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Estranhos

Kaynan Lima - 15/04/2023

"Nós somos estranhos um para o outro."


O que pensar, se não isso, ao estarmos juntos em momentos de completo
silêncio. Não se a o que falar, não se a o que fazer. Apenas nós dois... E o silêncio, de
dois estranhos que nunca conversaram.
Era isso o que havia em mente, como poderiamos se conhecer? Em meio a
diferentes amigos, diferentes pessoas, diferentes contextos... Havia apenas um amigo
em comum e nós se encontramos. Em meio a uma única coisa em comum, encontrei-te
— e o amigo foi uma ponte.
Temos sorte de tê-lo, pois as características se apareciam. Ao desenvolver,
pareciamos iguais e diferentes; sofisticados na simplicidade. Caminhando na incerteza
de quem sabia que deveria seguir em frente. Estudos, projetos, trabalhos, sonhos...
Havia tanta coisa pelo caminho, tanto caminhos para trilhar: caminhos desconhecidos.
Não poderiam os nossos caminhos se cruzarem? Poderemos caminhar juntos.
Ajudamos um ao outro. Quando tu cair, estarei aqui para te levantar; se eu cair,
você me levantará. Estaremos sempre um pelo outro e juntos chegaremos mais longe.
Caminharemos juntos e seremos o complemento de cada um.
Por meio de uma aliança, seguimos assim. Começou em silêncio, mas a ponte
nos conectou e agora estamos juntos por nós mesmos. Caminhamos e nos apoiamos.
Os seus sonhos agora são meus e os meus são seus, estamos juntos batalhando pelo
futuro. Sua dor agora é minha dor, minha dor agora é sua dor.

Mas talvez não seja assim que funciona. O que tinha para dar errado? O que
tinha para trazer o sofrimento? Em meio a tantas coisas, em meio a tantos inocentes
planos, o que havia de pedras no caminho?
Eu olho e me pergunto: Por que você errou dessa forma? Mas o seu olhar diz
sobre os erros que foram meus. Erros. Seus erros. Seus erros perseguirão tudo. Todos
esses erros, também podem ser meus. Meus erros. A culpa está em quem?
"Eu conhece-te como a palma da minha mão, mas conheço mesmo? Como pôde
fazer isso comigo?" — "Você me conhecia como parte de si mesmo, como dizes que
não sabe quem sou mais?"
Verdades dolorosas sobem ao clima, dores profundas de feridas abertas por nós
mesmos se expandem em nosso ser. Como tamparemos isso? Como ficará o futuro? E
todos os planos? Já não são nada além de pó: e o pó deve ser esquecido.
Para continuarmos caminhando, o caminho não deve se cruzar. A dor de olhar e
ver que tudo foi erro é grande, mas haverá esquecimento. Assim devemos estar:
Nós dois... E o silêncio, de dois estranhos que nunca conversaram. Não se a o
que falar, não se a o que fazer. O que pensar ao estarmos juntos em momentos de
completo silêncio?
"Nós somos estranhos um para o outro."

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