E-Book 8 - Parte I

Erico Almeida - ericoengcomp@gmail.com - CPF: 048.602.
694-97
MEUS CAROS AMIGOS, SEJAM BEM-VINDOS A MAIS
UMA AULA DO CORAÇÕES E ALMAS.
Nos nossos últimos dias aqui, a gente fez a análise do

processo histórico de conceitos importantes. E por
que a gente fez isso? Cara, para a gente chegar nesse
momento especial da aula de hoje.
Erico Almeida - ericoengcomp@gmail.com - CPF: 048.602.694-97

NÓS VAMOS ANALISAR, MEUS AMIGOS,
A MODERNIDADE.
De todas as grandes Eras que nós vivemos, que a

humanidade alcançou, a Modernidade é a principal
diferenciação. Todas aquelas características que
vocês viram na narrativa do conceito de trabalho, na
narrativa do conceito de rituais, na narrativa de como
os seres humanos lidaram com as suas falhas desem-
bocam nesse momento, porque a Modernidade que
trouxe esse mal do século.

É A MODERNIDADE QUE TRAZ ESSE SENTIMENTO
DE NÃO ESTAR NO MUNDO;
É A MODERNIDADE QUE TRAZ ESSE SENTIMENTO

DE VIDA RASA, DE VIDA POUCA, DE CORAÇÃO
VAZIO, DE SOLIDÃO.

Então o que nós vamos fazer hoje, aqui, cara, vai ser
analisar as principais características da Modernidade,
item por item. Vai ser bem metodológico; vai ser
bem didático.
Eu quero de ti, hoje, muita atenção, porque eu quero

que tu entenda cada um desses pontos.
0ɐȱɐƵȲȌȱɐƵ˛ȱɐƵƧǶƊȲȌȯƊȲƊɈǞƧƊƮƊɐǿ
desses pontos.

POR QUÊ?
Como a gente falou na nossa primeira aula

de abertura sobre a parte do processo histórico:
A inteligência de cada problema histórico da
humanidade, que nós vivemos, tinha que ser
respondido como se cada livro, cada história,
cada narrativa fosse um remédio ( como se cada livro,
cada história, cada narrativa fosse uma solução –
fosse uma consolidação – uma consolação –
um consolo – para a nossa vida).

ESSE É O PRINCIPAL OBJETIVO DO NOSSO
ENTENDIMENTO ENQUANTO SER HUMANO.
Esse é o principal objetivo da ampliação dos limites

da nossa existência, dos limites do nosso saber, de
chegarmos na barreira do
conhecimento e empurrar adiante, e como essa
tarefa de empurrar o conhecimento adiante acabou
se tornando pesadíssima para nós pela falta de
coragem, pela falta de força, pela falta de ousadia.
Nós nos colocamos limites quando aceitamos uma
vida pequena oriunda da Modernidade.

E o que é Modernidade? Vamos dar um passo
adiante, aqui. Nessa aula, nós vamos fazer duas aulas
ƵȺȯƵƧǠ˛ƧƊȺ‫ة‬ɈƋ‫§د‬ȌȲȱɐƵƶǿɐǞɈȌǿƊɈƵȲǞƊǶƵƵɐǯƋǏƊǶƵǞ
para vocês que o meu objetivo é que não seja
enfadonho e eu quero que tu tenhas
essa compreensão total.
Então, senhores, papel e caneta, anota aí ponto por

ponto, eu vou mostrando cada um deles aqui,
características da Modernidade desde o ponto um
até o ponto quatorze.

MEUS AMIGOS, O QUE É MODERNIDADE?
Desde metade do século XVIII, se espalhou pelo norte

da Europa (e acabou tomando conta de todos os
cantos do nosso planeta Terra) essa Era, esse tempo,
ȌȁƮƵƊȺȯƵȺȺȌƊȺȺƵɈȌȲȁƊȲƊǿƊǶƵȲɈƊȺ‫˛ة‬ƧȌɐ
evidenciado para cada um de nós um modo de vida
completamente novo, um modo de vida
completamente diferente.

Cara, um método de vida radicalmente
diferente de tudo que a humanidade já havia vivido
até então. Até então!! Cuja nomenclatura técnica
(vamos dizer assim, né?) concedida numa espécie de
mistura de assombro com essa grande novidade, de
respeito gravoso, porque mudou o mundo, e uma
espécie de trepidação nostálgica ( que é essa dor do
ontem, né?).

As guerras começaram a tomar conta de todo territó-
rio grego. Diante dessa nova realidade, não havia
mais interesse em questionar a perpetuidade do
Universo, né? Se ninguém mais tinha certeza se eles
estariam vivos no dia seguinte.
Cara, o que é crise? Tem um conceito muito bom,

Crise é quando o passado ainda não foi embora, e o
futuro ainda não chegou. Anota, para tu saber:
O que é crise? Quando o passado não foi embora,
e o futuro ainda não chegou.

ȺȺǞǿȱɐƵƊȺƮɐƊȺȯȲǞȁƧǞȯƊǞȺƧȌȲȲƵȁɈƵȺ˛ǶȌȺȍ˛ƧƊȺ
nasceram, praticamente de maneira concomitante.
E o nome dessa época, dessa Escola histórica, o nome
desse período, desse Zeitgeist (espírito do tempo),
cara, é a Era Moderna. Era Moderna! Ou mais
sucintamente: a Modernidade.
NÓS VAMOS RESUMIR, AQUI, PARA NÓS COM O

NOME DE MODERNIDADE.
ȺȯƵȺȺȌƊȺǏƊǶƊǿƮƵ§ȍȺٌwȌƮƵȲȁƊ‫ة‬ɈƵǿǐȲƊȁƮƵȺƮǞȺ-
cussões intelectuais sobre o conceito, se a História
acabou, não acabou, Contemporaneidade,
Modernidade.

Cara, o nome disso aqui é História
Moderna e nós vamos chamar de Modernidade, para
sempre; esse é um conceito que eu quero que
˛ȱɐƵƧǶƊȲȌȁƊɈɐƊƧƊƦƵƪƊ‫خ‬
Meus amigos, nós, hoje, todos os sete ponto oito

bilhões de humanos, todos nós somos habitantes do
quê? Da Modernidade! Todos nós!!

Todo o crocodilo Dundee lá da Austrália, todo
nômade Berbere da Montanhas do Atlas –
em Marrakech, todo monge budista da Tailândia,
ɈȌƮȌǠȁƮǞȌ§ƊɈƊɮȍƮȌåǞȁǐɐ‫ة‬ɈȌƮȌǐƊɑƧǘȌ‫ى‬ǶƋƮƵ
Ɗǐƶ‫ة‬ɈȌƮȌǶƊȯƣȌƮȌ§ȌǶȌyȌȲɈƵ‫ة‬ɈȌƮȌƧǞƮƊƮƣȌ
do Universo passa a ser tocado, passa a ser cinzelado
pela Modernidade, passa a ser moldado por essa
perspectiva ideológica dessa nova Era,
dessa grande transformação daquele mundo
§ȲƶٌwȌƮƵȲȁȌȯƊȲƊȌǿɐȁƮȌwȌƮƵȲȁȌ‫ة‬ƮƊȱɐƵǶƵ
mundo tradicional (que a gente falava até então)
para esse mundo novo.

Cara, não existem mais Hamelets, não existem mais
Dom Quixotes, não existem mais Robinson Crusoé.
Todos nós somos Modernos. E essa história, meu, do
nosso mundo Moderno, ela tem uma emergência,
uma urgência, um lançamento, um relevo traçado,
ƧƊȲƊ‫ة‬ȁɐǿǞȁ˛ȁǞɈȌȁɑǿƵȲȌƮƵƧƊǿȯȌȺƮȌ
ƧȌȁǘƵƧǞǿƵȁɈȌ‫خ‬Xȁ˛ȁǞɈȌ‫ة‬Ǟȁ˛ȁǞɈȌ‫ة‬Ǟȁ˛ȁǞɈȌ‫ثث‬
TODAS AS ÁREAS SÃO AFETADAS. NÃO EXISTE UM

ÚNICO ASPECTO DA VIDA HUMANA, HOJE, QUE NÃO
SEJA AFETADO PELA MODERNIDADE.

Meus amigos, vamos elencar, porque eu quero que
˛ȱɐƵƧǶƊȲȌȁƊɈɐƊǿƵȁɈƵ‫ب‬
A política— afetada;
a religião—afetada;
a arte--afetada;
a tecnologia—afetada;
a moda—afetada;
a ciência—afetada.
TUDO É AFETADO, e nós vamos analisar cada um

desses pontos hoje. Cara, todos esses setores que
contribuem para a alteração da nossa consciência
(conceito de trabalho, de rituais e como lidar com os
nossos fracassos), essa alteração na nossa consciên-
cia, essa alteração na nossa transformação da nossa
maneira de pensar e de sentir.

Cara, isso é o principal: As grandes mudanças que a
gente tem na alteração da nossa consciência, da
nossa maneira de pensar ( enxergar o mundo –essa
visão de mundo – Weltanschauung), e a visão de
sentir. É a soma de tudo isso, que te envolve e te
ƊƦȲƊƪƊ‫ة‬ȱɐƵȺǞǐȁǞ˛ƧƊȺƵɈȌȲȁƊȲȯƊȲɈƵƮƊwȌƮƵȲȁǞƮƊƮƵ‫خ‬
E é aqui nesse ponto, cara, que nós vamos começar
a analisar pelas Eras históricas e pelas
suas principais características.

Hoje é um dia especial. É a primeira vez que nós
vamos fazer uma análise de uma Era histórica,
como ela tem que ser feita.
Lembra que eu te falava lá no início, nas primeiras
aulas, né? Tu te lembra daquelas análises chatas do
colégio, que tu deveria decorar todas as característi-
ƧƊȺƮƵƧƊƮƊǏƊȺƵƮȌȯȲȌƧƵȺȺȌƧǞɨǞǶǞɹƊɈȍȲǞȌ‫§د‬ȌǞȺƶ‫ة‬ȁȍȺ
vamos fazer exatamente isso, só que nós vamos fazer,
cara, dessa maneira conradiana!

0ȯȌȲȱɐƵȁȍȺɨƊǿȌȺǏƊɹƵȲǞȺȺȌ‫§د‬ƵǶƊǞǿȯȌȲɈƓȁƧǞƊ
pedagógica do entendimento, pela importância
pedagógica da compreensão desses fatores
componentes da Modernidade. Como a gente já
conversou nas aulas anteriores, é o dever da História
reconhecer os problemas do nosso presente para que
assim nós possamos chegar numa prateleira de
“remédios”, de soluções, de curas intelectuais de
fundo histórico, de fundo intelectual.

VISANDO O QUÊ? OBJETIVANDO O QUÊ?
Salvar, cara as nossas almas (Save Our Souls -- SOS), já

que a gente está afundando até os grugumilhos,
(gorja, né?), até a garganta, em um mundo vazio, um
mundo raso, um mundo desvanecido de sentido, nii-
lista (Nihil-Zero), com esse sentido exatamente, cara,
fragmentado, escondido em gavetas nebulosas, es-
curas, onde os nossos olhos não são capazes de reco-
nhecer o que é devido. E muitas vezes, cara,a gente
não consegue reconhecer por miopia valorativa.

AS PESSOAS TÊM PROBLEMAS NAS SUAS VISÕES
DE MUNDO, NOS SEUS VALORES, NA SUA MORAL,
NO SEU CARÁTER,
e aí têm essa miopia valorativa, porque não enxerga.
E essa miopia valorativa muitas vezes, cara,
é imposta e determinada por essa mesma
Modernidade.
Nós precisamos, meus amigos, do quê? De

óculos melhores, lentes mais claras, precisamos de
um ardor fresco, que esvaneça toda essa neblina, que
não nos deixa enxergar a claridade, meus amigos. A
claridade: a diferença do preto e do branco, do certo e
do errado, do justo e do injusto, do bom e do feio.

Então, a gente vai começar a partir de agora, meus
amigos, uma análise ponto a ponto da Modernidade.
E a primeira característica, que nós vamos falar, é
algo que a gente já conversou muito nas últimas
ƊɐǶƊȺ‫ة‬ƵƵɐ˛ɹȱɐƵȺɈƣȌƮƵȺƵȲƦƵǿƵȁǏƋɈǞƧȌȱɐƊȁƮȌ
eu falava sobre esse conceito. Que é o conceito do
quê? Da secularização. SECULARIZAÇÃO!

Então, tu escreve aí, coloca aí.
CARACTERÍSTICAS DA MODERNIDADE:
Número um: Secularização.
Coloca um risco embaixo. Colocou? Meu, talvez a

maior marca de toda a Modernidade seja, exatamen-
ɈƵ‫ة‬ƵȺȺƊ‫ب‬ȺǞǿȯǶǞ˛ƧƊƪƣȌƮƊȺƵƧɐǶƊȲǞɹƊƪƣȌƮƊɨǞƮƊ
ǘɐǿƊȁƊ‫خ‬0ȌȱɐƵȺǞǐȁǞ˛ƧƊȺƵƧɐǶƊȲǞɹƊƪƣȌ‫د‬
Nós já falamos .

Cara, secularização, resumindo:
É A PERDA DA FÉ.
A perda dos valores ritualísticos; a perda da crença

na intervenção das forças divinas sobre as
atividades terrenas. Olha só, senhor, antes da
Modernidade, todos os pensamentos das sociedades
ɈȲƊƮǞƧǞȌȁƊǞȺ‫§ـ‬ȲƶwȌƮƵȲȁƊȺ‫ة‬ɈƋ‫فد‬ɈȌƮƊȺƊȺȌɐɈȲƊȺ0ȲƊȺ
‫ـ‬ƊȁɈƵȺƮƊȁȌȺȺƊ‫ة‬ƊȁɈƵȺƮȌȺƮǞƊȺƮƵǘȌǯƵ‫ة‬ƊȁɈƵȺƮȌ˛ȁƊǶ
do século XVIII), elas tinham as suas vidas mais ou
menos controladas pelas divindades. Metade da vida
das pessoas estava na mão dos deuses,
estava na mão dos espíritos, né?

Lembra dos demonia, eudaimonia, os verdadeiros
demônios, os anjos? E esses espíritos, essas deidades,
ƵȺȺƵȺƮƵɐȺƵȺ‫ة‬ƵȺȺƵȺǿƊǐȌȺ‫ة‬ƵǶƵȺȯȌƮƵȲǞƊǿȺƵȲǞȁ˜ɐƵȁ-
ciados através das rezas, através dos sacrifícios, atra-
vés dos próprios rituais (que a gente falou tanto nas
aulas anteriores).

1ȯȌȲǞȺȺȌȱɐƵƵɐ˛ɹȱɐƵȺɈƣȌƮƵƧȌȁɨƵȲȺƊȲƧȌǿɨȌƧƺȺ‫ة‬
nas nossas últimas aulas, sobre o conceito de ritual
ƮɐȲƊȁɈƵƊȺɐƊǿȌƮǞ˛ƧƊƪƣȌ‫ة‬ȁƵȺȺƵȺǿǞǶƺȁǞȌȺ‫ة‬ȁƊ
História da cultura humana.
ESSES DEUSES, CARA, ESSES ESPÍRITOS, ESSES DE-

MÔNIOS, ESSAS DIVINDADES, ELES REQUERIAM
DAS PESSOAS COMPLEXAS FORMAS DE ADORAÇÃO
E OBEDIÊNCIA.
É por isso que tinham os rituais, os humanos tinham

que fazer as coisinhas.

O problema que a gente tem na Modernidade o quê?
O ser humano acabou colocando a sua energia no
entendimento (olha só o que eu vou dizer, meu) dos
eventos naturais através de uma resposta não menos
importante. E qual é essa resposta que o ser humano
deu como as soluções divinas?
A RAZÃO!
Olha bem o drama que a gente está vivendo, meu.

A gente está saindo da parte mágica, botando razão.
É importante essa discussão. Hoje não existem mais
crendices ou revelações, não existem mais maldições
ou profecias.

O nosso futuro, para a ciência, será feito nos laborató-
rios. O futuro não vai mais se dar em templos, não vai
mais se dar em igrejas, não vai mais vir respostas das
sinagogas, nem vão vir respostas das mesquitas, nem
dos monastérios hinduístas. E mesmo as pessoas que
se dizem, hoje em dia, religiosas (né?) dessas seitas,
dessas coisas, num futuro próximo (como nós pode-
mos ver nas principais obras hoje em dia, pega o
Homo Deus, o Gene Egoísta, o Antifrágil,
do Nassim Taleb) essas pessoas que são ditas
como gênios teleológicos, eles se apresentam
como Demiurgos da Ciência.

Imagina, cara! O Taleb, do Antifrágil, o cara é um
engenheiro, e esse cara que discute a solução da vida
humana. Adoro, tá!... Mas, estou dizendo qual é o nível
que a gente tem. A gente tem o Homo Deus, em que
o cientista é um especialista em câncer. Uma das
grandes autoridades que falam hoje,
hȌȲƮƊȁ§ƵɈƵȲȺȌȁ‫ة‬ƶɐǿȯȺǞƧȍǶȌǐȌ‫خ‬

O que a gente acabou vendo, cara, dentro da secula-
rização, é que Deus está morto, e foi a Modernidade
que o matou. É o que dizia o Nietzsche, né?
“DEUS ESTÁ MORTO, E A

MODERNIDADE O MATOU”.
XȺɈȌƶƊȺƵƧɐǶƊȲǞɹƊƪƣȌ‫ب‬Ȍ˛ǿƮƊȺƧȲƵȁƮǞƧƵȺ‫ة‬Ȍ˛ǿƮƊȺ
divindades. E essa é a principal característica da Mo-
ƮƵȲȁǞƮƊƮƵ‫ث‬ÀɐƊȁȌɈȌɐƊǠ‫§د‬ȲǞȁƧǞȯƊǶƧƊȲƊƧɈƵȲǠȺɈǞƧƊƮƊ
Modernidade: secularização. Meu, eu vou tocar
pontual, ponto por ponto; vou fazer comentários
e vamos tocar o barco aqui. Construindo
o próprio barco, né?

Cara, agora vamos para a segunda característica
principal da Modernidade. Anota aí.
CARACTERÍSTICAS DA MODERNIDADE:
yɑǿƵȲȌƮȌǞȺ‫§ب‬ȲȌǐȲƵȺȺȌ‫خ‬
Anotou? Rabiscou embaixo aí? As sociedades

§ȲƶٌwȌƮƵȲȁƊȺ‫ة‬ȌɐȺƵǯƊ‫ة‬ɈȌƮȌȺȌȺǿȌƮƵǶȌȺȺȌƧǞƊǞȺ
ƵɮǞȺɈƵȁɈƵȺƊɈƶȌ˛ȁƊǶƮȌȺƶƧɐǶȌåßXXX‫ة‬ƧƊȲƊ‫ة‬ƵǶƊȺɈǞȁǘƊǿ
uma concepção do mundo baseada no quê?
Na existência de ciclos históricos.

A vida era cíclica; a vida era, completamente,
repetitiva. Os tempos e os momentos se renovavam a
cada nascer do sol, a cada novo luar, a cada nova
˜ȌȲƊƪƣȌ‫ـ‬ɨȌƧƺȺǶƵǿƦȲƊǿȱɐƵƊǐƵȁɈƵǏƊǶȌɐ‫ة‬ȁƶ‫ةفد‬
a cada novo Ramadã, a cada novo Yom Kippur,
a cada nova Saturnália (os carnavais lá, dos romanos).
Não existia esse conceito de avanço dinâmico do
tempo, isso sequer era uma matéria de discussão
˛ǶȌȺȍ˛ƧƊ‫خ‬ȺȯƵȺȺȌƊȺȁƣȌǏƊǶƊɨƊǿǞȺȺȌȁƵǿȁȌ
mundo da política, muito menos
no mundo da Ciência.

O que as pessoas imaginavam é que as coisas
sempre seriam tão ruins ou tão boas quanto elas
sempre foram. Não existia o conceito de progresso,
meus amigos. Não existia o conceito de crescimento
dinâmico; não existia a chance de transformação nos
afazeres humanos; não existia a chance de transfor-
mação nas atividades laborativas; não existia a
chance de transformação no empenho do indivíduo.
Nada que fosse além do quê? Das estações do ano,
ou dessas questões de vida ou morte.

Mesmo , meu, diante da impotência dos homens
frente ao destino. Lembra das visões dos estoicos?
Nós falamos muito dos estoicos nas primeiras aulas.
Os estoicos tinham essas duas visões em relação ao
destino: uma delas é o memento mori e o amor
ǏƊɈǞ‫§خ‬ȌȲƵɮƵǿȯǶȌ‫ة‬ȌȱɐƵƮǞɹǞƊȌȁȌȺȺȌǿƵǿƵȁɈȌǿȌȲǞ‫ب‬
“LEMBRE-SE QUE A VIDA ACABA”.
Lembre-se de que tu vai morrer aqui e agora. Não

existe nada além da vida, nada além da morte, só
vermes corroendo o teu corpo e o teu corpo entrando
em putrefação.

Isso, e o amor fati, que daí é mais importante:
ACEITA O DESTINO COMO UMA OPORTUNIDADE DE

VIVER COISAS QUE DE OUTRA FORMA TE SERIAM
IMPOSSÍVEIS DE SEREM VIVENCIADAS.
É isso! Esses são os fundamentos do entendimento

cíclico da História. Isso permaneceu arraigado na vida
da civilização humana até agora -- até o início da
wȌƮƵȲȁǞƮƊƮƵ‫ة‬ƊɈƶȌ˛ȁƊǶƮȌȺƶƧɐǶȌåßXXX‫!خ‬ƊȲƊ‫ة‬ȺƵǿȯȲƵ
foi parte do alicerce de toda a compreensão de visão
de mundo, de todo o espírito do tempo (o Zeitgeist),
de toda a História em si.

§ȌȲƶǿ‫ثث‬ȯƊȲɈǞȲƮƊwȌƮƵȲȁǞƮƊƮƵ‫ـ‬ƵɐǏƊƪȌȱɐƵȺɈƣȌƮƵ
ƮǞɹƵȲ‫ة‬ȯȌȲȱɐƵƵɐȱɐƵȲȌȱɐƵɨȌƧƺȺǶƵǿƦȲƵǿ‫˛ب‬ȁƊǶƮȌ
século XVIII – Modernidade), cara, a partir do conceito
de Modernidade, altera-se essa visão de mundo.
Esse Zeitgeist (esse espírito do tempo)
ƶƧȌǿȯǶƵɈƊǿƵȁɈƵǿȌƮǞ˛ƧƊƮȌ‫خ‬
§ȲƵȺɈƊƊɈƵȁƪƣȌ‫ة‬ǿƵɐ‫§ث‬ȲƵȺɈƊƊɈƵȁƪƣȌ‫ب‬²ƵȲǿȌƮƵȲȁȌ
ȺǞǐȁǞ˛ƧƊȌȱɐƺ‫©د‬ɐƵ nós podemos, continuamente,
superar tudo que nós fomos antes. Nós podemos ser
melhores, alcançar o máximo.

Lembra quando a gente sai da Renascença? Eu falei
ȯƊȲƊɨȌƧƺȺƮȌȺƵȲǘɐǿƊȁȌ‫ة‬Ȍ§ƊȯƊhɑǶǞȌXX‫ة‬ƧȌȁɈȲƊɈƊ
Michelangelo Buonarroti, em 1508, para pintar a
Capela Sistina, dá um rio de dinheiro, deixa ele fazen-
do o que quiser (nós vamos falar isso de novo, no
ǏɐɈɐȲȌ‫خف‬ɐȺƵǯƊ‫ة‬ɈɐƮȌȯȌƮƵȺƵȲǿƊǞȌȲƮƵȺƮƵȌ˛ȁƊǶƮȌ
Século XVIII: a riqueza nacional pode ser maior; o co-
nhecimento pode ser maior; a tecnologia pode ser
maior; os arranjos políticos – a orquestração política –
pode ser maior. E maior ainda, mais largamente, mais
amplamente a nossa capacidade de alcançar a nossa
completude existencial.

O ser humano passa a ter anseios de ser maior, de ser
total, de ser o gênio, de ter dentro de si essa potência;
isso aí se torna a pedra de toque, isso aí se torna o se-
gredo da sabedoria; isso aí se torna o mistério
hermético.
O ser humano passa a ter no seu dia a dia o quê?

A POSSIBILIDADE DE SE REALIZAR NOS SEUS
SONHOS.
§ƊȺȺƊƊȺƵȲƧȌǿȯǶƵɈƊǿƵȁɈƵȯȌȺȺǠɨƵǶȌȺƵɐȺȌȁǘȌȺƵȲ
realizado através do quê? Através do desenvolvimen-
to constante, através do progresso (é aquela ideia re-
nascentista, de nós sermos enormemente remunera-
dos para realizarmos os nossos devaneios mais
loucos). Essa passa a ser a prática da realidade, não
apenas dos gênios – como Leonardo da Vinci e Mi-
chelangelo Buonarroti. Essa passa a ser a ambição
dos sete ponto oito bilhões de habitantes do planeta
Terra.

Tu entende, cara, que até o que a gente tinha antes
‫ـ‬ƊɈƶȌ˛ȁƊǶƮȌȺƶƧɐǶȌåßXXX‫ف‬ǞȺȺȌƵȲƊƊȯƵȁƊȺɐǿȺȌȁǘȌ
utópico?!
“ALCANÇAR A MINHA REALIZAÇÃO”?

“TÁ LOUCO.”
“O TRABALHO É O CASTIGO DIVINO”.
Era completamente inadequado ao entendimento,

pois o trabalho era um castigo divino (é o que a gente
falou nos nossos conceitos quando a gente analisou o
trabalho). Só que desde então, desde a Modernidade,
essa coisa de perseguir seus sonhos, ter seu propósi-
to, encontrar meu eu, me expor, passa a ser um dever
de qualquer trabalhador de carteira assinada, meus
amigos. Todo mundo agora tem um sonho a perse-
guir, quer ser maior. O mundo não era assim.

E foi, exatamente, dessa forma que a Modernidade
quebrou o quê? As correntes do sofrimento repetiti-
vo: Agora, o mundo não é mais fechado numa vida
repetitiva, cíclica, cheia de dores, que o bem e o mal
dependem de Deus. Não tem nada disso! O
tempo não é mais uma roda de futilidades; o tempo
não é mais uma roda de casuísmos, de infortúnios, de
tristezas, de sofrimentos, de arrependimentos, de
traições, de “bola nas costas”. Agora, a Modernidade
ɈȲƊɈƊȌɈƵǿȯȌƧȌǿȌȌȱɐƺ‫!د‬ȌǿȌɐǿƊ˜ƵƧǘƊ‫ة‬ȱɐƵƶ
apontada e sai voando na velocidade da luz; como a
um futuro ( vou usar uma palavra difícil aqui) perfec-
tibilizável, um futuro completamente alcançável,
completamente tangível na nossa cabeça.

E como é que nós chegaremos a essas descobertas
ƮƵȺȺƵǏɐɈɐȲȌǿƊǐȁǠ˛ƧȌ‫د‬ǠɨƵǿƊɈƵȲƧƵǞȲƊƧƊȲƊƧɈƵȲǠȺ-
tica da Modernidade. E eu quero que tu anote aí com
muita atenção novamente. Coloca aí.
CARACTERÍSTICA DA MODERNIDADE:
Número três: a Ciência.
Meus amigos, falamos de secularização, falamos de

progresso, falamos de Ciência. O que é isso? A Moder-
nidade substituiu os deuses, substituiu as divindades,
ȺɐƦȺɈǞɈɐǞɐȌȺȲǞɈɐƊǞȺ‫§خ‬ȌȲȱɐƺ‫§د‬ȌȲƵȱɐƊƪȪƵȺ‫ة‬ȯȌȲ
matemática, por conhecimento.

É nesse futuro que a Ciência moderna nos proporcio-
nará a maestria sobre nós mesmos, nos proporciona-
rá a maestria sobre os quebra-cabeças da natureza e
talvez num nível mais alto e muito mais quimérico (e
a gente sabe, porque a gente vê isso aí pelas revistas
de Ciência, que a gente tem hoje), a maestria sobre a
ȯȲȍȯȲǞƊǿȌȲɈƵ‫§خ‬ƊȲƵƧƵǿƊǶɐƧȌ‫ة‬ǿƊȺƶǞȺȺȌȱɐƵƊȺ
pessoas falam:
“O SER HUMANO QUE VAI DURAR CENTO E

CINQUENTA ANOS JÁ NASCEU”.

E aí, segundo a Ciência moderna, essa contemplação
de cálculos cuidadosos somados a espasmos elétri-
cos de circuitos microscópicos vão nos permitir que
ȁȍȺƧȲǞƵǿȌȺɐǿƊƵȺȯƶƧǞƵƮƵƧƊȲɈȌǐȲƊ˛Ɗ‫ة‬ȌɐȺƵǯƊ‫ة‬ȱɐƵ
a gente faça os desenhos dos mapas que nos possibi-
litem o domínio de todo o Universo. Todo o Universo!
Segundo esses cientistas (que a gente fala aqui do
Homo Deus, das 12 regras para Vida, dessa história
toda e tal) o que nos parece uma coisa maluca, que
ȯƊȲƵƧƵǏȲɐɈȌƮȌȺǶǞɨȲȌȺƮƵ˛ƧƪƣȌ‫ة‬ƶƊȯƵȁƊȺɐǿƊȱɐƵȺ-
tão de tempo. Alcançar esses objetivos, desenvolver
essas respostas é apenas uma questão de tempo.
O SER HUMANO ESTÁ PRESTES A CHEGAR NA IMOR-

TALIDADE.

Bah!... Bah!... Singularity. Bah!...Bah!...Cara, se a Moder-
nidade matou Deus (como a gente falou no ponto
anterior), a vida eterna agora será experienciada aqui
e agora, no mesmo planeta Terra. Acabou esse negó-
cio de deixar a vida eterna para depois. ((risos)).
§ƊȲƵƧƵƊȺȺɐȺɈƊƮȌȲ‫ة‬ȁƶ‫د‬0ƶȯȌȲǞȺȺȌǿƵȺǿȌȱɐƵȌ
ƧǞƵȁɈǞ˛ƧǞȺǿȌƶɐǿƊƮƊȺȯȲǞȁƧǞȯƊǞȺƧƊȲƊƧɈƵȲǠȺɈǞƧƊȺƮƊ
Modernidade. É o nosso ponto três. É por isso que
agora nós já vamos passar para mais uma
característica importantíssima desses
tempos modernos.

Anota aí, mais uma vez.
Número quatro: Individualismo.
Aqui começam as dores humanas. Meus amigos, ser

moderno se resumiu a quê? Abandonar os termos e
acordos da História, os termos e acordos da tradição,
os termos e acordos do trabalho, os termos e acordos
dos rituais, os termos e acordos das falhas, os termos
ƵȌȺƊƧȌȲƮȌȺƮȌȺƵȁɈǞƮȌƮƵƧȌǿɐȁǞƮƊƮƵ‫§خ‬ȌȲǞȺȺȌȱɐƵ
ȁȍȺ˛ɹƵǿȌȺɈȌƮƊȺƊȺƊɐǶƊȺƊȁɈƵȲǞȌȲƵȺȯƊȲƊƧǘƵǐƊȲ‫ة‬
agora, nesse resumo, nessa visão. E aqui, a gente tem
que enxergar que o ser humano conseguiu alcançar
uma capacidade de se autocriar, de se autodesenhar
(selfdesing, né?). A gente conseguiu ter a capacidade
de criar a sua própria identidade.

Cada um pode ser o que realmente quer (entre
aspas). A modernidade fez isso conosco; a Moderni-
ƮƊƮƵǏƵɹƧȌǿȱɐƵȁȍȺȯȲƵǏƵȲǠȺȺǞǿȌȺƮƵ˛ȁǞȲƊȁȍȺ
ǿƵȺǿȌȺƮȌȱɐƵȺƵȲƮƵ˛ȁǞƮȌȯƵǶƊɈɐƊȯȲȍȯȲǞƊǏƊǿǠǶǞƊ‫ة‬
ƮȌȱɐƵȺƵȲƮƵ˛ȁǞƮȌȯƵǶƊȺɈɐƊȺɈȲƊƮǞƪȪƵȺ‫خ‬Agora, não é
mais a sociedade que vai dizer o que eu tenho que
fazer; agora, não é mais a sociedade que vai dizer o
que eu devo pensar; agora, não é a sociedade, a tradi-
ção que vai dizer o que eu devo sentir, ou como é que
eu devo agir. Nada disso! Agora, somos nós mesmos,
os modernos, os empoderados , é nós que vamos es-
colher com quem eu vou casar, é nós que vamos
escolher que trabalho eu quero perseguir, ou que
gênero eu quero viver sexualmente, ou onde é que
vou viver, ou como é que eu vou pensar.

Todo o ser humano no planeta Terra quer ser livre. É
isso que a gente vive na Modernidade. Olha o indivi-
ƮɐƊǶǞȺǿȌ‫خ‬0ƧȌǿȌȌƦǯƵɈǞɨȌ˛ȁƊǶƮƵɈȌƮȌȺƵȲǘɐǿƊȁȌ
dessa liberdade, qual é? É se completarem nos seus
eus: individualismo. Viverem os seus sonhos próprios:
individualismo. Alcançarem os seus propósitos: indivi-
dualismo. E essa acabou se tornando a principal dor
do ser humano. Qual é ela? Viver solitário, buscando
aleatoriamente prazeres que te respondam as farsas
da tua vida medíocre. A farsa dessa tua vida sem sen-
tido, comprando coisas que tu não precisa, com di-
nheiro que não tem, para mostrar para pessoas que
você não gosta uma pessoa que você não é.

Nossas primeiras aulas, primeiro módulo, nós nos chi-
coteando, na obrigatoriedade: “Seja livre”. “Seja mais
livre”. “Seja mais poderoso”. “Seja mais corajoso”. Até
o dia de ser livre, tu vive como escravo. Até o dia de
ser rico, tu vive como pobre. Até o dia de ser forte, tu
vive como fraco. Até o dia de ser corajoso, tu vive
como impotente. As pessoas acabam, dessa forma, se
afundando no quê? Numa vida cada vez mais subsu-
mida, numa grande depressão, cara.

Grande depressão foi um dos nossos primeiros
assuntos, da alteridade do outro. Lembra da
ƊǶɈƵȲǞƮƊƮƵ‫§د‬ȲǞǿƵǞȲȌƊȺȺɐȁɈȌ‫ة‬ƧƊȲƊ‫خ‬wɐƮƊȁƪƊȁȌȺȺȌ
primeiro tópico, depois a gente falou o quê?
Alteridade. A gente acabou, meu, aquelas doenças,
aqueles sofrimentos (que a gente fala até então) são
as doenças típicas do quê? Da Modernidade, como é
o caso do Burnout, se chicoteando.

E aqui nós já vamos passar também para mais uma
das características importantes da Modernidade.
E era o que ao menos eu pensava que ia ser uma res-
posta para os nossos anseios individuais e existenciais
do individualismo. Qual é essa grande resposta, cara?
O amor. Então, anota aí.
Número cinco: Amor.
Ah, chega a doer o meu coraçãozinho!... Meu, olha só,

a Modernidade (lembra que a gente falou do Goethe
lá, né?), teve aquele surto romântico, uma onda de
suicídios na Europa (a gente conversou tudo isso aí,
durante essa fase do Construindo o próprio barco),
meu, a Modernidade tornou todo mundo romântico.

wƊȺȌȱɐƵȺǞǐȁǞ˛ƧƊȲȌǿƓȁɈǞƧȌ‫ة‬ƵȺȺƊȯƊȲɈƵƮƊ0ȲƊ
Romântica?
MEU, SIGNIFICA QUE TODOS NÓS

PROCURAMOS UMA ALMA GÊMEA.
Que todos nós procuramos o quê? Um amigo

exemplar e que nós possamos, nesse nosso amigo
exemplar, encontrar (nessa mesma pessoa, né?) um
intrépido parceiro sexual. Mas, não é só isso. Tu quer
também um pai e uma mãe responsável, para tu
ȯȌƮƵȲɈƵȲ˛ǶǘȌȺ‫ة‬ɈƵȲɐǿƊǏƊǿǠǶǞƊ‫خ‬0ƊǶƶǿƮȌǿƊǞȺ‫ة‬Ɉɐ
quer ter, além disso, um colega gentil, carinhoso, que
te dê atenção. E aí, o ser humano, nessa busca de
todos esses anseios – desse parceiro ideal – acaba
vivendo revoltado contra o quê? Contra toda a frieza
emocional e toda distância sentimental.

E é por isso, cara, que a gente vive buscando esses
anseios no parceiro, sabendo da frieza e do distancia-
mento, que a gente vive refutando, que a gente vive
evitando, que a gente vive fugindo feito louco de
qualquer espécie de ligação, ou uniões infelizes, ou
melancólicas, ou que não possuam o tesão, a excita-
ção, o fogo daqueles primeiros momentos das novas
descobertas amorosas.

O SER HUMANO, CARA, ELE É CAPAZ DE
REMOVER MONTANHAS PARA ENCONTRAR
A SUA ALMA GÊMEA.
ٗ§ȌɐƧȌƊǿȌȲȁƣȌƶƊǿȌȲ٘‫ة‬ȁƶ‫د‬ǐƵȁɈƵȱɐƵȲȯȲȌƧɐȲƊȲ
essa alma gêmea espiritual, viver como se o amor es-
tivesse ali, dobrando a esquina, a cada novo momen-
to. Só que todos nós, meu, quando vivemos nesse es-
pírito romântico da possibilidade (lembra que a
gente falou lá, na alteridade?) qual é o nosso sonho?
O que é amor? Interação anímica ritualizada e
essencial com o outro.

Bah! Bah! Bah! Essa era a parte linda dos rituais amo-
rosos! Que a gente abandonou! Na busca dessa alma
gêmea, o ser humano, cara, está disposto a percorrer
os sete mares, está disposto a rodar os quatro cantos
do mundo, né? Comer, Rezar e Amar – olha as histori-
nhas, conto-da-carochinha, que a gente vê até hoje,
dessa esperança mágica de encontrar esse ser único
e especial. Sete ponto oito bilhões de seres humanos
do planeta Terra tem um ser humano especial para
mim!! A gente vive com esse ardor romântico.

Só que daí para chegar nisso, o ser humano acaba se
submetendo à característica número seis da Moder-
nidade. O que a gente acaba fazendo?
A GENTE VAI PARA UMA VIDA NAS

GRANDES CIDADES.

Então, anota aí, meu.
Número seis: As cidades.
Essa é uma característica impressionante da Moder-

ȁǞƮƊƮƵ‫§خ‬ȌȲȱɐƺ‫§د‬ȌȲȱɐƵƊwȌƮƵȲȁǞƮƊƮƵ‫ة‬ƧƊȲƊ‫ة‬ƮƵǞɮȌɐ
claro para todos os habitantes do planeta Terra que é
um “pé no saco” viver aquela vidinha ensimesmada
dos pequenos vilarejos, das pequenas localidades, da
fazendola, aquela vidinha encurtada pelas pequenas
faltas de oportunidades.

Aquela vida mais ou menos, mitigada passa a ser
pouca para o ser humano. Nós não queremos ir para
a cama quando o sol se põe, ou tu vai tentar limitar as
tuas alegrias, ou os teus aprendizados à convivência
com os teus coleguinhas, que foram para a escola
desde quando tu era criança. Nada disso!
Nós queremos o quê? Nós queremos nos mudar.

CARA, OITENTA E CINCO POR CENTO DAS NAÇÕES
MODERNAS VIVEM EM GRANDES CIDADES.
Todo mundo, todo o sonho de qualquer ser humano

(de oitenta e cinco por cento da população ao
menos) é se mudar para cidades incrivelmente ilumi-
nadas, onde a gente possa se misturar no meio da
multidão. “Eu quero ir para Nova York”. “Eu quero ir
ȯƊȲƊ§ƊȲǞȺ٘‫خ‬ÀȌƮȌǿɐȁƮȌɈƵǿǞȺȺȌ‫ة‬ȁƶ‫د‬ßǞɨƵȲƵǿyȌɨƊ
York, esse tipo de coisa, uma vida em Londres, uma
grande capital do mundo, uma megalópole.

Tu quer te perder entre os rostos do metrô; tu quer
experimentar comidas exóticas; tu quer ter a possibi-
lidade de mudar constantemente de trabalhos, de
ǯȌƦȺ‫س‬ɈɐȱɐƵȲ˛ƧƊȲǶƵȁƮȌǶǞɨȲȌȺƮƵȯȌƵȺǞƊȺȁȌȺȯƊȲ-
ques, no Jardin des Tuileries; tu quer curtir esse tipo
de coisa; tu quer visitar museus aqui; tu quer ir no
ÇǏ˛ɹǞ‫س‬ɈɐȱɐƵȲǞȲȁȌwȌw‫ـ‬ȌǶǘƊȌȱɐƵƊǐƵȁɈƵɈƵǿƮƵ
catálogos de museus aqui; eu adoro fazer esse tipo
de coisa); tu quer andar em galerias. Tu quer dormir
com estranhos! Tu quer sexo sem compromisso; tu
quer viver sem responsabilidade alguma.
Simples assim! Simples assim!

Então, essas são as primeiras seis grandes caracterís-
ticas da Modernidade. Olha o que a gente entendeu
até agora, aqui, cara.
A SECULARIZAÇÃO: olha a importância disso;
o conceito de PROGRESSO;
depois a gente tem a CIÊNCIA enquanto resposta no

lugar das divindades;
nós passamos para o INDIVIDUALISMO do ser

humano, e essa dor existencial;
a busca da solução dessa dor através do AMOR, que

nos faz interagir novamente com o mundo,
nas GRANDES CIDADES.

Então, essa aqui é a nossa primeira aula sobre a
Modernidade! A gente analisou todos esses seis
pontos. E agora, na nossa próxima aula, nós vamos
analisar como continua essa relação do ser humano
com o mundo.
A gente falou das grandes cidades, só que agora nós

vamos falar do quê? Da natureza, como era antiga-
ǿƵȁɈƵ‫ى‬ȌǿɐȁƮȌ§ȲƶٌwȌƮƵȲȁȌɈǞȁǘƊǿɐǞɈȌǿƊǞȺȲƵ-
lação com a natureza – e como a gente perdeu todos
esses laços, e como chegou no sofrimento humano,
do desespero de uma vida rasa no
decorrer de cada dia.
Te prepara aí, que tem mais aula semana que vem!

CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Fernando Conrado
CEO Alexandre Schneider
REDAÇÃO E CONCEPÇÃO Fernando Conrado e Alexandre Schneider
DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Rodolfo Tayler e Amanda Loss
ILUSTRAÇÃO DA CAPA Fernando Conrado e Rodolfo Tayler
TRANSCRITOR Suzana Schneider
ASSESSORIA E SUPORTERƊ˛ɹ0ƮɐƊȲƮȌ
DESIGN E REDES SOCIAIS Lucca Allapont
FINANCEIRO Daniel Duarte
EDIÇÃO E PRODUÇÃO DE VÍDEOS Victor Rosa

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Nos nossos últimos dias aqui, a gente fez a análise do

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De todas as grandes Eras que nós vivemos, que a

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É A MODERNIDADE QUE TRAZ ESSE SENTIMENTO

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Eu quero de ti, hoje, muita atenção, porque eu quero

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Como a gente falou na nossa primeira aula

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Esse é o principal objetivo da ampliação dos limites

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Então, senhores, papel e caneta, anota aí ponto por

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Desde metade do século XVIII, se espalhou pelo norte

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Cara, o que é crise? Tem um conceito muito bom,

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NÓS VAMOS RESUMIR, AQUI, PARA NÓS COM O

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Meus amigos, nós, hoje, todos os sete ponto oito

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TODAS AS ÁREAS SÃO AFETADAS. NÃO EXISTE UM

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TUDO É AFETADO, e nós vamos analisar cada um

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Salvar, cara as nossas almas (Save Our Souls -- SOS), já

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Nós precisamos, meus amigos, do quê? De

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Coloca um risco embaixo. Colocou? Meu, talvez a

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A perda dos valores ritualísticos; a perda da crença

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ESSES DEUSES, CARA, ESSES ESPÍRITOS, ESSES DE-

É por isso que tinham os rituais, os humanos tinham

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Olha bem o drama que a gente está vivendo, meu.

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“DEUS ESTÁ MORTO, E A

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Anotou? Rabiscou embaixo aí? As sociedades

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“LEMBRE-SE QUE A VIDA ACABA”.

Lembre-se de que tu vai morrer aqui e agora. Não

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ACEITA O DESTINO COMO UMA OPORTUNIDADE DE

É isso! Esses são os fundamentos do entendimento

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