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O ENIGMA DO DOM
Maurice Godelier
PRIMEIRO CAPÍTULO
DAS COISAS QUE SE DEVEM DAR, DAS COISAS QUE SE DEVEM VENDER E DAQUELAS QUE
NÃO SE DEVEM DAR NEM VENDER, MAS GUARDAR
Por que este livro? Por que empreender uma nova análise do dom, de seu papel na produção e
reprodução do laço social, de seu lugar e de sua importância mutáveis nas diversas formas de
sociedade que coexistem nos dias de hoje na superfície desta nossa terra ou que se sucederam
no decorrer do tempo? Porque o dom existe em todo lugar, embora não seja o mesmo em toda
parte. Mas o parentesco também existe em todo lugar, assim como a religião, a política. Então,
por que o dom? Por que este livro?
Tweets by @antropobrasil
Ele nasceu do encontro, da pressão convergente de dois contextos, um sociológico, uma análise
efetiva da sociedade ocidental à qual pertenço, e um outro que me é pessoal de outra maneira, antropologia
@antropobrasil
aquele do ofício que outrora escolhi exercer na vida, um contexto pro ssional, uma situação dos
“É como se fôssemos extintos novamente”
problemas teóricos debatidos hoje em dia pelos antropólogos, entre os quais me incluo.
bit.ly/2MLElNs
O contexto sociológico não me é próprio. Ele está presente sob os olhos de todos, ao redor de
cada um e, como muitos, se o partilho, não o escolhi. De que se trata? É o contexto de uma
sociedade ocidental na qual se multiplicam os excluídos, de um sistema econômico que, para
permanecer dinâmico e competitivo, deve "enxugar" as empresas, reduzir os custos, aumentar a
produtividade do trabalho e, por isso, diminuir o número daqueles que trabalham, jogá-los
maciçamente no desemprego - um desemprego que se espera provisório e que, para muitos,
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06/09/2018 O ENIGMA DO DOM - antropologia
acaba por se mostrar permanente. E à porta de um mercado de emprego saturado estão todos
Sep 4, 2018
os jovens que se apresentam para nele ingressarem, dos quais muitos estão condenados a
esperar longo tempo e um pequeno número a não entrar jamais. Para estes é, a cada vez, uma antropologia Retweeted
estranha existência social que começa, uma existência de assistidos permanentes, a menos que
Marco A Valentim
encontrem meios de ganhar dinheiro sem trabalhar. E há também todos aqueles que não @dormirai
esperam até chegar lá e que encontram as zonas escuras da sociedade, as zonas subterrâneas Replying to @dormirai
onde se pode trabalhar e ganhar dinheiro sem declará-lo ou ganhar dinheiro sem trabalhar e
BBC News Brasil - Museu Nacional: O mistério da
sem declarar. Pois assim são as coisas em nossa sociedade. múmia que 'provocava transe' nos anos 60 e foi
consumida pelo fogo bbc.com/portuguese/bra…
Enquanto em outros lugares é preciso pertencer a um grupo para viver, a um clã, a uma
comunidade aldeã ou Sep 4, 2018
tribal, e que esse grupo o ajude a viver, em nossa sociedade pertencer a uma família não dá a
cada um, para a vida, as condições de existência, qualquer que seja a solidariedade existente antropologia
@antropobrasil
entre seus membros. Todos precisam de dinheiro para viver, e para a maioria é preciso trabalhar
para ganhá-lo, e é como indivíduo separado que ele é ganho. Ora, trabalhar em nossa sociedade Eduardo Viveiros de Castro: “Gostaria que o Museu
Nacional permanecesse como ruína, memória das
é também, para a maioria, trabalhar para outros, para aqueles que possuem as empresas que os
coisas mortas” bit.ly/2MOlxNt
empregam.
Sem dinheiro, sem recursos, não há existência social nem mesmo, a nal, qualquer existência,
material, física. Esta é a raiz dos problemas. A existência social dos indivíduos depende da
economia e os indivíduos perdem muito mais do que um emprego quando perdem seu
trabalho ou não encontram um. O paradoxo próprio das sociedades capitalistas é que a
economia é a principal fonte de exclusão dos indivíduos, mas esta exclusão não os exclui apenas
da economia. Ela os exclui ou os ameaça a longo prazo de exclusão da sociedade. E, para aqueles
que são excluídos da economia, as chances de serem incluídos novamente são cada vez
menores.
A economia de um país capitalista não depende apenas dela mesma. Ela faz parte de um
sistema que se estende hoje em dia ao mundo inteiro e que exerce pressões sobre ela, Sep 4, 2018
antropologia Retweeted
E, levando em conta o lugar do Estado nessa sociedade, é ao Estado que cabe a tarefa de
Antropologia USP
recompor a sociedade, de preencher o fosso, reduzir as fraturas. Ora, o Estado não é su ciente
@AntropologiaUSP
para a tarefa. É este nó de contradições e impotências que constitui o contexto no qual, hoje, se
Nota do Departamento de Antropologia da FFLCH-
faz apelo ao dom de novo e cada vez mais e por toda a parte. Dom forçado quando o Estado USP sobre o incêndio ocorrido no Museu Nacional:
decreta novos impostos ditos de "solidariedade", obrigando a maioria a partilhar com os mais
necessitados para tentar preencher as brechas que a economia abre, sem cessar, na sociedade. Sob profundo impacto de pesar e revolta, o DA/USP
Uma economia da qual o Estado decidiu se desobrigar, assim como decidiu se desobrigar pouco manifesta sua solidariedade a todos os...
facebook.com/permalink.php?…
a pouco de outros aspectos da vida social. Mas o Estado não é uma abstração pura, uma
instituição vinda de outro planeta. O Estado governa, ele é o que aqueles que o governam fazem Sep 3, 2018
dele.
antropologia
@antropobrasil
É neste contexto, no qual vimos aparecer na rua, no metrô, centenas e depois milhares de
mendigos, dos quais muitos se tornaram SDFs, indivíduos "sem domicílio xo", que se cristalizou O crânio de Luzia sobreviveu a 12 mil anos de
história, mas não sobreviveu ao Brasil
e generalizou o apelo a dar, a partilhar. A demanda de dom fez apelo à oferta, e depois pôs-se a
interc.pt/2wCzdjN por @cruz_elianalves
organizá-la. Deu-se o aparecimento de inúmeras organizações "caritativas", desde os
"restaurantes do coração" até as solicitações nos supermercados, em que se pede ao doador em
potencial, generoso, solidário, que partilhe não diretamente o seu dinheiro, mas aquilo que
comprou com este dinheiro e que destinava a seu próprio consumo.
A caridade está de volta, ela, da qual Mauss escrevia em 1922, em "Essai sur le don", que, mesmo
depois de séculos de instituições religiosas de caridade, "ainda era ofensiva para quem a aceita"
(1).
Aliás, para muitos dos que estão passando necessidade, ainda hoje é humilhante estender a
mão, pedir ao passante na rua, ao passageiro no metrô. Eles preferem fazer de conta que Sep 3, 2018
ganham suas vidas vendendo jornais impressos especialmente para eles e que raramente serão
lidos. antropologia Retweeted
Leandro Beguoci
Pois a sociedade laicizou-se e a caridade, se está de volta, não se apresenta mais como uma @leandrobeguoci
virtude teologal, gesto de um el, de um crente. Ela é vivida pela maioria, crentes e não-crentes, A manutenção do Museu Nacional custava, por ano,
como um gesto de solidariedade entre seres humanos. Ela, que tinha recuado na medida em menos que um juiz do Supremo. Ele precisava de
520 mil para se manter, mas não recebia verbas
que havia um pouco menos de excluídos e um pouco mais de justiça social, retorna e volta a ser
integrais desde 2014. Museu não tem lobby, não
necessária quando, de novo, existem cada vez mais excluídos e o Estado já não é capaz de fazer tem bancada.
com que haja menos injustiça, menos solidões abandonadas.
Sep 2 2018
http://agreste.blogspot.com/2006/01/o-enigma-do-dom.html 2/20
06/09/2018 O ENIGMA DO DOM - antropologia
Sep 2, 2018
Para pessoas razoáveis e espíritos realistas, este sistema surgia não como o melhor dos mundos,
certo, mas como o menos mau, portanto o que apresentava mais probabilidades de se estender
até as profundezas da África, da Oceania, amanhã da China. E de durar. Era isso, o " m da
história": se deixássemos a economia de mercado agir e se o Estado se desligasse o máximo do
Sep 2, 2018
maior número de domínios, deixando os indivíduos, os grupos, as empresas se arranjarem entre
eles, as coisas e as sociedades cariam cada vez melhores. Diante do fracasso das sociedades
antropologia Retweeted
dirigidas não somente pelo Estado, mas por uma casta que havia se apropriado do Estado, o
Erick Dau
velho mito do capitalismo liberal, que continua acreditando na existência de um deus escondido, @erickdau
de uma mão invisível que dirige o mercado às melhores escolhas para a sociedade, para uma
Segundo a defesa civil, cerca de 20% do museu
melhor repartição dos bens entre os membros da sociedade, ganhou nova juventude e parece está preservado. Ainda não se sabe se o depósito
triunfar. Depois disso não parou mais de ser invocado para pregar a paciência e a resistência para do acervo do Museu foi atingido, mas a Sala do
esperar, para deixar agir a economia. Um dia todos Trono está completamente destruída.
serão recompensados. Mas, enquanto se espera, é preciso viver e é preciso dar para viver.
Estamos distantes de Marcel Mauss e de seu "Essai sur le don" [Ensaio sobre a dádiva], no qual se
vê um homem, um socialista que acabara de perder a metade de seus amigos na primeira
guerra do século, levantar-se ao mesmo tempo contra o bolchevismo, a rmando que é preciso
conservar o mercado, e contra o capitalismo liberal, reivindicando que o Estado intervenha,
desejando que os ricos reencontrem a antiga generosidade dos chefes célticos ou germanos
para que a sociedade não se aprisione na "fria razão do comerciante, do banqueiro e do
capitalista"(2).
Sep 2, 2018
Mauss esboçava antes de seu tempo um programa "social-democrata" que outros
transformariam em programa político na França, na época da Frente Popular e depois da antropologia Retweeted
Segunda Guerra Mundial, e, fora da França, na Grã-Bretanha, na Suécia etc. Ora, Mauss tirava
Erick Dau
suas conclusões não apenas de sua experiência da sociedade francesa e da Europa, mas de um @erickdau
vasto périplo empreendido durante anos para analisar o papel do dom nas sociedades não- Amigos, vim fotografar o museu, mas devo dizer
ocidentais contemporâneas ou no passado das sociedades ocidentais germânicas, célticas etc. que o cenário é desolador. O Museu acabou...
E é aqui que nossas abordagens se encontram e que aparece o segundo contexto, pro ssional,
que nos levou a reanalisar o dom. Mas antes de mostrar o que nos orientava neste sentido,
também neste âmbito, ainda duas palavras sobre a pressão exercida sobre cada um de nós para
"dar", sobre a "demanda" de dons.
http://agreste.blogspot.com/2006/01/o-enigma-do-dom.html 3/20
06/09/2018 O ENIGMA DO DOM - antropologia
Eu havia lido "Essai sur le don" pela primeira vez em 1957, assim como a "Introduction à l''oeuvre
de Mauss" de Lévi-Strauss, que o precede. Entretanto, eu ainda não era antropólogo, mas lósofo,
e havia passado mais tempo lendo Aristóteles, Marx, Kant ou Husserl do que Durkheim ou
Mauss, embora um e outro fossem considerados os mestres da sociologia francesa. Mas já então,
em Paris, falava-se muito de uma nova abordagem mais rigorosa dos fatos sociais batizada de
"estruturalismo", que pretendia ultrapassar o marxismo e o funcionalismo anglo-saxão. Este
"estruturalismo" era o de Lévi-Strauss, que, em 1949, havia publicado sua primeira obra maior, As
estruturas elementares de parentesco, e tinha feito de seu prefácio a Mauss no ano seguinte
(1950) uma espécie de manifesto da superioridade da análise estrutural na análise dos fatos Sep 2, 2018
sociais. Minhas notas de 1957 testemunham o meu entusiasmo, suscitado por esta dupla leitura.
antropologia Retweeted
Diante do "Essai sur le don" eu tive a impressão de desembocar de chofre na margem de um rio Carlos Ferrer Sotillo
imenso e sereno, carregando uma massa de fatos, de costumes, retirados de sociedades @carlosferrersot
múltiplas espalhadas das ilhas do Pací co à Índia, da Colômbia britânica à China etc., surgidas Los animales están aquí con nosotros, no para
das épocas mais diversas, da Antiguidade romana arcaica ao presente mais próximo de Mauss, o nosotros.
da estadia de Boas entre os kwakiutls, antes da Primeira Guerra, ou de Malinowski nas ilhas
Trobriand, durante esta mesma guerra. E outras referências a outros fatos, outras sociedades,
amontoavam-se nós pés de página, como se o autor as tivesse colocado ali para não esquecê-las
e vir buscá-las mais tarde. Todos estes materiais referiam-se ao dom, suas formas, suas
complexidades, e haviam sido trazidos por uma corrente potente que os arrancara de suas
múltiplas margens, carregando-os consigo. Esta corrente era o movimento desencadeado por
uma questão em dois tempos, uma dupla questão que Mauss havia formulado para tentar
decifrar o enigma da dádiva:
Qual é a regra de direito e de interesse que, nas sociedades de tipo atrasado ou arcaico, faz com
que o presente recebido seja obrigatoriamente restituído? Que força há na coisa que se dá que
Aug 25, 2018
faz com que o donatário a restitua?(3)
antropologia Retweeted
Curiosa questão, pois Mauss iria demonstrar em seguida que dar é encadear três obrigações: de
Juliana Lula da Silva
dar, de receber, aceitar e de restituir, uma vez que aceitou. Hipótese simples, poderosa, que
@churiana
parecia, ao impor a consideração desses três atos em seu encadeamento, proibir que fossem
Os seres que vigiam as fontes de água pura, de
tratados em separado. Ora, nessas duas questões Mauss ressaltava somente uma das três Jaider Esbell, artista makuxi maravilhoso - para
obrigações, a de restituir, como se as duas outras fossem evidentes. A formulação, aliás, da seus trabalhos e como adquiri-los, cf.
segunda questão já parece conter a resposta à primeira: Mauss, manifestamente, invocava a facebook.com/jaider.esbell?…
existência de um espírito na coisa que leva aquele que recebe a retribuir. Em suma, tudo se
passava como se a explicação pela existência de uma regra de direito e de interesse fosse, a seus
olhos, insu ciente e fosse necessário acrescentar uma dimensão "religiosa".
Foi nessa brecha que Lévi-Strauss se en ou, criticando Mauss por não se ter limitado claramente
à análise, aplicando aos três momentos que formam um todo o mesmo método, erro de método
que um estruturalista jamais teria cometido e que provinha do fato de que Mauss tinha abaixado
a guarda, esquecido por um instante o espírito cientí co para "deixar-se misti car" por uma
teoria "indígena"(4). E coube então a Lévi-Strauss propor uma explicação do conjunto dos fatos
sociais que fazia do social uma combinação de formas de troca, cuja origem profunda deveria ser
buscada nas estruturas inconscientes do espírito, em sua capacidade de simbolizar. Em vez e no
lugar de uma pesquisa sociológica sobre a origem dos símbolos, o leitor via-se confrontado com
a visão grandiosa de uma "origem simbólica da sociedade". Fácil compreender o entusiasmo em
mim suscitado por tal vigilância crítica, tal vivacidade de pensamento, tais perspectivas
Sep 1, 2018
visionárias sobre o dom, as trocas, o inconsciente e a origem da sociedade.
antropologia
Depois dessa primeira leitura do "Essai sur le don", tornei-me antropólogo e passei muitos anos
@antropobrasil
no trabalho de campo na Melanésia, uma região do mundo que tinha fornecido a Mauss alguns
Numas 10 anos - Workshop Etnográfico
de seus materiais mais ricos, mais expressivos, através das obras de Seligman, de Thurnwald e bit.ly/2Nz2QK9
muitos outros, especialmente Malinowski, que havia trabalhado na Nova Guiné, nas ilhas
Trobriand. Em seguida, eu mesmo trabalhei por vários anos em um vale das terras altas do Aug 29, 2018
interior da Nova Guiné, entre os baruyas.
antropologia
Lá deparei com formas não-ocidentais de dom, contexto novo para mim e que me levaria a @antropobrasil
retomar o dossiê do dom e a reavaliar o legado de Mauss, assim como o de Lévi-Strauss, sobre (album de fotogtafias) Ayahuasca, canal aberto: As
esta questão e algumas outras. Eu havia partido para o trabalho de campo com duas idéias na fotografias de Rafael Hupsel, que mergulhou no
mundo dos rituais desta planta e cruzou com
cabeça. Primeiramente, a de que, se o dom pode ser encontrado em toda parte, ele não é
desenhos dos usuários bit.ly/2NydlNM
apenas uma maneira de partilhar o que se tem, mas também uma maneira de combater com o #antropologia #antropologiavisual
que se tem; era a idéia - que eu atribuía a Mauss - de que a lógica dos dons e contradons
culmina com o potlatch.
A segunda idéia, inspirada em Lévi-Strauss, era a de que a sociedade funda-se sobre a troca e só
existe através da combinação de todos os tipos de trocas - de mulheres (parentesco), de bens
(economia), de representações e de palavras (cultura etc.). E estava também sob a in uência de
uma terceira convicção, proveniente igualmente de Lévi-Strauss: a do primado do simbólico
sobre o imaginário e sobre algo nomeado por um termo indeciso, o "real". Pois, para Lévi-Strauss,
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o símbolo era, a nal, mais real do que a "realidade" que signi cava.
Foi desse ângulo que reli Mauss, Lévi-Strauss e vários outros autores. E foi então que me pareceu
evidente a seguinte hipótese: não há sociedade, não há identidade que atravesse o tempo e sirva
de base tanto para os indivíduos quanto para os grupos que compõem uma sociedade se não
existirem pontos xos, realidades subtraídas (provisória mas duravelmente) às trocas de dons ou
às trocas mercantis. Quais são estas realidades? Trata-se somente dos objetos sagrados
presentes em todas as religiões? Não haveria uma relação geral entre o poder político e algo que
é chamado de sagrado, e isto até mesmo nas sociedades laicas, onde o poder não emana dos Aug 27, 2018
deuses, mas dos próprios homens que as fundaram, dando-lhe uma Constituição? Mas o que há
em um objeto sagrado? Quem o "deu"? En m, toda a análise deslocou-se das coisas que se dão antropologia
para aquelas que se guardam, e nesse movimento vimos esclarecida a natureza desta coisa tão @antropobrasil
familiar que parece ameaçar a prática do dom e penetrar no domínio do sagrado apenas para [novo número] Ponto Urbe 22 - 2018 bit.ly/2MYZJy4
profaná-lo e destruí-lo: o dinheiro. Estranho itinerário que nos permitiu remontar até estas coisas
recalcadas, cujo recalcamento talvez seja para todos a condição de uma existência social. A Aug 27, 2018
viagem foi difícil. Comecemos, portanto, por Mauss e tentemos avaliar seu legado.
antropologia Retweeted
EL PAÍS Brasil
Notas @elpais_brasil
1.Marcel Mauss, “Essai sur le don. Forme e raison de l’échange dans lês societés archaïques”, L’Année sociologique, Na atualidade, todas as populações humanas têm
pelo menos 2% de DNA neandertal, e os estudiosos
nova série, 1, 1925, in id., Sociologie et Anthropologie, Paris, PUF, 1950, p. 258.
observam que os vestígios de cruzamentos entre
2. Ibid., p. 270. diferentes espécies aparecem nas análises com
3. Ibid., p.148. uma frequência inesperada ow.ly/DB4z30lyn2R
4. Claude Lévi-Strauss, “Introduction à l’oeuvre de Mauss”, in Sociologie et Anthropologie, op. cit., p.XXXVIII.
5. Maurice Godelier, La production des Grands Hommes, Paris, Fayard, 1982. Nova edição, 1996. Aug 25, 2018
6. Annette Weiner, Inalienable Possessions: The Paradox of Keeping-while-Giving, Berkeley, University of California
Load more Tweets
Press, 1992.
1º capítulo do livro O Enigma do Dom, de Maurice Godelier, editora Civilização Brasileira.Fonte: Coojornal -
Cooperativa Jornalística Digital (www.riototal.com.br/coojornal/).
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