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TIAGO DANTAS
CPF: 06408625436 96129381540
Gabarito - 1º Mini - Noções de Direito Penal - PCDF V4 - Escrivão (Pós-edital)

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TIAGO DANTAS
CPF: 06408625436 96129381540
PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4

Direito Penal
Gabarito: C
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser
produto de crime, José passou a portá-lo municiado, COMENTÁRIO DO PROFESSOR
sem autorização e em desacordo com determinação
legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser Senhores (as), esse é um tipo de pergunta recorrente
abordado em operação policial de rotina. Sem a em provas de concursos. Prestem atenção para nunca
autorização de porte de arma de fogo, José foi errarem questões desse tema.
conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito
policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue O nosso CP dispõe tanto sobre o TEMPO do crime,
o item seguinte. quanto sobre o LUGAR do crime.
Vejamos as teorias (ou princípios) adotadas (os).
01. Se, durante o processo judicial a que José for
submetido, for editada nova lei que diminua a pena para Tempo do Crime:
o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
princípio de aplicação da lei vigente à época do fato. resultado.

Gabarito: E Trata-se da adoção da Teoria da Atividade.

COMENTÁRIO DO PROFESSOR Lugar do Crime:


Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
Caveiras, a questão acima narra o fato do surgimento ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
de uma lei nova, após o cometimento de um crime, que como onde se produziu ou deveria produzir-se o
traz uma situação mais benéfica ao réu. resultado.
Esse fenômeno é denominado pela doutrina como
Novatio Legis in Mellius (Nova lei mais benéfica). Trata-se da adoção da Teoria da Ubiquidade.

Nesse caso, o nosso CP dispõe da seguinte forma: A questão menciona que um crime foi cometido em
unidade fronteiriça (02 ou mais países) e questiona o
candidato acerca de qual teoria é adotada para definir o
Art. 2º (...)
lugar do crime. Estamos diante da Teoria da
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo Ubiquidade.
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado. Atenção: A Teoria da Ubiquidade será adotada sempre
que o cometimento de um crime ocorrer em locais
diversos, percorrendo o território de 02 ou mais países.
Tendo como base a situação trazida pela questão,
ocorrerá que essa nova lei que diminuiu a pena do
crime de receptação será aplicada ao processo de José,
por se tratar de uma norma mais benéfica. Em cada item a seguir, é apresentada uma situação
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com
Atenção: as normas penais benéficas sempre base na legislação de regência e na jurisprudência dos
retroagem (Art. 5º, XL, CF/88). tribunais superiores a respeito de execução penal, lei
penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e
arrependimento posterior.

Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas 03. Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com
ilícitas a bordo de um veículo, um traficante disparou um a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi
tiro contra agente policial federal que estava em missão formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi
em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel
agentes prenderam o traficante em flagrante, responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a
conduziram-no à autoridade policial local e levaram o abolitio criminis com a edição da nova lei.
colega ferido ao hospital da região.

Gabarito: C
02. Nessa situação hipotética, para definir o lugar do
crime praticado pelo traficante, o Código Penal
brasileiro adota o princípio da ubiquidade. COMENTÁRIO DO PROFESSOR

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No entanto, surge a indagação: qual lei vai ser aplicada


A questão está versando sobre o Princípio da nos crimes continuados ou permanentes?
continuidade típico-normativa.
Inicialmente vamos rever a diferença entre ambos,
Sabemos que no direito penal há o fenômeno da segundo Rogério Sanches.
Abolitio Criminis (Art. 2º, CP), que é quando uma nova
lei deixa de considerar um fato como crime. Ou seja, há Crime continuado - Trata-se de uma ficção jurídica,
a supressão da figura criminosa. por meio da qual, 02 ou mais crimes da mesma espécie,
praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e
No entanto, há ainda o fenômeno da continuidade maneira de execução, devem ser tratados, para fins da
típico-normativa, que ocorre quando uma nova lei pena, como um crime único, majorando-se a pena.
revoga um crime formalmente, mas seu conteúdo Exemplo: Um funcionário que exerce a função de caixa
permanece sendo criminoso e é transferido para outra em um supermercado que subtraia, por 04 sextas-feiras
lei ou tipo penal. seguidas, o dinheiro do caixa. Estamos diante de furto
em continuidade delitiva.
Exemplo: Rogério Sanches cita o delito de apropriação
indébita previdenciária, que antes era tipificado como Crime permanente - É aquele e que a consumação se
crime no art. 95 da Lei 8.212/91 e foi transferido para o prolonga no tempo.
art. 168-A do CP, através da Lei 9.983/00. Exemplo: Temos o crime de sequestro (art. 148, CP).
Enquanto não houver a liberação da vítima, diz-se que o
Portanto, em se tratando da questão acima, Manoel crime continua em flagrante a todo tempo.
responderá sim, criminalmente, por sua conduta, pois
não houve Abolitio Criminis. No caso narrado pela questão, o indivíduo praticou uma
série de crimes em continuidade delitiva e, nesse
Atenção: Sempre que a questão mencionar a período, foram promulgadas 02 leis. A questão pergunta
revogação formal de uma lei, estaremos diante da qual delas será aplicada ao caso.
continuidade típico-normativa.
De acordo com a Súmula nº 711, STF, será aplicada a
lei vigente à época da cessação dos delitos, mesmo que
seja mais gravosa ao réu.
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do
arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e
04. Se um indivíduo praticar uma série de crimes da no espaço, julgue os itens seguintes.
mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a
vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em 05. Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera-
processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que se lugar do crime não só aquele onde o agente tiver
cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa. praticado atos executórios, mas também aquele onde
deveria produzir-se o resultado.
Gabarito: C
Gabarito: C
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Caveiras, estamos diante do conhecimento de uma
súmula do Supremo Tribunal Federal. Vejamos: Essa questão cobra apenas o conhecimento literal do
CP acerca da Teoria da Ubiquidade, a qual dispõe
Súmula nº 711, STF: A lei penal mais grave, aplica-se sobre o lugar do crime. Vejamos:
ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
permanência. ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o
Sabemos que, em regra, aplica-se a lei penal vigente à resultado.
época do cometimento do fato criminoso. Sabemos
também que, por exceção, aplica-se a lei penal Atenção: Tanto a Teoria da Atividade, como a da
posterior ao fato, desde que seja mais benéfica ao réu. Ubiquidade aplicam-se aos crimes consumados e
também aos tentados.

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06. A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
quando da prolação da sentença — em decorrência do praticado durante sua vigência.
fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido
revogada a lei que vigia no momento da consumação Logo, temos o seguinte:
do crime.

Lei excepcional - é aquela que atende a necessidades


Gabarito: C excepcionais e transitórias estatais, tais como o estado
de guerra, calamidades públicas, etc.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Lei temporária - é aquela que tem prefixado no seu
A ultratividade da lei mais benéfica ocorre quando o texto o tempo de vigência. Ou seja, data de início e fim
crime foi praticado durante a vigência de uma lei, que de sua vigência.
posteriormente foi revogada por outra mais gravosa ao
réu. A doutrina defende que ao se encerrar o lapso temporal
da leis temporárias, e a situação de anormalidade das
Exemplo: Caio praticou o crime de furto de um celular. À leis excepcionais, consideram-se estas, como
época de sua conduta, o crime de furto previa a pena de revogadas.
reclusão de 01 a 04 anos.
Atenção: Não há a necessidade de que uma lei seja
Suponhamos que houve uma nova lei, antes do criada para dizer expressamente que a lei excepcional
processo de Caio, que trouxe uma situação mais ou temporária está revogada. Basta que cessem os
gravosa ao crime de furto, revogando a anterior e motivos que as determinaram.
passando a pena desse crime para reclusão de 03 a 06
anos.
Abordado determinado veículo em região de fronteira
Nesse caso, haverá a ultratividade da lei penal mais internacional, os policiais rodoviários federais
benéfica e, mesmo revogada, ela será aplicada pelo suspeitaram da conduta do motorista: ele conduzia duas
Juiz ao processo de Caio, quando da prolação da adolescentes com as quais não tinha nenhum grau de
sentença. parentesco. Ao ser questionado, o condutor do veículo
confessou que fora pago para conduzi-las a um país
A situação descrita no exemplo acima, é a mesma vizinho, onde seriam exploradas sexualmente. As
trazida pela nossa questão. Ou seja, a lei mais benéfica adolescentes informaram que estavam sendo
deverá ser aplicada pelo Juiz ao caso, mesmo já tendo transportadas sob grave ameaça e que não haviam
sido revogada. consentido com a realização da viagem e muito menos
com seus propósitos finais.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue
o item a seguir.
Considerando o posicionamento doutrinário e
jurisprudencial dominante, julgue os itens
subsequentes, relativos à parte geral do Código Penal. 08. A conduta do motorista do veículo se amolda ao tipo
penal do tráfico de pessoas, em sua forma consumada,
07. No que diz respeito à eficácia temporal da lei penal, incidindo, nesse caso, causa de aumento de pena, em
o término da vigência das leis denominadas temporárias razão de as vítimas serem adolescentes.
e excepcionais não depende de revogação por lei
posterior. Consumado o lapso da lei temporária, ou
cessadas as circunstâncias determinadoras das Gabarito: C
excepcionais, cessa, então, a vigência dessas leis.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Gabarito: C
Caveiras, prestem muita atenção no crime de Tráfico
COMENTÁRIO DO PROFESSOR de Pessoas.
Esse delito foi incluído no CP em 2016 e, por ser
Caveiras, primeiramente, vamos rever o que é lei “novidade legislativa”, as bancas o cobrarão com
excepcional e lei temporária. frequência. Vejam o que diz o nosso CP:

O CP dispõe o seguinte: Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,


transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com
decorrido o período de sua duração ou cessadas as a finalidade de:

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(...) COMENTÁRIO DO PROFESSOR

V - exploração sexual. Galera, Bis in idem é um fenômeno do direito penal e


processual penal que, de modo resumido, estabelece
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. que ninguém pode ser julgado (e punido) duas vezes
pelo mesmo fato delituoso.

§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se:


Na conduta cometida por Carlos, narrada acima, temos
o seguinte:
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
pessoa idosa ou com deficiência.
Homicídio qualificado por motivo torpe (Art. 121, §
2°, I, CP) - Segundo a doutrina, a torpeza é um motivo
Notem que a conduta cometida pelo condutor do veículo vil, ignóbil e repugnante.
e flagrada pela PRF se amolda ao tipo penal do Tráfico Exemplo: matar alguém após uma simples provocação.
de Pessoas, tendo em vista que o mesmo transportou
pessoas, mediante grave ameaça, com a finalidade de
exploração sexual. Além do homicídio qualificado por motivo torpe, a
Reparem ainda, que o delito terá um aumento de pena questão acrescenta a possibilidade de Carlos e Paula
de 1/3 a 1/2, pois as vítimas são duas adolescentes. possuírem vínculo familiar. Daí surge outra situação:

Atenção: A título de complementação do assunto, Feminicídio (Art. 121, VI) - É o homicídio contra
Rogério Sanches entende que a finalidade de pessoa do gênero feminino através de, dentre outras
exploração sexual, prevista no Inciso V, do crime de causas, violência doméstica e familiar.
Tráfico de Pessoas, pode se dar por meio de:
Prostituição - Atos sexuais negociados em troca de Por fim, a questão indaga se o reconhecimento do
pagamento; feminicídio + a qualificadora do motivo torpe gerariam
Turismo sexual - Comércio sexual em cidades bis in idem em desfavor de Carlos. A resposta está num
turísticas; informativo do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:
Pornografia - Produção, exibição, distribuição, venda,
compra e posse de material pornográfico; Informativo nº 625, STJ: Não caracteriza bis in idem o
Tráfico para fins sexuais - Movimento clandestino de reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de
pessoas através de fronteiras, com o objetivo de força- feminicídio no crime de homicídio praticado contra
las a entrar em situações sexualmente opressoras e mulher em situação de violência doméstica e familiar.
exploradoras, para lucro dos traficantes.
Atenção: O informativo acima permite tal situação pois
o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA
- vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e violência doméstica e familiar propriamente dita,
humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, enquanto que a torpeza é de cunho SUBJETIVO, ou
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que
Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de levaram um indivíduo a praticar o delito.
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação
policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube
depois de quarenta minutos, armado com o revólver, 10. Por ter agido influenciado por emoção extrema,
sob a influência de emoção extrema e na frente dos Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa
amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de de diminuição de pena.
Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser
socorrida. Gabarito: E
Acerca dessa situação hipotética, julgue os próximos
itens.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR

09. Na situação considerada, em que Paula foi vitimada


por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo Caveiras, essa questão nos traz um assunto muitíssimo
familiar entre eles, o reconhecimento das qualificadoras importante para a banca CESPE.
da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará
bis in idem. Vamos entender de uma vez por todas as
consequências jurídicas da emoção no Direito Penal.
Gabarito: C

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No nosso CP, temos 02 situações em que a emoção Percebam que a quantidade mínima de participantes
terá um papel importante. Vejamos cada uma delas: não está expressa na lei, sendo uma criação
doutrinária.
DOMÍNIO de violenta emoção (Art. 121, §1º, CP) - É
causa de diminuição de pena do crime de homicídio, de O mestre Rogério Sanches nos informa que, em relação
1/6 a 1/3. É denominado na doutrina como homicídio aos sujeitos do crime, é um delito de concurso
privilegiado; necessário (plurisubjetivo), cuja configuração exige a
participação de, no mínimo, 03 pessoas, computando-
INFLUÊNCIA de violenta emoção (Art. 65, III, C, CP) - se nesse número, eventuais inimputáveis, pessoas não
É uma circunstância atenuante da pena, aplicada a identificadas ou ainda que tenham morrido durante a
todos os crimes. Nesse caso, o CP não previu briga.
expressamente a quantidade da atenuação, ficando a
cargo do Juiz decidir. Logo, a questão está correta ao afirmar que o crime de
Rixa é de coautoria obrigatória e que pode haver um
Vocês podem estar se perguntando qual a diferença inimputável dentre os participantes.
entre domínio e influência de violenta emoção. É bem
simples, reparem:
12. Situação hipotética: Lucas, descuidadamente, sem
A doutrina entende que no DOMÍNIO de violenta olhar para trás, deu marcha a ré em seu veículo, em
emoção, o único motivo de o agente ter cometido o sua garagem, e atropelou culposamente seu filho, que
crime foi, de fato, a violenta emoção. faleceu em consequência desse ato.
Em contrapartida, na INFLUÊNCIA de violenta emoção,
o agente já iria cometer o crime de qualquer jeito, sendo Assertiva: Nessa situação, o juiz poderá deixar de
a violenta emoção apenas um estímulo a mais para o aplicar a pena, se verificar que as consequências da
seu cometimento. infração atingiram Lucas de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
Portanto, a questão erra ao afirmar que Carlos terá
direito à diminuição de pena, pois não mencionou o Gabarito: C
DOMÍNIO de violenta emoção. A questão utilizou o
termo “influência de emoção extrema”, o que a deixou
incorreta. COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Esse é o denominado perdão judicial, instituto jurídico


aplicado ao crime de homicídio. Vejamos:
A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio,
julgue os itens seguintes.
Art. 121 (...)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
11. A coautoria é obrigatória no caso do crime de rixa,
deixar de aplicar a pena, se as consequências da
pois a norma incriminadora reclama como condição
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
obrigatória do tipo a existência de, pelo menos, três
pessoas, considerando irrelevante que um deles seja que a sanção penal se torne desnecessária.
inimputável.
Atenção: Cabe à defesa demonstrar que o réu faz jus
ao perdão judicial.
Gabarito: C
Outro detalhe importante, o perdão judicial é causa
extintiva de punibilidade (Art. 107, IX, CP).
COMENTÁRIO DO PROFESSOR

O CP estabelece o seguinte:
Com relação a crimes contra a pessoa, contra o
patrimônio e contra a administração pública, julgue o
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os item que segue.
contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou 13. No crime de homicídio, admite-se a incidência
multa. concomitante de circunstância qualificadora de caráter
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de objetivo referente aos meios e modos de execução com
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na o reconhecimento do privilégio, desde que este seja de
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. natureza subjetiva.

Gabarito: C

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Pena - reclusão, de um a cinco anos.


COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Galera, esse é outro tema que o CESPE adora. Lesão corporal gravíssima
§ 2° Se resulta:
É cabível a figura do homicídio qualificado- I - Incapacidade permanente para o trabalho;
privilegiado? II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
A doutrina majoritária defende que sim, é possível. IV - deformidade permanente;
V - aborto:
O crime privilegiado é sempre de natureza SUBJETIVA Pena - reclusão, de dois a oito anos.
(em relação aos motivos do crime), logo, caberá o
privilégio com alguma qualificadora, desde que tal
qualificadora seja de natureza OBJETIVA (em relação Reparem que a questão errou ao afirmar que a
aos meios de execução do crime). deformidade permanente é uma lesão corporal grave,
quando, na verdade, é gravíssima.

Exemplos:
Privilégio + emprego de veneno;
15. Tendo em vista que o médico-legista deve
Privilégio + asfixia;
descrever, em seu laudo, as lesões que eventualmente
Privilégio + tortura, etc. encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave
e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida de
Atenção: O homicídio qualificado-privilegiado não é morte, em conformidade com o art. 129 do Código
considerado crime hediondo. Penal, julgue o item que se segue.
Apenas será hediondo o homicídio qualificado puro e
ainda o homicídio simples, quando praticado em A incapacidade permanente para o trabalho, a
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que enfermidade incurável e a debilidade permanente de
cometido por um só agente. membro, sentido e (ou) função, como resultado de lesão
corporal, são consideradas gravíssimas.

Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, Gabarito: E


em seu laudo, as lesões que eventualmente encontrar,
e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e COMENTÁRIO DO PROFESSOR
gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida de morte,
em conformidade com o art. 129 do Código Penal,
julgue o item que se segue. Quando digo que vocês devem memorizar esse tema,
confiem.
Vamos lá !!!
14. A incapacidade para ocupações habituais por mais
de trinta dias, a deformidade permanente e a
aceleração de parto caracterizam lesões corporais de Lesão corporal grave
natureza grave. § 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
Gabarito: E de trinta dias;
II - perigo de vida;
COMENTÁRIO DO PROFESSOR III - debilidade permanente de membro, sentido ou
função;
A diferença entre lesões graves e gravíssimas sempre é IV - aceleração de parto:
cobrada. Memorizem isso !!! Pena - reclusão, de um a cinco anos.

Lesão corporal grave


§ 1º Se resulta: Lesão corporal gravíssima
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por § 2° Se resulta:
mais de trinta dias; I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - perigo de vida; II - enfermidade incurável;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
função; IV - deformidade permanente;
IV - aceleração de parto:

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V - aborto: Primeiramente, vamos analisar como o CP prevê o


Pena - reclusão, de dois a oito anos. crime de sequestro e cárcere privado:

Notem que a questão errou ao afirmar que a debilidade Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
permanente de membro, sentido ou função é uma lesão sequestro ou cárcere privado:
corporal gravíssima, quando, na verdade, é grave. Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
Julgue o item subsecutivo, acerca de crimes contra a companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
pessoa. anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
em casa de saúde ou hospital;
16. Nos crimes contra a honra — calúnia, difamação e
injúria —, o Código Penal admite a retratação como III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
causa extintiva de punibilidade, desde que ocorra antes dias.
da sentença penal, seja cabal e abarque tudo o que o IV – se o crime é praticado contra menor de 18
agente imputou à vítima. (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
Gabarito: E
Senhores, crime de ação múltipla é aquele em que a lei
prevê várias condutas no tipo penal.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Reparem que a banca tentou induzir vocês ao erro,


Inicialmente, vamos relembrar que a retratação é não
dizendo que esse crime é de ação múltipla, quando, na
apenas o ato de negar ou confessar a prática criminosa,
verdade, é um crime de ação única, pois a única
mas de escusar-se, retirando do mundo jurídico tudo
conduta exigida é PRIVAR alguém de sua liberdade.
aquilo que afirmou, demonstrando sincero
arrependimento.
Ocorre que, há 02 duas formas de privar alguém de sua
liberdade: mediante o sequestro ou o cárcere privado.
Pois bem, a retratação, nos crimes contra a honra, só
Não confundam.
é admitida nos crimes de calúnia (Art.138, CP) e
difamação (Art.139, CP), pois são crimes que atingem
a honra objetiva da vítima e são relacionados a fatos. Por fim, a banca acertou ao afirmar que se cometido
contra menor de 18 anos, o crime é qualificado.
Não caberá a retratação no crime de injúria (Art. 140,
CP), pois tal delito atinge a honra subjetiva, sendo
relacionado ofensas e xingamentos à pessoa da vítima. Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera,
todas vendedoras em uma joalheria, a desviar peças de
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica detalhadamente o crime e entrou em contato com Ciro,
isento de pena. colecionador de joias, para que ele adquirisse a
mercadoria. Luna desistiu de participar do fato e não foi
trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera
Atenção: A retratação, se ocorrer antes da sentença, é conseguiram se apossar das peças conforme o
uma causa de extinção de punibilidade.
planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las
a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a casa de sua
Com relação aos crimes previstos no CP, julgue o item mãe, comunicou a ela o crime que praticara e
que se segue. persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.
17. O delito de sequestro e cárcere privado, inserido
entre os crimes contra a pessoa, constitui infração penal Considerando que o crime apresentado nessa situação
de ação múltipla, e a circunstância de ter sido praticado hipotética venha a ser descoberto, julgue os itens
contra menor de dezoito anos de idade qualifica o seguintes, com fundamento na legislação pertinente.
crime.
18. Rita e Vera responderão pelo crime de furto
Gabarito: E qualificado pelo abuso de confiança.

COMENTÁRIO DO PROFESSOR Gabarito: E

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COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Portanto, Ciro poderá sim responder por uma das
Essa é daquelas questões grandes com o simples formas do crime de receptação (culposa).
objetivo: induzir vocês ao erro.

Reparem nas informações que são importantes para a Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser
resolução da questão: produto de crime, José passou a portá-lo municiado,
sem autorização e em desacordo com determinação
1) Rita convenceu suas 02 amigas, funcionárias de legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam em abordado em operação policial de rotina. Sem a
posse das 03; autorização de porte de arma de fogo, José foi
conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito
policial.
2) Vera, funcionária da joalheria, conforme combinado
com Rita, furtou algumas das peças.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item seguinte.
Rogério Sanches, ao dispor sobre o crime de furto,
defende que a simples relação empregatícia não
configura a qualificadora do abuso de confiança. 20. A receptação praticada por José consumou-se a
partir do momento em que ele adquiriu o armamento.
Ou seja, para haver a qualificadora do abuso de
confiança, não basta que o agente seja empregado da Gabarito: C
vítima, ele deve se valer da confiança depositada para
cometer o crime. COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Portanto, o furto cometido por Rita e Vera não será Trata-se de uma das modalidades da receptação
qualificado pelo abuso de confiança. própria (Art. 180, 1ª parte, CP), onde o agente,
sabendo ser a coisa produto de crime, a adquire,
19. Ainda que não tenha sido informado de que as recebe, transporta, conduz ou oculta.
peças seriam produto de crime, Ciro poderá responder
criminalmente por uma das espécies de receptação, O núcleo do tipo penal destacado acima é material, ou
caso venha a adquiri-las por valor muito abaixo do seja, ocorrerá a consumação com a efetivação do
preço de mercado. resultado.
Logo, no crime de receptação, na modalidade “adquirir”,
Gabarito: C haverá a consumação quando ocorrer a efetiva
aquisição da coisa pelo autor.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR

A assertiva está correta, tendo em vista que aquele que Em cada item seguinte, é apresentada uma situação
adquire um produto com preço desproporcional, embora hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com
não sabendo sua origem criminosa, deveria desconfiar base na legislação de regência e na jurisprudência dos
de tal situação, responderá pelo crime de receptação tribunais superiores a respeito de exclusão da
culposa. culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime
contra o patrimônio.
Vejam:

Severino, maior e capaz, subtraiu, mediante o emprego


Art. 180 do CP - Adquirir, receber, transportar, conduzir
de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
senhora, quando ela saía de uma agência bancária. Um
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro,
policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso
(...) pelo policial após breve perseguição.

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua 21. Nessa situação, Severino responderá por tentativa
natureza ou pela desproporção entre o valor e o de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve valor roubado.
presumir-se obtida por meio criminoso:

Gabarito: E
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
ambas as penas.

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COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Ao analisarmos os artigos acima, percebemos que:
A conduta cometida por Severino se amolda ao tipo
penal de roubo na modalidade consumada e não Caio em relação ao seu pai - Fica isento de pena (Art.
tentada, como afirma a questão. 181, II, CP);

Súmula nº 582 STJ: Consuma-se o crime de roubo Caio em relação ao seu tio - Responderá pelo crime,
com a inversão da posse do bem mediante emprego de na modalidade de ação penal pública incondicionada,
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo não fazendo jus à ação penal pública condicionada à
e em seguida à perseguição imediata ao agente e representação (Art. 182, III, CP), pois seu tio tem mais
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a de 60 anos de idade (Art. 183, III, CP).
posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Portanto, Caio responderá por apenas 01 crime de furto
O item a seguir, a respeito de crimes contra o (em relação ao seu tio), mediante ação penal pública
patrimônio, apresenta uma situação hipotética seguida (incondicionada).
de uma assertiva a ser julgada à luz da doutrina e da
jurisprudência pertinentes.

A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio,


Caio, com dezoito anos de idade, reside com seu pai, julgue o item que se segue.
de cinquenta e oito anos de idade, e com seu tio, de
sessenta e um anos de idade. Sem dinheiro para sair
com os amigos, Caio subtraiu dinheiro de seu pai e, Situação hipotética: Paulo tinha a intenção de praticar a
ainda, o aparelho celular do tio. subtração do automóvel de Tiago sem uso de violência.
No entanto, durante a execução do crime, estando
Paulo já dentro do veículo, Tiago apareceu e correu em
22. Nessa situação, Caio será processado, mediante direção ao veículo. Paulo, para assegurar a detenção
ação penal pública, por apenas um crime de furto. do carro, ameaçou Tiago gravemente, conseguindo,
assim, cessar a ação da vítima e fugir com o automóvel.
Gabarito: C
23. Assertiva: Nessa situação, Paulo responderá pelos
COMENTÁRIO DO PROFESSOR crimes de ameaça e furto, em concurso material.

Caveiras, questão muito boa para massificarmos as Gabarito: E


escusas absolutórias previstas para os crimes contra
o patrimônio. COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Vejamos:
Primeiramente, vamos analisar o tipo penal do roubo,
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos segundo o CP:
crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos do crime ou a detenção da coisa para si ou para
anteriores: terceiro.
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
pessoa; A conduta praticada por Paulo é a prevista no §1º, do
II - ao estranho que participa do crime. art. 157, CP. Trata-se do roubo impróprio, que ocorre
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade quando o agente, após subtrair a coisa, constrange a
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. vítima mediante violência ou grave ameaça para
assegurar a impunidade do crime ou detenção do bem.

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Logo, a questão erra ao afirmar que só haverá crime se


Na verdade, o roubo impróprio é um furto que se o legítimo dono / possuidor reclamar a coisa e o autor
transforma em roubo, em face das circunstâncias do não entregá-la.
caso concreto.
Também haverá crime se o autor, embora não conheça
Atenção: Rogério Sanches denomina o roubo impróprio o dono / possuidor, deixar de entregar a coisa à
de roubo por aproximação. autoridade competente, no prazo de 15 dias.

Atenção: A doutrina defende que a apropriação de


coisa abandonada (res derelicta) ou da coisa que
A respeito dos crimes contra o patrimônio, julgue o item
nunca teve dono ou possuidor (res nullius) não
a seguir.
constitui crime.

Considere que um indivíduo tenha encontrado, na rua,


um celular identificado e totalmente desbloqueado.
Considere, ainda, que esse indivíduo tenha mantido o No que se refere aos crimes contra o patrimônio, contra
objeto em sua posse, deixando de restituí-lo ao dono. a dignidade sexual e contra a fé e a administração
públicas, julgue o item que se segue.
24. Nessa situação, só existirá infração penal se o
legítimo dono do objeto tiver reclamado a sua posse e o 25. Praticará o crime de estelionato aquele que obtiver
objeto não lhe tiver sido devolvido. para si vantagem ilícita, em prejuízo de incapaz,
mantendo-o em erro, mediante fraude.

Gabarito: E
Gabarito: E
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Inicialmente, vamos analisar o delito de apropriação de
coisa achada, segundo o CP: Galera, questão bem interessante, fiquem atentos.

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao O crime de estelionato (Art. 171, CP), ocorre com a
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: obtenção de uma vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

A doutrina defende que o sujeito passivo do estelionato


Parágrafo único - Na mesma pena incorre: é qualquer pessoa que sofra a lesão patrimonial, ou que
foi enganada pela ação fraudulenta do agente, desde
Apropriação de coisa achada que seja uma pessoa capaz de ser iludida.

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se O mestre Rogério Sanches entende que a vítima do
apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí- crime de estelionato precisa ter capacidade para ser
la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à iludida, caso contrário, poderá caracterizar outro
autoridade competente, dentro no prazo de quinze crime, como por exemplo, o crime de abuso de
dias. incapaz.

Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de


Como vocês observaram, o crime de apropriação de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
coisa achada pode ocorrer de 02 formas: alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
1) Ao não entregar a coisa ao dono ou legítimo
possuidor, desde que conheça o dono ou possuidor
- A consumação ocorre com o ato de não entregar. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

2) Ao deixar de entregá-la à autoridade competente,


no prazo de 15 dias, caso não conheça o dono ou Em uma rodovia federal, próxima à fronteira do Brasil
possuidor - A consumação ocorre com o esgotamento com o Paraguai, um caminhão foi parado e vistoriado
do prazo sem que haja a entrega da coisa. por policiais rodoviários federais. Além do motorista e
de um passageiro, o veículo transportava, ilegalmente,

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grande quantidade de mercadoria lícita de procedência Reparem que o tipo penal do descaminho não pune
estrangeira, mas sem o pagamento dos devidos de modo qualificado a participação de servidor
impostos de importação. O motorista, penalmente público.
imputável e proprietário do caminhão, admitiu a
propriedade dos produtos. O passageiro, que se Isso ocorre porque há no CP o delito de facilitação de
identificou como servidor público alfandegário lotado no contrabando ou descaminho. Vejam:
posto de fiscalização fronteiriço pelo qual o veículo
havia passado para adentrar no território nacional,
alegou desconhecer a existência dos produtos no Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
caminhão e que apenas pegou carona com o motorista. prática de contrabando ou descaminho (art. 334):

Tendo como referência essa situação hipotética, julgue Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
os itens a seguir.
Nesse caso, se ficar comprovada a participação do
26. Caso fique comprovada a participação do servidor servidor público (mediante infração de dever funcional)
público na conduta delituosa, ele responderá pelo delito no crime citado na questão, o mesmo vai responder
de descaminho em sua forma qualificada: ela tinha o pelo crime de facilitação de contrabando ou descaminho
dever funcional de prevenir e de reprimir o crime. (Art. 318, CP), ao passo que o motorista do caminhão
responderá pelo crime de descaminho (Art. 334, CP).
Gabarito: E
27. A conduta do motorista configura crime de
descaminho em sua forma consumada, ainda que não
COMENTÁRIO DO PROFESSOR tenha havido constituição definitiva do crédito tributário
e a ocorrência de efetivo prejuízo ao erário.
Senhores, quando a questão afirma que dentro do
veículo havia mercadorias lícitas, de procedência
Gabarito: C
estrangeira, mas que não estavam com os devidos
impostos de importação em dia, está se referindo ao
crime de descaminho, assim previsto no CP: COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de Ainda em relação ao delito de descaminho, Rogério
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou Sanches defende que é um crime formal, logo, a
pelo consumo de mercadoria: consumação ocorre com a liberação, pela
alfândega, sem o pagamento dos impostos
inerentes (mera ilusão de direito ou imposto).
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Ou seja, mesmo que não tenha havido a constituição


§ 1o Incorre na mesma pena quem:
definitiva do crédito tributário, ou ainda a ocorrência de
efetivo prejuízo ao erário, estará consumado o crime de
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos descaminho.
permitidos em lei;
Acerca dos crimes contra a administração pública,
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a julgue o item a seguir.
descaminho;
28. Cometerá crime de prevaricação o servidor público
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de que deixar de responsabilizar, por clemência, o seu
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no subordinado que tenha cometido infração no exercício
exercício de atividade comercial ou industrial, do cargo.
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou
fraudulentamente ou que sabe ser produto de Gabarito: E
introdução clandestina no território nacional ou de
importação fraudulenta por parte de outrem; COMENTÁRIO DO PROFESSOR

IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou O crime de prevaricação ocorre quando o servidor
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, público deixa de praticar um ato de ofício, ou o pratica
mercadoria de procedência estrangeira, contra disposição expressa de lei para satisfazer um
desacompanhada de documentação legal ou interesse ou sentimento pessoal (Art. 319, CP).
acompanhada de documentos que sabe serem falsos.

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A conduta narrada na assertiva acima se amolda ao tipo Em relação às causas extintivas da punibilidade e aos
penal do delito de condescendência criminosa: crimes contra a administração pública, julgue o item que
se segue.
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no 30. Cometerá o crime de concussão o funcionário
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, público que, utilizando-se de grave ameaça e em razão
não levar o fato ao conhecimento da autoridade da função pública que ocupar, exigir de alguém
competente: vantagem indevida.

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Gabarito: E

Atenção: Para Rogério Sanches, para que haja o crime COMENTÁRIO DO PROFESSOR
de condescendência criminosa, a conduta deve ser
baseada na indulgência, clemência, espírito de
A questão erra ao afirmar que no crime de concussão
tolerância ou ainda por meio de concordância.
há o uso de grave ameaça.
Caso contrário, o crime poderá ser outro, tal como
prevaricação ou corrupção passiva.
Vejam o que o CP dispõe sobre concussão:

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou


Acerca dos crimes contra a administração pública, indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
julgue o item a seguir. assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

29. Incorre em crime de peculato o servidor público que, Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
embora não tendo posse de determinado bem, concorra
para sua subtração, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade proporcionada pelo cargo que A doutrina estabelece que, se houver violência ou
ocupe. grave ameaça para obter vantagem indevida,
estaremos diante do crime de extorsão:
Gabarito: C
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
COMENTÁRIO DO PROFESSOR outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
O item está correto e, segundo a doutrina, traz a
hipótese do peculato furto ou peculato impróprio Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
(Art. 312, §1º, CP), que se caracteriza não pela
apropriação ou desvio, mas pela subtração (ou
concorrência para a subtração) da coisa sob guarda da
Administração Pública, mediante a facilidade que a
condição de funcionário público concede.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário


público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
funcionário.

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