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Historicamente, a visão arcaica de parte das empresas no Brasil para temas como "segurança",
"medicina do trabalho" e "saúde ocupacional", no comum tem sido limitada à coleta de dados
estatísticos, a ações reativas em cima de acidentes do trabalho, a respostas a causas
trabalhistas e, quando muito, ao seu cumprimento legal pleno. As preocupações com SSO
começam agora a ser tratadas sob a forma de sistema de gestão, utilizando-se a norma
OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series), estruturada no método
PDCA (Plan-Do-Check-Act), isto é, uma forma organizada e sistemática de perseguir a
melhoria contínua.
Apesar da identidade estrutural com a norma ISO 14001, a OHSAS 18001 não tem a chancela
ISO - International Organisation for Standardisation. Elaborada por um "pool" de certificadoras
e credenciadoras, visa suprir a demanda de empresas que buscam certificação, normalmente
complementar a ambiental e a qualidade. Cabe observar que alguns programas de SSO se
basearam na norma britânica BS 8800, editada em 1996. Ao contrário da BS 8800,
reconhecida apenas como uma diretriz de procedimentos, a norma OHSAS 18001, editada em
1999, possui requisitos mandatórios, podendo ser auditados objetivamente, o que permite a
certificação por organizações de terceira parte.
Na contramão, a cultura tradicional ligada ao tema SSO quanto à sua visão arcaica, já
mencionada, tende a ser uma barreira à OHSAS 18001 em algumas empresas. A resistência
por parte de empresários que visualizam a norma como "munição para causas trabalhistas"
referindo-se ao item "identificação de perigos e avaliação de riscos" é prova disto. Um SGSSO
é construído de forma pró-ativa em cima desse levantamento. Não é novidade, entretanto, que
tal levantamento é um requisito legal previsto na NR-9 "PPRA - Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais". Esse temor por parte do empresariado é questionável posto que um PPRA
elaborado de forma abrangente e criteriosa em cumprimento ao requisito legal, atende ao item
normativo. Essa mudança de cultura a ser promovida pelo gestor do sistema, com o apoio da
direção da empresa, conferindo-lhe uma abordagem moderna em cima de conceitos e práticas,
vai demandar habilidades e esforços nem sempre desprezíveis ou imediatos.
O grande trunfo da norma OHSAS 18001 está justamente na oportunidade de vir a preencher
uma lacuna vital no contexto dos sistemas de gestão integrados. Os esforços para
implementação de um SGSSO certamente serão recompensados pelo potencial de sinergia a
ser auferido em planejamento estratégico, eficácia, consistência e robustez da busca pela
melhoria contínua global. Afinal, as pessoas são a essência de qualquer organização. Com
trabalhadores doentes não se vai muito longe. Sem trabalhadores não se vai a lugar algum.
(*) Engenheiro Químico com Mestrado em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ (1983). Auditor e instrutor
para sistemas de gestão da qualidade (ISO 9001), ambiental (ISO 14001) e de segurança e saúde ocupacional
(OHSAS 18001) pelo Lloyd´s Register Quality Assurance. Registrado no IBAMA e no IRCA/Inglaterra.