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Nutri Hosp. 2015;32(Supl. 1):62-66

ISSN 0212-1611 • CÓDIGO NUHOEQ SVR
318

Revisão dos efeitos benéficos da ingestão de colágeno

hidrolisado na saúde osteoarticular e no envelhecimento cutâneo
Teresa Figueres Juher1,3 e Esther Basés Pérez2,3 1
Licenciada em Biologia pela Universidade Autônoma de Barcelona. 2 Engenheiro Químico Orgânico pelo Instituto Químico
de Sarrià, Barcelona. 3 COLNATUR®.

Resumo UMA VISÃO GERAL DOS EFEITOS BENÉFICOS

DE INGESTÃO DE COLÁGENO HIDROLISADO NA ARTICULAÇÃO
Introdução: o colágeno hidrolisado (CH) é uma mistura de E SAÚDE ÓSSEA E SOBRE O ENVELHECIMENTO DA PELE
peptídeos de colágeno com peso molecular (PM) inferior a 5.000
Da. É obtido a partir da gelatinização e posterior hidrólise
Abstrato
enzimática do colágeno nativo de tecidos animais ricos nessa
proteína. Existem abundantes evidências científicas sobre o efeito
Introdução: o colágeno hidrolisado (HC) consiste em pequenos
positivo que a ingestão de CH tem nas patologias osteoarticulares
peptídeos com peso molecular inferior a 5.000 Da. produzido a
degenerativas e no envelhecimento da pele.
partir da gelatinização e subsequente hidrólise enzimática do
colágeno nativo que é encontrado em tecidos animais ricos em
Objetivo: revisar os estudos científicos atualmente existentes
colágeno. Existem muitas evidências sobre o efeito positivo da
sobre o HC e avaliar sua ação terapêutica em alguns tecidos
ingestão de HC sobre doenças degenerativas articulares e ósseas.
colagenosos como cartilagem, ossos e pele.

Objetivo: o objetivo deste artigo é revisar os estudos científicos

Resultados: até o momento, mais de
atuais sobre HC e avaliar os efeitos terapêuticos da ingestão de HC
60 estudos científicos (in vitro, in vivo, clínicos e de
em alguns tecidos colágenos como cartilagem, ossos e pele.
biodisponibilidade) sobre a eficácia do CH na redução das
consequências da deterioração e perda de colágeno tecidual,
Resultados: até o momento, existem mais de 60 estudos
como dor e desgaste articular (osteoartrite), perda de massa óssea
científicos (in vitro, in vivo, clínicos e de biodisponibilidade) sobre
(osteoporose) e envelhecimento da pele .
a eficácia da ingestão de HC na redução dos danos ao colágeno e
consequências da perda como dor e erosão articular (artrite
Conclusões: os estudos pré-clínicos indicam que o CH estimula
osteoar), perda de densidade óssea ( osteoporose) e
a regeneração dos tecidos colagenosos, potenciando a síntese do
envelhecimento da pele. Conclusões: estudos pré-clínicos
colagénio tecidular e também dos restantes componentes
mostram que o HC estimula a regeneração do tecido colágeno,
minoritários dos referidos tecidos (proteoglicanos e ácido
aumentando não apenas a síntese de colágeno, mas também a
hialurónico).
síntese de componentes menores (glicosaminoglicanos e ácido hialurônico).
Estudos clínicos mostram que a ingestão contínua de CH ajuda
Estudos clínicos mostram que a ingestão contínua de HC ajuda
a reduzir o desgaste e a dor nas articulações, a retardar a perda
a reduzir e prevenir dores nas articulações, perda de densidade
de massa óssea e a atenuar os sinais de envelhecimento da pele.
óssea e envelhecimento da pele.
Estes resultados, bem como o seu elevado nível de tolerância e
Estes resultados, juntamente com o seu elevado nível de
segurança, tornam a ingestão de HC atractiva para uma utilização
segurança e tolerância, fazem do CH um suplemento adequado
a longo prazo em doenças degenerativas ósseas e articulares e no
para tomar a longo prazo, indicado para prevenir e tratar doenças
combate ao envelhecimento cutâneo.
degenerativas crónicas (osteoartrite e osteoporose), bem como
para prevenir e atenuar o envelhecimento cutâneo. (Nutr Hosp 2015;32[Supl.1]:62-66)

DOI:10.3305/nh.2015.32.sup1.9482
(Nutr Hosp 2015;32[Supl. 1]:62-66)
Palavras-chave: Colágeno. Osteoartrite. Osteoporose. Envelhecimento.
DOI:10.3305/nh.2015.32.sup1.9482

Palavras-chave: Colágeno. Osteoartrite. Osteoporose. envelhecimento.

Correspondência: Esther Bases Perez.

Proteína, SA
C/Creu, s/n. Propriedade Industrial.
17460 Celrà – Girona (Espanha).
E-mail: e.bases@proteinsa.com
Recebido: 1-06-2015.
Aceito: 14-06-2015.

62
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Abreviaturas
CH: colágeno hidrolisado.
PM: peso molecular.
AA: aminoácido.
Hpro: Hidroxiprolina.
Pró: Prolina.
DMO: densidade mineral óssea.
SG: sulfato de glucosamina.
estudos de biodisponibilidade de CH
Esses estudos verificam a trajetória seguida pelos AA e
oligopeptídeos resultantes da digestão do CH ingerido.
Essa trajetória inclui passagem pela barreira intestinal
(absorção), distribuição pela corrente sanguínea e acúmulo
nos tecidos colagenosos onde se desenvolve sua
bioatividade. Esses três aspectos (absorção, distribuição e
acúmulo) são coletados nos estudos citados abaixo.
Usando um simulador dinâmico do sistema digestivo
humano (modelo TIM), a absorção de CH foi relatada em
82% 6h após a ingestão1 .
Usando eletroforese SDS e HPLC, foi medido que a
absorção de CH in vivo aumenta para 95% 12h após a
ingestão2 .
Estudos em humanos detectaram, após a ingestão de
CH, concentrações significativamente altas de hidroxiprolina
(Hpro) (um AA específico para a proteína do colágeno) e
oligopeptídeos que a contêm tanto no sangue3 quanto no
plasma4, sendo o dipeptídeoPro-Hpro a maioria . .
Estudos in vivo , usando marcação com isótopos 14C ,
confirmaram que derivados de CH ingeridos atingem
cartilagem, osso, músculo e pele. A radioatividade medida
nesses tecidos permanece significativamente alta, enquanto
no plasma e nos órgãos ela desaparece2,5. Disto pode-se
deduzir que, como parte de sua bioatividade, os AAs do
CH ingerido permanecem incorporados aos tecidos
colagenosos.
estudos in vitro
Estudos realizados em culturas de condrócitos6-8 e
fibroblastos9-11 mostram que a presença de peptídeos de
colágeno induz essas células a sintetizar colágeno tecidual
e outros componentes teciduais (proteoglicanos e ácido
hialurônico). Esse efeito é dose-dependente6,7 e não
ocorre com colágeno não hidrolisado ou com outras
proteínas hidrolisadas que não o colágeno7 .
Estudos realizados em culturas de osteoblastos e
osteoclastos mostram que a presença de peptídeos de
colágeno estimula a proliferação dos primeiros e aumenta
a síntese de colágeno e sua atividade osteogênica de
maneira dose-dependente12,13 e inibe a atividade
reabsortiva dos últimos13 .
Revisão dos efeitos benéficos da ingestão de colágeno hidrolisado na saúde osteoarticular e envelhecimento da pele 63
estudos in vivo
Na osteoartrite induzida em camundongos por dieta com
excesso de fósforo14, foi detectado que a ingestão de CH
estimula a diferenciação de condrócitos e inibe sua perda,
mantendo sua funcionalidade. Além disso, a produção de
glicosaminoglicanos é aumentada.
Tudo isso retarda o adelgaçamento da cartilagem e evita
sua degradação e mineralização (processo de calcificação
dos tecidos moles paralelo à descalcificação óssea
progressiva). Aparentemente, o dipeptídeo bioativo Pro-
Hpro, que é encontrado na maior parte do sangue após a
ingestão de CH de origem suína,3,4 é o principal
responsável por esses efeitos.
Estudos em camundongos ovariectomizados12,15,16
detectaram que a ingestão de CH modula a formação
óssea e a mineralização da matriz óssea. Especificamente,
observa-se que estimula o crescimento e diferenciação de
osteoblastos e inibe a diferenciação de osteoclastos. Isso
está ligado a uma diminuição dos marcadores de
reabsorção óssea no sangue, aumento do diâmetro externo
da área cortical do fêmur e aumento da resistência à fratura
do mesmo e também das vértebras. Outros estudos
confirmam que a ingestão de CH aumenta a densidade
mineral óssea (DMO) e favorece o metabolismo ósseo,
principalmente quando há deficiência de cálcio17.
Foi detectado que a ingestão de CH leva a um aumento
significativo na concentração de Hpro18 e colágeno tipo I e
IV na derme19, bem como aumento na densidade de
fibroblastos, diâmetro e densidade das fibras de fibroblastos
colágeno dérmico20.
A ingestão de CH também demonstrou ajudar a suprimir
os danos à pele causados pela radiação solar UV-B e pelo
fotoenvelhecimento21.
Estudos clínicos
Em nível comum
Numerosos estudos clínicos22-33 apóiam a eficácia do
CH na redução da dor nas articulações e na melhora da
mobilidade e funcionalidade das articulações. Esses
estudos o apóiam como um agente terapêutico útil no
tratamento de longo prazo de doenças articulares
degenerativas (osteoartrite).
Dentre eles, um estudo clínico25 de 6 meses realizado
com 250 pacientes com gonartrose, acima de 50 anos,
mostra melhora significativa da dor na EVA do grupo que
tomou 10 gramas de CH diariamente em relação ao grupo
placebo.
Outro estudo clínico28 realizado durante 24 semanas
com 150 atletas de ambos os sexos, mostra melhora
significativa das dores articulares na EVA do grupo que
ingeriu 10 gramas de CH por dia em relação ao grupo
placebo. O estudo conclui que o tratamento de atletas com
HC reduz o risco de deterioração articular e melhora o
desempenho físico.
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Um estudo clínico32 comparando a eficácia do CH versus
sulfato de glucosamina (SG) realizado por 13 semanas mostra
que o grupo tratado com 10 g de CH diariamente obtém
resultados significativamente melhores do que o grupo tratado
com 1,5 g diário de OS para todos os parâmetros estudados.
Conclui-se que o CH apresenta maior eficácia clínica do que o
SG na osteoartrite de joelho, principalmente em termos de
melhora da dor, funcionalidade articular e qualidade de vida.
nível ósseo
Um estudo clínico randomizado, duplo-cego34,35 realizado
com 94 mulheres com diagnóstico de osteoporose pós-
menopausa, e tratadas com calcitonina intramuscular,
receberam suplemento diário de CH ou lactose (placebo) por 6
meses . No início e no final do tratamento, os níveis de DFU/
creatina e DDUD/creatina na urina (biomarcadores de
degradação do colágeno, principalmente atribuíveis ao colágeno
ósseo) foram comparados em ambos os grupos e uma redução
significativamente maior foi detectada em pacientes tratados
com CH do que com placebo. Uma clara melhora na sensação
de dor e um aumento no bem-estar também são detectados no
mesmo grupo. A conclusão é que a terapia com CH e
calcitonina tem um efeito claramente mais positivo do que a
calcitonina sozinha em pacientes com osteoporose pós-
menopausa.
A nível dérmico
Vários estudos clínicos corroboram os efeitos benéficos do
CH nas propriedades da pele, como melhor hidratação36,37,38,39
e elasticidade40, redução de rugas41,42 e redensificação41.
Também é detectada uma melhor funcionalidade tanto da
derme quanto da epiderme43. Por todas essas razões, conclui-
se que o CH é um agente útil para combater o envelhecimento
dérmico44
Fibromialgia
Detecta-se que pacientes com fibromialgia apresentam
alterações no metabolismo do colágeno45 e deficiência de
colágeno intramuscular46. Confirma-se que a ingestão de CH
ajuda a aliviar a dor músculo-esquelética e outros sintomas
característicos desta patologia47
Sarcopenia
Por fim, vale citar um estudo48 que compara o balanço de
nitrogênio de dois suplementos com a mesma quantidade de
proteína: um composto por
64 NUTRIÇÃO NA PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS
soro de leite e outro composto por CH enriquecido com
triptofano. Os resultados indicam que em uma dieta
moderadamente pobre em proteínas, como é o caso de muitos
idosos, o CH mantém um melhor balanço de nitrogênio e
preserva melhor a massa muscular do que o whey protein.
Mecanismo de ação
Por muito tempo, o colágeno foi considerado uma proteína
de baixo valor biológico, dispensável em nossa dieta, devido
ao seu baixo teor de AAs essenciais (aqueles que nossas
células não conseguem obter transformando outros AAs a partir
da ingestão, por isso precisam extraí-los diretamente de um
fonte de alimento). A descoberta de AAs condicionalmente
essenciais, aqueles que não são essenciais para tecidos em
bom estado, mas que se tornam essenciais para células
envelhecidas ou em fases de estresse celular (“Dietary
Reference Intakes”. Food and Nutrition Board. Institute of
Medicine of the National Academies. The National Academies
Press 2005), mudou completamente a percepção que temos
agora desta proteína. Porque o colágeno contém, além de 16%
de AA essencial, 60% de AA condicionalmente essencial, o
que significa que, em determinadas situações e grupos de
risco, é imprescindível complementar a alimentação com esta
proteína, na sua forma assimilável.
Na prática, isso significa que um jovem, com uma alimentação
balanceada, que não submeta seus tecidos a um desgaste
excessivo ou sofra de uma doença que afete o tecido
colagenoso, não precisa tomar um suplemento de colágeno
assimilável. No entanto, a partir dos 25-30 anos, as células
humanas gradualmente começam a ver sua capacidade de
sintetizar colágeno reduzida, de modo que perdemos 1,5% do
colágeno tecidual anualmente. Aos 45-50 anos, os efeitos da
perda de colágeno dos tecidos já são visíveis: desconforto e
dores nas articulações (osteoartrite), perda de massa óssea
(osteoporose), rugas e envelhecimento da pele, entre muitos
outros.
Essa perda também pode ocorrer precocemente nos tecidos
articulares e músculo-tendíneos de atletas ou pessoas que
praticam exercícios físicos regularmente, uma vez que esses
tecidos foram submetidos a um desgaste excessivo e prematuro.
Muitas das gonartroses características dos obesos também
têm esta origem, devido à pressão excessiva que o excesso de
peso exerce sobre o joelho.
Nos grupos de risco que referimos (pessoas dos 40-45
anos, atletas, praticantes de exercício físico regular ou pessoas
com excesso de peso) a ingestão oral do próprio AA do
colagénio facilita a geração de células de tecido colagenoso o
tarefa de transformar o AA de outras proteínas no AA do próprio
colágeno, que essas células precisam para produzir colágeno
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tecido. Essa economia de tempo e energia é o que
permite que o “turnover” favoreça a síntese (elaboração)
e não a reabsorção (destruição) dos tecidos, o que na
prática se traduz na regeneração dos tecidos colagenosos.
Esta função também é importante para ajudar a reparar
tecidos colagenosos submetidos a lesões ou fraturas, ou
a tratamentos e intervenções cirúrgicas, estéticas ou de
implantes.
Além disso, a este efeito nutritivo é adicionado um
importante efeito estimulante. Assim, em estudos "in vitro",
vimos como a presença de peptídeos provenientes da
ingestão de CH produz um aumento notável na atividade
de células especializadas na síntese de tecido colágeno.
Considera-se a hipótese de que essa presença seja
percebida por essas células como um sinal de destruição
tecidual, o que as induz a sintetizar colágeno e outros
componentes teciduais em sua proporção correspondente.
Desta forma, o AA e os peptídeos do CH ingerido não só
facilitam a síntese do colágeno tecidual por meio da
contribuição de seu AA específico, mas sua presença
estimula a síntese do colágeno e de outros componentes
do tecido colagenoso (proteoglicanos) ou ácido
hialurônico) , obtendo sua regeneração temporária.
conclusões
Adequadamente obtido e apresentado, o CH é uma
excelente fonte de AA com muito boa tolerância,
digestibilidade e biodisponibilidade. A ingestão diária de
10 gramas de CH estimula e facilita a síntese do colágeno
tecidual e, portanto, ajuda a potencializar a regeneração
dos tecidos colagenosos, prevenindo e tratando as
doenças degenerativas que os acometem (osteoartrite e
osteoporose) e também a deterioração da pele. Tudo isso
é corroborado pelos resultados dos estudos apresentados
acima e por suas compilações24,30,44,49 .
Pela sua funcionalidade para a saúde, os grupos
populacionais para os quais a HC está especialmente
indicada são os que apresentam maior risco de
deterioração (ou já a sofrem) dos tecidos colagenosos,
quer pela idade (em geral, a partir dos 40 anos), uso
excessivo (esportes e atividade física intensa) ou outras
circunstâncias (excesso de peso, menopausa, trauma,
queimaduras, intervenções cirúrgicas, implantes dérmicos
ou dentários, tratamentos agressivos de câncer...).
Seria aconselhável realizar mais estudos para
determinar o efeito da ingestão de CH em outros tecidos
onde o colágeno também é um componente essencial
(vasos sanguíneos, fáscia, mucosa, córnea ocular, dentes
e gengivas), bem como determinar a repercussão de dita
ingestão em funções específicas da proteína colágeno
além das locomotivas (imunológicas e hemodinâmicas).
Revisão dos efeitos benéficos da ingestão de colágeno hidrolisado na saúde osteoarticular e no envelhecimento da pele 65
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