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Aula 5 - Introdução ao Cálculo

Prof. Jáuber Cavalcante de Oliveira


Departamento de Matemática, UFSC,
CEP 88040-900 Florianópolis,
e-mail:j.c.oliveira@ufsc.br
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AULA 5

Assuntos:

• CONJUNTO QUOCIENTE

• RELAÇÕES DE ORDEM

• FUNÇÕES

• EXERCÍCIOS
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CONJUNTO QUOCIENTE

Consideremos a relação de equivalência ρc de congruência módulo n sobre Z:


x ≡ y (mod n) se e somente se n divide x − y. Uma classe de equivalência
consiste de todos os números a + kn com k ∈ Z. Então, [0], [1], · · · , [n − 1]
são classes distintas. Não há outras classes, pois para cada a ∈ Z, "a" pode
ser escrito na forma a = qn + r com 0 ≤ r < n, e logo a ∈ [r]. Uma classe
de números congruentes é denominada uma classe residual módulo n. A
coleção das classes residuais módulo n é denotada Zn .

Se ρ é uma relação de equivalência sobre um conjunto X, então denota-


mos a partição de X induzida por ρ (no sentido do último Teorema da aula
anterior) por X/ρ ("X módulo ρ"), que denominamos conjunto quociente
de X por ρ.

No exemplo anterior, Z/ρc = Zn .

RELAÇÕES DE ORDEM

Definição 0.1. Seja A um conjunto e ρ uma relação sobre A. Dizemos que


ρ é uma relação de ordem (parcial) quando é [reflexiva, anti-simétrica e
transitiva. O par (A, ρ) é uma estrutura de ordem (parcial) e o conjunto A
é (parcialmente) ordenado por ρ.

Definição 0.2. Uma ordem ρ em A é uma ordem total (ou ordem linear)
quando ∀x, y ∈ A, tem-se que xρy ou yρx. Nesse caso, temos uma estrutura
de ordem total (A, ρ), e dizemos que A é um conjunto totalmente ordenado
por ρ.

Claro que toda ordem total é uma ordem parcial.

Exemplo 0.1. (a) A relação "x é menor ou igual a y", denotada x ≤ y, no


conjunto R é uma relação de ordem total.

(b) Dado um conjunto E, consideremos o conjunto das partes de E, P(E).


A relação "A é subconjunto de B" é uma relação de ordem parcial em
P(E).
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FUNÇÕES
Definição 0.3. Sejam X, Y conjuntos. Uma função f : X → Y é uma
relação não-vazia f ⊂ X × Y em que dois elementos distintos não podem
ter a mesma primeira coordenada; ou seja, se (x, y) e (x, z) pertencem a f ,
então y = z.
O domínio de f , denotado Dom(f ), ou Df , é o conjunto
Df = {x ∈ X| ∃y ∈ Y ∧ (x; y) ∈ f } .
A imagem de f , denotada Im(f ), ou Imf é o conjunto
Imf = {[y ∈ Y | ∃x ∈ X ∧ (x; y) ∈ f }.
NOTAÇÃO: f : X → Y .
Exemplo 0.2. (a) A relação ρ = {(1; 2), (1; 3), (2; 2)} não é uma função.
b) A relação ρ = {(x; x2 + x + 1)|x ∈ R} é uma função, pois se x = u, então
temos um único valor para a segunda coordenada: u2 + u + 1.
(c) A relação ρ = {(x2 , x)|x ∈ R} não é uma função, pois (1; −1) e (1; 1)
pertencem a ρ. √
(d) A relação f = {(x, x)} em R é uma função cujo domínio é B = R+ 0 e
cuja imagem também é B. Em relação a imagem, dado y ∈ B, temos que
x = y 2 é um elemento de R tal que (x, y) ∈ f .
* Gráficos de relações e gráficos de funções.
Definição 0.4. Sejam X, Y conjuntos. Definimos Y X como o conjunto das
funções de X em Y .
Definição 0.5. Sejam X, Y conjuntos e f : X → Y uma função. Seja
A ⊆ X. Definimos a restrição de f em A, denotada f |A por
f |A = f ∩ (A × Y ).
Uma função g é a restrição de f a algum subconjunto do domínio de f se,
e somente se, Dg ⊆ Df e g(x) = f (x), ∀x ∈ Dg . Escrevemos que g ⊆ f .
Uma função h é uma extensão de f se, e somente se f ⊆ h.
Definição 0.6. Sejam X, Y conjuntos e f : X → Y uma função.
Dizemos que f é injetora sse
∀(x1 , x2 ) ∈ Df , [x1 6= x2 implica f (x1 ) 6= f (x2 )] .
Dizemos que f é sobrejetora sse Im(f ) = Y .
Dizemos que f é bijetora sse f é injetora e sobrejetora.
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EXERCÍCIOS

E1. Seja A = R e
ρ = {(x, y) ∈ A × A : x ≤ y}.
Mostre que ρ é uma relação de ordem parcial em A.

E2. Seja A = R × R e

ρ = {((x1 ; x2 ), (y1 ; y2 )) | x ≤ y1 ∧ x2 ≤ y2 } .

(a) Mostre que ρ é uma relação de ordem parcial em A.


(b) Mostre que ρ não é uma relação de ordem total em A.

E3. Seja A = R × R e

ρ = {((x1 ; x2 ), (y1 ; y2 )) | x < y1 ∨ (x1 = y1 ∧ x2 ≤ y2 )} .

E4. Seja B = {2, 3, 4, 6, 8, 9, 12}. Mostre que a relação

ρ = {(x; y)| x divide y}

é uma relação de ordem parcial em B. Mostre também que esta relação


de ordem não é total.

(a) Mostre que ρ é uma relação de ordem total em A.


(b) Dado x = (1; 2) ∈ A, construa o conjunto de todos os pontos y =
(y1 ; y2 ) ∈ A tais que xρy.

REFERÊNCIAS

1. Seymour Lipschutz, Teoria dos Conjuntos, Coleção Schaum, Editora McGraw-


Hill do Brasil, Ltda., 1976.
2. Paul R. Halmos, Teoria Ingênua dos Conjuntos, Editora Polígono, 1973.
3. Robert R. Stoll, Set Theory and Logic, Dover, Publications, 1963.
4. Hércules de Araújo Feitora, Mauri Cunha do Nascimento, Alexys Bruno
Allonso, Teoria dos Conjuntos. Sobre a Fundamentação Matemática e a
Construção de Conjuntos Numéricos, Editora Ciência Moderna, 2011.

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