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CORAÇÕES E ALMAS

O S MALES D A MODE R NIDA DE


PA R T E 2

Erico Almeida - ericoengcomp@gmail.com - CPF: 048.602.694-97 09


SAUDAÇÕES, MEUS QUERIDOS SÓCIOS,
DO CORAÇÕES E ALMAS.

Vamos continuar a nossa aula sobre a Modernidade.


A gente falou que esse momento é aquele que atra-
vessa o final do século XVIII, que faz uma grande dife-
renciação, uma grande sigma da existência humana,
da nossa vida em sociedade.

O que a gente viu como as principais características?


Eu estou sendo aqui com vocês bem claro, bem
direto, bem didático, pontualmente, para que tudo
fique muito claro na tua cabeça.

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A gente viu que as principais características dessa
mudança social são:

A SECULARIZAÇÃO,
que é essa fase, esse marco, onde
as crendices são acabadas.

Depois, a gente tem como segunda


característica O PROGRESSO;
a vida não é mais cíclica, agora ela é
uma flecha que vai para o futuro.

A terceira característica são AS RESPOSTAS dadas


para alcançar esse futuro, através da razão,
ATRAVÉS DA CIÊNCIA.

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E essas buscas, agora, não mais através de
rituais sociais, das sociedades Pré-Modernas,
ela leva ao quê?

Ao INDIVIDUALISMO.

O ser humano está buscando respostas aos seus eus,


ao seu anseio, aos seus propósitos. Esse individualis-
mo leva a uma dor e essa dor o ser humano aprende
a respondê-la através do amor.

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Só que esse amor se torna essa busca por esse
parceiro sexual, por esse possível pai responsável
e por um colega querido. Só que o ser humano já não
aguenta mais a frieza emocional e a distância social.
E aí, ele não se permite a viver relações mais intensas.

E por ele não se permitir a relações mais intensas,


com respostas que as sociedades Pré-Modernas
davam através da tradição, dos valores e da moral, ele
tenta achar respostas em si mesmo, a todo instante.

Onde?
NA VIDA NAS GRANDES CIDADES.
Isso foi o que a gente viu até então.

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Agora, eu quero mais uma vez que tu escreva aí.
CARACTERÍSTICAS DA MODERNIDADE:
Número sete: Natureza.

Nós vamos voltar agora a analisar essas relações do


homem com o seu mundo. A gente falou, nessa parte
das cidades, que o ser humano já não queria mais
viver nas fazendolas, não queria mais viver nas
pequenas vilas, não queria limitar o seu
conhecimento ao horário que o sol se põe,
ou aos coleguinhas de colégio.

Não! Ele queria viver como oitenta e cinco por cento


da população mundial, dos sete ponto oito bilhões
de humanos, que vivem no planeta Terra,
queria viver nas grandes cidades iluminadas.

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E aí, cara, o que a gente tem, até então, na natureza,
na relação do homem com a natureza?
O que a gente tinha nas sociedades Pré-Modernas?
Cara, nas sociedades Pré-Modernas viviam
muito próximo da natureza.
Olha o que nós vimos lá quando a gente fez essa
análise do conceito histórico dos rituais – a cada
troca das estações, a cada ano novo, a cada floração,
existia o culto ao sol, existia adoração aos deuses
da fertilidade, Saturnália: “Io Saturnália”.
Lembram? Fazia parte, cara, do dia a dia do cidadão,
dito pré-moderno, reconhecer, por exemplo,
as atividades de um pastor (pastor de ovelhas, né?);
todo mundo sabia o que um pastor fazia, como ele
chamava as cabras, qual era o grito, aqui no Sul a
gente tem essa coisa com campo, né?

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As pessoas sabiam, cara, conforme caminhavam,
pelas florestas, quais eram os clãs, quais eram as
ervas que eram positivas, que eram remédios,
o que eles podiam fazer com o que eles encontravam
pelo campo, com as frutas do bosque
eles poderiam fazer compotas;
eles conseguiam identificar o canto dos pássaros,
e além de identificar o canto dos pássaros, identificar
se cada um desses cantos era auspicioso ou não,
quais eram os augúrios que eram trazidos até então;

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eles sabiam, por exemplo, se o canto da coruja era
motivo de preocupação ou se era um motivo
de dias mais ensolarados pela frente.

Os seres humanos, meu, nas sociedades


Pré-Modernas, eles veneravam a natureza
como se fosse uma deidade, como se fosse
um deus poderosíssimo.
Já nós, os ditos modernos, os habitantes da
Modernidade, meu amigo, a gente já não treme
de medo durante a noite.

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Ninguém mais tem medo de raios e trovões:
“Ah, eu vou rezar para Santa Bárbara”
Alguém faz essas coisas ainda, mas ninguém mais
tem medo, porque sabe que vai passar a chuva.

E pior ainda, que é a parte mais triste, quando a


gente não dá mais graças e louvores toda vez que o
sol se levanta no horizonte. A gente bate palmas
para o sol só em Punta, no Réveillon,
ninguém mais faz isso.

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Nós, infelizmente (na minha visão, né?), a gente se
libertou desses medos, desses horrores, desses
pânicos que eram oriundos dos fenômenos
naturais, porque a gente acabou com os rituais.

Agora, na Modernidade, nós estamos vivos, nós


temos esses hábitos, nós vivemos desejosos do quê?
De nos sublimitarmos e de nos subliminarmos ao
quê? À tecnologia (mais do que à forças dos ventos,
ou mais do que ao poder simbólico de uma cachoeira
(né?), das grandes pedras Cacique Cobra Coral, ou
das grandes alturas das dunas do deserto – olha
quando a gente estava lá nos Emirados Árabes,
subindo aquela mais alta duna).

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E aí, cara, para nós que não nos relacionamos mais
com os rios (com as dunas, como eu falei, com o mar,
esse tipo de coisa), qual o local que se tornou mais
emblemático da Modernidade? Qual?

SHOPPING CENTER!
Qual?
SUPERMERCADOS VINTE E QUATRO HORAS!

Meu, olha o que é um supermercado vinte e quatro


horas, tu chega lá e ele é completamente iluminado,
é sempre dia, sempre recheado de produtos
dos quatro Continentes.

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Meu, tem tudo o que tu imaginar; e aí, orgulhosa-
mente, aparecem aqueles produtos do Senegal, da
Tailândia, da Tasmânia, do Azerbaijão;
estão ali desafiando todas as barreiras da geografia,
todas as barreiras da logística da produção; estão
desafiando todas as barreiras do poder do dia e
do poder da noite, do poder do sol e do poder das
chuvas, do poder das colheitas e da estiagem.

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Está tudo sempre disponível para ti o tempo todo.
Se tu chegar hoje num Trader Joe’s, da vida, num
Rolls Foods, num Itani, tu vai poder comer romãs
vindas do Arizona, ou tâmaras direto de Marrakech,
basta tu entrar no Itani, tu vai saber o que eu estou
falando (tu sabe disso), tu vai entender exatamente
do que eu estou falando, tu vai conseguir captar,
exatamente, do que eu estou falando.

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O resultado dessa loucura toda (das romãs do
Arizona, das tâmaras de Marrakech, girando pelo
mundo todo) é o quê?
É UM MUNDO EM ALTA VELOCIDADE;
é um mundo spinning a todo vapor, para te entregar
todos esses itens na manhã seguinte, embalados,na
porta da tua casa, com apenas três ou quatro cliques
do celular – Amazon com um clique chegou
em casa – entrega Full – Amazon Prime.

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E assim, meu, nós chegamos a mais uma importante
característica da Modernidade. Anote aí.
CARACTERÍSTICA DA MODERNIDADE:
Número oito: Velocidade.

Durante toda a maioria da História do ser humano


(até o século XVIII – início da Modernidade), cara,
a velocidade máxima era determinada pelo quê?
Pelos limites do teu próprio pé, né? Ou na melhor
das hipóteses, na velocidade de um cavalo, ou na
velocidade de um barco de navegação.

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Se tu pegasse o mundo em geral, tu demorava umas
três semanas para sair de Londres, na Inglaterra,
até Edimburgo, na Escócia.
Para tu pegar um barco de Londres até Sydney, na
Austrália, eram quatro meses. Quatro meses! Na
Espanha, brother, no século XVIII (Pré-Moderno),
as pessoas (noventa por cento das pessoas – estou
exagerando, mas é um número altíssimo) morriam
no entorno de vinte e cinco quilômetros do local
onde eles tinham nascido.

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AGORA, NÃO EXISTEM MAIS DISTÂNCIAS.
Tu entende, cara, que todo o voo, no mundo, conse-
gue chegar de um ponto a qualquer outro lugar do
planeta em vinte e seis horas?
Vinte e seis horas, tu chega em qualquer lugar do
mundo, saindo do aeroporto mais perto da tua casa.
O conteúdo, meus amigos, de todas as bibliotecas
nacionais do mundo cabem bem colocadinhas, num
circuito eletrônico do tamanho de uma unha, do
dedo mínimo de uma criancinha.

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Mais loucura!... A sonda Voyager, nesse exato momen-
to, está percorrendo espaço interestelar dezessete
quilômetros por segundo. Imagina, cara, tem uma
sonda no Universo no espaço interestelar percorren-
do dezessete quilômetros por segundo! Desde que
ela partiu do planeta Terra, ela já percorreu vinte e
um bilhões de quilômetros.
VINTE E UM BILHÕES DE QUILÔMETROS!

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Meu, são, exatamente, esses tipos de informação que
me fazem ficar embasbacado com o progresso.
Eu fico me questionando (consciente desse
progresso, né?) e não consigo enxergar,
praticamente, ausência de limites
do conhecimento humano.

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Olha só, estou com esse livro aqui, DECADE, antiga-
mente a gente tinha os livros por séculos, agora
é década, tudo é o ontem, o próximo livro talvez
seja ontem em vez de década. Esse é o nível
de velocidade.

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E aqui, a gente começa a chegar nos pontos mais
críticos, na característica número nove, que nós
vamos trabalhar agora. É ,exatamente, o trabalho,
que foi o ponto inicial que a gente falou.
Por que eu fiz análise histórica do trabalho, dos ritu-
ais e das falhas? Para mostrar aonde essa dor vai nos
levar. Então, coloca aí.

CARACTERÍSTICAS DA MODERNIDADE:
Número nove: Trabalho.

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Como a gente viu no início da nossa análise
histórica, a Modernidade nos ensinou que somos
modernos, porque nós trabalhamos. Mas, nós não
trabalhamos somente para ganhar dinheiro,
isso mudou na Modernidade.

Se antes o trabalho era um castigo divino, a gente


tem essa mudança a partir do Renascimento, tem
essa ideia da genialidade dentro de nós, a Moderni-
dade colocou em cada um dos habitantes do planeta
Terra essa nossa capacidade de desenvolvermos a
nossa individualidade; nossa capacidade para exerci-
tar os nossos talentos distintos em encontrar o quê?
Nossos eus verdadeiros, nossos selfs verdadeiros.

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A gente começou a ter a capacidade de poder
vivenciar uma missão especial (individualística obvia-
mente) de alcançar o sonho específico para os nossos
anseios existenciais. Esses sonhos, cara, para os
nossos antepassados pré-modernos seriam pensa-
mentos de louco:

“PERSEGUIR TEU SONHO?”


“ESTÁ MALUCO!”

Até hoje, tu vê essa dor acontecer no mundo:

“Não existe propósito”.


“Você não tem um destino”.
“Aceite a vida como é.”
“Não enche o saco”.
Vocês sabem!...

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Tem um monte de teorias sobre isso aí. Essa coisa de
perseguir os sonhos de vida é algo completamente
paradoxal. Foi nosso assunto nas nossas aulas
quando a gente analisou a transição do trabalho na
História. Cara, ter o trabalho que nós amássemos é a
parte mais importante de tudo, para a Modernidade,
né? A Modernidade colocou dentro de nós essa von-
tade de ter o papel central ter o trabalho que tu ame.

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Eu quero que vocês se lembrem do assunto que a
gente teve na análise histórica do trabalho, lá do
Jardim do Éden ( três mil e novecentos anos a. C.)
quando Deus diz que o trabalho é um castigo divino.
Cara, o Adão (lá no Jardim do Éden) teve que traba-
lhar até os novecentos e trinta anos até chegar nesse
conceito de trabalho agradável, que nasceu com a
gente na Renascença, a gente falou – 1508 – o Papa
Júlio II chama Michelangelo Buonarroti até chegar na
publicização da propaganda da Apple em 1984.

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Muitas das transformações da Modernidade, meu,
são realmente excitantes. É maravilhoso!
Melhor ainda, meu, na realidade, elas são realmente
surpreendentes. Olha o que a gente tem no mundo
hoje! Fibra ótica! Informação sem parar! Cabos atra-
vessando todo o perímetro da Terra. Por baixo dos
oceanos, tem cabos passando informação, foto, sto-
ries do Instagram; tem satélites guiando nossos
carros, meu, através de todas essas cidades moder-
nas e cheias de luzes, que a gente falava até então.

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As novas ideias surgem a cada novo momento,
sobrepondo-se a essas rígidas assunções pétreas
que a gente tinha até então. Olha as forças da
Química, as forças da Física.

Meu, tudo é muito estonteante; tudo é muito revela-


dor. E é por isso, meu, que a palavra moderno, que a
palavra modernidade continua sugerindo um status
de glamour, um estado de desejo, esse estado de
inspiração. Todo mundo quer ser moderno.

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Agora, por outro lado, cara, o advento da Modernida-
de também é, ao mesmo tempo, a história de uma
tragédia. Por quê? Porque nós aprendemos a com-
prar, nós aprendemos a adquirir, nós aprendemos a
aceitar essas novas liberdades (oriundas da Moderni-
dade, da Secularização, do progresso, da Ciência, do
individualismo, da carência de amor, das cidades, da
natureza, da velocidade) a gente aprendeu a pagar
um custo muito alto por isso.

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E talvez, cara, nós nunca nos demos conta de quão
perto, quão próximo nós estamos da insanidade geral
coletiva. Esse é o desespero da vida moderna.
A Modernidade destruiu o nosso centro de gravidade
interior. “Cerco un centro di gravità permanente”. Só
que além de destruir o nosso interior, ela também
destrói o nosso exterior. Olha a relação do homem
com a cidade e a relação do homem com a natureza.

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E aqui a gente pode citar um monte de aspectos
dessas catástrofes, uma diferente da outra, cheio de
dinâmicas das diversas áreas do conhecimento. Mas,
vocês estão vendo que a nossa lista de características
é muito longa e nós vamos “tocar ficha” aqui, para
que eu consiga apresentar para vocês, ainda na aula
de hoje, todo esse universo das características
da Modernidade.

E aí, se nós acabamos de falar do conceito de traba-


lho na Modernidade, o próximo conceito a ser anali-
sado é exatamente o conceito de falhas, exatamente
o conceito de falência; exatamente o conceito de
como os seres humanos, como nós aprendemos a
lidar com as nossas incapacidades.
Então, anota aí, meu.

CARACTERÍSTICA DA MODERNIDADE:
Número dez: Como lidar com as falhas.

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Acabamos de falar na análise da parte histórica na
nossa penúltima aula. Só que agora tem uma coisa,
lembra que eu falei naquela aula, que nós tínhamos
as análises dos problemas existenciais dentro da
sociedade? Que era do trabalho – tinha a questão do
Karl Marx, da questão dos rituais – tinha o Max Weber,
eu falei para vocês também da questão das nossas
falhas e eu falei do Émile Durkheim, que eu ia falar
um outro terceiro problema da Sociais.

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E aí, é o que nós vamos trazer, agora, essa visão do
Émile Durkheim. Cara, Émile Durkheim nasceu na
Alsácia ( na época pertencia a Alemanha, mas é na
França hoje). No final do século XIX, o sociólogo Émile
Durkheim realizou a primeira investigação científica
sobre uma descoberta importantíssima na diferen-
ciação essencial entre as sociedades tradicionais, ou
seja, Pré-Modernas e as sociedades Modernas, as
sociedades atuais.

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O que ele enxergou nisso, meu? Que nas sociedades
tradicionais as pessoas viviam em pequenas comuni-
dades. O curso da carreira de cada um, de cada cida-
dão, era facilmente entendido como se tivesse nas
mãos dos deuses, dos rituais, das divindades.
Algumas poucas expectativas de felicidade, de
contentamento, de encontrar o seu eu interior faziam
parte da vida das pessoas; assim como faziam parte
da vida das pessoas estes momentos de fraqueza,
esses momentos de falência, esses momentos em
lidar com as falhas, esses momentos de agonia, a tris-
teza, o terror. Todos esses momentos ruins, naquela
vida tradicional, eles conheciam as suas fronteiras,
eles conheciam os seus limites.

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Lembra quando a gente falou da parte da análise dos
rituais? Da mãe que visitava a filha e daí tinha o ritual
próprio, deixar a aguinha no coquinho e depois
jogar fora com as suas tristezas para ser reintegrado
na sociedade? Essa tradição do luto a gente tinha por
ritual dentro da sociedade.

Então, a gente sabia que até então nas sociedades


tradicionais (Émile Durkheim está nos ensinando
isso, né?) os reveses da vida, as coisas tristes da vida
não eram um veredito final sobre o valor existencial e
moral da vida do cidadão, não era uma coisa desse
tamanho assim. As falhas do ser humano, na socieda-
de tradicional, não faziam dele menos ser humano.

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NINGUÉM ESPERAVA PERFEIÇÃO DE NINGUÉM.
Buda! Deus! Sermão da Montanha! As pessoas não
estavam preocupadas em responder a esses dramas
existenciais com automutilação, se cortando, Baleia
Azul, depressão, triste na cama, morrendo por falta
de amor, o Burnout, se chicoteando para ter sucesso,
sucesso, ou vivendo num “mimimi”, ou xingando
muito no Twitter. A vida não era assim.

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As pessoas sofriam, mas os infortúnios diários eram
entendidos como parte da vida, como deveria ser.
Quando algo desgostoso ocorria, quando alguma
coisa dava muito errada, esse sofredor ficava de
joelhos rezando, implorando a redenção divina,
implorando um carinho dos céus.

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Então, o que acontece com Émile Durkheim?
Ele é o primeiro cara a entender o quê?
QUE AS SOCIEDADES MODERNAS, AO CONTRÁ-
RIO DAS SOCIEDADES TRADICIONAIS, ERAM
MUITO MAIS CRUÉIS COM O SER HUMANO.

As sociedades modernas, ao contrário das sociedades


tradicionais, cobravam um caríssimo pedágio àqueles
que julgavam a si mesmos, de maneira muito rude
por suas falhas cotidianas. Então, todos esses
aspectos dos adeptos do “mimimi” sofrem demais na
sociedade moderna; todo mundo que xinga muito no
Twitter sofre demais na sociedade moderna.

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Na Modernidade, os azarados, os desafortunados não
podem mais ocultar o azar (hasard – acaso, né?), não
podem mais ter esperança da redenção divina,
porque não existe mais deus, não podem acreditar na
vida após a morte, porque não existe mais morte
(daqui a pouco ninguém vai morrer, todos vão viver
cento e cinquenta anos).
Fica claro, meu, para todos que vivem na Modernida-
de, para o cidadão moderno, que só existe uma
pessoa responsável e somente uma pessoa deve
encontrar as respostas para a sua vida – ela mesma.
Ela mesma!

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Olha o peso, olha a carga! Nos sentirmos escravos
martirizados do tempo. Como diz o poema Enivrezp-
vous ( Embriague-se) do Baudelaire “Il faut être tou-
jours ivre. Tout est là: c’est l’unique question”.
A parte mais triste disso tudo, meu, como o Émile
Durkheim acabou denunciando para nós, talvez esse
seja o maior indício de todos os males da Modernida-
de; e esse é o trabalho principal do Émile Durkheim.
Olha só, meu, as taxas de suicídio, nas sociedades
avançadas, nas sociedades modernas, são dez vezes
mais altas que as taxas de suicídio
nas comunidades tradicionais.

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Presta atenção, escreve no teu papel, porque esse é
um dos motivos que eu criei o Corações e almas:
Para as pessoas entenderem o poder de achar
respostas na vida; de entender os problemas que
existem e de poder procurar consolações no
conhecimento para não sofrerem, para encararem
com mais coragem todas essas dores. As taxas de sui-
cídios nas sociedades modernas são dez vezes mais
altas do que nas sociedades tradicionais. Nós, os ditos
modernos, não estamos somente mais apaixonados
pelo sucesso, mas também, cara, muito mais dispos-
tos a dar cabo nas nossas vidas quando a gente não
consegue atingi-lo. Olha o que a vida se transformou,
cara! E a coisa só vai ficando pior.

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Nós vamos passar para uma próxima característica,
eu vou te dar uma informação, aqui, que tu não vai
acreditar. Olha isso que eu vou dizer para ti. Anota no
teu caderno: O número de suicídios no mundo é
maior que o número de homicídios. Mais pessoas se
matam, mais pessoas tiram as suas vidas do pessoas
do que pessoas matam umas às outras. Imagina
todas as guerras; imagina todos os crimes violentos;
imagina todos os estupros; imagina todo o tráfico de
humanos; isso não é nada comparável
com o número de suicídios.

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Olha as perdas de vidas humanas que nós temos por
conta da Modernidade, dos males da Modernidade,
da falta de sentido na vida, do individualismo, da falta
de amor, da falta de coragem.
É disso que a gente está falando aqui. Eu sei que é
um assunto grave de ter. O suicídio é um tabu, mas o
Émile Durkheim tem essa mágica no seu pensamen-
to, exatamente, por ter estudado o suicídio nas socie-
dades modernas. E aqui nós vamos cair (também por
conta disso) em mais uma característica
da Modernidade. Anota aí:

CARACTERÍSTICA DA MODERNIDADE:
Número onze: Inveja.

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A inveja a gente sabe que é um pecado capital e tal.
Mas, a inveja na Modernidade!... Nada superou esse
sentimento, essa dor. Meu, olha só, qual é o grande
problema da Modernidade? A Modernidade, o esta-
blishment, a mídia tradicional, elas nos dizem o quê?
Que nós somos todos iguais e que todos nós
podemos alcançar tudo que sonhamos.

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Todas as possibilidades são ilimitadas e estão à dispo-
sição de cada um de nós. Eles dizem que todos nós
podemos começar uma startup, iniciar uma compa-
nhia de milhões de dólares, fazer um unicórnio, que a
gente possa se tornar um famoso ator de
Hollywood ou governar uma nação.
Olha o Arnold Schwarzenegger, cara! Um austríaco
que se torna campeão mundial de bodybuilder com
quatorze anos, é o corpo mais perfeito da história, vira
governador de uma outra nação, e ainda vira um
ídolo do cinema mundial.

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Meu, na Modernidade, as oportunidades não estão
mais injustamente restritas a poucos favorecidos.
Lembra da meritocracia do Napoleão, né? Talvez esse
assunto para ti, meu, pareça até um pouco de
“caridade moral”, falar que todo mundo é igual e tal.
Meu, até parece bonito, mas aceitar isso como verda-
de, aceitar a igualdade como verdade, cara, é a rodo-
via pavimentada mais rápida em direção ao senti-
mento de comparação.

Erico Almeida - ericoengcomp@gmail.com - CPF: 048.602.694-97


Porque se todo mundo te diz que tu é igual, tu tem
que ser igual a todo mundo. Se todo mundo diz que
tu é igual, tu pode alcançar os mesmos sonhos, igual
a todo mundo. Se todo mundo diz que tu é igual, tu
pode ser igual a todo mundo. E aí, tu cai no quê?
Nesse sentimento de comparação que está intima-
mente associado ao quê? A uma dor, ao sofrimento,
ao desespero, a agonia, ao terror e esse é o resultado
da inveja, porque tu não consegue ser igual aos
outros. Porque o mundo não é igual! É uma mentira
que te contaram. A igualdade
não é o objetivo.

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Imagina a seguinte cena, tá: Nunca iria passar na
cabeça de um pastor de ovelhas lá na picardia do
século XVII sentir inveja do rei Luis XIV da França.
Nunca! Porque, cara, te liga: as vantagens e os privilé-
gios reais, cara, eram tão injustas que até parecia fan-
tasia, parecia um sonho de uma noite de verão.
Agora, aquela paz que aquela vida que o pastor de
ovelha tinha, que não vivia com inveja do rei Luis XIV,
da França, já não é mais possível de um cidadão da
Modernidade. Já não é mais possível para ti. Por quê?
Porque tu vive onde todos podem alcançar
o que desejam, né?

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AGORA SE TODO MUNDO PODE ALCANÇAR
O QUE DESEJA, POR QUE EU NÃO POSSO
TER MAIS?

Se todo mundo pode realizar os seus sonhos, por que


eu não posso realizar os sonhos mais loucos? Meu,
vamos voltar lá, porque a gente viu tudo isso aqui.
Vamos dar uma resumida. Se o sucesso, é o resultado
de nossos méritos, das nossas capacidades, por que
muitos de nós continuam medíocres? Por quê? Se
todo mundo tem as mesmas chances, mesmo
acesso, mesmos sonhos? Esse é o peso dessa carga
psicológica denominada vida ordinária, vida comum;
esta vida que se tornou comparavelmente mais
pesada, comparavelmente mais tenebrosa.

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Mesmo, cara, que na Modernidade as vantagens
dessa vida sonhada( né?) tenham se tornado muito
mais viáveis. Cara, todo mundo pode ter um carro,
todo mundo pode viajar por todo planeta, todo
mundo pode comprar na Amazon tudo que quiser,
todo mundo tem acesso à crédito, todo mundo pode
ser feliz. Isso é o que te promete a Modernidade.
Só que é tudo mentira! Tudo mentira!

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E é por isso que agora nós vamos passar a mais uma
dor da Modernidade. O que eu quero que a gente
faça aqui é que tu reconheça todas essas dores: indi-
vidualismo, falta de amor, inveja. Agora, vem a dor
número doze. Coloca aí.

CARACTERÍSTICA DA MODERNIDADE:
Número doze: Solidão.

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A solidão. Vontade de chorar, né? Cara, (eu falo muito
cara aqui, mas azar, tá?).
A MODERNIDADE NUM SENSO PRÁTICO,
NOS CONECTOU.
Meu, nos conectou (vê as redes sociais, né?) nos
conectou às outras pessoas como nunca antes na
História da humanidade. Isso é óbvio. Óbvio! Mas por
outro lado, também nos deixou, cara, completamen-
te abatidos, completamente sem emoção,
sentimentalmente desesperançosos.

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Muitas vezes, cara, tarde da noite (né?) sozinho, com
nós mesmos, abandonado num canto de uma mesa
de um bar, como se tu fosse um dos personagens da-
queles quadros do Edward Hopper, que eu adoro.
Procura na internet, Edward Hopper.
Coloca ele lá em uns bares, olhando sem sentido para
as paredes, olhando para a tua própria escuridão
interna, e não encontrando perspectiva alguma
de vida; esses são os quadros do Hopper.

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Nós vivemos, cara, para responder essa tristeza toda
o quê? Essa crença de que nós somos merecedores
de alguém especial, que nós merecemos encontrar
uma alma gêmea. Nós temos que ter essa capacida-
de de transformar as nossas relações, que são logica-
mente fractuosas, quebradinhas. Só que a gente não
consegue fazer isso. Por quê? Porque a gente está
cada vez mais intolerante do que a pessoa desejada.
Tu quer o parceiro sexual intrépido. Tu quer a possibi-
lidade de um pai responsável, e ainda quer um
amigo querido; tudo na mesma pessoa.
Se não for assim, não aceito nada.

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Tu não te permite sequer a possibilidade de aceitar
nada menos que tudo nos seus relacionamentos. Foi
o que a gente falou no nosso módulo sobre alterida-
de quando a gente falou da questão do erotismo,
quando a gente falou da questão da pornografia.
O que a gente vem falar quando a gente trata de
VSM. Esses são os pontos importantes da nossa vida.
Porque quando tu deixa de ter esses relacionamen-
tos baseados na tradição e na moral, tu retira o quê?
O valor da amizade das nossas vidas. E aí, o senti-
mento de solidão. Tu quer o sexo, a pornografia, tu
não sabe o nome da pessoa. Tu quer o sexo,
a pornografia.

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TU NÃO FAZ NEM AS PERGUNTAS BÁSICAS.
Cara, qual é a primeira pergunta, a primeira questão,
que a gente propõe para as pessoas num novo
evento social? Qual a primeira coisa que tu pergun-
ta? O que tu faz na vida, hein? Tu trabalha com que,
hein? Quanto é que tu ganha, hein? Que carro tu
tem, hein? E o mais inacreditável nisso tudo é que a
gente sabe o quão impressionante as nossas respos-
tas certas significam para as outras pessoas.
Conforme tu responde as pessoas riem mais,
te oferecem sexo. “É foda”!

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Olha só o cenário que eu vou dizer aqui, tu vai te re-
conhecer. Estamos nós, lá, dormindo, nos nossos
apartamentos quinquagésimo segundo andar, vistas
maravilhosas de skyline da cidade, misturando luz
artificial com luz natural, nos quarteirões mais dese-
jados, pelo um por cento da população mundial. Nós
trabalhamos nas nossas grandes corporações inter-
nacionais com salários em dólar, ou trabalhamos em
instituições financeiras de primeira linha, ou empre-
sas de seguro. E mesmo assim, cara, nós perdemos as
nossas noites de sono nos questionando se alguém
vai sentir a nossa falta se nós morrêssemos nessa
noite. É esse tipo de sentimento que leva, logicamen-
te, a um resumo desta percepção de um mundo
triste, de um mundo vazio, de uma
vida desprovida de sentido.

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Olha os males das dores do mundo (lembrei Schope-
nhauer agora, as dores do mundo). Então eu quero
que tu anote aí mais uma característica importante
da Modernidade. Põe aí:

CARACTERÍSTICA DA MODERNIDADE:
Número treze: Sentimentalismo.

O Sentimentalismo, cara! A gente falou do individua-


lismo, da falta de amor, da inveja, a gente falou da
solidão e agora o sentimentalismo. Se já não fosse
para nós tão difícil conviver com todas essas dores
existenciais, com esse sentimento de não estar no
mundo, que nos ensina o Max Weber, nós vivemos,
cara, abandonados olhando para os buracos escuros
em nossos peitos, amassados.

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Me lembrei agora: “Mentre preso dal delírio”. Aquela
ópera Ridi Pagliaccio . A vida nos impele que nós
riamos. A vida nos obriga, cara, a termos esperança
na contra a própria esperança. A vida nos obriga, cara,
a termos um ótimo dia, ter um monte de diversão
para celebrar os feriados, tudo que é feriadão a gente
espera uma grande alegria. A gente espera ter uma
existência mais exuberante, ter um nível de alcance
do máximo do que o ser humano pode sonhar viver.
E essa, cara, por incrível que pareça é a verdadeira
prova de que nós estamos vivos.

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Insistir que a alegria deveria ser o único objetivo da
vida. Insistir que os prazeres momentâneos deveriam
refletir cada segundo do teu dia. Essa é a vida que a
gente se tornou: a obrigação da felicidade. Olha esses
livros de filosofia: o caminho da felicidade, vida não
sei o quê, faça as regras do não sei o quê, beber, rezar
e amar. É tudo uma lorota! E tu nesse chicote
do “seja feliz”, vivendo em depressão no chicote do
“seja poderoso”, vivendo em depressão, vivendo em
Burnout, vivendo das doenças modernas.

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Não é à toa que Theodor Adorno, que é um dos pais
da Escola de Frankfurt, fala algo muito importante.
O que ele fala meu? Ele faz ressaltar que a América
Moderna (a Modernidade Americana) produziu o
mais avassalador de todos os vilões da história
da Modernidade. O Walt Disney!
O mundo encantado do Disney. O mundo encantado
dos sonhos das fadas; o mundo encantado dos
príncipes encantados; o sonho encantado da beleza
infinita; a visão endeusada do mundo.

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Em que pese a Modernidade ter nos dado um acesso
ilimitado à abundância material. Ponto final! A gente
tem acesso a tudo! A MODERNIDADE NOS IMPÔS UM
PESADÍSSIMO TRIBUTO EMOCIONAL.

Ela nos ALIENOU (Karl Marx).


Ela ALIMENTOU A NOSSA INVEJA (Max Weber).
Ela extrapolou a nossa VERGONHA (Émile Durkheim).
Ela nos separou um dos outros quando ELA ACABA
COM OS NOSSOS RITUAIS.
Ela NOS TORNOU MAIS SELVAGENS, mais hirsutos,
menos humanos.

(tu é feliz quando tu é bicho: transa feito um cavalo,


come feito um porco, fode feito um cachorro).

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Tu não é mais feliz quando tu é humano, quando tu
tem o belo, quando tu tem o estético, quando tem o
sentimento, quando tu tem a emoção, quando tu
tem o abraço, quando tu tem a amizade, quando tu
tem a moral, quando tu tem os valores.

A MODERNIDADE, CARA, NOS SEPULTOU VIVOS


NO TÚMULO DA RABUGENTICE.

A Modernidade destruiu a nossa autenticidade. Hoje,


cada um tem que ser igual ao outro. Tu não pode
mais ser único. A modernidade nos enfiou numa es-
piral do cansaço. Está todo mundo cansado, todo
mundo em overtraining, todo mundo em Burnout,
todo mundo em depressão, todo mundo em crises
de ansiedade, dependente de Rivotril. Mas, acima de
tudo, cara, a Modernidade nos transformou em
pessoas raivosas, nos transformou em pessoas
mal-amadas. Mal-amadas!

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Olha só, agora, eu vou dar a solução para esse negó-
cio da Modernidade. Meus amigos, tu não é obrigado
a sofrer sozinho. Esse é o ponto! É para isso que tem
o Corações e Almas!! Presta atenção nessa
condição, meu. Presta muita atenção nisso.

CADA UM DE NÓS NÃO NASCEU


PARA SOFRER SOZINHO.

Cada um de nós não sofreu para ter essa aflição pes-


soal insuperável. Não tem nada de feio nisso. Não tem
nada de feio em sentir fraqueza, não tem que fazer
“mimimi”, mas não tem nada de reprovável nisso
tudo. O grande problema, cara, da Modernidade é
que essas aflições pessoais são colocadas no coração
da nossa existência, como a supervalorização dos
nossos anseios: “Tenho que alcançar o meu sonho”.
Meu, tu é um escravo de ti mesmo. A dialética Se-
nhor-Escravo do Hegel (que a gente falou tanto anti-
gamente) dentro de ti.

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A Modernidade te colocou em trabalhos cada vez
mais incapacitantes, tarefas que não correspondem
aos teus desejos, nem ao que tu tem de mais vibran-
te na tua mente, que é o que te faz único, que te faz
especial, que é o que te faz ser o escolhido, que é o
que te faz chegar na barreira do conhecimento e
querer empurrar adiante, querer ser maior,
QUERER SER MELHOR.

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O que eu quero que vocês entendam nessa aula de
hoje, e é por isso que eu me dediquei muitíssimo
para fazer essa aula sobre a Modernidade, cara, é que
a grande cura para os males da Modernidade é criar,
diariamente, na nossa vida, no nosso dia a dia, a am-
pliação. Que a gente consiga ampliar o quê? A nossa
capacidade de aprendizado, a nossa capacidade de
entendimento, porque é só o aprendizado que
afasta o medo.
É SÓ O CONHECIMENTO QUE AFASTA O PÂNICO.

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E aí, nesse momento que tu dominar o conhecimen-
to, que é o objetivo do Corações e Almas aqui, tu vai
te sentir capaz do quê? De diagnosticar a condição
humana. Tu vai entender de todas essas característi-
cas da Modernidade quais se comunicam contigo,
quais problemas tu enxerga no teu dia a dia. E aí,
quando tu enxergar tudo isso, as respostas vão fazer
sentido. E é isso aqui que nós vivemos nas aulas do
Corações e Almas. É isso que eu estou fazendo com
vocês diariamente. De modo que nós possamos
aceitar que nós não somos tão superiores assim.
NÓS NÃO SOMOS LÁ GRANDES COISAS. MEU,
NÓS NÃO PRECISAMOS SOFRER DESSA FORMA.
NÃO PRECISAMOS!

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Nós não precisamos viver dentro dessa concepção de
nos sentirmos engavetados, como individualmente
dementes, malucos, vivendo numa época, vivendo
num período histórico, vivendo numa Era, num
tempo, completamente inusual, completamente
intenso, e o pior de tudo, meu, socialmente gerador
de perturbação emocional. Tu vive perturbado, com
angústia, com agonia, com dor no peito, com vonta-
de de chorar. E aí, tu sofre do quê? De distúrbios de
relacionamento. Tu não consegue ter amigos; tu não
consegue ter relações amorosas; tu não consegue ter
sexo. Qual é a solução para isso, cara?
NÓS DEVEMOS ACEITAR QUE A MODERNIDADE,
MEUS AMIGOS, É UMA ESPÉCIE DE DOENÇA.
ISSO É UMA DOENÇA CIVILIZATÓRIA.

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E vai ser nesse momento que nós entendermos a
Modernidade como uma doença civilizatória, cara,
que isso será a nossa própria cura. Isso será a nossa
própria cura!

É PARA ISSO QUE NÓS ESTAMOS JUNTOS AQUI


NO CORAÇÕES E ALMAS. É PARA ENTENDER A
DOR E A DELÍCIA DE SE SER QUEM SE É.

Onde? Nessa Era de aflição e horror. É nos reconhe-


cermos enquanto amigos, pessoas com os mesmos
valores, com os mesmos princípios, com o mesmo
caráter, para não ser um escravo martirizado do
tempo, para não sentir o horrível peso da existência
sobre as tuas costas te amassando contra o chão, te
enterrando vivo, cometendo mais suicídios do que
homicídios, nos flagelamos, nos vilipendiamos por
não encontrar saída, por perdermos o amor, por vi-
vermos no individualismo, na inveja constante, na so-
lidão, num sentimentalismo, num buraco.

Esses são os males da humanidade. Essas são as


dores do mundo. Esse é o resultado da Modernidade.
E é reconhecendo cada uma dessas características
que a gente falou nas últimas aulas que nós vamos
encontrar a cura. Só assim! E esse é o nosso projeto
aqui no Corações e Almas.

Beijo para todo mundo!!

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CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Fernando Conrado

CEO Alexandre Schneider

REDAÇÃO E CONCEPÇÃO Fernando Conrado e Alexandre Schnei-


der

DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Rodolfo Tayler e Amanda Loss

ILUSTRAÇÃO DA CAPA Fernando Conrado e Rodolfo Tayler

TRANSCRITOR Suzana Schneider

ASSESSORIA E SUPORTE Hafiz Eduardo

DESIGN E REDES SOCIAIS Lucca Allapont

FINANCEIRO Daniel Duarte

EDIÇÃO E PRODUÇÃO DE VÍDEOS Victor Rosa

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