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Senhoras e senhores sejam muito bem-vindos

a mais uma aula do Corações e Almas mais


uma aula do nosso módulo

NAVEGAR É PRECISO .

Na aula de hoje, nós vamos tratar, exatamente, isso:


quando nós nos tornamos adultos, quando nós nos
tornamos maduros, quando nós nos tornamos
senhores das nossas almas, quando nós nos
tornamos capitães dos nossos destinos (como a
gente falou naquela primeira poesia da aula que
abriu desse módulo, chamada de Invictus. o nosso
idioma português). Que alegria é a gente poder ler as
poesias nas suas línguas próprias, é por isso que eu
faço questão de aprender outras línguas
na minha vida.
Durante as aulas, vocês perceberam que eu trouxe
para vocês poesias que se conectavam
com a nossa temática, tanto que o próprio nome
desse módulo aqui Navegar é Preciso se baseia numa
frase do Pompeu, escrita pelo poeta Plutarco, lá da
Roma antiga, mas também é o nome do livro de um
poema muito tocante do nosso poeta Fernando
Pessoa. Sabes que eu agradeço, muitas vezes, ter nas-
cido no Brasil e falar português, exatamente, para
poder ler Fernando Pessoa na sua língua natural, na
sua língua mãe que é o nosso idioma português.
Que alegria é a gente poder ler as poesias nas suas
línguas próprias, é por isso que eu faço questão de
aprender outras línguas na minha vida.
Hoje,cara, eu trouxe para vocês também uma abertura,
que se comunica muito bem com esse tema, que é uma
poesia, também do Fernando Pessoa, chamada

POEMA EM LINHA RETA.

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.


Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes, não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes, tenho sido ridículo, absurdo, absurdo,
Que tenho rolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado
Que quando não tenho calado tenho sido mais ridículo ainda;
Eu que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras,
pedido emprestado sem pagar,
Eu que, quando a hora do soco surgiu,
me tenha agachado para fora da possibilidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles - príncipes na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal , eu os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, Ó meus irmãos,
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Poderão ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído
Como posso falar com meus superiores sem titubear?
Eu que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Arre, estou farto de semideuses!
Arre, onde é que há gente? Onde é que há gente neste mundo?
Olha essa pérola do Fernando Pessoa, cara!
Como ele se acha vil, mesquinho, baixo e todas as
outras pessoas parecem semideuses, todas as outras
as pessoas parecem príncipes, todas as outras
pessoas parecem perfeitas. Olha essa desgraça que
ele traz da vida, sem encontrar um propósito, sem
encontrar uma maturidade, sem saber seu lugar no
mundo, semencontrar pares, se sentido solitário.
Esse poema é uma obra-prima: Poema em Linha
Reta. Vale a pena tu examiná-lo; agora entendendo
o que nós queremos dizer com ele.
E é sobre esse assunto que nós vamos tratar na aula
de hoje, porque é muito fácil nós enxergarmos o que
é crescer fisicamente, é muito fácil enxergarmos o
que é ser maduro fisicamente, mas o que é difícil de
enxergar é o que é crescer existencialmente,o que
é crescer de acordo com nossas emoções.

Os seres humanos, cara, possuem dois anseios dentro


de si. O primeiro anseio deles é o anseio por conexão.
O segundo é o anseio por autoexpressão.

Quando a gente fala de conexão, nós queremos


basicamente fugir da solidão, da vergonha,
do isolamento, do qual o Fernando Pessoa fala nessa
poesia, solidão de estar sozinho no mundo (“Onde há
que a gente nesse mundo?”) é solidão das suas
vergonhas, ser vil, ser porco, não tomar banho.
Nós buscamos, através das conexões com as outras
pessoas, onde há gente desse mundo.
Nós buscamos, cara, oportunidades
de entendimento, oportunidades de sinceridade,
de comunhão, dividir esses sentimentos com amigos,
com amores, com as pessoas que nós vamos
conhecendo no decorrer da nossa vida.

QUEREMOS DIVIDIR O REAL SIGNIFICADO


DE SERMOS NÓS MESMOS E VIVERMOS
PROFUNDAMENTE ESSES SENTIMENTOS
E EXPERIÊNCIAS.
É ISSO QUE A GENTE BUSCA NA CONEXÃO;
a gente busca alguém que nos torne próximo,
alguém que a gente ame, que a gente consiga sentir
alguma espécie de intimidade, de pertencimento.

Podemos entender o nosso nível de


amadurecimento, quando nós nos tornamos adultos,
pelo nível das conexões que nós temos nas nossas
vidas: quem são nossos amigos, quem são nossos
amores, quem realmente importa para nós.
E se nós temos a conexão de um lado, do outro lado
nós temos a autoexpressão.

O QUE É A AUTOEXPRESSÃO?
É nós entendermos o nosso foco e externalizar as
nossas ideias, externalizar a nossa criatividade,
externalizar a nossa capacidade intelectual.

O nosso anseio por autoexpressão gira em torno do


nosso trabalho e das nossas atividades estéticas,
principalmente, na busca por compreensão do que
se passa na nossa mente, no nosso cérebro, nos
nossos pensamentos. O entendimento, cada vez
mais amplo, dos nossos valores, dos nossos prazeres,
das coisas que nos agradam.
O nosso modo de enxergar o mundo e conseguir
através dessa expressão, dessa autoexpressão, tornála
pública, compreensível e benéfica aos outros. A nossa
vida parece rica quando conseguimos dar formas as
muitas das percepções que atravessam as nossas
almas, quando a gente consegue se comunicar e as
outras pessoas acabam por nos entender.

O NOSSO GRANDE OBJETIVO NA NOSSA VIDA


É DEIXAR UMA MARCA FRUTÍFERA NESSE MUNDO.
ESCREVER O NOSSO NOME NA PEDRA!

E quando esses desejos são frustrados, é que vem a


nossa infelicidade, quando um amigo briga conosco,
quando o nosso relacionamento amoroso acaba,
quando não temos mais um trabalho
edificante.
E aí, nós temos esse grande sofrimento.
É isso que nos impede de termos a coragem, a força,
a inteligência de entendermos e nos comunicarmos
com a nossa essência, entendermos
e nos comunicarmos com a nossa vocação.
Abandonarmos de vez a preguiça, abandonarmos de
vez a covardia e sermos esse senhor do nosso
destino, sermos o capitão da nossa alma.
Na poesia lá, é o contrário, mas vocês captaram
o que eu quero dizer.
É para isso que nós estamos caminhando nesse
módulo do Navegar é preciso, mas para isso eu tenho
que ser o capitão desse barco, ter o timão na minha
mão, saber do que eu quero desviar e saber que
destino eu quero alcançar.
É assim que se dá essa grande conexão
nas nossas vidas. É assim que se dá essa grande
importância no nosso viver.
E quando nós entendemos como é construída essa
relação de conexão e como é construída essa relação
de autoexpressão, nós começamos a visualizar quem
é esse adulto, quem é essa pessoa madura.
Como já falamos anteriormente, é muito fácil nós
detectarmos alguém com uma maturidade física, só
ter um corpo ali: tem pelos, está alto, cabelo branco,
o cara que está mais grisalho tem uma certa
maturidade na sua vida. Mas, dentro disso, a gente
acaba criando algumas expectativas sobre
o que é aceitável ou não.
E aí, meu, tem características de pessoas, que por
fora parecem alguém muito maduro, alguém muito
adulto, mas, por dentro dela, não tem essa
maturidade emocional. Ela é uma pessoa imatura.
Quando se trata de maturidade emocional,
constantemente, nós nos surpreendemos com
pessoas novas, com quem começamos a andar
de mãos dadas pelas ruas aí, e a gente começa a ver
que elas são mais imaturas do que a gente pensava.
Tu sai com uma pessoa adulta, mantém um
relacionamento, é um colega de trabalho e a coisa
não flui muito bem.
O mais interessante nesse aspecto aqui, cara, é que
essas formas de imaturidade podem coexistir em
todas as armadilhas da vida adulta, mesmo em
pessoas que tenham uma personalidade e atitudes
confiantes e que sejam aparentemente muito
inteligentes, sejam aparentemente muitos capazes,
aparentemente com um alto nível intelectual.
Às vezes, nós passamos muitos anos, cara, com
colegas de trabalho, ou numa relação com amigos,
os nossos parceiros emocionais e a gente acaba não
se dando conta que essas pessoas são novatas
em relação à maturidade.
Então, vamos aproveitar, aqui, essa aula de hoje e
usar essa aula como um exercício. Nós vamos
começar, agora, a analisar as principais características
das pessoas imaturas, de quem não é adulto ainda.

É PEDRA, NÃO É GENTE AINDA,


como diria o Pepeu Gomes.

E depois, nós vamos analisar quais são


as características das pessoas maduras.
Eu quero que tu enxergue essas duas coisas e veja
em que caminho tu está.

TU ESTÁ NO CAMINHO DA MATURIDADE


OU TU ESTÁ NO CAMINHO DA IMATURIDADE?
Será que não são essas características
da imaturidade que estão te impedindo de alcançar
o teu sucesso na vida, impedindo de tu te comunicar
com a tua essência, de tu alcançar a tua vocação?

E dentro dessa observação das características, que eu


vou apresentar para vocês, eu quero que tu comece a
detectar nas tuas relações do dia a dia, se essas
pessoas possuem essas características ou se tu
mesmo possui essas características.
Se tu possui essas características, o meu conselho
para ti é que tu entenda uma forma
de autoconsciência crescer ou procurar
ajuda profissional.
Se são as pessoas que tu convive no teu dia a dia, a
minha sugestão é que tu pegue as tuas coisas e vá
embora ((risos)), para de andar ao lado delas, porque
é algo muito, muito triste; então sempre tem essa
característica de sair correndo.
Agora, como eu já falei, se tu reconhecer em ti essas
características, é hora de tu fazer um pit stop
e começar a refletir em como se tornar maduro,
como se tornar maior, como se tornar melhor.
Normalmente, cara, as pessoas imaturas têm
as seguintes conversas, isso aqui deve soar como
um alarme para todos vocês, como eu já disse.

A primeira coisa que essas pessoas falam é assim:


“AH, EU NÃO SOU BOM EM PASSAR O MEU TEMPO
SOZINHO”.

Schopenhauer já nos falava que


é na solidão que o ser humano grande enxerga a sua
grandeza e consegue conviver consigo mesmo.
Já a pessoa fraca, a pessoa rasa é na solidão que ela
vê a sua mesquinhez.

E aí, quando ela vê a sua mesquinhez, ela não


suporta viver consigo mesmo; isso é o que acontece
quando a pessoa é imatura.
A pessoa madura se diferencia da pessoa imatura,
exatamente, por conseguir e, até mesmo, gostar de
ficar sozinha, sem distrações, pensando sobre quem
eles são; é nas experiências que a gente consegue
viver esses momentos de grande alegria,
essa experiência, muitas vezes, solitária, que nós nos
descobrimos: fumar um charuto (ficar quarenta e
cinco minutos fumando, pensando em ti mesmo),
tem gente que não suporta.
A pessoa que é madura gosta de examinar como ela
se sente; ela gosta de pensar, raciocinar sobre os seus
próprios sentimentos, mesmo que isso seja muito
duro e muito difícil de fazer.
Ninguém gosta de tocar nas suas próprias feridas,
lidar com a sua própria raiva, entender e enxergar
que é invejoso, tocar e viver a própria vergonha.
Olha o que está no Poema em Linha Reta,
do Fernando Pessoa, essas mesmas dores ninguém
quer isso, é o que ele faz nesse poema, ele está se
examinando; ele não enxerga as respostas, mas ele
começa a ver as características que ele tem.
Obviamente, o poeta está fazendo isso de uma
maneira alegórica, mas é disso que nós estamos
tratando aqui.
Já a pessoa imatura, constantemente, tenta
encontrar alguém ou alguma coisa para fugir desse
risco de ter que entender a sua própria vida, de ter
que enfrentar a sua própria mente.
É isso que a pessoa imatura acaba fazendo.
Uma outra característica das pessoas imaturas:
“EU NÃO ME LEMBRO MUITO SOBRE
A MINHA INFÂNCIA”.

Cara, é muito difícil tu ser um ser humano que teve


uma infância perfeita. Praticamente, difícil uma
pessoa que viveu a sua infância sem viver nenhuma
dificuldade, ou que não tenha vivido uma
experiência desagradável.
Mesmo sabendo que uma criança deveria ter uma
infância calma, cheia de descobertas, como a gente
falava nas nossas aulas anteriores (o ser humano virar
uma esponjinha dentro desse grande oceano
do conhecimento), a infância em si, cara, é um lugar
cheio de aspectos bons e ruins.
E a incapacidade de lembrar muito o teu passado
não quer dizer que isso:
“Ah, eu não lembro, porque isso aconteceu há muito
tempo”, não tem nada a ver com isso.
Na maioria das vezes, quer dizer que muitas das
experiências da infância sequer começaram a ser
processadas por nossa mente adulta.
Nós bloqueamos, deixou fechado.
Isso deveria ser um sinal de alerta para todos nós, as
pessoas que não pensam muito sobre as suas
infâncias, sobre esses traumas que viveram.
Essas mesmas pessoas que são imaturas têm
mais uma características.
Quando tu conversa com ela sobre algum
assunto mais dificultoso, a resposta é:
“AH, EU NUNCA PENSEI SOBRE ISSO”.

Tomara que vocês não sejam essa pessoa, mas no teu


dia a dia tu já deve ter convivido com pessoas assim.
As pessoas que são imaturas existencialmente têm
grande dificuldade em conversar; elas têm grande
dificuldade em manterem diálogos que instiguem a
pensar ou analisar o seu entusiasmo, a pensar
e analisar as suas tristezas, a pensar e analisar
os seus projetos, as suas histórias.
Eles não têm muito a falar sobre os seus
relacionamentos que passaram, por exemplo,
ou sobre os seus trabalhos, se são ou não são
edificantes, eles não sabem nem te dizer o que
um trabalho edificante significa, ou o que elas
lastimam sobre as suas infâncias (como a gente viu
nesse ponto anterior).

Normalmente, a resposta que as pessoas imaturas


dão quando chega esse nível de conversa, quando
chega esse nível de profundidade, é dizer:
“AH, EU NUNCA PENSEI SOBRE ISSO”.
Não quer dizer que eles estão nos despistando, estão
evitando o assunto por querer. Eles de fato, meus
amigos, nunca adentraram nessas dores verdadeiras,
dentro desse sofrimento autêntico.

ELES NUNCA TOMARAM EM SUAS MÃOS


A VIDA QUE ELES ESTÃO VIVENDO.

Eles nunca foram senhores do seu destino, nunca


foram capitães de suas almas (inverti novamente
aqui),mas é para tu ter noção do que a gente está
falando.
Outra coisa que as pessoas imaturas utilizam sempre:
“AH, PARA MIM ESTÁ TUDO SEMPRE BOM”.

Né? Tem um filme, Before Sunset, aquele que os


caras vivem em 1995 e depois em 2005, muito legal –
filmezinho de amor – vocês vão gostar.
Tem uma frase, eles estão discutindo ali (é uma per-
sonagem francesa e um personagem americano) e os
dois, nesse diálogo, acabam discutindo como é que
um americano e como um francês falariam sobre os
seus problemas.
Quando o francês vê o outro e pergunta:

“Como é que tu está?”- o outro:


“Minha vida está uma “merda”, minha mãe está com
problema; estou sem dinheiro, meu carro tem que
arrumar”.

E assim os caras vão se lamentando.


Já os americanos quando perguntam:

“Como é que tu está?” - o outro diz: “Fine, estou


muito bem e você?” “Fine”.

Está todo mundo bem lá nos Estados Unidos, né?


E aí, cara, olha uma coisa que eu quero que vocês
prestem a tenção nesse ponto, quando a gente fala
das pessoas que estão sempre tudo bem.
Primeiro lugar, não tem problema nenhum uma
pessoa estar sempre de bom humor, não tem
problema a pessoa ter esse bom humor,
ter essa alegria.
O problema, cara, não é nem que essa pessoa
é emocionalmente imatura, vamos dizer assim,
o problema é que essa pessoa não percebe
a profundidade dos problemas, o problema
é que ela não é capaz de vivenciar o mau humor.
Tudo está declaradamente bem na vida dela:

“COMO É QUE ESTÃO OS TEUS PAIS?”


“Está tudo bem, minha relação com eles
está tudo perfeito”.

“COMO É QUE ESTÁ O TEU TRABALHO”?


“Está tudo perfeito.”

“COMO É QUE ESTÃO OS TEUS AMORES?”


“Está tudo perfeito.”

“COMO É QUE ESTÁ A TUA VIDA SEXUAL?”


“Está tudo maravilhoso.”

“COMO É QUE ESTÃO TUAS AMBIÇÕES?”


“Bah, nota dez.”
NÃO EXISTE ISSO, CARA!

Por que essas pessoas não conseguem se defrontar


e ver o que está errado nisso?

Porque eles não têm os recursos emocionais


da maturidade para lastimar, para sofrer nessas
situações que exijam mais percepções e nuances
emocionais, para que eles possam entender
o que representa verdadeiramente a raiva,
o que representa verdadeiramente a ira, a perda,
a confusão, o reflexo dos seus desejos insatisfeitos.

É perceptível que essas pessoas vivem uma vida rasa,


que elas não se dão conta de quão rasa é a vida
delas.
É assim que as pessoas imaturas acabam
desperdiçando as suas existências.
Uma outra característica das pessoas que são não
maduras, que são imaturas no caso, quando tu tem
uma conversa mais dura com elas, ou uma conversa
mais intelectual, uma conversa mais profunda, uma
conversa mais existencial, a desculpa deles é:

“BAH, MEU, PARA COM ESSE PAPO DE LOUCO”.

“BAH, MEU, ESSE TEU PAPO NÃOTEM NADA A VER”.

“BAH, MEU, PARA COM ESSE PAPO CHATO”.

“BAH, MEU, OLHA QUE PAPO SEM PÉ NEM CABEÇA.”

A pessoa imatura é gaúcha ((risos)), como vocês


podem ver pelo sotaque.
Então, logo, meu, que a conversa com essa pessoa
que é imatura se desenvolva e acabe ameaçando a
integridade emocional, a pessoa imatura interrompe
o assunto imperiosamente:

“NÃO, NÃO VAMOS FALAR SOBRE ISSO”.

“ISSO É UMA GRANDE BABOSEIRA”.

“ISSO AÍ, PARA MIM NÃO FAZ SENTIDO NENHUM,


ESTÁ LOUCO NÃO TEM PÉ NEM CABEÇA.”

Eles fazem questão de simplificar tudo, reduzir toda


conversa mais dura como uma discussão
sem sentido.
É isso que eles fazem, tu já deve ter passado por
diversas pessoas assim. Tomara que tu não seja uma
pessoa dessas. Como se as origens, quando eles
dizem que as conversas não tem sentido, parece que
as origens de todos os problemas residissem em uma
coisa só:

O FATO DE TU PENSAR DEMAIS.

Olha só!

PENSAR DEMAIS É UM DOM, NÃO É UM PROBLEMA.

É o modo como essas pessoas acabaram se


acostumando a dizer não às verdades que podem
machucá-las.
As pessoas imaturas, cara, eu quero que tu preste
atenção nisso também, elas até podem ser muito
charmosas, muito encantadoras, até mesmo muito
interessantes, para a gente ter em volta, para a gente
ter no nosso convívio, mas regra geral, meu amigo,
meu conselho para vocês é o seguinte:
Se tu tem essas pessoas no teu circulo de amizades,
dá um tempo na relação com elas, não precisa ser
abrupta, brigando, mas dá um tempo, começa a te
afastar; volta a conversar com elas daqui a uma ou
duas décadas, porque a vida é muito curta, cara.
Lembra do Sêneca? A nossa vida é muito curta, a
nossa vida é muito factível de acabar, mas, mesmo
assim, a nossa vida é muito interessante e, ao mesmo
tempo, ela é muito solitária, para nós perdermos
tempo com pessoas cuja a falta de interesse em
tentar ser, onde verdadeiramente conta, ser maduro,
ser interessante, eles não se preocupam com isso.
É assim que as pessoas imaturas se comportam,
fugindo da realidade, fugindo do desafio, se escon-
dendo na covardia, se escondendo na preguiça, não
querendo encarar os seus problemas, não se exami-
nando, não botando a sua atenção a elas mesmas,
não querendo ser o senhor de suas almas, nem os
capitães dos seus destinos, agora eu falei certo.
O que nós vamos fazer, a partir de agora, cara, é o
contrário. Se antes nós examinamos as características
das pessoas imaturas, agora eu vou passar para vocês
uma série de características das pessoas maduras,
adultos de verdade, quais são os principais pontos
das suas personalidades, como eles agem. E aí, eu
quero ver se tu está mais próximo desse lado da ma-
turidade ou do lado da imaturidade. Começa
analisar, também como as pessoas ao teu redor se
comportam, né? Só para tu entender como a coisa
funciona; vai servir muito para vocês esse exercício.
Então, eu tenho aqui uma listagem de algumas
características que eu vou trazer para vocês:

PRIMEIRA CARACTERÍSTICA,
DAS PESSOAS MADURAS:

Você se dá conta de que a maioria dos maus com-


portamentos das outras pessoas, na realidade, tem
origem no medo e na ansiedade, mais do que na
maldade e na imbecilidade. Aí é que está, meu, tu
deixa de ser presunçoso em achar que o mundo se
divide entre bons e maus; não existe preto e branco,
tudo é meio cinza com o tempo; tu acaba enxergan-
do que o fato das coisas não serem tão preto e
branco assim torna a vida mais interessantes.

As pessoas, ao teu lado, ficam mais


interessantes; todo mundo tem essa coisa do bem e
do mal dentro de si. Lembra do Game of Thrones,
como tu adorava aqueles personagens?
CARACTERÍSTICA NÚMERO DOIS:

Você aprende que o que está na sua cabeça pode


não ser, automaticamente, compreendido pelas
outras pessoas. Tu te dá conta, meu, que tu tem que
articular melhor as tuas intenções, melhor os teus
sentimentos, através das palavras adequadas. Tu só
pode culpar os outros depois de tu tentar falar com
calma e deixar tudo muito claro para eles.
PONTO NÚMERO TRÊS:

Tu começa a te dar conta de que tu também,


algumas vezes, entende as coisas de maneira errada.
E aí, meu amigo, tu tem que aprender a ter coragem
do quê? De pedir desculpas. Tu tem que
adentrar na arte de pedir desculpas.
MAIS UMA CARACTERÍSTICA:

Tu aprende a ser confiante, não porque tu está ótimo


ou porque tu é genial, mas porque tu aprendeu que
todo mundo tem falhas e assim como tu, todo
mundo é meio burro, tem medo, na maioria das
vezes, não tem noção nenhuma do quanto estamos
perdidos. É assim que funciona a nossa vida, cara.
Todos nós vamos aprendendo enquanto nós erramos
pela vida e está tudo bem com isso. É aprender com
os erros, aprender com os próprios erros, como nós já
vimos em algumas aulas passadas; as pessoas já não
se permitem mais isso.
MAIS UMA CARACTERÍSTICA:

Você perdoa seus pais. Você entende que tudo o que


você considera como sendo erro dos seus pais era, na
verdade, a mais dolorosa falta de competência neces-
sária para lidar com os próprios problemas deles,
para lidar com os seus próprios erros. Aquela música:

“Seus pais são crianças como você e o que você vai


ser quando você crescer”.

E o que acaba acontecendo, talvez vocês tenham


essa experiência na vida de vocês, é que, num certo
momento, essa raiva que tu tem dentro do teu
coração pelo teus pais pode ser convertida, até
mesmo, em piedade e compaixão.
MAIS UM PONTO:

Tu te dá conta da enorme influência que as ditas


pequenas coisas exercem sobre o teu humor, horário
para dormir, alimentação, nível de álcool e açúcar no
sangue, nível de estresse. E aí, meu, tu aprende a
nunca trazer à tona algum tema importante, algum
tema conflituoso, com uma pessoa que seja querida
por ti, um parente, um amigo, um amorzinho da tua
vida, antes que as pessoas estejam devidamente des-
cansadas. Tu não vai querer brigar quando as pessoas
estão bêbadas; tu não vai querer brigar quando as
pessoas estão com fome no carro, viajando durante
horas; tu não vai querer brigar quando as pessoas
estão estressadas demais.
E AÍ, TEM MAIS UM PONTO QUE A GENTE VIVE NA
NOSSA VIDA ADULTA.

O que é, meu? Tu para de ser chato; tu para de ser


ressentido. Se alguém fere os teus sentimentos, tu já
não guarda mais raiva dessa pessoa ou ódio por
vários dias, como tu fazia quando tu era criança.
Tu acaba te dando conta que tu vai morrer em breve;
tu acaba te dando conta que o ódio é um veneno
que mata mais quem o possui do que o próprio alvo.
É isso que a gente acaba tendo nas nossa vidas.
Tu não te ilude esperando que as outras pessoas
venham te pedir desculpas; venham te dizer: “Bah,
cara, desculpa eu não fiz as coisas da maneira certa”.
Tu perdoa todos eles; se eles entenderem, que bom,
se não entenderem, tu perdoa igual, só não convive
mais da maneira como tu convivia. É assim que a
coisa funciona, tu acaba seguindo a tua vida.
MAIS UM PONTO, AQUI, DAS PESSOAS MADURAS:

Tu para de acreditar que existe perfeição, em todos


os sentidos. Meu amigo, ninguém é perfeito, muito
menos existe uma vida perfeita. O que acaba aconte-
cendo é que tu acaba fazendo o quê? Aquilo que eu
digo para vocês. Tu acaba agradecendo por estar te
“fodendo” pouco, essa é a grande parte da nossa
existência. No momento que tu acaba entendendo
que não existe uma vida perfeita, tem mais
uma característica.
Aprendendo isso, tu começa a ser um pouco mais
pessimista sobre o que pode acontecer. Olha o que a
gente viu com os estoicos, né? E assim, quando tu é
mais pessimista, mais realista do que pode aconte-
cer, não mais tão cheio desse romantismo exacerba-
do, dessa hipersensibilidade, a tua alma fica mais
calma. Tu não te desespera; tu não é mais pego de
surpresa; tu fica mais indulgente; tu fica mais pacien-
te; tu acaba perdendo um pouco do idealismo, um
pouco desse teu romantismo, como a gente falou,
dessa
tua hipersensibilidade, mas tu te torna uma pessoa
menos enlouquecida, menos explosiva,
menos raivosa.
E COM ISSO TEM MAIS UMA CARACTERÍSTICA:

Tu começa a ver os dois lados da moeda. Tu começa


a ver que as fraquezas de caráter de alguém têm
algum contraponto positivo. O perfeccionista, que
cumpre sempre a sua palavra, ao invés de olhar só
para o lado ruim, tu aprende a olhar para o todo,
para ter uma visão mais sistêmica. Tu começa a ver
que uma pessoa bagunçada pode ter uma visão de
mundo e algumas soluções muito criativas, pode ser
uma pessoa muito visionária.
E com isso acaba acontecendo o quê?

TU TE APAIXONA MENOS, AO MENOS TU NÃO


TE APAIXONA TÃO FACILMENTE.

Eu sei que é uma coisa dura de dizer para as pesso-


as, mas tu aprende que por mais charmosa que seja
uma pessoa é sempre um saco conviver cotidiana-
mente. Por outro lado, tu acaba desenvolvendo
uma lealdade pelas coisas que tu já possui.
Tu também te dá conta, cara, e aí vem mais uma ca-
racterística das pessoas maduras, que é um saco
conviver contigo. Tu não é tão legal quanto tu acha;
tu começa a perceber, te dar conta e aceitar que tu é
um cara difícil, que tu é um cara cheio de falhas, que
tu joga todo esse teu sentimentalismo sobre ti
mesmo e quando tu chega numa relação
interpessoal, no trabalho, parentes, amigos, relaciona-
mentos, tu já começa dizendo para as pessoas:

“Oh, meu, lidar comigo vai ser um pouco desafiador


para ti” ((risos)).
O que a gente acaba vendo com tudo isso, meu, é
que a gente acaba aprendendo a perdoar os nossos
próprios erros e a perdoar as nossas próprias boba-
gens. Tu te dá conta que se punir pelos seus erros é
um atraso na tua vida e não vai te levar a lugar
nenhum; tu começa a te virar contigo mesmo. É claro
que tu é um idiota, mas tu é um idiota digno de ser
amado! ((risos))

TU É DIGNO DE SER AMADO!


E aí, tu acaba tendo mais uma característica das
pessoas maduras. Tu entende, cara, que o
amadurecimento é um processo que consiste em
fazer as pazes com tuas teimosias infantis que
sempre permanecerão contigo. Tu começa a enten-
der que tu deve tentar sempre agir como um
adulto, em todas as ocasiões, mas que, às vezes, nós
temos esses momentos de regressão, que do nada
esse teu eu de dois anos de idade pode reaparecer
na tua vida, vez por outra, essa é a parte importante,
mas não mais do que algumas horas. Tu tem que dar
a atenção que esse teu eu de dois anos precisa, mas
depois dá um abraço nele forte, guarda ele dentro e
te despede.
E aí, vem mais uma característica das pessoas que
são mais evoluídas, mais maduras.

TU PARA DE COLOCAR TANTA ESPERANÇA EM


PLANOS GRANDIOSOS PARA ALCANÇAR A
FELICIDADE ETERNA.

Tu começa a celebrar as pequenas coisas que dão


certo, meu amigo. Tu começa a se dar conta que a
satisfação está em ganhar alguns minutos de vida e
não ter um dia cheio de aporrinhações, não ter um
dia cheio de encheção de saco; tu começa a achar
que as árvores florindo ficam mais lindas, está valen-
do a pena, o céu estrelado está valendo a pena.
Tudo começa a fazer sentido no momento em que
tu começa a entender também os pequenos
prazeres da vida.
Mais uma característica das pessoas maduras:

O QUE AS PESSOAS PENSAM DE TI DEIXA DE SER


UM MOTIVO PARA TI TE PREOCUPAR.

Como é que acontece isso? Tu te dá conta que a


cabeça dos outros é tão embaralhada quanto a tua,
se não é mais embaralhada que a tua, mais confusa
que a tua. E assim, tu para de te esforçar para querer
ter uma imagem na cabeça de todo mundo, para
querer agradar a todo mundo.
O que vale mesmo, que tu começa a te dar conta e
ter certeza é o que tu acha de ti e quem
verdadeiramente te ama acha de ti. Assim, tu
começa a abandonar o quê? Essa perseguição pela
fama e, aí sim, tu está preparado para ser uma
pessoa mais madura, para ter relações cada vez me-
lhores com os teus amigos, no trabalho e até mesmo
num amor. Tudo isso faz parte do teu crescimento.
E vem mais uma característica:

TU TE TORNA MELHOR EM RECEBER CRÍTICAS.

Tu para de pensar que todo mundo que te critica


está te perseguindo ou tentando te derrubar.
Tu aceita que, de vez em quando, é bom tu aceitar
as ideias alheias. Tu te torna mais capaz em ouvir os
outros, sem ter que vestir uma espécie de armadura
ou tentar negar que tu havia errado.
E aí, tem mais uma característica das pessoas
maduras:

VOCÊ SE DÁ CONTA DE QUE OS PROBLEMAS MAIO-


RES PODEM SEMPRE APARECER.

Tu começa a te dar conta de como é bom ter uma


perspectiva clara sobre os problemas e procurar
opções para resolvê-los. Tu valoriza as caminhadas
para pensar; tu valoriza ficar na beira da praia,
olhando o mar; tu valoriza ficar sentado na cadeira,
olhando as estrelas.
E a partir disso aí, tu dá um passo adiante na tua
existência. Tu te dá conta que como tu encaraste os
problemas do passado, reflete nas tuas ações hoje e
assim tu tenta compensar as distorções resultantes.
Você aceita que os teus traumas infantis, ou as tuas
decepções amorosas te deixaram predisposto a
exagerar algumas das tuas atitudes e alguns dos
teus comportamentos.
Tu começa a desconfiar dos teus próprios impulsos
e tu começa a te perguntar:

“DO QUE SERÁ QUE EU ESTOU FUGINDO?”

“QUAL É O MEDO QUE ESTÁ ME LEVANDO


A AGIR DESSA FORMA?”

Voltamos para a primeira característica, em que tu


aprende a decidir a não dar voz a esses impulsos, que
te fazem te desorientar, que fazem tu não ter mais
confiança em ti mesmo; tu não ter mais coragem;
tu não trabalhar com força, persistência e resiliência;
tu ficar escondido na covardia, no medo, na incerte-
za.
E aí, tu entende este último ponto da pessoa madura:
Tu aprende que, ao iniciar novas amizades, as
pessoas não querem ouvir sobre os teus feitos e
vitórias, mas sim ter uma noção do que te atormenta,
de modo que se sintam menos solitários e mais
conectadas contigo. Tu te transforma, meu amigo,
lá no final, num amigo melhor, porque tu passa a
enxergar que a amizade verdadeira consiste em
dividir as vulnerabilidades.
Olha essa listagem longa de características das pes-
soas maduras, que eu passei para vocês. Eu espero
que vocês tenham mais conexão com essas caracte-
rísticas da maturidade do que com características da
imaturidade. Nosso grande objetivo na vida, meu, é
nós termos certeza de nós mesmos, nós sabermos
quem nós somos, sabermos quais são os limites da
nossa existência, como chegar na barreira do nosso
conhecimento e empurrar adiante.
Esse é o motivo de nós termos feito esse módulo
especial sobre “Navegar é preciso”. Se antes, um dia
lá atrás, nós construímos um barco, agora nós temos
que navegar.

PARA AONDE VAMOS?

QUAL É A MINHA VOCAÇÃO?

QUAL É A MINHA ESSÊNCIA?

E AÍ, O QUE EU POSSO APRENDER MELHOR, PARA


DESVIAR DESSAS PEDRAS?

AGORA, SERÁ QUE EU SOU UM MARINHEIRO


ARROJADO OU QUERO FICAR NUM PORTO SEGURO
E NÃO ENFRENTAR OS DESAFIOS?
Esse é o questionamento que a gente leva hoje!
Nessa aula de hoje, nós vimos, exatamente, como se
dá os caminhos da maturidade, através da busca por
conexões e da autoexpressão, depois as característi-
cas das pessoas imaturas, das quais tu tem que te
afastar e principalmente não ser uma delas; agora,
ao final, as características das pessoas maduras, que
eu espero que tu tenha te relacionado, tenha visto
o que tu tem de parecido com a maioria dessas
características. Boa noite para vocês, foi um prazer
termos tido essa aula!! Agora, nos vemos na nossa
próxima aula.
CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Fernando Conrado

CEO Alexandre Schneider

REDAÇÃO E CONCEPÇÃO Fernando Conrado e Alexandre Schneider

DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Rodolfo Tayler e Amanda Loss

ILUSTRAÇÃO DA CAPA Fernando Conrado e Rodolfo Tayler

TRANSCRITOR Suzana Schneider

ASSESSORIA E SUPORTE Hafiz Eduardo

DESIGN E REDES SOCIAIS Lucca Allapont

FINANCEIRO Daniel Duarte

EDIÇÃO E PRODUÇÃO DE VÍDEOS Victor Rosa

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