econômicos e políticos. Este é o caso
da administração pública, universidades, fornecedores de matérias-
primas e clientes.

Nesta seção iremos apresentar dois tipos de aglomerados: os


cluster de inovação e os arranjos produtivos locais.

Cluster de inovação
Por mais que possa parecer paradoxal, PORTER (1998) destaca
que na economia global as vantagens competitivas duradouras são
decorrentes do pensamento local, que envolve relacionamentos e
troca de conhecimentos entre empresas, universidades e governos.
Isso é o que o autor chama de cluster.

168
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

O cluster é uma concentração geográica de empresas e instituições

interconectadas em um determinado setor.

De acordo com PORTER (1998), eles englobam um arranjo que


conecta as indústrias e outras entidades consideradas relevantes
para competição. Inclui-se fornecedores de matérias-primas,
canais de distribuição e fabricantes de produtos complementares.
Além disso, muitos aglomerados contemplam a participação de
governos, universidades e associações comerciais.

Já para TIDD e BESSANT (2009), os cluster podem ser deinidos


como:

Redes formadas porque seus participantes se


encontram próximos uns dos outros – por exemplo, Nos clusters,
na mesma região geográica. O Vale do Silício é um normalmente, é
bom exemplo de cluster que conta com proximidade. possível identiicar
O conhecimento circula entre os membros da rede,
divisão de tarefas
mas é muito incentivado pela proximidade geográica e
pela habilidade de comunicação entre integrantes mais entre as empresas,
importantes” (TIDD, BESSANT, 2009, p. 122). aspectos
relevantes para
Portanto, para ser considerado um cluster, é necessário que as especialização.
empresas atuem no mesmo setor e estejam concentradas na
mesma região geográica. Nos clusters, normalmente, é possível
identiicar divisão de tarefas entre as empresas, aspectos relevantes
para especialização.

Em um cluster é possível observar tanto a competição quanto a

cooperação entre as organizações. Isso ocorre porque, sem a competição,

os clusters tendem ao fracasso (PORTER, 1998). A concorrência faz

com que as empresas busquem continuamente melhorias em seus

processos, produtos e serviços. Já a cooperação torna-se imprescindível,

principalmente nas relações verticais que ocorrem dentro das cadeias

produtivas.

169
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Sendo assim, podemos imaginar que, em cluster de empresas


que atuam na fabricação de equipamentos de informática, podem
existir inúmeras formas de cooperação entre fornecedores de
matérias-primas e fabricantes de equipamentos, o que caracteriza
uma relação vertical. Já a competição ocorre no nível horizontal,
entre empresas que concorrem pelo mesmo mercado.

AMATO NETO (2009) destaca que o ganho de eiciência


coletiva é uma das características mais relevantes dos clusters,
independentemente do seu nicho de atuação ou do tipo de produto
ou serviço que oferecem. Isso signiica que a ação coletiva dos
atores, somada às economias externas locais, são capazes de gerar
vantagem competitiva para as empresas que fazem parte do cluster.

Por im, não se pode deixar de destacar o seu papel econômico.


De acordo com o TIDD, BESSANT e PAVITT (2008, p.432), é um
“agrupamento regional de empresas para fomentar o crescimento
econômico através da exploração de sinergias de inovação”.

Um bom exemplo de cluster de inovação brasileiro é o Ecossistema

Empreendedor de Campinas (SP), que está ligado à Unicamp e à PUC-

Campinas. Esse cluster teve início em 1991 e é composto pela CIATEC

(Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas),

o Parque Cientíico e Tecnológico da Unicamp, a Agência Inova e mais de

220 empresas que geram mais de 10 mil empregos (HSM, 2014 – Qual é o

Mapa da Mina Brasileiro?).

Além disso, esse cluster possui uma rede de empreendedores


chamada Unicamp Ventures, que é um espaço de relacionamento e
colaboração para a busca de compartilhamento de conhecimentos
de empreendedores ligados à Unicamp. A rede que tem como sua
missão básica fomentar a colaboração entre empreendedores
abriga empresas em estágio inicial, com pouco ou nenhum
faturamento, e até mesmo aquelas que possuem faturamento

170
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

superior a R$100 milhões. Estima-se que a riqueza produzida pelas


empresas que compõem a Unicamp Ventures já tenha ultrapassado
o valor de R$1 bilhão (Unicamp Ventures).

Arranjo Produtivo Local (APL)

Atualmente, o RedeSist, um grupo de pesquisa vinculado à


Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realiza diversos
estudos sobre APL. O grupo, que é coordenado pelos professores
José Eduardo Cassiolato e Helena Lastres, apresenta o seguinte
conceito para APL:

“Arranjos produtivos locais são aglomerações


territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais
– com foco em um conjunto especíico de atividades
econômicas - que apresenta vínculos mesmo que
incipientes. Geralmente envolvem a participação e
a interação de empresas – que podem ser desde de
produtoras de bens e serviços inais até fornecedoras
de insumos e equipamentos, prestadoras de
consultoria e serviços, comercializadoras, clientes entre
outros – e suas variadas formas de representação de
associação. Incluem também diversas organizações
públicas e privadas voltadas para: formação e
capacitação de recursos humanos, como escolas
técnicas e universidades; pesquisas desenvolvimento
e engenharia, política, promoção e inanciamento.”
(CASSIOLATO e LASTRES, 2005, p.3).

É importante que você perceba que o conceito de APL é mais


abrangente do que o de cluster. Este está mais voltado para a
relação existente entre empresas. Já aquele destaca-se por envolver
agentes econômicos, políticos e sociais.

LÜBECK, WITTMANN e SILVA (2012), após vasta pesquisa na


literatura sobre cluster e arranjos produtivos locais, apresentaram
os conceitos abaixo, que contribuem para melhor compreensão
sobre diferenças básicas entre as duas nomenclaturas.

171
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

O cluster é deinido como uma “concentração geográica de


empresas e instituições interconectadas por uma mesma cadeia
produtiva, no qual cada empresa mantém sua independência e a
interação é insipiente” (LUBECK, WITTMANN e SILVA, 2012, p.128).

Já os Arranjos Produtivos Locais (APLs) são deinidos como:

“Aglomerações geográicas de agentes econômicos,


políticos e sociais pertencentes a uma mesma cadeia
produtiva e/ou setor econômico e que apresentam
vínculos na articulação, interação, cooperação e
aprendizagem sob uma estrutura de coordenação
não-hierárquica das ações e atividades do arranjo.”
(LUBECK, WITTMANN e SILVA, 2012, p.128).

Portanto, ica claro que a estrutura de coordenação das ações é


uma característica dos APLs e não dos clusters.

os APLs são
De acordo com SUZIGAN et al (2006), os APLs devem proporcionar fortemente
aos produtores um conjunto de benefícios em virtude da influenciados
por questões
aglomeração de empresas em uma mesma região. Contudo, o autor
econômicas,
destaca que tais arranjos possuem uma coniguração complexa, sociais e
uma vez que envolvem diversos subsistemas de produção, como é institucionais.
o caso da logística, distribuição, comercialização, desenvolvimento
tecnológico. Além disso, os APLs são fortemente influenciados por
questões econômicas, sociais e institucionais.

Características relevantes dos APLs:

• Possibilitam a sociabilização e compartilhamento de


conhecimento tácito, que é um tipo de conhecimento que
não está codiicado, portanto mais difícil de ser transmitido
(CASSIOLATO e LASTRES, 2005).

• Possuem governança, que é uma forma de coordenação


entre os agentes e atividades (CASSIOLATO e LASTRES,
2005).

• São compostos por uma diversidade de atividades e atores

172
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

econômicos políticos e sociais (CASSIOLATO e LASTRES,


2005).

• Amplia o contingente de mão de obra especializada e com


habilidades especíicas ao sistema local (SUZIGAN et al,
2006).

• Atrai fornecedores especializados de matéria-prima,


componentes e serviços (SUZIGAN et al, 2006).

• Aumento de competitividade por meio de ações conjuntas,


como compra coletiva de matéria-prima, promoção de
cursos de capacitação, criação de cooperativas de crédito,
centros tecnológicos entre outras (SUZIGAN et al, 2006).

Exemplo de Arranjo Produtivo Local

No município de Nova Serrana – MG existe um famoso APL da indústria

de calçados. Atualmente são 53 empresas fabricantes de calçados

masculinos, 110 fabricantes de calçados femininos e 691 empresas

fabricantes de tênis.

Os fabricantes de calçados de Nova Serrana e região têm alcançado

inúmeros benefícios em virtude dessa aglomeração regional, como

• aumento da produção em virtude da proissionalização do design;

• proissionalização da gestão racionalização dos processos

produtivos.

O APL de Nova Serrana contempla preocupações que vão além das

questões diretamente ligadas à produtividade da empresa. O programa

Aprender (alfabetização de funcionários da empresa) e projetos de

produção mais limpa, que visam à conservação do meio ambiente, são

ótimos exemplos de ações coordenadas desse APL (O ARRANJO Produtivo

Local. 22 jul. 2015. In: site “Fiemg”. Disponível em: <http://www.iemg.org.

br/Default.aspx?tabid=659>. Acesso em 22 jul. 2015.).

173
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Empresas de
base tecnológica
Após ter aprendido tanto sobre empreendedorismo no decorrer
desse livro, gostaríamos de fazer uma breve reflexão.

Caso você fosse montar o seu empreendimento hoje, como ele seria? Qual

seria a sua área de atuação? Que tipo de tecnologia você utilizaria? Qual

modelo de negócio você utilizaria?

Seria interessante que você parasse a leitura e tentasse responder


a essas questões colocando as respostas no papel. Certamente
eu não terei a oportunidade de ler o que você escreveu, mas o que
iremos apresentar a seguir pode ajudá-lo a repensar suas repostas.

As empresas de base tecnológica (EBT) têm como principal


característica sua capacidade de utilizar tecnologias inovadoras.
Normalmente, tais empresas gastam boa parte do seu orçamento
com Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos e as pessoas
que nela trabalham possuem formação técnico-cientíica, em
muitos casos, na área de Engenharia e Tecnologia (MACHADO et al.,
2001).

Isso signiica que uma empresa que desenvolva um aplicativo


que ajude seus usuários a manter a boa forma por meio de dicas
nutricionais ou uma empresa que desenvolva cosméticos podem
ser consideradas uma EBT. Contanto que elas sejam capazes
de inovar em seus produtos e utilizem conhecimentos técnico-
cientíicos.

Caso você tenha a impressão de que este tipo de empresa é algo


que está distante da sua realidade, saiba que você está equivocado.

174
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

O conhecimento técnico advém de diversas áreas de conhecimento,


o papel do empreendedor consiste em estruturá-lo por meio de um
modelo de negócios que seja viável.

Em um livro chamado “Solo Fértil: Como Identiicar Grandes


Oportunidades para Empreendimento de Alta Tecnologia”, Scott
Shane (2004) airma que os empreendedores que criam empresas
de alta tecnologia têm mais chances de sucessos do que aqueles
que empreendem em negócios com baixa tecnologia. De acordo com
Shane, não resta dúvida de que existem diversos empreendimentos
que possuem baixa tecnologia e são muito lucrativos. Veja, por
exemplo, o caso do Mc Donalds e do Walmart. Eles deixam claro
a possibilidade de sermos bem sucedidos, mesmo quando não
atuamos no setor de tecnologia.

De toda forma, é importante que você preste atenção em um


detalhe: “ser um empreendedor de sucesso envolve apostar no mais
provável, não olhar para extremos” (SHANE, 2004). Não estamos
querendo desestimular que você monte empreendimentos em
setores tradicionais, contudo é importante que você saiba que na
indústria de baixa tecnologia (varejo e restaurantes) as chances de
fracasso são maiores e retornos inanceiros são mais baixos.

O nosso convite aqui é para que você analise com cautela o setor
que você tem interesse em empreender. Diversas pesquisas têm
mostrado que o empreendedor tem mais chances de criar empresas
com alto crescimento em setores especíicos.

175
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Startup: desenvolvimento
e características
Conceitos iniciais

Ao pensarmos sobre a evolução dos empreendimentos no último


século, iremos encontrar grandes mudanças na forma como
produtos e serviços são comercializados. Até a década de 1970,
o que existia era a comercialização de produtos físicos (roupas,
eletrodomésticos, carros) em lojas físicas. A partir da década
de 1980 passa a ser possível comprarmos produtos digitais (ex.
softwares) em lojas digitais.

Contudo, é a partir da década de 1990 que observamos o fenômeno


das empresas ponto.com. Isso signiica que diversos produtos
físicos passaram a ser comercializados por meio de canais digitais.
Mais recentemente deparamos com um novo contexto, no qual
produtos digitais são comercializados por meio de canais digitais.

Pense no seu dia a dia. Você certamente faz uso de diversos


aplicativos, tanto em seu celular, quanto no seu computador. Todos
eles são frutos dessa revolução digital. É dentro desse contexto que
o termo startups vem se popularizando por todo o mundo.

Mas ainal de contas, o que é uma startup?

FIGURA 32 - Inovação

Fonte: [Startup] Disponível em: <http://bizstart.com.


br/wp-content/uploads/2013/12/3_6-startup-1.jpg>.
Acesso em 22 jul. 2015.

176
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Em seu livro “Startup: Manual do Empreendedor”, STEVE BLANK


e BOB DORF (2014) deiniram uma startup como uma empresa de
caráter temporário, que surge com o objetivo de buscar um modelo
de negócios que seja recorrente, escalável e lucrativo.

Uma startup é uma empresa pequena, ainda em um estágio inicial de

desenvolvimento. A grande maioria delas atua em negócios com base

tecnológica que utilizam canais digitais para distribuição de seus produtos.

No momento em que são criadas, as startups não sabem exatamente

quais são as necessidades dos seus clientes e desconhecem o modelo de

negócios que tornará viável o seu crescimento. Sendo assim, elas deverão

ser capazes de testar possíveis modelos de negócios (BLANK e DORF, 2014).

Também é importante destacar que ela tem caráter temporário.


Isso ocorre porque depois de algum tempo em funcionamento, as
startups podem seguir em duas direções distintas. Na primeira delas,
os empreendedores identiicam um modelo de negócio escalável,
com grande potencial de crescimento, captam recursos e crescem
até se tornarem uma grande empresa, na maioria das vezes com
capital aberto. Esse processo aconteceu com empresas como o
Google e o Facebook. Contudo, também existem diversas startups
que caminham na direção contrária e encerram as suas atividades
ainda muito pequenas.

Para que você compreenda melhor o que falamos até aqui, vamos trabalhar

com um exemplo muito simples. Imagine que você opte por montar um

empreendimento. Após meses elaborando um plano de negócios, você

inaugura a sua lanchonete. Como você foi cuidadoso com todos os detalhes

e está atendendo

à demanda dos seus clientes, em pouco tempo você passa a ter uma grande

demanda (500 atendimentos por dia).

177
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

FIGURA 33 - Lanchonete

Fonte: [Lanchonete] Disponível em: <http://kalanga.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/05/interior-de-


lanchonetes-4.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015.

Vamos supor que o sucesso do seu empreendimento seja tão


evidente que você escolha por ampliá-lo para atender uma demanda
estimada de 2500 clientes por dia.

Essa ampliação, certamente, irá aumentar a sua receita em


decorrência do aumento das vendas. Contudo, as despesas
também terão um gasto signiicativo com a locação de um espaço
maior, novos investimentos em móveis e contratação de novos
funcionários. Isso signiica que o seu empreendimento não te
permite ter ganhos em escala.

Agora veja o exemplo do Waze. Trata-se de um aplicativo criado


em Israel, em 2008. Além de mostrar a melhor rota para se chegar
em determinado local, ele permite com que os usuários do serviço
possam trocar informações entre si, melhorando o percurso diário
de todos.

Em 2013, com apenas cinco anos de vida, o Waze foi vendido para
o Google por um valor de aproximadamente $1,3 bilhões. De acordo
como site de tecnologia da IG, em 2014, o Waze atendia 50 milhões
de usuários em todo o mundo, sendo 6 milhões apenas no Brasil.

Já o WhatsApp foi comprado pelo Facebook em 2014 por $16


bilhões. Atualmente, a sua base de clientes possui mais de 450

178
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

milhões de usuários espalhados pelo mundo. Tais informações


colocam em evidência a escalabilidade das startups. Como grande
parte dessas empresas atua em ambientes digitais, o aumento da
base de clientes não implica em aumento signiicativo de gastos.
Isso permite grande lucratividade desses empreendimentos e
ganhos consideráveis em escala.

Após observar esses números, talvez você esteja pensando seriamente em

montar sua startup. Contudo, precisamos fazer um alerta! O empreendedor

nessa área deve saber conviver com o risco. ERIC RIES (2011, p.24) deine

uma startup como “uma instituição humana projetada para criar novos

produtos e serviços sob condições de extrema incerteza”.

Percebam que a deinição do Ries é extremamente ampla. Ela não


faz nenhum tipo de restrição com relação ao tamanho, nem com
relação ao setor da economia no qual a empresa deve atuar para
ser considerado uma startup (RIES, 2011).

Elas podem nascer de organizações de grande porte, que criam


empresas menores para desenvolver e comercializar uma
determinada tecnologia, como ocorre com os spin-off corporativos.
Também é possível identiicar startups oriundas de spin-off
acadêmicos, que ocorre com a criação de uma empresa para
comercializar tecnologias que tiveram origens em pesquisas
realizadas dentro das universidades.

O ponto mais importante nesse conceito é o fato de que elas devem


ser projetadas para enfrentar situações de grande incerteza, uma
vez que ela desenvolve um produto ou serviço inovador. Sendo
assim:

“Abrir uma nova empresa, que seja um clone exato de


negócios já existente, copiando modelo de negócios,
preciicação, cliente alvo e produto, pode até ser um
investimento economicamente atraente, mas não é

179
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

uma startup, pois seu sucesso depende apenas da


execução tanto que este sucesso pode ser modelado
com grande exatidão.” (RIES, 2011, p.25)

De acordo com THIEL (2014), novas tecnologias tendem a surgir


por meio de novas empresas, como é o caso das startups. Isso
ocorre porque, quando os negócios são menores, as pessoas
conseguem perceber com mais clareza a missão de tornar o mundo
melhor. Além disso, grandes organizações possuem hierarquias
burocráticas, que são avessas ao risco e diicultam a inovação.

Portanto, podemos airmar que um dos pontos que facilita o


processo de inovação dentro de uma startup é fato de que elas
possuem uma estrutura enxuta, em que as pessoas interagem
mais. Além disso, os empreendedores têm menos a perder do que
uma empresa já consolidada. A experimentação e a aceitação de
Grandes
que as coisas podem dar errado ocupam o lugar do temor existente organizações
em grandes empresas. possuem
hierarquias
burocráticas, que
Resumo das características básicas das startups são avessas ao
risco e diicultam
• Empresas em estágio inicial. a inovação.
• São transitórias e estão em busca de um modelo de
negócios que sejam recorrentes, escaláveis e lucrativos.

• Atuam em um ambiente de muita incerteza.

• Desenvolvem produtos e serviços inovadores.

• Podem surgir de diversos setores da economia.

• As estruturas mais enxutas das startups permitem maior


interação entre as pessoas e contribui para inovação.

• Replicar um modelo de negócios já existente, mesmo que


seja algo economicamente atraente, não signiica criar uma
startup.

180
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Desenvolvimento de clientes e
movimento startup Enxuta
Agora que você já sabe o que é uma startup, será necessário dar um
passo importante. Nesta seção iremos abordar as metodologias do
desenvolvimento de clientes de Steve Blank e da startup Enxuta, de
Eric Ries, que são essenciais para quem quer montar um startup.

A metodologia de desenvolvimento de clientes é fruto dos


trabalhos de Steve Blank, que é uma das maiores referências em
Empreendedorismo no mundo. Ele chegou ao Vale do Silício na
década 1970 e, em pouco mais de 20 anos, criou oito startups.
Atualmente, leciona Empreendedorismo na Stanford University, em
Berkeley, e na Columbia University. O seu primeiro livro chama-se
“Do sonho e revolução em 4 passos”, e o segundo, “Startup: Manual
do Empreendedor”, que foi escrito com Bobo Dorf. Grandes
organizações
possuem
Até bem pouco tempo atrás os empreendedores pressupunham hierarquias
conhecer o caminho correto para a criação de uma startup de burocráticas, que
sucesso. Eles adotavam modelos de desenvolvimento de produtos
são avessas ao
risco e diicultam
e clientes com base nos conceitos ensinados nas escolas de a inovação.
negócios. Contudo, as ferramentas de gestão aplicadas às grandes
organizações apresentam grandes distorções quando são utilizados
por empresas menores (BLANK e DORF, 2014).

Na maioria das vezes, era possível observar empreendedores


elaborando seus planos de negócios extremamente analíticos,
contendo estimativas com as vendas dos futuros negócios, bem
como deinição do tamanho do mercado e diversos itens a serem
monitorados para que o produto inal seja alcançado. O grande
problema desse tipo de plano é que eles diicilmente contribuem
para o sucesso das empresas. Na verdade, 90% dos novos produtos
fracassam quando utilizam essa lógica (BLANK e DORF, 2014).

De acordo com Blank e Dorf (2014), existem noves pecados mortais


que podem ser cometidos no lançamento de um produto:

181
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

1. Presumir que “Eu sei o que o cliente quer.” Lembre-se:


uma startup é uma empresa nascente em busca de um
modelo de negócio. No primeiro dia de funcionamento ela
não possui clientes. Sendo assim, no dia um, restringe-se
a um conjunto de hipóteses, nada mais. A metodologia
tradicional, com base no plano de negócios, sugere que
o empreendedor gaste muitos recursos desenvolvendo
produtos sem contato prévio com os clientes.

2. “Eu sei quais são as características dos produtos.” Quando


um empreendedor acredita saber o que o cliente quer,
ele acaba desenvolvendo produtos com base nos seus
pressupostos. Isso pode funcionar bem com uma empresa
que já esteja em funcionamento e conheça bem a realidade
dos seus clientes. Já no caso das startups, é necessário que
o empreendedor vá para rua e conheça bem a demanda
dos seus clientes.

3. Foco na data de lançamento: é muito comum, entre as


empresas que trabalham com metodologias tradicionais
de desenvolvimento de produto, determinar uma data
de lançamento. A partir daí são deinidos cronogramas
que devem ser rigorosamente cumpridos até o grande
dia. Contudo, não é raro que grandes lançamentos sejam
acompanhados de grandes fracassos. De acordo com Blank
e Dorf (2014, p.9), “é natural e óbvio que todas as empresas
queiram colocar e vender um produto no mercado, contudo,
isso não deve ser efetuado antes que a companhia saiba
a quem estão vendendo e por que irão comprar. Portanto,
o lançamento de um produto deve ser testado e aprovado
pelos públicos de interesse. ”

4. Ênfase na execução em lugar de hipóteses, testes,


aprendizagem e interação. As startups devem abandonar
a lógica tradicional que está apoiada em um programa
passo a passo, voltado para a execução. Isso signiica que
devem começar estabelecendo hipóteses, em seguida, será

182
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

necessário submetê-las a testes, que na maioria dos casos


irão se mostrar equivocadas. Dessa forma, será necessário
repensar hipóteses e aprender com elas até encontrar um
modelo de negócios que seja viável.

5. Planos de negócios tradicionais não incluem tentativa


e erro. Conforme dissemos anteriormente, uma startup
precisa testar suas hipóteses. Nada pode ser mais
importante que analisar as experimentações feitas com
clientes. Sem isso, torna-se impossível validar um modelo
de negócio.

6. Confundir títulos e cargos tradicionais com o que uma


startup precisa para cumprir o objetivo. É comum que
algumas startups tentem criar estruturas organizacionais
parecidas com as tradicionais, contratando proissionais
de vendas, inanças, marketing e produção. Mas isso não
funciona nesse tipo de prática.

7. Vendas e marketing executam o plano. Nos modelos


tradicionais, é comum que proissionais de marketing
atuem com foco no lançamento do cliente. Ou seja, após
o lançamento e a primeira remessa para o cliente, algumas
questões serão sanadas. Contudo, o ideal, como dissemos
anteriormente, é que todos os testes com clientes sejam
realizados antes dessa etapa.

8. Presunção de sucesso leva aumento de escala prematuro.


A utilização de planos de negócios induz ao raciocínio de
que não existirão falhas no percurso. Ou seja, há pouco
espaço para erros e aprendizagem para realizar as devidas
adequações.

9. Gerir na crise leva altos custos de inanciamento. O


desenvolvimento de clientes parte do pressuposto de que
as startups devem ter uma forma estruturada para testar
as suas hipóteses e validar variáveis relacionadas aos
mercados, clientes, canais e preços. Assim, é possível

183
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

transformar estimativas em fatos concretos (BLANK e


DORF, 2014).

FIGURA 34 - As quatro fases do desenvolvimento de clientes

Fonte: BLANK e DORF, 2014, p. 21

Conforme temos a possibilidade de ver na igura acima, as quatro


etapas do desenvolvimento de clientes não são circulares. Elas
começam com a descoberta dos clientes. Isso acontece com
base na visão dos fundadores da empresa, seguida de testes com
clientes. O objetivo dessa etapa é transformar hipóteses em fatos.

Na etapa seguinte, busca-se veriicar se o modelo de negócios é


escalável e repetível. Caso isso não seja constatado, volta-se a
etapa anterior. A terceira etapa é chamada geração de demanda e
tem por objetivo deinir o montante de usuários e a dimensão do
negócio.

Na quarta e última etapa do modelo busca-se trabalhar no processo


de transição da startup para que ela possa se tornar uma grande
empresa, tendo como base a validação do modelo previamente
aprovado.

184
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Iremos detalhar esse modelo em um texto chamado: “Como criar


a sua startup?” Que está no Aprendendo. Portanto, não deixe de
acessá-lo.

A startup enxuta (The Lean Startup)


Agora você terá a oportunidade de conhecer os principais
conceitos de uma importante metodologia desenvolvida por Eric
Ries, chamada “A Startup Enxuta (The Lean Startup)”. É importante
destacar que o livro do Ries, lançado no Brasil em 2011, tem servido
como referência para muitos empreendedores, principalmente para
aqueles que possuem uma startup.

Sua metodologia tem como base o conceito de produção enxuta que


se originou no Japão, dentro da fábrica da Toyota, após a Segunda
Guerra Mundial. A indústria automobilística japonesa, desde então, A indústria
tornou-se referência para diversas indústrias. O pensamento enxuto automobilística
prevê aumento da eiciência por meio da eliminação de perdas. Os japonesa, desde
então, tornou-
japoneses consideram que a perda é tudo aquilo que gera valor ao
se referência
produto, ou seja, que não satisfaz os interesses do cliente. para diversas
indústrias.
De acordo com RIES (2011), a produção enxuta valoriza o
conhecimento dos funcionários e a redução do tamanho dos lotes
de produção. Além disso, o Sistema Toyota de Produção é muito
conhecido pelo Just in Time, que é um conceito baseado na ideia
de que a produção deve ser “puxada” a partir da demanda, de forma
que seja possível produzir somente itens necessários, no momento
necessário e na quantidade necessária. Isso evita excesso de
estoques e contribui para eliminação de desperdícios (CORRÊA e
GIANESE, 2013).

Talvez vocês estejam se perguntando de que forma uma


metodologia voltada para indústria poderia ser útil para o
desenvolvimento de uma startup? Este é o ponto central do livro
“Startup Enxuta”.

185
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

De acordo com RIES (2011), o sucesso de um empreendimento está


associado a algumas importantes descobertas: que tipo de produto/
serviços os clientes querem ou precisam, e estão dispostos a pagar
por eles?

Na maioria das vezes, empreendedores tentam responder a essas


perguntas por meio de planos de negócios, no qual fazem diversas
pesquisas de mercados com o objetivo de descobrir a preferência
dos consumidores. De acordo com RIES (2011), estes métodos
são falhos, uma vez que não provocam interação direta com o
consumidor.

O método de Ries propõe que o empreendedor aprenda a dirigir


uma startup. Isso signiica abrir mão de planos complexos, que
estão estruturados com base em inúmeras hipóteses, para adoção
de uma lógica que permita a experimentação e ajustes constantes,
por meio do ciclo de feedback chamado construir-medir-aprender.

Imagine que você queira criar um aplicativo que tenha por objetivo
unir pessoas que queiram dar caronas. Esta é uma demanda latente
da nossa sociedade, tendo em vista o caos que enfrentamos nas
ruas de todas as grandes cidades do mundo por causa do excessivo
número de transportes.

Embora possa parecer tentador lançar um aplicativo com


inúmeras funcionalidades, como por exemplo: espaço para troca
de mensagens entre usuários, brindes para quem acumula pontos
e convênios com empresas parceiras. A metodologia da startup
enxuta sugere que você lance um produto mínimo viável.

Isso signiica que você deve lançar uma versão mais simples do
aplicativo e a partir daí você terá a oportunidade de compreender
aquilo que é de fato relevante para o cliente. Dessa forma é possível
gastos desnecessários com o desenvolvimento de funcionalidades
que ninguém considera importante.

186
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

A experiência do cliente permite ao empreendedor um processo


chamado por Ries de aprendizagem validada. Ou seja, o produto
mínimo viável oferece importantes feedbacks para que as startups
identiiquem de forma assertiva aquilo que é considerado valor para
o usuário.

Detalharemos essa metodologia no Aprendendo. Fique atento!

A seguir iremos apresentar o caso da Buscapé. Fique atento, pois você

terá a possibilidade de entender na prática muitos dos conceitos vistos até

aqui.

O caso Buscapé: de uma startup a uma das mais valiosas empresas do

setor.

A história do Buscapé teve início no inal da década 1990, quando os

estudantes de Engenharia Elétrica da POLI-USP, Romero Rodrigues e

Rodrigo Borges viram na internet uma grande oportunidade de negócio* .

Entre 1996 e 1999 eles haviam feito estágio no Larc (Laboratório de

Arquitetura e Redes de Computadores da Poli) e tiveram a oportunidade

de se envolver em diversos projetos, como desenvolvimento de redes

metropolitanas que tinha por objetivo conectar todos os centros

acadêmicos do Brasil e a criação de serviços de e-mails para o laboratório.

O que motivou o início do Buscapé foi uma situação vivenciada com

Rodrigo em junho de 1998. Ele queria comprar uma impressora e, ao

pesquisar na internet, ele constatou que não havia nenhuma informação

sobre preços do produto na internet. Naquela época ainda não existia o

Google, portanto, as pesquisas foram realizadas em sites como o Cadê,

Yahoo e Altavista.

*
O caso do Buscapé foi escrito com base nos relatos do Romero Rodrigues,
apresentados no livro Startup Brasil, de autoria de Pedro Mello e Marina
Vidigal.

187
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

O problema enfrentado por Rodrigo naquele momento serviu como insight

para que ele e Romero dessem início ao desenvolvimento de um site de

pesquisas de preços.

A ideia inicial era um pouco diferente do Buscapé que conhecemos hoje.

Ao invés de utilizar informações das lojas virtuais, como ocorre nos dias de

hoje, eles optaram por capturar e divulgar os preços praticados por lojas

físicas.

Para que isso fosse viável para a equipe, que passou a contar com mais

um sócio, o Rogério, que também era aluno da POLI (Romero, Rogério

e Rodrigo), desenvolveu um software que seria instalado nas lojas que

tivessem interesse em se iliar ao site. O programa levantaria os preços por

meio de uma planilha do Excel e depois iria transferir as informações para

o banco de dados central.

Após quatro meses desenvolvendo o software, a equipe do Buscapé

apresentou o conceito do negócio para alguns lojistas. Eles foram

surpreendidos, pois a grande maioria dos comerciantes recebia os jovens

às gargalhadas e outros nem encerravam a ligação telefônica. Ninguém

queria divulgar preço de produtos pela internet.

Esse primeiro feedback serviu para que o Buscapé mudasse o seu modelo

de negócio. Ao invés de coletar preços das lojas físicas, eles começaram

a levantar tais informações junto às empresas que já faziam vendas online

naquela época, em 1998.

O site Buscapé foi colocado no ar em 1999 e, após um aporte de capital de

três milhões de dólares oriundos do Banco Merrill Lynch, Unibanco e

Brazil Warrant, a empresa inalmente decolou.

Em 2005, o Buscapé recebeu nova rodada de investimentos do Great Hill,

que é um fundo de Private Equity, o que permitiu a expansão, inclusive com

a compra do seu principal concorrente, que era o Bomdefaro. Em 2009,

com a saída do Great Hil do negócio, a Naspers comprou 91 % das ações

do Buscapé por 343 milhões de dólares.

Bom, o resto dessa história ainda está em curso e vale a pena ser

observada.

188
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

Revisão
Nessa unidade apresentamos importantes conceitos sobre temas
relacionados ao empreendedorismo. Em um primeiro momento,
abordamos os conceitos de Arranjos Produtivos Locais e cluster
de inovação. Tivemos a oportunidade de compreender que não
obstante a globalização seja um fenômeno consolidado, a atuação
de empresas por meio de redes regionalizadas é capaz de gerar
vantagens competitivas para todos que compõem esse tipo arranjo.

Além disso, falamos sobre o conceito de Empresas de Base


Tecnológica. Demos ênfase a teoria de um importante professor
de Empreendedorismo da School of the University, chamado
Scott Shane. De acordo com ele, empreendimentos baseados em
tecnologia têm mais chances de serem bem sucedidos que os
empreendimentos tradicionais.

Por im, apresentamos os conceitos mais relevantes sobre startups


e apresentamos duas metodologias que têm sido muito utilizadas
nos dias de hoje.

Espero que vocês tenham gostado de todo conteúdo da


unidade. Não deixe de acessar o Aprendendo. Lá teremos uma
complementação de conceitos vistos por aqui.

Sites:

STARTUPI. Base de conhecimento sobre o mercado de inovação, negócios,

empreendedorismo e tecnologia brasileira. Disponível em: <http://startupi.

com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015.

ENDEAVOR. Organização de apoio a empreendedorismo e empreendedores

de alto impacto. Disponível em: <https://endeavor.org.br/>. Acesso em 22

jul. 2015.

189
unidade 7
EMPREENDEDORISMO

ABSTARTUPS. Banco de dados oicial da Associação Brasileira de Startups.

Disponível em: <http://www.abstartups.com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015.

Livros:

BLANK, Steve; DORF, Bob. Startup: Manual do Empreendedor. São Paulo:

Alta Books, 2014.

RIES, Eric. A Startup Enxuta. São Paulo: Leya Brasil, 2012.

190
unidade 7
Construindo
o futuro
Introdução

Estamos entrando na oitava e última unidade de estudo sobre


Empreendedorismo. Nas unidades anteriores vimos o ambiente,
os conceitos, as características, os instrumentos de trabalho
e a necessidade de ser inovador no ambiente empreendedor.
Como você já sabe, o empreendedor e os conhecimentos do
empreendedorismo não dizem respeito somente ao mundo dos
negócios. A ação empreendedora pode acontecer na sua casa, nos
ambientes comunitários/sociais (Igrejas, Associações de Bairros,
ONGs), em Órgãos Governamentais e em outros ambientes, quando
há necessidade de construir algo novo.
• Características
do empreendedor
do futuro
• Revisão
As empresas são apenas mais um ambiente ou local onde a atitude

empreendedora pode e deve existir. Nessa nossa unidade vamos falar

sobre isso de uma forma diferente. Vamos olhar em direção ao futuro

nos perguntando: e agora, como será o empreendedor do futuro? Muito

diferente do que é hoje? Os seus resultados serão melhores? Os negócios

serão os mesmos? No mesmo formato?

Bem, é bom explicar que todo empreendedor trabalha em duas das


três dimensões do tempo: presente e futuro. Mais no futuro do que
no presente, como podemos observar.
Pense comigo: você conhece algum empreendedor que ica pensando no

passado? Ele não está sempre pensando e agindo para que suas ideias

sejam realidade no futuro? Você mesmo, não está sempre pensando

em como será a sua vida daqui a um ano? Não planeja e age sempre

pensando no futuro? Por isso, o empreendedor pode ser considerado o

CONSTRUTOR DO FUTURO.

Para construir o conceito do empreendedor como construtor do


futuro, vamos abordar o cenário no qual ele terá de agir. Trata-se
de uma abordagem no sentido amplo, para que você possa pensar
sobre o seu papel no mundo.

FIGURA 35 – Pensando o negócio

Fonte: Acervo Institucional

Temos exercitado essa visão “futurística” nas unidades anteriores


e agora vamos procurar deixar bem claro o que signiica futuro e
como podemos perceber suas tendências.

Em seguida, trabalharemos sobre as inteligências necessárias


para a construção do futuro. Veremos a diferença existente entre
ser empreendedor hoje e ser empreendedor no futuro. Quais
características deverão ser desenvolvidas para alcançarmos
sucesso em nossas iniciativas futuras?
Devemos nos lembrar dos desaios, das barreiras a serem vencidas,
dos instrumentos a serem desenvolvidos para possibilitar o
sucesso de qualquer empreendimento. Finalmente, dedicaremos
espaço para mostrar como os jovens estão abrindo o caminho do
futuro utilizando as novas tecnologias e como estão criando outras,
e outras, e outras novas tecnologias.

Não querendo ser fantasioso, aqui começa a Jornada do Futuro. Seja o

construtor do seu futuro!


EMPREENDEDORISMO

Características do
empreendedor do futuro
Em 1995, Bill Gates, um dos maiores empreendedores do século
passado e ainda desse, escreveu “A Estrada do Futuro” (Gates,
1995). O primeiro parágrafo do livro é o seguinte:

FIGURA 36 – Bill Gates

“Os últimos vinte anos foram uma aventura incrível para mim. Tudo começou
quando eu estava no segundo ano da faculdade, no dia em que Paul Allen e
eu paramos no meio de Harvard Square e devoramos, fascinados, o artigo
da revista Popular Electronics sobre um kit de computador. Não sabíamos
direito como seria usado, mas tínhamos certeza de que aquele primeiro
computador realmente pessoal mudaria a nós e ao mundo da computação.
Estávamos certos. A revolução da microinformática aconteceu e afetou
milhões de pessoas. Levou-nos a lugares que mal podíamos imaginar”.

Fonte: BILL GATES. Foto. Disponível em: <http://meusmartphonelumia.com/wp-content/uploads/2015/03/Bill-Gates.


jpg>. Acesso em: 02 jul. 2015.

Todos nós sabemos o que Bill Gates, Paul Allen e Steve Jobs
construíram desde que eram garotos na faculdade. A história dos
empreendimentos deles foi contada e será contada ainda por
muitas gerações, por mais que o tempo passe. Eles izeram história.
Eles construíram a história. Eles mudaram o mundo.

Em 2001, numa área do conhecimento totalmente diferente, a


Sociologia, Domenico De Masi, escreveu “O Futuro do Trabalho” (De
Masi, 2001). A ideia defendida por ele é que estaríamos entrando
numa era em que o ócio ocupa a maior parte do nosso tempo de
vida e não mais o trabalho. Ele tinha a certeza de que, com o avanço
tecnológico, teríamos muito mais tempo “à toa” do que trabalhando
ou ocupados com alguma atividade rotineira e repetitiva. Isto é,
teríamos mais tempo para criar.

Observando as ideias dessas pessoas, podemos construir uma


terceira: caminhamos e continuaremos a caminhar por uma estrada
que nos levará ao futuro que será o nosso presente. Teremos muito
mais recursos e tempo para aplicarmos nossa criatividade em

195
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

transformar nossas vidas, criando novos empreendimentos. Em


curto prazo seremos todos empreendedores de nós mesmos.

Vejam um exemplo que retrata bem como será o futuro do


empreendedorismo ou como será o peril do empreendedor.

Conheça a história de Bel Pesce - http://belpesce.com.br/ (visualizado em

02/07/2015). Ela tem apenas 26 anos – em 2015 - e já escreveu três livros.

Foi considerada uma das “100 pessoas mais influentes do Brasil”, pela

revista Época, eleita um dos “30 jovens mais promissores do Brasil”, pela

revista Forbes, e entrou na lista dos “10 líderes brasileiros mais admirados

pelos jovens”, da Cia de Talentos. (http://www.ciadetalentos.com.br/)

Quais as características que izeram de Bel Pesce e outros serem destaque

nas áreas que atuam? Quais características deverão ser desenvolvidas

para alcançarmos sucesso em nossas iniciativas futuras? E como devem

ser desenvolvidas essas características para alcançarmos o sucesso em

iniciativas futuras?

Bem, para aquele que construirá o futuro, conheça as ações e


atitudes que o seu construtor precisará ter:

1. Ter vontade de fazer as coisas acontecerem e capacidade


de persistir. Parece óbvio, mas ninguém é obrigado a se ver
como empreendedor. Quando percebemos essa vontade de
fazer as coisas mudarem em nossas vidas, ou “de fazer coisas
acontecerem”, transformamo-nos em empreendedores.

Ser empreendedor é ter dentro de si a vontade transformadora, que produz

novas ideias e traz novas possibilidades para o meio em que vive. Mais do

196
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

que sempre, essa é a primeira característica do empreendedor do futuro:

uma vontade duradoura, persistente de fazer.

Mas fazer o quê? Essa resposta é você quem deve procurar. O que
te move e o faz se sentir bem?

Eu me faço sempre uma pergunta que você já deve ter ouvido


muitas vezes: o que você quer ser quando crescer? O que você
deseja para o seu futuro?

Por outro lado, sabemos que as coisas não acontecem assim,


de uma hora para outra. A sorte é resultado do esforço e da
persistência. Quando dizem que alguém deu sorte na vida, que seus
negócios estão indo bem, penso logo no tempo que esse “sortudo”
investiu na sua ideia, na perseverança, na esperança e na coniança
que teve em seu trabalho. Thomas Edson, uma das grandes
personalidades do mundo moderno, inventor da lâmpada elétrica,
da câmera cinematográica, da bateria de automóveis, fundador
da General Eletric (uma das maiores empresas do mundo), tem
algumas frases inspiradoras sobre persistência:

FIGURA 37 – Lâmpada Thomas Edson

“Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho


mais certo de vencer é tentar mais uma vez”.
“A genialidade é 1% de inspiração e 99%
transpiração”.
“Eu não falhei 10 mil vezes. Apenas encontrei 10 mil
formas que não funcionam”.
http://pensador.uol.com.br/autor/thomas_edison/

Fonte: [LAMPADA]. Disponível em: <http://www.sabbatini.com/renato/correio/


ciencia/025040.jpg>. Acesso em: 02 jul. 2015.

Portanto, mantenha-se irme na sua vontade. Persista!

2. Estar atento às oportunidades. Uma vez que você descobre a


vontade de fazer as coisas acontecerem e o que você gostaria
de ser quando crescer, é hora de icar atento a tudo aquilo que
acontece ao seu redor.

197
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

Informe-se, leia, estude, converse, mantenha contato, siga em direção ao

que você deseja. Isso se chama busca de oportunidade ou proatividade

em relação ao que você deseja mudar.

FIGURA 38 - Relexão

Imagine o contrário... Você quer alguma “coisa” e ica


parado, esperando essa “coisa” chegar, sem fazer nada. É
como esperar o ônibus, não é? Quanto tempo ele ainda vai
demorar? Será que ele vem? E se estiver lotado?

Fonte: [REFLEXÃO]. Disponível em: <http://www.contabilidade.inf.br/wp-content/


uploads/2014/01/D%C3%BAvida-Pessoa-F%C3%ADsica-ou-Jur%C3%ADdica.jpg>.
Acesso em: 02 jul. 2015.

Se você é um empreendedor, você não espera o ônibus. Portanto,


A oportunidade
movimente-se, vá ao encontro do seu futuro. No passado (até hoje é perdida pela
ouço este ditado) dizia-se que “cavalo arriado não passa duas vezes”, maioria das
pessoas porque
querendo signiicar que as pessoas devem icar atentas quando a
ela vem vestida
oportunidade aparecer. Isso é verdade. Mas é verdade também que de macacões e
você deve procurar pelo “cavalo arriado”. Não ique parado. se parece com
trabalho
Edson, de quem já falamos, também tem uma frase sobre
oportunidade: “A oportunidade é perdida pela maioria das pessoas
porque ela vem vestida de macacões e se parece com trabalho”.
(Thomas Edson)

Se você sabe o que quer, tem persistência, está atento às oportunidades e

não tem preguiça, suas chances de ter sucesso em seus empreendimentos

acabam de aumentar muito.

3. Visualizar e saber responder a pergunta “Qual é a tua obra?”.


Esse é o título de um dos livros do ilósofo Mário Sérgio Cortella
– <http://mariosergiocortella.blogspot.com.br/>. Faça a leitura

198
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

desse livro. Independente do conteúdo, essa pergunta já tem um


signiicado forte para aqueles que possuem as características
de um empreendedor. Através dessa leitura você terá uma visão
de futuro e uma reflexão ampla sobre o que está em processo
de construção.

Qual o signiicado do que estamos empreendendo, em termos de

sociedade, de humanidade? Essa é uma característica marcante em quem

constrói o futuro.

Antigamente, empreender era encontrar solução para um problema


pessoal. O que você fazia era para satisfazer a sua vontade. Hoje e
no futuro não estamos sozinhos, e tudo o que fazemos reflete nas
outras pessoas, e no mundo. O empreendedor do futuro constrói
O empreendedor
uma obra e não apenas um “negócio”. A ideia de sustentabilidade
do futuro
está presente na obra do empreendedor do futuro. Ele sabe disso e constrói uma
constrói a obra pensando no planeta e nas pessoas. obra e não
apenas um
“negócio”.
Observe também que o conceito de sustentabilidade não está
somente ligado à questões da ecologia ou do meio ambiente.
Está relacionado também à perpetuação, isto é, à duração do seu
empreendimento ao longo do tempo. Lembre-se de vários exemplos
que temos no Brasil e no mundo, de empreendimentos que se
mostraram sustentáveis ao longo do tempo, fazendo valer a sua
sustentabilidade. Vou citar dois exemplos.

• Em Minas Gerais há uma empresa de Tecidos, a Cedro e


Cachoeira, <www.cedro.ind.br/>. que tem mais de 140
anos (fundada em 1872). No site da empresa é possível ver
alguns prêmios ganhos este ano na eleição de uma revista
voltada para negócios: 1ª em inovação e qualidade; 1ª em
responsabilidade socioambiental e 5ª melhor indústria têxtil
do país. Se você pesquisar sobre a história dessa empresa,
encontrará no seu início a igura de um empreendedor que

199
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

acreditou no sonho de construir uma indústria têxtil numa


pequena cidade do interior de Minas. Pesquise.

• O segundo exemplo vem do Rio de Janeiro. A Drogaria


Pacheco foi fundada em 1892 - <https://www.
drogariaspacheco.com.br/index.php?controle=001_sobre>
-por José Magalhães Pacheco. “Atualmente a rede Pacheco
está presente nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Paraná, Distrito Federal e no Espírito Santo, empregando
diretamente mais de nove mil colaboradores e atende cerca
de 7 milhões de clientes por mês”. É uma das maiores redes
de drogarias do país.

Essas duas empresas cuidaram da sua sustentabilidade e


permanecerão vivas por muito mais tempo do que podemos
imaginar. Pense assim sobre o seu empreendimento, seja ele qual
for.

Pesquise sobre outras empresas duradouras e você verá que no


início havia apenas um empreendedor com uma ideia. E ele não
desistiu, soube aproveitar oportunidades e pensava mais do que
apenas num negócio.

4. Saber que não está sozinho. Um pouco diferente, mas


completando a característica anterior, aqui falamos sobre a
compreensão da sua obra como algo construído coletivamente.
O empreendedor do futuro sabe que precisa desenvolver
algumas habilidades. A saber:

• cooperar com os demais;

• formar rede de contatos;

• compreender e conviver com as diferenças;

• liderar pessoas e ideias.

Essas são as diferenças entre o empreendedor de “antigamente” e o

200
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

empreendedor do futuro. Há uma expressão, também título de livro,


criada por Pierre Levy, (1998) ao descrever como seria o futuro da
sociedade: inteligência coletiva. Pois é assim que o empreendedor
do futuro atua, com inteligência aplicada ao coletivo. Ele sabe que
não está sozinho, que precisará do apoio de outras pessoas e
organizações, e que elas também precisarão dele.

FIGURA 39 – Inteligência coletiva

Fonte: [A INTELIGÊNCIA COLETIVA]. Disponível em:


<http://images.slideplayer.com.br/5/1625110/slides/
slide_79.jpg>. Acesso em: 02 jul. 2015.

Observe como essa deinição é signiicativa. Quando você age com


inteligência coletiva, você reúne as suas competências com as de
outras pessoas para construir algo maior, com um sentido maior.
Imagine-se aplicando esse conceito. Agora imagine esse conceito
aplicado por organizações das mais diferentes naturezas, com um
objetivo único? Transformaria o mundo.

Vamos a um exemplo muito interessante de inteligência coletiva:

Hoje é fácil ver um número crescente de novos negócios na área da

tecnologia da informação que nasceram e crescem através da formação

de redes. Conheço de perto um exemplo de empreendedorismo nessa área

e que tem crescido com a troca de informações, com a disponibilização de

informações, com a inteligência coletiva. <http://www.conrado.com.br/>.

Visite o site e conheça a história do Prof. Conrado Adolpho.

Antes de criar o seu atual empreendimento, ele tentou vários outros, mas

201
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

nunca desistiu e agora é um dos pioneiros e expoentes do marketing

digital. Ele sempre está disposto a conversar, ouvir, trocar ideias. Visite o

site e conheça o trabalho dele. O conhecimento dele será útil a você, com

certeza.

Não estar sozinho signiica também que o empreendedor deve


conhecer as fontes de inanciamento, ou seja, os possíveis parceiros
para o desenvolvimento e realização de sua ideia. Hoje são muitas
essas fontes, seja por meio de investidores-anjo – pessoas ou
organizações empresariais que apoiam novos negócios -, sejam
incubadoras, sejam órgãos ou programas oiciais de inanciamento.
Procure sempre estar informado sobre essas fontes. Deve também
conhecer os parceiros-chave, conceito presente na metodologia
CANVAS.

O fato é que hoje e no futuro não haverá o negócio do “eu sozinho”.

5. Utilizar as ferramentas empreendedoras. A quinta característica


do empreendedor do futuro está relacionada ao sucesso da
sua obra. Ele tem conhecimento e sabe da necessidade de
não agir por impulso. Isto é, compreende que o sucesso da
sua obra não depende apenas da boa vontade do destino, mas
que ela é construída de forma técnica, utilizando e aplicando
conhecimentos. Portanto, Canvas, Plano de Negócio e Design
Thinking fazem, e farão, cada vez mais parte do dia a dia do
empreendedor. Ele domina essas ferramentas empreendedoras
e as utiliza. Essa é uma vantagem sobre aqueles
empreendedores sobre os quais falamos anteriormente.

Imagine os fundadores da Cedro e Cachoeira ou da Drogaria


Pacheco. Eles tinham apenas uma ideia na cabeça e foram atrás
de realizá-las, buscando recursos, resolvendo problemas ao mesmo
tempo em que vendiam, compravam, transportavam, contratavam,
construíam e tudo mais que um empreendimento necessita. Hoje,
mesmo se considerarmos o alto impacto que o acesso à informação
traz (todos podem saber das oportunidades ao mesmo tempo), há

202
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

disponibilidade de instrumentos que nos previnem contra possíveis


obstáculos ou diiculdades. Você pode consultar o Sebrae, pode
acessar sites sobre Canvas, pode também prototipar sua ideia. Não
estou dizendo que é fácil, veja bem. Estou dizendo que existem
instrumentos que você não pode e nem deve desprezar na hora de
começar a pôr a sua ideia no caminho do futuro.

FIGURA 40 – Usina hidrelétrica da América do Sul

Você sabia que a primeira usina hidrelétrica da América do Sul foi construída por
Bernardo Mascarenhas? E que ele foi um dos fundadores da Cedro & Cachoeira?
Às margens do rio Paraibuna, em Juiz de Fora (MG), a Usina Hidrelétrica Marmelos,
entrou em operação em 1889. Bernardo construiu a hidrelétrica para ter energia
que alimentasse a sua indústria têxtil. Depois da inauguração a Usina de Marmelos
passou a fornecer a eletricidade que sobrava para a cidade, iniciando oicialmente
o primeiro serviço público de iluminação em Minas Gerais. Ainda hoje, se você
passar pela antiga estrada União-Industrias, próximo a Juiz de Fora, poderá ver a
usina.

Fonte: Disponível em: http://www.memoriadaeletricidade.com.br/default.


asp?pag=4&codTit1=44292&pagina=destaques/almanaque/historia&menu=387&iEmpresa=Menu#44292 Acesso em:
03/07/2015

6. Apreciar e valorizar o novo e a mudança. Parece redundante, isto


é, repetitivo falar que uma das características do empreendedor
do futuro é gostar de novidades e das mudanças. Mas
acontece que um grande problema de muitos empreendedores
mal sucedidos é a incapacidade de perceber a necessidade de
evolução e mudança no seu próprio negócio.

Assim como temos histórias de empresas de sucesso, com alto grau


de sustentabilidade, temos também história de empreendimentos
que poderiam ter tido sucesso, mas caíram diante da resistência à
mudança. Imagine o que seria da Sony – empresa multinacional –
se não tivesse percebido as mudanças ocorridas na área da mídia
digital? A Sony valoriza o novo e a mudança, se assim não fosse,
ainda estaria fabricando itas cassete – ou melhor, não existiria
mais.

203
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

As gravadoras que durante anos produziram LP´s (aposto que muitos nem

sabem o que é) ou discos de vinil, todas perderam mercado porque por um

tempo resistiram às mudanças tecnológicas. Hoje, ocupam um nicho de

mercado (pequeno mercado) com esse produto.

Você é capaz de lembrar de empresas ou produtos que


desapareceram do mercado porque não souberam reinventar-se?
Como, por exemplo, os disquetes. Talvez você não conheça, mas
eles foram usados para armazenar dados e tinham capacidade
para 28kbytes. Os telefones públicos, embora ainda existam...

FIGURA 41 - Disquetes

Fonte: [Disquetes]. Disponível em: <http://s.glbimg.com/po/tt/f/


original/2011/09/15/disquete__.jpg>. Acesso em: 02 jul. 2015.

E os relógios despertadores? Ainda há quem os utilize. E os mapas


em papel?

FIGURA 42 - Despertador

Fonte: [Despertador]. Disponível em: <http://mlb-s2-p.


mlstatic.com/2208-relogio-despertador-antigo-mecnico-
vermelho-cordas-14911-MLB20092212223_052014-F.
jpg>. Acesso em 02 jul. 2015.

204
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

FIGURA 43 - Mapa feito de papel

Fonte: [Mapa feito de papel]. Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/--


A54EXZ1Yz4/TupRirYHnqI/AAAAAAAABg8/hxK11UfCxNo/s400/dftghdg.jpg>.
Acesso em: 02 jul. 2015.

O que foi feito dos fabricantes desses produtos? Se não se


adaptaram aos novos tempos, desapareceram, não cuidaram da
sua sustentabilidade.

Por isso, o empreendedor do futuro não “deita em berço esplêndido”,


isto é, não dorme no tempo e está sempre buscando formas de
trabalhar melhor, de reinventar seu empreendimento, de mudar
antes que seja necessário.

Como você pode observar, essas características do empreendedor


do futuro, e mais outras que você já viu ou ouviu falar, são também
alertas para o sucesso das ideias e dos empreendimentos.
Quando fazemos o exercício de responder à pergunta sobre as
características desejáveis de um empreendedor, encontramos uma
lista sem im. A essas acrescentamos essas seis que nos parecem
de extrema importância e farão a diferença entre o sucesso e o
insucesso do empreendedor do futuro.

Aspectos importantes sobre negócios


e organizações
É preciso acrescentar outros aspectos importantes relacionados
aos negócios ou às organizações. São aspectos mais ilosóicos

205
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

ou de postura e comportamento. O futuro exige também uma nova


mentalidade, um rejuvenescimento. Isto é, o empreendedor e o
empreendedorismo devem buscar sua renovação, tomando uma
cara nova, reinventando-se tal como falamos até aqui sobre as
características do empreendedor do futuro.

Pense: se tudo muda o tempo todo, porque o empreendedorismo não

mudaria? Mas qual seria essa mudança? A mudança está no caráter

tecnológico das novas gerações. Isso ocasiona algumas características

do novo empreendedorismo.

1. Rapidez. No atual estágio da tecnologia da informação,


criou-se a cultura do imediato. Isso signiica que se você
tiver uma ideia, comece logo a testá-la utilizando as
ferramentas do empreendedor. Não espere muito porque a O futuro exige
sua ideia pode icar velha. Outro empreendedor mais veloz também
uma nova
que você lançará a ideia e buscará recursos antes. Seja
mentalidade, um
rápido. Treine a utilização das ferramentas – Canvas, Plano rejuvenescimento.
de Negócio ou Design Thinking.

2. Consistência. Velocidade parece rimar com


supericialidade. No passado era assim; agora não pode
mais ser dessa forma.

É preciso ter velocidade e consistência. Consistência signiica que a

sua ideia deve ser viável, fácil de ser argumentada, bem deinida, ter boa

apresentação, ser capaz de envolver outros parceiros, gerar credibilidade e

coniança. Essa mesma ideia precisa ser “comprada” pelos seus parceiros,

por seus clientes, ser “sentida e percebida” como signiicativa aos seus

olhos e aos olhos dos demais. Isso é ter consistência.

206
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

3. Ter Valor. Muito se fala sobre essa pequena palavra.


Ter valor signiica que a sua ideia trará benefícios para
a sociedade, que as pessoas, quando souberem de seu
empreendimento, dirão: quero estar junto com você.

Isso signiica que elas comprarão seu produto, seu serviço, ou


lutarão a seu lado se você estiver empreendendo uma causa social,
por exemplo. Isso é valor. As pessoas estarão dispostas a dar
alguma coisa para fazer parte do que você está fazendo – pode ser
dinheiro, tempo, ou pode ser apenas uma “curtida”, ou um download,
ou uma compartilhada. O importante é que elas vejam um valor na
sua ideia.

4. Multiplicidade. Essa característica não é muito comum,


mas é muito importante para a construção de uma ideia
de sucesso. Está relacionada com mudança, mas ainda
mais com adaptabilidade. Vou dar um exemplo simples
que vai ajudá-lo a compreender.

Um amigo estava se candidatando a uma bolsa de estudos. Ele tinha

duas possibilidades de inanciamento. Para cada uma das fontes de

inanciamento ele fez um projeto diferente, apresentando a mesma

ideia. Isso é multiplicidade: manter a essência e mudar a forma é ser

múltiplo. Sua ideia deve ter essa característica, se moldar ao público, aos

inanciadores, aos clientes, aos diferentes mercados.

5. Exatidão. O que é ser exato? No nosso caso é ser


objetivo, direto, sucinto, sintético. A ideia de um
empreendimento deve conter aquilo que é necessário
à compreensão e à tomada de decisão por parte
daqueles a quem você apresentá-lo. Não perca tempo
com adjetivos em excesso, vá direto ao ponto, mostre
que você sabe exatamente o que deseja. A forma deve
ser convincente e não cansativa. Evite as fórmulas

207
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

publicitárias em excesso.

Essa exatidão também se aplica à gestão de seu projeto: seja


econômico, eiciente, justo, exato e objetivo no que faz, na condução
dessa construção do futuro.

6. Visibilidade. Do que adianta você ter o trabalho todo


de construção de uma ideia se ela não for reconhecida
pelo público, por seus parceiros e pela comunidade/
sociedade? Você e seu empreendimento devem ser
visíveis. A visibilidade é a alma do negócio – olhe
que eu não disse publicidade. Publicidade é um dos
meios que utilizamos para ser visíveis, assim como
o marketing, que dá forma ao negócio. A visibilidade
é mais ampla, pois envolve todos os aspectos do
negócio – desde a decoração de um espaço até o
reconhecimento do valor social e a sustentabilidade.
Você e seu empreendimento só existem na medida em
que as pessoas o reconhecem como algo de valor, isso
é dado pela visibilidade.

7. Leveza. No mundo dominado pelo peso, “advogo a


favor da leveza” (Calvino, 1993). Essa expressão é de
Ítalo Calvino, escritor italiano, ao falar sobre estilos
literários. A leveza para ele signiica que o texto é fácil
de ser compreendido, agradável. Assim deve ser o seu
empreendimento.

As pessoas, a forma como atendem ao público, como resolvem


problemas, o ambiente, a ideia, tudo deve ser agradável, leve.
Seus clientes ou todos que se relacionam com você e com o seu
empreendimento devem ter vontade de estarem em contato,
devem desejar retornarem. Acabou o tempo em que se apresentar
preocupado, ocupado, ser um workaholic (aquele que trabalha em
excesso, sem lazer), demonstrar que você não valoriza a qualidade
de vida, que o seu negócio “destrói vidas”, ao invés de preservá-las.
Isso não é sustentável. Portanto, seja leve, tenha um negócio leve,

208
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

construa um futuro leve.

Chegamos ao inal dessa unidade e você precisa icar atento a


algumas informações.

As características aqui descritas podem sofrer alterações, mesmo

prevendo-se que sejam duradouras. Elas estão classiicadas em dois

grupos, mas sua utilização pode ser casada. Isto signiica que podem e, em

muitas situações, devem ser utilizadas como se de um grupo só fossem.

Você viu que o empreendedor não tem medo da mudança, isso também se

aplica ao negócio e ao cenário futuro, marcado pela mudança constante.

Assim, como no cenário, dissemos que o empreendimento deve ser

visível. Isso também se aplica ao empreendedor que deve também

ser reconhecido e ter sua própria visibilidade. Esse casamento sofrerá

variações de acordo com o tipo de atividade que você desenvolverá.

Espero que você tenha compreendido nossos conceitos. Agora é


hora de colocar as ideias no papel e transformar o futuro. Desejo a
você muito sucesso!!

Aplicar os conceitos da Unidade 8 na prática parece difícil, mas não é.

Vamos trabalhar uma ideia nova, atribuindo a ela as características vistas

no capítulo. Primeiramente, faça um checklist – uma lista com todos os

conceitos vistos. Se precisar, utilize palavras-chave que ajudem você a

lembrar do que estamos falando.

209
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

Exemplo: na frente de leveza, coloque a palavra “pluma”; na frente


de visibilidade, “retrato”. Deina uma pontuação de 0 a 5, em que 0
é “inexistente” e 5 “totalmente aplicável”. Agora é fazer uma análise
crítica da sua ideia e somar a pontuação alcançada.

Lembre-se de aplicar as ferramentas de desenvolvimento de


ideias, principalmente o Canvas. Utilize também, como itens desse
checklist ou score, todas as características que você julgar úteis à
sua análise. Como é uma análise crítica, o resultado irá ajudá-lo a
deinir as características do seu negócio, aspectos que precisam ser
melhorados e aspectos que já estão adequadamente desenvolvidos.
Não poupe palavras aqui para que sua análise seja compreensível e
seja transformada em ações.

Segue um exemplo formatado utilizando as características do cenário

empreendedor. Você pode acrescentar os nove passos do Canvas ou/e as

etapas do Plano de Negócio. Quanto mais detalhada a sua análise, melhor.

QUADRO 4 - ANÁLISE CRÍTICA DO NEGÓCIO (score de 0 a 5)


CRITÉRIO PALAVRA SCORE OBSERVAÇÃO

Rapidez Eiciência 2 Muito devagar. Precisamos apressar.

Consistência Verdade 5 Está claro, com bastante informações

Valor Reconhecido 3 Pode ser melhor. Precisamos agregar valor.

Multiplicidade Adaptado 0 Só atende a um público. Vamos ampliar.

Exatidão Clareza 4 Está quase no ponto, ainda publicitário.

Visibilidade Conhecimento 2 Divulgamos pouco. Mostrar a mais pessoas.

Leveza Agradável NS Não é possível avaliar ainda.

Total (máximo 40) 16 Temos muito ainda o que fazer.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Não ique preso ao exemplo. Pense nessa ferramenta como algo múltiplo

(lembre-se da multiplicidade) que é aplicável a várias circunstâncias e

momentos da construção de sua obra, como uma referência.

210
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

O sucesso do que você está empreendendo depende muito do grau de

adaptação aos vários momentos e circunstâncias pelas quais ele passa.

Não tenha medo de se auto avaliar e de fazer as mudanças necessárias.

As empresas com mais de 100 anos, citadas nessa unidade, izeram as

mudanças necessárias, por isso têm alto grau de sustentabilidade e

resistência à ação do tempo – não enferrujaram. Aprenda com elas.

Revisão
Na Unidade 8 vimos que o mundo está em constante mudança e
que são necessárias algumas características ao empreendedor
para sobreviver nesse contexto. Vimos também que o cenário do
empreendedorismo exige do empreendimento algumas outras
características. Relembre aqui essas características, no quadro
resumo da unidade.

QUADRO 5 – Características do empreendedor

CARACTERÍSTICAS DO CARACTERÍSTICAS DO
EMPREENDEDOR EMPREENDIMENTO

Vontade de fazer as coisas Rapidez

Atento às oportunidades Consistência

Sabe “qual é a tua obra?” Valor

Sabe que não está sozinho Multiplicidade

Utiliza as ferramentas
empreendedoras Exatidão

Valoriza o novo e a mudança Visibilidade

Leveza

Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos concluir que as características do empreendedor e do


empreendimento podem ser combinadas. Isto signiica que elas se
somam formando um só conjunto. O empreendedor deve cuidar,
por exemplo, em estar atento às oportunidades assim como deve

211
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

ser leve nessa busca, sem excessos de preocupações que lhe


fechem a visão. Aqui existe a combinação da característica do
empreendedor – atento às oportunidades – com a característica do
empreendimento – leveza.

Links para você acompanhar pessoas que estão construindo o futuro:

Site “Adolpho Conrado”. Disponível em: <http://www.conrado.com.br/>.

Acesso em: 13 jul. 2015.

Site “Bel Pesce”. Empreendedora jovem, estudou no MIT e tem vários

projetos na área de empreendedorismo. Disponível em: <http://belpesce.

com.br/ - http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/bel-pesce/BEL-

PESCE.htm>. Acesso em: 13 jul. 2015.

Site “Mário Sérgio Cortella”. Disponível em: <http://mariosergiocortella.

blogspot.com.br/>. Acesso em: 13 jul. 2015.

CBN. Mario Sergio Cortella. http://cbn.globoradio.globo.com/

comentaristas/mario-sergio-cortella/MARIO-SERGIO-CORTELLA.htm

Empresas citadas no capítulo:

https://www.drogariaspacheco.com.br/index.php?controle=001_sobre

www.cedro.ind.br/

212
unidade 8
EMPREENDEDORISMO

Referências
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Startups. Disponível em: <http://www.abstartups.com.br/>. Acesso em
22 jul. 2015.

AMATO NETO, J. Gestão de sistemas locais de produção e inovação


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Anjos do Brasil. Entidade de fomento ao investimento-anjo apoiando


o empreendedorismo de inovação. Disponível em: <http://www.
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