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Levantamento e caracterização da
frota pesqueira na região de Bragança,
estado do Pará - Litoral Amazônico,
Brasil
10.37885/210906079
RESUMO
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Engenharia de Pesca: aspectos teóricos e práticos - Volume 2
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
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Engenharia de Pesca: aspectos teóricos e práticos - Volume 2
Tabela 1. Classificação das embarcações conforme o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA.
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Engenharia de Pesca: aspectos teóricos e práticos - Volume 2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Engenharia de Pesca: aspectos teóricos e práticos - Volume 2
Figura 2. Distribuição da embarcação CAM, por localidade.
12
10 Bra ga n ça
N ú m e ro d e e m b a rca çõ e s
8 Ba cu rite u a
V ila d o s Pe sca d o re s
6
Tre m e
4 Ca ste lo
2 Tap e ra çu
Ca ra ta te u a
0
CAM
Os tipos de artes de pesca empregados eram os mais variados como: espinhel (ho-
rizontal, vertical, meia-água e fundo), rede de espera (deriva e meia-água, fixa e fundo),
rede de caída, cerco (estacada), curral de fora, linha e tarrafa. Essas embarcações atuam
nas áreas do estuário, mar territorial e ZEE (Zona Econômica Exclusiva - até 200 milhas da
costa) ocasionando uma autonomia de até 16 dias de mar. As formas de atividades dessas
embarcações eram captura e coleta, sendo capturadas as seguintes espécies: pescada-gó,
bandeirado Bagre bagre (Linnaeus,1766), caranguejo, uritinga Arius proops (Valenciennes,
1839), serra Scomberomorus brasiliensis, (Collete, Russo & Zavala, 1978), xaréu Caranx
lugubris, (Poey, 1860) camarão. O motor é o tipo de propulsão nestas embarcações, obten-
do uma potência mínima de 7,5 HP (Hourse Power) e máxima de 22 HP (Figura 3). Nesta
categoria o motor (A) obteve 19 unidades seguida da marca (B) com 16 unidade e três da
marca (C). Nesta categoria houve uma variação de localidades para o desembarque do
pescado, estando presente em quase todos os locais onde ocorreram as coletas.
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Engenharia de Pesca: aspectos teóricos e práticos - Volume 2
Barco de pequeno porte (BPP): Cento e vinte e seis embarcações foram cadastradas
(Figura 4), sendo que, o comprimento das mesmas variou entre 8 e 11,99 metros.
Em relação a este tipo de embarcação, Bragança (49 embarcações) foi o local em que
ocorreu a maior participação desta categoria, sendo Taperaçu, Portinho e Caratateua (3 em-
barcações respectivamente) as comunidades que apresentaram menor ocorrência (Figura 5).
A média de tripulante por embarcação foi próxima a quatro. A autonomia de mar chegou
até 40 dias, sendo xaréu, cação, gurijuba Arius parkeri (Traill, 1832), serra, garoupa Serranus
Phoebe (Poey, 1852), pargo, cavala Acanthocybium solanderi, (Cuvier, 1830), peixe-pedra
Genyatremus luteus, (Bloch, 1795), bandeirado e lagosta as principais espécies capturadas
para comercialização. A capacidade da urna variou entre 1,5 a 16,3 t, os apetrechos utiliza-
dos para a pesca foram: espinhel (horizontal, vertical, meia-água e fundo), rede de espera
(deriva e meia-água, fixa e fundo), rede de caída, curral de fora, linha, tarrafa, manzuá e
bicicleta e o caíque como um método de pesca.
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Engenharia de Pesca: aspectos teóricos e práticos - Volume 2
Essas embarcações atuam em áreas do estuário, mar territorial e ZEE, desembarcando
o pescado em cais privados e municipal, sendo que a sede de Bragança (68 embarcações)
é o principal local de desembarque (Figura 6).
Po rtin h o
Ca ste lo
V ila d o s Pe sca d o re s
Tre m e
Ba cu rite u a
Bra ga n ça
0 10 20 30 40 50 60 70
BPP
A potência do motor variou de 14 a 219 HP, onde nesta categoria as marcas dos mo-
tores mais utilizados foram: a marca (A) com 47 unidades seguidas da marca (D) com 36,
(B) com 29 e (C) com 14 unidades.
Barco de médio porte (BMP): Esses barcos contêm o comprimento igual ou maior a
doze metros, sendo sessenta embarcações cadastradas, onde o comprimento total variou
de 12,00 a 19,30 metros (Figura 7).
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O tamanho do pontal nesta categoria obteve seu valor mínimo de 1,00 m e máximo de
2,5 metros. Em relação à boca ou largura das embarcações, os valores variaram de 3,00
a 5,56 metros. Essas embarcações são dotadas de equipamentos de apoio a navegação
como: bússola, rádio VHF, sonda, rádio amador, GPS e sonda colorida. A capacidade
da urna variou entre 6 a 48 t, tendo média de tripulante por embarcação próxima a sete.
Cerca de 30% das embarcações desta categoria dividiam sua área de atuação entre mar
territorial e ZEE. 70% somente atuam na ZEE, promovendo a pesca de espécies como:
pargo, garoupa, bijupirá, serra, cavala, gurijuba, piranga. Várias embarcações possuem
atividades com beneficiadoras e algumas eram arrendadas. Em relação a distribuição
das embarcações, somente a sede de municipal (40 embarcações) e a vila de Bacuriteua
(20 embarcações) possuíam barcos nesta categoria no ato das entrevistas (Figura 8).
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Tabela 2. Número e percentual total de embarcações cadastradas na marinha do Brasil.
Foi observado que das duzentos e vinte e sete embarcações cadastradas somente
cento e uma possuíam inscrição na Marinha do Brasil. Quanto à autonomia em dias de mar
das embarcações, elas mostraram valores expressivos, podendo chegar até 40 dias de mar
(Tabela 3), com exceção da categoria CAN.
Tabela 3. Autonomia de mar (dias) da frota pesqueira do município de Bragança, por tipo de embarcação e comprimento.
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Tabela 4. Total de tripulantes da frota pesqueira marinha do município de Bragança, por tipo de embarcação e comprimento.
CAN 1--| 8 3 3
Total 3 3
1--| 8 31 31
CAM ≥8 1 1
Sem registro 6 6
Total 38 38
1--| 8 109 109
BPP ≥8 7 7
Sem registro 10 10
Total 126 126
1--| 8 24 1 25
BMP ≥8 24 1 25
Sem registro 7 3 10
Total 55 5 60
Fonte: IBAMA (2004), adaptado pelo autor.
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Figura 9. Pares de variáveis utilizadas a correlação de Pearson – CAM; BPP e BMP. Fonte: pesquisa de campo (2010).
O teste Kruskal - Wallis mostrou que há uma diferença estatística em todas as catego-
rias com as variáveis: autonomia, pontal e urna.
Em relação à autonomia de mar nas categorias, o valor é significativo (H = 96,88 p
< 0,0001), ou seja, todas as categorias apresentaram dias de mar diferentes, tendo como
exemplo as canoas motorizadas que obtiveram o menor valor de autonomia entre as demais
embarcações (Figura 10).
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Figura 10. Pares de variáveis utilizadas a correlação de Pearson – CAM; BPP e BMP.
3
5
3
0
2
5
2
0
Autonomia (dias)
1
5
1
0
Media
n
-5 2
5% -7
5%
C
AM B
PP B
M P
Non
-Outlie
rRa
nge
C
ate
goria
s
2
.4
2
.2
2
.0
1
.8
1
.6
Pontal (m)
1
.4
1
.2
1
.0
0
.8
0
.6
Media
n
0
.4 2
5% -7
5%
C
AM B
PP B
M P
Non
-Outlie
rRa
nge
C
ate
goria
s
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Segundo Braga (2002) a frota pesqueira na região de Bragança é caracterizada de
larga escala, sendo que na época do estudo treze embarcações foram categorizadas como
industriais e setenta e oito de médio porte. Em relação à autonomia de mar deste mesmo
trabalho, as embarcações de larga escala obtiveram os seguintes resultados: mínimo 4 dias
e máximo 44 dias de mar, a média de tripulantes nos barcos foi de 8 pessoas. A vila de
Bacuriteua e a cidade de Bragança tiveram os maiores valores de desembarques realizados.
As artes de pesca encontradas por Braga (2002) foram linhas (espinhel e espinhel com
bicicleta), redes (malhadeira e serreira) e alguns variados.
De acordo com Espírito Santo (2002) que também realizou um trabalho na mesma
região, caracterizou a frota pesqueira da região de pequena escala ou pesca artesanal
onde as categorias que se enquadram neste conceito são: Montaria (MON), Canoa (CAN),
Canoa Motorizada (CAM), Barco de Pequeno Porte (BPP) e Geleiro (GEL) ficando de fora
as embarcações de médio porte (BMP) e os barcos industriais (BIN).
Foram encontradas vinte e sete formas de captura utilizada pela pesca de pequena esca-
la, sendo agrupadas em cinco categorias: armadilhas fixas e móvel, linhas, rede e rede fixas.
Os dois trabalhos citados acima mostraram similaridades e diferenças a este traba-
lho. Em relação aos apetrechos, local preferencial de desembarque, número de tripulantes
os resultados foram parecidos, porém a maior diferença encontrada está em relação ao
conceito ou caracterização das embarcações artesanais e industriais.
Diegues (1983) sugere a separação da pesca em duas categorias principais: a de
subsistência (praticada para consumo próprio e, portanto, não faz parte da economia de
mercado) e a pesca comercial (comercialmente orientada). Esta última ainda estaria dividida
em artesanal (ou de pequena escala), semi-industrial (ou de média escala) e industrial (ou
de larga escala).
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
1. BRAGA C.; ESPÍRITO SANTO R. V.; GIARRIZZO T. A. Considerações sobre a comercialização
do pescado no município de Bragança - PA. Boletim Técnico-Científico do CEPNOR, v. 6,
n. 1, p. 105-120, 2006.
5. CEMBRA - Centro de Excelência para o Mar Brasileiro. O Brasil e o mar no século XXI:
Relatório aos tomadores de decisão do País. coord. Luiz Philippe Costa Fernandes, prep.
Lucimar Luciano de Oliveira. - 2. ed., rev. e ampl. Niterói, RJ: BHMN, 2012.
6. DIEGUES, A. C. Policies and strategies for fisheries development: some relevant issues for
developing counties. FAO Fish. Rep. 295 (Suppl): 1-15. 1983.
7. ESPÍRITO SANTO, R.; ISAAC, J.; SILVA, L. M. A.; MONTINELLI, J. M; HIGUCHI, H. SAIN-
T-PAUL, U. Peixes e camarões do estuário do litoral bragantino, Pará, Brasil. Belém:
MADAM, 2005.
8. FAO. The State of World Fisheries and Aquaculture: Sustainability in action. Roma, 2020. 224p.
9. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Relatório
final do projeto de monitoramento da atividade pesqueira no litoral do Brasil - Projeto
ESTATPESCA, 51p. 2006.
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