Você está na página 1de 110

1

2
Dr. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS
ÊX-PADRE

OS MEUS GRAVES PECADOS


DE PADRE

minhas confissões na exaltação da


Verdade e da Misericórdia de Deus

“Também eu Te louvarei com o saltério, bem como à


Tua VERDADE, ó meu Deus; cantar-Te-ei com a
harpa, ó Santo de Israel” (Sl 71:22).

EDIÇÕES “CAMINHO DE DAMASCO” SÃO PAULO


3
Direitos exclusivos cedidos a “Edições Caminho de
Damasco” que se reserva a propriedade literária desta edição.

EDIÇÕES “CAMINHO DE DAMASCO”


CAIXA POSTAL 11.755
01000 – SÃO PAULO – CAPITAL
4
ÍNDICE

7 – Prefácio
9 – Dados Bibliográficos
11 – A VOX POPULI e a Baixa Moralidade Pública
14 – Os Pecados Comuns do sacerdotes
21 – Minha Libertação
24 – Arrepender-me de Quais Pecados?
30 – O Pecado Capital
39 – A Iniquidade Mais Execrada Por Deus
55 – O Conceito Divino das Mentiras Religiosas
60 – O Ministério de Moisés
63 – Fatos do Meu Arrependimento
72 – A Conduta de Jesus Cristo Perante a Fraude Religiosa
79 – O Exemplo de Paulo Apóstolo
90 – Terá O Senhor Deus Mudado de Propósito?
97 – Uma Tragédia e a Capitulação de Minha Fé na Missa
106 – De Três Uma

5
6
PREFÁCIO

Dizem as Escrituras lá em Eclesiastes que “tudo tem o seu tempo


determinado, e há tempo para todo o proposito debaixo do céu” (3:1).
Se de há muito desejava publicar estas reflexões, somente agora chegou
a oportunidade.
Conquanto pareça chocante, sem pretender ser sensacionalista, o
seu título expressa fatos reais. São revelações terríveis de erros
medonhos.
Quando sacerdote católico assentava-me no confessionário para
onde afluíam os fiéis com o intento de me declarar os seus pecados em
busca do perdão.
Agora, não em sussurro na penumbra de um recanto do templo,
mas alto e em distinguível som das palavras impressas, venho fazer
minha pública confissão. A confissão dos meus pecados graves,
gravíssimos, da época do meu sacerdócio romanista.
Ο perdão deles, pleno, definitivo – absoluto perdão –, já me foi
concedido por Deus desde minha conversão evangélica a Jesus Cristo.
Em consequência, não sinto qualquer remorso deles e nem fico a
ruminá-los numa lembrança inconsequente do passado. Na medida de
minhas forças, ou seja, além delas, procuro remir o tempo perdido e
sanar os males por mim cometidos, cumprindo agora o ministério de
pregar a Verdade do Evangelho em todos os Quadrantes da Pátria
imensa.
E esta vontade de reparar os danos provocados pelos meus graves
pecados do tempo de clérigo que me impulsiona a gastar minhas parcas
energias em viagens seguidas e estafantes, a sacrificar o agradável e
justo aconchego do lar, a privar-me da tranquilidade da minha pequena
casa, a expor-me aos vitupérios do clericalismo incomodado com a
minha atuação, a arriscar-me às perseguições e as violências e a suportar
7
as injustiças e as incompreensões dos pobres evangélicos bitolados no
jugo das manhas ecumenistas, dos preconceitos sociais e dos interesses
mesquinhos.
Se “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu Decreto” (Rm
8:28), a lembrança das iniquidades perpetradas no passado se constitui
em desafio de fidelidade e constância no presente. Eis a explicação do
motivo do meu empenho nesta luta aguerrida em prol da Causa do
Evangelho.
Estas reflexões, agora enfeixadas em livro, visam a alertar os
evangélicos quanto ao perigo de, sob a influência ecumenista e
ecumenistizante e sob o entusiasmo de interesses materiais,
minimizarem a gravidade perante Deus e em vista de suas
consequências dos pecados aqui confessados. Outrossim propendem a
incitá-los ao combate deles e à proclamação intrépida da Verdade do
Evangelho.
Com humildade e em oração desejo ex imo corde a ampla
divulgação destas páginas para alertar os crentes evangélicos e para
esclarecer consciências. Tudo em objetivo da salvação das pessoas e
glorificação de Jesus Cristo, Senhor nosso.

São Paulo, 8 de Dezembro de 1978


Dr. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS, membro da Academia Evangélica
de Letras e da União Brasileira de Escritores.

8
DADOS BIOGRÁFICOS

Apresento-os sucintos em atenção às pessoas destituídas de


maiores informações a meu respeito, por não terem lido ainda
minha autobiografia: ESTE PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA.
A leitura desta obra se faz imprescindível em decorrência do próprio
conhecimento das declarações registradas nestas páginas.
Nasci aos 9 de Março de 1924 na cidade de São Joaquim da
Barra, Interior do Estado de São Paulo.
Filho de católicos europeus, Manoel Pereira dos Reis e Emília
Basso, desde a mais tenra infância fui levado às práticas da religião
romanista.
Sedento de salvação espiritual decidi tornar-me sacerdote.
Depois de concluídos os estudos clericais na Faculdade
Teológica da Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo, o bispo
Antônio de Almeida Moraes Júnior ordenou-me sacerdote em 8 de
Dezembro de 1949 em Montes Claros (Minas Gerais).
Cantei minha missa de neo-sacerdote em São Joaquim da
Barra aos 25 de Dezembro de 1949 e nos dois primeiros anos de
clérigo exerci muitas atividades em Montes Claros, dentre elas a de
Diretor do Ensino Religioso nas escolas públicas, a de Fundador e
Diretor do Círculo Operário, a de Fundador e Diretor do jornal
diocesano “A tribuna do Norte”, a de capelão do Santuário do Bom
Jesus, a de coadjutor da catedral e a de professor de português e
de matemática no Colégio Diocesano Senhora Aparecida.
De 1952 a I960, em Recife, Capital do Estado de Pernambuco,
à frente da Companhia de Caridade na condição de seu Diretor-

9
Presidente, organizei e dirigi muitas obras sociais. Como Diretor do
Instituto Profissional S. José, criei e eduquei mais de dois mil órfãos.
Prossegui em minhas lides de professor no Colégio Arquidiocesano
do Recife. Desincumbi-me da tarefa de Assistente Eclesiástico da
Juventude Operária Católica. Fui Consultor da Arquidiocese de
Olinda e Recife. Por muitas vezes funcionei na qualidade de jurista
canônico como defensor do vínculo em processos de anulação de
casamentos.
De Março de I960 a Maio de 1963 empossaram-me pároco da
“Senhora da Glória” em Guaratinguetá, e de Junho de 1963 a Maio
de 1965 em Orlândia (ambas cidades no Interior do Estado de São
Paulo).
Por duas vezes a “santa sé” me convidou para o episcopado.
Se não as houvesse recusado hoje estaria ocupando elevadíssimo
posto na hierarquia clerical brasileira e teria participado dos
conclaves que elegeram os dois últimos pontífices vaticanos.
Convertido a Jesus Cristo abandonei tudo. Em meu livro: ESTE
PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA, cuja leitura se faz mui
necessária, registro o longo processo de minha conversão
evangélica.
Em obediência a ordenança do Batismo, aos 13 de Junho de
1965, desci às águas do Batistério do Templo da Primeira Igreja
Batista em Santos (SP), situado na praça José Bonifácio, 11.
Um Concílio legítimo presidido pelo Dr. Antônio Gonçalves
Pires e tendo como pregador o pastor Eliseu Schimenes me ordenou
ao Santo Ministério da Palavra de Deus, no Templo da Igreja Batista
em Vila Esperança, da Capital de S. Paulo (situado na rua Dr.
Heládio, 57) no dia 16 de Abril de 1966.
Desde fins de Maio de 1965 envido todos os esforços e imolo
todas as minhas energias, percorrendo todo o País na proclamação
da luminosa Verdade do Evangelho: SÓ CRISTO SALVA O PECADOR.

10
A VOX POPULI E A BAIXA
MORALIDADE PÚBLICA

Dentre as muitas características distintivas entre o salvo e o


irregenerado realça-se a de uma consciência delicada no primeiro e
a de uma embrutecida no segundo.

UM FACHO DE LUZ NA CONSCIÊNCIA DO SALVO

Explico! O crente reconhece o pecado na sua hediondez e


onde ele existe. Sabe ser ele sempre grave por sempre afrontar
diretamente a Santidade INFINITA de Deus. E quando lhe ocorre a
extrema infelicidade de cometê-lo, de pronto recorre ao Sangue de
Jesus Cristo, a Fonte de perdão.
A consciência do salvo é assim por ser ele, o Templo do
Espírito Santo. Se este Divino Espírito atuou em seu íntimo quando
de sua conversão, Ele permanece operando com eficácia ao longo
do processo de sua santificação.
É o Espírito Santo pois um facho de luz a clarear todos os
desvãos, cantos e recantos da consciência do crente evangélico.
Por lhe faltar essa luz potentíssima o incrédulo, na sua espessa
cegueira espiritual, é incapaz de, muitas vezes, perceber o pecado
e, quando reconhece, é levado, quase sempre, a considerá-lo sem
importância ou de diminutas proporções.

11
O CONSENSO POPULAR E A MODA “TOMARA QUE CAIA”

Já ouvi, então, muitas vezes, e até de líderes religiosos, a


afirmação: a Bíblia diz: a voz do povo é a Voz de Deus, vox populi
Vox Dei.
Fala-se tanto em democracia, em povo, em consenso popular.
Tudo quanto é aceito e aplaudido pela massa é bom. Até música.
Caiu no gosto do povo, então é bom! Se todo mundo faz, está bem!
A mulher usa as vestes mais ridículas, como a “tomara que
caia”, ou a “saco”, ou a “colher”, ou a “frente única” ou das pernas
das calças compridas arregaçadas ate o joelho. Ou a das saias
transparentes. Se é moda que que tem? Todo mundo usa! Deixou
de ser estúpido e idiota.
Quanto ao pecado muitos adotam igual norma. De acordo com
elas, o critério de avaliação da moralidade não é a Vontade de Deus.
É a opinião da maioria. Alastrasse este desgraçado conceito até nos
meios evangélicos. Tempos passados vieram-me dizer: - ah, mas
nos EEUU já há três milhões de batistas simpáticos ao movimento
ecumênico.
E daí?, Constatei. Poderia haver três trilhões! Ainda mesmo se
todos se tomarem ecumenistas nem por isso me vejo na conjuntura
de o ser. Minha regra de fé é a Bíblia e não a opinião da massa.
Mas, voltando ao “vox populi Vox Dei” (a voz do povo é a Voz
de Deus). Afirmá-la bíblica é demonstrar ignorância das Escrituras
Sagradas. Não, senhores, a Bíblia, em Livro algum, em capítulo
algum, em versículo algum, a Bíblia jamais disse ser a voz do povo a
Voz de Deus.
A voz do povo não é a Palavra de Deus! A Bíblia, sim, é a
Palavra de Deus!
O crente evangélico, com a sua consciência iluminada pelo
Espírito Santo, de Quem ele é o Templo, se conduz pela Palavra de
Deus e não pelos conceitos e preconceitos, juízos e prejuízos do
povo.
Carente da Luz do Espírito Divino e desconhecedor das
Escrituras, o irregenerado, na sua loucura, até zomba do pecado
(Provérbios 14:9).

12
A FONTE DA MORAL IMORALÍSSIMA

O segundo enfoque da filosofia do mundo na conceituação de


pecado é o do maior ou do menor dano causado ao pecante e a
terceiros.
Assim, matar é um pecadão. Adulterar, prostituir-se, roubar
(em certos casos), também.
Mentira, furto de objetos de pouco valor, (por exemplo, os tais
de souvenir), maledicência, gula, preguiça, relaxo, avareza, são
pecados insignificantes. E há até pecados canonizados com a
auréola de virtude como a improvisação, a transigência com o mal.
É a velha teoria católica da diferença entre pecado grave
(mortal) e pecado leve (venial).
Aquele, se não absolvido pelo sacerdote, manda para o
inferno. Este, para o purgatório. E para ser este absolvido basta
riscar-se na cara o sinal da cruz com água benta.
Conforme essa filosofia fundamentada na imoral teologia
moral católica, não é a Santidade Infinita de Deus o critério –
avaliador da gravidade do pecado.
Em defluência acontece a velha lei da História: – onde o clero
católico (romano, anglicano, ortodoxo e de todas as seitas católicas)
predomine a moralidade pública é baixa.
É isso aí! Basta uma superficial verificação nas páginas da
História, também no presente. E constatar-se-á: ONDE O CLERO
CATÓLICO PREDOMINA A MORALIDADE PÚBLICA É SEMPRE
BAIXA!!!

13
OS PECADOS COMUNS DO SACERDOTE

Uma manhã, viajando pela região do Norte do Estado do Rio


de Janeiro, passei por Itaperuna, verdadeira capital daquela zona
fluminense. Enquanto baldeava de ônibus, aproximou-se de mim um
crente evangélico. Cumprimentamo-nos com efusão de alegria.
Conversávamos sobre a Causa do Evangelho. E divisamos ali na
esquina do passeio da rodoviária um sacerdote romanista.

DE BATINA E “NUMA BOA” DE CHUPAR O TIÇÃO

Coisa rara hoje, mas ele se trajava de batina. Redondo, de


ventre saliente, cara rosada com o sangue a lhe estourar pelos
poros, ar despreocupado a contemplar o lufa-lufa dos passageiros e
a sorrir das imprecações dos empregados das empresas de Ônibus
comprimidos pela multidão e pressionados pela pressa dos
passageiros sempre afobados.
Com “charme”, tranquilo e solene na sua exuberância
burguesa, lá estava o clérigo a chupar fumaça do seu cigarro preso
á piteira.
O meu interlocutor comentou:
- Poxa! O “padre” nem tem vergonha de fumar em público!
Pensei em lhe explicar o motivo dessa carência de
acanhamento. Achei, contudo, ótima oportunidade de levar o
próprio clérigo a esclarecer ao crente quanto a sua falta de
escrúpulos fumando na rua.
Aproximou-se dele e perguntou-lhe:

14
- O sr. não é chefe religioso? E como fuma?
Imperturbável, explicou-lhe o sacerdote:
- Ma fumar não e pecado. Pela pergunta você se demonstra
evangélico. Os crentes tem essa mania de julgar pecaminoso o
habito de fumar. Eu disse: habito porque fumar não é vicio. É um
hábito elegante. Até as mulheres fumam. E é bonito ver-se uma
moça “charmosa” no seu gesto feminino de levar o cigarro aos
lábios tragar e soltar a fumaça . . .
O clérigo continuaria a despejar o seu enxurro se o crente não
houvesse se afastado.
O sacerdote fuma sem qualquer ideia de estar pecando.

RODEAÇÃO PELO RIO DE JANEIRO

O cardeal Leme, antigo arcebispo católico no Rio de Janeiro,


falecido em 1943, por sinal, um dos mais destacados hierarcas
romanistas deste País, também fumava. Sua predileção era a dos a
charutos longos e grossos.
Se alguém quisesse agradá-lo era presenteá-lo com uma caixa
deles.
Quando celebrava suas solenidades litúrgicas na Candelária,
certo de sempre encontrar alguém a sua espera no Palácio São
Joaquim, ordenava ao seu motorista virar com lentidão por muitas
ruas cariocas a fim de lhe favorecer tempo para sugar o seu tição.

UM CAFEZINHO PRA FAZER BOCA DE PITO

O arcebispo Duarte Leopoldo e Silva, de São Paulo, outra


figura saliente do clero antigo, falecido em 1938, também tirava as
suas tragadas. A celebração da missa exigia absoluto jejum do
celebrante. As missas pontificais são muito longas e o sacrifício do
bispo era muito maior por lhe exigir jejum mais prolongado. Um dos
auxiliares de Leopoldo e Silva assim que ele “ comungava” o cálice,

15
com discrição, depositava sobre o altar uma reforçada xícara de café
bem forte para o arcebispo, também com discrição, tomá-la (ainda a
missa era celebrada de costas para os fiéis) e o povão nem
percebia. A dose dobrada do café forte servia para “ fazer boca” do
cigarro a ser fumado na sacristia.

OS GRANDÕES NA CABEÇA DA FIEIRA

O atual hierofante dos católicos paulistanos, Paulo Evaristo


Arns, também é amigo da nicotina. O núncio apostólico
(representante oficial do papa no Brasil), sr. Carmine Rocco, de
semelhante forma, é tabagista. Assim como, o pontífice João Paulo
I, há pouco falecido, com apenas 33 dias de império vaticano,
puxava a fila dos clérigos e hierarcas fumantes.
Fumar para todos eles se reduz a um hábito. Aliás, elegante,
porquanto hoje as mulheres fumam, como eles se desculpam.

O TOMBO DO CONFESSIONÁRIO

Era eu sacerdote há apenas uns oito ou dez meses. Depois de


um curso de seminário bastante rígido, naqueles meses trabalhara
intensamente Estava cansado. Indo me confessar com o Humberto,
um clérigo amigo lá de Montes Claros, contei-lhe minhas angústias
espirituais. Sabia-me cansado alegou, por isso, no excesso de estafa
os motivos de meus sobressaltos. Aconselhou-me férias? Impossível
na ocasião tirá-las. Sugeriu-me, então, frequência ao cinema.
Recusei o conselho por jamais apreciar esse tipo de passatempo.
Todas as sugestões do Humberto me eram inviáveis. Por fim
lembrou-me do cigarro:
- O cigarro distrai, alivia tensões…
E ali no confessionário tirou do bolso o seu maço e me
ofereceu um, riscando até o fósforo.
No confessionário aprendi a fumar!

16
Nem ao tempo de criança experimentara o cigarro. Nem por
curiosidade!
- Todo mundo fuma! Que que tem? É um habito (não é vício)
elegante, eis a repetida filosofia do clero.

O CONFESSIONÁRIO, OS CONVENTOS
DE FREIRAS E O SEXO

São do domínio público as aventuras amorosas dos padres. O


confessionário é o grande reduto de conquistas amorosas. Há por ai
muito rapaz e muita moça a tratar de papai o marido de sua mãe,
quando na verdade o papai é um sacerdote ou um bispo … Aquele
de quem a mamãe sempre fala bem. Aquele simpaticão e que prega
bonito. Aquele que reúne o belo sexo para obras sociais. Aquele que
preside encontro de casais.
E os conventos das freiras? “cruz credo”!, nem é bom pensar.
Em certa ocasião pregava no Rio de Janeiro e no sábado a tarde um
diácono da Igreja Batista onde pregava, foi solicitado pela
“superiora” em seus trabalhos profissionais de encanador. Entupira-
se a rede de esgoto do convento. E justo num sábado. Um
transtorno. E lá vai o diácono batista desobstruir o esgoto do
convento. A causa do entupimento: um feto…
Até há uns quinze anos passados o governo italiano proibia a
venda de anticoncepcionais em todo o território da Itália. Pois bem,
as mulheres, a principiar pelas de Roma, iam a farmácia do Vaticano
comprar o produto porque, em sendo um país independente, podia
vendê-lo sem quaisquer problemas com a fiscalização italiana. E a
farmácia do papa sempre tinha a droga em estoque a fim de
atender as freiras.
Muitas vezes me perguntam: por que os “padres” não se
casam?
Antes da resposta explico o sentido da lei do celibato.
Todo sacerdote romanista a ela é forçado a se submeter. Se o
candidato a ordenação recusa-a, simplesmente e preterido. Ele deve
jurar conservar-se celibatário.

17
Durante todos os anos de seminário católico os alunos são
pelos superiores acompanhados, vigiados, examinados e estudados
em suas mínimas reações no intuito da aprovação ou não de sua
capacidade de se submeter por toda a vida ao celibato.
Essa lei do Código de Direito Canônico proíbe o casamento aos
sacerdotes. Todo o clérigo católico vaticano aceita a lei do celibato,
a qual lhe veda e veta o contrair legalmente núpcias.
Nenhum sacerdote faz voto de castidade. Este seria um voto
de nunca cometer um pecado de ordem sexual. Não, nenhum
clérigo jura jamais pecar contra o sexo. Dessa forma se um
sacerdote tem uma amante, ou se se masturba ou frequenta uma
prostituta não incorre em excomunhão. Continua a rezar a sua
missa e a administrar os seus sacramentos. Está tudo bem!
Se tentar o casamento incorre em excomunhão E suspenso “ a
divinis”, isto é, é-lhe vetado o exercício do ministério sacerdotal.
Já se vê quão imoral é o celibato. E é a razão de tantos
descalabros morais dos clérigos e dos bispos vaticanos, cuja história
causa asco as próprias prostitutas mais sórdidas e devassas.
Ah, por que a lei do celibato?
É uma outra das muitas fontes de enriquecimento desmedido
do Vaticano. No final da vida do sacerdote, tudo o que ele ajuntou
durante o exercício do seu ministério, vai para as bruacas do papa.
O clérigo não deixa esposa e nem herdeiros... E depois, o solteirão é
mais subserviente... (Num outro livro vou explicar essa história de
celibato trocada em miúdos).

18
O SACERDOTE EXPLORADOR E ESPOLIADOR DO POVO…

Em matéria de dinheiro o clero se salienta pela sua


pantagruélica fome de ouro (auri sacra fames). Ela se acentua lá
nos altos escalões do Vaticano.
O seu maior banco, cujos depositantes chegam apenas a sete
mil, em 1977, manipulou trinta e seis bilhões de dólares deixando
para trás os dois maiores bancos particulares brasileiros Itaú e o
Bradesco. O pior, contudo, são os negócios escusos daquele banco
vaticano corrupto e corruptor.
Tudo é motivo para negócio. E negócio altamente rendoso.
Para o sepultamento do papa Paulo VI, o conclave e a posse de
João Paulo I, o Vaticano empreendeu várias atividades, inclusive a
cunhagem de moedas e medalhas e a emissão de selos
comemorativos no interesse de fazer face as despesas e ganhar um
bom lucro.
As despesas atingiram a cifra de dez milhões de dólares, mas
a hierarquia romanista com aquelas promoções angariou
quatrocentos milhões de dólares Restaram-lhe trezentos e noventa
milhões de dólares.
Com a morte “prematura” (?) de João Paulo I, nos seus
empreendimentos pro arrecadação de riquezas, capitalizou até o
sorriso demagógico do finado. Aproveitou a sensibilidade dos idiotas
devotos e admiradores de Lucciani. E restaram para os cofres
vaticanos quinhentos e vinte milhões de dólares depois de cobertas
as despesas com os funerais e o conclave de Outubro de 1978.
Quando “padre” em Recife (Pernambuco) dirigi uma enorme
rede de obras sociais, a Companhia de Caridade, da jurisdição da
Arquidiocese de Olinda e Recife. Recebíamos muitas verbas dos
Poderes Públicos. Em decorrência, precisei estudar a legislação
vigente da matéria de subvenções e auxílios. O meu arcebispo, por
isso, me pediu que montasse um escritório para ajudar os diretores
de outras obras sociais preparando-lhes a documentação exigida por
lei.
Um dos documentos é o da prestação de contas da verba
anterior. Esta prestação é feita com recibos. Pois bem, era de todos

19
os dias. “Padres” e freiras “comiam” o dinheiro do Governo com
passeios e “aventuras” e depois iam arranjar recibos falsos com
comerciantes amigos deles.
Uma tarde fui ao palácio de um arcebispo. Havia lá uma
reunião de “padres”. O “ordinário” (conforme o Direito Canônico,
“ordinário” é o termo oficial que designa o bispo diocesano), o
“ordinário” propôs fazer uma rifa de um luxuoso automóvel. Dez mil
bilhetes a vinte cruzeiros. Vinte milhões de cruzeiros! Isso em 1963.
Dinheiro à bessa! Cada “padre” deveria se encarregar de vender um
tanto de bilhetes. Quem não conseguisse vender, pagaria do mesmo
jeito. O arcebispo, o amantíssimo “ ordinário”, de maneira alguma
admitia devolução de bilhetes. Queria o dinheiro limpinho de cada
sacerdote do bispado.
O carrão custou oito milhões. O arcebispo, o “ ordinário”,
distribuiu só a metade dos bilhetes. Cinco mil. E guardou em palácio
os outros cinco mil. Ele sozinho concorreu no sorteio com cinco mil
chances. Ganhou! E claro!
Pegou dez milhões em dinheiro soante e ficou com o carrão.
Quando vejo nos jornais as baboseiras dos bispos sobre as
suas reivindicações econômicas e sociais em favor do povo, só me
lembro de uma frase: hipócritas safados.
Enganadores, demagogos, falsários sabem eles como
ninguém, ludibriar o pobre povo e sugar-lhe o quanto podem…

20
A MINHA LIBERTAÇÃO

Quem lê a minha autobiografia: ESTE PADRE ESCAPOU DAS


GARRAS DO PAPA comprova o meu grande anseio de salvação
manifestado desde criança. Verifica outrossim a minha torturante
procura de paz interior na segurança dessa salvação eterna com o
exercício honrado e sofrido do sacerdócio romanista.

PEDRAS E CHICOTE

Fui ser “padre” para me salvar. E como sacerdote procurei ser


sempre muito fiel e dedicado. Até duras penitências pratiquei.
Quantas vezes coloquei dentro dos sapatos pedrinhas que me
ferissem os pés e quantas chicotadas me dei porque a custa do meu
sangue queria merecer salvação.
Foram doze anos de torturas indizíveis.

A BÍBLIA DESPREZADA

Em Maio de 1961, vigário em Guaratinguetá, passei por um


enorme sofrimento. Na tarde daquele segundo Domingo, estonteado
de dor, quando pensei até em suicídio, entrei em minha biblioteca é
o título de um livro chamou-me a atenção: BÍBLIA SAGRADA!
Recebera-o de presente há cinco anos e jamais tivera sequer a
curiosidade de folheá-lo. Socara-o lá em cima na estante entre
outros livros.

21
Agora, ali parado, com os olhos divagando, sem outras
reflexões senão as de minha angústia, lia os títulos deles quando
distingui o Livro Precioso.
Retirei-o. Abri-o ao acaso e li no capítulo 11 do Evangelho
segundo João o fato da ressurreição de Lázaro. Já o conhecia. Lera-
o muitas vezes, em latim, nas encomendações e nas missas de
defuntos.
Aquela leitura trouxe-me grande alívio. Por isso levei a Bíblia
para o meu quarto e a cada momento livre de minhas lutas la ia eu
ler a Palavra de Deus. Ela me confortava!
Depois fui movido pelo Espírito Santo a estudá-la. Estudei-a
com afinco. Profundamente!

ARREPENDIMENTO

E, em 8 de Novembro de 1961, converti-me a nosso Senhor


Jesus Cristo.
DEle recebi aquela paz há tantos anos e em tantos
padecimentos procurada.
Jesus me salvou! Libertou-me dos pecados.
Sim!!! No processo da conversão evangélica o arrependimento
é fundamental. Ninguém pode ser salvo por Jesus Cristo se não se
arrepender. Só quem se arrepende pode confiar de coração nEle. “…
se vos não arrependerdes todos de igual modo perecereis ”, claro e
categórico, afirma Ele em Lc 13:3 e 5.
Para ser salvo por Jesus eu precisei arrepender-me a fim de
poder confiar nEle.
Arrependi-me!
A minha autobiografia demonstra com documentos o meu
excelente comportamento de “padre”. Nunca tive uma aventura
amorosa. Sempre prestei rigorosas contas das fabulosas riquezas do
Vaticano a minha administração confiada.
Jamais levei uma repreensão de meus superiores eclesiásticos.
Ainda depois de haver de lá saído, eles reconhecem o meu
valor. Em 12 de Novembro de 1971, seis anos e meio após haver eu

22
de lá saído, o cardeal Agnelo Rossi, meu ultimo bispo, o único
cardeal brasileiro que atualmente se encontra em Roma, em carta
ao atual cardeal em S. Paulo, Evaristo Arns, proclama as minhas
qualidades de sacerdote.
Em Setembro de 1977, viajando em Ônibus – leito para o
Nordeste, o Pastor João Falcão Sobrinho, Secretário-Executivo da
Convenção Batista Brasileira, teve como companheiro de bordo o sr.
Aloísio Lorscheider, cardeal arcebispo em Fortaleza (Ceará). Quando
o Pastor Falcão Sobrinho se deu a conhecer ao hierarca vaticano, a
primeira pergunta dele foi: – e como vai o Dr. Aníbal Pereira dos
Reis? tecendo em seguida os maiores elogios à minha pessoa. E isto
doze anos após a minha saída de lá.
Conquanto sempre me esforçasse por ser em tudo muito
correto e haja fugido das contaminações do clero mazelento,
também precisei arrepender-me. Arrepender-me dos meus pecados!

23
ARREPENDER-ME DE QUAIS PECADOS?

Arrependi-me do pecado mais ofensivo a Deus. Do mais


insultante a Sua Santidade Infinita.

ROUBO, ASSASSINATO E ADULTÉRIO

Todos os pecados ofendem a Deus. Há um porém mais lesivo


à Sua Majestade e, em consequência, mais detestado por Ele.
Será o roubo?
Não!
Não me arrependi do roubo porque nunca roubei.
É certo! O roubo por ser pecado ofende muito a Deus. Lá no
Seu Decálogo está: “Não furtarás” (Ex 20:15; Dt 5:19).
Será o homicídio o pecado do maior desagrado de Deus?
Também não!
Não me arrependi do assassinato por nunca havê-lo praticado.
E verdade! O tirar a vida a alguém é um horripilante e lá no
Decálogo encontra-se: “Não matarás” (Ex 20:13; Dt 5:17).
Será o adultério o pecado de mais repulsa por parte de Deus?
Ainda não!
E de semelhante maneira não me arrependi do adultério
porque jamais adulterei.

24
Sem duvida, é ele um pecado horrível. Imagine-se a tristeza
de um homem ao descobrir a infidelidade da esposa ou a angustia
da mulher ao saber das traições do seu marido.
O matrimônio e sagrado e no intento de preservar a sua
santidade, Deus nosso Senhor no Decálogo estabelece: “ Não
adulteraras” (Êx 20:14; Dt 5:18).
No instante da minha conversão também não me arrependi do
vício do cigarro, embora fumasse muito. Nem me lembrei de fumo
porquanto achava ser o tabagismo um hábito inocente, um ingênuo
passatempo.
Fizera já muitos esforços no desejo de deixá-lo por sofrer os
efeitos nocivos em minha saúde. Mas no momento de minha
conversão, sem mesmo pensar nele, Jesus Cristo me libertou desse
vício.
Se não me arrependi do roubo, do assassinato, do adultério e
do tabagismo, contudo arrependi-me do pecado mais ultrajante a
Deus. Do pecado que mais O revolta. Do pecado mais abominado
por Ele. Do pecado por Ele mais castigado.

O PECADO DE TODOS OS PECADOS

Arrependi-me do pecado capital. É o pecado capital porque,


via de regra, é dele que procedem os demais pecados.
Arrependi-me da mentira religiosa!
A mentira religiosa, a iniquidade mais detestada por Deus.
Ainda noutro aspecto a conceituação popular do pecado é
falha. Tem-se a ideia de se constituir iniquidade somente os pecados
morais.
Há porém pecados doutrinários. E são os mais ultrajantes a
Deus por Lhe conspurcar diretamente a Verdade.
Arrependi-me das missas as milhares por mim celebradas.
Arrependi-me das centenas de milhares de absolvições por
mim dadas no meu confessionário aos fiéis penitentes.
Arrependi-me das devoções a tantos “ santos” e tantas “nossas
senhoras” por mim praticadas e propagadas.

25
Arrependi-me de me haver reconhecido “padre” (=pai) e
interposto entre Deus e o pecador e entre este e Deus na cobiça de
ser sacerdote mediador.
Arrependi-me de haver mastigado tantas “ ave-marias” e
tantas outras rezas.
Arrependi-me de haver “batizado” tantas crianças, supondo
torná-las com esse “sacramento” herdeiras do Céu e imunes do
pecado original, fazendo-as nascer para a Graça.
Arrependi-me de haver crido no purgatório e encomendado
defuntos.
Arrependi-me de haver sido submisso como uma bengala
como um cadáver ao papa por ver nele o sucessor de Pedro e
vigário de Cristo na terra.
Arrependi-me de haver sido obediente ao meu bispo perante
quem tantas vezes me ajoelhei a fim de lhe beijar o anel prelatício.
Arrependi-me de haver crido e praticado tanta mentira
religiosa, o pecado abominável em sumo grau.
Ah, é pura verdade! Cometi tudo isso com a maior sinceridade
e com a máxima fé.
Cria de todo o coração na missa, na hóstia, no purgatório, nos
“santos”, em Maria como corredentora, como medianeira, como
advogada e refúgio dos pecadores. Na confissão sacramental. No
primado, na autoridade e na infalibilidade do pontífice vaticano. Na
autoridade do meu bispo Com amor e fé beijava as imagens.
Incensava-as. Diante delas ajoelhava-me. Em minhas rezas devotas
falava com elas.
Apesar da minha fervorosa devoção, apesar da minha ardente
fé, apesar da minha grande sinceridade, tudo isso era pecado.
Deus, o Deus revelado nas Escrituras Sagradas, é o Deus-
Verdade. Verdade Objetiva. Real.
Ele recusa ser servido com uma sinceridade baseada na
mentira. Repele a fé falsificada.
Aliás, os próprios homens rejeitam a sinceridade no erro.

26
SINCERO NO ENGANO?

Você, leitor, recusada sinceridade no erro.


Configuremos um episódio!
Você vai ao armazém do Sincerildo. Há quantos anos você o
conhece! E agora no começo do mês vai comprar. De tudo. Para o
mês inteiro.
Na proporção que separa as mercadorias e as empilha no
balcão, o Sincerildo vai anotando.
Você passeia os olhos pelas prateleiras, pelas vitrinas, pela
sacaria de boca escancarada.. E vai se perguntando a si mesmo:
será que ainda falta alguma coisa?
Seguro de estar todo o suprimento do mês inteiro, pede ao
comerciante para somar a conta.
- Cinco mil duzentos e setenta e oito cruzeiros e dezesseis
centavos, anuncia Sincerildo.
Ato contínuo, incontinenti, você abre a carteira e espalha no
balcão dez notas de quinhentos cruzeiros, duas de cem, uma de
cinquenta, duas de dez, uma de cinco e três de um.
Confere.
Vai catar do fundo do bolso os trocadinhos para o quebrado.
- Que é isso?…, protesta o Sincerildo. Ele lhe dispensa os
dezesseis centavos.
E mais. Entrega-lhe uma caixa de chocolates para a madame e
um pacote de bombons para as crianças, (você coça a cabeça
pensando: chocolate engorda e a celulite da madame já é de se
notar). Afinal você agradece.
A saída, enquanto os empregados juntam toda a compra a fim
de entregá-la em sua casa, o Sincerildo estende-lhe o papel da
conta. Ali está tudo discriminado. O preço unitário e o total de cada
mercadoria. E lá em baixo da coluna comprida de algarismos, a
soma global: a dos cinco mil e tantos.
Você conhece o Sincerildo de há muitos anos. Há quanto
tempo você compra dele! No mês que você não pode lhe pagar
tudo, não tem problema; ele espera.

27
Você sabe que Sincerildo é muito honesto. Verdadeiro.
Simples. Sem dissimulação. Sem disfarce. Incapaz de ficar com um
centavo alheio. Tão sincero que lhe entrega o papel da conta.
Você a recusa, mas ele insiste. Você acaba levando.
A noite, em casa, enquanto o pessoal vê a novela na televisão,
você fica lá na cozinha vendo os seus papéis. No meio deles
descobre o papel da conta.
Não porque duvide do Sincerildo. Só por curiosidade.
Passatempo. Resolve conferir a soma.
Enquanto estava a meio do conferir vem a sogra a cozinha
beber água. Com o lenço na mão a enxugar lágrimas do capítulo tão
triste da novela.
Você se atrapalha. Começa tudo de novo. Sem se agastar
porque se trata de mero passatempo.
Aí você, testa franzida, verifica. A soma certa e de quatro mil,
duzentos e setenta e oito cruzeiros e dezesseis centavos.
O Sincerildo se enganou em mil cruzeiros contra você.
Ah, é absolutamente certo. Foi engano mesmo. Ele é sincero.
Sinceríssimo. Eis a sua convicção inabalável.
Apesar disso, você aceita esse erro? Mesmo praticado com a
máxima sinceridade?
Você, leitor, recusa a sinceridade no erro.
E vai querer um Deus complacente com a mentira só porque
praticada com sinceridade?
Nestes tempos de idiotice generalizada há supostos
pregadores do Evangelho que dizem encontrarem-se lá no Céu
também católicos.
Dizem: só Cristo salva! A Igreja não salva! Então lá no Céu
estão seguidores de todas as “igrejas”, inclusive os católicos.
Nada mais falso. Nada mais antievangélico. Nada mais idiota!
Só Cristo salva! Assim como o batismo não salva, a Igreja
também não salva.
Ocorre, no entanto, que quem se converte a Jesus Cristo
abandona a mentira religiosa e se liga a uma Igreja fiel a Verdade
do Novo Testamento.

28
Quem já viu uma prostituta converter-se e continuar no
lupanar?
A Bíblia repete tantas vezes que o idólatra está impossibilitado
de entrar no Céu. E querem idolatria mais crassa, mais aberrante do
que a missa, a hóstia?
O catolicismo está longe de ser “igreja”.
Ele é idolatria de ponta a ponta.
Quem assistiu pela teve a entronização desses dois últimos
papas viu os cento e tantos cardeais ajoelharem-se aos pés dele. O
que é isso senão idolatrar um homem?
Se a Bíblia tem razão, no Céu não pode haver nenhum
católico. E se no Céu há católicos, então rasgue-se a Bíblia por
imprestável.
Se o católico pudesse se salvar, voltaria eu hoje mesmo ao
exercício do sacerdócio porque teria sido vão o meu
arrependimento.
Graças a Deus, porém, porque a Bíblia é a Palavra Divina.
Graças a Deus porque o Sacrifício de Jesus Cristo nos salva quando
nEle confiamos. Graças a Deus porque o pecador é salvo
exclusivamente pelo Nome Sacratíssimo de Jesus Cristo.
Graças a Deus porque me arrependi da mentira religiosa.
Graças a Deus por haver Ele me libertado dessa maldição.

29
O PECADO CAPITAL

O vocábulo CAPITAL, oriundo do latim caput (= cabeça), quer


dizer fundamental, principal, essencial.
Capital e a cidade mais importante onde se centraliza o
governo e donde ele dirige a nação ou a província.
Capital é o bem econômico suscetível de ser aplicado à
produção.
Do termo latino caput (=cabeça) se deriva também a nossa
palavra portuguesa: capitão, o chefe militar ou o comandante.
O PECADO CAPITAL e aquele do qual decorrem outros
pecados. É o triste capital da iniquidade aplicado a produção de
outras iniquidades. E o pecado chefe a comandar outros pecados e
a governar e orientar a vida iníqua.
A MENTIRA RELIGIOSA e o pecado capital porque dela
procedem outros pecados. E a origem e a causa deles.

O PECADO CAPITAL DECLARADO

Encontro-o manifestado no profeta Oseias a desincumbir-se


da tarefa de clamar a Palavra do Senhor: “ O Meu povo consulta a
sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito de luxúria
os engana, e eles se corrompem, apartando-se da sujeição do seu
Deus. Sacrificam sobre os cumes dos montes, e queimam incenso
sobre os outeiros, debaixo do carvalho, e do álamo, e do olmeiro,
porque e boa a sua sombra; POR ISSO AS VOSSAS FILHAS SE

30
PROSTITUEM, E AS VOSSAS NORAS ADULTERAM. E não castigarei
vossas filhas, que se prostituem, nem vossas noras, quando
adulteram; porque eles mesmos com as prostitutas se desviam e
com as meretrizes sacrificam; pois o povo que não tem
entendimento será transtornado” (4:12-14).
Abro as Escrituras Sagradas e nelas acho fatos comprobatórios
dessa minha afirmação fundamentada em Oseias.

O TRAVESTI SATANÁS

Logo de início nem preciso folhear muito a Bíblia. Ali no


capítulo 3 de Gênesis me deparo com a primeira prova em episódio
concreto.
O primeiro pecado acontecido na terra com a humanidade foi
o de adulteração da Palavra de Deus.
Vejamos!
Ao casal primitivo, Adão e Eva, O Senhor Deus ordenou: “ De
toda a árvore do jardim comerás LIVREMENTE; mas da árvore da
ciência do bem e do mal, dela não comeras; porque no dia em que
dela comeres, certamente morreras” (Gn 2:16-17).
Eis a Palavra clara, insofismável, de Deus.
Satanás travesti do de serpente investe sobre Eva dizendo: “ E
assim que Deus disse: não comereis de toda a árvore do jardim ?”
(Gn 3:1).
Cotejem-se as suas palavras: a de Deus e a de satanás.
Deus disse: “de toda a árvore do jardim comerás
LIVREMENTE”.
O advérbio LIVREMENTE deve ser relevante e observado pois
com ele O Senhor Deus quis enaltecer o dom do livre arbítrio por
Ele próprio outorgado ao homem.
E para que o homem pudesse exercitá-lo Deus reservou como
intocável a árvore da ciência do bem e do mal.
Adulterando a Palavra de Deus o travesti diabólico no intento
de aguçar a cobiça e incitar o descontentamento na mulher, omitiu o

31
advérbio LIVREMENTE. Quis mostrar-lhe um cerceamento da
liberdade imposto por Deus.
A pobre Eva aceitou a matreirice do diabo. Quis ser simpática.
Ecumênica. Agradável. Com sorrisos retribuiu os sorrisos da
serpente tão linda.
Considerar-se-ia bitolada, quadrada, velha, fora de época, se
rejeitasse a palavra de satanás. Anuiu, por conseguinte, a
depravação da Palavra do Senhor perpetrada, pela meiga e brilhante
serpente, travesti do diabo.
Aceitou e, ao embalo do ecumenismo do travesti satã,
acrescentou outra desmoralização quando disse: “ nem nele (no
fruto da árvore) tocareis” (Gn 3:3).
Deus não proibira tocar nos frutos da árvore. Proibira, sim,
comer deles (Gn 2:16-17).
Antes de desobedecer a Deus Eva concordou na contrafação
da Palavra do Senhor. Ela desobedeceu porque antes admitiu o
suborno da Santa Palavra cometido pelo diabo.

O PRIMEIRO ASSASSINATO

Vire-se outra página das Escrituras.


Aí! No capítulo 4º de Gênesis. É o registro do primeiro
homicídio. Um fratricídio. Caim matou Abel.
Por que Caim assassinou Abel?
Porque Caim se encheu de inveja contra seu irmão mais novo.
E por que se encheu de inveja o coração de Caim?
Foi assim!
Ambos, Caim e Abel, eram muito religiosos. Tanto que
resolveram oferecer sacrifícios a Deus. Foram cultuar a Deus.
Caim ofertou-Lhe com sinceridade e devoção do fruto da terra
e Abel um sacrifício cruento.
Deus Se agradou do sacrifício de Abel, recebendo-o. Rejeitou,
contudo, a oferta de Caim.

32
Encolerizou-se o primogênito de Adão e a inveja furiosa
impeliu-o ao assassinato.
O culto falso a Deus se constituiu no primeiro elo da corrente
de pecados sucessivos de Caim.
É insuficiente a devoção, como é insuficiente a sinceridade por
parte de quem oferece culto a Deus. Torna-se ele abominável e em
iniquidade se for em desacordo com a Vontade Soberana do Senhor
Deus.

E NO FIM O SUICÍDIO

Querem outra demonstração bíblica de ser a falsidade religiosa


o pecado capital? O pecado máximo? O pecado origem ou causa de
outros pecados?
Vamos lá!
Quem foi o primeiro rei de Israel?
Através do profeta Samuel Deus investiu a Saul da
incumbência de reinar sobre o Seu povo relutante na sua teimosia
de ser governado por um rei à cópia de outros povos.
O Senhor Deus abençoara o filho de Cis concedendo-lhe o
Poder do Seu Espírito e o transformara em outro homem (1 Sm
10:6,9,10).
Confirmara Deus a sua autoridade real sobre o povo de Israel
permitindo-lhe vitória sobre os amonitas.
No segundo ano do seu reinado, no entanto, rodeado do seu
povo, o jovem soberano se precipitou ao se antecipar a Samuel na
oferta de um culto cruento a Deus.
Quem deveria celebra-LO era Samuel. O profeta era a pessoa
certa para isso. Além disso Saul fora bem advertido por Samuel:
“Tu, porém, descerás diante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a
ti, para sacrificar holocaustos, e para oferecer ofertas pacíficas; alí
sete dias esperarás, até que eu venha a ti, e te declare o que hás de
fazer” (1 Sm 10:9).
Com a vitória sobre os filisteus Saul pretendia renovar o reino
recém-instalado.

33
O monarca aguardou por sete dias a chegada de Samuel.
Impaciente, contudo, com o retardamento do profeta, o insensato
Saul celebrou culto a Deus com holocaustos e ofertas pacíficas
perante o povo (1 Sm 13:8-9).
Qual foi o resultado?
Ao invés de confirmá-lo rei sobre Israel, Deus retirou de Saul a
Sua Bênção e o Seu Poder.
O monarca fora sincero em sua devoção a Deus. De certo,
realizou o culto dentro das normas rituais corretas. Não era, porém,
ele a pessoa ou o ministro autorizado.
Não basta cultuar a Deus. É preciso cultuá-LO de maneira
certa! E isto faltou a Saul.
Posteriormente na batalha contia os amalequitas Saul, o falso
adorador, desobedeceu de novo a Deus, intentando outro culto falso
a ponto de o Senhor dizer: “ Arrependo-Me de haver posto a Saul
como rei; porquanto deixou de Me seguir, e não executou as Minhas
Palavras”. (1 Sm 15:11)
E qual desta feita a desobediência do insano rei?
Contrariando expressa determinação de Deus, Saul preservara
o melhor das ovelhas e bois quando da guerra contra os
amalequitas. Poupara esses animais não para se banquetear. A
intenção de Saul era mui sincera e santa em extremo. Na sua
religiosidade queria aquelas excelentes ofertas a fim de oferecê-las
em sacrifício digno de Deus.
Sacrifício digno no conceito do soberano. Porém, espúrio para
Deus.
E o velho ditado: o cesteiro que faz um cesto faz um cento
contanto que se lhe de taquara é tempo.
Saul, precipitando-se, prestara anteriormente um culto
fraudado a Deus, lá em Gilgal. Agora, quer celebrar outro culto com
holocaustos fraudulados. Se antes o culto fora falso por não ser ele
a pessoa autorizada ou credenciada, agora o é também porque a
vítima, embora do melhor do re banho, e imprestável e indigna de
Deus.
E nesta oportunidade Samuel ao repreender Saul (o profeta
longe de ser ecumenista ou subserviente ao monarca; ao contrário,

34
abominava-o) ministra-nos uma magistral e sempre atualíssima
lição, dentre outras: “Porque a rebelião é como o pecado de
feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria ” (1 Sm 15:23).
O culto de Saul, apesar de certo em seu ritual e devoto em
sua intenção, foi adulterado. Por isso semelhante a rebelião. Tornou-
se, por conseguinte, em obra de feitiçaria. Em idolatria.
E isso aí, senhores evangélicos simpatizantes do catolicismo!
O culto falso, embora praticado com sinceridade e com a
máxima devoção é rebeldia, feitiçaria e idolatria.
A idolatria não se resume ao culto a um deus falso. Idolatria
também é um culto falso ao Deus Verdadeiro.
Samuel deveria constituir-se em nosso modelo de fidelidade
ao Senhor. Daquela fidelidade ao Senhor que nos move a separar-
nos dos falsos adoradores de Deus. Apesar de se compadecer do
estúpido rei, Samuel se separou dele.
Em seu primeiro Livro, a partir do capítulo 15, o profeta
registra os pecados resultantes da solidão de Saul por causa do
pecado capital por ele cometido, praticados contra Deus conquanto
exteriormente contra a pessoa de Davi.
Abandonado do Poder de Deus por haver incidido em
iniquidade de culto mentiroso a Deus, Saul, de pecado em pecado,
foi a prática do espiritismo quando consultou em sessão espírita a
feiticeira de En-Dor.
E a desgraçada vida de Saul terminou no suicídio.

DEGRADAÇÃO MORAL E SANGUE INOCENTE


AOS BORBOTÕES

Com Jeroboão, monarca do Reino do Norte, as práticas


idolátricas atingiram o cumulo. Seguidas por quase todos os seus
sucessores, sempre foram motivo de grande corrupção moral. O
“espírito da prostituição” se apoderou do sacerdócio espúrio da
Samaria e o resultado funesto na degradação dos costumes foi
objeto das objurgatórias contundentes dos profetas Oseias e Amos.

35
Manassés de Judá, desviando-se dos caminhos retos do seu
pai Ezequias, restaurou as abominações religiosas e entronizou uma
imagem no recinto do Templo do Senhor. Em consequência,
“derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu a Jerusalém
de um ao outro extremo” (2 Rs 21:16).

HOMOSSEXUALISMO E TOTAL DEPRAVAÇÃO

Em o Novo Testamento porventura encontram-se provas de se


constituir a mentira religiosa em pecado capital, causa e fonte de
outros pecados?
Vamos la! Tenho uma. Especial, clara e muito além de
suficiente. Junta com as do Velho Testamento retro enumeradas,
todas elas formam uni rolo compressor 31 esmagar e a pulverizar
todos os idiotas argumentos dos macios e simpatizantes do
catolicismo.
Abro as Sagradas Escrituras em Rm 1:18-32:
“Porque do Céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade
e injustiça dos homens, que detêem a Verdade em injustiça.
Porquanto o que de Deus se pode conhecer nestes se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as Suas coisas invisíveis, desde
a criação do mundo, tanto o Seu Eterno Poder, como a Sua
divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que
estão criadas, para que estes fiquem inexcusáveis; porquanto, tendo
conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram
graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração
insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E
mudaram a glória do Deus Incorruptível em semelhança da imagem
de homem corruptível, e de aves, e de quadrupedes, e de répteis.
Peto que também Deus os entregou as concupiscências de seus
corações, a imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois
mudaram a Verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram
mais a criatura do que o Criador, que é Bendito eternamente.
Amém. Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até

36
as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário a natureza.
E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da
mulher, se informaram em sua sensualidade uns para com os
outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si
mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E co- mo eles se
não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os
entregou a um sentimento per verso, para fazerem coisas que não
convém; es- tando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia,
avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano,
malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de
Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males,
desobedientes aos pais e as mães; néscios, infiéis nos contratos,
sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais,
conhecendo a Justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais
coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem
aos que as fazem”.

E o grande pecado capital da era da técnica. Decantada e


falida era!
Os homens deste lado ocidental do mundo se apresentam
como participantes de uma civilização cristã.
Os templos cristãos pontilham as cidades e os bairros das
grandes metrópoles ostentando a cruz, suposto símbolo desse
cristianismo.
Multidões e multidões peregrinam pelos santuários.
Sacerdotes e pregadores se revezam em em programas religiosos
nas emissoras de rádio e de teve. Os terreiros de umbanda ruflam
os seus atabaques até altas madrugadas. Os centros espíritas
transbordam suas portas. Os templos evangélicos regurgitam de
povo. Religião é um dos pra- tos mais consumidos pelas massas...
A entronização de papas e transmitida para o mundo inteiro
através da televisão, consumindo horas preciosas desse caríssimo
meio de comunicação. Os jornais se cobrem de noticiários do
Vaticano. Em cada dia milhões e milhões de missas são celebradas…
E o mundo vai de mal a pior!

37
Aliás, quando se fala em idolatria os crentes evangélicos só se
lembram das imagens.
A missa, porém, é a mais crassa manifestação idolátrica.
Quando o católico se ajoelha diante de uma imagem, ele sabe
que é uma imagem, um símbolo do santo de sua devoção. Mas,
quando eles e ajoelha diante da hóstia ele quer adorar o próprio
Deus porque o catolicismo romano mudou a Glória de Deus
Incorruptível em semelhança da imagem de uma bolacha de farinha
de trigo.
E o resultado é esse: tanto cristianismo e tamanha decadência
moral. É o pecado em analuvião a se abater sobre a sociedade dos
homens em decorrência trágica da iniquidade capital, máxima, da
mentira religiosa a conspurcar o Sacrifício de Jesus Cristo.
Naquela hora da madrugada de 8 de Novembro, com lágrimas,
arrependi-me desse hediondo pecado por mim, embora com
sinceridade e devoção, praticado tornando‫־‬me também culpado da
anemia moral do mundo.

38
A INIQUIDADE MAIS EXECRADA POR DEUS

O Senhor nosso Deus, em Sua Santidade Infinita, abomina


todas as manifestações do pecado.
Ele detesta o adultério, a prostituição, a mentira, a gula, a
preguiça, a calúnia, o assassinato, a injustiça…
Numa torrente maciça de provas as Escrituras revelam, porém,
que Deus amaldiçoa muito mais a mentira religiosa.
Abomina-a tanto, detesta-a a ponto de cominar terríveis
castigos a sua prática.

A MALDIÇÃO EM HERANÇA

Vamos às Páginas Sagradas. Em Êx 20 encontro o Decálogo.


Leio-o. Um pormenor desperta minha atenção.
O povo supõem serem pecados mais graves o homicídio, o
adultério, o roubo, o falso testemunho.
O Decálogo, contudo, é sucinto e lacônico ao determinar: “ não
matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho
contra o teu próximo” (vv.13-16).
Só no preceito contra a falsidade religiosa e que verifico
intimidações, rigorosas ameaças de castigo: “ Porque Eu, o Senhor
teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos
ate a terceira e quarta geração daqueles que Me odeiam ” (v.5).
Por ser a idolatria ou o culto falso uma manifestação de ódio
contra Deus, a Sua Vingança se estende a terceira e quarta geração.
A Mão de Deus pesa sobre os iníquos idólatras!

39
FOGO ESTRANHO E MORTE INSTANTÂNEA

Ainda durante a viagem de retorno a Canaã dois filhos do


sacerdote Arão: Nadabe e Abiú, ofereceram ao Senhor Deus incenso
em fogo estranho?
Admito a devoção deles, bem como a sua sinceridade. Mas
Deus não aceitou aquele culto e os matou no mesmo instante (Lv
10:12).

ADULTÉRIO E TRAIÇÃO

Deparo-me nas Sagradas Paginas com outro fato acerca do


assunto em tela.
Davi sucedeu Saul no trono de Israel. Praticou pecados
horríveis. Adulterou com Bate-Seba e mandou matar o seu marido
para ficar com ela. Apesar dessa iniquidade horripilante Deus diz
que ele guardou os mandamentos e estatutos (1 Rs 11: 34). Através
de Aías tece-lhe este elogio solene: “ Meu servo Davi que guardou os
Meus Mandamentos e que andou após Mim com todo o seu coração
para fazer somente o que parecia reto aos Meus Olhos ” (1 Rs 14:8).
Mesmo depois de adulterar e assassinar, as Escrituras
continuam a chamá-lo de varão segundo o Coração de Deus e Jesus
e cognominado de Filho de Davi e restaurará o trono de Davi.
Quando os reis, seus sucessores se conduzem com fidelidade ao
Senhor são confrontados com a fidelidade de Davi, o protótipo da
conduta reta diante do Senhor.

ESPLENDOR E DESASTRE

Salomão, conquanto haja construído o suntuoso Templo de


Jerusalém, escrito muitos provérbios, sido o homem mais sábio do
seu tempo e cuja magnificência foi enaltecida por Jesus, ao final de

40
sua gloriosa vida resvalou para a idolatria e como castigo Deus
dividiu o Reino.
O esplendor de Salomão! Excedeu todos os reis da terra em
riquezas e em sabedoria (2 Cr 9:22). “ E todos os reis da terra
procuravam ver o rosto de Salomão, para ouvirem a sua sabedoria
que Deus lhe dera no seu coração” (2 Cr 9:23).
O desastre de Salomão! “… e suas mulheres lhe perverteram o
seu coração. Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão,
suas mulheres lhe perverteram o seu coração para seguir outros
deuses; e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu
Deus, como o coração de Davi, seu pai ” (1 Rs 11:3-4). “Assim fez
Salomão o que parecia mal aos Olhos do Senhor ” (1 Rs 11:6).

MODELO DE INFIDELIDADE E FILHOS SACRIFICADOS

Na divisão do Reino dez tribos seguiram e aclamaram


Jeroboão seu rei. Este, no interesse sustentar os seus seguidores
em absoluta separação dos das tribos de Judá e de Benjamim que
ficaram com Reoboão, filho de Salomão, mandou construir dois
bezerros de ouro como imagens do próprio Deus que os tirara da
terra do Egito, numa repetição do feito de Arão no deserto de Sinai.
Constituiu outrossim um novo e espúrio sacerdócio (2 Rs 12:26-31).
Tornou-se por isso o rei Jeroboão em causa de pecado do povo para
destruí-lo e extingui-lo da terra de Canaã (1 Rs 13:34).
Transfigurou-se ainda em nada louvável modelo da infidelidade pela
prática da idolatria.

Fizera ele pior do que os antigos e provocou Deus a ira (1 Rs


14:16).
Deus, de Sua parte, ao tempo de Nadabe cumpriu Suas
ameaças proferidas pela instrumentalidade do ministério profético
de Aías, o silonita e já anteriormente previstas por Êx 20:5. Feriu
todos os descendentes de Jeroboão destruindo-os por completo.

41
“Por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou, e fez pecar a
Israel, e por causa da provocação com que provocara ao Senhor
Deus de Israel”. (1 Rs 15:30).

MULHER EM DELÍRIO E CARNE HUMANA


DEVORADA POR CÃES

Apesar dos clamores de Deus e dos Seus castigos ao tempo


de Acabe, a idolatria, por instigação da perversa Jezabel, no Reino
do Norte, cuja capital foi Samaria, atingiu os extremos dei Trio.
Sobre a sua nefanda memória as Sagradas Escrituras erguem o
desabonador epitáfio. “... ninguém fora como Acabe, que se
vendera para fazer o que era mau aos Olhos do Senhor; porque
Jezabel sua mulher, o incitava. E fez grandes abominações, seguindo
os ídolos...” (1 Rs 21:25-26)
Foi nesse tempo que o Senhor Deus suscitou o profeta Elias,
cujo ministério de resistência se tornou em empolgante testemunho
de coragem no serviço leal e sacrificado a Causa Divina.
A leitura dos capítulos 17 a 22 de 1 Reis e os dois primeiros
capítulos de 2 Reis é, nesta oportunidade, de todo recomendável.
Qual foi o fim de Acabe? Sempre lhe foram inúteis as
advertências vigorosas de Elias e inúteis as de Micaías guando se
preparava, aliado a Jeosafá, rei de Judá, para guerrear a Síria.
E sobremodo oportuna a lembrança da Palavra de censura de
Deus a Jeosafá por haver este aceito aliar-se com o ímpio esposo de
Jezabel: “Devias tu ajudar ao ímpio e amar aqueles que o Senhor
aborrece? Por isso virá sobre ti grande ira de diante do Senhor ” (2
Cr 19:2).
O crente evangélico pode emparceirar-se com os ímpios?
Mesmo a pretexto de ecumenismo? De evangelizar?
Apesar do apoio militar do rei de Judá Deus fulminou Acabe
com uma seta e os cães lamberam-lhe o sangue.
A Vingança Divina contudo atingiu os descendentes de Acabe,
todos trucidados por Jeú.

42
E Jezabel? Porventura escapara ilesa? A Ira do Senhor a
poupara?
E embora ela se enfeitasse, pintando inclusive as voltas dos
olhos, para receber o monarca Jeú, mandou este lançá-la da janela
do alto prédio abaixo sendo ela pisoteada por patas de cavalos. E
nem puderam sepultá-la porque os cães lhe comeram as carnes e
ela se tornou em esterco sobre o campo (2 Rs 9:30-37).

INVASÃO DE TERRAS E OPRESSÃO DO POVO

Conquanto Jeú houvesse sido instrumento de Deus na


execução dos Seus Pavorosos Juízos contra a casa de Acabe e
também houvesse ele combatido com energia os profetas de baal (2
Rs 10:15-28), não se apartou por inteiro da idolatria.
Combateu, sim, a idolatria estúpida do culto ao falso deus
baal, mas sustentou a idolatria do falso culto a Deus pelo fato de
haver conservado os bezerros de ouro esculpidos por Jeroboão (2
Rs 10:29). E a informação de 2 Rs 10:31 que muito desabona o seu
reinado: Mas ele “não teve cuidado de andar com todo o seu
coração na Lei do Senhor Deus de Israel, nem se apartou dos
pecados de Jeroboão, que fez pecar a Israel ”.
Se pela instrumentalidade de Jeú Deus Se vingou de Acabe e
de Jezabel porque eles promoveram a idolatria a baal, pela
instrumentalidade de Hazael outrossim o Senhor Deus infligiu o duro
castigo a Israel em consequência do pecado de Jeú, começando a
diminuir-lhe os territórios.
Se ao tempo de Reoboão, imediato sucessor de Salomão,
Deus dividiu o reino em duas partes como castigo da infidelidade do
velho monarca, nesta conjuntura histórica, como resultado da
iniquidade de Jeú, o Senhor permitiu por parte de Israel a perda de
faixas territoriais em favor do rei da Síria, Hazael (2 Rs 10:32).
A perda dos territórios se consumou no reinado de Jeoacaz,
filho de Jeú, quando os exércitos de Hazael dominaram
completamente Israel que se submeteu ao jugo da Síria também
durante todo o reinado de Bene-Hadade, filho de Hazael.

43
Os exércitos de Jeoacaz pelas forças de Hazael e Bene-Hadade
foram reduzidos a pó e pisoteados (2 Rs 13:7). E as Escrituras
Sagradas levantam sobre a miséria de Samaria esta triste inscrição:
“E Hazael, rei da Síria, oprimiu a Israel todos os dias de Jeoacaz ” (2
Rs 13:22).
Os descendentes de Jeú não tiveram melhor sorte do que os
de Acabe. Com efeito, em resulta do de sua repulsa contra Acabe e
os profetas de baal, o Senhor Deus permitiu-lhe a benção de se
assentarem sobre o trono os seus descendentes até a quarta
geração. Esta se completou com Zacarias, ferido e morto por Salum
que lhe movera conspirata. Se a Ira Divina atingiu a nação e o povo,
bem assim ela feriu a casa real em consequência da idolatria de Jeú
(2 Rs 15:10-12).Executou-se dessa maneira, outra vez, a ameaça dê
Deus no Decálogo: “porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus Zeloso
que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e QUARTA
geração daqueles de Me aborrecem” (Êx 20:5).
Os cruéis sofrimentos sob o jugo sírio foram insuficientes para
mover as tribos e os soberanos de Israel ao verdadeiro
arrependimento e ao propósito firme de inflexível fidelidade ao
Senhor, Único Deus. Os clamores e as advertências dos servos do
Senhor, como Elias, Eliseu, o profeta deu (homônimo do rei Jeú), o
sacerdote Jeoiada, de nada valeram para despertar aquele povo
endurecido na sua procrastinação idolatra. Por isso no reinado de
Oseias os Juízos Divinos se consumaram com a tomada de Samaria
pelos assírios, a vara da Ira Divina (Is 10:5) e o consequente
cativeiro de Israel.
O extremo da falsidade religiosa com a sua consequente
cadeia de corrupção moral clamava a Cólera de Deus. “ Samaria vira
a ser deserta, por que se rebelou contra o seu Deus; cairão à
espada; seus filhos serão despedaçados, e as suas mulheres
grávidas serão abertas pelo meio” (Os 13:16)
Com efeito, o capítulo 17 de 2 Reis, a começar do v.7, com
fortes e tristes pinceladas, registra a maldade pertinaz daquele povo
e as punições resultantes de sua idolatria: “ E sucedeu assim por os
filhos de Israel pecarem contra o Senhor, que os fizera subir da terra
do Egito, de debaixo da debaixo de mão de Faraó, rei do Egito; e

44
temeram a outros deuses, e andaram nos estatutos das nações que
o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel, e nos dos reis
de Israel, que eles fizeram. E os filhos de Israel fizeram
secretamente coisas que não eram retas, contra o Senhor seu Deus,
e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre dos
atalaias até a cidade forte. E levantaram estátuas e imagens do
bosque, em todos os altos outeiros, e de baixo de todas as árvores
verdes. E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações,
que o Senhor transportara de diante deles; e fizeram coisas ruins,
para provocarem a ira o Senhor, e serviram os ídolos, dos quais o
Senhor lhes dissera: Não fareis estas coisas. E o Senhor protestou a
Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os
videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos, e
guardai os Meus Mandamentos e os Meus Estatutos, conforme toda
a Lei que ordenei a vossos pais e que vos enviei pelo ministério de
meus servos, os profetas. Porém não deram ouvidos, antes
endureceram sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que não
creram no Senhor seu Deus. E rejeitaram os Seus Estatutos, e o Seu
Concerto, que fizera com seus pais, como também os Seus
Testemunhos, com que protestara contra eles; e andaram após a
vaidade, e ficaram vãos, como também apos as nações, que
estavam em roda deles, das quais o Senhor lhes tinha dito que não
fizessem como elas. E deixaram todos os Mandamentos do Senhor
seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros, e fizeram
um ídolo no bosque, e se prostraram perante todo o exercito do
céu,e serviram a baal. Também fizeram passar pelo fogo a seus
filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros;
e venderam-se para fazer o que parecia mal aos Olhos do Senhor,
para o provocarem a ira. Pelo que o Senhor muito Se indignou sobre
Israel, e os tirou de diante da Sua Face: nada mais ficou, senão só a
tribo de Judá. Até Judá não guardou os Mandamentos do Senhor
seu Deus; antes andaram nos estatutos de Israel, que eles fizeram.
Pelo que o Senhor rejeitou a toda a semente de Israel, e os oprimiu,
e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante da
Sua Presença. Porque rasgou a Israel da casa de Davi; e fizeram rei
a Jeroboão, filho de Nebate. E Jeroboão apartou a Israel de seguir o

45
Senhor, e os fez pecar um grande pecado. Assim andaram os filhos
de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha feito; nunca se
apartaram deles. Até que o Senhor tirou a Israel de diante da Sua
Presença, como falara pelo ministério de todos os Seus ser vos, os
profetas. Assim foi Israel transportado da sua terra a Assíria até o
dia de hoje".

II

Porventura as tribos de Judá e de Benjamim foram mais fiéis


ao Senhor do que as de Israel?
Este Reino de Judá, com exceção da usurpadora Atalia, foi
governado por dezenove monarcas da casa de Davi, quase todos
ímpios, a semelhança dos do Reino do Norte. Judá em extremo foi
iníquo. E se Lhe foi infiel, acaso poupar-lhe-ia o Senhor o azorrague
da aflição pelo motivo de se localizar em seus limites o Templo de
Jerusalém?

HOMOSSEXUAIS NO PODER

Reoboão, filho e sucessor imediado de Salomão, no trono de


Judá, logo no início do seu governo, permitiu-se cercar de jovens
inexperientes, insensatos e depravados. Facilitou o desbragado surto
da mentira religiosa e, de parelha, a aviltante chaga social do
homossexualismo (1 Rs 14:22-24). “... e deixou a Lei do Senhor, e
com ele todo o Israel ” (2 Cr 12:1), pois o povo se espelha em seus
líderes e os segue.
Sem maiores delongas ocorreu a punição vinda de Deus. Logo
no quinto ano do seu reinado (note-se: em apenas cinco anos
Reoboão facilitou a total decadência da religião e dos costumes). E
como castigo Sisaque, faraó egípcio, atacou Jerusalém e saqueou o
Templo (1 Rs 14:26). E como escárnio, por intermédio do profeta
Semaías, Deus revelou a Reoboão: “ vós Me deixastes a Mim, pelo
que Eu também vos deixei na mão de Sisaque ”. (2 Cr 12:5).

46
Amargando confrangedora humilhação substituiu os antigos
vasos sagrados feitos de ouro ao tempo de Salomão, por outros
fabricados de cobre porque os primeiros foram saqueados (1 Rs
14:27).
O resultado da liderança dos reis ímpios, sucessores do ímpio
Reoboão, levou o povo a estar “ por muitos dias sem o Verdadeiro
Deus, e sem sacerdote que o ensinasse, e sem Lei .” (2 Cr 15:3).
Em decorrência desse abandono espiritual o sofrimento recaía
sobre ele: “E naqueles tempos não havia paz nem para o que saía,
nem para o que entrava, mas muitas perturbações sobre todos os
habitantes daquelas terras. Porque gente contra gente, e cidade
contra cidade se despedaçavam, PORQUE DEUS OS CONTURBARA
COM TODA A ANGÚSTIA”. (2 Cr 15:56).

ALIANÇA CRIMINOSA AO NÍVEL DE TRAIÇÃO

A boa vontade do rei Asa por ser superficial deixou de


reconduzir o povo a fidelidade ao Senhor e sua longa aliança com
Bene-Hadade da Síria atraiu contra ele a Indignação de Deus (2 Cr
15:16).
Enquanto desfruiu da assistência espiritual e das orientações
do sacerdote Jeoiada, Joas se dispôs a restaurar o legítimo culto no
Templo, pois a época da ímpia Atai ia a casa de Deus fora arruinada
por completo e todos os utensílios sagrados entregues ao culto dos
baalins. (2 Cr 24:7)
Com a morte de Jeoiada, contudo, o monarca Joás descambou
para a idolatria apesar dos protestos dos profetas. E grande Ira do
Senhor Deus Se abateu sobre Judá e Jerusalém. Os Juízos Divinos
foram executados pelos exércitos da Síria (2 Cr 24:18-27).

PETULÂNCIA, LEPRA E CAMBALACHO

Uzias, por haver buscado ao Senhor, Deus o fez prosperar em


seu Reino. Arrogante, porém, praticou culto falso a Deus quando

47
entrou no Templo e apesar da resistência dos sacerdotes ofertou
incenso. O castigo ocorreu prontamente com a lepra que o
acometeu para o resto da vida.
Ao tempo do governo deste soberano os profetas Isaías, Amós
e Oseias iniciaram o seu ministério de duras advertências ao povo e
as autoridades.
Os festivos idiotas de hoje apregoam o ecumenismo como
experiência moderna em busca de paz e de entendimento entre os
homens.
Vou às Escrituras e encontro lá a prática da ação ecumênica.
Séculos antes de Cristo os monarcas do Reino de Judá e do Reino
da Samaria decidiram experimentar a pacificação, o entendimento, a
política da boa vizinhança, o diálogo, o ecumenismo.
A aliança política enraizada no respeito mútuo e na mútua
cooperação até nas operações bélicas em prol da defesa diante dos
ataques de outros povos vizinhos, Síria e Assíria, inimigos comuns.
Como não podia deixar de ser a iniciativa de acordo
ecumênico partiu de Acabe, ímpio rei da Samaria.
Os efeitos nefastos se fizeram imediatos. O culto a baal entrou
no Reino de Judá provocando a dissolução das restantes energias
espirituais e morais dos príncipes e do povo.

ICONOCLASTIA NA OPERAÇÃO LIMPEZA

O reinado de vinte e nove anos de Ezequias se constitui num


oásis diante dos ímpios reis. O grande servo de Deus principiou o
seu governo restabelecendo em duas etapas diferentes o verdadeiro
culto do Senhor.
A primeira etapa foi a de limpeza. Todo o genuíno
reavivamento começa com a limpeza da sujeira da mentira religiosa.
O piedoso rei determinou se abrisse o Templo que havia sido
fechado, depois de saqueado e vilipendiado, pelo seu pai Acaz, o
monarca seu antecessor. Limpou-o de todas as imundícias.
Determinou também a destruição completadas imagens de escultura
espalhadas em todo o Reino.

48
A operação limpeza do santo rei iconoclasta atingiu bem assim
o culto falso a Deus, além do culto aos deuses falsos.
Com efeito, o povo transformara em objeto de veneração
aquela imagem milagrosa da serpente metálica construída por
Moisés sob a ordem divina. Na sua retidão, o piedoso soberano
quebrou-a reduzindo-a a pedaços.
A etapa positiva da administração de Ezequias foi a da
restauração do Templo, do legítimo culto, do exercício do sacerdócio
e dos sacrifícios.
As Sagradas Escrituras celebrizam-no com esta proclamação:
“E fez o que era reto aos Olhos do Senhor… No Senhor Deus de
Israel confiou, de maneira que depois dele não houve seu
semelhante entre todos os reis de Judá, nem os que foram antes
dele. Porque se chegou ao Senhor, não se apartou de após Ele, e
guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés. Assim
foi o Senhor com ele…” (2 Rs 18:3,5-7)
Deus abençoou com abundância a sua administração,
concedendo-lhe inclusive importante vitória sobre os assírios
invasores.

OUTRA VEZ IMUNDÍCIA SOBRE IMUNDÍCIA

Morto o santo rei iconoclasta, o seu filho e sucessor,


Manasses, na sua impiedade, desviou a nação dos retos caminhos
do Senhor, entregando-a de novo a imundícia religiosa, conforme as
abominações dos gentios. Reedificou altares, restaurou baal,
exercitou a macumbaria, passou seus próprios filhos pelo fogo,
instituiu feiticeiros. E também no cúmulo do ecumenismo apóstata,
levantou altares no próprio Templo, em cujo interior entronizou uma
imagem de escultura.
E o povo o secundou “porque Manassés de tal modo os fez
errar, que fizeram pior do que as nações, que o Senhor tinha
destruído de diante dos filhos de Israel ” (2 Rs 21:9).
Omitir-Se-ia o Senhor Deus? Aplacar-Se-ia a Sua Infinita
Justiça só com a lembrança da fidelidade de Ezequias? Tendo em

49
vista o zelo iconoclasta daquele piedoso rei, tornar-Se-ia tolerante
para com as imundícias de Manassés?
Bem ao contrário! A fidelidade de Ezequias ainda na memória
de Manassés e do próprio povo, se tornara em vigorosa razão para
se inflamar mais ainda a Justiça Infinita. Aquele povo obstinado em
servir a vaidade religiosa jamais poderia alegar ignorância!
É a ameaça do Senhor Deus: “Eis que hei de trazer tal mal
sobre Jerusalém e Judá, que qualquer que ouvir, lhe ficarão
retinindo ambas as orelhas. Estenderei sobre Jerusalém o cordel de
Samaria e o prumo da casa de Acabe; e limparei a Jerusalém, como
quem limpa a escudela a limpa e a vira sobre sua face. E
desampararei o resto da minha herança, entrega-los-ei na mão de
seus inimigos; e far-se-ão roubo e despojo para todos os seus
inimigos” (2 Rs 21:12-14).
A Ira de Deus atingiu Manassés quando o Senhor trouxe os
exércitos assírios, que o prenderam entre espinhais, e o amarraram
com cadeias e o levaram a Babilônia.
Deus, todavia, é Deus também de Compaixão. Arrependa-se o
pecador e Ele Se aplaca. Na sua angústia, arrependido e contrito,
Manassés clamou ao Senhor.
Restaurado pelo Poder Misericordioso de Deus, o arrependido
monarca passou a se comportar de acordo com o seu
arrependimento. Limpou da Casa do Senhor a imundícia dos altares
estranhos e das estátuas, reparou o verdadeiro altar de Deus e
ordenou ao povo fidelidade ao Senhor.
Conquanto esse povo atendera a determinação do seu
soberano, ao suprimir a veneração aos baalins, prosseguiu no culto
falso a Deus porque oferecia sacrifícios a Deus nos altos, lugares
inconvenientes de vez que o local escolhido e indicado pelo Senhor
Deus para os holocaustos era o Templo.
O arrependimento de Manassés não o moveu a espatifar os
ídolos como deveria ter procedido a exemplo de seu pai Ezequias
que, embora jamais houvesse pessoalmente praticado a abominação
da mentira religiosa, destruíra as imagens de escultura e a própria
serpente metálica.

50
Manassés apenas retirou as estátuas dos lugares sagrados. E
seu filho Amom, ao subir ao trono, restaurou-as todas e as
reentronizou. E as serviu...
Seguidor de falsa religião, Amom multiplicou os seus delitos.
Nunca se humilhou e, como castigo vítima de uma conspiração
tramada pelos seus próprios servos, foi assassinado em seu palácio.

ALTARES DERRUBADOS E SACERDOTES DESTITUÍDOS

Josias e o último rei piedoso de Judá.


Após cerca de sessenta anos do reinado de Ezequias, tendo
assumido o poder de Judá, Josias decide, imitando aquele santo rei
iconoclasta, extinguir a idolatria. Retirou do Templo e queimou todos
os utensílios e as imagens do culto a baal. Destituiu os sacerdotes
incensadores idólatras. Extirpou os adivinhos e feiticeiros. Suprimiu
a prática cruel de sacrificar crianças no fogo em veneração ao deus
moloque. Derribou das dependências do Templo as casas dos
homossexuais.
Em valente empresa seu zelo iconoclasta atingiu outrossim as
cidades da Samaria. Sacrificou os sacerdotes espúrios instituídos por
Jeroboão e destruiu os seus altares e as imagens, inclusive as duas
do bezerro de ouro.
Tendo o sumo sacerdote Hilquias encontrado o Livro da Lei
enquanto se reparava o Templo, Josias, depois de examiná-lo,
promoveu a restauração do legítimo culto a Deus. Restabeleceu o
sacerdócio em suas funções. E no décimo oitavo ano do seu
reinado, restabeleceu a páscoa celebrando-a com a máxima
solenidade.
O reavivamento desse tempo, por ser apenas exterior a
carência de verdadeira e profunda contrição da parte dos príncipes e
do povo, não aplacou a Justiça do Senhor.
Serviu-Se Deus da profetiza Hulda para confirmar perante o rei
Josias o Seu propósito de punir o povo: “Eis que trarei mal sobre
este lugar, e sobre os seus moradores... Porquanto Me deixaram, e
queimaram incenso a outros deuses, para Me provocarem ira por

51
todas as obras das suas mãos, o Meu furor se acendeu contra este
lugar, e não se apagará” (2 Rs 22:16-17).
O Senhor Deus permitiu o encontro do Livro da Lei, o
Pentateuco, a Bíblia da época, para o povo tomar conhecimento das
maldições divinas contra os devotos praticantes de mentiras
religiosas. “Eis que trarei mal sobre este lugar, e sobre os seus
habitantes, a saber: todas as maldições que estão escritas no Livro
que se leu perante o rei de Judá” (2 Cr 34: 24).
A Josias, porém, Deus prometeu poupá-lo permitindo-lhe
passar para a Eternidade antes da assolação: “ os teus olhos não
verão todo o mal que hei de fazer sobre este lugar” (2 Rs 22:20).

ACHINCALHE A RELIGIÃO?

Foi no décimo terceiro ano do reinado deste piedoso e zeloso


rei Josias que Jeremias começou o seu ministério profético, indo até
a tomada de Jerusalém no décimo primeiro ano de Zedequias.
Durante os últimos dezoito anos de governo de Josias o
profeta Jeremias assistiu ao zelo do grande monarca.
Jeremias viveu na fase gloriosa do grande reavivamento
josiano e também na época dos terríveis Juízos do Senhor.
Vergastava com sua palavra cadente aquela restauração
religiosa apenas externa, pois a aleivosa Judá se voltara para Deus
“não com sincero coração, mas falsamente” (Jr 3: 10). Conclamava
o povo ao verdadeiro arrependimento. Denunciava a impiedade.
Invectivava o triunfalismo. Atacava os falsos profetas a serviço dos
sacerdotes prepotentes.
Jeremias foi ao seu tempo o que hoje os otimistas festivos
taxam de bitolado, quadrado, derrotista, azedo, superado.
A porta do Templo restaurado em seu esplendor, lançava,
quais dardos incendiados,as objurgatórias divinas: “ os vossos
holocaustos não Me agradam, nem Me são suaves os vossos
sacrifício.” (6:20). “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor é este...
Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada são

52
proveitosas. Furtareis vos, e matareis, e cometereis adultério, e
jurareis falsamente, e queimareis incenso a baal e andareis após
outros deuses que não conhecestes, e então vireis, e vos poreis
diante de Mim nesta Casa, que se chama pelo Meu Nome e direis:
Somos livres, podemos fazer todas estas abominações? É pois esta
Casa, que se chama pelo Meu No me, uma caverna de salteadores
aos vossos olhos? ” (7:8-11). “Como pois dizeis: Nós somos sábios e
a Lei do Senhor esta conosco? eis que em vão tem trabalhado a
falsa pena dos escribas” (8:8).
O ecumenismo de Judá fizera transbordar o cálice da Repulsa
Divina ao extremo de Deus impedir que Jeremias orasse por aquele
povo na iminência de receber o flagelo dos Juízos do Senhor “ Eis
que a Minha Ira e o Meu Furor se derramarão sobre este lugar (o
suntuoso Templo), sobre os homens e sobre os animais, e sobre as
árvores do campo, e sobre os frutos da terra; e acender-se-a e não
se apagará ”(7:20). “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes
por eles clamor nem oração, porque não os ouvirei no tempo em
que eles clamarem a Mim, por causa do seu mal” (11:14)
Com efeito, a morte de Josias precipitou a tragédia. Por isso,
chorou-a Jeremias em tão amargo pranto.
Conquanto perseguido, vilipendiado, encarcerado, desprezado,
ridicularizado, o impertérrito profeta continuou firme no
cumprimento de sua missão de deblaterar o ecumenismo de Judá.
(Se Jeremias viesse hoje ao mundo, repetiria o seu ministério
nos meios evangélicos tão semelhantes ao quadro ecumenista de
Jerusalém. E de igual maneira seria tratado hoje pelos evangélicos
conluiados e acomadrados com o modernismo teológico, com o
sibaritismo da vida macia, com o prazer dos sentidos, com o
descaso pelas coisas de Deus, com o ecumenismo, com a filosofia
do mundo).
A voz do profeta ecoava diante das portas do Templo e nas
ruas de Jerusalém. Com indiferença ouvia a maioria por considerar
vinda de um louco. Com revolta uns tantos por julgarem-na
negativista. Com desprezo e sarcasmo por muitos por reputarem-na
de um fanático, antiquado, bitolado.

53
OLHOS VAZADOS E ESCRAVIDÃO

Começaram a se cumprir os Juízos de Deus logo na ascensão


de Jeoacaz ao trono e culminaram no reinado de Zadequias, cujos
filhos em sua presença foram degolados. Ao rei Zedequias vazaram
os olhos, algemaram-no com cadeias e encarceraram até o fim dos
seus dias. Jerusalém e o Templo incendiados e os muros da cidade
derribados pelo invasor e o povo escravizado sob os ergástulos do
cativeiro de Babilônia durante setenta longos e penosos anos.
Tornara-se a nação do povo eleito em espanto e em assobio.
E agora duas perguntas: Porque tamanha indignação de Deus
e tamanhos e tão trágicos castigos contra o próprio povo escolhido?
Por causa de suas infidelidades ao adotar a mentira religiosa.
E por que tamanha gravidade na punição?
Por ser a mentira religiosa o pecado que mais ofende e afronta
a Deus Único Senhor, cioso e ávido de Sua Glória, que jamais dará a
outrem!
Deus vergasta o Seu próprio povo com o azorrague da aflição
e através de Isaías esclarece o motivo do castigo: “ Por amor de
Mim, por amor de Mim o faço; porque como seria profanado o Meu
Nome? A Minha Glória não a darei a outrem” (48:11)

54
O CONCEITO DIVINO DAS MENTIRAS
RELIGIOSAS

Para Deus — a própria Verdade — o vocábulo idolatria


consubstancia e conglomera todas as manifestações do engano
religioso.
Senão vejamos!
Atribuir-se a salvação eterna a méritos provenientes das
fictícias boas obras é idolatrá-las. E transferir a Glória da Graça de
Deus a obras humanas. E isso é idolatria.
A devoção aos cognominados “santos” e idolatria por tentar
transmitir de Deus para criaturas humanas a Sua Glória.
O culto a Maria em todas as suas formas enaltecedoras de sua
cobiçada corredenção, mediação, refugio, advogada dos pecadores,
maternidade divina, e também idolatria por ambicionar ceder a
Glória do Senhor Deus para uma mulher.
A missa com a sua “transubstanciação” é a suprema expressão
idolátrica mais grosseira do que o culto das imagens. Almeja esse
rito blasfemo passar para um pequeno aglomerado de farinha de
trigo a Glória exclusiva de Deus nosso Senhor.
O purgatório, o primado do bispo de Roma com a sua
propalada infalibilidade, os sacramentos, o sacerdócio católico, a
hierarquia clerical, tudo são expressões da mesma idolatria.
A ferradura, a pata de coelho, o horóscopo ο número treze, a
figa, a espada-de-são-jorge, à arruda, a cruz, os sinais cabalísticos,
as benze duras, a água benta e a fluida, são igualmente formas de
idolatria.
A invocação dos mortos, o culto espírita e o umbandista, a
metempsicose ou transmigração dos espíritos, de semelhante modo

55
são exteriorizações da idolatria pelo mesmo motivo de pretenderem
se apropriar da Glória de Deus.
O Senhor Deus detesta a idolatria em todas as suas
manifestações, desde o culto as imagens esculpidas em Sua honra
ate as fabricadas em louvor de deuses falsos. Desde a veneração do
sol e das forças da natureza até o respeito a hóstia.
Tudo o que intenta subtrair-Lhe ou sonegar-Lhe a Glória que
Lhe é exclusiva se constitui em idolatria e Ele, por isso, abomina e
repudia.
Deus, no propósito de revelar ao homem a Sua repulsa a ela,
na extensão das Escrituras Sagradas, emprega as palavras mais
contundentes e chocantes. Cunha-a com os vocábulos que denotam
as piores baixezas.
Chama-a de:
‫ ־‬VAIDADE (1 Rs 16:13,26; 2 Rs 17:15; Jr 2:5; 10:3,15; 18:15; 51:
18; Hc 2:16; At 14:15),
- VAIDADES DOS GENTIOS (Jr 14:22; 16:19),
- ENSINO DE VAIDADES (Jr 10:8),
- MENTIRA (Jr 10:14; 13:25; 16:19; 51:17; Hc 2:18; Nm 3:1; Is
28:15),
- MAL (2 Rs 21:15,16; 2 Cr 33:6; 34:33; Dt 4:25; 9:18; 17:2),
- MALDADE (Dt 17:5; Jr 14:10; 23:11; 33:5; 44:3,5,9,22; Ez 6:9;
7:19; 36:23,31,33),
- O QUE E MAU (Dt 4:25; 9:18; 17:2),
- COISAS RUINS (2 Rs 17:11),
- COISA VÃ (Is 41:29),
- COISA ABOMINÁVEL (Jr 44:4; Ez 20:8),
- COISA IMUNDA (Ez 7:20),
- COISA VERGONHOSA (Jr 3:24),
‫ ־‬DESVIO DO CAMINHO (Dt 4:25),
- PECADO (Dt 9:21),
‫ ־‬TROPEÇO DE MALDADE (Ez 14:3-4,7),
- VENTO E NADA (Is 41:29),
- OBRA DE ENGANOS (Jr 10:15),
- DE NENHUM PROVEITO (Jr 2:8),
- CISTERNAS ROTAS (Jr 2:13),

56
- FALSIDADE (Is 28:15),
- REBELDIA (Jr 14:7),
- INFIDELIDADE (Ez 16:43),
- TESOUROS DE IMPIEDADE (Mq 6:10),
- IMPIEDADE (Jr 14:20),
- APOSTASIA (Jr 2:19; 3:6; 4:6),
- MALÍCIA (Jr 2:2),
- CORRUPÇÃO (Dt 4:16; 9:12; 2 Cr 27:2),
- IMUNDÍCIA (2 Cr 29:5,16; Ez 36:29),
- VIOLÊNCIA (Ez 8:17),
- FEITIÇARIAS (2 Rs 9:22; Mq 5:12),
- PREVARICAÇÃO (Mq 1:5),
- CONTAMINAÇÃO (Ez 20:7,30,31; 23:7,12,17),
- ABOMINAÇA0 (Dt 17:4; 21:18; 2 Cr 33:2; 36:14; Jr 13:27; 16:18;
32:34; 44:22; Ez 6:9; 7:3, 4, 8, 9, 20; 14:6; 16:22, 36, 50, 51, 58;
20:7, 30, 36; 33:29; 36:31; 44:6, 7, 13),
- ABOMINAÇÃO DAS MALDADES (Ez 6:11),
- IMPUDÊNCIA (Jr 11:13),
- IMPUDICÍCIA (Ez 23:8,14,17),
- DEVASSIDÃO (Ez 23:7, 11, 18, 29, 35),
- LASCÍVIA (Ez 23:48),
- LUXURIA (Ez 23:21, 27, 29, 35),
- PROSTITUIÇÃO (Êx 34:15-16; 2 Rs 9:22; Jr 2:20; 3:2; 13:27; Ez
16:15-17, 20-22, 25-29, 33-34, 36; 20:30; 23:19,27, 29; 43:7-9; Mq
1:7),
- MERETRÍCIO (Ez 16:30-31, 33, 35),
- ADULTÉRIO (Jr 3:8-9;13:27; Ez 16:32; 23:37).
Essas palavras e locuções brutais revelam o conceito que Deus
tem da mentira religiosa.
Em meu livro: A MISSA me alongo em dissecar a luz das
Escrituras a cerimônia-coração do catolicismo vaticano.
Celebrava-a eu com toda a devoção, crendo firmemente
transformarem-se o pão e o vinho no próprio Deus. E quando me
ajoelhava, fazia-o com plena consciência para adorar a Deus
naquela hóstia porque de acordo com a teologia romanista a hóstia
não representa Deus, pois ela é o próprio Deus.

57
Pois bem, esse meu pecado repetido por mim umas sete mil
vezes é idolatria espessa.
Lá nas remotas antiguidades os pagãos primitivos adoravam o
sol, a lua, o trovão, as forças da natureza. Ainda hoje, na índia,
cultua-se a vaca por considerá-la sagrada.
Mas o pagão atual, o pagão católico, adora uma bolacha de
farinha trigo.
Ao rezar sete mil missas, sem enumerar as muito mais vezes
que me prostrei perante a hóstia para adorá-la fora da missa, ao
rezar sete mil missas por sete mil vezes me sujeitei a mentira.
Por sete mil vezes submeti-me a vaidade.
Por sete mil vezes pratiquei a maldade.
Por sete mil vezes fiz o que é mau, coisa vã, coisa abominável,
coisa imunda e vergonhosa.
Por sete mil vezes cometi o grande pecado.
Por sete mil vezes rebelei-me.
Por sete mil vezes fui ímpio.
Por sete mil vezes prevariquei.
Por sete mil vezes resvalei para a imundícia.
Por sete mil vezes envolvi-me em feitiçarias.
Por sete mil vezes perpetrei a abominação.
Por sete mil vezes incorri em prostituição.
Por sete mil vezes adulterei.
Por sete mil vezes fui luxurioso, devasso, lascivo.
E as outras tantas manifestações de idolatria católica? Como o
culto aos santos? As imagens? A Maria? Ao papa? Aos sacramentos?
Ao purgatório? As almas dos defuntos?
Multipliquem-se sete mil por sete mil! Por sete milhões ou por
sete trilhões!!!
Os meus pecados em suma gravidade são muitos,
muitíssimos, incontáveis.
Lendo as cartas de Paulo Apostolo encontro um
pronunciamento do qual eu discordo.
De todas as Maravilhosas Escrituras do Apóstolo discordo de
uma só.

58
Em sua Primeira Epístola a Timóteo (1:15) ele se apresenta
como o principal de todos os pecadores.
Discordo dele porque de todos os pecadores, inclusive ele,
abrangendo-se todos os assassinos, todos os terroristas, todos os
perversos, todos os opressores, eu, sim sou o maior, o principal.
Paulo nunca celebrou missa, nunca cultuou Maria, Diana, ou
os “santos”, nunca rezou por defuntos, nunca expôs a hóstia à
adoração pública, nunca incorreu nas formas idolátricas de qualquer
seita do catolicismo. Eu, porém, pratiquei tudo isso.
Não tenho, portanto, sobradas razoes ao me apresentar como
o principal, o maior de todos os pecadores?
O maior de todos eles embora jamais haja me prevalecido do
meu confessionário para seduzir mulher alguma.
O maior de todos os pecadores embora jamais haja me
locupletado de riquezas ao administrar as fortunas do Vaticano.
O maior de todos eles embora jamais haja derramado uma
gota de sangue de quem quer que seja.
Sim, de todos os pecadores sou o maior por haver cometido o
pecado que Deus nosso Senhor mais aborrece, mais abomina, mais
detesta, mais odeia, mais repele. Do qual Deus Se enoja e tem asco
por Lhe ser o pecado mais ultrajante, mais injurioso, mais
insultante, pois Ele é o ÚNICO SENHOR e a ninguém transfere a Sua
Glória!

59
O MINISTÉRIO DE MOISÉS

O grande “homem de Deus” (1 Cr 23:14; 2 Cr 30:6); educado


na corte do Egito, onde fora instruído em toda a ciência; que falava
face a face com o Senhor; que, ao lado de Elias, conversou com
Jesus na Transfiguração; Moisés, cuja pele facial emitia ofuscante
luz; que consubstanciara no Pentateuco a Lei de Deus; Moisés o
grande condotiero do povo eleito na marcha pelos desertos em
busca de Canaã; Moisés é realçado pelas Páginas Sagradas entre os
seus mais insignes vultos.
O seu ministério é variado. Legislador, libertador, empenhado
na oração, líder. E ainda: defensor da Verdade Divina.
Sua biografia empolga sobretudo pela sua intrepidez em
preservar a fidelidade a Deus Senhor nosso.
A Bíblia enaltece-o como o homem “ mui manso, mais de que
todos os homens que havia terra” (Nm 12:3). Lendo nas Escrituras
dados biográficos, contudo, encontro-o excitado.
Encontro-o ousado perante o faraó egípcio. Ameaçador.
Exigente E a estender o seu cajado para ferir com terríveis pragas a
terra,que, séculos anteriores, ao tempo de José, acolhera os seus
antepassados tangidos pela fome.
Manso, o homem mais manso dentre todos! Encontro-o,
porém, a se rejubilar com intensidade por causa do afogamento dos
exércitos egiptanos tragados pelas águas do Mar Vermelho apos a
passagem miraculosa, a pés enxutos, do povo eleito.
Manso, o homem mais manso dentre todos! Encontro-o, no
entanto, a clamar ao Senhor Deus contra os rebeldes Coré, Datã e

60
Abirão, com efeito, castigados ao serem engulidos pela terra
fendida.
Manso, o homem mais manso dentre todos! Todavia, nas
Paginas Sagradas encontro Moisés em fúria extrema lá em Sitím
onde o povo se prostituiu com as mulheres moabitas e cultuou Baal-
Peor, e a estimular o sacerdote Finéias a atravessar um varão e sua
mulher idólatras.
Manso, o homem mais manso dentre todos, movido a clamar
misericórdia em favor do povo de dura cerviz! Vejo-o, contudo,
ameaçador e a anunciar pavorosos castigos.
Manso, o homem mais manso dentre todos! Na hora de sua
partida para a Eternidade todavia, ouço-o a proclamar o seu
derradeiro cântico. Suas advertências são de inexcedível
terribilidade. Não aconselha ao povo que se escuse de assassinar.
Não lhe lembra que evite de roubar. Não o exorta a que se esquive
do adultério. Não lhe menciona os postulados morais do Decálogo.
Recrimina-lhe, sim, o haver se corrompido com a mentira
religiosa. Adverte-o das tremendas punições se, resvalando para a
idolatria, provocar Deus a ira e a zelos.
Encontro Moisés, o homem mui manso, o mais manso dentre
todos a espatifar as tábuas da Lei, a moer e a queimar o bezerro de
ouro e a mandar matar os idolatras do seu povo quando acampado
no deserto de Sinai.
Manso e com os lábios carregados de palavras duras e
ameaçadoras?
Manso e a clamar vingança?
Manso e a espatifar objetos religiosos do culto dos outros?
Manso e a vingar a Santidade Divina?
Haverá incoerências na conduta de Moisés? Ou contradições
nas Sagradas Escrituras?
Manso e o indivíduo brando de gênio, plácido, tranquilo.
Manso, contudo, está longe de significar um indivíduo
mansarrão, pachorrento, moleirão, “banana”, omisso, palerma,
indolente, simplório, pateta, conivente.
Moisés foi manso! Mui manso. O mais manso de todos os
varões!

61
A sua mansidão move-o a renunciar as glórias e o comodismo
do palácio de faraó e a abrigar-se pacientemente durante quarenta
anos nas terras de Midiã. Indu-lo à perseverança tranquila diante do
procrastinador e dissimulador faraó.
A sua mansidão fá-lo suportar Zípora sua esposa agastada e
azeda, que resolve, na sua tola obstinação, abandonar o marido
levando-lhe os filhos.
A sua mansidão leva-o a ser indulgente com as recriminações
do povo contra a sua própria pessoa e a, compadecido dos seus
dirigidos flagelados com duras provas consequentes de sua rebeldia,
exorar a Misericórdia de Deus.
Manso, mui manso, o mais manso dentre todos, Moisés,
entretanto, jamais se emparceirou com os idolatras e nunca se
acumpliciou com a mentira religiosa, o pecado que afronta a Deus
na Sua própria Verdade Infinita.

62
FATOS DO MEU ARREPENDIMENTO

Em Maio de 1961, ainda pároco em Guaratinguetá (SP),


comecei a ler a Bíblia.
Aprendera a não crer nela como Palavra de Deus. A palavra do
papa, consoante os ensinos do meu seminário católico, definia, para
mim, todas as questões religiosas e morais. E com vantagens por
ser atual e proferida com vocábulos atuais, e ainda, por enfocar
assuntos do debate sócio-político e da civilização técnica
contemporânea.
Era-me enfadonha e insulsa a leitura das Escrituras.
Um grande sofrimento me conduziu a sua leitura. E o Espírito
Santo me induziu a crer nelas como a Palavra Única, Santa,
Inerrante e Infalível de Deus nosso Senhor.
Impossível outrossim esquivar-me de confrontar e cotejar
dogmas católicos com as Sagradas Escrituras. Cria neles com ardor
e devoção. Munido de enorme boa-vontade anelava vê-los
plenamente apoiados e confirmados pela Palavra de Deus. O estudo
de cotejo, porém, assustava-me.
Alarmava-me. Demonstrava-me que as estruturas da
dogmática vaticanista não se enraizavam nas Páginas da Bíblia.

63
NUM FOLHETO “PROTESTANTE” O MOTIVO
DO MEU DESESPERO

Entrementes a minha pesquisa de confronto, numa semana


inteira, os evangélicos de Guaratinguetá distribuíram a farta uns
folhetos combatendo com vigor o culto aos “santos” e as imagens.
Omiti-me de lê-los, pois nunca lera qualquer literatura
“protestante” e não seria agora a fazê-lo.
Os meus fieis mais chegados vieram me reclamar. Persisti em
negligenciar o pedido deles no sentido de esclarecer o povo.
Um Domingo de manha quando, na sacristia, me paramentava
para celebrar a missa das sete horas, aproximou-se Dona Francisca,
senhora muito devota e a quem devia uma infindável enfiada de
favores.
Alarmada exigiu:
- Senhor Vigário, isso não pode continuar. Os ‫״‬protestantes”
achincalham a nossa religião, o povo está aturdido, muita gente
reclama e o senhor não diz nada. Veja aqui este folheto contra as
santas imagens. E o senhor calado. Eu exijo que agora na missa o
senhor de uma explicação disso aqui…
E com as mãos trêmulas me passou o papel.
- Que remédio!, pensei cá com meus botões. Por sinal muitos
botões sobretudo na batina, de alto a baixo. Mais de quarenta.
- Tranquilize-se dona Francisca! Atenderei seu pedido.
E, voltando-me para o ajudante de missa (o acólito ou coroinha):
- Vá, por favor, ao meu quarto e me traga a Bíblia que está em
cima da mesinha de cabeceira. É aquele livro grosso de capa preta.
Pedi-lhe levasse a Bíblia com o folheto para o púlpito.
Principiei a missa. Preocupadíssimo. A assistência rezou o: “eu creio
pecador me confesso a Deus …” Em seguida, o cântico do hino: “no
Céu, no Céu com minha mãe estarei …”

64
A MINHA COVARDIA DE BOM SACERDOTE

Apos a leitura do trecho do Evangelho daquele Domingo,


retirei a casula e me encaminhei para o púlpito. Comecei a prédica.
Feita a rápida introdução abri o dito folheto. Pela primeira vez leria
uma literatura evangélica.
Em meu íntimo um remorso. Por que não o li antes de galgar
os degraus do púlpito? Poderia agora ter desagradáveis surpresas.
Logo nas linhas iniciais o escrito aludia ao texto de Êx 20:1-17.
Abri a Bíblia na passagem indicada. Preferi esta iniciativa
porque o folheto só transcrevia os vv.3-6.
Li com voz pausada e alta os três primeiros versículos.
Estendi-me em considerações sobre deuses pagãos citando nomes
de alguns do passado remoto. Considerava que os católicos creem
no Verdadeiro e Único Deus.
Enquanto mecanicamente pronunciava essas frases, Bíblia
aberta nas mãos, os meus olhos passeavam pelos versículos
seguintes, transcritos no impresso evangélico.
Aturdido e sobressaltado, deixei a leitura do Texto Bíblico.
Fechei o Volume Sagrado. Seguro de que se lesse alto e inteligível
som aqueles versos, daria armas para os inimigos. Reconhecia-me
destituído de argumentos para esclarecer o meu povo.
Alinhavei umas frases de exortação aos meus fiéis a fim de se
conservarem devotos das “santas” imagens, porque Deus proibia
imagens de deuses pagãos, mas não proibia as dos “santos”, as de
Jesus e as de “nossa senhora”. Exortei-os a rezar a “nossa senhora”,
o “martelo das heresias”. Puxei a “ave-maria” seguido pelo auditório
já ajoelhado.
E descí os degraus daquele púlpito. Desci-os envergonhado.
Prossegui a missa: “Credo in unum Deum, Patrem Omnipotentem...”,
“Dominus vobiscum...”. “Sursum corda”. “Hoc est enim Corpus
Meum...”, “Per ipsum, cum ipso et in ipso…” E o remorso a me arder
na consciência.
Enquanto distribuía a centenas de pessoas a hóstia em
comunhão, muito amargurado pensava:

65
- Fui covarde. Soneguei explicações claras ao povo. Que
vigário sou eu?
E procurava desculpar-me:
- Mas, nem eu mesmo entendo do assunto. Esses
“protestantes” deveriam continuar lá nas suas baiucas e me
deixarem em paz…
Propunha-me outrossim:
- Durante esta semana vou estudar a fundo o assunto e Domingo
que vem eu racho os “protestantes”. Ah, eles vão ver com quem
estão brincando…

ÊTA DIA QUE NÃO QUERIA PASSAR …

Em atroz agonia passei as longas e arrastadas horas daquele


dia. Como autômato ia cumprindo minhas tarefas. Eh, Domingo
cheio de tanto serviço e de tantos imprevistos. Até o prefeito foi lá
em casa. O bispo telefonou. Da roça me chamaram para atender um
doente. Até por cinco horas da tarde, para cúmulo do meu
desespero, apareceu a Ursulina (mulher importuna como o diabo).
Devota com o pescoço arcado de medalhas e bentinhos. Voz fininha
e monocórdia. Quando se destemperava, era uma matraca sem fim.
Ininterrupta, impedia qualquer palavra alheia. Estourando por
dentro, com aquela resignação imposta, só ouvia.
Ouvia a Ursulina sem acompanhar o assunto dela. Mudo,
pensava na minha desdita e remoía o aborrecimento de haver
naquela manhã sido incompetente de esclarecer o povo.
Terminada a missa vespertina, mal comi aquela janta, fui
atender com pressa muita gente. Uns queriam marcar missa por
alma de defunto. Outros queriam benzer imagens. O Lourenço fora
receber as corridas do seu carro. Lá um queria saber o preço de
casamento mais barato. Uma madame me molestava, sôfrega em
me contar as historias de suas desavenças com a vizinha, também
“irmã” do “apostolado do sagrado coração”. O Aracymir fora
agradecer a minha palestra da terça-feira passada na reunião do
Rotary.

66
Quando todos se foram, com um uuufffaaaa… bem comprido
fechei a porta da frente:
- Pronto! Agora vou tirar a limpo esse assunto de culto de
imagens. Que esperar para o meio da semana! É agora!

OUTRA VEZ AS VOLTAS COM OS


COMPÊNDIOS DE TEOLOGIA

Retirei das prateleiras da minha biblioteca compêndios de


teologia dogmática. Meia dúzia deles. Abri-os nas páginas da
matéria. No canto da grande mesa forrada com tanto livro aberto, a
Bíblia fechada.
Li a exposição de todos eles. (Na retina dos meus olhos a
figura do nosso professor de teologia dogmática: o cônego Siqueira,
devotamente corcunda e cabeça inclinada para a direita). A
montagem da argumentação em semelhante estrutura em todos.
Explicação dos termos da tese. Provas da tradição e dos concílios.
Declarações de papas.
Argumentos da razão. E antes da refutação de objeções,
algumas referências bíblicas: Deus mandara fazer anjos, imagens
deles no Templo de Salomão, o “seu” fulano que se ajoelhou diante
do “seu” sicrano, a serpente de metal …
A única diferença é que uns compêndios tinham um latim mais
solene e mais castiço do que os outros.

A PROVA DA SERPENTE

Nas provas escriturísticas, embora já houvesse em meu


seminário estudado o assunto, uma referência despertou-me com
insistência a atenção: la nas terras de Edom os israelitas viajores
foram hostilizados por serpentes venenosas dizimando-os. Deus,
compadecido, ordenou a Moisés fabricar uma imagem em metal
duma serpente. E qualquer pessoa acometida pelas víboras

67
venenosas, olhando para a imagem metálica, de imediato e
prodigiosamente, curava-se.
Eis a grande prova bíblica do culto as imagens, concluíam os
compêndios de teologia dogmática.
Cansado de tanto corre-corre daquele Domingo e, mais ainda,
extenuado de tantos aborrecimentos e de tantas tristezas, dei-me
por vencido. E concluí:
- Deus autoriza mesmo o culto das imagens! É da Bíblia. Os
católicos estão certos. Domingo próximo darei claras explicações ao
meu povo.

NO MEU DESESPERO UM SURPREENDENTE ACHADO

Apaguei a luz da biblioteca e fui deitar-me.


Rolei na cama tantas horas. Liguei e desliguei o meu rádio de
cabeceira tantas vezes. Abri e fechei a janela, acendi e apaguei a luz
repetidamente. E nada de sono apesar da extrema canseira.
Tentei distrair-me com outros pensamentos. Pensamentos de
assuntos alegres e de assuntos tristes. E nada!
Cansado da própria cama, levantei-me de novo. Retornei a
biblioteca. Acendi a luz. Triste, pensativo, desconsolado, insatisfeito
com o argumento da serpente metálica, assim num gesto de quem
já se deu por vencido diante de um cruel destino, folheava a Bíblia.
Virava-lhe as páginas sem me deter em nenhuma. De repente meus
olhos se fixaram em 2 Rs 18. Vi os vocábulos: “serpente de metal”.
Considerei: - Ora! A Bíblia menciona em outro lugar a
serpente? Por que será? Mas nenhum livro de teologia alude a esse
outro Texto.
Fui ler o Texto. Deparei-me com o fato até então por mim
desconhecido.
Ezequias, o piedoso rei de Judá, “fez o que era reto aos Olhos
do Senhor … tirou os altos e quebrou as estátuas, e deitou abaixo
os bosques; E FEZ EM PEDAÇOS A SERPENTE DE METAL QUE
MOISÉS FIZERA; PORQUE ATÉ AQUELE DIA OS FILHOS DE ISRAEL

68
LHE QUEIMAVAM INCENSO, E LHE CHAMOU NEUSΤÃ ” (2 Rs 18:3-
4).
Ao ler o Texto sofri amarga sensação de haver sido espoliado,
esbulhado, defraudado em minha boa-fé, em minha disposição de
total fidelidade ao catolicismo.
Perguntava-me a mim mesmo: - Por que os manuais de
teologia omitem essa passagem? Por que deixam de analisá-la?
Os pensamentos se atropelavam em meu cérebro.
Orei por longos minutos ate me tranquilizar.
Queria submeter-me absoluta e incondicionalmente a Vontade
de Deus nosso Senhor.

OUTRA VEZ AS VOLTAS COM O BEZERRO DE OURO

Já bem calmo e disposto a levar até o fim a minha pesquisa


acerca do assunto, dirigido pelo Espírito Santo, fui ler o registro da
confecção e da destruição do bezerro de ouro.
Toda vez que ouvi durante o meu seminário católico
referências sobre o fato, diziam tratar-se de um bezerro esculpido
em honra de falsas divindades.
Sempre que se falava acerca de idolatria vinha a baila a
sentença:
- Idolatria é o culto a um falso deus. Só imagem de deus falso
é idolatria. As imagens em honra de Jesus, dos “santos”, de “nossa
senhora” e de Deus Verdadeiro não são idolatria.
Quando comecei a ler as Escrituras, em Maio de 1961, usava a
versão de Matos Soares de aprovação romanista. Aquelas notas em
rodapé e aqueles títulos tendenciosos, porém, me preocupavam.
Davam-me a sensação de estar sendo teleguiado. Resolvi, por isso,
ler a Bíblia da versão João Ferreira de Almeida, da Imprensa Bíblica
Brasileira. De início sentia um mal-estar por ter em mãos uma Bíblia
“protestante”.
Naquela noite fui ler o relato do bezerro de ouro. Encontrei-o
em Êx 32.

69
Meus professores de seminário diziam que os israelitas
fundiram aquela estátua em honra de deuses pagãos.

UMA REGRA PRECIOSA

A versão Ferreira de Almeida, da Imprensa Bíblica Brasileira


além de ser fiel, apresenta no final de cada página os Textos afins
ou Textos que tratam do mesmo assunto.
Ora, para a compreensão exata das Escrituras há uma regra
de ouro. É esta: - A Bíblia se entende com a própria Bíblia. Ou: A
Bíblia esclarece a própria Bíblia.
Quando tenho dificuldade para compreender um assunto,
devo examinar as passagens afins, ou seja, as passagens que
versam sobre o mesmo assunto.

ESMIGALHA-SE O BEZERRO DE OURO

Naquela minha pesquisa li todos os Textos aludidos ao pé da


página do registro do fato do culto ao bezerro de ouro.
E as Sagradas Escrituras também neste episódio
demonstraram-me estar o catolicismo errado, porquanto a imagem
do bezerro fora construída em honra de Deus e por meio dela os
israelitas pretenderam adorar e cultuar o Verdadeiro Deus.
O Salmista, ao se referir ao acontecimento, diz: “ Fizeram um
bezerro em Horeb, e adoraram a imagem fundida. E converteram a
Sua Glória na figura de um boi que come erva” (Sl 106:19-20).
Neemias, de semelhante modo, afirma haver sido o bezerro
imagem de Deus: “Eles fizeram para si um bezerro de fundição, e
disseram: Este é o teu Deus, que te tirou do Egito, e cometeram
grandes blasfêmias ” (9:18).
Praticaram os israelitas o pecado de idolatria! Reconheceu-o
Estevão: “E naqueles dias fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios
ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos ” (At 7:41 cf. 1 Co
10:7).

70
Pelo fato de mudarem a Glória de Deus Incorruptível em
semelhança de imagem de um quadrúpede, “ mudaram a Verdade
de Deus em mentira” (Rm 1:24-25).
As Santas Escrituras, Palavra Inerrante e Infalível do Senhor
Deus, naquelas horas da madrugada, destruíram da minha velha fé
toda a estrutura das convicções das imagens sedimentada ao longo
de tantos anos.

OS CACOS DA RICA IMAGEM

Alvorava a manhã e os primeiros alvores de nova vida já


clareavam meu íntimo.
Encantado com a surpreendente descoberta e feliz por haver
me desvincilhado do engano iconólatra, decidi executar na prática o
que a Palavra de Deus realizara em minha vida. Se Ela me libertara
daquela fé maldita, senti-me no dever de limpar minha casa da
abominação.
Da parede de minha sala de jantar retirei a “santa ceia” e
espatifei-a. Reduzi a pedaços todos os quadros de “santos”.
Havia no meu quarto um oratório com diversas imagens: da
“senhora de Fátima”, de “são” José, da “santa” Rita de Cássia, da
“senhora” das Graças. E uma da “senhora” da Conceição. Era esta
tradicional em nossa família e benta pelo famoso cardeal Franzoni,
nosso parente. Recebera-a minha avó materna dos pais dela na
primeira metade do século passado. Dera-a a minha mãe, que, de
seu turno, ma presenteara quando de minha ordenação sacerdotal.
Em louça, a imagem era finíssima, de traços muito delicados e de
rica pintura.
Em poucos segundos todas elas, também a italiana,
transformaram-se num monte de pedaços.
Teria eu outra coisa a fazer? Com a consciência esclarecida
acerca do hediondo pecado, poderia eu abrigar sob meu teto a
abominação?

71
A CONDUTA DE JESUS CRISTO PERANTE
A FRAUDE RELIGIOSA

Já ouvi muitas vezes: - o Deus do Antigo Testamento foi Deus


de ira e de vingança; o Deus do Novo Testamento é Deus de amor,
de benignidade e de tolerância.
Nada disso! Deus é o mesmo Deus ontem, hoje e
eternamente.

DEUS IMUTÁVEL

Lá na Velha Dispensação sempre Ele Se revelou Amor.


Arrependiam-se os israelitas e o Senhor Deus lhes concedia o
perdão e todas as bençãos inerentes e dele decorrentes. Apesar de
suas recalcitrações jamais Se recusou a cumprir Suas Promessas.
Sim, o Antigo Testamento se constitui numa prova seguida da
Misericórdia Perdoadora de Deus. No objetivo de expressar essa
Soberana Misericórdia, as Escrituras chegam ao auge de lembrar a
magnanimidade do marido, com quem comparam Deus, muitas
vezes traído pela esposa infiel e sempre esperançoso de sua
recuperação moral e sempre disposto a recebê-la de volta.
O livro de Jonas é uma eloquente apologia do Amor de Deus
ansiando derramar-se sobre Nínive, reduto da gentilidade.
A missão dos profetas, de resto, visava a, invectivando as
iniquidades do povo, reconduzi-lo aos caminhos da lealdade ao
Senhor.

72
Deus, em Seu Infinito Amor, quer a nossa submissão a sua
Soberania. Em sendo o Único Deus como admitiria transferissem
Suas criaturas a Sua Glória a outrem?

DEUS-VERDADE

“Deus é a Verdade” (Dt 32:4; Jr 10:10; Sl 31:5), cuja Palavra é


a Verdade (2 Sm 7:28; Sl 119:160). Acaso aceitaria Ele ser honrado
sem a Verdade? Inocentaria o adulterador de Sua Palavra?
Ele “julgara o mundo com Justiça e os povos com a Sua
Verdade” (Sl 96:13), porquanto “O Juízo de Deus é segundo a
Verdade” (Rm 2:2).
E nem salva a não ser segundo os ditames da Sua Verdade.
Deus “quer que todos os homens sejam salvos, e venham ao
conhecimento da Verdade” (I Tm.2:4). Por isso, o salmista orava:
“Guia-me na Tua Verdade, e ensina-me; pois Tu es o Deus da minha
salvação” (Sl 25:5).

GRAÇA E VERDADE

A Obra Redentora de Jesus Cristo é uma Obra de Amor porque


fundamentalmente ela repara a Santidade Infinita ultrajada e
satisfaz a Verdade Divina postergada pelo pecado.
João, no Prólogo do seu Evangelho, transmite-nos um ensino
acima de precioso quando informa: “ E o Verbo se fez Carne e
habitou entre nós, cheio de Graça e de Verdade”. (1:14).
Anuncia a Encarnação de Jesus Cristo, o fato ímpar na História
dos homens. E complementa o anúncio expondo-nos a conduta de
Cristo “cheio de Graça e de Verdade”.
Em Cristo, desde os primórdios de Sua Vida Terrena até os
Seus Ensinamentos, desde Seus Prodígios ate e sobretudo o Seu
Sacrifício, tudo nEle é manifestação da Graça Divina em amor aos
homens. E com a Graça em exuberância a Verdade em plenitude!

73
Se “a Lei foi dada por meio de Moisés, a Graça e a Verdade
vieram por Jesus Cristo” (João 1:17).
Jamais Moisés se apresentou dizendo: eu sou a Lei. Jesus
Cristo, contudo, Se revelou como a Verdade. “ Eu sou … a Verdade”
(Jo 14:6).

CULTO EM VERDADE

Em Seu Ministério Jesus Cristo vindicou e reivindicou o culto a


Deus em Verdade. “Mas a hora vem, e agora é, em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em Verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em Verdade ”
(Jo 4:23-24).
Se, por ser Espírito, Deus quer ser adorado em espírito,
dispensando-se, portanto, quaisquer intermediários materiais, na
qualidade de a Suma Verdade exige com Justiça, ser adorado em
Verdade, execrando a mentira religiosa.

A LEGÍTIMA LIBERTAÇÃO

A Obra de Jesus Cristo é a da libertação do homem.


Fundamentalmente libertação da fraude religiosa. Proclamou Ele:
“conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” (Jo 8:32).
Ele é a própria Verdade. E como Verdade libertará de que?
Qual é o contrário da Verdade?
Não é o homicídio, não é o furto, não é o adultério…
Qual é o inverso da Verdade?
Não é o alcoolismo, não são as drogas, não é o tabagismo…
Qual é o oposto da Verdade?
É a mentira!
Cristo é a Verdade que liberta da mentira! De qual mentira?

74
Da mentira aritmética? Da mentira geográfica? Da mentira
comercial? Da mentira econômica? Da mentira social? De qual
mentira?
Em princípio, Ele liberta da mentira religiosa.

SANTIFICAÇÃO NA VERDADE

A Sua libertação é completa e plena. Ela se prolonga e se


realiza ao longo do processo da santificação do crente evangélico,
salvo e puri- ficado pelo Seu Sangue. Cumpre-se na vida do crente
evangélico a oração do Salvador: “ santifica-os na Verdade; a Tua
Palavra e a Verdade” (Jo 17:17).
O crente é santificado na Verdade, que é a Palavra de Deus.
Ele não é e não pode ser santificado na mentira religiosa.

O ESPÍRITO DE VERDADE

A santificação se processa pela operação do Espírito Santo,


também prometido por Jesus e enviado pelo Pai. “ E Eu rogarei ao
Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre; O ESPIRITO DE VERDADE” (João 14:16-17). “Mas, quando
vier o Consolador, que Eu da parte do Pai vos hei de enviar, Aquele
ESPIRITO DE VERDADE, que procede do Pai, Ele testificará de Mim.
Mas, quando vier Aquele ESPIRITO DE VERDADE, Ele vos guiará em
toda a Verdade…” (João 15:26; 18:13)
Em defluência, o salvo “pratica a Verdade” e “vem para a luz a
fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus ”
(Jo 3:21).
Jesus Cristo, a própria Verdade, pautou Seu Ministério na
Verdade e insurgiu-Se sempre contra a mentira.

75
A RAIZ DO FARISAÍSMO

A raiz das falsificações dos fariseus consistia no adotar


também a tradição como norma de fé e de vida espiritual.
O povo hebreu dos tempos messiânicos aceitara a orientação
farisaica. Muitos, assistindo os Portentos de Cristo e ouvindo as Suas
Mensagens, queriam segui-lo, sem, contudo, deixar as doutrinas dos
seus apreciados líderes.
Cristo Jesus, no entanto, é o Divisor. Impõe a quem o aceita a
renúncia de qualquer compromisso com a falsidade religiosa.
E àquele povo teimoso em conservar os ensinos farisaicos
bradava: “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o Mandamento
de Deus. Hipócritas bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de
Mim. Mas EM VÃO ME ADORAM, ENSINANDO DOUTRINAS QUE SÃO
PRECEITOS DOS HOMENS ” (Mt 15:6-9).
Luminoso ensinamento! É a lição antiga repetida por Deus
através dos antigos profetas. Em matéria de princípios Jesus Cristo
não revê e não “reinterpreta” o Velho Testamento.
Nos Registros Evangélicos deparo-me com um Jesus Cristo
compassivo com os ladrões, com os publicanos, com as adulteras,
com as prostitutas... Com os pecadores morais. Encontro-O, todavia,
de látego em punho a chicotear os insultadores do Templo, a
denunciar com extrema aspereza os chefes espirituais do Seu país.

A PUNIÇÃO DE CRISTO

Na Dispensação Antiga o Senhor Deus prometia bênçãos de


ordem material e humana em favor dos fiéis a Ele. O povo, em
consequência das circunstâncias contemporâneas, era privado da
capacidade de entender e de esperar recompensas de outra ordem.
Aos fiéis da vigência da Dispensação da Igreja Ele promete
bênçãos de ordem espiritual e eterna.
Aos obstinados infiéis na Velha Dispensação Deus infligia
castigos físicos, como a morte corporal. Aos discípulos da fraude

76
religiosa, consubstanciada na idolatria, contemporâneos da
Dispensação da Igreja, Ele ameaça com a punição eterna, além de
com sofrimentos terrenos.
Jesus Cristo, o Amor de Deus Encarnado, “ cheio de Graça e de
Verdade”, vindicou e reivindicou a Verdade Divina; Jesus Cristo, o
Restaurador da Verdade Divina porque os homens A trocaram pela
mentira (Rm 1:25); Jesus Cristo foi categórico, afirmativo e
definitivo, ao garantir: “Ficarão de fora” (dos Céus) os cães (os
falsos cristãos), e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os
homicidas, e os idolatras, e qualquer que ama e comete a mentira
(Ap 22:15). É evidente, a mentira religiosa!

SERIA O MEU DESESPERO

Esta Palavra de Jesus me deixaria louco se houvesse eu ficado


a meio caminho no desenvolver da minha conversão. Se houvesse
eu me convencido da enormidade desses pecados de idolatria, de
feitiçaria e de mentira religiosa, sem, contudo, haver confiado de
coração no Sangue do Salvador.
Enlouquecido teria sob o peso esmagador da minha tremenda
responsabilidade para com as milhares de pessoas por mim
preparadas para o inferno.
Quantas pessoas de mim aprenderam a ser idólatras e
feiticeiras! Quantas aprenderam as mais aberrantes falsidades
religiosas!
Quantas mulheres, hoje mães, transmitem aos seus filhos, e
daqui a pouco, por meio deles, a seus netos, o culto nefando a
“senhora aparecida” porque a toda noiva a cujo casamento eu
presidia presenteava com uma imagem fac-símile daquela
imaginada senhora.
Quantas hóstias — centenas de milhares — distribui a pessoas
iludidas, na sua ingenuidade, certas de estarem recebendo o próprio
Deus.

77
Quantas vezes — vezes sem número — pessoas se
ajoelharam para adorar a hóstia por mim exposta no ostensório ao
culto publico.
Quantas vezes induzi os meus fiéis (meus fiéis e infiéis de
Deus) a assistirem ã missa, que pretende repetir ou renovar o
Sacrifício de Jesus Cristo, movendo-as, assim, a cometer sacrilégio
de espezinhar o Sangue de Cristo.
Sim, Jesus Cristo Senhor nosso, na qualidade de Deus-Verdade
também detesta a fraude religiosa.
Mas Ele não e Amor?
Exatamente por ser Amor é que Ele a abomina e execra todos
quantos a praticam porquanto “o amor se regozija na Verdade” (1
Co 13:6) e não na mentira.
Regozija-se Jesus na Verdade como Amor Infinito que Ele e. E
abomina a falsidade. Por isso Ele exigiu pureza de Verdade no Culto
ao Pai.

78
O EXEMPLO DE PAULO APÓSTOLO

Paulo, o “mestre dos gentios na Fé e na Verdade” (1 Tm 2:7),


é ainda o insuperado teólogo e pregador do Evangelho. Apesar dos
potentes meios de comunicação, ninguém ate hoje a ele se
assemelhou. Comprova-o o fato de que durante os dois anos do seu
ministério em Éfeso “todos quantos habitavam na Asia ouviram a
Palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (At 19:10).
Quem hoje obtêm igual proeza, embora dispondo do rádio e
da TV a peso de ouro?
Se o ministério evangelizante do Apóstolo chama nossa
atenção e nos move a admirá-lo, Paulo, todavia, se distingue muito
mais como defensor impertérrito da Verdade do Evangelho por
causa de sua luta incansável contra a mentira religiosa e contra a
adulteração dessa Verdade.

QUANDO O PREGADOR PODE SER DEGOLADO


PELOS EVANGÉLICOS

Defrontou-se, enquanto anunciava o Evangelho a Sérgio


Paulo, governador da ilha de Chipre, com um certo Elimas, o
feiticeiro. Este macumbeiro com os seus feitos satânicos perturbava
aquela autoridade. E o Apóstolo, “cheio do Espírito Santo, e fixando
os olhos nele, disse: ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de
toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessaras de perturbar
os retos caminhos do Senhor?” (Atos 13:9-10)

79
E a cegueira, por algum tempo, tomou conta das vistas do
bruxo, enquanto o procônsul creu “maravilhado da doutrina do
Senhor”.
O que seria de um pregador se hoje, nestes desgraçados
tempos de ecumenismo, de amaciamento, de sibaritismo burguês,
de religião materializada, de conivência com a falsidade, o que seria
de um pregador hoje se se voltasse contra um idólatra à
semelhança de Paulo? Os próprios evangélicos o degolariam.

FRACASSOU O “ESPIRITO SANTO” MODERNO

É a moda nos redutos evangélicos falar-se em busca do


Espírito Santo, em ser-se cheio do Espírito Santo.
Porém, ou o Espirito Santo moderno é outro ou a Sua
plenitude mudou de conceito.
Nos primórdios do Cristianismo o Espírito Santo concedia
poder para a resistência a mentira religiosa e para a capacidade de
sofrimento pela Causa do Evangelho.
Hoje os “cheios do Espírito Santo” se amolecem, se
destemperam numa emotividade ridícula, se chafurdam na
carnalidade. E, em nome de um amor piegas e idiota, imolam no
altar dos baalins do ecumenismo a Verdade Integral do Evangelho.
A atuação corajosa de Paulo contra as falsas religiões sempre
se fez notável ao longo de sua vida apostolar.

APLAUSOS TRANSFORMADOS EM VAIAS E PEDRAS

Doutra feita, em Listra de Licaônia, no Poder de Deus, curou


de uma paralisia congênita um dos seus ouvintes.
“E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua
voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes
aos homens, e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé, e
Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava ” (At 14:11-12).

80
Os servos do Senhor, contudo, protestaram e recusaram com
determinação as grinaldas e os sacrifícios que o povo se dispunha a
oferecer-lhes. Na sua ousadia de homens cheios do Espirito Santo,
lançaram em rosto dos licaônicos a brutal recusa classificando
aqueles atos religiosos idolátricos de vaidades.
Os aplausos, porém, se transformaram em apupos e o delírio
em Ódio. Assulada pelos judeus a massa apedrejou o Apóstolo e o
arrastou para fora da cidade.
Teria, é evidente, sido muito mais cômodo para a carne se
Paulo houvesse se omitido e aceitado as homenagens idolatras.

O AGACHAMENTO DE CARTER

Nestes últimos tempos ocorreram dois conclaves para a


eleição dos dois papas Joões ou Joãos Paulos. Pois bem, Carter, o
presidente dos Estados Unidos, conquanto se diga diácono batista
não se pejou de cometer a indignidade de mandar seus
representantes pessoais às solenidades idolátricas do Vaticano. Da
primeira vez foi a mulher e da segunda a diaconisa sua mãe. E isto
em nome ou a pretexto de direitos humanos.
(Por direitos humanos estão entendendo a oportunidade que
cada povo tem de eleger pelo voto democrático os seus chefes.
Nesse caso, o catolicismo transgrediu o respeito aos direitos
humanos pois o seu chefe é eleito por uma centena apenas de
purpurados. E os 800 milhões de católicos, nesse caso, têm os seus
direitos humanos postergados. E Carter nessa hora nada diz sobre
direitos humanos dos católicos!).
O comportamento político dos “cristãos” da era
ecumenistizada se coaduna com o exemplo de Paulo? Sacrificaria o
Apostolo a Verdade do Evangelho ao baal da política? Ao baal do
prestígio?
SER OU NÃO SER

As duas madames norte-americanas, pelos bajuladores


reputadas líderes nos meios femininos batistas, ao assistirem a

81
posse dos pontífices Joões ou Joãos Paulos, participaram da missa
celebrada na ocasião.
A assistência a missa seja lá a que pretexto for é imoral por
ser um rito da idolatria mais crassa. A exortação de Paulo pode
perfeitamente ser aplicada ao caso: “meus amados, fugi da
idolatria” (1 Co 10:14).
O intimorato Apóstolo nunca concordou em que os cristãos de
Jesus Cristo se tornassem participantes com os demônios.
Os coríntios cometiam abusos na celebração da Ceia do
Senhor, recebendo do Apóstolo, por isso, grave repreensão por
considerá-los sacrificando aos demônios e não a Deus.
No conceito sobre a Verdade Paulo não tergiversou. Ser ou
não ser! Sem meias medidas. Sem complacências.
Nessa linha de fidelidade a Verdade exigia separação
incondicional. Absoluta! “Não vos prendais a um jugo desigual com
os infiéis; porque, que sociedade tem a Justiça com a injustiça? E
que comunhão tem a luz com as trevas?” (2 Co 6:14).

OS CATÓLICOS NA MIRA DE PAULO

A bravura de Paulo não se restringiu ao combate as praticas


pagãs de feitiçaria. Acometeu também, e sobretudo, a tentativa da
corrupção do Evangelho.
Uns cristãos-fariseus se dispuseram a adulterar a Gloriosa
Verdade ensinando serem necessárias a circuncisão e a prática de
obras, além dá fé em Cristo, para a salvação do pecador. Anelavam
“transtornar o Evangelho de Cristo” (Gaiatas 1:7), judaizando-O.
Desde o Concílio de Jerusalém, qual gigante de coragem,
Paulo Apostolo se insurgiu contra a tese básica da teologia católica.
Com efeito, doutrinária e historicamente o catolicismo em
todas as suas seitas se enraíza no movimento judaizante ou legalista
daqueles fariseus falsos cristãos.
Senão verifiquemos! O catolicismo ensina a necessidade da fé
em Cristo para a salvação do pecador. Mas só a fé é insuficiente por
que as obras do próprio pecador são precisas junto com aquela fé.

82
São indispensáveis outrossim os sacramentos, as devoções aos
“santos”, a Maria, e a submissão a hierarquia.
Essa contrafação do Evangelho é tao grave que impeliu Paulo
a gastar grande parte de suas energias em combatê-la.
Graças a sua valorosa intrepidez, de sua pena magistral
herdamos os seus dois luminosos documentos teológicos: as
Epístolas aos Romanos e aos Gálatas, cujo estudo e cuja
propagação são sempre atuais.

FORA DA VERDADE O AMOR É PIEGUICE IDIOTA

E da brilhante lavra paulina em 1 Co 13 o mais belo hino sobre


a excelência e as qualidades do Amor. O Amor que se regozija com
a Verdade.
Se se regozija com a Verdade, entristece-se com a mentira.
O Amor que se alegra com a mentira ou lhe é indiferente, não
é Amor. E pieguice e idiotice. E traição a Verdade!
A detestação a mentira no ministério de Paulo, contudo, nunca
foi aérea, atmosférica, volatilizada, quimérica, platônica, em sonhos
e em divagações.
Ela se concretizou em atitudes e em palavras porque “ O fruto
da luz está em toda a Bondade, e Justiça e VERDADE ” (Ef 5:9).
Por detestar a mentira religiosa, a corrupção criminosa da
Verdade do Evangelho executada pelos judaizantes, atacou-os com
tenacidade e nesta árdua batalha envolveu os seus companheiros a
começar de Timóteo por ele enviado a Éfeso com a precípua
incumbência de desmascarar e combater os fariseus legalistas
empenhados em minar a Igreja efesina.

NA DEFESA DO EVANGELHO AS PALAVRAS E


AS EXPRESSÕES MAIS VIGOROSAS

“Posto para a defesa do Evangelho” (Filipenses 1:16), “a


Palavra da Verdade” (2 Tm 2:15), sempre disposto a vingar toda a

83
desobediência e destruir os conselhos, e toda a altivez “ que se
levanta contra o conhecimento de Deus ” (2 Co 10:5-6), sempre
zeloso dos crentes com zelo de Deus, concretizou a sua luta contra
a heresia de frontando-se com pessoas e enfrentando-as, as quais
classificava de:
• “sem entendimento” (2 Co 10:12),
• “falsos apóstolos” (2 Co 11:13), pois “os tais não servem a
nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre” (Rm 16:18),
• “obreiros fraudulentos”, os quais, assim como “ satanás se
transfiguram em anjo de luz, transfiguram-se eles em ministros da
Justiça” (2 Co 11:13-14),
• “anátema” (Gl 1:8-9),
• “dissimulados” (Gl 2:13),
• “insensatos” (Gl 3:1,3),
• “querem mostrar boa aparência na carne” (Gl 6:12),
• “cães” (Fp 3:2),
• “maus obreiros” (Fp 3:2),
• “inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3:18),
• “querendo ser doutores da Lei, e não entendendo nem o que
dizem nem o que afirmam” (1 Tm 1:7),
• “náufragos na fé” (1 Tm 1:19), “cuja palavra roerá como
gangrena” (2 Tm 2:17),
• “desordenados, faladores, vãos e enganadores” (Tt 1:10),
• “homens que transtornam casas inteiras ensinando o que
não convêm, por torpe ganância” (Tt 1:11)
• “homens que se desviam da Verdade” (Tt 1:14),
‫“ ־‬confessam que conhecem a Deus, mas negam-nO com as obras,
sendo abomináveis e desobedientes e reprovados para toda a boa
obra” (Tt 1:16).
Na conceituação do grande Apóstolo o pecado da mentira
religiosa é tao abominável para Deus, que o levou a entregar
Himeneu e Alexandre a satanás a fim de aprenderem a não
blasfemar (1 Tm 1:20) que o moveu a agredir Pedro repreendendo-
o na cara (Gl 1:11).

84
Dizendo a Verdade Cristalina, Clara e Límpida do Evangelho,
dizendo-a com ousadia e em combate contra a mentira, fez-se ele
inimigo dos verdadeiros fiéis?
Exortava a Tito que na doutrina mostrasse incorrupção,
gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível (Tt 2:7-8).
Aos próprios servos aconselhava serem ornamento da doutrina
de Deus, nosso Salvador (Tt 2:10).

PARA PAULO DIALOGO, ΝÃΟ; SEPARAÇÃO, SIM

Na sua audácia contra o pecado que mais ofende a Deus


exigia separação: “Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos
andam inquietando” (Gl 5:12).
Lá no Velho Testamento impunha Deus a separação absoluta
entre o Seu povo e os idólatras ao ponto de dizimá-los ao fio da
espada.
Na vigência da Dispensação da Igreja ocorre uma diferença.
Se Deus exigisse a mesma separação ser-nos-ia necessário sair do
mundo (1 Co 5:10). Continuando neste mundo compete-nos
anunciar aos perdidos a Verdade Libertadora do Evangelho. O Novo
Testamento, contudo, exige que nos separemos daqueles que,
dizendo-se irmãos, portanto, crentes evangélicos, praticam ou
apoiam a idolatria. Com os tais nem devemos comer (1 Co 5:11).
Eis a súplica de Paulo aos Romanos: “ E rogo vos, irmãos, que
noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina
que aprendestes; desviai-vos deles” (16:17).

O DISCÍPULO DO AMOR SE SINTONIZA


COM PAULO

Ao profligar a mentira religiosa Paulo age em consonância com


o Apóstolo João.
João, a quem Jesus amava, é considerado como o Apóstolo do
Amor. Com efeito, no capítulo terceiro de sua Primeira Epístola ele

85
cifra a conduta cristã no exercício do Amor. Renova este ensino em
sua Segunda Epístola.
O amor cristão no conceito de João, porém, impede a parceria
com a mentira religiosa. Por isso ele exorta: “ Se alguém vem ter
convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem
tão pouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas
obras” (2 Jo 10-11)

PAULO E JOÃO ENTRE OS QUADRADOS?

Ah, sei perfeitamente que essas exortações de Paulo e de João


e que a conduta e as duras expressões do Apóstolo Paulo para com
os hereges são hoje consideradas inatuais, impraticáveis,
contraproducentes e impróprias.
Os apóstatas atuais, que recheiam as nossas Igrejas e os
nossos Seminários, que ocupam enorme parte dos nossos púlpitos e
muitas cátedras dos nossos seminários, cuidam muito de sua
aparência e do seu bem-estar. E por terem exatamente apostatado
da fé deveriam pelos fiéis, se estes resolvessem ser fiéis de verdade
e em tudo, ser afastados e abominados como Deus os abomina.

A INFLUÊNCIA DECISIVA DE PAULO EM


MINHA RESOLUÇÃO

Já havia eu sido atingido pela Graça Salvadora. Arrependera-


me dos meus graves pecados da falsa religião. Arrependera-me das
missas celebradas, das devoções aos “santos” e a tantas “nossas
senhoras”, dos batismos e de outros sacramentos administrados,
das milhares e milhares de hóstias distribuídas, da submissão ao
primado do papa e à “autoridade” do meu bispo e de todas as
baboseiras romanistas. Arrependera-me de haver admitido e
ensinado a doutrina farisaica da necessidade das obras para a
salvação do pecador.

86
E, arrependido, confiara evangelicamente em Cristo Jesus
como meu Único e Todo suficiente Salvador.
Desfrutando de segurança inabalável de vida Eterna, persistia
no propósito de continuar como sacerdote.
Do templo da minha paróquia retirara as imagens. Cobrira
algumas, quebrara outras e encafuara a maior parte. No
confessionário esquivava-me de repetir a fórmula de absolvição de
pecados. Na missa furtava-me de dizer a frase consecratória. Abolira
a prática das novenas aos “santos” e as “senhoras” da devoção
popular.
Procurava acomodar-me à minha nova condição espiritual.
Queria permanecer sacerdote católico.
Justificava em meu íntimo essa atitude com o anelo ardente
de encontrar mais oportunidades para pregar o Evangelho aos
católicos.
E, com efeito, tudo fazia no propósito de esclarecer as
consciências.
No meu confessionário, na estação das missas dominicais, em
todas as solenidades falava do Evangelho e exaltava Cristo como
Único Salvador.
O meu antigo programa radiofônico da “ave-maria” das 6
horas da tarde, de grande audiência, mudei-o para: “ Programa
Bíblico sob a responsabilidade do Padre Aníbal Pereira dos Reis ”.
Uma tarde, um crente evangélico, semi-analfabeto,
empregado e morador numa fazenda, apareceu em minha casa.
Muito respeitoso me pediu uma entrevista particular. Levei-o para
minha biblioteca e fechei a porta.
Sentamo-nos e ele começou:
• Peço disculpa ao sinhô. Quase num sei lê. Mas, em oração,
resolvi vim lhe falá. Num quero ofendê. Tenho iscuitado todos os dia
o seu pograma de rádio. O povo comenta as mudança que o sinhô
tem feito na paróquia. A maior parte tá assustada e espera onde vai
dá tudo isso. Mas eu lhi pregunto: por que o sinhô faz tudo isso?
Sem ter por onde escapar revelei minha fé em Jesus Cristo de
acordo com os ensinos das Escrituras.
O rapaz me disse que sentia isso.

87
• Só quem crê na Bíblia como Palavra de Deus pode fazê o qui o
sinhô faz. Mas o sinhô tá muito errado.
Com as faces rubras e a voz tremida, porém, disposto a ser
franco, prosseguiu:
• O sinhô tá muito errado. Me perdoe a ousadia. Não tenho
nenhum estudo. O sinhô está errado porque Jesus diz: “a ninguém
chameis pai” e o sinhô premite que todo mundo chame o sinhô de
pai. Padre não é pai? O sinhô aparece com todas aquelas roupa pra
dize missa. Por obrigação de sacerdote, o sinhô benze image, reza
em cima de defunto. E faiz tudo o que o sacerdote deve fazê.
E o moço continuou… Na medida em que falava, sua ousadia
se avolumava. Suas palavras eram quais marteladas em minha
consciência.
Impossível fugir a realidade de suas denúncias.
Subia ao altar para rezar missa, ia ao batistério batizar
crianças, distribuía a água que o povo queria benta, sentava-me no
confessionário, ungia moribundos, aceitava a imposição do
calendário romanista quanto a determinadas procissões, inclusive de
Corpus Christi quando saía pelas ruas de hóstia exposta a adoração
pública.
Conquanto em minha consciência negasse e renegasse tudo
aquilo, continuava a praticar e pessoalmente a expor o povo a
continuar crendo.
Minha permanência no exercício do sacerdócio impedia-me o
legítimo, autêntico e verdadeiro testemunho do Evangelho. A minha
pregação, por causa do meu compromisso clerical se reduzia, isso
sim, a um nefando contratestemunho.
O moço tinha razão!
Para concluir a sua palavra franca abriu a Bíblia e me mandou
ler: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque,
que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a
luz com as trevas? E que concórdia hã entre Cristo e Belial? Ou que
parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus
com os ídolos? Porque vos sois o templo do Deus Vivente, como
Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, apartai-vos,

88
diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e
serei para vos e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor
Todo-Poderoso” (2 Co 6:14-18).
E concluiu:
- A Palavra de Deus é clara. Eu dei o meu recado. Se o sinhô se
converteu de verdade arranque essa batina e renuncie o
catolicismo. A rapariga quando se converte larga tudo até a
aparência de rapariga. Agora vou embora. Não quis ofendê. O que
eu disse foi por amor verdadeiro. O sinhô me abre a porta. Inté
logo!
O recado do rapaz se me constituiu em autêntico divisor de
águas. Confirmou as minhas suspeitas e cismas. A Palavra de Deus
a mim transmitida pelo rapaz da roça foi definitiva. O seu
extraordinário ministério de combate a mentira religiosa e quaisquer
comprometimentos com ela, me atingiu em cheio.
Dispus-me a tomar uma atitude definitiva. Logo viajei a Santos
com a resolução de desenvolver as primeiras iniciativas no sentido
de romper com tudo.
A Santa, Inerrante e Infalível Palavra de Deus me obrigou a
romper até com a aparência do mal, da idolatria, da feitiçaria, da
mentira religiosa.

89
TERÁ O SENHOR DEUS MUDADO
DE PROPÓSITO?

Eterno e Onisciente Deus é sempre o mesmo. As Sagradas


Escrituras confirmam a lógica do nosso raciocínio: nEle “ não há
mudança, nem sombra de variação” (Tg 1:17). “Porque Eu, o
Senhor, não mudo” (Ml 3:6).
Por antecipação sabia do péssimo uso do livre arbítrio feito
pela criatura e, em consequência, desde toda a eternidade
estabeleceu em Jesus Cristo o Plano da Salvação. Antes mesmo da
fundação do mundo amou a Jesus Cristo e o glorificou (Jo 17:24,25)
porquanto o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo (Ap
13:8), elegendo-O assim o Salvador. NEle fomos salvos “ antes dos
tempos dos séculos” (2 Tm 1:9). NEle elegeu-nos o Senhor Deus
“antes da fundação do mundo” (Ef 1:4).
Seria um contrassenso o imaginar-se haver Deus mudado de
opinião também quanto ao pecado de falsa religião.

CRISTO CONFIRMA O PROPÓSITO ETERNO


DE DEUS

Na Velha Dispensação apresentara-Se como “O Senhor nosso


Deus, o ÚNICO Senhor” e, por isso mesmo, exigia: “ Amarás pois o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de
todo 0 teu poder” (Dt 6:4-5). “E a Minha Glória não a darei a
outrem” (Is 48:11).

90
No Novo Pacto Jesus Cristo nosso Senhor, na permanência
eterna dos propósitos de Deus, reafirma e confirma: “ E a Vida
Eterna é esta: que Te conheçam a Ti só, por ÚNICO Deus
Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste ” (Jo 17:3). “O
primeiro de todos os mandamentos e: Ouve Israel, o Senhor nosso
Deus é o ÚNICO Senhor. Amaras, pois ao Senhor teu Deus de todo
o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento,
e de todas as tuas forças: este e o primeiro mandamento ” (Mc
12:29-30).

O RIGOR DE DEUS CONTRA A IDOLATRIA


TAMBÉM NESTA DISPENSAÇÃO

A idolatria consubstancia todas as mentiras religiosas e, assim


como no Velho Testamento Deus a combateu com vigor assaz
extremo, de igual modo a vergasta na Dispensação da Igreja.
“Fugi da idolatria”, categórico e decisivo insiste Paulo Apóstolo
em 1 Co 10:14. “Não vos prendais a um jugo desigual com os
infiéis… que concórdia há entre Cristo e Belial?… E que consenso
tem o templo de Deus com os Ídolos?” (2 Co 6:14-16).
Em sintonia com todas as Escrituras o Apóstolo João, o
discípulo do amor, clamava: “ Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo
5:21), num fecho definitivo de sua Primeira Epístola.
Os idólatras e os feiticeiros, consoante Palavra de Jesus, serão
barrados a porta do Céu (Ap 22:15).

AMEAÇAS E CASTIGOS

Se as bênçãos são condicionadas a repulsa da i dolatria, a


Ira Divina no decurso do Antigo Testamento, contudo, se
manifestava acesa contra os idólatras, contra os praticantes do
abominável pecado, rebeldes a Soberania de Deus.
Ao rememorar ao povo os preceitos do Senhor, Moisés inculca-
lhes: “Guardai-vos de que vos esqueçais do Concerto do Senhor

91
vosso Deus, que tem feito convosco, e vos façais alguma escultura,
imagem de alguma coisa que o Senhor vosso Deus vos proibiu.
Porque o Senhor teu Deus é um fogo que consome, um Deus
Zeloso. Quando, pois, gerardes filhos, e filhos de filhos, e vos
envelhecerdes na terra, e vos corromperdes e fizerdes alguma
escultura, semelhança de alguma coisa, e fizerdes mal aos Olhos do
Senhor, para o provocar a ira; hoje tomo por testemunhas contra
vos o céu e a terra, que certamente perecereis depressa da terra, a
qual, passado o Jordão, ides possuir. Não prolongareis os vossos
dias nela, antes sereis de todo destruídos. E o Senhor vos espalhará
entre os povos e ficareis poucos em número entre as gentes, as
quais o Senhor vos conduzirá. E ali servireis a deuses que são obra
de mãos de homens, madeira e pedra, que não veem nem ouvem,
nem comem nem cheiram” (Dt 4:23-28).
E o Senhor Deus por intermédio de Moisés: “ Porei sobre vós
terror, a tisica e a febre ardente, que consumam os olhos e
atormentem a alma; e semeareis debalde a vossa semente, e os
vossos inimigos a comerão. E porei a Minha Face contra vós, e
sereis feridos diante dos vossos inimigos; e os que vos aborrecerem
de vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguém vos perseguir. E,
se ainda com estas coisas não Me ouvirdes, então Eu prosseguirei
em castigar-vos sete vezes mais por causa dos vossos pecados.
Porque quebrantarei a soberba da vossa força, e farei que os vossos
céus sejam como ferro e a vossa terra como cobre. E debalde se
gastará a vossa força, a vossa terra não dará a sua novidade, e as
árvores da terra não darão o seu fruto. E se andardes contraria-
mente para comigo, e não Me quiserdes ouvir, trar-vos-ei pragas
sete vezes mais, conforme aos vossos pecados. Porque enviarei
entre vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e desfarão o
vosso gado, e vos apoucarão: e os vossos caminhos serão desertos.
Se ainda com estas coisas não fordes restaurados por Mim, mas
ainda andardes contrariamente comigo, Eu também convosco
andarei contrariamente, e Eu, mesmo Eu, vos ferirei sete vezes mais
por causa dos vossos pecados. Porque trarei sobre vós a espada,
que executará a vingança do Concerto; e ajuntados estareis nas
vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues

92
na mão do inimigo. Quando Eu vos quebrantar o sustento do pão,
então dez mulheres cozerão o vosso pão num forno, e tornar-vos-ão
o vosso pão por peso; e comereis, mas não vos fartareis. E se com
isto Me não ouvirdes, mas ainda andardes contrariamente comigo,
também Eu convosco andarei contrariamente em furor; e vos
castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados. Porque
comereis a carne de vossos filhos, e a carne de vossas filhas
comereis. E destruirei os vossos altos, e desfarei as vossas imagens
do sol, e lançarei os vossos cadáveres sobre os cadáveres dos
vossos deuses: a Minha Alma Se enfadará de vós. E porei as vossas
cidades por deserto, e assolarei os vossos santuários, e não
cheirarei o vosso cheiro suave. E assolarei a terra, e se espantarão
disso os vossos inimigos que nela morarem. E vos espalharei entre
as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra
será assolada, e as vossas cidades serão desertas” (Lv 26:16-33).
No solene instante de entregar o cajado de mando sobre o
povo escolhido a Josué, como num último testamento, Moisés
insiste em repetir as ameaças de Deus contra os que se resvalarem
para a mentira religiosa (Dt 27:15-26;28:15-45).
Longas e terríveis as ameaças.
As determinações de Deus nosso Senhor foram cumpridas
com rigor implacável. Quando, por exemplo, os israelitas em Sitim
se misturaram com os moabitas no culto a Baal-Peor, o látego da
Justiça Divina pesou com uma praga mortífera sobre o povo,
cessando somente com a morte dos principais transgressores (Nm
25:1-9).
Quando o povo, no deserto do Sinai, cultuou a Deus num
bezerro de ouro, atendendo ordens do Senhor, Moisés passou ao fio
da espada cerca de três mil homens (Ex.32:25-29).

93
PERMANECE INALTERADA A IRA DIVINA
NOS DIAS ATUAIS

Esse Deus de vingança continua implacável contra a mentira


religiosa. E Ele permanece firme na irrevogabilidade de não dar Sua
Glória a outrem (Is 48:11).
Jesus apresentou-O como ÚNICO Deus e Senhor que quer ser
adorado e cultuado com exclusividade (Mc 12:29-30).
O Novo Testamento quanto ao culto falso ao Deus Verdadeiro
é até mais claro e mais afirmativo do que o Velho Testamento.
Sabemos pelo Sl 106:19-20 e por Ne 9:18 haver sido esculpido
aquele bezerro de ouro dos israelitas em honra a Deus. Mas o Novo
Testamento em At 7:41 e em 1 Co 10:7, sem rebuços, dá o
verdadeiro nome aquela iniquidade do falso culto: idolatria.
Se na Velha Dispensação a vingança de Deus recaía dura
sobre os idolatras, os mesmos castigos aí estão também hoje! A
flagrância das secas se repete a queimar em cada ano searas
imensas o azorrague das geadas se sucede a prejudicar os cereais.
O flagelo dos terremotos sacode cidades inteiras engolindo-as em
poucos minutos (o ano de 1976 de tanto terremoto foi classificado
de o ano dos terremotos). O automóvel é a máquina de matar. As
doenças cardiovasculares e o câncer desafiam a ciência médica. Os
próprios medicamentos intoxicam ainda mais os pacientes.
O homem da técnica chegou a encruzilhada do desespero. Ele
já se deu por vencido, por esmagado. Em que época da História o
homem sofreu tanto como nestes dias presentes?
Cada problema que o homem resolve tem na própria solução a
origem de outros problemas. Se os inseticidas resolvem a
dificuldade dos insetos esta solução cria o problema mais grave de
envenenar também o ser humano ao ingerir os grãos de cereais. Se
a TV ampliou a comunicação de massa, em contrapartida
desagregou a Família, dentre outros graves prejuízos sociais.
A Humanidade idólatra atingiu um báratro de confusão e de
desespero no fabuloso aluvião incontido e incontível da violência.

94
Estender-nos íamos sem nunca parar caso desejássemos
lembrar todas as desgraças que atormentam a sociedade mais do
que nunca praticante de mentiras religiosas.
É sintomática a presença por demais constante dos vocábulos
amor e direitos humanos. Embora a saciedade repetidos nunca
foram tão postergados.
Os homens não se amam e não se respeitam por que se
omitem no cumprimento do primeiro preceito. Se não querem amar
a Deus torna-se-lhes absolutamente impossível amar seus
semelhantes.
Todos os flagelos físicos são, contudo, proporções
reduzidíssimas diante da condenação eterna que aguarda o idólatra.
Só numa época de suprema traição ao evangelho é que se podem
ouvir pregadores sibaritas e malabaristas, mercenários e
politiqueiros, a garantir dos púlpitos a presença de católicos salvos
nos Céus.
Jesus Cristo afirma bem ao contrário: “ Ficarão de fora os cães,
e os feiticeiros, e os que se prostituem e os homicidas, e os
idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira ” (Ap 22:15).
Nos seus elencos de pecados, Paulo Apóstolo sempre inclui a
idolatria como iniquidade que impede a posse do Reino de Deus (1
Co 6:10; Gl 5:20).
Apesar da rompância e do prestígio político desses pregadores
almofadinhas de polpudos salários, prefiro ficar com a dureza do
Evangelho.
A Ira de Deus Se abate pesadamente sobre o mundo de hoje
porque o Senhor Deus jamais muda. Ainda na era da técnica, do
ecumenismo, dos direitos humanos, do neo-evangelismo idiota, o
chicote da Vingança Divina inflige duros castigos aos homens
sempre pertinazes na abjeta idolatria, síntese de todas as falsidades
religiosas.
Deus não mudou e nunca poderá mudar de propósito quanto
à idolatria. Como sacerdote católico fui também responsável por
todas essas desgraças que assolam a humanidade.
De certa feita, em Vitória (ES) onde dirigia uma serie de
pregações evangelizantes, encontrei um antigo criminoso e

95
assaltante convertido a Jesus Cristo. Relatou-me a longa lista dos
seus crimes e, agradecido, magnificava o Poder de Jesus Cristo, que
o libertara dos ergástulos do banditismo.
Quando ele concluiu o seu relato, disse-lhe com toda a
sinceridade de minha convicção bíblica: - o sacerdote católico é o
pior bandido entre todos os bandidos.
Diante do seu espanto e da sua dúvida, expliquei-lhe o porque
de minha peremptória afirmação.
E ele acabou concordando!
Sim, o sacerdote dentre todos os facínoras é o pior. O mais
refinado na perversidade porque, com as mentiras religiosas que
promove e divulga, corrompe o povo e se torna no maior e principal
responsável pelos sofrimentos da pobre humanidade.

96
UMA TRAGÉDIA E A CAPITULAÇÃO DE
MINHA FÉ NA MISSA

Capítulos anteriores relatei a minha experiência de pesquisa


nas Sagradas Escrituras em busca de apoio da Palavra de Deus ao
culto das imagens, pesquisa essa, culminada com a destruição de
todas as imagens de minha devoção empoleiradas num oratório
instalado em meu quarto.

CONFIRMA-SE A ICONOLATRIA

Pela bilionésima vez vou repetir: - O catolicismo romano com


todas as suas apregoadas reformas encetadas pelo Concílio Vaticano
II, não cancelou e nem pensou em suprimir o nefando culto de
imagens. Antes, ratificou-o, confirmou-o, reafirmou-o, revalidou-o.
O solene anúncio, ao nível de todos os Concílios anteriores, do
Concílio Ecumênico Vaticano II - “ … et ea quae auteactis temporibus
de CULTU IMAGINUM Christi, beatae virginis et sanctorum decreta
fuere, religiose servent.”
Com a ressalva de meu alvitre o destaque da caixa alta,
traduzo para o nosso vernáculo a sentença latina do § 67 da
Constituição Dogmática Lumen Gentium, sobre a “igreja”
promulgada pelo último Concílio Vaticano: “ … e observem
religiosamente o que em tempos passados foi decretado sobre o
culto das imagens de Cristo, da bem-aventurada virgem e dos
santos”.
Ainda me é impossível perceber o motivo da tamanha boa-
vontade da parte de certos evangélicos, para com o catolicismo

97
romano. Basta um espirro de qualquer hierarca e supõem eles uma
aproximação das Escrituras. Basta um clérigo remover de seu
pagode um ícone e lá anunciam eles a supressão do abjeto culto.

A VIL CONFIGURAÇÃO DA IDOLATRIA

Fora de quaisquer dúvidas a veneração às imagens é uma


forma de idolatria. Forma grosseira e primitiva.
Há, no entanto, muitos outros aspectos da idolatria.
Configura-se ela de muitas outras maneiras.
Aliás, todas as doutrinas e práticas heréticas de todas as seitas
católicas confluem para ela. A doutrina da salvação pelas obras
exemplificando, idolatra as mesmas obras ao ponto de tê-las nos
cognominados “santos” como superrogatórias, devido a sua
abundância, dotadas da capacidade de salvar os devotos.
A mais aberrante e a mais estúpida manifestação idolátrica,
contudo, reside na chamada MISSA em seus dois aspectos:
sacramento e sacrifício.
Como sacramento enaltece a presença real e física de Jesus
Cristo com o Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade sob as espécies
do pão e do vinho. E como sacrifício cobiça renovar ou repetir o
sacrifício de Cristo.
Qualquer católico vaticanista sabe constituir-se a imagem em
representação do “santo” da sua crença. Di-lo o próprio vocábulo.
Imagem quer dizer símbolo.
Quando ele se ajoelha diante da hóstia, porém, admite adorar
o próprio Deus naquela obreia.
La no velho paganismo adoravam-se o sol, a lua, as forças da
natureza, ricas estátuas cobertas de pedras preciosas. O pobre
pagão da Índia até hoje adora a vaca sagrada.
São formas humilhantes de culto, reconhecemos.
Mas, e o católico que adora uma leve e frágil, ridícula e
desvalorizada bolacha de farinha de trigo?
É o extremo do aviltamento!

98
A TRAGÉDIA DA CEGUEIRA

E a gravidade suprema do esbulho da dignidade humana é o


doloroso e estarrecedor fato da absoluta inconsciência da
degradação. Como nunca se cumpre nessas infelizes pessoas a
punição do Sl 115:4-8. Tornam-se elas semelhantes aos ídolos
mudos, cegos, surdos, insensíveis e imobilizados. Satanás, o deus
deste século, por intermédio da idolatria, cegou-lhes o
entendimento (2 Co 4:4). Revoltam-se outrossim quando alguém
quer arrancá-las dessa ignóbil situação.

MOTIVOS DE MINHA MÁXIMA VERGONHA

Só de me lembrar sinto calafrios de vergonha. Eu também cri


— e cri firmemente! — na missa. Com todas as veras da alma adorei
a hóstia. Engolia-a como se estivesse ingerindo o próprio Deus.
Prosternei-me, humilde, diante dela. Induzi a multidões e multidões
a se arrojarem na presença dela. Multidões e multidões desfilaram
diante de mim recebendo-a em comunhão na crença de estarem se
alimentando com o próprio Deus. Rezei cerca de sete mil missas na
convicção sincera de estar repetindo o Sacrifício de Jesus Cristo.
Em minha fé estúpida e cega perpetrei o mais abominável
pecado. O da mais abjeta idolatria e estimulei muita gente a
cometê-lo.
Essa fé cega sedimentou-se em meu íntimo no decurso de
mais de trinta anos. Principiou quando eu muito criança fui levado
por meus pais a assistir ao suposto “santo sacrifício da missa”.
Duas intensas devoções nortearam minha conduta sacerdotal:
a missa e ao pontífice vaticano.
Se encareço a leitura de minha biografia: ESTE PADRE
ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA, julgo de toda a conveniência
também a leitura atenta do livro: A MISSA ainda de minha lavra. Em
suas páginas, a luz de documentos oficiais do romanismo, antigos e
atuais, exibo a doutrina dessa matéria e a desmonto sob as

99
vigorosas marteladas da Palavra de Deus sempre e superpotente no
esmigalhar, esmiuçar e pulverizar a penha das mentiras religiosas.

E O VENTO LEVOU…

Em eventualidade alguma a minha devoção a missa se


abalava. Nada a fazia aluir na estrutura de minhas convicções. Nem
o relaxo de muitos colegas em sua celebração.
Quando sacerdote no Recife um especial convite me levou a
rezar missa campal numa festa importante no bairro do Cajueiro. Ao
ensejo da elevação da hóstia na consagração, instante máximo
ofício, a banda de música rachou o Hino Nacional Brasileiro e o
foguetório pipocou nos ares. Um morteiro estourara na mão de um
jovem e provocou ruidosa movimentação entre os assistentes.
Constrangido com o incidente, prosseguia o ritual, esforçando-me
por me conservar concentrado e devoto naquele borborinho, quando
um novo acontecimento deixou-me em extremo confuso. Um vento
mais forte varreu do altar a hóstia consagrada. O vento carregou o
cristo da minha missa!
Pensei em sair correndo para apanhar a obreia, qual leve
pluma, levada pela aragem. Seria, porém, ridículo estar eu a correr
trajado com aquelas vestes esquisitas e de origem pagã. Aceitei,
acabrunhado, a intervenção de um rapaz solícito e disposto a correr,
apesar de cambaleante na sua embriaguez, atrás do meu cristo
voante ao embalo da viração. Trouxe-o entre os dedos como se
fosse um biscoito: “tá qui sô vigário. Comigo é assim! Pego memo”.
Embora vergasse de humilhação, rasura alguma sofreu minha
sincera fé na hóstia.

MINHA AVERSÃO OBSTINADA A


EVIDÊNCIA DA PALAVRA DE DEUS

Naquele período de Maio a fins de Setembro de 1961, o do


confronto das doutrinas romanistas com as Escrituras, lembrava-me

100
dessa ocorrência do Cajueiro e de tantos outros fatos
desabonadores da presença real de Cristo na hóstia. Na minha fé,
contudo, resistia às evidências bíblicas contrárias ao dogma
eucarístico.
As várias doutrinas católicas confrontadas com a Bíblia não
suportaram o impacto do exame sincero e ruíram fragorosamente.
Foi-me realmente dificílimo aluir a convicção cega sobre esse
dogma incrustado em minha alma desde a mais tenra infância.
Apavorava-me com a lembrança dos fatos presenciados por mim e
que a qualquer inteligência livre de subserviências, evidenciariam o
absurdo do ensino católico referente à hóstia. Rezava para
afugentar essas lembranças consideradas como graves tentações
contra a fé.
Por mais que examinasse dentro do seu contexto, os textos
bíblicos invocados pelo catolicismo romano como provas da
transubstanciação, a minha cegueira não me permitia desvendar o
absurdo inominável dessa doutrina diabólica.
Somente uma grande cegueira me levava a não perceber o
raciocínio lógico e normal diante destes dois textos bíblicos:
“Isto é o Meu Corpo” (Lc 22:19) e “Eu SOU a videira
verdadeira” (Jo 15:1) ou este outro “Eu SOU a porta” (Jo 10:9).
Se Cristo é obreia, então, logicamente Ele é também uma
parreira, um pé de uva… Uma porta com batentes, dobradiças e
fechadura…

A MORTE DA VOVÓ

Em Setembro de 1961, sucedeu-me um fato decisivo.


Coincidiu com o mesmo tempo em que examinava a Epístola aos
Hebreus. Chamaram-me para atender e ministrar os últimos
sacramentos a dois moribundos numa residência localizada nas
grotas dos Pilões, da zona rural de Guaratinguetá (SP), onde era
vigário.
Desci a serra num cavalo baio.

101
Naquela tarde que caía mansamente, nuvens flamejavam em
ouro e escarlate, como enormes línguas de fogo, coroando as
cabeças das montanhas e despertavam em meu coração indefiníveis
sentimentos. A pachorra da alimária permitia-me tranquilidade para,
encantado, observar as curvas amáveis do Rio Piagui que rolava
pelas várzeas floridas e o espadanar das suas águas que saltavam
pelas pedras, aljofrando as touceiras de avencas esverdinhadas.
Cruzei com tropas que tilintavam guizos e cincerros e,
circunspecto, respondi aos cumprimentos dos roceiros
sobressaltados que, de lenços ao pescoço e enxadas as costas,
retornavam das lavouras.
- Os veio pioro?, perguntou ao meu cicerone uma robusta
matrona emoldurada pelos umbrais vermelhos da casa nova.
É que o povo, ao ver o padre avizinhar-se do enfermo, cisma
morte próxima.
Deparei-me, naquele tugúrio de sapé coberto de palha de
coqueiro, com dois anciãos nos extremos limites da vida. Num canto
da cozinha, sobre uma enxerga forrada de trapos encardidos, um
velho esquálido e peito arfante na respiração difícil. No quarto de
paredes forradas de estampas piedosas e cromos de calendários
vencidos, uma anciã, pescoço comprido e rosto chupado, ardia na
febre alta que a cozinhava.
Na sala de chão batido, a conversa melancólica encolhia-se em
cochichos.
Dentre os que aguardavam o fatal desenlace, uma jovem de
longas tranças caindo sobre as espáduas de blusa branca, com
íntima convicção profissional, contava casos de doenças para ilustrar
seus conhecimentos de enfermagem.
• A presença do padre prestigiado pelo mistério viera armar o
cenário decente da morte, imaginei.
No quarto, uma tosca mesa de tábua de caixotes, forrada com
uma toalha feita de saco vazio de farinha de trigo e bordada de
letras encarnadas, exibia uma imagem desbotada da “senhora
Aparecida”, um copo de água e um galinho de arruda. Duas velas de
espermacete, com chamas esvoaçantes como asas a tatalar na meia
treva do crepúsculo. Caído no chão um jarro de flores murchas.

102
Os agonizantes, figuras centrais daquele aparato religioso,
urgiam minha atenção. Procurei perceber-lhes as últimas
declarações entrecortadas de ais.
Por primeiro, dei à senhora a hóstia como viático. E fui
imediatamente a cozinha repetindo o mesmo ritual para o velho
que, na impaciência de sua sororoca, perguntou-me ao lhe dar a
hóstia:
- Sô vigaro, será que essa “hostrinha” vai me cura memo?
Desapontado com a inesperada intervenção do velho que mais
me parecia um sacrílego, retornei junto da mesa do quarto para
arrematar a administração desses derradeiros sacramentos.
Transformou-me o desapontamento em assombro!
Enquanto eu fora à cozinha levar a comunhão ao ancião, a
velhinha agonizante, naquele semidelírio e de boca ressequida pela
febre, incomodada pela hóstia que eu lhe depositara na língua,
retirou-a com a mão, atirando-a pela janela.
Trêmula de pavor, sua filha bradava:
• Qui disgraça! Coitado di nosso Sinhô!
Todos acorreram aos gritos. O quarto encheu-se de alarido.
Adensava-se o pavor.
Cristo atirado pela janela afora!
Imóvel, petrificado, presenciava aquele espetáculo de
desespero.
• Corre, sô vigaro, prá pega nosso Sinhô, si não os porco come!,
foi o brado que, sobressaindo-se ao vozerio, me arrancou daquela
fixidez do susto.
Sob a janela, pelo lado de fora, os porcos, que se refocilavam
a sombra da casa nas horas de calor, fizeram um lamaçal onde se
refestelavam na imundície dos seus próprios excrementos. Ao sair,
precipitado, pela porta da cozinha, ainda vi a hóstia inteirinha,
destacando-se pela sua alvura.
Em sua direção ia um suíno, balofo na sua gordura
sacolejante. E aconteceu o que, de um relâmpago, previra. Com o
focinho o porco afundou a hóstia no atoleiro fétido. O cristo-de-
farinha-de trigo submerso no charco asqueroso dos porcos!

103
A desesperação geral atingiu às raias da loucura porque,
precisamente nesse instante, um meninozinho gritou:
- A vovó tá morta!!!
Impossibilitado de articular qualquer palavra, juntei os meus
petrechos litúrgicos e saí a pé - nem me lembrei do cavalo baio! -
em busca da estrada distante onde ficara o automóvel à minha
espera. Com uma melancolia indizível a apertar-me a garganta,
imergi-me na treva noturna.

O GEMIDO DA VIOLA E O SOLUÇO DO VENTO

A distância, uma viola gemia endechas lamurientas e um


vento úmido soluçava nos desfiladeiros.
Atravessei o Rio Piagui, sob cuja pinguela pênsil gorgolhavam
as águas plácidas e remansosas num murmúrio plangente.
Perto das onze horas da noite, avizinhei-me do automóvel.
Doutro lado da estrada, vozes de rezas guardando um defunto
tonalizavam de tristeza a tristeza pungente daquela noite sem
estrelas.
Para esfacelar a minha petulância cristalizada no dogmatismo
católico, além de Sua Augusta Palavra, Deus Se servia desses
solavancos.
- Se realmente Cristo estivesse na hóstia, poderia permitir-Se ser
chafurdado naquele lodaçal?
Esta pergunta em minha mente acordou uma infinidade de outras
perguntas, enquanto, insone, rolava na cama.
Ao celebrar a missa na manhã seguinte, meditava sobre vários
versículos da Epístola aos Hebreus: “ Porque nos convinha tal Sumo -
Sacerdote Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e
feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os
sumos-sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente
por seus próprios pecados,e depois pelos do povo; por que isto fez
Ele uma vez, oferecendo-Se a Si mesmo” (7:26-27).
E não estava eu ali, naquele altar, também como os
sacerdotes antigos, a oferecer cada dia o “sacrifício da missa”,

104
primeiramente por meus próprios pecados, e, depois, pelos do povo,
já que nas finalidades da missa está o objetivo propiciatório?
Se Cristo ofereceu-Se uma vez, por que ofertórios repetidos?
“Mas, agora na consumação dos séculos uma vez Se manifestou,
para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo ” (9:26). “Cristo
ofereceu-Se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá
segunda vez…” (9:28). “Temos sido santificados pela oblação do
Corpo de Jesus Cristo feita uma vez” (10:10). “Mas Este (Jesus),
havendo oferecido um Único Sacrifício pelos pecados, está
assentado para sempre a destra de Deus” (10:12). “Porque com
uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados ”
(10:14)
E diz o Senhor: “E jamais Me lembrarei de seus pecados e de
suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais
oblação pelo pecado” (Hb 10:17-18).
O catolicismo romano ensina que na missa, a que chama de “santo
sacrifício”, há repetição do Sacrifício de Jesus Cristo. Só há uma
diferença, é que, no Gólgota, foi cruento e na missa é incruento.
Mas, naquele dia, sob o impacto do que me acontecera na
véspera, a Palavra de Deus penetrou em minha alma, iluminou-me a
mente e diluíram-se as escamas da minha cegueira! Entendi o Valor
Infinito do Único e Suficientíssimo Sacrifício de Jesus Cristo. A missa
se me figurou, pela primeira vez, como um escárnio sacrílego a
Oblação do meu Bendito Salvador. E os sacerdotes católicos como
uma farandola de saltimbancos.
Com profunda dor íntima deblaterei o repugnante pecado da
mais vil expressão idolátrica.

105
DE TRÊS UMA

Ao sacerdote católico que chega conhecer a Verdade do


Evangelho das três saídas há de escolher uma:
• ou se tornará um cínico porque sabendo daquela Gloriosa
Verdade procrastina em permanecer na mentira católica,
• ou, convencido dos seus gravíssimos pecados, se desespera
e repete o gesto tresloucado do Iscariotes na busca do suicídio,
• ou se converte de fato a nosso Senhor Jesus Cristo.
Rendo graças a Deus por haver Ele me permitido a mais
sensata das três opções. A verdadeiramente justa e acertada
escolha. A da genuína conversão evangélica dentre cujos resultados
se destaca o da inabalável convicção do pleno, absoluto, total e
irreversível perdão de todos os meus pecados lavados de minha
alma e de minha consciência pelo Sangue de Jesus Cristo, Cordeiro
Imaculado e Incontaminado.

106
107
impresso na
planimpress gráfica e editora
rua Anhaia, 247 - S.P.
108
109
DO MESMO AUTOR:
DO AUTOR:
TORTURAS E TORTURADO
ESTE PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA
PEDRO NUNCA FOI PAPA! NEM O PAPA É VIGÁRIO DE
CRISTO
A MISSA
A SENHORA APARECIDA
A SENHORA DE FÁTIMA
A VIRGEM MARIA
OS CURSILHOS DE CRISTANDADE POR DENTRO
O CARDEAL AGNELO ROSSI DESMASCARA O ECUMENISMO
MILAGRES E CURA DIVINA SERÃO BOAS TODAS AS
RELIGIÕES?
O DIABO
JESUS E O DIVÓRCIO
O CRENTE PODE PERDER A SALVAÇÃ0?
A BÍBLIA TRAÍDA
CRISTO E ASSIM; SALVA ATÉ PADRE
A GUARDA DO SÁBADO
UM PADRE LIBERTO DA ESCRAVIDÃO DO PAPA CRISTO?
SIM! PADRE? NA0!!!
AOS “CRISTA0S” QUE NÃO CREEM NA DIVINDADE DE
CRISTO
O PAPA ESCRAVIZARA OS CRISTÃOS?
PODER-SE-Á CONFIAR NOS PADRES?
O VATICANO E A BÍBLIA
CATÓLICOS PENTECOSTAIS? ESSA NÃO!!!
O CRENTE E O SEU PASTOR
O ECUMENISMO: SEUS OBJETIVOS E SEUS MÉTODOS O
ECUMENISMO E OS BATISTAS CRENTE, LEIA A BÍBLIA
ESSAS BÍBLIAS CATÓLICAS!!!

Para receber a excelente e excepcional


literatura do Dr. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS
escreve pedindo informações e lista de preços a
EDIÇÕES “CAMINHO DE DAMASCO”
CAIXA POSTAL 11.755
O1OOO -
SÃO PAULO – CAPITAL

110

Você também pode gostar